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Geovana Sanches, TXXIV SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA DEFINIÇÕES Semiologia psicopatológica • Estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais • Apresentam igual importância o sinais comportamentais § verificáveis pela observação direta do paciente o sintomas § vivências subjetivas relatadas pelo indivíduo Síndrome • Sinais e sintomas não ocorrem de forma aleatória • Surgindo associações e clusters (agrupamentos) mais ou menos frequentes • Não há identificação de causas específicas ou da evolução do processo patológico • Trata-se puramente de uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas Entidades nosológicas • Doenças ou transtornos específicos • Fenômenos mórbidos em que é possível identificar a causa ou os fatores causais (etiologia) • Características o curso relativamente homogêneo o padrões evolutivos o estados terminais típicos • Busca pelos mecanismos psicopatológicos característicos, antecedentes genético- familiares e respostas a tratamentos e intervenções mais ou menos previsíveis AVALIAÇÃO DO PACIENTE A avaliação do paciente em psiquiatria é realizada principalmente através da entrevista psicopatológica, a qual junto com a observação cuidadosa do indivíduo, é o principal instrumento para o diagnóstico. A entrevista psicopatológica consiste no conjunto da anamnese, exame físico geral e exame psíquico. Anamnese • Histórico de sinais e sintomas que o indivíduo apresentou ao longo da vida • Antecedentes pessoais e familiares • História psicossocial Anamnese subjetiva • Realizada com o próprio paciente • É totalmente dependente do estado em que ele se encontra durante a consulta • Pacientes que não estão em seu juízo perfeito tornam os questionamentos difíceis Anamnese objetiva • Realizada com alguém próximo ao paciente, seja amigo ou familiar • É de suma importância, especialmente no caso de pacientes que não estão lúcidos. Exame físico • Pode ser um excelente instrumento de aproximação afetiva • O médico deve saber lidar com possíveis aspectos paranoides • Nunca esquecer da importância de uma avaliação neurológica o Anamnese + exame neurológico objetivo o Identificação de possível lesão ou disfunção orgânica Exame psíquico O exame psíquico ou exame do estado mental atual (EEM) é o método utilizado pelo profissional da saúde para avaliar as funções mentais do paciente. Inicia-se com minúcia desde o primeiro contato com o paciente até a fase final da entrevista, quando são realizadas outras perguntas. Etapas • Apresentação o Aspecto geral: higiene, trajes, postura, mímica o Comunicação não verbal • Atitude / Contato • Consciência • Atenção • Orientação • Memória • Sensopercepção • Pensamento o Curso o Forma o Conteúdo • Linguagem • Inteligência Geovana Sanches, TXXIV • Humor / Afeto • Volição • Psicomotricidade • Juízo crítico / Insight As três regras de ouro da entrevista em saúde mental 1. Pacientes organizados (mentalmente), com inteligência normal, com escolaridade boa ou razoável, fora de um "estado psicótico" devem ser entrevistados de forma mais aberta, permitindo que falem e se expressem de maneira mais fluente e espontânea. O entrevistador fala pouco, fazendo algumas pontuações para que o indivíduo "conte a sua história" 2. Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em estado psicótico ou paranóide, "travados" por alto nível de ansiedade, devem ser entrevistados de forma mais estruturada. Nesse caso, o entrevistador fala mais, faz perguntas mais simples e dirigidas. 3. Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranóides, deve-se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, estado civil, nome dos familiares etc.) para gradativamente começar perguntas mais específicas da psiquiatria. ATITUDE / CONTATO • Maneira que o indivíduo se apresenta diante do examinador • Negativismo o Ativo: quando se pede algo ao paciente e ele faz o oposto o Passivo: quando se pede algo ao paciente e ele simplesmente não o faz CONSCIÊNCIA • Estado de ciência que o indivíduo tem em relação a si próprio e ao meio • A alteração da consciência é, na maioria das vezes, causada por alterações orgânicas • Níveis o Vigil o Obnubilação o Sonolência o Torpor o Coma ATENÇÃO • Função psíquica que orienta a atividade mental • Atenção difusa ao ambiente (vigilância) o Hipervigilância o Hipovigilência • Foco em algo específico (tenacidade) o Hipertenacidade o Hipotenacidade • Estado normal de atenção (euprossexia) o Hipoprossexia: diminuição global da atenção o Hiperprossexia: atenção exacerbada ORIENTAÇÃO • Capacidade do indivíduo de se localizar no tempo e no espaço e de compreender a situação em que ele se encontra • Tipos o Autopsíquica: identificação pessoal o Alopsíquica: orientação temporal e espacial MEMÓRIA • Função mental que permite: o Fixar (capacidade de gravar fatos) o Conservar (guardar a informação) o Evocar (trazer a consciência) o Reconhecer (detectar algo que já foi fixado) • Durante o exame, devem ser avaliadas: o Memória imediata § Dura segundos a minutos § Avaliação: solicitamos que o paciente memorize 3 palavras e a questionamos alguns minutos depois o Memória recente / curto prazo § Dura de horas a dias § Questionar aspectos que ocorreram ao longo do dia do paciente ou nos dias anteriores o Memória remota / de longo prazo § Avaliado ao questionarmos antecedentes pessoais; se o paciente souber nos contá- los de forma cronológica, a memória de longo prazo está preservada Geovana Sanches, TXXIV SENSOPERCEPÇÃO • Função mental na qual o paciente percebe e sente subjetivamente a realidade objetiva Fases • Evento sensorial • Captação do evento pelos órgãos do sentido • Percepção com significado do evento Alterações • Ilusão: captação de um evento real por algum órgão do sentido, porém com interpretação que não condiz com a realidade • Alucinação: percepção de um evento que não foi captado por nenhum órgão do sentido o Pode ser visual, tátil, olfativa, gustativa, sensibilidade visceral e propriocepção o Pacientes psicóticos apresentam principalmente alucinações auditivas • Desrealização: o ambiente parece estranho e irreal, como um filme • Despersonalização: sensação de estranheza, como se o corpo ou parte dele não lhe pertencesse ou fosse irreal PENSAMENTO • Utiliza de outras funções psíquicas para compreender os estímulos apresentados ao ser humano • Durante a anamnese, avaliam-se a forma, o curso e o conteúdo do pensamento através do discurso do paciente Curso (ou fluxo) • Ritmo em que o pensamento é expresso • Velocidade do pensamento o Bradipsiquismo: pensamento lentificado o Taquipsiquiesmo: pensamento acelerado • Fuga de ideais: o pensamento se apresenta em velocidade máxima, com mudança de objetivo constante sem conclusão o Pode ser uma alteração na forma Forma • Maneira com que o pensamento é anunciado • Capacidade de manter uma coerência no discurso Alterações • Prolixidade o discurso detalhista e repetitivo o fala confusa que não chega a nenhuma conclusão • Perseverança o discurso sempre com o mesmo conteúdo o fala que sempre volta ao mesmo assunto • Arborização o Perda da direcionalidade o Indivíduo fala de diversos assuntos sem concluir nenhum deles • Dissociação o Pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem-organizada • Frouxidão associativa ou desagregação o Perda total da coerência do pensamento o Indivíduo fala “nada com nada” Conteúdo • Avalia-se o objetivo do pensamento do paciente • Corresponde a temática do que é falado • Necessária a diferenciação entre delírio primárioe secundário (ideias deliroides) • Delírio: ideia falsa incapaz de sofrer influência de terceiros, que o paciente tem convicção plena de sua veracidade e possui conteúdo impossível, não podendo ser explicado logicamente. • Principais alterações de conteúdo o Delírios persecutórios o Delírios depreciativos o Delírios religiosos o Delírios sexuais o Delírios de poder o Delírios de riqueza o Delírios de prestígio ou grandeza o Delírios de ruína ou culpa Definição de Delírio • Impossível • Irredutível, Ininfluenciável, Indemovível • Incompreensível HUMOR • Estado afetivo basal do paciente o Experiência individualizada Geovana Sanches, TXXIV • Emoção difusa e prolongada • Determina a forma subjetiva que o paciente percebe o mundo VOLIÇÃO • Energia vital do paciente; propulsão para seguir a vida • Determinada pela vontade que o paciente tem de alcançar algum objetivo determinado e consciente o Plano de vida o Impulsos o Desejos o Sonhos o Objetivos mais imediatos • Hipobulimia: diminuição da volição • Abulia: ausência completa de volição o ≠ Anedonia (perda do prazer em realizar coisas que antes eram prazerosas) PSICOMOTRICIDADE • Modo com que o paciente se movimenta • Derivativa direta da volição o Quando esta está diminuída, muito provavelmente o paciente se apresentará com lentificação da psicomotricidade • Alterações o Inquietação o Estereotipias motoras o Tremores o Movimentos coreicos o Alterações na marcha JUÍZO CRÍTICO • Consciência da doença; juízo sobre o próprio estado mórbido; inshigt • Grau de compreensão que o paciente tem sobre a doença que está enfrentando • Devemos observar se o paciente tem conhecimento de que possui uma doença, se compreende os efeitos da doença sob seu organismo e a atitude que toma em relação a sua enfermidade
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