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Gastrosquise e Onfalocele Os defeitos congênitos da parede abdominal mais graves e complexos são: a onfalocele, a gastrosquise, a extrofia de bexiga, a extrofia de cloaca e a body stalk anomaly. ONFALOCELE É um defeito da linha média da parede abdominal. - É coberto por saco membranoso translúcido, que possui 3 camadas (líquido amniótico, geléia de Wharton e peritônio). - Os vasos do cordão umbilical se inserem no ápice do saco, que normalmente contém conteúdo abdominal herniado. - São tão grandes, que podem conter até mesmo o fígado. - Podem ser mesogástricas, hipogástricas ou epigástricas. FISIOPATOLOGIA ➢ Defeito é causado durante a embriogênese. ➢ Durante a sexta semana do desenvolvimento a cavidade abdominal torna-se temporariamente muito pequena para acomodar todos os órgãos abdominais em formação. Depois, os órgãos recuam e há fechamento da parede abdominal. Por algum motivo, não ocorre esse fechamento. ➢ A partir de 12 semanas de gestação, a parede deve estar fechada (visto no USG). ➢ O fígado nunca está presente na herniação fisiológica do intestino médio. EPIDEMIOLOGIA ONFALOCELE ➢ Mais prevalente em negros do que brancos ➢ Associação com obesidade materna ➢ Associada com maior idade materna DIAGNÓSTICO ➢ Feito no USG fetal a partir de 12a semanas pela detecção da presença de alças intestinais e parte do fígado Gastrosquise e Onfalocele em posição extra-abdominal, recobertos por uma membrana, onde se insere o cordão umbilical. ANOMALIAS ASSOCIADAS Anomalias associadas estão presentes em cerca de 50% dos casos de onfalocele. ➢ Anomalias cromossômicas: trissomias 13, 15, 18, 21, e 45X ➢ Anomalias intestinais ➢ Anomalias cardíacas (Ex. defeito no septo, tetralogia de Fallot) ➢ Anomalias geniturinárias (Ex. agenesia renal) ➢ Defeitos do tubo neural ➢ Defeitos diafragmáticos ➢ Polidrâmnio VIA DE PARTO - A via de parto de fetos com onfalocele deve ser decidida por questões obstétricas ou materno-fetais. Geralmente onfaloceles grandes ou gigantes demandam o parto cesariano pelo risco de ruptura da membrana amniótica e/ou de lesão hepática. - O parto vaginal ficaria reservado para casos de onfaloceles pequenas. COMPLICAÇÕES ➢ Fígado e baço herniados: mau prognóstico ➢ Mortalidade de até 100% de acordo com a anomalia associada ➢ Morbidade maior nas gigantes ➢ Inerentes ao tratamento: sepse- defeitos grandes ➢ Hipoplasia pulmonar ➢ Síndrome compartimental: IRA, isquemia CONDUTA - Existem várias opções de fechamento: - Manejo cirúrgico/conservador: tamanho - Curativo com substância esclerosantes - Fechamento escalonado - Fechamento primário - A conduta cirúrgica é definida conforme cada caso em particular e depende do tamanho da onfalocele, da idade gestacional, do quadro clínico (se há ou não insuficiência respiratória), da presença ou não de anomalias ou síndromes associadas e da infraestrutura hospitalar. Reparo Primário: é indicado para onfaloceles pequenas ou médias e as hérnias do cordão umbilical. Reparo estadiado com saco amniótico: empregada quando a Gastrosquise e Onfalocele perda do domínio da cavidade peritoneal impede o reparo primário de imediato. Reparo estadiado com prótese: se refere ao fechamento em etapas, e, na primeira intervenção, a membrana que recobre a onfalocele é removida, e uma tela é suturada na aponeurose da parede abdominal anterior para conter as vísceras exteriorizadas. Na UTI neonatal, a cada dois dias, o conteúdo do silo é comprimido para que haja uma redução gradual da onfalocele, até que se possa em uma ou duas semanas, no 2o ato cirúrgico, realizar o fechamento da parede abdominal. Tratamento Conservador: Essa conduta não operatória tem sido empregada com êxito em recém-nascidos com quadro de maior gravidade: onfaloceles grande ou gigante, com fígado exteriorizado. Baseia-se no uso de um agente escarificante, como o creme de sulfadiazina de prata a 1%, que é aplicado diariamente na membrana intacta que recobre a onfalocele, a partir do 2o ou 3o dia de vida. Desse modo, haverá um processo de ressecamento e de epitelização progressiva da onfalocele. Após o processo de cicatrização completo, haverá a formação de uma hérnia ventral no abdome, que será reparada na idade de 1 a 5 anos. Gastrosquise e Onfalocele GASTROSQUISE - A gastrosquise consiste em um defeito congênito da parede abdominal, geralmente à direita do cordão umbilical, por onde se exteriorizam alças intestinais, estômago, bexiga, ovários ou testículos crípticos. - O contato direto das vísceras com o líquido amniótico durante a gestação acarreta inflamação nas alças intestinais (serosite), que se mostram espessadas, edemaciadas, encurtadas e dilatadas, o que provoca dismotilidade e íleo paralítico prolongado pós-natal. - A etiologia da gastrosquise ainda não é clara. ❖ Gastrosquise Complexa: é associada com a presença de atresia, estenose, isquemia, necrose ou perfuração intestinal. ❖ Gastrosquise Simples: tem prognóstico melhor, com menor morbimortalidade. EPIDEMIOLOGIA Gastrosquise e Onfalocele - Ocorre em cerca de 1:4.000 nascidos vivos - A prematuridade ocorre em cerca de 28% e a atresia intestinal ocorre em 6,9 a 28% dos casos. - Geralmente os recém-nascidos com gastrosquise são filhos de mães jovens, com menos de 21 anos. DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL - Geralmente há elevação dos níveis da alfafetoproteína sérica materna, mais frequentemente do que ocorre com a onfalocele. - Somente após a 13a semana é possível identificar essa anomalia. - Geralmente por volta da 20a semana de gestação confirma-se então o diagnóstico da gastrosquise pela ultrassonografia (USG), que pode detectar as alças intestinais fora da cavidade abdominal fetal, que flutuam em contato direto com o líquido amniótico, sem presença de membrana que recubra o conteúdo herniado. COMPLICAÇÕES - Espessamento inflamatório (serosite) da parede intestinal causado pela exposição prolongada dos intestinos ao líquido amniótico durante a vida intrauterina ANOMALIAS ASSOCIADAS - Cromossomopatia - Artrogripose - Cardiopatias congênitas - Criptorquidia PARTO GASTROSQUISE - Não há problema em se realizar parto normal, desde que ele seja assistido CONDUTA - O tratamento da gastrosquise consiste na correção da evisceração congênita, com o objetivo de restabelecer a integridade da parede abdominal, Reparo Primário: - O reparo primário é indicado em casos de gastrosquise simples, com pequeno grau de serosite. - Se a cavidade abdominal for adequada para acomodar todo o conteúdo eviscerado, o que ocorre em cerca de 60% dos casos, a operação consiste na introdução das vísceras no interior da cavidade peritoneal, seguida da laparorrafia. Reparo Estadiado: - Se a cavidade abdominal for pequena para acomodar as vísceras expostas, o que ocorre em cerca de 40% dos casos de gastrosquise, não será possível nem recomendável realizar o reparo primário dessa afecção, tendo em vista o risco da grave síndrome de compartimento. Gastrosquise e Onfalocele Em uma primeira intervenção, é confeccionado um silo extra-abdominal, para a contenção e proteção das alças exteriorizadas, no primeiro dia de vida do recém-nascido. Isso conterá as vísceras extra-abdominais, de modo temporário (cerca de sete dias) – a depender do aspecto das alças intestinais e do quadro clínico do recém-nascido. Síndrome do Compartimento Abdominal Pode surgir após o fechamento primário ou estadiado pelo aumento da pressão intra abdominal. ❖ Sinais e sintomas clínicos: → taquicardia, taquipneia, queda da saturação, cianose de extremidades, diminuição da perfusão tecidual, oligúria, diminuição dos pulsos em membros inferiores (inicialmente), distensão abdominal, sinais de irritação peritoneal e acidose metabólica persistente.
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