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#Carolina R. Dobrotinic AULA 07 HAM V Epilepsia e convulsão Classificação Podem ser classificadas de acordo com seu início em focais e generalizadas. De acordo com tal proposta, as crises focais (parciais) são aquelas que ocorrem em redes neuronais localizadas, entretanto, são passíveis de generalização, envolvendo outras regiões encefálicas, dando origem ao termo “crises parciais com generalização secundária”. As crises primariamente generalizadas se iniciam em algum ponto do cérebro e apresentam rápida propagação bilateral, envolvendo estruturas corticais e subcorticais e não necessariamente todo o córtex As crises parciais, que anteriormente eram divididas em parciais simples ou complexas, foram renomeadas para “crises sem alteração da consciência” ou “auras” e “crises discognitivas”, respectivamente. As crises sem comprometimento da consciência são aquelas em que o indivíduo não apresenta alteração da capacidade de interagir adequadamente com o meio. Quando as manifestações são sensoriais ou psíquicas, estas são chamadas de auras, como, por exemplo, parestesias em um membro (aura sensitiva), escotomas (aura visual) e zumbidos ou plenitude tubária (aura auditiva). Nas crises parciais discognitivas, o paciente apresenta alteração parcial da consciência, podendo ou não apresentar sintomas motores, como automatismos manuais ipsolaterais, automatismos orais e postura distônica contralateral ao foco Fisiopatologia As epilepsias são consideradas disfunções cerebrais, associadas a sincronização excessiva de grandes populações neuronais corticais, levando a um estado de hipersincronia local ou generalizado, resultante da transformação progressiva de redes neuronais excitatórias. Achados clínicos Os eventos motores são aqueles que apresentam alguma manifestação muscular. Os movimentos podem ser positivos (aumento da contração muscular) ou negativos (perda ou diminuição do tônus muscular). Eventos Motores Elementares Manifestações Tônicas Contração sustentada de um ou mais grupos musculares com duração de, pelo menos, 3 segundos, de tronco ou membros, em extensão ou flexão, normalmente em região proximal, uni ou bilateral, podendo ser assimétrica. A consciência pode estar preservada, principalmente no início. As crises tônicas generalizadas apresentam contrações bilaterais, em geral, simétricas. As manifestações tônicas assimétricas sugerem ativação focal do hemisfério contralateral. Manifestações Versivas Contração sustentada e forçada da cabeça ou dos olhos para um lado e,por vezes, do tronco, podendo apresentar componente tônico ou clônico. A cabeça normalmente apresenta-se hiperestendida e a rima bucal com desvio para o mesmo lado. É de grande importância semiológica diferenciar este tipo de versão cefálica “forçada” (que é rápida e tônica) da simples rotação ou desvio lateral da cabeça (desvio cefálico). Manifestações Distônicas É descrita como uma postura forçada em flexão ou extensão, proximal ou distal, com componente rotatório e, por vezes, acompanhada de tremor ou atetose, com duração maior que 10 segundos. A postura distônica geralmente é mais intensa na mão, tipicamente com adução do polegar e extensão forçada dos outros dedos. Manifestações Mioclônicas As mioclonias são contrações musculares rápidas (menos de 300 ms) de um ou mais membros ou de todo o corpo. Muitas vezes, o paciente as descreve como “choques”, “repuxões” ou “sustos”. Normalmente são causadas por descargas generalizadas, mas podem ocorrer por estímulo focal da área motora primária ou córtex pré-motor contralateral à manifestação clínica. Manifestações Clônicas Movimentos clônicos são contrações rápidas e repetitivas de músculos agonistas e antagonistas, envolvendo sempre o mesmo grupo muscular, com intervalo regular entre 2 a 5 ciclos por segundo. Tipicamente, as manifestações clônicas são precedidas por sintomas somatossensoriais em crises parietais, ou sintomas visuais com versão cefálica nas crises occipitais. Quando a crise envolve áreas motoras secundárias, as manifestações podem ser bilaterais e associadas à postura tônica. Manifestações Atônicas Atonia refere-se à perda ou à diminuição do tônus muscular, com duração entre 1 ou 2 segundos, podendo envolver tronco (drop attack), membros, mandíbula ou cabeça (head drop). Crise Tônico-Clônica Generalizada (CTCG) Caracteriza-se por sequência de contração tônica de todo o corpo, seguida de fase clônica de evolução progressiva, com duração de 1 a 2 minutos. Na fase tônica, ocorre espasmo em flexão de predomínio axial que rapidamente envolve os membros, os olhos desviam-se para cima, as pupilas dilatam, a mandíbula fica rígida, podendo ocorrer mordedura de língua ou lábios. Por vezes, o paciente emite um grito por contração diafragmática intensa (grito ictal). Disautonomia, elevação da pressão arterial, cianose e hipersecreção pulmonar são comuns. Na fase clônica, ocorrem abalos que variam de 8 a 4 Hz, e no final pode haver liberação esfincteriana por relaxamento. Durante todo o período, o paciente se mantém inconsciente, demorando alguns minutos para voltar à plena vigília (fase pós-ictal). Eventos Motores Complexos Automatismos As crises automotoras são as que apresentam movimentos repetitivos e estereotipados, relativamente coordenados, que parecem ou não continuação de movimentos voluntários, previamente realizados pelo paciente. Normalmente, são acompanhados de alteração da consciência, mas esta pode estar preservada Os movimentos podem ser membros, língua e boca. Automatismos oroalimentares caracterizam-se por movimentos mastigatórios, estalar de lábios, lamber, ranger os dentes, movimentos de deglutição, beijar, assoviar. Automatismos gestuais envolvem manipulação com interação consigo mesmo ou com o meio de maneira relativamente coordenada (abotoar botões, alisar o lençol, dobrar roupas). Crises Discognitivas A crise discognitiva ocorre quando há alteração de algum dos componentes da cognição, como percepção (concepção simbólica da informação sensorial), atenção (seleção apropriada da tarefa principal), memória (habilidade de resgatar informações) e função executiva (antecipação, planejamento, atividade sequencial). Crises de Ausência As crises de ausência são caracterizadas por perda súbita e breve da consciência, podendo estar ou não acompanhadas de piscamentos, automatismos e mioclonias orais ou palpebrais. A ausência típica apresenta início e fim abruptos, tem duração menor do que 30 segundos (em geral, duração de 10 a 15 segundos), e o indivíduo continua a fazer o que estava fazendo após passar a crise, ou seja, sem confusão ou sonolência pós-ictal O estado de mal epiléptico é definido como crises epilépticas que persistem por mais de 5 min ou duas ou mais crises em um intervalo de 5 min sem retorno ao estado neurológico basal pré-crítico. Diagnóstico Anamnese e exame físico Eletroencefalografia Como a epilepsia é fundamentalmente um distúrbio fisiológico da função cerebral, a EEG é o exame laboratorial mais importante para avaliar pacientes com crises epilépticas. O EEG ajuda a estabelecer o diagnóstico de epilepsia e caracterizar as síndromes epilépticas específicas. Além disso, as anormalidades do EEG também podem orientar o tratamento e definir o prognóstico. Exames de imagem do cérebro A RM deve ser realizada em todos os pacientes com mais de 18 anos e nas crianças com desenvolvimento anormal, alterações anormais do exame físico ou tipos de epilepsia provavelmente associados aos distúrbios epilépticos sintomáticos. Tratamento O tratamento da epilepsia tem três objetivos: (1) erradicar as crises epilépticas ou reduzir sua frequência ao máximo possível; (2) evitar efeitos colaterais associados ao tratamento crônico; e (3) ajudar o paciente a manter ou facilitar as adaptações psicossocial e vocacional normais. Hoje em dia, nenhum tratamento clínico consegue induzir remissão permanente (“cura”) ou evitar o desenvolvimento de epilepsia alterando o processo epileptogênico. Estudos demonstraram que o uso profilático de fenitoínareduz a frequência das crises epilépticas dos pacientes com traumatismo craniano grave de 14 para 4% durante a primeira semana depois do acidente
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