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PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 1 Hérnias da parede abdominal REFERÊNCIAS: • Propedêutica Cirurgica – 2ª Edição – USP. Cap. 12 • Sabiston Tratado de Cirurgia 20ª Edição. Cap. 44 INTRODUÇÃO • Hérnia: ruptura (latim). • Definição: protusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito em suas paredes circundantes. Ocorrem apenas em locais onde a aponeurose e fáscia não são cobertas por músculo estriado. • Seus principais locais de ocorrência na parede abdominal são em região epigástrica, umbilical, inguinal e femoral FATORES DE RISCO Predisponentes: • História prévia de hernia ou de herniorrafia • Idade • Sexo masculino • Caucasiano • Tabagismo • História familiar • Doenças do tecido colágeno • Uso crônico de corticoides Desencadeantes: • Tosse crônica • Constipação crônica • Ferimento abdominal • Prostatismo • Ascite • Gravidez • Obesidade CONCEITOS • Colo ou orifício: localizado na camada musculoaponeurótica. • Saco herniário: constituído pelo peritônio; faz protusão pelo colo; branco nacarado. • Hérnia Externa: protusão por todas as camadas da parede abdominal. • Hernia Interna: protusão do intestino por um defeito na cavidade peritoneal. CLASSIFICAÇÃO DAS HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL CLASSIFICAÇÃO: POR ETIOLOGIA • Hérnias congênitas • Hérnias adquiridas o Primárias o Secundárias PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 2 CLASSIFICAÇÃO: COM RELAÇÃO À REDUÇÃO Essa classificação se refere à sua capacidade de serem reduzidas, ou seja, de terem seu conteúdo retornado à posição original. • Redutível • Irredutível o Cronicamente habitada = hérnia encarcerada cronificada o Encarcerada= não há retorno, e não há sofrimento vascular (dor, hiperemia e sinais flogísticos) o Estrangulada= não há retorno e há sofrimento vascular. Necessita de indicação cirúrgica de emergência HÉRNIA ENCARCERADA Ocorre quando uma víscera de dentro do abdome passa através do orifício da hérnia e não retorna para a cavidade abdominal, causando dor, porém sem alterações na irrigação sanguínea do órgão. HÉRNIA ESTRANGULADA Ocorre quando uma víscera de dentro do abdome passa através do orifício da hérnia e não retorna para a cavidade abdominal, causando dor , porém com alterações na irrigação sangüínea do órgão. o Complicação mais grave; o Mais comum nos extremos de idade; o Maioria são INDIRETAS; o Maior taxa de estrangulamento ocorre nas FEMORAIS (15 a 20 %): reparar no momento do Diagnóstico. HÉRNIAS INGUINOFEMURAIS Introdução / Epidemiologia • 20 milhões de pacientes operados por ano • Estima-se que 5 a 10% possua hérnia inguinal • Hérnia Inguinal é mais comuns em homens do que em mulheres (8:1) • A chance de vir a ter hérnia inguinal ao longo da vida é de 27 a 43% em homens e 3 a 6% em mulheres. • Hérnia inguinal (96%) é mais comum do que hérnia femoral (4%) • Hérnia femoral é mais comum em mulheres (4:1) PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 3 Incidência: o Inguinais: 75% das hérnias da parede abdominal. o Homens são 25 vezes + propensos que mulheres. o Hérnia inguinal indireta é a mais comum em ambos os sexos (2/3). o Hérnias femorais – 10 M x 1 H. o Hérnias umbilicais – 2 M x 1 H. o Hérnias incisionais – 2 M x 1 H. o Obs.: Tanto as hérnias inguinais indiretas quanto as femorais ocorrem mais comumente no lado direito. - Inguinal : maior demora na atrofia do processo vaginal (pela descida mais lenta do testículo direito). - Femoral efeito tamponante do sigmóide a esquerda. Classificação de Nyhys Tipo 1- Hérnia inguinal indireta com anel inguinal profundo normal (até 2cm) Tipo 2- Hérnia inguinal indireta com anel inguinal interno alargado/dilatado, porém com a parede posterior preservada Tipo 3 3A- Defeito na parede posterior → Hérnia direta 3B- Hérnia Inguinal mista (direta + indireta): Hérnia indireta com alargamento importante do anel interno e destruição da parede posterior 3C- Hérnia Femoral Tipo 4- Hérnia Recidivada: A-direta B-indireta C-femoral D-combinada HÉRNIAS INGUINAIS Conceitos anatômicos: PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 4 Canal inguinal- é um trajeto de funículo espermático em homens e do ligamento redondo do útero em mulheres. Formado por uma confluência das fáscias dos mm abdominaus, identifica-se nele um anel inguinal profundo, mais alto, e um anel inguinal superficial, mais baixo. Além disso, é irrigado pelas artérias e veias epigástricas inferiores que são mediais ao anel inguinal profundo, direcionando-se ao m. reto abdominal. Diagnóstico: Clínico • Abaulamento na região inguinal que pode estar associado a dor leve ou desconforto vago; • Exame Físico na posição supina e ortostática → pode ser facilitado pela Manobra de Valsalva; Quanto as hérnias inguinais, pode-se lançar mão da manobra de Landivar, que consiste em obstruir o anel interno por cima da pele e solicitar para que o paciente realize a manobra de Valsalva, utilizada com o intuito de auxiliar a avaliação da hérnia, gerando aumento da pressão intra- abdominal. Se houver abaulamento trata- -se de hérnia direta, pois o orifício de saída do saco herniário indireto (anel interno) está obstruído • Direta X Indireta* *HÉRNIA DIRETA E INDIRETA a) Direta: Caráter adquirido. Comum em adultos e idosos, é medial aos vasos epigástricos inferiores. Ocorre por fraqueza da parede posterior do canal inguinal, ocorrendo protusão de conteúdo abdominal de modo direto. No exame físico, a hérnia toca o lado do dedo do examinador. b) Indireta: Caráter congênito. Comum em crianças e jovens, é lateral aos vasos epigástricos inferiores. Ocorre por persistência do conduto peritônio vaginal que permite um conteúdo visceral ocupe o canal inguinal, ocorrendo a protusão através dele. Ao exame físico, a hérnia toca a ponta do dedo do examinador. Exames de Imagens: Ultrassonografia ou Tomografia: alto grau de sensibilidade e especificidade para detecção de hérnias inguinais diretas, indiretas ou femorais ocultas; Diagnóstico diferencial das massas inguinais: hérnia inguinal; hérnia femoral; hidrocele; adenite inguinal; varicocele; testículo ectópico; lipoma; torção testicular; entre outros; PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 5 REPARO CIRURGICO HÉRNIA UMBILICAL • Freqüentes nas crianças (congênitas) – fechamento espontâneo ao redor dos 2 anos, na maioria dos casos. • Se persistir após os 5 anos, correção cirúrgica. • Adultos: adquiridas; estrangulamento é incomum; pode culminar em ruptura (ascite crônica); • Reparo: defeitos pequenos - fechamento primário. Mas se o colo for maior que 3cm, colocar tela. • Grandes defeitos podem ser reparados por via laparoscópica com colocação de tela (reduz recorrência e complicações). HÉRNIAS INCISIONAIS A história de cirurgias prévias deve sempre ser pesquisada na anamnese e as cicatrizes observadas ao exame físico. Quando há fraqueza da parede nos locais de incisões, um abaulamento pode surgir e denunciar a presença de uma hérnia. A queixa geralmente é de desconforto local. o Se localizam entre o processo xifóide e o umbigo geralmente 5 a 6 cm acima do umbigo); o 2 a 3 vezes mais comuns em Homens; o Defeitos geralmente pequenos com dor desproporcional ao tamanho > encarceramento de gordura pré-peritoneal; o São múltiplas em até 20% dos pacientes; o Reparo: fechamento primário na maioria dos casos. o Podem ser as mais difíceis de tratar; o Etiologia: cicatrização inadequada devido a fatores como excesso de tensão no fechamento, infecção de sítio cirúrgico, DM, corticóides e DPOC entre outros; o Ocorrência relatada em laparotomias de até 10%; PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 6 oReparo 1º - defeito < 4 cm de diâmetro e tecidos vizinhos viáveis; o Reparo com tela (>4cm). o Técnica de Stoppa: colocação de tela de grandes dimensões, pré-peritoneal (retromuscular cobrindo a bainha posterior dos retos ou o peritônio); a tela deve se estender 5 a 6 cm além do defeito; o Recorrência de 10 a 50% (< com tela); ANOTAÇÕES Hérnia inguinal é a mais comum, inclusive em homens. Do tipo estrangulada – edemaciada, não chega sangue Encarceramento – dá nos extremos da idade (criança e idoso) As femorais são as que mais estrangulam. Quando diagnosticada, devem ser prontamente operadas. Tosses crônicas. Ex: DPOC A cada 3 dias é constipado. Prostatismo – por isso deve-se saber o hábito urinária Aumento da pressão abdominal pode causar uma hérnia, como ascite, gravidez e obesidade Acima do ligamento inguinal (Pulpar), hernia inguinal, se for abaixo é femoral. Sigmoide tem efeito protetor esquerdo, por isso é mais comum do lado direito Importante saber – triangulo de Hesselbach (onde acontece a hérnia direta (medial ao cordão, não desce, se não acontece aí é indireta) PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 7 Desce o cordão e vai até o testículo – indireta, (frequente em criança prematura desce por o ultimo o testículo direito, que é onde ocorre, geralmente e tem que diferenciar de hidrocele) *planos e eixos Adenite- inflamação do linfonodo Técnica Lichtenstein: MAIS USADA! Colocamento de tela de polipropileno. Caso a pessoa tenha rejeição, usará técnicas tradicionais Após o colocamento da tela acumula-se água – seroma Hernia inguinal, femoral e umbilical são as mais importantes. Em pé- valsava Femoral – mais frequente em mulheres Técnicas e nomes das hérnias – não cobra Hernia paraestomal Diferencie hernia de uma diástase, não tem hérnia, é só um espaço entre os músculos. PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 8 Hérnias femorais Uma hérnia femoral ocorre pelo canal femoral, que é limitado superiormente pelo trato iliopúbico, inferiormente pelo ligamento de Cooper, lateralmente pela veia femoral e medialmente pela junção do trato iliopúbico e do ligamento de Cooper (ligamento lacunar). Uma hérnia femoral produz uma tumoração ou protuberância abaixo do ligamento inguinal. Às vezes, algumas hérnias femorais se apresentarão sobre o canal inguinal. Nessa situação, o saco herniário femoral ainda existe inferiormente ao ligamento inguinal através do canal femoral, mas ascende em uma direção cefálica. Aproximadamente 50% dos homens com uma hérnia femoral terão uma hérnia inguinal direta associada, enquanto essa relação ocorre em apenas 2% das mulheres. Uma hérnia femoral pode ser tratada usando‑se o reparo do ligamento de Cooper, uma abordagem pré‑peritoneal, ou uma abordagem laparoscópica. Os elementos essenciais do reparo da hérnia femoral incluem dissecção e a redução do saco herniário e obliteração do defeito no canal femoral, ou por aproximação do trato iliopúbico ao ligamento de Cooper ou por colocação de uma prótese de tela para obliterar o defeito. A incidência de estrangulamento nas hérnias femorais é alta; portanto, todas as hérnias femorais devem ser reparadas, e as hérnias femorais encarceradas devem ter os conteúdos do saco herniário examinados quanto à viabilidade. Em pacientes com comprometimento intestinal, a abordagem do ligamento de Cooper é a técnica preferida porque a tela está contraindicada. Quando os conteúdos encarcerados de uma hérnia femoral não podem ser reduzidos, a secção do ligamento lacunar é mandatória. PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA – Prof.: Wagner Morandini – 03/03/23 9 As hérnias femorais associadas às inguinais ocorrem em 0,3% dos pacientes conforme foi assinalado por um banco de dados sobre hérnias de quase 35.000 pacientes. 24 A ocorrência de uma hérnia femoral após reparo de hérnia inguinal foi relatada ser 15 vezes maior do que a taxa normal esperada. Não está claro se isso representa uma hérnia femoral negligenciada à operação prévia ou uma propensão a desenvolver uma nova hérnia após reparo de hérnia inguinal. A recidiva da hérnia femoral após a operação é de apenas 2%. Reparos de hérnia femoral recorrente apresentam uma taxa de recorrência de cerca de 10%.
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