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SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO TELENCÉFALO O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e a lâmina terminal situada na porção anterior do 3º ventrículo. Os dois hemisférios cerebrais são unidos por uma larga faixa de fibras cornissurais o corpo caloso. Os hemisférios cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunicam com o III ventrículo pelos forames interventriculares. Cada hemisfério possui três polos: frontal, occipital e temporal; e três faces: face dorsolateral, convexa; face medial, plana; e face inferior ou base do cérebro. Sulco lateral –: é o Sulco que separa o lobo frontal do lobo temporal. Dirige-se para a face dorsolateral do cérebro, onde termina dividindo-se em três ramos: ascendente, anterior e posterior. Os ramos ascendente e anterior são curtos e penetram no lobo frontal; o ramo posterior é muito mais longo, dirige-se para trás e para cima, terminando no lobo parietal. Sulco central - É um sulco profundo e contínuo, que percorre obliquamente a face dorsolateral do hemisfério, separando os lobos frontal e parietal. É ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré- central. e outro posterior, giro pós-central. O giro pré-central relaciona-se com motricidade, e o pós-central com sensibilidade. Temos os lobos frontal, temporal, parietal e occipital. E a insula, situada profundamente no sulco lateral e que não tem, por conseguinte, relação imediata com os ossos do crânio. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO lobo occipital está relacionado com a visão. Na face medial do cérebro, o limite anterior do lobo occipital é o sulco parietoccipital. LOBO FRONTAL – SULCOS O lobo frontal é representado pela área da “fala” e “motora”. Sulco Pré-central: mais ou menos paralelo ao sulco central. Sulco Frontal Superior: inicia-se na porção superior do sulco pré-central e dirige-se anteriormente no lobo frontal. Sulco Frontal Inferior: sai do sulco pré-central e dirige para frente e para baixo. LOBO FRONTAL – GIROS Giro Pré-central: Área principal do cérebro (córtex motor). Giro Frontal Superior: localiza-se acima do sulco frontal superior. Giro Frontal Médio: localiza-se entre o sulco frontal superior e inferior. Giro Frontal Inferior: O giro frontal inferior do hemisfério esquerdo é o centro cortical da palavra falada. LOBO TEMPORAL - SULCOS O lobo Temporal é representado pela área da “audição” e “olfato”. Sulco Temporal Superior: inicia-se próximo ao pólo temporal e dirige-se para trás. Sulco Temporal Inferior: paralelo ao sulco temporal superior. LOBO TEMPORAL - GIROS Giro Temporal Superior: localiza-se entre o sulco lateral e o sulco temporal superior. Centro cortical da audição. Giro Temporal Médio: localiza-se entre os sulcos temporal superior e o temporal inferior. Giro Temporal Inferior: localiza-se abaixo do sulco temporal inferior e se limita com o sulco occípito- temporal. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO LOBO PARIETAL - SULCOS O Lobo Parietal é responsável pela área do paladar (gustatório) e somestésica (sensibilidade). Sulco Pós-central: É paralelo ao sulco central. Sulco Intraparietal: geralmente localiza-se perpendicular ao sulco pós-central (com o qual pode estar unido) e estende-se para trás para terminar no lobo occipital. LOBO PARIETAL - GIROS Giro Pós-central: localiza-se entre o sulco central e o sulco pós-central. Áreas sensitivas do córtex, a área somestésica. Lóbulo Parietal Superior: localiza-se superiormente ao sulco intra-parietal. Lóbulo Parietal Inferior: localiza-se inferiormente ao sulco intraparietal. LOBO OCCIPTAL – SULCOS E GIROS O lobo occipital ocupa uma porção relativamente pequena da face dorsolateral do cérebro, onde apresenta pequenos sulcos e giros inconstantes e irregulares. LOBO DA ÍNSULA - SULCOS O lobo da ínsula é visualizado afastando-se os lábios do sulco lateral. Sulco Central da Ínsula: parte do sulco circular, na porção superior da ínsula, e dirige-se no sentido anteroinferior. Divide a ínsula em duas partes: giros longos e giros curtos. Sulco Circular da Ínsula: circunda a ínsula na sua borda superior. LOBO DA ÍNSULA - GIROS Giros Longos da Ínsula: estão localizados posteriormente ao sulco central da ínsula. Giros Curtos da Ínsula: estão localizados anteriormente ao sulco central da ínsula. CORPO CALOSO é a maior das comissuras inter-hemisféricas. É formado por um grande número de fibras mielínicas que cruzam e penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro. Apresenta as seguintes partes: Esplênio do corpo caloso. Rostro do corpo caloso. Tronco do corpo caloso. Joelho do corpo caloso. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO FÓRNIX Corpo do fórnix: porção intermédia em que as duas metades se unem. Colunas do fórnix (anterior): extremidades que se afastam. Ramos do fórnix (posterior): Corpo Mamilar: termino das colunas. O sistema é de extrema importância pois controla comportamentos ligados a nossa sobrevivência. O sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções. LOBO FRONTAL E PARIETAL – SULCOS Sulco do Corpo Caloso: contorna o tronco e o esplênio do corpo caloso. Sulco do Cíngulo: tem seu curso paralelo ao sulco do corpo caloso, do qual é separado pelo giro do cíngulo. Sulco Paracentral: que delimita, com o sulco do cíngulo e o sulco marginal, o lóbulo paracentral. LOBO FRONTAL E PARIETAL – GIROS Giro do Cíngulo: contorna o corpo caloso. É percorrido por um feixe de fibras, o fascículo do cíngulo. Lóbulo Paracentral: Na parte anterior e posterior deste lóbulo localizam-se as áreas motoras e sensitivas relacionadas com a perna e o pé. Pré-cúneos: está localizado ao sulco parieto-occipital, no lobo parietal. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO LOBO OCCIPTAL – SULCOS Sulco calcarino: nos lábios do sulco calcarino localiza-se o centro cortical da visão. Sulco parieto-occipital: é o sulco que separa o lobo occipital do lobo parietal. LOBO OCCIPTAL – GIROS Cúneos: localiza-se entre o sulco parietooccipital e o sulco calcarino. É um giro complexo de forma triangular. Adiante do cúneos, no lobo parietal, temos o pré-cúneos. Giro Occipito-temporal Medial: localiza-se abaixo do sulco calcarino. LOBO TEMPORAL – SULCOS Sulco Occipito-temporal: localiza-se entre os giros occipito-temporal lateral e occipito-temporal medial. Sulco Colateral: inicia-se próximo ao pólo occipital e se dirige para frente. O sulco colateral pode ser contínuo com o sulco rinal. Sulco do Hipocampo: origina-se na região do esplênio do corpo caloso e se dirige para o pólo temporal. LOBO TEMPORAL – GIROS Giro Occipito-temporal Lateral: está localizado na região lateral da face inferior do cérebro. Giro Para-hipocampal: se liga posteriormente ao giro do cíngulo através de um giro estreito, o istmo do giro do cíngulo. Assim o úncus, o giro para-hipocampal, o istmo do giro do cíngulo e o giro do cíngulo constituem o lobo límbico (comportamento emocional). SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO LOBO FRONTAL – SULCOS E GIROS Sulco olfatório: profundo e de direção ântero-posterior. Giro reto: que localiza-se medialmente ao sulco olfatório. O resto da face inferior do lobo frontal é ocupada por sulcos e giros muito irregulares, os sulcos e giros orbitários. VENTRÍCULOS LATERAIS Os hemisférios cerebrais possuem cavidades revestidas de epêndima e contendo líquido cerebroespinhal, os ventrículos laterais esquerdo e direito, que se comunicam com o III ventrículo pelo respectivo forame interventricular. Exceto pelo forame, cada ventrículo é uma cavidade fechada que apresenta uma parte central e três cornos que correspondem aos três pólos do hemisfério cerebral. MORFOLOGIA DAS PAREDES VENTRICULARES Os elementos que fazem proeminência nas paredesdos ventrículos laterais são o corno anterior, a parte central e os cornos posterior e inferior. Com exceção do corno inferior, todas as partes do ventrículo laterais têm o teto formado pelo corpo caloso. Cada hemisfério possui uma camada superficial de substância cinzenta, o córtex cerebral. que reveste um centro de substância branca, o centro branco medular do cérebro (centro sinovial) - No interior da substância branca existem massas de substância cinzenta, os núcleos da base do cérebro. 1. Córtex (subs. cinzenta) 2. Centro Branco Medular do Cérebro 3. Núcleos da base do cérebro CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO É formado por fibras mielínicas. Distinguem-se dois grupos de fibras; de projeção e de associação. As primeiras ligam o córtex cerebral a centros subcorticais; as segundas unem áreas corticais situadas em pontos diferentes do cérebro. Constituem as três comissuras telencefálicas: corpo caloso, comissura anterior, comissura do fórnix. As fibras de projeção se dispõem em dois feixes: o fórnix e a cápsula interna. O fómix une o córtex do hipocampo ao corpo mamilar e contribui pouco para a fonnação do centro branco medular. O peso do encéfalo de um animal depende de seu peso corporal e da complexidade de seu encéfalo, expressa pelo chamado coeficiente de encefalização (K). No brasileiro adulto normal, o peso do encéfalo do homem está em tomo de 1.300 gramas, e o da mulher, em tomo de 1.200 gramas. DIENCÉFALO O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que corresponde ao prosencéfalo. O cérebro é a parte mais SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO desenvolvida do encéfalo e ocupa cerca de 80% da cavidade craniana. O diencéfalo é uma estrutura ímpar que só é vista na porção mais inferior de cérebro. 3º VENTRÍCULO É uma cavidade no diencéfalo, ímpar, que se comunica com o IV ventrículo pelo aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais pelos respectivos forames interventriculares. Os ventrículos são cavidades revestidas pelas células gliais ependimárias oriundas do neuroepitélio embrionário. Portanto, são remanescentes da luz do tubo neural a medida que o SNC se desenvolve. TÁLAMO São duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovoide, dispostas uma de cada lado na porção laterodorsal do diencéfalo. A extremidade anterior de cada tálamo apresenta uma eminência, o tubérculo anterior do tálamo, que participa na delimitação do forame interventricular. A extremidade posterior consideravelmente maior que a anterior, apresenta uma grande eminência o pulvinar, que se projeta sobre os corpos geniculados lateral e medial. O corpo geniculado medial faz parte da via auditiva; o lateral da via óptica. O tálamo é uma área muito importante do cérebro, relacionada sobretudo com a sensibilidade, Motricidade, comportamento Emocional, Ativação do Córtex, Memoria; HIPOTÁLAMO Porção pequena do diencéfalo (4g), situada abaixo do tálamo, constituído por substancias cinzenta e com funções importantes relacionadas à atividade visceral. Se dispõe nas paredes do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, que separa o tálamo. Formações anatômicas visíveis na face inferior do cérebro: o quiasma óptico, o túber cinéreo, o infundíbulo e os corpos mamilares. Conexões do hipotálamo: Sistema Límbico - Área pré- frontal - Conexões viscerais - Hipófise (eferentes) - Sensoriais (mamilos, orgãos genitais…) O hipotálamo é uma das áreas mais importantes do cérebro, regula o sistema nervoso autônomo e as glândulas endócrinas e é o principal responsável pela constância do meio interno (homeostase ). Funções do hipotálamo - Controle do sistema nervoso autônomo - Regulação da temperatura corporal; - Regulação do comportamento emocional; - Regulação do Equilíbrio Hidrossalino e da Pressão Arterial - Regulação da ingestão de água; - Regulação da diurese; Regulação do sono e da vigília; - Regulação da ingestão de alimentos; - Regulação do sistema endócrino; - Geração e regulação de ritmos circadianos. EPITÁLAMO Seu elemento mais evidente é a glândula pineal. ou epffise, glândula endócrina ímpar e mediana de forma pirifonne, que repousa sobre o teto mesencefálico. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO As funções da glândula pineal e de seu hormônio, a melatonina; vigília-sono; regulação da glicemia; ação antioxidante. SUBTÁLAMO O subtálamo compreende a zona de transição entre o diencéfalo e o tegmento do mesencéfalo. É de difícil visualização nas peças de rotina, pois não se relaciona com as paredes do Hl ventrículo, podendo mais facilmente ser observado em cortes frontais do cérebro. O subtálamo tem função motora. ARBOVIROSES As arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti constituem-se como um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Virus transmitidos por artrópodes; A dengue é a arbovirose urbana de maior relevância nas Américas, e possui como agente etiológico o vírus dengue (DENV), que possui com quatro sorotipos. (DENV- 1,DENV-2, DENV-3 e DENV-4); A chikungunya é causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), um arbovírus artritogênico, que apresenta genoma de RNA de fita simples. O CHIKV é transmitido pela picada de mosquitos do gênero Aedes: A. aegypti e A. albopictus. No BRASIL somente temos o A. AEGYTI! O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus cujo genoma é formado RNA de fita simples de sentido positivo, cujos modos de transmissão, além do vetorial, incluem transfusão de sangue e transplante de órgãos, além da transmissão sexual. As principais manifestações neurológicas em pacientes infectados incluem casos de encefalite, meningoencefalite, mielite e síndrome de Guillain-Barré (SGB); AGENTES ETIOLÓGICOS Os vírus dengue e Zika são vírus de RNA do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, que inclui também o vírus da febre amarela; O vírus chikungunya (CHIKV) pertence ao gênero Alphavirus, da família Togaviridae, e possui quatro genótipos: Oeste Africano, Leste-Centro-Sul Africano (ECSA), Asiático e Oceano Índico (IOL). No Brasil, até o momento foram detectadas as linhagens asiática e ECSA. Quanto ao ZIKV, até o momento são conhecidas e descritas duas linhagens do vírus: uma africana e outra asiática; VETORES Os insetos vetores de dengue, chikungunya e Zika no Brasil são mosquitos da família Culicidae, pertencentes ao gênero Aedes, do subgênero Stegomyia. A espécie Aedes aegypti é a única comprovadamente responsável pela transmissão dessas arboviroses no Brasil. O Aedes albopictus é o vetor da dengue na Ásia. MODO DE TRANSMISSÃO Via vetorial, vertical e transfusional; A principal forma é a vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo humano-vetor- humano. Para o DENV, CHIK e ZIKV, existem registros de transmissão vertical em humanos (gestante-feto); o ZIKV pode ser transmitido por via sexual de uma pessoa infectada (sintomática ou não) para seus parceiros, durante meses após a infecção inicial; PERÍODO DE INCUBAÇÃO E TRANSMISSIBILIDADE período de incubação intrínseco (PII) – que ocorre no ser humano – e outro extrínseco, que acontece no vetor; se diferenciam, de acordo com o vírus envolvido na transmissão e, no caso do período de incubação extrínseco (PIE), também em função da temperatura ambiente; DENV: o período de incubação intrínseco pode variar de quatro a dez dias; Após esse período, inicia-se o período de viremia no homem, que geralmente se inicia um dia antes do aparecimento da febre e se estende até o quinto dia da doença. CHIKV: variar de 1 a 12 dias; O período de viremia no homem pode perdurar por até dez dias e, geralmente, inicia-se dois dias antes do aparecimento dos sintomas. ZIKV: é de dois a sete dias, em média. Estima-se que o período de viremia no homem se estende até o quinto dia do início dos sintomas. SESSÃO 5 DRAMA THAISM. SOUTO PATOGENIA E RESPOSTA IMUNE Após a inoculação dos vírus da dengue, por meio da picada do mosquito, eles são fagocitados pelas células dendríticas (células de Langherhans) residentes no local, transportados aos linfonodos regionais, onde realizam a sua primeira replicação. Essa multiplicação inicial resulta em uma viremia que dissemina esse patógeno por todo o organismo, livre no plasma ou no interior de monócitos. Os vírus da dengue têm tropismo por células fagocitárias, as quais são reconhecidas como importantes sítios para sua replicação. Acredita-se que a resposta imune do hospedeiro à infecção pelos vírus da dengue possa atuar de duas maneiras diferentes. A primeira previne a infecção e propicia a recuperação nas infecções, envolvendo inicialmente a resposta imune inata e sequencialmente, a resposta imune celular e humoral. A segunda relaciona-se à imunopatologia da manifestação hemorrágica da dengue. A infecção primária (primoinfecção) pelos vírus da dengue é controlada inicialmente pela resposta imune inata e celular. Esses vírus estimulam a produção de anticorpos IgM que se tornam detectáveis, em média, a partir do quarto dia após o início dos sintomas, atingindo os níveis mais elevados por volta do sétimo ou oitavo dias e declinando lentamente, a ponto de não serem mais detectáveis após alguns meses. . Os anticorpos da classe IgG, que são observados em níveis baixos a partir da primeira semana do início dos sintomas elevam-se gradualmente atingindo altos valores em duas a três semanas e mantêm-se detectáveis por vários anos, conferindo imunidade contra o sorotipo infectante, provavelmente por toda a vida. As infecções por dengue, em indivíduos que já tiveram contato com outros sorotipos do vírus, ou mesmo outros flavivírus (como os vacinados contra a febre amarela), podem alterar o perfil da resposta imune, que passa a ser do tipo anamnéstico ou de infecção secundária (reinfecção), com baixa produção de IgM, e resposta precoce intensa de IgG. A resposta imune humoral é fundamental para a prevenção e a cura das infecções pelos vírus da dengue. A proteína E, parte do envelope viral, é o alvo dominante dos anticorpos protetores contra a dengue. Esses anticorpos podem promover a lise de células infectadas ou inibir a ligação dos vírus aos receptores celulares com consequente neutralização viral. A proteina NS1 também é um importante alvo de anticorpos antidengue. A resposta imune celular contra o vírus é direcionada para múltiplas proteínas virais, entre elas, C, prM, E, NS1, NS3, NS4B e NS5, porém a proteína NS3 parece ser a mais imunogênica, em relação à imunidade celular, com uma maior preponderância de epítopos de células T identificados. As células T CD4+ e CD8+ reativas ao vírus da dengue produzem predominantemente altos níveis de IFN-γ, TNF-α, TNF-β e quimiocinas, incluindo MIP-1β, após interação com células apresentadoras de antígenos infectadas com o vírus, e também são eficientes na lise das células infectadas in vitro. Nos quadros de dengue, os sintomas gerais de febre e mal-estar relacionam-se à presença, em níveis elevados, de citocinas séricas, como TNF-α, IL-6, IFN-γ etc. As mialgias relacionam-se, em parte, à multiplicação viral no próprio tecido muscular, inclusive o tecido oculomotor é acometido, produzindo cefaleia retrorbitária; PATOGENIA NA DENGUE HEMORRAGICA A presença de antígenos de dengue, expressos na membrana macrofágica, induz fenômenos de eliminação imune por linfócitos T CD4+ e CD8+ citotóxicos. Os macrófagos, ativados pelos linfócitos e agredidos ou lisados pelas células citotóxicas, liberam tromboplastina, que inicia os fenômenos da coagulação e, também, liberam proteases ativadoras do complemento, causadoras da lise celular e do choque. O fator de necrose tumoral a (TNF-α), de origem macrofágica e linfocitária, foi observado em níveis elevados, em casos graves de DHF/DSS. O TNF-α afeta células inflamatórias e endoteliais, podendo contribuir para a trombocitopenia e induz a IL-8, estimulando a liberação de histamina pelos basófilos e aumentando a permeabilidade vascular. A IL- 6 foi observada em níveis elevados, em alguns casos graves de DHF/DSS, e foi relacionada com a hipertermia apresentada pelos pacientes; SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO DENGUE A dengue é a mais importante das “arboviroses”, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, incluindo o BRASIL; Os quatro sorotipos da dengue, denominados dengue 1, 2, 3 e 4, pertencem à família Flaviviridae, gênero Flavivirus Os vírus da dengue, bem como todos os flavivírus, são esféricos, envelopados, com projeções na superfície e medem, aproximadamente, 50 a 60 nm de diâmetro. é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, que pode apresentar um amplo espectro clínico, variando de casos assintomáticos a graves. No curso da doença – em geral debilitante e autolimitada –, a maioria dos pacientes apresenta evolução clínica benigna e se recupera. No entanto, uma parte pode evoluir para formas graves, inclusive óbitos; Os principais vetores da dengue são mosquitos Aedes aegypti e albopictus; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase febril: geralmente acima de 38°C, de início abrupto e com duração de dois a sete dias, associada a cefaleia, astenia, mialgia, artralgia e dor retro-orbitária. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia também podem se fazer presentes. Essa lesão exantemática, presente em grande parte dos casos, é predominantemente do tipo maculopapular, atingindo face, tronco e membros, não poupando regiões palmares e plantares. O exantema também pode se apresentar sob outras formas – com ou sem prurido. Após a fase febril, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado geral e retorno do apetite. Fase crítica: tem início com o declínio da febre (de fervescência), entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença. Os sinais de alarme, quando presentes, ocorrem nessa fase. A maioria deles é resultante do aumento da permeabilidade capilar. Essa condição marca o início da piora clínica do paciente e sua possível evolução para o choque, por extravasamento plasmático. Sem a identificação e o correto manejo nessa fase, alguns pacientes podem evoluir para as formas graves. Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito; OS SINAIS DE ALARME SÃO CARACTERIZADOS PRINCIPALMENTE POR: Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; Vômitos persistentes; Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); Hipotensão postural e/ou lipotimia; Letargia e/ou irritabilidade; Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal; Sangramento de mucosa; Aumento progressivo do hematócrito; Os casos graves de dengue são caracterizados por sangramento grave, disfunção grave de órgãos ou extravasamento grave de plasma. O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido pelo extravasamento. Ocorre quarto e o quinto dia – no intervalo de três a sete dias de doença –, sendo geralmente precedido por sinais de alarme; 12-24 horas Os sinais de choque são: • Pulso rápido e fraco. • Hipotensão arterial. • Pressão arterial (PA) convergente (diferença entre PAS e PAD ≤20 mmHg em crianças – em adultos, o mesmo valor indica choque mais grave). • Extremidades frias. • Enchimento capilar lento. • Pele úmida e pegajosa. • Oligúria. • Manifestações neurológicas, como agitação, convulsões e irritabilidade (em alguns pacientes). Fatores de risco individuais podem determinar a gravidade da doença, a exemplo da idade, da etnia e de doenças associadas, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outrossorotipos. Crianças mais novas podem ser menos competentes que os adultos para compensar o extravasamento capilar e, consequentemente, possuem maior risco de evoluir para o choque. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO CRIANÇAS: A infecção pode ser assintomática, apresentar-se como síndrome febril aguda ou ainda com sinais e sintomas inespecíficos, tais como astenia, sonolência, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas; Em menores de 2 anos de idade, os sinais e os sintomas de dor podem se manifestar por choro persistente, adinamia e irritabilidade. O agravamento nessas crianças, em geral, é mais rápido que no adulto. GESTANTES: Devem ser tratadas de acordo com o estadiamento clínico da dengue e necessitam de observação rigorosa, independentemente da gravidade da doença; IDOSOS: Indivíduos acima de 65 anos estão mais sujeitos à hospitalização e ao desenvolvimento de formas graves da doença. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exames específicos: Para o diagnóstico laboratorial da infecção aguda pelo DENV; Métodos diretos: • Pesquisa de vírus (isolamento viral por inoculação em células). • Pesquisa de genoma do vírus da dengue por transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR). Métodos indiretos: • Pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos (ensaio imunoenzimático – ELISA). • Teste de neutralização por redução de placas (PRNT). • Inibição da hemoaglutinação (IH), Pesquisa de antígeno NS1 (ensaio imunoenzimático – ELISA). Patologia: estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imuno-histoquímica (IHQ). Exames inespecíficos: O hematócrito, a contagem de plaquetas e a dosagem de albumina auxiliam na avaliação e no monitoramento dos pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de dengue, especialmente os que apresentarem sinais de alarme ou gravidade. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO TRATAMENTO DE DENGUE Reposição volêmica adequada, levando-se em consideração o estadiamento da doença (grupos A, B, C e D) segundo os sinais e os sintomas apresentados pelo paciente, assim como no reconhecimento precoce dos sinais de alarme; DENGUE CLÁSSICA A doença causada pelos vírus da dengue, na maioria dos casos, costuma ser benigna, manifestando-se de forma variável quanto ao tipo e à intensidade dos sintomas, segundo características do vírus e da população acometida - início abrupto - Em temperaturas de 39 a 40°C, cefaleia intensa, dor retro-ocular, mialgias, artralgias e manifestações gastrintestinais, como vômitos e anorexia. - Exantema pode surgir no terceiro ou quarto dia de doença e é caracterizado por um exantema intenso em que se salientam pequenas áreas de pele sã (“ilhas brancas em um mar vermelho”) - Prurido de difícil controle - Fenômenos hemorrágicos discretos podem ocorrer (epistaxe, petéquias, gengivorragias) - não é dengue hemorrágica. DENGUE HEMORRÁGICA O quadro costuma iniciar-se de forma abrupta, similar à forma clássica da dengue, com febre alta, náuseas e vômitos, mialgias e artralgias. Os fenômenos hemorrágicos surgem no segundo ou terceiro dia de doença, com petéquias na face, véu palatino, axilas e extremidades. - Os casos propensos a desenvolver DHF/DSS são aqueles que apresentam sinais de alerta, como dor abdominal, vômitos incoercíveis, irritabilidade, entre outros sintomas - É realizado o teste do torniquete ou prova do laço (busca a presença de petéquias); - Hemorragias cutâneas, em trato gastrointestinal, no septo interventricular cardíaco, no pericárdio, em espaços subaracnóideos e superfícies viscerais. Edema perivascular com extravasamento de hemácias e rico em monócitos e linfócitos, “sem” dano na parede vascular. - Coagulação intravascular - Em linfonodos e baço há proliferação linfoplasmocitária, com grande atividade celular e necrose de centros germinativos - Hiperplasia no fígado - palpável e doloroso - Edema da parede da vesícula biliar ao exame ultrassonográfico. - Podem ocorrer púrpuras e grandes equimoses na pele, epistaxes, gengivorragias, metrorragias e hemorragias digestivas moderadas. Posteriormente, tornam-se letárgicos, afebris e com sinais de insuficiência circulatória: pele fria e pegajosa, cianose perioral, pulso rápido e sudorese fria. diagnóstico de DHF/DSS deve ser lembrado sempre que houver um paciente que apresentou um quadro clínico compatível com dengue clássica e que apresente, após 3 a 5 dias do início do quadro, prova do laço positiva, equimoses, petéquias ou púrpuras, sangramento de mucosas, hematêmese ou melena, plaquetopenia (plaquetas < 100.000/mm3), alteração do hematócrito > 20% ou sinais de perda plasmática, tais como derrame pleural, ascite ou hipoproteinemia; na dengue hemorrágica tem como base fisiopatologia um aumento da carga viral resultando de uma cepa virulente ou a facilitação da infecção mediada por anticorpos levando a uma resposta imune exarcerbada, envolvendo células do sistema imune, citocinas e imunocomplexos, causando aumento da permeabilidade por ma função vascular endotelial, sem destruição do endotélio, causado a queda da pressão arterial e manifestações hemorrágicas, associadas a trombocitopenia; Deve levar em consideração para o diagnóstico parâmetros clínicos e laboratoriais - hematócrito elevado em 20% ou mais – plaquetopenia SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a DHF/DSS em quatro graus de gravidade Classificação - Grau I: febre e sintomas inespecíficos tendo como principais achados a plaquetopenia, manifestações hemorrágicas de pequena monta e a prova do laço positiva. Grau II: sintomas contidos no Grau I e presença de fenômenos hemorrágicos espontâneos. Grau III: características do Grau II associado à insuficiência circulatória caracterizada por pulso fraco e rápido, redução da pressão de pulso a 20 mmHg, hipotensão, pele pegajosa e fria, agitação. (Síndrome do choque da dengue) Grau IV: choque profundo caracterizado por ausência de pulso e pressão arterial após o aparecimento dos sintomas dos graus anteriores. (Síndrome do choque da dengue) VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 1- notificar e investigar oportunamente os casos suspeitos de dengue, chikungunya e Zika, para acompanhar, de forma contínua, a evolução temporal desses agravos, e detectar efetivamente mudanças no padrão de ocorrência, surtos e epidemias; 2- realizar análises epidemiológicas descritivas dos casos, em função de variáveis relacionadas a pessoa, tempo e espaço; 3- integrar as informações de vigilância de casos, vigilância entomológica e vigilância laboratorial; e 4- promover a integração entre as áreas de controle vetorial, assistência e demais entes que atuam na prevenção e no controle das arboviroses, visando à adoção de medidas pertinentes capazes de controlar e/ou impedir a transmissão, quando possível, e de reduzir a magnitude, a gravidade e a mortalidade dessas doenças. AÇÕES E ATIVIDADES As ações e as atividades realizadas no âmbito da vigilância em saúde são: • Realizar monitoramento para detecção oportuna da circulação viral de dengue, chikungunya e Zika, incluindo alerta para possíveis mudanças no padrão de circulação desses arbovírus. • Construir, manter, alimentar e retroalimentar sistemas de informações de dengue, chikungunya e Zika, visando ao acompanhamento dessas arboviroses e à construção de indicadores epidemiológicos, para orientar ações, avaliar efetividade dos programas de prevenção e controle, assim como apoiar estudos e pesquisas voltadas ao aprimoramento da vigilância e do controle. • Monitorar a ocorrência de casos graves de dengue, chikungunya e Zika, assim como as manifestações atípicas de chikungunya e a cronicidade da doença,a ocorrência de Zika em gestantes e os casos de manifestações neurológicas possivelmente relacionados à infecção prévia por esses arbovírus. • Contribuir para a redução da magnitude de ocorrência de dengue, chikungunya e Zika, por meio da identificação oportuna de áreas com maior número de casos, visando orientar ações integradas de prevenção, controle e organização da assistência. • Investigar oportunamente os óbitos suspeitos ou confirmados de dengue, chikungunya e Zika, mediante identificação de seus possíveis determinantes e definição de estratégias para aprimoramento da assistência aos casos, evitando a ocorrência de novos óbitos. • Fornecer indicadores epidemiológicos e entomológicos que apoiem o desenvolvimento das ações de controle dessas arboviroses. CASOS SUSPEITOS Caso suspeito de dengue: Indivíduo que resida em área onde se registram casos de dengue ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência, febre, entre dois e sete dias, e duas ou mais das seguintes manifestações: Náusea/vômitos. Exantema. Mialgia/artralgia. Cefaleia/dorretro-orbital. Petéquias/prova do laço positiva. Leucopenia. Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente de (ou residente em) área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete dias, e sem sinais e sintomas indicativos de outra doença; Caso suspeito de dengue com sinais de alarme: É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre, apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme: Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua ou sensibilidade. Vômitos persistentes. Acúmulo de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico). Hipotensão postural e/ou lipotimia. Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal. Letargia/irritabilidade. Sangramento de mucosa. Aumento progressivo do hematócrito; Caso suspeito de dengue grave: uma ou mais das condições a seguir: Choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma; choque evidenciado por taquicardia, pulso débil ou SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO indetectável, taquicardia, extremidades frias e tempo de perfusão capilar >2 segundos, e pressão diferencial convergente <20 mmHg, indicando hipotensão em fase tardia. Sangramento grave segundo a avaliação do médico (exemplos: hematêmese, melena, metrorragia volumosa e sangramento do sistema nervosocentral). Comprometimento grave de órgãos, a exemplo de dano hepático importante (AST/ALT >1.000 U/L), do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite) ou de outros órgãos. CASO CONFIRMADO Confirmado por critério laboratorial; É aquele que atende à definição de caso suspeito de dengue e que foi confirmado por um ou mais dos seguintes testes laboratoriais e seus respectivos resultados: 1. ELISA NS1 reagente. 2. Isolamento viral positivo. 3. RT-PCR detectável (até o quinto dia de início de sintomas da doença). 4. Detecção de anticorpos IgM ELISA (a partir do sexto dia de início de sintomas da doença). 5. Aumento ≥4 vezes nos títulos de anticorpos no PRNT ou teste IH, utilizando amostras pareadas (fase aguda e convalescente). Quando o resultado sorológico for inconclusivo, o PRNT pode ser utilizado em casos graves, óbitos, eventos adversos de vacina, entre outros, após avaliação dos laboratórios em conjunto com a vigilância epidemiológica. Para fins de vigilância, deve-se considerar a definição de caso vigente, os sinais e os sintomas clínicos da doença e o histórico do paciente. As interpretações possíveis dos resultados de pesquisa de anticorpos IgM são listadas a seguir. 1. Os casos com sorologia IgM reagente para dengue e reagente para Zika podem ser interpretados como infecção recente por dengue e/ou Zika, reação cruzada ou coinfecção. 2. Nos casos com sorologia IgM não reagente para dengue e não reagente para Zika, recomenda-se testagem para chikungunya. Caso o resultado seja reagente, confirma infecção recente por chikungunya. 3. Nos casos com sorologia IgM não reagente para dengue, chikungunya e Zika, descarta-se infecção recente por estes arbovírus e encerra-se a investigação. Confirmado por critério clínico-epidemiológico: Na impossibilidade de realização de confirmação laboratorial específica ou para casos com resultados laboratoriais inconclusivos, deve-se considerar a confirmação por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente, após avaliação da distribuição espacial dos casos confirmados. CASO DESCARTADO Todo caso suspeito de dengue que possui um ou mais dos seguintes critérios: Diagnóstico laboratorial não reagente/negativo, desde que as amostras tenham sido coletadas no período oportuno, além de armazenadas e transportadas, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. Diagnóstico laboratorial negativo para dengue e positivo para outra doença. Caso sem exame laboratorial, cujas investigações clínica e epidemiológica são compatíveis com outras doenças. Todo caso suspeito, principalmente gestantes, casos graves e óbitos, deve ser descartado a partir do resultado de duas sorologias não reagentes ou PRNT, em função da possibilidade de reação cruzada entre DENV e ZIKV. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Devido às características da dengue, pode-se destacar seu diagnóstico diferencial em síndromes clínicas, listadas a seguir: Síndrome febril: enteroviroses, influenza e outras viroses respiratórias, hepatites virais, malária, febre tifoide, chikungunya, Zika e outras arboviroses. Síndrome exantemática febril: rubéola, sarampo, escarlatina, eritema infeccioso, exantema súbito, enteroviroses, mononucleose infecciosa, parvovirose, citomegalovirose, farmacodermias, doença de Kawasaki, doença de Henoch-Schonlein, chikungunya, Zika e outras arboviroses. Síndrome hemorrágica febril: hantavirose, febre amarela, leptospirose, malária grave, riquetsioses e púrpuras. Síndrome dolorosa abdominal: apendicite, obstrução intestinal, abscesso hepático, abdome agudo, pneumonia, infecção urinária, colecistite aguda etc. Síndrome do choque: meningococcemia, septicemia, meningite por Haemophilus influenzae tipo B, febre purpúrica brasileira, síndrome do choque tóxico e choque cardiogênico (miocardites). Síndrome meníngea: meningites virais, meningite bacteriana e encefalites. CHIKUNGUNYA As infecções por chikungunya possuem altas taxas de ataque. Estudos mostram que os valores podem variar de 75%-95%, indicando que um número importante de SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO indivíduos acometidos por chikungunya apresenta manifestações clínicas; A doença no paciente pode evoluir em três fases: febril ou aguda, pós-aguda e crônica. A fase aguda da doença tem duração de 5 a 14 dias. A fase pós-aguda tem um curso de até três meses. Se os sintomas persistirem por mais de três meses após o início da doença, considera-se instalada a fase crônica. Em mais de 50% dos casos, a artralgia torna-se crônica, podendo persistir por anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase Aguda (fase febril) - Caracterizada principalmente por febre alta de início súbito (>38,5ºC) e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dorsalgia, exantema, cefaleia, mialgia e fadiga, com duração variável; Duração: dias a algumas semanas. A mialgia, quando presente, geralmente é de intensidade leve a moderada. A rigidez articular matinal é uma queixa frequente. Outros sinais e sintomas: dor retro-ocular, calafrios, conjuntivite não purulenta, faringite, náusea, vômitos, diarreia, dor abdominal e neurite, pode haver linfadenomegalias associadas. FASE PÓS-AGUDA: Normalmente febre desaparece - Pode haver melhora, persistência ou agravamento de artralgia. Síndrome do túnel do carpopode ocorrer como consequência da tenossinovite hipertrófica, sendo muito frequente nas fases pós-aguda e crônica; O comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de intensidade variável; Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga, alopecia e sintomas depressivos. FASE CRÔNICA: Caracterizada pela persistência ou recorrência dos sinais e dos sintomas, dor articular, musculo-esquelética e neuropática, sendo esta última muito frequente nessa fase. Os principais fatores de risco para a cronificação descritos até esse momento são: idade acima de 45 anos, artropatia preexistente e maior intensidade do quadro na fase aguda. Alguns descrevem o tempo de duração dessa fase por mais de seis anos, sendo que, no Brasil, existem pacientes em acompanhamento por chikungunya crônica há mais de quatro anos. Um caso atípico é considerado grave quando requer hospitalização. As formas graves da infecção pelo CHIKV acometem, com maior frequência, pacientes com doenças associadas (diabetes, hipertensão arterial sistêmica, asma, cardiopatia, alcoolismo, doenças reumatológicas, anemia falciforme, talassemia), crianças menores de 2 anos, pacientes com idade acima de 65 anos e aqueles que estão em uso de alguns fármacos; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Métodos diretos • Pesquisa de vírus (isolamento viral por inoculação em células e camundongos recém-nascidos). • Pesquisa de genoma do vírus da chikungunya por reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT- PCR). Métodos indiretos • Pesquisa de anticorpos IgM/IgG por testes sorológicos (ensaio imunoenzimático – ELISA). • Demonstração de soroconversão nos títulos de anticorpos (não reagente → reagente por ELISA e IH) ou por alteração de ≥4 vezes no PRNT entre as amostras nas fases aguda (a partir do 5º dia) e convalescente (após 15 dias da primeira coleta). • Inibição da hemaglutinação (IH). • Patologia: estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imuno- -histoquímica (IHQ). O diagnóstico laboratorial específico na fase crônica da infecção pelo CHIKV é feito por meio da sorologia. Exames inespecíficos: leucopenia; linfopenia; trombocitopenia; velocidade de hemossedimentação e Proteina C reativa; TRATAMENTO Não há tratamento antiviral específico para Chikungunya; A terapia utilizada é analgesia e suporte. É necessário estimular a hidratação oral dos pacientes. Os anti-inflamatórios não esteroides e os corticosteroides não devem ser utilizados na fase aguda da doença. O ácido acetilsalicílico também é contraindicado na fase aguda, pelo risco de síndrome de Reye e de sangramento. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO Recomenda-se tratamento não farmacológico, concomitante ao tratamento farmacológico, por meio de fisioterapia e/ou de exercícios de intensidade leve ou moderada e de crioterapia; VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE CHIKUNGUNYA Caso suspeito de Chikungunya: Paciente com febre de início súbito maior que 38,5o C e artralgia ou artrite intensa de início agudo, não explicado por outras condições, residente em (ou que tenha visitado) áreas com transmissão até duas semanas antes do início dos sintomas, ou que tenha vínculo epidemiológico com caso importado confirmado; Caso confirmado Caso confirmado por critério laboratorial: É todo caso suspeito de chikungunya confirmado laboratorialmente por: isolamento viral positivo, detecção de RNA viral por RT-PCR, detecção de IgM em uma única amostra de soro durante a fase aguda (a partir do sexto dia) ou convalescente (15 dias após o início dos sintomas), demonstração de soroconversão entre as amostras na fase aguda (primeira amostra) e convalescente (segunda amostra) ou detecção de IgG em amostras coletadas de pacientes na fase crônica da doença, com clínica sugestiva. • Sorologia IgM reagente para chikungunya: confirma infecção recente por chikungunya e encerra investigação laboratorial. • Sorologia IgM não reagente para chikungunya: descarta infecção recente por chikungunya e direciona o diagnóstico para confirmação de infecção recente por dengue e Zika (IgM). • Sorologia IgM não reagente para dengue, não reagente para Zika e não reagente para chikungunya (fase aguda): descarta infecção recente por dengue e por Zika e direciona o diagnóstico para confirmação de infecção por chikungunya (IgM) em uma segunda amostra } sorologia IgM reagente para chikungunya na segunda amostra: confirma infecção recente por chikungunya e encerra investigação laboratorial; } sorologia IgM não reagente para chikungunya na segunda amostra: descarta a infecção por CHIKV. • Sorologia IgG reagente para chikungunya: indica exposição prévia com CHIKV. Caso confirmado por critério clínico-epidemiológico: Na impossibilidade de realização de confirmação laboratorial específica ou em casos com resultados laboratoriais inconclusivos, deve-se considerar a confirmação por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente, após avaliação da distribuição espacial dos casos confirmados ZIKA As formas de transmissão do vírus documentadas, além da vetorial, são: sexual, pós- -transfusional e vertical (transplacentária); o sintoma que ocasiona a busca pelo serviço de saúde é o exantema pruriginoso; O vírus mostrou-se potencialmente teratogênico, estando associado a casos graves de malformações congênitas. Há associação da microcefalia com o vírus Zika; O ZIKV, à semelhança de outros Flavivirus, também é neurotrópico. Desde as primeiras investigações da microcefalia e de estudos subsequentes, no Brasil e em outros lugares, está claro que o ZIKV é uma causa de uma série de distúrbios neurológicos, incluindo a síndrome de Guillain-Barré (SGB) e anormalidades em fetos e recém- nascidos, incluindo as malformações congênitas, em que se destaca a microcefalia; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A infecção pelo vírus Zika pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, pode apresentar quadro clínico variável, desde manifestações brandas e autolimitadas até complicações neurológicas e malformações congênitas. Período de incubação: varia de dois a sete dias. Na maioria das vezes, a doença é autolimitada, durando aproximadamente de quatro a sete dias, podendo estar acompanhada comumente das seguintes manifestações: febre baixa (≤38,5°C) ou ausente, exantema (geralmente pruriginoso e maculopapular craniocaudal) de início precoce, conjuntivite não purulenta, artralgia, edema periarticular, cefaleia, linfonodomegalia, astenia e mialgia; Artralgia menos intensa comparada com Chikungunya; Gestantes infectadas, mesmo as assintomáticas, podem transmitir o vírus ao feto. Essa forma de transmissão da infecção pode resultar em aborto espontâneo, óbito fetal ou malformações congênitas. DIAGNOSTICO Método direto: Pesquisa de vírus e RT-PCR Método Indireto: ELISA, Teste de neutralização por redução de placas (PRNT), Inibição da hemaglutinação(IH). SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO Patologia: estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imuno-histoquímica (IHQ). TRATAMENTO Para os quadros sintomáticos, aplicam-se as seguintes medidas: Repouso relativo, enquanto durar a febre. Estímulo à ingestão de líquidos. Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre. Não administração de ácido acetilsalicílico. Administração de anti-histamínicos. Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em casos de sensação de formigamento de membros ou alterações do nível de consciência (para investigação de SGB e de outros quadros neurológicos). Ante a queixa de alteração visual, encaminhamento ao oftalmologista para avaliação e tratamento. Medidas de vigilância em saúde Envolvem uma sequência de açõesdiferenciadas, estabelecidas de acordo com a situação epidemiológica do munícipio, do nível da infestação pelo Aedes e da circulação DENV, CHIKV e ZIKV em cada área; É importante que se compare a ocorrência de casos no ano em curso, por semana epidemiológica, com a transmissão esperada para o local, e que se analisem as notificações de dengue, chikungunya e Zika de forma integrada, avaliando qual doença provavelmente predomina na localidade; Os dados sobre os exames específicos disponíveis no Gerenciador de Ambiente Laboratorial devem ser acrescentados às análises do Sinan, no sentido de se identificar a taxa de positividade para cada uma dessas arboviroses, evitando que se subestime a real situação do local; O monitoramento detalhado dos arbovírus circulantes deve ser realizado de modo permanente, com o objetivo de detectar oportunamente a circulação viral de dengue (sorotipos), chikungunya e Zika. Ações de controle vetorial Orientam medidas individuais como uso de telas e repelentes pelos pacientes durante o período de viremia; É importante ressaltar a realização das ações de bloqueio, diante dos primeiros casos suspeitos na localidade, com orientação à comunidade, aplicação de adulticida e controle casa a casa no perímetro do local de provável infecção. Manejo integrado de vetores Otimiza os recursos disponíveis, procurando melhorar a eficácia e eficiência dos programas de controle; Prioriza a utilização de métodos sustentáveis e ecologicamente adequados, que permitam o uso racional de inseticidas e proteção da população quanto às doenças transmitidas por vetores; Processo cíclico: Análise situacional – utilização integrada de informações epidemiológicas e entomológicas e de outros determinantes da doença; Desenho das operações e planificação – identificação das melhores ferramentas de controle; Implementação – adoção das ferramentas de controle adequadas às características dos vetores e ao comportamento da população; Monitoramento e avaliação – avalia-se o êxito dos resultados das medidas implementadas que servirão de base para um planejamento futuro. Vigilância entomológica É uma atividade baseada em indicadores para detectar a presença, a distribuição geográfica e a densidade dos vetores no tempo e no espaço, permitindo estimar os riscos de transmissão de patógenos. Tem como finalidade recomendar e direcionar medidas de prevenção e controle dos riscos biológicos, por meio do MIV. Objetivos: - Conhecer as espécies vetoras no território e seus aspectos biológicos e ecológicos; - Identificar e classificar seus locais de reprodução; - Avaliar os níveis de infestação vetorial e suas variações sazonais; - Estratificar áreas conforme a densidade de infestação; - Propor, de acordo com as evidências entomológicas, as ações de prevenção e controle vetorial; - Avaliar o impacto das ações de controle vetorial desenvolvidas; - Monitorar a susceptibilidade/resistência dos vetores a inseticidas. ● Os principais indicadores são aqueles relacionados à fase de larva, à fase de ovo, à fase de adulto. Município não infestado: aquele em que não foi detectada a presença disseminada do vetor nos domicílios. Nos municípios anteriormente infectados, considera-se que não têm infestação os que permanecerem por 12 meses consecutivos sem a SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO presença do vetor, de acordo com os resultados do levantamento de índice bimestral ou do monitoramento por intermédio de armadilha; O objetivo é monitorar a introdução do Aedes, para detectar seus focos e debelá-los precocemente; Devem ainda, serem executadas as seguintes atividades: - Notificação imediata de casos suspeitos; - Investigação do caso suspeito, para detectar o LPI; - Realização de busca ativa de casos suspeitos sintomáticos que não procuraram o serviço de saúde; - Solicitação da coleta de amostras de sangue dos casos suspeitos e encaminhamento imediato ao laboratório de referência para confirmação laboratorial, que é obrigatória nessas áreas. ● Observação: ovitrampas é o depósito de plástico na cor preta, com capacidade de 500 mL, contendo uma palheta de Eucatex para coletar as oviposições das fêmeas (inspeção semanal) e entende-se como lavitrampa o depósito geralmente jeito de secções transversais de pneus (inspeção semanal). Munícipio infestado sem transmissão de dengue, chikungunya e/ou Zika: aquele que apresenta disseminação e manutenção do vetor nos domicílios; ● Objetivo é acompanhar, ao longo do tempo, a distribuição geográfica e a densidade populacional do vetor, realizando monitoramento com ovitrampas e/ou pesquisa larvária para identificação das áreas de maior risco para a introdução dos vírus; Município infestado com história prévia de transmissão de dengue, chikungunya e/ou Zika Objetivo é detectar precocemente a circulação viral nos períodos não epidêmicos (baixa transmissão), identificar o vírus predominante em circulação e reduzir a ocorrência de casos e o tempo de duração da epidemia nos períodos epidêmicos, caso ocorra. Ações para períodos não epidêmicos. Realizar atividades de vigilância entomológica rotineiramente; -Utilizar larvicidas, quando indicados, nos recipientes que não possam ser removidos, destruídos, descartados, cobertos ou manejados, de forma que se tornem incapazes de permitir a reprodução do vetor; - Intensificar as ações de controle; - Vigilância ativa. Ações para períodos epidêmicos - As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da população, mutirões de limpeza e tratamento de pontos estratégicos e locais com maior concentração de pessoas, como escolas, unidades de saúde e rodoviárias) devem ser intensificadas na ocorrência de surto ou epidemia; -Delimitação dos quarteirões da área de transmissão; -Avaliar indicadores entomológicos; -Ações de eliminação mecânica; - Tratamento de criadouros; -Aplicações espaciais de inseticida a ultra baixo volume (surtos ou epidemias); -Manutenção da notificação compulsória; -Informação e comunicação em saúde; -Análise da distribuição espacial dos casos; -Acompanhar indicadores; -Monitorar e orientar a realização de exames específicos; -Monitoramento viral. Medidas de proteção individual Utilizar roupas que minimizem a exposição e proporcionem proteção a picadas de vetores; Repelentes compostos por DEET, IR3535 ou lcaridin; A instalação de mosquiteiros e estruturas de proteção no domicílio, como telas em janelas e portas, ajuda a prevenir a picada dos vetores. Educação em saúde, comunicação e mobilização social ● As ações de comunicação são de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS, devendo ser conduzidas de forma intersetorial, com apoio de entidades da sociedade civil; ● Devem ser utilizados meios de comunicação em massa, por seu grande alcance e eficácia, a exemplo das ferramentas de monitoramento da internet (sites e portais) e interação via redes sociais, que podem ser instrumentos complementares no período epidêmico; ● É muito importante, especialmente nos meses que antecedem às condições climáticas que favorecem o aumento da transmissão, a informação e mobilização da população para a remoção dos criadouros; ● Em períodos epidêmicos: transmitir informações atualizadas geradas pelas áreas técnicas; divulgar sinais e sintomas da complicação das doenças transmitidas pelo Aedes; transmitir alerta dos profissionais de saúde à população sobre a necessidade de eliminação dos criadouros e perigos da automedicação; orientar a população à procurar a UBS, ao surgirem os primeiros sintomas; ● Recomenda-se que defina um porta-voz para esclarecimento de informações; ● A classificação de risco, a identificação de casos suspeitos, o estadiamentoclínico, o manejo adequado e SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO a organização dos serviços de saúde são fatores importantes para evitar a ocorrência dos óbitos. ASSISTENCIA AO PACIENTE Uma vez detectado aumento da ocorrência de casos, é preciso adotar, concomitantemente, as seguintes medidas: • Organização imediata da rede de atenção à saúde, de maneira a se garantir o rápido atendimento aos pacientes, ofertado em horários diferenciados. • Capacitação dos profissionais de saúde de acordo com a necessidade, no diagnóstico e tratamento dessas doenças, em suas diversas apresentações clínicas. • Disponibilização do protocolo de atendimento padronizado para toda a rede. • Divulgação das unidades de referência para os casos. • Notificação de todos os casos suspeitos. Discorrer sobre o ciclo de vida do Aedes aegypti. A transmissão dos vírus da dengue envolve mosquitos do gênero Aedes que se infectam após picarem indivíduos virêmicos e transferem, pela picada, e após replicação em seu organismo, os vírus ao indivíduo suscetível, determinando, dessa forma, o ciclo de transmissão; O único animal reservatório a participar no ciclo transmissor dos vírus da dengue é o próprio homem; É um mosquito considerado cosmopolita, ocorrendo principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, tendo resistência limitada a baixas temperaturas e altitudes elevadas; Mosquito urbano, facilmente encontrado em domicílios e áreas peridomiciliares; O mosquito Aedes aegypti é, sem dúvida, o mais importante vetor da dengue, em razão da sua antropofilia e de seus habitats urbano-domésticos; o mosquito permanece infectante até o final da sua vida (seis a oito semanas), sendo capaz de transmitir o vírus para o homem; O período de incubação é influenciado por fatores ambientais, especialmente a temperatura; ● Os vírus da dengue multiplicam-se no aparelho digestivo do mosquito, disseminando-se por diferentes tecidos do inseto. A chegada do vírus às glândulas salivares, após um período de incubação, dito extrínseco, com duração média de 7 a 11 dias, determina o início da transmissão viral pelo mosquito, que passa a transmitilo por toda a vida. ● Outra forma de transmissão que ocorre entre os mosquitos é a transovariana. Ou seja, diretamente para a prole, dispensando o homem no ciclo mantenedor. Mesmo em baixos níveis, poderia manter os vírus durante as estações secas ou frias, quando não existirem mosquitos adultos ou reservatórios. Isso se deve ao fato de os ovos de Aedes podem se manter viáveis na natureza por até um ano e meio e, após contato com a água, eles iniciam seu ciclo que pode variar de 12 a 15 a dias. Ciclo do Aedes aegypti ● Faz sua oviposição em depósitos artificiais de água, tais como pneus, latas, tanques, barris, tonéis, caixas-d’água, vasos de plantas aquáticas, cascas de ovo, oco de bambu etc. ● Os ovos são postos alguns milímetros acima da linha de água, fixando-se à parede do recipiente onde resistem à dessecação, podendo permanecer viáveis por mais de um ano; ● Os ovos iniciam seu ciclo evolutivo para larva, pupa e mosquito adulto, quando em contato com a água, em temperatura adequada; ● Os mosquitos adultos possuem pequeno raio de ação, mantendo-se, em geral, toda a vida, a uma distancia não maior que 200 m dos locais da oviposição. Caracterizar o perfil epidemiológico da dengue, Zika e chikungunya no Estado de acordo com o seco e ciclo de vida dos acometidos; Demonstrar os aspectos epidemiológicos das doenças neuroinvasivas por arbovírus na Bahia. Neuroinvasivas por Arbovírus O acompanhamento das doenças neuroinvasivas por arbovírus é realizado através de vigilância sentinela SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO objetivando monitorar as ocorrências dos casos; detectar precocemente padrões quanto a sua ocorrência; identificar possíveis agentes envolvidos; caracterizar o perfil epidemiológico; detectar a introdução, disseminação e reemergência de outros arbovírus neurotrópicos e fornecer indicadores epidemiológicos; Foram definidas, na Bahia, unidades hospitalares, de forma regionalizada, para atender aos objetivos de aprimoramento da vigilância sentinela (Hospital Geral Vitória da Conquista, Hospital Geral Prado Valadares, Hospital Geral Cleriston Andrade e Hospital Couto Maia), mas apesar destas unidades, não implica que outras unidades e/ou municípios identifiquem alguma ocorrência de DNA e realizem a notificação; ● Manifestações monitoradas: encefalite viral aguda, mielite transversa viral aguda, encefalomielite disseminada aguda e síndrome de Giullan-Barré. Bahia – 2022: ● SGB: 58.8% ● Encefalite viral: 19.6% ● Mielite transversa aguda: 4.3% ● Encefalomielite disseminada aguda: 4.3% ● Outras: 6.5% ● Ignorado: 6.5% Bahia – 2018 a 2022: Ao analisar os anos de 2018 até 2022, o ano de 2020 teve mais notificações, seguidos de 2021 e 2022; Quanto ao processo de classificação final como confirmado entre os anos de 2018 a 2022, destacam-se: Salvador, Ipirá e Feira de Santana, Baixa Grande; No ano de 2022, dos 03 confirmados, foram 01 confirmação em Baixa Grande, Ipirá e Salvador, respectivamente; ● Macrorregião: Leste e Centro Leste; ● Sexo masculino (61%); ● Idades entre 30 e 39 anos (19,6%); ● Cor parda (83%); ● Pacientes obtiveram mais alta do que óbito. ZIKA ● 2015 e 2016 apresentaram maior número de casos suspeitos e coeficiente de incidência, em relação a 2017 e 2018; ● Faixa etária mais acometida entre 2015 e 2018: 20 a 29 anos e 30 a 39 anos. Chikungunya ● Entre 2014 a 2018: maior incidência em 2016, 2015, 2017, 2018, 2014, respectivamente; ● Em 2018: maior número de casos notificados no extremo sul, seguido do Leste; ● Em 2018: maior número de casos suspeitos quanto à faixa etária foi de 30 a 39 anos, seguido de 20 a 29 anos e em terceiro lugar de 40 a 49 anos. DENGUE ● Maior número de casos notificados e incidência de dengue: 2009, 2016 e 2013, respectivamente; ● Faixa etária: - 2017: 20 a 29 anos (21.6%); 30 a 39 anos (18.6%); 40 a 49 anos e 15 a 19 anos (11.6%); - 2018: 20 a 29 anos (20.1%); 30 a 39 anos (19.6%); 40 a 49 anos (13.3%); ● Sexo 2017 e 2018: maior incidência no sexo feminino; ● Ocupação 2017 e 2018: estudante, seguido de donas de casa. ● Macrorregião 2018: oeste; sudoeste; leste. Descrever o protocolo de atendimentos e encaminhamentos no SUS nos casos de dengue, de acordo com os sinais e sintomas apresentados pelos usuários. Classificação de risco ● Grupo A – atendimento de acordo com o horário de chegada; ● Grupo B – prioridade não-urgente; ● Grupo C – urgência, atendimento o mais rápido possível; ● Grupo D – emergência, paciente com necessidade de atendimento imediato. Grupo A Caso suspeito de dengue, com ausência de sinais de alarme e sem comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas especiais. Conduta: exames laboratoriais complementares a critério médico; prescrever paracetamol e/ou dipirona; não utilizar salicilatos ou anti- inflamatórios não esteroides; orientar repouso e prescrever dieta e hidratação oral. Orientar o paciente para não se automedicar; procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme; Agendar o retorno para reavaliação clínica no dia de melhora da febre; caso não haja defervescência, retornar no quinto dia de doença; Notificar, preencher “cartão da dengue” e liberar o paciente para domicilio com orientações; Orientar sobre a eliminação de criadouros do Aedes aegypti; Os exames específicos para confirmação não são necessários para conduta clínica. Sua realização deve ser orientada de acordo com a situação epidemiológica. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO Grupo B Caso suspeito de dengue, ausência de sinaisde alarme, com sangramento espontâneo de pele (petéquias) ou induzido (prova do laço), condições clínicas especiais e/ou de risco social ou comorbidades; Solicitar exames complementares: hemograma completo, obrigatório para todos os pacientes; colher amostra no momento do atendimento; liberar o resultado em até duas horas, ou no máximo quatro horas; avaliar a hemoconcentração; outros exames deverão ser solicitados de acordo com a condição clínica associada ou a critério médico; O paciente deve permanecer em acompanhamento e observação até o resultado dos exames; ● Prescrever hidratação oral conforme recomendado para o grupo A, até o resultado dos exames; ● Prescrever paracetamol e/ou dipirona; ● Seguir conduta conforme reavaliação clínica e resultados laboratoriais: - Paciente com hematócrito normal: tratamento em regime ambulatorial com reavaliação clínica diária; agendar o retorno para reclassificação do paciente, com reavaliação clínica e laboratorial diária, até 48 horas após a queda da febre, ou imediata, na presença de sinais de alarme; orientar o paciente para não se automedicar, permanecer em repouso e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme; preencher o “cartão da dengue” e liberar o paciente para domicílio com orientações; orientar sobre a eliminação de criadouros do Aedes aegypti; - Paciente com surgimento de sinais de alarme: seguir a conduta do grupo C. ● Notificar o caso; ● Os exames específicos para confirmação não são necessários para conduta clínica. Sua realização deve ser orientada de acordo com a situação epidemiológica. Grupo C Caso suspeito de dengue, presença de algum sinal de alarme. Iniciar reposição volêmica imediata, em qualquer ponto de atenção: - Reposição volêmica com 10 ml/kg de soro fisiológico na primeira hora; - Deve permanecer em acompanhamento em leito de internação até estabilização (mínimo de 48 horas); Realizar exames complementares obrigatórios - Hemograma completo; - Dosagem de albumina sérica e transaminases. Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax e ultrassonografia de abdome; Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma; Proceder a reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese: desejável 1 ml/kg/h) após uma hora, manter a hidratação de 10 ml/kg/h, na segunda hora, até a avaliação do hematócrito que deverá ocorrer em duas horas (após a etapa de reposição volêmica). Sendo o total máximo de cada fase de expansão 10 ml/kg em duas horas, para garantir administração gradativa e monitorada; Se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos, repetir a fase de expansão até três vezes. Seguir a orientação de reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese) após uma hora, e de hematócrito em duas horas (após conclusão de cada etapa); Se houver melhora clínica e laboratorial após a fase de expansão, iniciar a fase de manutenção: - Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Se houver melhora iniciar segunda fase; - Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fisiológico e 2/3 com soro glicosado. Se não houver melhora clínica e laboratorial, conduzir com grupo D; Pacientes do grupo C precisam de avaliação contínua, se necessário pela equipe de enfermagem. Na presença de qualquer sinal de agravamento ou choque a reavaliação médica deve ser IMEDIATA; Exames para a confirmação de dengue são obrigatórios para os pacientes do grupo C, mas não são essenciais para a conduta clínica. Na primeira coleta de sangue, solicitar realização destes exames, atentando para a necessidade de acondicionamento adequado; Prescrever paracetamol e/ou dipirona; Notificar o caso; Após preencher os critérios de alta, o retorno para a reavaliação clinica e laboratorial segue orientação conforme grupo B; Preencher cartão de acompanhamento; Orientar sobre a eliminação de criadouros Aedes aegypti e sobre a importância do retorno para reavaliação clínica; Os pacientes do grupo C devem permanecer em leito de internação até estabilização e critérios de alta, por um período mínimo de 48 horas. Grupo D Caso suspeito de dengue, presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos. Reposição volêmica (adultos e crianças); SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO Iniciar imediatamente fase de expansão rápida parenteral, com solução salina isotônica: 20 ml/kg em até 20 minutos, em qualquer nível de complexidade, inclusive durante eventual transferência para uma unidade de referência, mesmo na ausência de exames complementares (caso necessário, repetir por até três vezes, de acordo com avaliação clínica); Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito em duas horas. Estes pacientes precisam ser continuamente monitorados; Repetir fase de expansão até três vezes; Se houver melhora clínica e laboratorial após fase de expansão, retornar a fase de expansão do grupo C e seguir a conduta recomendada para o grupo; Estes pacientes devem permanecer em acompanhamento em leito de UTI até estabilização (mínimo de 48 horas), e após estabilização permanecer em leito de internação; Realizar exames complementares obrigatórios - Hemograma completo; - Dosagem de albumina sérica e transaminases. Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax e ultrassonografia de abdome; Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma; Exames para a confirmação de dengue são obrigatórios, mas não são essenciais para a conduta clínica. Na primeira coleta de sangue, solicitar realização desses exames, atentando para a necessidade de acondicionamento adequado; Acompanhamento em leito de terapia intensiva; No caso de resposta inadequada, caracterizada pela persistência do choque, deve-se avaliar: - Se o hematócrito estiver em ascensão, após a reposição volêmica adequada, utilizar expansores plasmáticos (albumina 0,5-1 g/kg); na falta desta, usar coloides sintéticos 10 ml/kg/h; - Se o hematócrito estiver em queda e houver persistência do choque – investigar hemorragias e avaliar a coagulação; - Na presença de hemorragia, transfundir concentrado de hemácias (10 a 15 ml/kg/dia); - Na presença de coagulopatias avaliar a necessidade de uso de plasma fresco (10 ml/kg), vitamina K endovenosa e crioprecipitado (1 U para cada 5-10kg); - Considerar a transfusão de plaquetas nas seguintes condições: sangramento persistente não controlado, depois de corrigidos os fatores de coagulação e do coque, e com trombocitopenia e INR maior que 1,5 vezes o valor normal; Se o hematócrito estiver em queda com resolução do choque, ausência de sangramentos, mas com surgimentos de outros sinais de gravidade, observar: - Sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e investigar hiper-hidratação; - Deve- se tratar com diminuição importante da infusão de líquido, uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário. A infusão de líquidos deve ser interrompida ou reduzida à velocidade mínima necessária se: - Houver término do extravasamento plasmático; - Normalização da PA, pulso e perfusão periférica; - Diminuição do hematócrito, na ausência de sangramento; - Diurese normalizada; - Resolução dos sintomas abdominais. Notificar o caso; Após preencher os critérios de alta, o retorno para reavaliação clínica e laboratorial segue orientação conforme o grupo B; Preencher o cartão de acompanhamento; Orientar o retorno após a alta. SESSÃO 5 DRAMA THAIS M. SOUTO A prova do laço deve ser realizada na triagem, obrigatoriamente,em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresente sangramento espontâneo. A prova deverá ser repetida no acompanhamento clínico do paciente apenas se previamente negativa. MODO
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