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EXAME FÍSICO: - INSPEÇÃO = Inicialmente, a paciente deve estar sentada na mesa de exame, com braços rentes ao tórax, vestida apenas com um avental aberto na frente e recebendo luz em incidência oblíqua. Usam-se a inspeção e a palpação, um método completando o outro. A inspeção pode ser estática ou dinâmica. A estática tem por objetivo analisar a simetria, o trofismo, as dimensões e a forma das mamas, das papilas e das aréolas e se há alterações da superfície representadas por depressões, abaulamentos, retrações da superfície mamária ou da papila. O examinador deve movimentar-se diante da paciente, buscando incidências variáveis da iluminação a fim de perceber melhor eventuais alterações. A inspeção dinâmica é realizada por meio de duas manobras: levantamento dos braços para aumentar a tensão dos ligamentos suspensores e contração dos músculos peitorais. Essas manobras revelam ou acentuam retrações, abaulamentos, tumores, alterações papilares e areolares. Tais alterações ocorrem, em geral, nos tumores malignos avançados da mama, sendo menos frequentes nos benignos. - PALPAÇÃO: A palpação deve ser iniciada pela mama supostamente normal. Cada mama deve ser palpada com a mão oposta, devendo o examinador pousar a outra mão sobre o ombro oposto da paciente, ou seja, com a mão direita palpa-se a mama esquerda e com a esquerda palpa-se a direita. Inicia-se a palpação de forma global, tomando-se a mama à altura da papila com a mão espalmada, procurando conter toda a glândula na palma da mão. À palpação global da mama é possível evidenciar tumores de maior diâmetro. Em seguida, executa-se a palpação por quadrantes. O exame, então, é feito com a face palmar dos dedos juntos, que percorrem quadrante por quadrante. Concluída esta etapa, passa-se à palpação digital, realizando a manobra de Bloodgood, habitualmente chamada “manobra de tocar piano sobre a mama”. Essas manobras podem ser feitas por quadrante, como foi assinalado, ou também de maneira “radiada”, isto é, partindo da papila mamária no sentido das regiões periféricas. Por meio delas, o examinador pode perceber tumores de menor diâmetro. Pode também analisar com mais precisão as características das mamas (superfície, consistência) e se há ou não dor, relacionada com a própria palpação. Tais procedimentos, se bem executados, podem revelar tumores de até 3 mm de diâmetro, desde que as mamas não sejam muito volumosas. Terminada a palpação de um lado, executam-se as mesmas manobras do outro lado, ainda com a paciente sentada. Em seguida palpam-se os grupos de linfonodos, dos quais a rede linfática das mamas é tributária. Para isso, toma-se o braço da paciente com a mão homóloga do examinador – mão direita do examinador/braço direito da paciente –, que é mantido em posição horizontal e apoiado sobre o braço do examinador, de modo a deixar livre o acesso ao oco axilar. Palpa-se a axila com a mão oposta, aprofundando-a tanto quanto possível à procura de linfonodos eventualmente aumentados. Procede-se da mesma maneira no outro lado. Em seguida, examinam-se as regiões infraclaviculares, as fossas supraclaviculares e as regiões laterais do pescoço. Terminado o exame com a paciente sentada, passa-se à palpação das mamas com ela deitada. A paciente deve adotar o decúbito dorsal com as mãos cruzadas atrás da nuca, estando as mamas descobertas. O examinador posiciona-se atrás da sua cabeça, palpando cada mama com a mão homóloga ao lado que examina. Devido ao achatamento da mama sobre o gradil costal, nesta posição evidenciam-se melhor os tumores pequenos ou de localização profunda. Completa-se o exame mais com a expressão das papilas mamárias, que deve ser realizada com os dedos e por quadrante, procurando localizar pelo tato o ducto do qual se obteve secreção. O aspecto da secreção varia de citrino claro ao francamente sanguinolento. Esfregaços feitos com este material podem fornecer informações preciosas para o diagnóstico de diversas enfermidades. - ESQUEMATIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DAS MAMAS: - Pele: Observa-se a coloração e se há ou não retrações ou edema. O aspecto de casca de laranja e a retração da pele são sinais importantes para o diagnóstico das neoplasias malignas. Os processos inflamatórios (mastite) denunciam-se na superfície do órgão por meio dos clássicos sinais flogísticos (calor, rubor, edema e dor). Na região dos mamilos devem-se procurar erosões, crostas e descamação. - Tamanho, forma e simetria: São analisados comparando-se uma mama com a outra. - Protuberâncias: Protuberâncias localizadas têm valor clínico. Quando se encontram massas (visíveis e/ou palpáveis) é necessário anotar localização, usando-se como referência a divisão em quadrantes, tamanho, forma, contorno, consistência, mobilidade e sensibilidade. - Posição dos mamilos: É analisada pela comparação de um lado com o outro, cumprindo lembrar que retração mamilar pode ser observada em mulheres normais. - Secreção: A secreção, espontânea ou provocada pela expressão da glândula mamária, merece investigação minuciosa, anotando-se as características da substância encontrada. Secreção láctea sem relação com gestação e lactação prévias é denominada galactorreia não puerperal. As principais causas são hormonais e farmacológicas. Secreção não láctea unilateral sugere doença mamária local, que pode ser benigna ou maligna. - Sensibilidade: Quanto à sensibilidade, deve-se definir em primeiro lugar se a dor é espontânea ou se só aparece quando se faz a palpação do órgão. Os processos inflamatórios costumam ser muito dolorosos. - Contextura e consistência: São características que variam com idade, número de gestações e fase do ciclo menstrual. Em condições normais, a consistência é firme e podem ser reconhecidos os lóbulos glandulares. - Alterações do parênquima mamário: Entre as alterações do parênquima mamário que podem ser identificadas à palpação destacam-se as áreas de condensação e os nódulos. - Áreas de condensação: Caracterizam-se por apresentarem consistência mais firme em relação ao parênquima mamário circunjacente. Uma das principais causas são as displasias mamárias. DOENÇAS DAS MAMAS: - Mastite aguda: É a inflamação da mama lactante (puerperal) e resulta de falhas na higiene da papila para o aleitamento ou, o que é mais frequente, da entrada de germes patogênicos, geralmente gram-positivos, através de fissuras nas papilas. O quadro clínico é caracterizado por sinais inflamatórios localizados ou em toda a mama, podendo evoluir para a formação de abscesso quando não tratada adequadamente. Fora do puerpério os processos inflamatórios são raros e, quando ocorrem, impõe-se investigação semiológica detalhada visando afastar o câncer. - Displasias: Este termo, que substitui a antiga denominação mastites crônicas, compreende uma variada gama de alterações estruturais do parênquima mamário (cisto simples e papilar, adenose, proliferação dos ductos e ácinos, ectasia ductal, fibroesclerose e outras lesões proliferativas não neoplásicas). É displásica a mama cujo parênquima é doloroso, cíclica ou constantemente, e/ou cujo relevo, à palpação, não é macio, uniforme e elástico; ao contrário, passa a ser irregular, grosseiro, simulando micro ou macronódulos ou microespículas, endurecido e tenso, agrupadas sob a denominação de condições fibrocísticas, que devem ser diferenciadas das neoplasias com dados clínicos e de imagem, complementados com a biopsia. É uma afecção muito comum, traduzindo resposta anormal da glândula mamária aos vários estímulos hormonais aos quais está submetida (esteroides e não esteroides). As alterações displásicas podem ser unilaterais e localizadas ou bilaterais e difusas. Quando localizadas devem ser sistematicamente biopsiadas, pois, muitas vezes, são indistinguíveis do carcinoma incipiente, único estágio em que o tratamento apresenta elevadas possibilidades de cura. - Neoplasias: Os fibroadenomas são tumores benignos,sólidos, de limites precisos, superfície lisa, consistência firme e elástica, independentes do parênquima e não aderentes à pele. Apresentam nitidamente a característica de benignidade que é escorregar com facilidade entre os dedos que palpam. Costumam ter desenvolvimento lento, são indolores e seu volume é pequeno (no máximo 2 ou 3 cm). Há outro tipo de fibroadenoma – denominado fibroadenoma gigante – que apresenta desenvolvimento rápido, alcançando volume que deforma a mama (Figura 16.7). Este tipo tem tendência a recidivar, comportando-se “malignamente” do ponto de vista local, porém não dá metástase. O câncer da mama é um dos mais frequentes tumores malignos e se caracteriza pela presença do nódulo ou zona endurecida de limites pouco nítidos, indolor, superfície áspera, pouco móvel (porque está incorporado ao parênquima da glândula mamária), e nos estágios mais avançados torna-se fixo à pele, podendo até ulcerá-la. Nos estágios iniciais – tumores até 1/2 cm – é indistinguível das afecções benignas já citadas, o que torna obrigatória especial atenção às pacientes que apresentam nódulos ou zonas endurecidas na mama. - Ginecomastia: É o crescimento excessivo das mamas no homem, podendo ser uni ou bilateral, espontânea ou adquirida pelo uso de estrogênios. A ginecomastia pode aparecer na insuficiência hepática, na síndrome de Klinefelter, nas neoplasias da suprarrenal e dos testículos e no uso prolongado de maconha na adolescência. Em alguns pacientes não se consegue determinar a causa.
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