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Introdução a Tecnologia dos Materiais Poliméricos PROF. MAGNO BESSA Ligações químicas As ligações químicas podem ser classificadas quanto a sua intensidade em ligações primárias (fortes) e secundárias (fracas). As ligações primárias podem ser de três tipos: iônica, covalente e metálica. As ligações secundárias são denominadas de ligações de van der Waals. Ligação Iônica Um ou mais elétrons são transferidos de um átomo eletropositivo para um outro mais eletronegativo. É o resultado da atração entre íons negativo (ânion) e positivo (cátion). Ligação Metálica Os metais têm um, dois ou no máximo três elétrons de valência. Estes elétrons não estão ligados a um único átomo, mas estão mais ou menos livres para se movimentar por todo o metal. Os elétrons que não são de valência e o núcleo formam um “caroço” eletricamente positivo que é envolvido por uma nuvem de elétrons que mantém os “caroços positivos” unidos. Ligação covalente Um ou mais elétrons são compartilhados entre dois átomos, gerando uma força de atração entre os átomos que participam da ligação. Ligação comum na maioria das moléculas orgânicas. Átomo de carbono: 4 elétrons de ligação na camada de valência. Átomo de hidrogênio: 1 elétron de ligação na camada de valência. Ligações Secundárias Van der Waals Ligação mais fraca; Ocorre entre moléculas apolares. Dipolo-Dipolo Ligação mais forte Ocorre devido a polarização dos átomos ou moléculas. Formam-se dipolos elétricos e a ligação ocorre devido a força de atração entre o dipolo positivo e o negativo. Hidrocarbonetos Muitos materiais orgânicos são hidrocarbonetos, isto é, formados exclusivamente por hidrogênio e carbono. Os hidrocarbonetos são encontrados no PETRÓLEO (principal matéria prima dos polímeros). Nestes materiais as ligações intramoleculares são covalentes. Ligação covalente simples: cada átomo contribui com um elétron. Ligações covalentes duplas e triplas: compartilhamento de dois e três pares de elétrons, respectivamente. ligação simples ligação dupla ligação tripla Etileno (C2H4) Acetileno (C2H2) Metano (CH4) POLÍMERO mero mero mero mero mero mero mero mero mero mero mero mero mero Molécula dos Polímeros São gigantescas em comparação com as moléculas dos hidrocarbonetos, por isso são freqüentemente chamadas de macromoléculas. O polímero (ou macromolécula) é constituído pela repetição de uma unidade simples, chamada de “mero”. Definição de Polímero A palavra polímero vem do grego poli (muitas) + meros (partes), e é exatamente isto, a repetição de muitas unidades (poli) de um tipo de composto químico (mero). Polimerização é o nome dado ao processo no qual as várias unidades de repetição (monômeros) reagem para gerar uma cadeia de polímero. O termo monômero é usado para se referir a uma molécula que consiste em um único mero. Representação da estrutura do mero (a) e da cadeia (b) do polietileno Formação da Macromolécula Dentro de cada macromolécula os átomos estão ligados entre si através de ligações covalentes. Para a maioria dos polímeros essas macromoléculas se formam como cadeias longas e flexíveis cujo esqueleto principal consiste de uma série de átomos de carbono. Representação da Macromolécula Uma maneira simples de representar a fórmula química do polietileno é a fórmula compacta, onde n é o número de unidades monoméricas na macromolécula ligadas entre si covalentemente. Reações de Polimerização A reação química (ou conjunto de reações) que gera o polímero é denominada de Reação de Polimerização. O tipo de reação química afeta significativamente as características dos polímeros produzidos. Vale citar que nem toda molécula pode gerar um polímero, para que isto ocorra a molécula deve atender um dos seguintes pré-requisitos possuir grupos funcionais reativos ou duplas ligações reativas. Reações de Polimerização Grupos funcionais reativos: policondensação ou polimerização em etapas Duplas ligações reativas: poliadição ou polimerização em cadeia Polimerização por adição Na reação de polimerização por adição (também conhecida por polimerização em cadeia) ocorre a formação da cadeia a partir da instabilização da dupla ligação de um monômero bifuncional e sua sucessiva reação com outras duplas de outras moléculas do monômero. As unidades são fixadas, uma de cada vez, conforme uma cadeia, formando a macromolécula linear. O processo é exotérmico (libera 166kcal/mol a cada duas ligações simples formadas e absorve 146kcal/mol para a ruptura de uma dupla). A composição da molécula resultante é um múltiplo exato do monômero reagente original logo não há perda de massa. Essa reação é comum para polímeros de cadeia carbônica. Ex: PE, PP, PVC, NBR (borracha nitrílica), PS, etc. Principais polímeros de adição Polietileno - o obtido pela adição de moléculas de etileno e é atualmente o plástico mais utilizado, desde à fabricação de sacolinhas plásticas à garrafas plásticas, recipientes para detergentes, cabos de panelas, brinquedos e outros objetos. PRINCIPAIS POLÍMEROS DE ADIÇÃO Polipropileno - obtido pela adição de moléculas de propileno e como apresenta alta resistência é utilizado na fabricação de pára-choques de carros, por exemplo. Cloreto de polivinila (PVC) - obtido pela adição de moléculas de cloreto de vinila. É usado na fabricação de tubos para encanamento, de filmes para embalagens, forros para tetos, dentre outros. PRINCIPAIS POLÍMEROS DE ADIÇÃO Poliestireno -é o btido pela adição de moléculas de estireno. É usado na fabricação de pratos, xícaras, isopor etc. Poliacetato de vinila (PVA) - é obtido pela adição de moléculas de acetato de vinila e utilizado na produção de gomas de mascar, tintas, adesivos, dentre outros. PRINCIPAIS POLÍMEROS DE ADIÇÃO Teflon (PTFE) - o teflon ou PTFE (de politetrafluoretileno) devido a sua alta resistência ao calor e a reagentes químicos é um polímero largamente utilizado na fabricação de panelas antiaderentes. Todos os polímeros exemplificados anteriormente são constituídos por moléculas que apresentam uma única insaturação. POLIMERIZAÇÃO POR CONDENSAÇÃO • A polimerização por condensação (também conhecida por polimerização em etapas) consiste na formação de polímeros mediante reações químicas intermoleculares etapa por etapa. • Pares de monômeros vão reagindo entre si, formando um composto que representa o mero. Os meros se combinam formando dímeros, trímeros, tetrâmeros, oligômeros.... Cada combinação é uma etapa. • No início da reação, praticamente todos os monômeros se convertem. • O mero será a resultante da reação química entre os monômeros reagentes iniciais. A composição do mero não é igual a do monômero, pois há liberação de subprodutos, como a água, que são eliminados. PRINCIPAIS POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO Polifenóis - são polímeros obtidos pela condensação entre um fenol e um aldeído. A Baquelite foi o primeiro polímero de condensação de importância industrial e resulta da condensação de moléculas de fenol e de metanal. Poliésteres - são polímeros obtidos pela reação de esterificação entre um poliácido e um poliálcool. Um poliéster de grande importância é o PET (politereftalato de etileno) utilizado na fabricação das famosas garrafas PET. O PET é obtido da condensação entre o ácido 1,4- benzenodióico (ou tereftálico) e o etileno-glicol (etanodiol). PRINCIPAIS POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO Poliamidas - são polímeros obtidos pela condensação de diácidos e diaminas, são conhecidos popularmente por Náilons. Um exemplo é o náilon-66, polímero obtido da condensação entre uma diamina com 6 carbonos e um diácido também com 6 átomos de carbono (daí a origem do número 66). PRINCIPAIS POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO Policarbonatos - são polímeros obtidos pela condensação entre o fosgênio (Cl2-C=O) e um bis-fenol e apresentam como característica principal a presença do grupo carbonato.Os policarbonatos por serem transparentes e resistentes são usados na fabricação de visores de capacetes de motociclistas, em telhas transparentes, em janelas de aviões, dentre outros. Um exemplo de policarbonato é o Lexan, obtido da condensação entre o fosgênio e o sal de sódio do bisfenol A Polímeros e suas aplicações Fontes de matéria prima para a produção de Polímeros a) Produtos naturais Matérias primas encontradas na natureza que com algumas modificações se prestam à produção de polímeros comerciais. Celulose: presente em quase todos os vegetais tem uma estrutura química constituída por unidades de glicose ligadas por átomos de oxigênio, formando uma longa cadeia. O H2COH H OH H H OH O H OH OH H H H2COH O H2COH H OH H H OH O H OH H H2COH OH H HO HH O HH O H H O H O Unidade repetitiva Fontes de matéria prima para a produção de Polímeros a) Produtos naturais Borracha natural: Encontrada no látex da seringueira. O Brasil foi, no início do século, um grande produtor e exportador de borracha natural. Outros produtos naturais: óleo de mamona para a produção do poliuretano e do Nylon e óleo de soja para a produção do Nylon. Extração do látex na seringueira Óleo de mamona b) Hulha ou carvão mineral GÁS DE HULHA etileno metano formaldeído Resinas fenólicas Polietileno AMÔNIA Uréia a aminas Agente de cura ALCATRÃO benzeno fenol Poliuretano e PS COQUE acetileno etileno cloreto de vinila PVC polietileno Carvão mineral Fontes de matéria prima para a produção de Polímeros c) Petróleo De todos os produtos naturais o petróleo é a fonte mais importante. Através da destilação fracionada do óleo cru várias frações podem ser obtidas. Para a produção dos polímeros utiliza- se o nafta. Fontes de matéria prima para a produção de Polímeros Petróleo na produção de Polímeros A partir do processo de refino do petróleo são obtidos diversos subprodutos, entre eles a Nafta, que é a matéria prima principal para a fabricação de polímeros. O refino de petróleo se dá a partir de uma processo de destilação fracionada, que consiste na separação de fluidos com pontos de ebulição diferentes através do aquecimento dos mesmo. Formação da cadeia Macromolecular As macromoléculas não se formam de modo linear, mas apresentam grande quantidade de dobras e torções. Durante a polimerização são formadas inúmeras cadeias com diferentes tamanhos com um extenso embaraço entre cadeias vizinhas. Este entrelaçamento entre as cadeias é responsável por algumas das características mais importantes dos polímeros, incluindo as grandes extensões elásticas demonstradas por materiais como as borrachas. Classificação quanto aos tipos de Meros da cadeia Homopolímero Resulta da polimerização de um único tipo de monômero: A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A Copolímero Resulta da polimerização de dois tipos diferentes de monômero A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A-B-A Terpolímero Resulta da polimerização de três tipos diferentes de monômero: A-B-C-A-B-C-A-B-C-A-B-C-A-B-C-A-B-C-A-B-C Tipos de Copolímeros Estrutura Molecular Polímeros Lineares Nos polímeros lineares, cada monômero é ligado somente a outros dois monômeros (massa de espaguete).Nos polímeros lineares podem existir grandes quantidades de ligações de van der Waals entre as cadeias. Exemplos: poliestireno, náilon, polietileno Polietileno Poliestireno Náilon Polímeros Ramificados Nos polímeros ramificados, cadeias de ramificações laterais encontram-se conectadas às cadeias principais. As ramificações resultam de reações paralelas que ocorrem durante a síntese do polímero. Polímeros lineares também podem, sob algumas condições, ser ramificados. Exemplo: poli(acetato de vinila) e polietileno Poli acetato de vinila pode ser utilizado para fabricar tintas e chicletes Polímero Reticulado Nos polímeros com ligações cruzadas, as cadeias lineares adjacentes estão unidas umas às outras em várias posições através de ligações covalentes. Muitos dos materiais elásticos com características de borrachas apresentam ligações cruzadas; nas borrachas isto é conhecido por vulcanização. As resinas são polímeros rígidos que também apresentam ligações cruzadas. Tampo de mesa feito de resina epóxi Estrutura molecular do estado sólido A estrutura do estado sólido em polímeros consiste no modo como as cadeias estão empacotadas formando o sólido. A estrutura pode ser desordenada (fase amorfa) ou ordenada de forma regular e repetitiva (fase cristalina). Um material cristalino é um material no qual os átomos, íons ou moléculas estão situados em um arranjo que se repete ao longo de grandes distâncias atômicas, ou seja, existe ordem no arranjo interno do material. Todos os metais, muitos materiais cerâmicos e certos polímeros formam estruturas cristalinas. Os materiais que não cristalizam são chamados de não-cristalinos ou amorfos. Estrutura molecular do estado sólido Nos polímeros a cristalinidade difere dos materiais convencionais, pois envolve a ordenação de longas cadeias (macromoléculas) e não apenas de átomos ou íons como ocorre para os metais e cerâmicas. As células unitárias são bastante complexas e uma única cadeia pode se estender além da célula unitária. Célula unitária ortorrômbica da fase cristalina do PE ESTADO DE CONFORMAÇÃO DAS CADEIAS Polímero Amorfo As cadeias do polímero estão em estado desorganizado, arranjadas em espirais aleatórias. Polímero Cristalino As cadeias do polímero estão em estado ordenado, existindo uma forma definida. Polímero Semicristalino Os polímeros são apenas parcialmente cristalinos, pois a torção e o espiralamento das cadeias dificultam uma ordenação completa de todos os segmentos de todas as cadeias. Portanto não existem polímeros 100% cristalinos. Esse estado intermediário é definido pelo grau de cristalinidade do polímero. Quando maior o grau de cristalinidade, maior é a organização das cadeias de polímero. Classificação dos Polímeros POLÍMEROS NATURAIS SINTÉTICOS borracha natural, proteínas, amidos, celulose, etc. Plásticos Elastômeros Fibras Termoplásticos Termofixos Polímeros Naturais Encontrados já formados na natureza ou polímeros produzidos a partir de matérias primas naturais. Termoplásticos x Termorrígidos Os termoplásticos: Amolecem quando são aquecidos (e por fim se liquefazem) e endurecem quando são resfriados. Esses processos que são totalmente reversíveis e que podem ser repetidos (polímero pode ser reciclado). A maioria dos polímeros lineares e aqueles que possuem algumas estruturas ramificadas com cadeias flexíveis são termoplásticos. Os termorrígidos Se tornam permanentemente duros quando submetidos a aplicação de calor e não amolecem com um aquecimento subsequente. Durante o tratamento térmico inicial, ligações cruzadas covalentes são formadas entre cadeias moleculares adjacentes; Essas ligações prendem as cadeias entre si para resistir aos movimentos vibracionais e rotacionais da cadeia a temperaturas elevadas. Somente aquecendo-se a temperaturas excessivas é que irá ocorrer o rompimento dessas ligações cruzadas e a degradação do polímero. Polímeros não recicláveis Termoplásticos x Termorrígidos Processamento de Polímeros Termorrígidos Moldagem por transferência Processamento de Polímeros Termoplásticos Extrusão Matrizes para extrusão Processamento de Polímeros Termoplásticos Moldagem por injeção Processamento de Polímeros Termoplásticos Moldagem por sopro Processamento de Polímeros Termoplásticos Termoformação Processamento de Polímeros Termoplásticos Rotomoldagem