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Uni2_Fisiologia_do_Sistema_Cardiovascular

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Conteudista: Prof.ª Dra. Tábata de Paula Facioli Marinheiro
Revisão Textual: Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
 
Objetivos da Unidade:
Compreender o funcionamento fisiológico básico do sistema
cardiovascular;
Conhecer as principais respostas desse sistema diante das exigências
físicas.
 Contextualização
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Fisiologia do Sistema Cardiovascular
A Fisiologia do Sistema Cardiovascular, tópico abordado nesta Unidade, se dedica a estudar
como, no corpo humano, o coração e os vasos sanguíneos conseguem transportar e distribuir
oxigênio e nutrientes para todos os tecidos e órgãos. [O entendimento desse sistema em
repouso, e principalmente diante de situações com maiores exigências físicas, como a realização
de atividades de vida diária (limpar uma casa, caminhar até o mercado) até a prática de exercício
físico são relevantes, pois o conhecimento da demanda cardiovascular frente a essas diferentes
exigências metabólicas é de suma importância para os profissionais da saúde, uma vez que a
mudança de estilo de vida por meio da prática regular de exercício físico associada a uma dieta
mais saudável, têm sido empregadas regularmente na prevenção e tratamento de doenças
cardiovasculares, como por exemplo, a hipertensão arterial]. 
As adaptações cardiovasculares ao exercício físico envolvem respostas precoces e tardias, com
origens diversas e afetando múltiplas variáveis que, em conjunto, determinam uma resposta
final que varia com o indivíduo e o tipo de treino realizado (intensidade, volume e duração).
[Entender as alterações agudas e crônicas desse aumento nas exigências físicas no sistema
cardiovascular auxiliará o profissional de saúde a entender as necessidades do indivíduo e
realizar prescrições condizentes com suas necessidades, obtendo máximo resultado na
prevenção de doenças e melhora da capacidade cardiovascular]. Portanto, ao final desta unidade,
entenderemos como o coração e os vasos funcionam e quais tipos de exercícios causam
determinadas alterações, orientando, assim, futuras prescrições. 
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 Contextualização
Você Sabia? 
Para profissionais da área da saúde, como fisioterapeutas e educadores
físicos, o conhecimento das demandas cardiovasculares em repouso e
suas alterações durante o exercício físico, bem como as adaptações
tardias induzidas por essa prática, são de suma importância na
prescrição adequada do exercício físico frente às necessidades de cada
indivíduo. E que esse mesmo conhecimento é importante para
profissionais que prescrevem dieta alimentar, caso dos nutricionistas,
pois a depender das respostas cardiovasculares de cada indivíduo, seja
ele sedentário ou praticante de exercício físico, sendo que para este
último, o tipo de exercício praticado também deve ser considerado, se
fazem necessárias diferentes demandas energéticas e,
consequentemente, adequadas dietas alimentares.
Introdução ao Sistema Cardiovascular
O corpo humano foi fisiologicamente dividido em diferentes sistemas (nervoso, muscular,
cardíaco, respiratório, renal e endócrino). Cada um desses sistemas tem uma função específica e
essencial para a sobrevivência humana.
O sistema circulatório é dividido em Figura 1:
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 Material Teórico
Importante! 
O Sistema cardiovascular tem como função primordial o transporte e a
distribuição de oxigênio e nutrientes para tecidos e órgãos, o que
ocorre por meio de uma bomba (coração), uma série de tubos para
distribuição e coleta (circulação arteriovenosa), e uma rede de vasos
finos que permite trocas rápidas entre os tecidos, os capilares
(microcirculação). 
Circulação Pulmonar (pequena circulação): ventrículo direito → artéria pulmonar →
arteríolas → capilares pulmonares (pulmão) → vênulas → veia pulmonar → átrio
esquerdo;
Circulação Sistêmica (grande circulação): ventrículo esquerdo → aorta → arteríolas
→ capilares (tecidos e órgãos) → vênulas → veia cava → átrio direito.
Figura 1 – Esquematização da Circulação
pulmonar (pequena circulação) e Circulação Sistêmica
(grande circulação)
Fonte: Adaptada de SILVERTHORN, 2010 
Nas artérias pulmonares circula sangue venoso (rico em CO²), enquanto na aorta, circula sangue
arterial (rico em O²). Já nas veias acontece o contrário: nas veias pulmonares circula sangue
arterial e nas veias cavas circula sangue venoso Figura 2.
Figura 2 – Esquematização da circulação sistêmica e
pulmonar em relação aos componentes gasosos O2 e CO2
As artérias são vasos que saem do coração, ou seja, levam sangue do coração para outros órgãos
do corpo. Por sua vez, as veias são vasos que chegam ao coração, ou seja, trazem sangue dos
outros órgãos para o coração. 
O coração é o órgão responsável por bombear o sangue através de toda essa rede de vasos. Ele é
um órgão oco com paredes constituídas por músculo estriado esquelético. Essa musculatura se
contrai de maneira automática (involuntária), diferente do restante de nossa musculatura
estriada esquelética, a qual contraímos voluntariamente. O coração é dividido em quatro câmaras
– dois átrios e dois ventrículos – pelos quais o sangue circula de maneira unidirecional (sempre
dos átrios para os ventrículos) (Figura 3). O retorno do sangue pelo caminho contrário não
ocorre, porque existem as válvulas cardíacas atrioventriculares (válvula tricúspide –
posicionada entre o átrio e o ventrículo direito; e válvula mitral – posicionada entre o átrio e o
ventrículo esquerdo) e as semilunares (válvula aórtica – posicionada na saída do ventrículo
esquerdo para a aorta; e válvula pulmonar – posicionada na saída do fluxo sanguíneo do
ventrículo direito para o tronco da artéria pulmonar) que impedem esse retorno, garantindo o
fluxo sanguíneo unidirecional.
Importante!  
Nos capilares pulmonares ocorre a hematose, que é o processo de troca
gasosa entre o sangue venoso e arterial nos alvéolos
pulmonares. Enquanto nos capilares do sistema sistêmico ocorrem as
trocas de nutrientes e gases entre o sangue e os tecidos. 
É por meio da circulação sistêmica que as células do organismo são
supridas de elementos necessários para que exerçam suas funções,
além de recolherem todos os produtos tóxicos produzidos pelo seu
próprio funcionamento.
Figura 3 – Estrutura do coração, indicando câmaras
cardíacas e as válvulas 
Fonte: Adaptada de SILVERTHORN, 2010 
Ciclo Cardíaco
É o ciclo de contração-relaxamento do coração que ocorre a cada batimento cardíaco. Ele possui
duas fases: a diástole e a sístole. 
Sons Cardíacos
Esse fechamento das válvulas no coração gera os chamados sons cardíacos, que são os sons que
escutamos com um estetoscópio durante o batimento cardíaco. Quando ocorre a contração
ventricular, começo da sístole, ocorre o fechamento das válvulas atrioventriculares. Esse som é
baixo e de maior duração (chamado de primeira bulha). Já no final da sístole, ocorre o
fechamento das válvulas semilunares, aórtica e pulmonar, o que faz com que se gere outro som,
porém, desta vez, mais agudo e de curta duração (chamado de segunda bulha).
Débito Cardíaco
Saiba Mais 
A diástole é a fase em que o sangue chega ao coração, preenchendo os
átrios. Nesse momento, as válvulas atrioventriculares estão abertas
para que ocorra o fluxo sanguíneo dos átrios para os ventrículos, e as
válvulas semilunares fechadas, para evitar o retorno do sangue para os
ventrículos.
A sístole é a fase em que ocorre a contração dos ventrículos e o sangue é
bombeado para fora do coração. Nesse momento, as válvulas
atrioventriculares estão fechadas para evitar o retorno do sangue para
os átrios, e as válvulas semilunares estão abertas para que ocorra o
fluxo sanguíneo dos ventrículos para a artéria aorta ou pulmonar.
Por sua vez, a quantidade de sangue ejetada pelo ventrículo esquerdo por minuto é chamada de
Débito cardíaco (DC), ou Volume Minuto Cardíaco (VMC) e é dependente da quantidade de
sangue ejetada por batimento cardíaco (volume sistólico – VS; altamente influenciado pela Lei
de Frank-Starling)
e do número de batimentos cardíacos por minuto (frequência cardíaca – FC;
altamente influenciado pelo Sistema Nervoso Autônomo). Logo, o VMC pode ser calculado pela
seguinte equação:
VMC = FC x VS
Por exemplo, um homem adulto em repouso, com cerca de 70 kg, com VS de 80mL e uma FC de
65 bpm (batimentos por minuto), terá um VMC de 5200mL/min, que é um valor representativo
da média da população. Devemos levar em consideração, para o cálculo do VMC, fatores como
sexo, peso e altura do indivíduo em questão. Entenderemos o controle do VMC e as alterações
observados durante o exercício, mais para frente nesta unidade.
E o que é a Lei ou Mecanismo de Frank-Starling?
O Mecanismo de Frank-Starling ocorre como resultado da relação comprimento-tensão
observada no músculo estriado e se refere à capacidade do coração de se adaptar a variações do
volume sanguíneo por meio de mudanças na contratilidade. A quantidade de sangue bombeada
pelo coração a cada minuto é determinada pelo volume de sangue que flui das veias para o
coração, o que é chamado de retorno venoso. Desta forma, quanto maior for o retorno venoso,
maior será o pré-estiramento das fibras musculares do miocárdio e, consequentemente, maior
será a capacidade de ejeção do ventrículo esquerdo. A capacidade do coração para se adaptar a
esses volumes variáveis de sangue que chegam ao coração recebe o nome de Mecanismo de
Frank-Starling. Quanto mais o músculo é distendido pelo enchimento, maior é a força de
contração e maior é a quantidade de sangue bombeada para a aorta. Enfim, o coração bombeia
todo o sangue que chega a ele, sem permitir o represamento excessivo de sangue nas veias.
Funções do Sistema Cardiovascular
O sistema cardiovascular tem papel central no funcionamento e na manutenção de células e
órgãos. Sua função principal é a de levar nutrientes, oxigênio e água para todas as células do
organismo e remover CO², ureia e lactato. O sistema circulatório também possui outras funções
como auxiliar na manutenção da temperatura corporal constante, participar do controle
hormonal (distribuindo e secretando hormônios para os tecidos), realizar a manutenção dos
Vídeo 
Sistema Cardiovascular / Sistema Circulatório  
Vamos fazer uma breve revisão do que foi falado até aqui. Para isto
assista ao vídeo a seguir:
SISTEMA CARDIOVASCULAR / SISTEMA CIRCULATÓRIO
https://www.youtube.com/watch?v=R1mOEbfhzGk
líquidos corporais e participar do sistema de defesa imunológica do organismo através do
transporte de anticorpos.
A hemodinâmica estuda o funcionamento da circulação sanguínea, cuja função primordial é
atender aos diferentes órgãos quanto as suas necessidades metabólicas em repouso, e também
em situações nas quais a demanda metabólica aumenta. 
Para que o sistema cardiocirculatório consiga atender aos diferentes órgãos e suas necessidades
metabólicas, ele mantém um território vascular com “alta pressão”, que é o sistema arterial; e
um território com “baixa pressão”, que é o sistema venoso, o qual exibe menor pressão em
relação ao sistema arterial. Para entender melhor como funciona esse mecanismo, precisamos
conhecer as características dos diferentes vasos sanguíneos que compõem o sistema
circulatório:
Reflita 
Durante um exercício físico, por exemplo, diversos órgãos mudam sua
atuação, aumentando ou reduzindo, o que vai demandar maior ou
menor fluxo sanguíneo. Nesse caso, os músculos são tecidos que
demandam maior quantidade de oxigênio para poder efetuar as
contrações musculares.
Artérias: possuem fortes paredes, pois sua função é de
transportar sangue em alta pressão e alta velocidade para os
Relação entre Fluxo, Pressão e Resistência
A relação entre fluxo sanguíneo (DC ou VMC), pressão arterial média (PAM) e resistência ao
fluxo sanguíneo (RP) é dada pela equação:
PAM = VMC x RP
Ou seja, o aumento da PAM é diretamente proporcional ao aumento do VMC e da RP. Se o VMC
aumenta, ou se a RP também aumenta, a PAM irá aumentar. 
Como vimos anteriormente nesta Unidade, o VMC corresponde à quantidade de sangue ejetada
pelo ventrículo esquerdo por minuto. Já a pressão arterial (PA) corresponde à força que o sangue
exerce sobre as paredes do vaso em determinada área. A medida da pressão arterial ainda é o
recurso mais utilizado para diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Dessa forma, a
hipertensão arterial é definida basicamente como elevação dos valores de pressão arterial. A
compreensão dos mecanismos que controlam a pressão arterial é de suma importância para os
tecidos;
Arteríolas: são os ramos finais do sistema arterial. Elas controlam o sangue que será
liberado para os capilares. Possuem fortes paredes que podem sofrer vasoconstrição
(diminuindo o diâmetro do vaso), ou vasodilatação (aumentando o diâmetro do
vaso);
Veias: são os vasos mais distensíveis do sistema circulatório, ou seja, possuem
paredes com alta distensibilidade. Dessa forma, conseguem armazenar uma grande
quantidade de sangue que pode ser utilizado por qualquer outra parte do organismo,
quando necessário, funcionando como um reservatório; 
Vênulas: coletam o sangue dos capilares e vão gradualmente aumentando seu
calibre e formando as veias progressivamente;
Capilares: é onde ocorrem todas as trocas (gases, nutrientes etc.) entre o sangue e
os demais órgãos e tecidos. Possuem paredes finas que facilitam essas trocas.
profissionais da área da saúde, uma vez que o estilo de vida como sedentarismo, prática regular
de exercício físico ou de forma esporádica, bem como a alimentação são fatores que influenciam
diretamente na prevenção e no tratamento do quadro hipertensivo. Por fim, a resistência
periférica é definida como qualquer impedimento proporcionado pelo vaso à corrente
sanguínea. Ou seja, trata-se da resistência oferecida pelos vasos sanguíneos contra o fluxo
sanguíneo. Esses vasos podem estar mais ou menos contraídos ou dilatados, alterando assim a
resistência à circulação do sangue. 
Entendendo a equação apresentada, quanto maior o fluxo sanguíneo (débito cardíaco) e quanto
maior a resistência periférica, maior será a pressão arterial. Se compararmos a circulação
sanguínea com o funcionamento de uma mangueira de jardim, a pressão é determinada pela
proporção de água que entra e aquela que sai da mangueira. Para se aumentar a pressão dentro
desse sistema, de forma aguda, diminui-se o diâmetro de abertura da mangueira (RP),
aumentando, assim, a resistência. Outra forma de aumentar a pressão também seria aumentar o
fluxo total de água dentro da mangueira (VMC). 
Regulação da Pressão Arterial
A pressão arterial, como vimos anteriormente, é uma das variáveis hemodinâmicas de medida
mais comuns, pois ela é aferida de modo relativamente fácil. Apesar da pressão arterial ser
diferente em diversos locais da circulação, no geral, quando se deseja obter o valor da PA, faz-se
a medida no braço, pois a artéria braquial fica, aproximadamente, na altura da raiz da aorta. Ou
seja, quando aferimos a pressão na artéria braquial estamos, na verdade, aferindo a pressão que
o sangue exerce sobre as paredes da aorta torácica. Além de saber aferir a PA, é necessário
também compreender em que ela consiste e de quais fatores depende.
Nesse sentido, existem três mecanismos de regulação da PA, sendo eles: Local, Hormonal e
Neural, os quais iremos apresentar a seguir.
Regulação Local da Pressão Arterial
A regulação Local é chamada assim pois acontece no próprio leito capilar, ou seja, no vaso, e as
variações locais que ocorrem nesses vasos podem regular a vasomotricidade. Por exemplo, no
caso da vasodilatação temos a dilatação das artérias, o que vai relaxar o esfíncter pré-capilar,
aumentando o fluxo sanguíneo nas redes capilares. Por sua vez, na vasoconstrição, efeitos
opostos irão ocorrer. Essa capacidade do tecido de se autoajustar é chamada de autorregulação,
que ocorre por meio de dois estímulos diferentes: alterações físicas ou substâncias químicas. 
Nas alterações físicas podemos citar uma
situação de aquecimento, por exemplo, a realização de
exercício físico, o qual provocará uma vasodilatação; ou uma situação de esfriamento, que
provocará uma vasoconstrição. Essas alterações físicas são chamadas de Resposta Miogênica,
nome dado por acontecerem nos músculos lisos das arteríolas. 
Já nos estímulos por substâncias químicas, sejam elas vasoconstritoras ou vasodilatadoras, o
diâmetro dos vasos pode se alterar. São exemplos dessas substâncias químicas o óxido nítrico
(NO), responsável por uma vasodilatação, e a endotelina, responsável por uma vasoconstrição.
Regulação Neural da Pressão Arterial
A regulação neural é feita basicamente pelos quimiorreceptores e pelos barorreceptores.
Primeiramente iremos falar sobre os quimiorreceptores, que são responsáveis por monitorarem
Saiba Mais 
Quando o músculo é estirado, ele se contrai com maior força e quando
esse estiramento diminui ou cessa, o músculo relaxa. Assim ocorre o
controle do fluxo sanguíneo. 
a composição química do sangue, ou seja, eles detectam variação na concentração de O2, CO2, H+
no sangue, percebendo assim se há uma hipóxia, hipercapnia ou acidose.  A partir dessa
detecção, os quimiorreceptores, que estão localizados nos seios carotídeos e no arco da aorta,
serão ativados e enviarão informações para o centro cardiovascular. O centro cardiovascular
responde com o ajuste da frequência respiratória, seja pelo tronco encefálico e centro
respiratório, ou causando uma vasoconstrição por meio da ativação do sistema simpático nas
arteríolas e veias, aumentando a pressão arterial. 
Já os barorreceptores são sensíveis à pressão e se localizam na aorta, artéria carotídea interna e
em outras grandes artérias no pescoço e tórax. Esses barorreceptores agem por meio de
reflexos rápidos que visam manter a pressão arterial constante por meio de alterações nas
aferências do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses reflexos são o do seio
carotídeo, responsável por regular a pressão sanguínea no encéfalo, e o aórtico, responsável por
regular a pressão sistêmica. A trajetória de transmissão desses reflexos ocorre da seguinte
forma: os barorreceptores detectam alterações na PA, esses estímulos então são conduzidos
pelo nervo vago (responde ao aumento da PA) ou pelo nervo glossofaríngeo (responde à
diminuição da PA) para o núcleo do trato solitário (NTS) no troco cerebral; a integração desses
sinais no tronco cerebral vai comandar alterações nos centros vasomotores ativando fibras
simpáticas ou parassimpáticas, dependendo da alteração na PA.
O papel do parassimpático no controle da pressão arterial é mais restrito. O simpático, por sua
vez, dada a grande distribuição de suas fibras no sistema cardiovascular, possui elevada
capacidade de ajuste pressórico por ser capaz de modular três variáveis: frequência cardíaca,
débito sistólico e resistência periférica. O parassimpático é capaz de controlar, com maior
precisão, apenas a frequência cardíaca, atuando através das fibras do nervo vago que se dirigem
para o coração.
A modulação da atividade simpática exercida pelo sistema nervoso é capaz de ajustar a PA para
valores desejáveis e necessários para as condições do organismo naquele momento (repouso,
atividade física, sono etc.), mediante interferência nos principais componentes que controlam a
pressão. A participação do controle parassimpático na pressão arterial só ocorre em situações
excepcionais. O controle é feito através das fibras no nervo vago que se dirigem diretamente
para o coração. As fibras vagais estão dispersas principalmente nos átrios e atuam diretamente
na redução da FC. Os vasos sanguíneos, salvo algumas exceções, como na genitália, são
desprovidos de inervação parassimpática.
Assim, podemos concluir que os barorreceptores participam dos ajustes rápidos e de curto
prazo da PA, como ocorre nas mudanças posturais, por exemplo. Outro exemplo interessante é
quando um indivíduo está deitado e põe-se rapidamente de pé, isso faz com que ocorra uma
rápida redução do retorno venoso e do débito sistólico e, consequentemente, da pressão arterial
e do fluxo sanguíneo cerebral. Através do reflexo barorreceptor, ocorre uma descarga simpática
que produz taquicardia e vasoconstrição, elevando assim a PA. Resumindo (Figura 4):
Controle Simpático: o aumento da atividade eferente simpática aumenta a FC, a
força de contratilidade do coração, o que acarreta o aumento do débito cardíaco
(VMC) e a resistência vascular periférica, todos culminando no aumento da PA; 
Controle Parassimpático: o aumento da atividade eferente parassimpática reduz a
FC apenas, culminando na diminuição da PA; o parassimpático não reduz a força de
contração e nem atua na resistência vascular, essa última porque só existem fibras
parassimpáticas no nó sinoatrial no coração e não nos vasos. 
Figura 4 – Atuação do sistema nervoso neurovegetativo na
regulação da pressão arterial a partir dos efeitos dos
sistemas parassimpático e simpático no músculo cardíaco
e nos vasos sanguíneos
Regulação Hormonal
O controle hormonal da pressão arterial é feito por um grande conjunto de substâncias químicas
lançadas na circulação e que atuam como hormônios, ou por agentes químicos de ação local. 
Ao compararmos a regulação neural e a hormonal vemos que a regulação neural, em um ponto
de vista mais geral, é mais eficiente para produzir os ajustes rápidos da pressão arterial, isto é,
aqueles que ocorrem a cada momento (exemplos: mudanças posturais, esforço físico executado
no trabalho, no exercício). Para a regulação de longo prazo, tanto os mecanismos neurais como
os humorais estão envolvidos. Além disso, o sistema de regulação hormonal responde,
basicamente, às reduções na PA.
O principal sistema hormonal que está envolvido na regulação hormonal é o Sistema Renina-
Angiotensina-Aldosterona, que age tentando, de toda forma, elevar a PA. Desta forma, esse
sistema de regulação é ativado quando ocorre uma diminuição da PA, por qualquer que seja o
motivo. Essa redução na PA é detectada pelos mecanorreceptores (localizados nas arteríolas
aferentes renais), os quais enviarão para as células da justaglomerular essa informação. Essas
células, então, iniciam a secreção de renina que, ao cair no plasma, catalisa o angiotensinogênio
em angiotensina I. A angiotensina I é transportada pela circulação até os rins e pulmão, onde a
enzima conversora de angiotensina (ECA) irá transformar a angiotensina I em angiotensina II. A
angiotensina II possui diversas formas de agir, algumas delas são: atua na vasoconstrição das
arteríolas, assim como no sistema nervoso simpático; atua no córtex da suprarenal estimulando
a secreção de aldosterona, que irá amplificar o efeito da angiotensina II aumentando a
reabsorção de sódio (Na+) e água, aumentando, dessa forma, o volume sanguíneo e,
consequentemente, a PA; atua no hipotálamo estimulando a sede e a ingestão de água, o que irá
promover o aumento do volume sanguíneo circulante; e atua também nos rins estimulando o
trocador Na+/H+, aumentando, dessa forma, a reabsorção de Na+ e bicarbonato (HCO3-) que irão
aumentar a reabsorção de água e, consequentemente, aumentará também o volume sanguíneo e
da PA
Além disso, o controle hormonal é realizado também por outra enorme variedade de substâncias
(hormônios e mediadores químicos de produção e ação local) que interferem, principalmente,
na dilatação ou contração das artérias. São eles:
Eletrofisiologia do Coração
A eletrofisiologia é o estudo da atividade elétrica do coração.
Agentes vasoconstritores: aumento dos íons de cálcio e ação da serotonina, que
após uma lesão vascular é liberada causando vasoconstrição e reduzindo o
sangramento;
Agentes vasodilatadores: bradicinina, responsável por promover a vasodilatação
arteriolar e aumento da permeabilidade dos capilares e histamina, liberada em
tecidos lesionados, inflamados ou em reações alérgicas.
Você Sabia? 
Por que é importante entendermos a eletrofisiologia? A eletrofisiologia
é utilizada para observar arritmias complexas, elucidar sintomas,
avaliar eletrocardiogramas anormais, estimar risco de
desenvolvimento de arritmias etc. 
O conhecimento da eletrofisiologia é muito importante para os profissionais da saúde, seja para
realizar um diagnóstico clínico ou funcional, realizar avaliação física e até mesmo prescrever
medicamentos, exercício físico ou dieta alimentar. 
Ritmicidade do Coração
O coração apresenta uma ritmicidade em suas contrações. Essas contrações rítmicas e
coordenadas das câmaras cardíacas produzem o fluxo sanguíneo, que supre órgãos do corpo
com nutrientes e oxigênio. Essas contrações são ativadas por impulsos elétricos gerados
espontaneamente por células do nódulo sinoatrial (marcapasso normal do coração, Figura 5).
Figura 5 – Sistema de condução elétrica do coração 
Fonte: Adaptada de PITHON-CURI, 2013
 
O estímulo inicia-se no nodo sinoatrial, que se propaga
pelos átrios e no atrioventricular, e chega até os ventrículos
A origem e a propagação dos impulsos elétricos cardíacos dependem da existência de gradientes
iônicos através da membrana plasmática e das mudanças transitórias rápidas de permeabilidade
seletiva da membrana das células cardíacas. Sob condições normais, as células miocárdicas
(células do coração) estão acopladas eletricamente, de forma que a excitação de uma única célula
resulta na excitação de todas as células do tecido. As extremidades das células miocárdicas
adjacentes estão unidas entre si por discos intercalares. Nesses discos, existem áreas de íntimo
contato das membranas das duas células que formam as junções comunicantes. 
As junções comunicantes são constituídas por proteínas denominadas conexinas, que
permitem a condução rápida do potencial de ação entre as células, facilitando o espalhamento da
atividade elétrica pelo miocárdio e o batimento síncrono do coração. Portanto, após a geração
espontânea do comando de bater o coração a partir do nodo sinoatrial, o restante do coração,
ligado intimamente com esse primeiro nodo, continua o comando de bater, e isso continua
ocorrendo a cada momento, gerando a ritmicidade nos batimentos cardíacos.
Eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) é um registro indireto da atividade elétrica do coração, obtida por
meio de eletrodos colocados em diferentes pontos da superfície do corpo (Figura 6). Essa
medida é importante para detectar alterações de ritmicidade nos batimentos, indicando um
potencial problema cardíaco. 
Saiba Mais 
A compreensão na leitura de um ECG por profissionais da área da saúde
é de suma importância. Por exemplo, saber se um indivíduo está apto à
prática de exercício físico, ou não, e indicá-lo para consulta com
profissionais da área previne mortes súbitas, infartos e outras
patologias cardíacas que podem resultar em morte. 
Na Figura 6, podemos ver as ondas e suas características em um ECG normal e, na Figura 7, o
ECG relacionado aos eventos cardíacos. 
Figura 6 – Diferentes fases de um eletrocardiograma
normal 
Fonte: Adaptada de PITHON-CURI, 2013
 
A onda P representa a despolarização dos átrios, o complexo
QRS representa as alterações elétricas provenientes da
despolarização ventricular e a onda T representa a
repolarização ventricular. Qualquer alteração observada em
uma das curvas pode indicar algum sintoma de uma
patologia cardíaca
Figura 7 – Relação entre um ECG e os eventos elétricos no
coração 
Fonte: Adaptada de SILVERTHORN, 2010
Adaptações Cardiovasculares Agudas ao Exercício
O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua homeostase,
pois implica o aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e,
consequentemente, do organismo como um todo. Desta forma, para suprir a nova demanda
metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as funções
cardiovasculares.
As adaptações cardiovasculares ao exercício físico envolvem respostas precoces e tardias, com
origens diversas, afetando múltiplas variáveis que, em conjunto, determinam uma resposta final
que varia com o indivíduo e o tipo de treino realizado (intensidade, volume e duração). 
Em relação ao tipo de exercício, podemos caracterizar dois tipos principais: exercícios
dinâmicos ou isotônicos (ocorre contração muscular, seguida de movimento articular) e
estáticos ou isométricos (ocorre contração muscular, sem movimento articular). Cada um
desses exercícios implica em respostas cardiovasculares distintas. 
Nos exercícios estáticos, observa-se aumento da frequência cardíaca, com manutenção ou até
redução do volume sistólico e pequeno acréscimo do débito cardíaco. Em compensação,
observa-se aumento da resistência vascular periférica, que resulta na elevação exacerbada da PA.
Esses efeitos ocorrem porque a contração muscular mantida durante a contração isométrica
promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo muscular, o que faz com que os metabólitos
Glossário 
Homeostasia: é a propriedade que o corpo humano tem de
regular/adaptar seu ambiente interno mediante as mudanças tanto
internas quanto externas, de modo a mantê-lo estável.
produzidos durante a contração se acumulem, ativando quimiorreceptores musculares, que
promovem aumento expressivo da atividade nervosa simpática.
Por outro lado, nos exercícios dinâmicos não existe obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, de
modo que, nesse tipo de exercício, também se observa aumento da atividade simpática,
desencadeada pela ativação do comando central e por mecanorreceptores musculares. Em
resposta ao aumento da atividade simpática, observa-se aumento da FC, do volume sistólico e do
débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na
musculatura ativa, gerando redução da resistência periférica. Ou seja, ocorre aumento da
pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da pressão diastólica.
Embora as respostas cardiovasculares aos exercícios dinâmicos e estáticos sejam bem
características, na prática diária, os exercícios executados apresentam componentes dinâmicos
e estáticos, de modo que a resposta cardiovascular a esses exercícios depende da contribuição de
cada um desses componentes. Nesse sentido, os exercícios resistidos ou exercícios de
musculação possuem papel de destaque, pois quando executados em alta intensidade, apesar de
serem feitos de forma dinâmica, apresentam componente isométrico bastante elevado, fazendo
com que a resposta cardiovascular durante sua execução se assemelhe àquela observada com
exercícios estáticos, ou seja, aumento da FC e, principalmente, aumento exacerbado da PA, que
se amplia à medida em que o exercício vai sendo repetido.
Além das alterações cardiovasculares observadas durante a execução do exercício físico,
algumas alterações ocorrem após a finalização do treino. Dentre elas, a hipotensão pós-
exercício. Ela se caracteriza pela redução da PA durante o período de recuperação, fazendo com
que valores pressóricos observados pós-exercícios permaneçam inferiores àqueles medidos
antes do exercício, ou mesmo àqueles medidos em dias sem a execução de exercícios.
Adaptações Cardiovasculares Crônicas ao Exercício
Dentre os efeitos e adaptações cardiovasculares em longo prazo do exercício físico, um deles
seria a diminuição da pressão arterial de repouso, porém, isso é dependente da intensidade de
exercício utilizada nas sessões de treinamento. Essa intensidade de treinamento deve ser
realizada na faixa de leve à moderada, correspondente a 55% do VO2 de pico. Essa redução da PA
ocorre por conta de uma redução que ocorre no débito cardíaco associada à bradicardia de
repouso. Nesse sentido, a prática regular de exercício físico deve ser recomendada para a
prevenção e tratamento da hipertensão arterial. 
Outro efeito em longo prazo do treinamento físico, especialmente o aeróbio, é a bradicardia de
repouso, o mecanismo associado a essa resposta é uma redução da FC. Bradicardia é um termo
utilizado na medicina para designar
uma diminuição na frequência cardíaca.
Outro importante efeito do exercício físico regular é a hipertrofia cardíaca, que se caracteriza por
aumento do tamanho das câmaras cardíacas ou da espessura da parede muscular, sem elevação
significativa do tamanho do órgão e sem perda de funcionalidade. É importante ressaltar essa
não perda de funcionalidade, pois algumas doenças também provocam essa hipertrofia, como a
hipertensão arterial, porém, esse aumento do tamanho do coração ocorre sem a elevação da sua
força de contração, tornando sua contração insuficiente para bombear sangue de maneira
adequada para os órgãos e tecidos do corpo. A hipertrofia cardíaca, seja da câmara ou da
espessura da parede muscular ventricular, também está ligada ao tipo de exercício executado. No
caso de exercícios de característica predominantemente aeróbia ocorre o aumento das câmaras
cardíacas. Por exemplo, durante uma corrida de longa distância, o aumento do retorno venoso
proporciona maior volume diastólico final. Esse estresse mecânico de enchimento dos
ventrículos com maior volume de sangue, se repetido por algum tempo, leva ao aumento das
câmaras cardíacas (Figura 8).
Figura 8 – Adaptações no tamanho da cavidade
ventricular, da espessura do ventrículo esquerdo e do peso
do ventrículo esquerdo induzidas pela prática de exercício
físico de resistência e exercício resistido (musculação) 
Fonte: Adaptada de PITHON-CURI, 2013
A hipertrofia cardíaca induzida pelo exercício resistido (musculação) ocorre na musculatura da
parede do ventrículo esquerdo. Durante esse tipo de exercício, ocorrem picos de pressão arterial.
Assim, a força de contração do ventrículo esquerdo deve ser grande o suficiente para vencer a
pressão da aorta e ejetar sangue para o sistema. Essa sobrecarga tensional leva ao espessamento
do septo entre os ventrículos e espessamento da parede do ventrículo esquerdo (Figura 9).
Figura 9 – Ação da atividade muscular auxiliando o retorno
venoso 
Fonte: Adaptada de PITHON-CURI, 2013
 
O detalhe mostra a contração muscular que comprime as
veias e impulsiona o sangue em direção ao coração. O fluxo
unidirecional é garantido pela presença de válvulas no
interior das veias
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Vídeos  
How I Repaired My Own Heart 
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O Primeiro Passo para Entender o Eletrocardiograma (ECG)
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Coração de Atleta
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 Material Complementar
https://www.ted.com/talks/tal_golesworthy_how_i_repaired_my_own_heart
https://www.youtube.com/watch?v=HEIzp2CKHh4
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Sistema Cardiovascular 
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  Leitura  
Adaptações Agudas e Crônicas do Exercício Físico no Sistema
Cardiovascular 
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ACESSE
https://www.youtube.com/watch?v=UarR4RJWvSE
https://www.youtube.com/watch?v=6lS8EeeuqBw
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2009/11/adaptacoes-musculares-ao-exercicio-fisico1.pdf
CURI, R.; ARAÚJO FILHO, J. P. Fisiologia básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
 
PITHON-CURI, T. C. Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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 Referências

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