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Sessão 4- Drama Thais M. Souto 1. Descrever o ciclo biológico dos vetores e do agente etiológico das leishmanioses (LTA e LV). 2. Caracterizar as leishmanioses quanto à: etiologia, epidemiologia, patogenia, diagnóstico e tratamento. 3. Apresentar a situação epidemiológica da leishmaniose visceral e cutânea na Bahia. 4. Identificar as estratégias de ação na prevenção e no combate às leishmanioses desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde (SESAB) e as dificuldades encontradas no controle das doenças (desequilíbrio ambiental, adaptação urbana, controle químico). Leishmaniose O termo leishmaniose se refere às doenças causadas por protozoário do gênero Leishmania. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito flebótomo (flebotomíneo). Conforme a região, vários animais e até o homem pode atuar como reservatório. As manifestações clínicas da leishmaniose variam de acordo com a patogenicidade do parasita (que difere entre espécies) e a resposta imune celular geneticamente determinada pelo hospedeiro humano, podendo variar de assintomáticas e autolimitadas à comprometimento da pele e mucosas. Doença infecciosa, não contagiosa, crônica, de alta letalidade. Conhecida no Brasil como calazar, barriga d’água, esplenomegalia tropical. RESERVATÓRIO: Tem o cão como principal reservatório na área urbana e as raposas e os marsupiais como reservatórios no ambiente silvestre; AGENTE ETIOLÓGICO: Protozoários tripanossomatídeos do gênero Leishmania. Nas Américas, a Leishmania (Leishmania) infantum é a espécie mais comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (LV). PREDOMINIO NOTURNO. No Brasil, duas espécies de insetos flebotomíneos estão relacionadas com a transmissão da leishmaniose visceral que são: Lutzomyia cruzi e Lutzomyia longipalpis, este, principal espécie transmissora da Leishmania (Leishmania) chagasi. A L. longipalpis apresenta uma ampla distribuição geográfica e pode ser encontrada no interior dos domicílios e em abrigos de animais domésticos. CICLO BIOLÓGICO A transmissão do parasito ocorre quando as fêmeas infectadas se alimentam em vertebrados susceptiveis. Durante a alimentação, a saliva de Lutzomyia longipalpis é inoculada com as formas do parasito. No hospedeiro vertebrado, as formas amastigotas de L. chagasi são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem, localizam-se em órgãos linfoides, medula óssea, baço, figado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. Dentro do fagossomo, no interior destas células, o parasito se diferencia em amastigota para a sua sobre fisiológica e inicia o processo de sucessivas divisões binárias; Sessão 4- Drama Thais M. Souto Quando os macrófagos estão densamente parasitados, rompem-se liberando as amastigotas que irão parasitar novos macrófagos tornando o hospedeiro infectado. Durante a metaciclogênese, as formas promastigotas das leishmanias sofrem modificações bioquímicas em sua superfície, perdendo assim sua capacidade de adesão ao epitélio do intestino médio do flebótomo. Como resultado, as promastigotas metacíclicas destacam-se, migrando para a faringe e a cavidade bucal, de onde elas são transmitidas ao hospedeiro vertebrado, durante o próximo repasto sanguíneo. Quando as promastigotas são introduzidas na pele, encontram neste local algumas células do sistema imune e por um mecanismo ainda não totalmente esclarecido, o parasito adere-se à superfície dos macrófagos e células de Langerhans passando para o meio intracelular e se transforma na forma amastigota, característica do parasitismo nos mamíferos. PERÍODO DE INCUBAÇÃO No homem, é de 10 dias a 24 meses, com média entre dois e seis meses; no cão, varia de três meses a vários anos, com média de três a sete meses. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE Crianças e idosos são mais suscetíveis; FISIOPATOLOGIA VISCERAL A infecção é adquirida quando uma fêmea de flebotomíneo inocula promastigotas em uma área exposta da pele, que pode formar um nódulo cutâneo, úlcera ou não ter nada (maioria dos casos). Os parasitas se convertem em promastigotas e se multiplicam no interior de fagócitos mononucleares e se disseminam através dos vasos linfáticos e do sistema vascular para outros fagócitos ao longo de todo o sistema reticuloendotelial. A maioria das infecções serão assintomáticas e autolimitadas, e a menor parte evolui para a leishmaniose visceral clássica (ou calazar). Alguns estudos acreditam que esta susceptibilidade é por uma associação genética entre a leishmania e o gene SLC11A1 (regula a atividade do macrófago); assim como o polimorfismo da IL-4. Sendo que o tipo de resposta imune montada contra o patógeno determina as consequências da infecção: Resposta Th1 consegue conter o processo infeccioso de forma mais adequada, pois eles ativam os macrófagos através de citocinas como IL-12, IFN-gama e TNF-alfa, levando a destruição das formas amastigotas intracelulares. Entretanto, pacientes que secretam IL-10 tem uma resposta Th1 frustrada, evoluindo com uma multiplicação desenfreada do parasita, compondo o quadro clínico no calazar. O parasita parece ter diversos mecanismos adaptativos para impedir o combate efetivo do organismo do hospedeiro contra ele. A Leishmania reduz a ativação das células T CD4+, reduzindo a reação inflamatória contra a infecção. Além disso, para serem capazes de sobreviverem e se reproduzirem dentro dos macrófagos, as amastigotas impedem a produção de superóxido por parte do macrófago, bem como reduz a produção do óxido nítrico, importantes mecanismos de exposição à radicais livres para combate a microorganismos invasores. Existe resposta humoral detectada por meio de anticorpos circulantes, que parecem ter pouca importância como defesa. Apenas uma pequena parcela de indivíduos infectados desenvolve sinais e sintomas da doença Todo indivíduo proveniente de área com ocorrência de transmissão, com febre e esplenomegalia, ou todo indivíduo de área sem ocorrência de transmissão, com febre e esplenomegalia, desde que descartados os diagnósticos diferenciais mais frequentes na região. Critério laboratorial Teste rápido imunocromatográfico -AB LSH ECO; Encontro do parasito no exame parasitológico direto ou cultura; PADRAO OURO Imunofluorescência reativa com título de 1:80 ou mais, desde que excluídos outros diagnósticos diferenciais; ELISA: não disponível na Rede pública Estadual. Critério clínico-epidemiológico: Paciente de área com transmissão de LV, com suspeita clínica sem confirmação laboratorial, mas com resposta favorável ao tratamento terapêutico. Caso descartado: Caso clinicamente suspeito com exames sorológicos e/ou parasitológicos negativos, sem resposta favorável ao teste terapêutico, ou caso que após investigação clínica/ laboratorial se confirma outro diagnóstico. Os casos humanos confirmados podem ainda ser classificados como: Caso novo – confirmação da doença por um dos critérios acima descritos pela primeira vez em um indivíduo ou o recrudescimento da sintomatologia após 12 meses da cura clínica, desde que não haja evidência de imunodeficiência. Recidiva – recrudescimento da sintomatologia, em até 12 meses após cura clínica. PERÍODO INICIAL - febre com duração inferior a quatro semanas, palidez e aumento do tamanho do baço e do fígado; PERÍODO DE ESTADO – febre irregular, geralmente associada a emagrecimento progressivo, palidez e aumento do tamanho do baço e do fígado; PERÍODO FINAL - febre contínua, desnutrição, edema dos membros inferiores, hemorragia, icterícia e barriga d’água. COMPLICAÇÕES Sessão 4- Drama Thais M. Souto Destacam-se otite média aguda, piodermites e infecções dos tratos urinário e respiratório. Caso não haja tratamento com antimicrobianos, o paciente poderá desenvolver um quadro séptico, com evoluçãofatal. As hemorragias são geralmente secundárias à plaquetopenia, sendo a epistaxe e a gengivorragia as mais encontradas. A hemorragia digestiva e a icterícia, quando presentes, indicam gravidade do caso. Indivíduo com exame sorológico reagente ou parasitológico positivo, sem manifestações clínicas. Esses casos não devem ser notificados e nem tratados; No Brasil, os medicamentos utilizados para o tratamento da LV são o antimoniato de meglumina (ou antimoniato de N-metil glucamina) e a anfotericina B. A escolha terapêutica deverá considerar a faixa etária, a presença de gravidez e as comorbidades. O tratamento engloba terapêutica específica e medidas adicionais, como hidratação, administração de antitérmicos e antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional. Exames laboratoriais e eletrocardiográficos deverão ser realizados durante o tratamento, a fim de acompanhar a evolução e identificar possível toxicidade medicamentosa. ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL: Tratamento de primeira escolha para gestantes contraindicações ou que manifestem toxicidade ou refratariedade relacionada ao uso dos antimoniais pentavalentes. 3mg/kg/dia, durante 7 dias, ou 4mg/ kg/dia, durante 5 dias em infusão venosa, em uma dose diária. Pacientes com coinfecção leishmania/HIV devem utilizar: 4mg/ kg/dia, durante 5 dias consecutivos, mais dose única semanal por até 5 semanas (dose total de 25 a 40 mg/ kg) dose diária. COMPLICAÇÕES DE ANTIMONATO DE MEGLUMINA Idade < 1 ano ou > 50 anos; Insuficiência renal, hepática, ou cardíaca; Transplantados, cardíacos, renais ou hepáticos; Intervalo QT corrigido maior que 450 ms; Uso concomitante de medicamentos que alteram o intervalo QT; Hipersensibilidade ao antimonial pentavalente ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da LV; Infecção pelo HIV (tratamento); Infecção pelo HIV (profilaxia secundária); Comorbidades que comprometem a imunidade; Uso de medicação que compromete a imunidade; Falha terapêutica ao antimonial pentavalente ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da LV. Gestantes Escore de gravidade clínico ≥ 4 ou clínico-laboratorial ≥ 61 ANFOTERICINA B DESOXICOLATO - insuficiência renal; - hipersensibilidade aos componentes da formulação. ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL - hipersensibilidade aos componentes da formulação. A anfotericina B lipossomal é recomendada em pacientes com insuficiência renal; Todo caso suspeito deve ser submetido à investigação clínica, epidemiológica e aos métodos auxiliares de diagnóstico. Caso seja confirmado, inicia-se o tratamento e acompanha o paciente mensalmente (para avaliação da Sessão 4- Drama Thais M. Souto cura clínica). Os casos de LVH com maior risco de evoluir a óbito devem ser internados e tratados em hospitais de referência, e os leves ou intermediários devem ser assistidos no nível ambulatorial. Neste contexto, a detecção precoce e manejo clínico adequado, pode garantir a sobrevida do paciente. O acompanhamento é feito aos 3, 6 e 12 meses após o tratamento, curado se estável após. As provas sorológicas não são indicadas para seguimento do paciente, porque podem apresentar falso- positivos. Em casos entre 2008-2020. O agravo mostra-se com comportamento cíclico e tendência de redução de número de casos. Incidências maior 2014 (3,4 casos por 100 mil habitantes), 2010 (3 casos por 100 mil habitantes), 2009 (2,6 casos por 100 mil habitantes) e 2011 (2,6 casos por 100 mil habitantes). Em 2020, até 20/07/2020 foram registrados 56 casos novos (4 casos por 100 mil). Maior frequência nos meses de janeiro, fevereiro e março; Macrorregião de maior índice Centro- norte; Centro-leste; Sudoeste;2008-2020; Em 2018-2020 concentração de casos da região Centro-norte e seguido da Sudoeste; Irecê, seguida de Feira de Santana; Santa Maria da Vitória. Faixa etária de 1 a 4 anos; 35-49 anos. Sexo masculino, raça parda; Zona urbana; Letalidade de 6% (2020-3 óbitos) A razão pelo maior percentual de acometimento em crianças é devido à imaturidade imunológica associada às condições de pobreza, além de indicar que o vetor está no peridomicílio ou intradomicílio. Confirmados 85 casos de leishmania/HIV, sexo masculino maior, 35-49 anos. As leishmanioses podem modificar a progressão da doença pelo HIV e a imunodepressão causada pelo vírus facilita a progressão das leishmanioses. Desta forma, a coinfecção acelera o processo de tanto de adoecimento pelo HIV. Reduzir a letalidade e a morbidade por meio do diagnóstico e do tratamento precoce dos casos, bem como diminuir os riscos de transmissão mediante o controle da população de reservatórios e do agente transmissor. Realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos casos humanos; Reduzir o contato do vetor com os hospedeiros suscetíveis; Reduzir as fontes de infecção para o vetor; Promover ações de educação em saúde e mobilização social. Notificação compulsória nacional conforme Portaria nº 204, de 17 de Fevereiro de 2016) e estadual (Portaria nº 1.290 de 09 de novembro 2017). Para classificar as áreas de risco foi utilizado o natural break para estratificar as áreas de transmissão em 5 categorias (baixa, média, alta, intensa e muito intensa). Todo cão proveniente de área endêmica ou onde esteja ocorrendo surto, com manifestações clinicas compatíveis com a doença (febre irregular, apatia, emagrecimento, descamação furfuracea e úlceras na pele, em geral no focinho, orelhas e extremidades, conjuntivite, paresia do trem posterior, fezes sanguinolentas e crescimento exagerado das unhas). • Critério laboratorial: manifestações clinicas compatíveis e que apresente teste sorológico reagente e/ou exame parasitológico positivo. • Critério clínico epidemiológico: todo cão proveniente de áreas endêmicas ou onde esteja ocorrendo surto e que apresente quadro clinico compatível de leishmaniose visceral canina (LVC) sem a confirmação do diagnostico laboratorial. Sessão 4- Drama Thais M. Souto CÃO INFECTADO Todo cão assintomático com sorologia reagente e/ou parasitológico positivo em município com transmissão confirmada, ou procedente de área endêmica. A doença no cão e de evolução lenta e inicio insidioso. A leishmaniose visceral canina é uma doença sistêmica severa cujo sinais e sintomas dependem da resposta imunológica do animal infectado. O quadro clinico dos cães infectados apresenta um espectro de características clinicas que varia do aparente estado sadio a um severo estagio final. Inicialmente, os parasitos estão presentes no local da picada. Posteriormente, ocorre a infecção de vísceras e eventualmente tornam -se distribuídos através da derme. A queda de pêlos causada pela infecção expõe grandes áreas da pele extensamente parasitada. Em áreas urbanas o Canis familiaris é a principal fonte de infecção da Leishmaniose visceral. Mais prevalente nos cães; o teste imunocromatográfico rápido (TRDPP) e o ELISA. O TRDPP é recomendado para a triagem de cães e o ELISA é o teste confirmatório dos cães sororreagentes ao teste TRDPP (infecção canina). Realizar alerta ao serviço e à classe médica veterinária, quanto ao risco da transmissão da leishmaniose visceral canina – LVC e estimular a classe veterinária do setor privado a comunicar casos caninos ao serviço; Divulgar à população sobre a ocorrência da LVC na região e alertar sobre os sinais clínicos e os serviços para o diagnostico, bem como as medidas preventivas para eliminação dos prováveis criadouros do vetor; Para o poder público, desencadear e implementar as ações de limpeza urbana em terrenos, praças públicas, jardins, logradouros entre outros, destinando de maneira adequada a matéria orgânica recolhida. Na suspeita clínica de cão, delimitar a área para investigação do foco. Define-se como área para investigação,aquela que, a partir do primeiro caso canino (suspeito ou confirmado), estiver circunscrita em um raio de no mínimo 100 cães a serem examinados. A clínica do cão com leishmaniose Visceral avançou no sentido de disponibilização de tratamento, vacina(s) anti- leishmaniose e coleiras impregnadas com Deltametrina 4%. No entanto, para cães sororreagentes (TRDPP e ELISA) ainda é recomendada a realização de eutanásia, a qual deve seguir as diretrizes do Código De ética do médico veterinário, a resolução 1.000/2012 (CFM) e a RDC nº 33 de 2011. A vigilância entomológica realiza ações de levantamento, investigação e monitoramento de vetores: no período de 2008 a 2016, o Lu. longipalpis demonstrou ampla dispersão no território baiano. O controle químico com inseticidas de ação residual não é medida efetiva para a prevenção e controle da LV. Faz- se necessário a integração das ações entre as vigilâncias e articulação inter e intra-setorial e multidisciplinar: vigilância ambiental; vigilância sanitária; setor de limpeza pública (coleta periódica de resíduo) e melhoria das condições de moradia. Os municípios silenciosos devem focar as suas ações na vigilância entomológica e vigilância de reservatórios domésticos, por meio da realização anual de levantamentos entomológicos e inquéritos sorológicos amostrais da população canina, além de ações de saneamento ambiental e de educação em saúde. Em municípios com registro de primeiro caso ou em situação de surto, realização de investigação entomológica para direcionamento do controle químico vetorial, atividades de saneamento ambiental, inquérito censitário canino anual no local de transmissão e eutanásia dos cães sororreagentes. Nos municípios de transmissão esporádica, além das ações recomendadas para os municípios silenciosos, recomenda-se a eutanásia dos cães sororreagentes. Os municípios de transmissão moderada e intensa devem, priorizar o inquérito censitário, investir em educação permanente aos profissionais de forma multidisciplinar e educação em saúde para a população, realizar o monitoramento entomológico e o controle químico vetorial, por meio de dois ciclos anuais de aplicação de inseticidas de ação residual, que atualmente é a alfacypermetrina a 20%. Sessão 4- Drama Thais M. Souto Nas áreas de transmissão intensa, bem como nas áreas cobertas pela Estratégia de Saúde da Família é recomendada a realização de busca ativa de casos suspeitos e encaminhamento atendimento médico. Doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania, de transmissão vetorial. É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das seis mais importantes doenças infecciosas, pelo seu alto coeficiente de detecção e a capacidade de produzir deformidades. manifesta-se classicamente sob duas formas: leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa, que podem apresentar diversas manifestações clínicas. a úlcera típica da forma cutânea é geralmente indolor, com formato arredondado ou ovalado com bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e granulações grosseiras. já a forma mucosa caracteriza-se pela presença de lesões destrutivas localizadas na mucosa, em geral nas vias respiratórias superiores. No Brasil, a LT é uma das afecções dermatológicas que merece mais atenção, devido à sua magnitude, assim como pelo risco de ocorrência de deformidades que pode produzir no ser humano, e também pelo envolvimento psicológico, com reflexos no campo social e econômico, uma vez que, na maioria dos casos, pode ser considerada uma doença ocupacional. CICLO BIOLÓGICO Durante o processo de alimentação do flebotomíneo é que ocorre a transmissão de parasito. Na tentativa da ingestão do sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada; Estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais; Rapidamente as formas promastigotas se transformam em amastigotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose; Dentro do vacúolo fagocitário dos macrófagos, as amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem a ação destruidora dos lisossomas, multiplicando- se por divisão binaria até ocupar todo o citoplasma; Esgotando-se sua resistência, a membrana do macrófago se rompe liberando as amastigotas no tecido, sendo novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação inflamatória. AGENTE ETIOLÓGICO Sete espécies de leishmanias. Sendo seis do subgênero Viannia e uma do subgênero Leishmania. As mais importantes são: Leishmania (Leishmania) amazonensis, L. (Viannia) guyanensis e L.(V.) braziliensis. A Leishmania é um protozoário pertencente à família Trypanosomatidae, parasito intracelular obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear, com duas formas principais: uma flagelada ou promastigota, encontrada no tubo digestivo do inseto vetor, e outra aflagelada ou amastigota, observada nos tecidos dos hospedeiros vertebrados. VETORES É transmitida ao homem (e a outros mamíferos) por insetos vetores ou transmissores, denominados flebotomíneos, do gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros. No Brasil, as principais espécies envolvidas na transmissão da LT são L. whitmani, L. intermedia, L. umbratilis, L. wellcomei, L. flaviscutellata, e L. migonei. RESERVATÓRIOS Várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Cães, Gatos e Cavalos. Roedores e demais. MODO DE TRANSMISSAO Picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa. PERÍODO DE INCUBAÇÃO No ser humano, em média de dois a três meses, podendo apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (dois anos). FISIOPATOLOGIA Sessão 4- Drama Thais M. Souto O exame histopatológico revela inflamação crônica e aguda, com alterações granulomatosas. Células mononucleares do sangue periférico de individuas com leishmaniose cutânea típica produzem interferon-y em resposta a antígenos de Leishmania in vitro, e os pacientes apresentam reação de hipersensibilidade do tipo tardio. Na lesão, parece haver um equilíbrio entre uma imunidade celular protetora e uma exacerbadora da doença. Por fim, as células T com resposta Th 1 (ação pró-inflamatória) predominam e ocorre a cura da lesão, deixando uma cicatriz atrófica no local. As diferentes apresentações cutâneas parecem apresentar relação com o desenvolvimento de uma resposta imunológica adequada. Aparentemente, pacientes com resposta imunológica inadequada (predominantemente Th2), apresentam maior risco de apresentar a forma cutânea disseminada da doença. SINAIS E SINTOMAS CUTÂNEA: Lesões indolores, com formato arredondado, com base eritematosa, infiltrada e de consistência firme, bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e com granulações grosseiras. MUCOSA: presença de lesões destrutivas localizadas na mucosa, nas vias aéreas superiores. Quando atingem o nariz podem ocorrer entupimentos, sangramentos, coriza, aparecimento de crostas e feridas. Na garganta os sintomas: dor ao engolir, rouquidão e tosse. Presença de lesões de pele ulceradas ou não com três semanas ou mais de evolução com histórico de residência ou exposição a área de transmissão. 1 - Localizada: A lesão tipo úlcera, com tendência a cura espontânea podendo ser única ou múltipla (até 20 lesões). A forma localizada pode ser acompanhada de linfadenopatia regional e de linfangite nodular; 2 - Disseminada: Lesão relativamente rara que pode ser observada em até 2% dos casos. Múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme que acometem vários segmentos corporais, envolvendo com frequência a face e o tronco. O número de lesões pode alcançar centenas. 3 - Difusa: Forma clínica rara, porém grave. Inicia-se com lesão únicae evolui de forma lenta formando placas e múltiplas lesões nodulares não ulceradas recobrindo grandes extensões cutâneas. 4 - Recidiva cútis: caracteriza-se por ativação da lesão nas bordas, após cicatrização da lesão, mantendo-se o fundo com aspecto cicatricial. A resposta terapêutica costuma ser inferior a da lesão primaria. Individuo com presença de lesão de mucosa de vias aéreas superiores, principalmente nasal, residente ou exposto a área de transmissão. a) Forma mucosa tardia: forma mais comum. Pode surgir até vários anos após a cicatrização da forma cutânea. Lesões cutâneas múltiplas ou de longa duração, à curas espontâneas ou aos tratamentos insuficientes; b) Forma mucosa de origem indeterminada: quando a LM apresenta-se clinicamente isolada, não sendo possível detectar nenhuma outra evidência de lesão cutânea prévia. Tais formas estariam provavelmente associadas às infecções subclínicas ou lesões pequenas, não ulceradas, de evolução rápida e que teriam passado despercebidas sem deixar cicatrizes perceptíveis; c) Forma mucosa concomitante: ocorre ao mesmo tempo em que apresenta lesão cutânea ativa; d) Forma mucosa contígua: propagação direta de lesão cutânea, próxima a orifícios naturais, como a mucosa das vias aerodigestivas. A lesão cutânea poderá encontrar-se em atividade ou cicatrizada na ocasião do diagnóstico; Sessão 4- Drama Thais M. Souto e) Forma mucosa primária: ocorre eventualmente pela picada do vetor na mucosa ou semimucosa de lábios e genitais. Critério clinico– laboratorial Residência, procedência ou deslocamento para área com confirmação de transmissão e encontro do parasito nos exames parasitológicos diretos; Intradermorreação de Montenegro (IDRM) positiva. (Teste não disponível na rede estadual); Critério clínico-epidemiológico: Todo caso com suspeita clinica, sem acesso a métodos de diagnostico laboratorial e com residência ou exposição à áreas que tiveram confirmação de transmissão. Nas formas mucosas, considerar a presença de cicatrizes cutâneas como critério complementar para confirmação do diagnóstico. Muitas manifestações clínicas podem ser confundidas com a LTA, destacando-se, entre elas: Leishmaniose Cutânea: Realizar diagnóstico diferencial para sífilis, hanseníase, tuberculose, Histoplasmose, esporotricose, sarcoidose, psoríase, lúpus eritematoso discoide, úlceras de estase venosa, dentre outros. Leishmaniose mucosa: O diagnóstico diferencial é feito para paracoccidioidomicose, carcinoma sífilis terciária, renite, sinusite, granulamatose de wegner, dentre outros. SE FAZ O DIFERENCIAL POR METODO MOLECULAR,IMUNOLÓGICO, HISTOPATOLÓGICO. Indivíduo com exame sorológico reagente ou parasitológico positivo, sem manifestações clínicas. Deve ser notificado ! Notificação compulsória nacional conforme Portaria nº 204, de 17 de Fevereiro de 2016) e estadual (Portaria nº 1.290 de 09 de novembro 2017). Os casos devem ser encerrados no SINAN em um período de 180 dias. De acordo com brasil (2021), o tratamento da leishmaniose tegumentar (LT) deve ser indicado de acordo com a forma clínica, com o apoio do diagnóstico laboratorial e obedecendo aos critérios estabelecidos para cada situação. Para o início do tratamento, é necessária a confirmação do diagnóstico por critério clínico- laboratorial ou, quando este não for possível, por critério clínico-epidemiológico. Sessão 4- Drama Thais M. Souto De acordo com o LV, DIFERE apenas em: Pacientes com coinfecção leishmania/Hiv devem fazer os seguintes esquemas de tratamento com anfotericina b lipossomal: Forma Cutânea: 20 mg a 40 mg/kg Forma Cutânea disseminada: 35 mg a 40 mg/kg; Forma mucosa: Dose total 30 mg a 40 mg/kg Anfotericina B Desoxicolato: 1mg/kg/dia diariamente ou em dias alternados (dose máxima diária de 50mg). Deve ser administrada até atingir as seguintes doses totais: Forma cutânea: 1 a 1,5g Forma mucosa: 2,5 a 3g Pentoxifilina: 400 mg, 3 vezes ao dia, durante 30 dias. Associado ao uso de antimoniato de meglumina. (uso exclusivo para leishmaniose mucosa). Nota Informativa Nº5/2016 - CGDT/SVS/MS. Pentamidina: Forma localizada: 4 mg/kg/dia em três doses, com intervalo de 72 horas (quando IM) ou de 48 horas (quando EV). Dose máxima diária: 300 mg. Foram difusa: 4 mg/kg/dia em dias alternados; por dez doses. Miltefosina: na dose de 2,5 mg/kg/dia, dose máxima de 150 mg/dia (3 comprimidos) por via oral, durante 28 dias (Fluxo a ser estabelecido pelo ministério) Antes durante e após o tratamento deve-se monitorar função renal, pancreática, realizar eletrocardiograma e glicemia, antes, durante e no final do tratamento. Caso ocorra alguma reação adversa, o tratamento deve ser interrompido, até a estabilização do paciente e ocorrência deve ser notificada. A leishmaniose tegumentar pode ser tratada a nível de atenção primária a saúde. Porém, pacientes com formas clínicas graves devem ser tratados, preferencialmente, em regime hospitalar. O paciente deve retornar mensalmente a consulta durante três meses consecutivos após o término do esquema terapêutico para ser avaliada a cura clinica, com exceção dos pacientes coinfectados com o vírus HIV, que deverão ser acompanhados por seis meses. Uma vez curado, o paciente deverá ser acompanhado de dois em dois meses ate completar 12 meses apos o tratamento. Reduzir a morbidade da LT, as deformidades e os óbitos em pacientes com a doença. Telar portas e janelas; Manter o domicilio e locais de criação de animais limpos e arejados e, se possível, telados; Manter-se afastado da zona de mata (500 metros); Evitar exposição no entardecer e amanhecer, horário de atividade do vetor; Se tiver que se expor à de mata, utilizar repelentes, sapato fechado, calça e camisa de manga compridas. INFORMAÇÕES EPIDEMIOLOGICAS NA BAHIA A região Norte apresenta o maior coeficiente, seguida das regiões Centro-Oeste, e Nordeste; A Bahia possui um dos principais circuitos espaciais de produção da doença no Brasil, com importância epidemiológica no Brasil, o circuito da região cacaueira. os anos com maiores incidências são : 2010;2012;2017. a macrorregião do Sul concentrou maior nº de casos, seguidos da Leste. redução em Feira de Santana, e Cruz das almas; -Zona rural; sexo masculino; raça parda;20-34 anos. - LT Americana são 3 padroes de transmissão: silvestre, ocupacional e lazer. Ou seja está relacionada a ambientes de matas fechadas, ambientes geograficamente modificados pela ação humana (desmatamentos), além de casas próximas a área de matas; -pessoas que estudaram 1 a 4ª serie incompletos, 5 a 8ª serie incompletos e ensino fundamental incompleto; A forma clinica predominante é a CUTANEA; A Leishmaniose mucosa (LM) é considerada uma forma grave Sessão 4- Drama Thais M. Souto da LT e, geralmente, ocorre meses, anos depois, ou concomitante à forma clínica cutânea; Predomínio do critério clinico-laboratorial; Ressalta-se que em 2016, o principal teste envolvido no diagnóstico da LT , foi suspenso devido a interrupção da produção do antígeno de Montenegro em território nacional. O exame disponibilizado atualmente é a pesquisa de formas amastigotas na lesão (parasitológico direto). Municípios classificados como silenciosos ou sem transmissão: municípios sem registro de ocorrência de casos humanos autóctones de LT nos últimos três anos. Municípios classificados como vulneráveis: a cada cinco anos, realizar estudos entomológicos, ou quando ocorrer modificação ambiental ou evento que ofereça risco de transmissão à população. Municípios não vulneráveis: municípios sem transmissão ou silenciosos que não preenchem os critérios de vulnerabilidade. Municípios receptivos: municípios vulneráveis ou não vulneráveis com registro da presença do vetor. Municípios não receptivos: municípios vulneráveis ou não vulneráveis sem o registro da presença do vetor.Para caracterizar um município como não receptivo, é necessário que tenha sido realizado o levantamento entomológico recente. Municípios com transmissão: municípios com histórico de registro de casos humanos autóctones de LT, contínuos ou não, nos últimos três anos. Em municípios classificados como baixo risco de transmissão: municípios sem transmissão ou silenciosos que não preenchem os critérios de vulnerabilidade. Ocorrência de surtos: presença de casos de LT em uma área sem transmissão/silenciosa ou aumento de casos em relação ao número esperado em áreas com transmissão; Em algumas situações é possível evitar a picada dos flebotomíneos através de proteção individual, com a utilização de repelentes e utilização de mosquiteiros de malha fina. Em áreas de colonização recente, próximas de florestas, recomenda-se a construção das casas a uma distância mínima de 500m da mata. A solução ideal para o controle da leishmaniose tegumentar particularmente no Brasil, é a produção de uma vacina. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA -Identificação do paciente -Coleta de dados clínicos e epidemiológicos -Caracterização do local provável de infecção (LPI) -Definição de fluxo e periodicidade do sistema de informação -Análise e divulgação dos dados -Evolução do caso -Encerramento do caso CICLO BIOLOGICO DO VETOR Flebotomíneos: insetos transmissores O parasito L. chagasi é transmitido pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas, em especial, das espécies Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. Também conhecidos como ‘mosquito-palha’, ‘tatuquira’, ‘cangalhinha’ e birigui, os insetos são pequenos e apresentam coloração amarelada. O ciclo biológico do Lutzomya longipalpis se processa no ambiente terrestre e compreende quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva - com quatro estádios, pupa e adulto. Após a cópula, as fêmeas colocam seus ovos sobre um substrato úmido no solo e rico em matéria orgânica. Os ovos eclodem geralmente de 7 a 10 dias após a postura. As larvas alimentam-se vorazmente e desenvolvem-se em média entre 20 a 30 dias. Após esse período as larvas de quarto estádio transformam-se em pupas, que normalmente, permanecem imóveis e fixas ao substrato, não se alimentam e têm respiração aérea. O período pupal em condições favoráveis tem duração em média de uma a duas semanas.
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