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AULA 7 - PSIQUIATRIA Transt�no afetivo bipolar RESUMO AULA Está no campo dos transtornos do humor. Humor: linha mais ou menos reta= eutimia → eutímico: humor normal, dentro das variações que não são patológicas; → hipertímico: humor variando para cima, mais feliz, mais alegre; → hipotímico: humor variando para baixo, tendendo para tristeza; → humor pendendo para o polo oposto: hipomania e mania → variações que ocorrem no mesmo dia. Mania na psiquiatria é o pólo oposto ao depressivo = humor patologicamente exaltado e causa prejuízo funcional da pessoa. TAB tipo I: basta ter 1 episódio de mania, não precisa esperar o paciente ter a depressão para dar o diagnóstico → episódios exaltados como mania, que é uma oscilação muito pra cima da eutimia → intensidade e sintomas muito maiores, o paciente tem um prejuízo funcional muito intenso, mais fácil para realizar um diagnóstico → humor hipertímico em uma intensidade e duração que é patológico, e que causa prejuízo funcional ao paciente → é muito comum depois de um episódio de mania ter um episódio de hipomania → para o diagnóstico basta o paciente ter um episódio de mania TAB tipo II → hipomania → não tem um prejuízo emocional muito intenso, mais difícil para realizar um diagnóstico → humor hipertímico em uma intensidade e duração que é patológico, mas que não causa prejuízo funcional ao paciente. Transtorno Ciclotímico → A pessoa faz variações de humor que não chega a preencher critérios para diagnosticar um TAB. Episódios de hipomania/ mania não duram o tempo suficiente para encaixar no diagnóstico. O mesmo ocorre com o episódio de depressão. Atenção: No transtorno depressivo maior (TDM), a depressão é de 9 a 10 meses, em qualquer idade. (MAIS SINTOMAS DE ANEDONIA, TRISTEZA). Já no Transtorno afetivo bipolar (TAB) tem o início mais precoce, em pacientes mais jovens e o tempo de depressão dura cerca de 3 meses. (MAIS IRRITABILIDADE). Quando o tempo de depressão é menor que isso, classifico como TAB indeterminado ou Ciclotímico. Slide: - O transtorno bipolar é uma doença do humor crônica caracterizada por episódios recorrentes de depressão, alternados com períodos de hipomania e/ou mania que são normalmente separados por períodos de eutimia (humor e de funcionamento relativamente normais). - Pico de aparecimento dos 15-24 anos - 90% dos pacientes que têm fase maníaca terão outras e 10-15% terão pelo menos mais 10 episódios de mania. → Os episódios de depressão são mais comuns do que os episódios de hipomania e mania. - Critérios diagnósticos de mania (DSM-5) A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, durando pelo menos uma semana (ou qualquer duração, se a hospitalização é necessária). → Se o paciente precisou ser hospitalizado por causa do humor dele expansivo (comportamento hiperssexualizado), elevado, irritado ou sintomas psicóticos é uma mania. → na hipomania não precisa ser hospitalizado. → a irritabilidade está presente no transtorno depressivo quanto na mania, sempre associar a irritabilidade para TAB. B. Durante o período de perturbação do humor, 3 (ou +) dos seguintes sintomas persistiram (4, se o humor é apenas irritável): 1. Autoestima inflada ou grandiosidade (acha que é melhor que o outro) 2. Necessidade de sono diminuída (muita energia) 3. Mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar (fala muito) 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo (pensamentos acelerados, alteração da forma do pensamento decorrente da alteração do fluxo, sempre lembrar de TAB) 5. Distratibilidade (isto é, a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos insignificantes ou irrelevantes→ hipotenacidade e hipervigilância) 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora (o excesso de energia dele não é dirigido a um objetivo específico). 7. Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências dolorosas (por ex., envolvimento em surtos incontidos de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros tolos) → paciente hiperssexualizado. C. A perturbação do humor é suficientemente grave para causar prejuízo acentuado no funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos costumeiros com outros, ou para exigir a hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e a outros, ou existem aspectos psicóticos. D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral (por ex., hipertireoidismo). Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um episódio maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno bipolar tipo I. → tira o antidepressivo e parou os episódios de depressão não é TAB, se continuar é TAB; Episódio hipomaníaco - critér - HIPOMANIA (4 dias) - Intensidade menor dos sintomas - Não há sintomas psicóticos ou alterações estruturais do pensamento - Prejuízos funcionais são limitados - Crítica pode estar preservada TAB tipo II. A) Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de quatro dias 2 consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. B) Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos sintomas seguintes persistiu (quatro se o humor só é irritável) e esteve presente a um grau significativo: (1) auto estima inflada ou grandiosidade (2) redução da necessidade de sono (por exemplo, sente-se descansado depois de apenas 3 horas de sono) (3) mais loquaz que o habitual ou pressiona para continuar falando (4) fuga de ideias ou experiências subjetivas (5) distratibilidade (i.e., atenção muito facilmente cativada por estímulos externos sem importância ou irrelevantes) ( 6) aumento das atividades dirigidas a metas específicas (seja socialmente, no trabalho, na escola, ou sexualmente) ou agitação psicomotora (7) envolvimento excessivo em atividades prazerosas que têm um potencial alto para consequências dolorosas (por exemplo, farras, compras desenfreadas, indiscrições sexuais, ou investimentos empresariais duvidosos) (C) O episódio é associado com uma mudança inequívoca de funcionamento que não é característico de quando a pessoa está sem sintomas. (distinguir hipomania de humor hipertímico) (D) A perturbação em humor e a mudança no funcionamento é observável por outras pessoas. (E) O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco. (F) O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento). Transtorno afetivo bipolar Tipo I: presença de pelo menos um episódio maníaco na vida Tipo II: presença de pelo menos um episódio hipomaníaco na vida + episódio depressivo maior atual ou anterior, sem nunca ter apresentado episódio maníaco Ciclotimia (transtorno ciclotímico): flutuações patológicas de humor, tanto para o pólo depressivo quanto para o pólo maníaco que, pela quantidade de sintomas ou pela curta duração, não configuram um episódio de depressão ou de (hipo)mania. EPIDEMIOLOGIA Tipo I: 0,6% ao longo da vida, sem variação entre os sexos Tipo II: 0,4% ao longo da vida (com variações dependendo do critério e amostra), mais frequente em mulheres cis Ciclotimia ou outro transtorno do espectro: 1,4% ao longo da vida Espectro bipolar (I + II + outros): 2,4% Idade de início: - Tipo I: 18 anos -Tipo II e subliminar: 22 anos Etiologia e neurobiologia Multifatorial: elementos biológicos, psicológicos e sociais 3 Várias doenças psiquiátricas estão relacionadas ao influxo de cálcio!!! Fatores para aumento de risco, idade precoce de início e gravidade: traumas na infância, negligência parental, uso de cannabis na adolescência e maiores flutuações de incidência solar → quanto mais cedo, pior é o prognóstico Fatores genéticos: - Herdabilidade aprox. de 68% - Gêmeos MZ: 90% - Risco de desenvolvimento da doença para parentes de 1º grau: 9% Neuroanatomia: desregulação de circuitos relacionados ao controle e ao processamento de emoções – Córtex préfrontal, hipocampo e amídala Aumento de atividade em circuitos de recompensa: estriado, Córtex ventrolateral e orbitofrontal Nas fases: aumento de cortisol, ACTH e citocinas inflamatórias – diminuição de substância branca (maior na mania que na depressão) Piora cognitiva em 30% dos casos – perdas funcionais (pessoas com TAB tipo I , têm mais danos → sempre quando se fala em emoções pensar na amígdala → quanto mais episódios de mania mais inflamações cerebrais que gera um dano de fato, além disso os fármacos estabilizadores de humor tem causado lesões, perdas funcionais Paciente com TAB experimenta sintomas depressivos pela maior parte da sua vida Média de 10 anos entre o primeiro contato com serviço de saúde e o correto diagnóstico de TAB - Não existe nenhum sintoma depressivo que seja patognomônico de TAB - História familiar positiva para TAB é um dos poucos achados de maior especificidade para o diagnóstico. DEPRESSÃO BIPOLAR X UNIPOLAR Tratamento (Mania, Depressão e Profilaxia) ● Complexo e multidisciplinar ● Se em episódio de humor: controle dos sintomas (Mania / Depressão) ● Eutímico: prevenção de novas fases e melhora no funcionamento psicossocial (Profilaxia) ● Pacientes com TAB – encaminhar para psiquiatra → diferente do transtorno depressivo maior leve → moderado e grave precisam de tratamento. ● Se estável há vários anos, sem comorbidade e com boa adesão ao tratamento – médico generalista ● Psicoeducação ● Psicoterapia ● Estruturação de rotina ● Medicamentoso: Diretrizes NICE (National Colaboration Center for Mental Disorder), CANMAT-2018 (Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments) e ISBD (International Society for Bipolar Disorders). Monoterapia: 1ª linha 4 TAB Classes: - estabilizador de humor - antipsicóticos - antidepressivos (não é primeira opção e não deve ser prescrito isoladamente) 1ª linha - não necessariamente é monoterapia, pode-se fazer associação Tratamento de depressão bipolar 2ª linha Divalproato, ISRS, bupropiona, ECT, olanzapina + fluoxetina NÃO DAR ANTIDEPRESSIVOS ISOLADAMENTE!!! Tratamento de manutenção Se um episódio de mania tem resposta a um estabilizador, esse deve ser mantido. ★ FASE mania ou hipomania (mania aguda: quadro mais florado) - tratamento de cima para baixo Carbonato de lítio: 300-1200 mg - medicamento tireotóxico e nefrotóxico - todo paciente que toma precisa fazer controle de função tireoidiana e função renal - paciente desidratado, mulher e idoso são mais sensíveis aos efeitos colaterais INTOXICAÇÃO POR LÍTIO - se pede uma litemia (geralmente não pode passar de 1.6) - sintomas leves (tremor, sintomas GIs, lentificação psicomotora), graves (convulsões, coma, morte). Quanto mais alta a dose, maior os efeitos colaterais = ficar atento !! Valproato de sódio (500 mg- 2000 mg): estabilizador de membrana → Dosar amilase pois pode fazer pancreatite aguda com uma dose alta de valproato - ácido valpróico= 250mg - estabilizadores de humor - primeira linha para tratamento de mania e hipomania - pode-se associar com antipsicóticos atípicos, sendo esses de primeira linha. CUIDADO: tirar e iniciar abruptamente!! Antipsicótico atípico X típico Os dois fazem bloqueio no receptor D2 e só que os atípicos também age nas vias serotoninérgicas - antagonismo 5HT2A - agonismo: 5HT2C e 5HT1A → faz regulação do humor, na fase de mania ou depressão. TEM NO SUS: Risperidona: 2 a 6 mg Olanzapina: causam efeitos cardiometabólicos Tirando da fase da mania, mantém em doses mais baixas para se chegar na eutimia Preferir monoterapia. ★ FASE DEPRESSIVA 1ª linha → tratamento de baixo pra cima → mais difícil Lítio, lurasidona, lamotrigina (estabilizador de humor) → antidepressivos não são tto de primeira linha para episódios depressivos no Transtorno afetivo bipolar, pois podem abrir quadro de mania. Logo, devem ser usados em associações e deve-se dar preferência a Bupropiona ou ISRS. Nunca tricíclicos! A lamotrigina têm efeitos: estabilizador de humor e antidepressivo - se começa com 25 mg podendo chegar 200mg, tem como efeito colateral as reações cutâneas (farmacodermia), que começa com 5 um exantema multiforme (lesões em palma da mão, pé) e se não for interrompido a tempo pode evoluir até uma Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) (acomete menos de 10% do epitélio, nao pega 2 mucosas) ou necrólise epidérmica tóxica (perda de mais de 10% do epitélio e acomete 2 mucosas diferentes), se começa a ter deve suspender a medicação → carbamazepina não é primeira linha (dose: 200 a 1200 mg)- menos importante QUETIAPINA: antipsicótico atípico →Pode ser usado tanto para tratar os episódios de mania, quanto depressão ➔ 25mg- receptores histaminérgicos: ação sedativa, muito bom para insônia ➔ 300-400 mg: receptor serotoninérgica → ação estabilizadora de humor e antidepressiva ➔ 800 mg: antipsicótico atípico (pacientes esquizofrênicos)- bloqueio de receptores dopaminérgicos → demora para chegar no efeito antidepressivo e anti maníaco, pois precisa aumentar muito a dose, por isso, geralmente ao iniciar, usa-se associações com a intenção de deixar apenas a quetiapina mais para frente. ➔ Antidepressivos ( 2ª linha) → tratamento de segunda linha → usar inibidor seletivo da recaptação de serotonina, ou a bupropiona Não usar tricíclicos !!! → não usar em Transtorno bipolar isoladamente, deve estar acompanhado com estabilizador de humor (lítio ou valproato) ou olanzapina (antipsicótico atípico) não vai entrar lamotrigina (efeito antidepressivo muito forte → chance de fazer virada maníaca). RESUMÃO DOS FÁRMACOS - hipomania/ mania →lítio ( 1cp de 300 mg), valproato (500 mg) - lembrar que o lítio tem efeito nefrotóxico e tireotóxico - valproato = risco de pancreatite - na fase de hipo/ mania , pode usar o valproato FASE DEPRESSIVA Lamotrigina (começa 25mg e fazer aumento gradual das doses) NÃO USA COMO PRIMEIRA LINHA O VALPROATO Usa-se: lamotrigina, lurasidona (antipsicóticos atípicos). - Estabilizar de cima pra baixo: mania - estabilizador de baixo pra cima: fase de depressão 6