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Neoplasias de pulmão Anatomia e histologia pulmonar O pulmão direito é maior e composto por três lobos, enquanto o pulmão esquerdo é menor e composto por dois lobos. Os brônquios principais direito e esquerdo, se ramificam em brônquios lobares, que se ramificam em brônquios segmentares. A partir dos brônquios segmentares surgem novas ramificações, os bronquíolos terminais, cujas parede são constituídas de musculo liso e com ausência de cartilagem. Os bronquíolos terminais se ramificam em bronquíolos respiratórios, com associação de alvéolos em suas paredes e, por fim, surgem os sacos alveolares e alvéolos. Na imagem abaixo é possível observar o epitélio do trato respiratório, marcado pela progressão do epitélio colunar pseudoestratificado ciliado nas grandes vias aéreas (brônquios), para um epitélio mais cúbico nas pequenas vias aéreas (bronquíolos), com ausência de glândulas e cartilagem, para células epiteliais do tipo escamosa (pneumócitos do tipo I) nos alvéolos, com ausência de camada muscular lisa. Além disso, é possível observar a fina camada do alvéolo, essencial para a realização das trocas gasosas. Carcinomas de pulmão Cerca de 95% dos tumores primários de pulmão são carcinomas, que são subdivididos em quatro principais tipos histológicos: − Adenocarcinoma (cerca de 40%); − Carcinoma de células escamosas (cerca de 30%); − Carcinoma de pequenas células (20- 25%); − Carcinoma de grandes células (cerca de 10%). No que se refere a epidemiologia, é importante ressaltar que a causa mais comum de morte por câncer é o câncer de pulmão. Esse tipo de neoplasia ocorre com mais frequência na faixa etária dos 50 aos 70 anos e possui grande relação com tabagismo. Os diagnósticos geralmente são realizados em estágios avançados e mais de 50% dos pacientes já apresentam metástases distantes, tendo em vista que a doença é silenciosa nos estágios iniciais, o que corrobora com o péssimo prognóstico e pequena taxa de sobrevida (cerca de 5 anos). Fatores de risco → tabaco, exposição ambiental e ocupacional a agentes carcinógenos, doenças pulmonares preexistentes (DPOC, fibrose pulmonar idiopática) e susceptibilidade genética. Os sinais e sintomas das neoplasias de pulmão surgem no estádio avançado da doença — localmente avançada ou metastática — incluindo uma variedade de sintomas como: − Dispneia; − Tosse; − Dor torácica; − Rouquidão/perda de voz (compressão do nervo laríngeo em caso de tumores em ápice pulmonar); − Hemoptise; − Perda de peso; − Dor abdominal (metástases); − Fadiga; − Perda de apetite; − Febre baixa. É importante destacar que esses sintomas podem ser causados pelo tumor primário, por doença locoregional, metástase ou secreção hormonal ectópica (síndrome para neoplásica). Os adenocarcinomas e os carcinomas de pequenas células geralmente são periféricos e, por isso, o paciente pode cursar com efusão pleural e dor pleurítica pelo acometimento da pleura parietal. Já as neoplasias centrais podem provocar atelectasia segmentar persistente e pneumonia. A investigação da neoplasia de pulmão após suspeita baseada na clínica do paciente e/ou radiografia de tórax anormal, deve ser feita a partir de exames complementares e levando em consideração a localização da anormalidade encontrada para auxiliar na escolha do melhor exame. Assim, em caso de anormalidade encontrada em porção central, pode utilizar citologia do escarro e broncoscopia, enquanto em caso de anormalidade em localização periférica, deve-se realizar biópsia por agulha transtorácica ou toracoscopia. A citologia do escarro é um método barato e acessível para o diagnóstico de neoplasias centrais de pulmão, como a neoplasia de células escamosas. Nesse exame, quando positivo, é possível observar atipias celulares presentes no escarro do paciente. Em caso de resultado negativo, se existir clínica sugestiva, deve-se continuar a investigação, ao passo que existe uma chance de 40% de falso negativo, entretanto, em caso de resultado positivo, existe uma chance de apenas 1% do paciente não possuir a neoplasia. Adenocarcinoma É o tumor primário pulmonar mais comum em mulheres, não tabagistas e em indivíduos com menos de 45 anos. Fisiopatologia → Após dano ao pulmão, por exemplo, após exposição excessiva ao tabaco, as células multipotentes localizadas na junção do ducto bronquioalveolar, denominadas de células-tronco bronquioalveolares (BASCs) começam a se proliferar, visando renovar os tipos celulares normais e regenerar o epitélio. No entanto, pode ocorrer uma mutação somática do KRAS que permite que essas células escapem dos pontos de verificação, resultando em adenocarcinomas pulmonares. Características: − Localização normalmente periférica; − Crescimento lento e normalmente formam massas menores do que os outros subtipos; − Metástases em estágio inicial; − Tecido neoplásico mimetiza estruturas glandulares; − Na macroscopia é possível observar nódulos ou massas esbranquiçadas, bem delimitadas, não encapsuladas e firmes. − O suposto precursor responsável pela origem do adenocarcinoma é a hiperplasia adenomatosa atípica (HAA), considera-se que ela progride gradualmente para o adenocarcinoma in situ, seguido do adenocarcinoma minimamente invasivo (<3 cm de diâmetro com componente invasivo <5 mm), para então se tornar o adenocarcinoma invasivo (um tumor de qualquer tamanho com área de invasão >5mm). Na imagem abaixo é possível observar a microscopia de um adenocarcinoma pulmonar. Carcinoma de células escamosas Fisiopatologia → a fisiopatologia do carcinoma das células escamosas possui uma correlação linear com a exposição ao tabaco. Assim, em resposta a essa exposição, ocorre uma hiperplasia das células basais, que evolui para metaplasia ou displasia escamosa do epitélio brônquico, a qual se transforma em carcinoma in situ, podendo evoluir para carcinoma invasivo. Características: − Mais frequente em homens; − Localização central, acometendo frequentemente brônquios principais ou lobares; − Maior associação com tabagismo; − Na macroscopia é possível observar nódulos ou massas esbranquiçadas, macias ou friáveis, bem delimitadas, que podem apresentar necrose ou cavitação central. − Na microscopia é possível observar células escamosas pleomórficas e atípicas, com formação de perolas córneas (queratinização). Carcinoma de pequenas células Características: − Alta correlação com tabagismo; − Mais frequente em homens; − Faixa etária em torno de 60 anos; − Localização geralmente central, peribronquica, com compressão da luz e com infiltração da submucosa brônquica; − Neoplasia derivada de células com diferenciação neuroendócrina; − Comportamento agressivo, com metástases em estágio inicial, extenso crescimento local e intratorácico e disseminação subepitelial; − Frequentemente relacionado com síndrome paraneoplásica — sinais e sintomas associados ao câncer que não se relacionam aos efeitos físicos do tumor. − Na macroscopia, é possível observar nódulos esbranquiçados e friáveis, com frequente necrose e comprometimento nodal e raramente com cavitação. − Na microscopia as células formam blocos ou cordoes, semelhantes a rosetas. Além disso, é possível observar células descoesas, pequenas, redondas ou ovais e com citoplasma escasso. − Péssimo prognóstico, sobrevida média de 12 meses. Carcinoma de grandes células Características: − Etiologia → tabagismo; − Formam grandes massas periféricas, pode apresentar cavitação e raramente necrose; − São denominados carcinomas indiferenciados, tendo em vista que não possuem características morfológicas e/ou imunoistoquímicaspara adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas ou carcinomas neuroendócrinos; − Na microscopia, é possível observar ninhos ou cordoes, com células grandes, poligonais, com citoplasma abundante e nucléolos proeminentes, além de pleomorfismo nuclear e atividade mitótica elevada;
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