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Geovana Sanches, TXXIV TESTES AUDITIVOS INTRODUÇÃO A audiometria é o exame mais importante e de maior acurácia para avaliação da audição. Ela consegue avaliar se o paciente ouve e escuta e, quando o paciente apresenta perdas, qual o grau da perda. Conceitos Ouvir Ato sensorial de captação do estímulo sonoro Escutar Implica no entendimento de um som (além do ato sensorial, necessita da função cortical) Definição A audiometria é um exame psicoacústico. Trata-se da medida psicofísica da audição, da capacidade individual de distinguir e interpretar as várias modalidades de estímulos acústicos, avaliando a sensibilidade auditiva. Importância clínica • Determina o limiar mínimo de audição o Limiar auditivo: nível mínimo de pressão acústica necessária para provocar uma sensação auditiva. Pontos abaixo do limiar mínimo (em dB) não serão escutados pelo paciente. o Limiar normal: entre 0 e 20 dB • Topodiagnóstico da perda auditiva (localização da perda) o Orelha externa o Orelha média o Orelha interna § cóclea § nervo auditivo • Determina graus de incapacidade o Perda leve o Perda moderada o Perda severa o Perda profunda o Acúsia • Controlar a audição de expostos a ruídos o Exame periódico anual ou semestral em trabalhadores expostos a ruído intenso • Avaliar possibilidades de reabilitação auditiva por cirurgias ou aparelho de amplificação sonora individual (AASI) • Diagnóstico precoce de perdas incipientes o Perdas congênitas ou familiares • Determinar casos de simulação o Principalmente em trabalhadores que buscam processar a empresa em que trabalham ou querem se aposentar. • Acufenometría o Medida da intensidade e da frequência dos acúfenos (zumbidos) Requisitos do exame • Examinador o Não deve permitir que o examinado leia seus lábios • Examinado • Audiômetro (aparelho responsável por emitir sons) • Cabine acústica (isolamento acústico) • Calibração do aparelho anualmente Tipos de testes Audiometria clássica • Audiometria tonal limiar o Emissão de tons puros, com objetivo de determinar o limiar auditivo do paciente. • Audiometria vocal (ou logoaudiometria) o Emissão sonora de palavras, as quais devem ser repetidas pelo paciente. • Imitanciometria o É um exame mais objetivo, que não depende da resposta do paciente o Avalia o sistema tímpano-ossicular e o reflexo estapediano o Exame muito bom para quando há suspeita de simulação de perda auditiva Testes alternativos • Avaliação auditiva comportamental o Realizado geralmente em crianças de até 1,5 ano. o Testa os reflexos através de aparelhos que emitem sons, como por exemplo um chocalho. • Audiometria infantil condicionada Geovana Sanches, TXXIV o Realizado em crianças entre 1,5 a 7 anos, com estímulos sonoros através de brinquedos. AUDIOMETRIA TONAL LIMIAR Via aérea (audiograma) Para avaliação da via aérea, devemos iniciar pela orelha que o paciente acha que ouve melhor. Será realizada a avaliação de frequências pré-determinadas, que levam em consideração os sons que os indivíduos são expostos na natureza. São testadas as frequências 250 Hz, 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz, 3.000 Hz, 4.000 Hz, 6.000 Hz e 8.000 Hz. É importante testar inicialmente as frequências médias, passando para as agudas e finalizando pelas graves, pois essas são de mais difícil percepção. O teste é iniciado com sons de maior intensidade (maior amplitude), entre 40 e 50 dB, e vai decrescendo. “RESPEITO AOS 85 dB” A orelha humana pode se expor a um som de 85 dB por 8 horas sem que isso desencadeie um trauma acústico. A partir disso, para o aumento de cada 5dB, é necessário reduzir em 50% o tempo de exposição para que isso não gere um trauma. Assim, temos: • 85 dB à 8h de exposição • 90 dB à 4h de exposição • 95 dB à2h de exposição • 100 dB à 1h de exposição • 105 dB à 30 minutos de exposição Padronização gráfica • Símbolos o O: orelha direita o X: orelha esquerda • Eixo horizontal (x, abscissa): frequências sonoras (Hz) • Eixo vertical (y, ordenada): intensidade (dB) Resultados • Limiar auditivo normal: entre 0 e 20 dB para todas as frequências testadas. o < 20 = audição normal § 0 não é ausência de som!!! Esse valor foi padronizado pois a maioria da população não escuta mais nesse padrão. Todavia, se escutar, significa que a audição desse paciente é melhor do que da população geral. o > 20 = perda auditiva § Indica ser necessário maior intensidade de som para que o paciente escute. Exemplos • Avaliação da orelha direita (pois o símbolo é O, em vermelho) • Limiar auditivo mínimo: 10 dB o Dentro do padrão de normalidade • Avaliação da orelha esquerda (pois o símbolo é X, em azul) • Limiar auditivo mínimo: 0 dB o Dentro do padrão de normalidade Via óssea Para avaliação da via óssea é utilizado um estimulador / vibrador ósseo na mastoide (mais comum) ou na fronte. O som nesse caso passa diretamente para a orelha interna, de forma que a orelha externa e a orelha média não participam do processo. • Som à osso temporal à cóclea à nervo Geovana Sanches, TXXIV A audiometria por via óssea avalia, portanto, o funcionamento da orelha interna. Quando está alterada, pode-se inferir que há alteração na própria orelha interna ou no trajeto posterior a ela (nervo auditivo, SNC). O objetivo desse exame é, portanto, realizar o topodiagnóstico da perda auditiva, avaliando se é por alteração na orelha média ou na orelha interna. Dessa forma, é obrigatoriamente realizada em pacientes com via aérea pior que 20 dB (limiar auditivo > 20 dB). Padronização • Avaliação de frequências entre 500 e 4.000 ou 6.000 Hz • Maior intensidade sonora gerada pelo vibrador ósseo é de 70 dB. o Se o paciente apresentar perda maior do que 70 dB na via óssea, isso é indicado por uma seta para baixo, referindo que foi emitido a maior intensidade possível do aparelho e, ainda sim, o paciente não escutou. • Requer mascaramento do lado contralateral ao testado, individualizando a resposta entre as orelhas. • Símbolos o [ ou <: orelha direita o ] ou >: orelha esquerda Resultados Na orelha direita, vemos que o limiar auditivo para via aérea chega a 40 dB, indicando perda auditiva na via aérea da orelha direita. Já para via óssea, verifica-se que não há alterações. Na orelha esquerda, vemos que o limiar auditivo da via aérea chega a 30 dB, indicando perda auditiva na via aérea da orelha esquerda. Já para via óssea, verifica-se que não há alterações. Graus de Perda Auditiva Os graus de perda auditiva serão dados a partir de uma média do limiar auditivo (tonal) presente nas frequências de 500, 1.000, 2.000 e 4.000 Hz, na via aérea. Média Classificação 0 – 20 dB Normal 21 – 40 dB Perda leve 41 – 70 dB Perda moderada 71 – 90 dB Perda severa > 90 dB Perda profunda Perda auditiva condutiva A perda condutiva é ocasionada por alguma condição que está prejudicando a condução do som pela via aérea, a qual envolve a orelha externa e a orelha média. • Perda auditiva na via aérea o Limiar auditivo pior que 20 dB • Sem alteração na via óssea • Presença de gap aéreo-ósseo (A-O) > 10 db o Como a via aérea está alterada, as curvas da via aérea e via óssea não ficam equivalentes, existindo um intervalo (gap) entre elas. • Não tem recrutamento o Fenômeno estudado na imitanciometria, estando presente apenas na perda neurossensorial, lesão na cóclea e de célula ciliada • Não ultrapassam 60 dB o Geralmente, alterações na membrana timpânica ou nos Geovana Sanches, TXXIV ossículos não são capazes de causar perdas auditivas severas • Reconhecimento de fala bom o Não há comprometimento do nervo auditivo,de forma que aumentarmos o tom de voz, o indivíduo entenderá o que está sendo dito Etiologias • Cerumen • Tímpano perfurado • Tímpano rígido • Corpo estranho • Desarticulação da cadeia ossicular • OMA • Otoesclerose (calcificação dos ossículos) Gráficos • Orelha direita • Sem alteração na via óssea (limiar de 10 dB) • Perda auditiva na via aérea (limiar chega a 45 dB) o Perda condutiva moderada • Orelha esquerda • Sem alteração na via óssea (limiar de 15 dB) • Perda auditiva na via aérea (limiar chega a 60 dB) o Perda condutiva moderada Perda Neurossensorial Na perda neurossensorial, a alteração se dá na orelha interna (coclear ou retrococlear – do nervo em diante). Dessa forma, tanto a via aérea quanto a via óssea vão se apresentar prejudicadas, já que ambas as vias convergem ao mandarem seus respectivos estímulos sonoros para a cóclea. • Via aérea e Via óssea com perda na mesma intensidade, ambas piores de 20 dB. • Curvas equivalentes, muitas vezes acopladas o Não tem GAP A-O • Quando a alteração é coclear, há recrutamento • Há alteração do reconhecimento da fala, proporcional ou não ao grau da perda auditiva Apenas com a audiometria tonal, é possível identificar que há alteração em ambas as vias na mesma intensidade, indicando que a perda auditiva é neurossensorial. Todavia, a topografia exata não é definida, sendo necessário a realização de outros testes para auxiliar nessa definição, como a audiometria vocal e a imitanciometria. • Na audiometria vocal, quando o acometimento é retrococlear, os acertos são < 88% das palavras, indicando que há alteração do índice de reconhecimento da fala. • Na imitanciometria, quando o acometimento é coclear (sensorial), há reflexo acústico (estapediano) recrutante. Caso isso não ocorra, pode ser retrococlear. Etiologias • Cóclea o Presbiacusia o Trauma acústico o Ototoxicidade o Pós-infecciosa • Nervo coclear o Tumor no nervo coclear (Schwannoma vestibular ou neuroma acústico) • SNC o AVC Geovana Sanches, TXXIV Gráficos • Orelha direita • Perda auditiva na via óssea (limiar de 70 dB) • Perda auditiva na via aérea (limiar de 70 dB) • Não há um GAP A-O (ambas prejudicadas na mesma intensidade) • Conclusão: perda neurossensorial na OD • Orelha esquerda • Perda auditiva na via óssea (limiar de 90 dB) • Perda auditiva na via aérea (limiar de 90 dB) • Não há um GAP A-O (ambas prejudicadas na mesma intensidade) • Conclusão: perda neurossensorial na OE Perda Mista A perda mista consiste na lesão simultânea e independente da orelha média e da orelha interna, resultando em acometimento da via aérea e da via óssea. Há, portanto, perdas em ambas as vias, acima de 20 dB, com presença de GAP aéreo- ósseo > 10 dB. Nas altas frequências, especialmente se topografia em cóclea, pode haver recrutamento. Gráficos • Orelha direita • Perda auditiva na via aérea (limiar de 70 dB) • Perda auditiva na via óssea (limiar de 40 dB) • Com GAP > 10 dB • Conclusão: perda mista na orelha direita • Orelha esquerda • Perda na via aérea (limiar de 90 dB) • Perda na via óssea (limiar de 50 dB) • GAP > 10 dB • Conclusão: perda mista na orelha esquerda Perda auditiva Via aérea Via óssea GAP A – O Condutiva < 20 dB Preservada > 10 dB Neuro- sensorial < 20 dB < 20 dB < 10 dB Mista < 20 dB < 20 dB > 10 dB AUDIOMETRIA VOCAL (LOGOAUDIOMETRIA) Objetivos • Auxiliar no diagnóstico diferencial de perdas auditivas e na topografia da perda Geovana Sanches, TXXIV o Definir se há comprometimento retrococlear ou não • Testar a percepção sonora e o entendimento das palavras • Confirmação dos limiares tonais • Estimar a efetividade da comunicação • Seleção, avaliação e adaptação de próteses auditivas • Referência para diagnóstico de alteração do Processamento Auditivo Central (PAC) Realização do exame A audiometria vocal consiste em evocar uma sequência de 25 monossílabos, em uma frequência 40 dB acima do limiar tonal. Ao ouvir essas palavras, o paciente deverá repeti-las, demonstrando que, além de ouvir, ele compreendeu a palavra. Esse teste compreende duas etapas: SRT e IPRF. SRT • Speech recognition threshold (limiar de reconhecimento de fala) • Objetiva obter o limiar auditivo (intensidade sonora, dBs) em que houve o reconhecimento de pelo menos 50% das palavras • Para tal, o limiar auditivo do paciente já foi obtido na audiometria tonal, de forma que o SRT será iniciado com um som 30 dB acima desse limiar. o Exemplo: se o limiar tonal do paciente foi de 30 dB, a intensidade sonora emitida no SRT será de 60 dB (30+30) • Após esse número inicial, a intensidade sonora vai sendo decrescida até se obter o limiar auditivo em que apenas metade das palavras ditas foi compreendida. • Esse exame é um bom comparativo com o limiar tonal (500 – 2kHz) e deve coincidir com este, podendo variar 10 dB para mais ou para menos. o Verifica a compatibilidade entre os testes IPRF • Índice percentual de reconhecimento de fala • Objetiva obter a quantidade de palavras que o paciente consegue reconhecer no seu limiar auditivo. o Com isso, visa topografar se a perda neurossensorial é decorrente de acometimento coclear ou retrococlear. • Nessa etapa do teste, será lida uma grande lista de palavras (monossílabos ou dissílabos) no limiar auditivo obtido no SRT + 30 a 40 dB e o paciente deve acertar ao menos 88% dessas palavras. à Resultados do IPRF • Acertos < 88% das palavras = alteração do índice de reconhecimento de fala, indicando um problema retrococlear o O indivíduo está recebendo o som com maior intensidade que o seu respectivo limiar auditivo (ou seja, ouve o som), mas não consegue interpretá-lo, indicando que o problema está no nervo auditivo ou no SNC. • Acertos > 88% das palavras: exame normal, indicando que o reconhecimento da fala está preservado o Não há acometimento retrococlear o Caso haja perda neurossensorial, esta é provavelmente de origem coclear. AVALIAÇÃO AUDITIVA COMPORTAMENTAL A avaliação auditiva comportamental é uma alternativa a audiometria tonal e vocal clássica, com mudança de atividade para indivíduos de 0 a 2 anos (18 meses). Está indicado na suspeita de perda auditiva ou em bebês com fator de risco para perda auditiva, tais como filhos de mães que tiveram rubéola ou pré-eclâmpsia na gestação ou bebês que apresentaram sofrimento intrauterino. Idade (meses) Reação para fala Audição 0 – 2 40 – 60 dB Acorda ou se assusta com ruídos fortes 2 – 4 47 dB Vira a cabeça em direção a um ruído forte ou médio 4 – 7 21 dB Vira a cabeça para os lados quando chamado 7 – 9 15 dB Localiza diretamente sons para os lados, para baixo e reconhece ordens simples 9 – 11 8 dB Reconhece ordem simples como “Não” 11 – 16 5 dB Reconhece ordens como “Dá tchau”, “Joga beijo” 16 – 21 5 dB Localiza sons diretamente para os lados, para cima e para baixo Geovana Sanches, TXXIV 21 – 24 3 dB Compreende ordens e reconhece partes do corpo 4 anos 3 dB Compreende frases, histórias e ordens Testes realizados • Estímulos sonoros de forte intensidade o Reflexo cócleo-palpebral (piscar os olhos diante de forte estímulo) • Reflexo de moro • Localização ao chamado • Resposta à instrumentos musicais AUDIOMETRIA CONDICIONADA A audiometria condicionada geralmente é realizada em crianças com faixa etária entre 1,5 e 3 anos. Para sua realização, coloca-se a criança em uma cabine acústica, estimulando-a através de brinquedos ou jogos. • Condicionamento lúdico o Solicita-se que a criança aperte um botão ao ouvir determinado som • Observação do comportamento auditivo • Pode ser feito em uma cabine adaptada ou um audiômetro infantilo Avaliação subjetiva IMITANCIOMETRIA A imitanciometria visa aferir a imitância acústica da orelha média. Trata-se de um exame objetivo, realizado em 2 fases: timpanometria e pesquisa do reflexo estapediano (complacência máxima do tímpano). Timpanometria (ou curvas timpanométricas) A timpanometria tem como objetivo avaliar a integridade e a impedância (imitância acústica) do sistema tímpano-ossicular. É muito importante nas perdas condutivas e mistas, nas quais há acometimento no sistema de condução sonora. Ele avalia a mudança da flexibilidade da membrana timpânica obtida por variação de pressão do ar no meato acústico externo (conduto auditivo) e a complacência (facilidade ou magnitude do movimento tímpano-ossicular). Realização do exame Uma pequena sonda que emite pressão sonora (pressão de ar) é inserida na orelha do paciente, resultando na vibração da membrana timpânica. Essa pressão sonora reflete no tímpano e na cadeia ossicular, voltando pelo conduto auditivo. Ao voltar pelo conduto auditivo, é captada por um receptor, o qual converte esse valor de pressão em uma curva de complacência do tímpano. Dessa forma, mede-se a mudança da flexibilidade da membrana timpânica. Resultados A complacência da membrana timpânica e sistema tímpano-ossicular pode estar normal (volume e pressão sonora emitido pela onda = volume e pressão sonora refletido de volta pelo tímpano), aumentada ou diminuída. Os tipos de curva, por sua vez, podem ser A (Ar ou As, Ad), B ou C. Curva A A curva do tipo A demonstra complacência normal, sendo esperada em indivíduos com membrana timpânica e cadeia ossicular sem alterações. O pico da complacência (demonstrada pelo triângulo) ocorre próximo à pressão 0, simbolizando que a pressão da orelha média está igual à pressão atmosférica. A amplitude do pico deve de ao menos 0,5 mL, correspondendo ao volume de ar captado. Variantes da Curva A As variantes da curva A são comumente encontradas em algumas doenças. à Curva Ar ou As A curva Ar (Areduzida), também denominada As (Asmall), ocorre quando o pico da complacência está dentro da faixa de normalidade (geralmente em zero), porém o pico é feito em resposta a um pequeno volume de ar (< 0,5 mL). Essa alteração está relacionada com uma rigidez do sistema tímpano-ossicular e baixa complacência (a pressão sonora emitida pela onda Geovana Sanches, TXXIV vai e volta rápido, demonstrando que a membrana timpânica não vibra adequadamente). Dentre as causas, estão a otosclerose, timpanosclerose e membrana timpânica espessada. à Curva Ad A curva Ad (Adesarticulação) demonstra que a complacência do tímpano está muito aumentada, ou seja, a membrana timpânica está muito flácida, vibrando excessivamente. Nesses casos, não é possível identificar o pico de complacência, pois este se encontra muito elevado. Dentre as possíveis causas, estão a interrupção da cadeia ossicular, como por desarticulação tímpano-ossicular, ausência de cadeia ossicular e membrana muito flácida, como por tuba patente (a tuba permanece aberta o tempo todo, permitindo a saída do ar livremente – nesses casos, o paciente escuta o barulho de sua respiração). Curva B Na curva B é típica da presença de líquido ou tumor na orelha média (efeito de massa). Nesses casos, a pressão sonora emitida pela sonda não reflete no tímpano e a cadeia ossicular, não retornando pelo conduto. Dessa forma, não existe um pico máximo de complacência e a curva fica achatada. Uma etiologia frequente para a curva B é a otite média secretora, na qual há efusão na orelha média (acúmulo de líquido). Curva C A curva C demonstra uma complacência máxima de membrana timpânica deslocada para pressões negativas. Nesse caso, a pressão sonora emitida pela sonda reflete em parte (menos do que o esperado) no tímpano e cadeia ossicular, de forma que há retenção de pressão na orelha média. Essa curva é muito típica de uma disfunção tubária, já que a tuba tem como função equalizar a orelha média com a pressão externa do ar. Quando está alterada, há alteração nessa equalização, fazendo com que o pico de complacência seja deslocado para fora da faixa de normalidade (entre -100 e 100). Comparação entre as curvas Reflexo estapediano O reflexo estapediano é um arcoreflexo protetor para sons de alta intensidade (especialmente graves). É acionado por um estímulo acústico intenso (normalmente de 70 a 90 dB), entre o VIII nervo craniano (nervo vestíbulo-coclear) e o VII nervo craniano (nervo fácil), promovendo a contração do músculo estapédio (ou do estribo) na orelha média. Essa contração puxa os ossículos, deixando-os rígidos e, assim, diminuindo a vibração sonora. Espera-se que indivíduos com limiares auditivos normais tenham reflexos estapedianos presentes. Vias Aferentes • Cóclea → nervo coclear → núcleo coclear ipsilateral → complexo olivar superior (ipsi e contralateral) → núcleo do nervo facial Geovana Sanches, TXXIV Vias Eferentes • Núcleo do nervo facial → nervo facial → nervo estapediano → contração do músculo estapediano Realização do exame A pesquisa do reflexo estapediano é feita através de um aparelho que capta a movimentação da membrana timpânica, a qual é secundária a contração do músculo do estribo (estapédio), após um estímulo sonoro na orelha contralateral. Ausência do reflexo estapediano • Perfuração da membrana timpânica o som se dissipa, não desencadeando o reflexo • Fixação da platina do estribo ou da cadeia ossicular o O músculo do estribo não se contrai e a membrana timpânica não se movimenta • Presença de líquido na orelha média (curva B) • Paralisia facial periférica o Acometimento do VII nervo (facial) o O reflexo nesses casos é encontrado somente ipsilateral ao estímulo sonoro • Perdas auditivas importantes • Alterações em vias neurais eferentes ou aferentes Fenômeno Recrutamento O Fenômeno recrutamento (Objetivo de Metz) ocorre em indivíduos com perdas cocleares, em cujo reflexo estapediano é deflagrado em limiares auditivos baixos. Ou seja, há uma diferença entre os limiares tonais e limiares que desencadeiam o reflexo. • Normal: entre 70 e 90 dB • Recrutamento: < 60 dB o Reflexo presente recrutante o Sugere cocleopatia, como por exemplo a perda de células ciliadas. • Super-recrutamento: < 40 Exemplo de uma Imitanciometria A imagem abaixo demonstra uma imitanciometria, a partir da qual podemos determinar algumas informações. • Curva do tipo A tanto para orelha direita, quanto para a esquerda à timpanometria normal • Limiar tonal OD: 10, 10, 10 e 0 à via aérea preservada • Limiar tonal OE: 10, 15, 0 e 5 à via aérea preservada • Diferença entre o limiar tonal e do reflexo deflagrado OD e OE à todos estão acima de 60 dB à imitanciometria normal o Se abaixo de 60 dB, sugestivo de cocleopatias
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