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SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Objetivo Educacional: Descrever o ciclo biológico, a epidemiologia, a fisiopatologia, o quadro clínico, diagnósticos e tratamentos das enteroparasitoses relacionadas à contaminação da água e solo – A. lumbricoides, A. duodenale, T. trichiura, E. vermicularis, S. stercoralis, G. lamblia, E. histolytica, S. mansoni. Conteúdo Pedagógico: Protozoários e helmintos relacionados à contaminação da água e do solo: características estruturais, ciclo de vida, fatores de virulência, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico laboratorial, prevenção e tratamento. AMEBÍASE É doença infecciosa que atinge o trato gastrointestinal humano causada pelo patógeno E. histolytica (EH). A Entamoeba histolytica é um protozoário da superclasse Rhizopoda, com mobilidade dependente de pseudópodos. (englobam partículas como macrófagos) A família Entamoebidae engloba os gêneros: Endolimax, Iodamoeba, Cytamoeba, Dobellina, Endamoeba e Entamoeba, sendo seis espécies: histolytica, dispar, hartmanni, polecki, coli, moshkovski, Apenas a E. histolytica é considerada patogênica para o ser humano. É um patógeno humano-específico, sendo considerado um dos mais potentes matadores de células, entre os agentes infecciosos. Tem ação citolítica como os linfócitos citotóxicos. Esse parasita é capaz de aderir e ingerir bactérias não opsonizadas, contendo galactose (ou NacGlc) na sua superfície. O ferro é nutriente necessário para crescimento das amebas. Morfologia A E. histolytica:trofozoítos e cistos. TROFOZOÍTO: São uninucleados, móveis, ao contrário dos cistos, que são inertes. Como as E. histolytica não possuem mitocôndrias, a via metabólica mais utilizada é a conversão anaeróbica de glicose e piruvato a etanol. Eles depletam o muco intestinal e passam a interagir com as células humanas, fagocitando-as e progredindo para o interior do epitélio intestinal. Podem também permanecer confinados ao lúmen intestinal como “hóspedes”, alimentando-se de bactérias e restos celulares. Sob certas condições, como o perfil genético, imunoenzimático, a capacidade de produção de enzimas proteolíticas, e a resistência à lise pelo complemento, o trofozoíto torna-se virulento e inicia a invasão da mucosa intestinal. Ou seja, ele vive sem causar dano, e quando causa dano é devido a fatores do individuo; CISTOS: Os trofozoítos passam para os estágios pré-císticos e císticos, dentro do cólon, apresentando cerca de 10 a 15 mm de diâmetro médio. Os cistos são redondos e contêm: quatro núcleos, glicogênio e formações ribossomais, denominadas corpos cromatoides. Quando ingeridos, conseguem atravessar a barreira do suco gástrico, localizando-se no íleo terminal e cólon, onde sofrem o desencistamento, liberando oito trofozoítos em média, após a divisão nuclear. Os trofozoítos no intestino grosso podem ser invasivos; O processo de encistamento é ativo, consumindo energia por via glicolítica anaeróbica. Os cistos são envolvidos por uma membrana de quitina, polímero da N-Acetil-D- Glucosamina (NAcGlc). -A contaminação se da pela ingestão de água ou alimentos contaminados com o CISTO MADURO; assim ocorre a degradação do cisto dentro do intestino, assim geração de TROFOZOITOS (estagio adulto) que migra ao intestino grosso vivendo e liberando mais cistos. -Ocorre a reprodução dos trofozoítos por fissão binaria ou bipartição; os trofozoítos atravessam a parede do intestino grosso invadindo a mucosa intestinal, na corrente sanguínea atacam outros órgãos como fígado, pulmões e cérebro. Após ocorre o Enquistamento – conversão em cistos- CISTO IMATURO- cisto em quatro núcleos, os cistos saem SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO do hospedeiro através das fezes. Ocorrendo assim seu ciclo de transmissão. infecção menos comuns, sexo oral e anal; FISIOPATOLOGIA O trofozoíto móvel alimenta-se de bactérias e tecidos, reproduz-se, coloniza o lúmen e a mucosa do intestino grosso e, às vezes, invade tecidos e órgãos. Somente os cistos podem sobreviver ao meio ambiente e possuem resistência, assim são eles que fazem a contaminação e transmissão do parasita. EPIDEMIOLOGIA É considerada a terceira causa mais importante de morbidade e mortalidade, depois da malária e esquistossomose. De distribuição universal; A doença invasiva, suficiente para causar a resposta anticórpica, pode ser intestinal ou extraintestinal. Intestinal: a resposta anticórpica será tanto maior e prolongada quanto mais intensa a colite, com febre, disenteria e toxemia (50 a 80% dos pacientes formam anticorpos). A forma extraintestinal mais comum é o abscesso hepático, que é muito menos frequente. São considerados fatores de risco para a infecção amebiana: o clima, a baixa condição socioeconômica, a higiene precária, a falta de suprimento de água tratada, a viagem a regiões endêmicas, entre outros. No Brasil, a amebíase tem sido encontrada com frequência na Amazônia. A incidência de amebíase hepática difere de uma região para outra, sendo incomum na região Sul, e comum na região Norte. PATOGENIA E. histolytica: é a espécie patogênica e, apesar disso, não produz sintomas clínicos, em cerca de 10 a 40% dos indivíduos infectados. Mesmo assim desenvolvem anticorpos no soro e sinais invasivos no tecido; E. dispar: é espécie não patogênica, que se aloja no intestino grosso dos indivíduos infectados, mas não evolui para a amebíase invasiva e, consequentemente, não induz a resposta humoral do hospedeiro. 90% das infecções; Há vários elementos que permitem diferenciar as cepas patogênicas/invasivas de E. histolytica, das cepas de E. dispar não patogênicas; (ZIMODEMOS; DETECÇÃO DE ANTÍGENO DE E. HISTOLYTICA; ANÁLISE DO DNA GENÔMICO DA E. HISTOLYTICA; ANÁLISE DO RNA RIBOSSOMAL (rRNA) DA E. HISTOLYTICA; CISTEÍNA- PROTEINASE QUADRO CLINICO AMEBÍASE INTESTINAL- INFECCAO ASSINTOMATICA Responde a 80-99% dos casos, caracterizando o estado portador não invasivo. É a colonização do parasito no interior da luz intestinal. Infecção sintomática: Características das cepas de E. histolytica, bem como fatores do hospedeiro, como suscetibilidade genética, idade e imunocompetência determinam se a infecção será assintomática ou invasiva. A idade jovem, a gravidez, o tratamento com corticosteroides e o alcoolismo são fatores de risco para doença grave e maior mortalidade por E. histolytica. Há quatro formas clínicas da amebíase intestinal invasiva, geralmente de apresentação aguda: Disenteria ou diarreia sanguinolenta. Colite fulminante. Apendicite amebiana. Ameboma do cólon. O sangramento retal sem diarreia pode ser encontrado em crianças; O risco de evolução para formas fulminantes da doença (colite fulminante) depende de fatores como a idade, a gravidez, a desnutrição, a doença sistêmica de base ou o tratamento com corticosteroides. Essas formas clínicas se apresentam com diarreia sanguinolenta abundante, febre, grande leucocitose e dor abdominal ampla, com sinais de irritação peritoneal A E. histolytica pode produzir formações que simulam tumores, chamadas amebomas, ou massas inflamatórias anulares e localizadas, encontradas, principalmente, no ceco ou cólon ascendente, e eventualmente no cólon transverso e sigmoide; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Baseia-se, fundamentalmente, no exame de fezes, e em testes sorológicos na amebíase invasiva (ELISA, ELISA ANTIGIAP), e SIGMOIDOSCOPIA/COLONOSCOPIA; Testes sorológicos para identificação sorológica de E. histolytica podem ser úteis em nações industrializadas, onde as infecções por E. histolytica não são comuns. Entretanto, em áreas endêmicas os testes sorológicos são incapazes de distinguir entre infecção passada e presente; AMEBÍASE EXTRAINTESTINAL- AMEBÍASE HEPÁTICA OU ABSCESSO AMEBIANO DO FÍGADO É a forma mais comum da amebíase extraintestinal, ocorrendoapós a invasão intestinal com quadro de disenteria grave, quando os organismos atingem o fígado pela veia porta, por meio de ulceração de profundidade variável na parede do cólon. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO lesão na porção superior do lobo direito do fígado, sendo única na maioria dos casos; O abscesso amebiano do fígado é 10 vezes mais comum em adultos do que em crianças e cerca de 7 vezes mais frequente em homens do que em mulheres. O abscesso amebiano do fígado caracteriza-se clinicamente por dor abdominal e febre. No exame físico, ao examinar-se a área hepática por meio do gradeado costal, podemos sentir área dolorosa pela percussão, caracterizando a positividade do sinal de Torres-Homem. Associam-se ao quadro doloroso sinais de sepse, com febre superior a 39ºC e calafrios, em 80% dos pacientes. A febre pode ser do tipo contínua ou intermitente. A sudorese noturna, o mal-estar, a anorexia, o emagrecimento e a tosse não produtiva são outros sintomas que acompanham, com frequência, o quadro clínico. Os vômitos, a diarreia e a icterícia são raros. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Hemograma; Bioquimica do fígado; Sorologia da ameba; Exames radiológicos; Ultrasssonografia; Tomografia computadorizada; Cintilografia ou mapeamento hepático com isótopos radioativos; Angiografia hepática; Radiografia de intervenção ou terapêutica; Drenagem do abscesso por agulha percutânea; Drenagem cirúrgica; AMEBÍASE EM HOMOSSEXUAIS Alta prevalência das infecções por E. histolytica nesses indivíduos. A E. histolytica é agente capaz de provocar infecção oportunista em pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (aids). TRATAMENTO DA AMEBÍASE A droga mais utilizada para o tratamento da E. histolytica é o metronidazol, e tinidazol, ornidazol, nimorazol etc. Os indivíduos assintomáticos devem ser tratados com um agente intraluminal por dois motivos: para impedir o desenvolvimento de doença invasiva no futuro, e para impedir a disseminação de E. histolytica no meio ambiente. Infecções por E. dispar e E. moshkovskii não devem ser tratadas. METRONIDAZOL: É composto nitroimidazólico, que deve ser reduzido pela E. histolytica ou por bactérias anaeróbicas a metabólito tóxico alquilante do DNA, e bloqueador de sua síntese. Na colite amebiana invasiva, para complementar o tratamento com metronidazol, devemos usar drogas de ação intraluminal para erradicar a colonização: 1. Etofamida (Kitnos®): é a dicloroacetamida usada na dose de 200 mg, 3 vezes ao dia, durante 5 dias. 2. Teclozan (Falmonox®): é o dicloroacetilaminobenzeno, recomendando-se 100 mg, 3 vezes ao dia, durante 5 dias. 3. Iodoquinol: é di-iodo-hidroxiquina, na dose de 650 mg, 3 vezes ao dia, durante 20 dias, ou 30 a 40 mg/kg/dia, em 3 doses, durante 20 dias para crianças. 4. Furoato de Diloxanida (Amebiazol®): 500 mg, 3 vezes ao dia, durante 10 dias ou 20 mg/kg/dia, em 3 doses, durante 10 dias. 5. Paromomicina (Hematina®): 25 a 30 mg/kg/dia em 3 doses, durante 7 dias. ESQUEMAS ALTERNATIVOS PARA O TRATAMENTO DA AMEBÍASE INVASIVA GRAVE AMEBÍASE INVASIVA INTESTINAL Desidroemetina: menos toxica Ementina GIARDÍASE A Giardíase, Giardiose ou lambliose é uma doença causada por protozoário. O agente etiológico causador é Giardia lamblia/intestinalis. Protozoário flagelado. Zoonose; CICLO DE VIDA O ciclo de vida da giardia é composto de dois estágios: trofozoíto e cisto; Os cistos são as formas infectantes, sendo responsáveis pela disseminação do parasita; São resistentes, podendo permanecer viáveis durante dois meses no meio exterior. Condições de temperatura e umidade, como a água de 4 a 10oC, podem mantê-los viáveis por muitos meses; A cloração da água e a desinfecção pela luz ultravioleta são insuficientes para destruir os cistos; O aquecimento da água acima de 60 graus também causa erradicação; A giardíase ocorre em todas as regiões do mundo, preferencialmente em climas temperado e tropical, sendo mais comum em grupos etários inferiores a 10 anos. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Tem seu maior acometimento em regiões com condições sanitárias precárias e tratamento de água inadequado; TRANSMISSÃO: ORAL-FECAL; Possui ciclo biológico monoxênico (apenas um hospedeiro definitivo); Após a ingestão, o parasito se multiplica por divisão binária no intestino delgado. A manifestação da giardíase é proporcional ao numero de cistos que são ingeridos, ou seja, quanto maior o numero de parasitos maiores manifestações sintomatológicas. Os cistos se rompem no duodeno, formando trofozoítos, os quais se multiplicam intensamente. Os trofozoítos vivem no duodeno e nas primeiras porções do jejuno, e a atividade dos flagelos lhes confere rápido e irregular deslocamento. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Tal processo pode se iniciar no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento. Os trofozoítos também podem estar presentes nas fezes, mas são os cistos os responsáveis pela transmissão. Trofozoíto: Possui forma de pera, com simetria bilateral, medindo cerca de 20 µm de comprimento por 10 µm de largura. Em seu interior são encontrados dois núcleos. Possui quatro pares de flagelos; Cisto: O cisto tem forma oval, medindo cerca de 12 µm de comprimento por 8 µm de largura. Encontra-se dois ou quatro núcleos em seu interior. (2-4) A transmissão ocorre principalmente por meio da água; da ingestão de frutas, verduras e legumes crus, contaminados pelos cistos; de manipuladores de alimentos; do contato direto pessoa a pessoa (fecal- oral); de artrópodes, como moscas e baratas, de relações sexuais anal-oral, no caso de indivíduos homossexuais; QUADRO CLINICO Varia de infecções assintomáticas, até infecções graves, com diarreia crônica e má absorção intestinal. O período de incubação é de 1 a 2 semanas antes do aparecimento dos sintomas, podendo variar de 1 a 45 dias. O principal sintoma é diarreia, inicialmente líquida, podendo chegar ao grau de esteatorreia acompanhada de náuseas, desconforto abdominal e perda de peso. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL TRATAMENTO SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Mulheres que apresentarem infecção assintomática ou leve no primeiro trimestre de gestação não devem ser tratadas. Caso seja necessária a terapêutica, opta-se pela paramomicina. Se for uma infecção no 2º ou 3º trimestre de gravidez, pode-se optar entre o metronidazol e a paramomicina. É contraindicado o uso de quinacrina, furazolidona e albendazol. ANCILOSTOMÍASE Os agentes causais da ancilostomíase pertencem à família Ancylostomidae da classe Nematoda. Duas espécies são parasitas naturais do homem: o Necator americanus e o Ancylostoma duodenale, vermes que se encontram no intestino delgado, principalmente no duodeno, podendo, entretanto, se alojar no jejuno e íleo proximal. Outros ancislostomídeos, como o Ancylostoma brasiliense, parasito de cães e gatos, causam uma dermatite serpiginosa ou larva migrans cutânea; O Ancylostoma ceylanicum, parasita de cães e gatos, é encontrado em áreas focais endêmicas no sudeste da Ásia, causa doença intestinal leve. Os ancilostomídeos são helmintos cilíndricos, revestidos por uma cutícula resistente, afilados nas extremidades, que apresentam cápsula bucal, capaz de se fixar nas vilosidades do intestino humano, onde provocam dilaceração dos tecidos, sugando-os juntamente com o sangue do hospedeiro. A cápsula bucal do Necator americanus tem lâminas ou placas cortantes circundando a margem da boca, enquanto o Ancylostoma duodenale apresenta dois pares de dentes; Os vermes adultos machos do Necator americanus medem de 5 a 9 mm, e 11 mm as fêmeas; os do A. duodenale medem de8 a 11 mm e de 10 a 18 mm, machos e fêmeas, respectivamente; A ovoposição pelas fêmeas do A. duodenale é de cerca de 10 a 30 mil ovos/verme/dia e por fêmeas de N. americanus é de 3 a 6 mil. A sobrevida desses vermes é de 1 a 3 anos para o A. duodenale e de 3 a 10 anos para o Necator. A maioria do grande contingente de infectados é assintomática, o restante desenvolve quadros variáveis de anemia e desnutrição, principalmente em populações rurais pobres, localizadas em regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. Conhecido AMARELÃO! SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO CICLO BIOLÓGICO Em solo arenoso e úmido, os ovos, após um curto período de maturação (geo-helminto), eclodem, liberando uma larva rabditoide de primeiro estágio (L1), que sofre duas mudas (L2, L3) transformando-se em uma larva de esôfago longo (filariforme) de terceiro estágio (L3), a qual é infectante. Essa fase do ciclo ocorre em 5 a 10 dias. A larva filarioide apresenta movimentos característicos, serpentiformes, que facilitam a locomoção e penetração na pele do hospedeiro. A penetração se dá através da pele dos pés ou das mãos, pelos espaços interdigitais, folículos pilosos ou por baixo da camada escamosa da epiderme, ocasionando uma dermatite pruriginosa. Atravessando a derme, entra na corrente sanguínea e chega aos pulmões em 10 dias, onde sofre nova muda, originando larvas de quarto estágio (L4). Durante essa migração pulmonar, as larvas liberam substâncias que produzem um quadro reacional leve de tosse, febre baixa e infiltrado eosinofílico, e pode até evoluir para um quadro mais grave, conhecido como síndrome de Löeffler. A tosse e os movimentos ciliares das células epiteliais conduzem as larvas no sentido ascendente, e, da glote, são deglutidas, passando pelo tubo digestivo até o intestino delgado (extremidade distal do duodeno, jejuno e íleo proximal), onde completam o ciclo evolutivo, tornando-se vermes adultos, machos e fêmeas. Fixam-se na parede intestinal por meio da cápsula bucal e, após 6 a 7 semanas, começam a produzir ovos que podem ser vistos nas fezes cerca de 8 a 12 semanas após a infecção. Não há replicação dos vermes no hospedeiro, a infecção termina, em condições normais, com a morte dos parasitos, naturalmente determinada. As formas de transmissão são variadas: alimentos, vetores mecânicos, água, penetração ativa e direta (transcutânea). EPIDEMIOLOGIA A ancilostomíase é amplamente distribuída por todo o mundo, sendo endêmica nos países tropicais e subtropicais. O Ancylostoma duodenale é conhecido como “Ancylostoma do Velho Mundo”, predominando nos países do Mediterrâneo, partes do Irã, Paquistão, norte da Índia e China, norte da África e algumas áreas do Extremo Oriente, incluindo o Japão; e na América do Sul; O Necator americanus é a espécie predominante das regiões tropicais das Américas (Ancylostoma do Novo Mundo) do sudeste da China e Ásia, parte da Austrália, com ampla distribuição na África, abrangendo África Central e África do Sul. No Brasil, esse helminto é o mais prevalente; As crianças e adolescentes em áreas de alta prevalência são mais afetados pelas infecções parasitárias. Esses grupos etários, por seus hábitos higiênicos, são, também, os maiores disseminadores dos parasitos intestinais; Em áreas hiperendêmicas, os lactentes também se infectam, com registros de casos graves. Os homens, provavelmente por causa da maior exposição, são mais parasitados do que as mulheres. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO PATOGENIA As ações dos ancilostomídeos sobre o organismo são determinadas pelas formas larvárias e pelos vermes adultos, constituindo-se de três etapas distintas: fase invasiva; de migração larvária pulmonar; e da fixação dos vermes ao intestino; A fase invasiva começa com a penetração das larvas na pele, provocando lesões traumáticas mínimas, erupções eritematopapulosas; + Necator americanos; Na fase de migração pulmonar, as larvas rompem os capilares, provocam lesões microscópicas com pequenas hemorragias até atingirem os alvéolos; São fixadas à mucosa intestinal por suas cápsulas bucais, dentes ou placas cortantes, os ancilóstomos produzem erosões e ulcerações com necrose tecidual. A perda sanguínea intensa é resultante de grande carga parasitária e do deslocamento dos helmintos, que trocam de lugar a cada 4 a 8 horas, para se fixarem em diversos pontos da parede intestinal, produzindo mínimas ulcerações e hemorragias na mucosa. Estados mais graves da anemia ancilostomótica afetam o desenvolvimento intelectual e cognitivo de crianças e o desempenho cardiovascular de adultos; Ancilostomídeos também produzem um fator inibidor de linfócitos natural killer (NK) e, dessa forma, suprimem a produção de gamainterferon e a resposta Th- 2, responsáveis pela expulsão dos parasitos. o N. americanus secreta produtos que induzem a apoptose de linfócitos, criando uma área, em torno de si, livre do sistema imune, diminuindo a inflamação e tornando a infecção relativamente assintomática; QUADRO CLINICO Do ponto de vista clínico, podem-se encontrar desde infecção assintomática até quadros graves de desnutrição, anemia e anasarca, necessitando-se, em geral, de atendimento hospitalar. Os adultos apresentam sintomas de menor gravidade que as crianças. Considera-se leve ou moderada a infecção ancilostomótica quando o paciente elimina até 12.000 ovos/g de fezes, sendo a infecção intensa quando superior a esse número. A penetração das larvas na pele provoca prurido ou sensação de queimação local com presença de lesões eritêmato-maculopapulosas e edema (dermatite urticariforme); Quando o prurido é intenso, as pápulas podem infectar, surgindo, então, vesículas e pústulas. Nos casos mais graves causa tosse seca; dispneia; rouquidão; broncoespasmo; febre baixa ou moderada; e mesmo pneumonite intersticial eosinofílica (síndrome de Löeffler). A frequência dessa complicação é, no entanto, maior na ascaridíase. Em pessoas infectadas com um grande número de A. duodenale, por via oral, pode se desenvolver um quadro de hipersensibilidade imediata conhecida por síndrome de Wakana. Prurido faringeal, tosse, rouquidão, dispneia, náusea, vômito e eosinofilia; Recém-nascidos, infectados por via oral com o leite materno com larvas desse nematoide, podem evoluir com hemorragia gastrointestinal fulminante, sendo, no entanto, uma situação rara. A anemia constitui a principal manifestação da ancilostomíase; AMARELAO. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de certeza da ancilostomíase baseado apenas em dados clinicoepidemiológicos, é impossível; O diagnóstico parasitológico confirma a infecção e é feito por meio de exame microscópico das fezes, consistindo na demonstração dos ovos ou das larvas rabditoide; vários métodos para a pesquisa de larvas podem ser utilizados, como: Hoffman, métodos de Willis, de Faust, de Kato-Katz, Baermann-Moraes, Rugai e coprocultura pelo método de Harada & Mori. Pode-se também utilizar a pesquisa de larvas em secreções, como líquidos orgânicos – lavado broncoalveolar, escarro, urina e líquido pleura; TRATAMENTO Os principais medicamentos utilizados para o tratamento da ancilostomíase são o mebendazol, o albendazol e o pamoato de pirantel. E a Nitazoxanida que não é muito utilizada. Mebendazol: Derivado benzimidazólico, absorvido no intestino em pequena proporção, indutor da inibição da captação de glicose, provocando depleção do glicogênio e diminuição na produção do ATP do parasito. 100mg 2 X ao dia, durante 3 dias seguidos, ou 500 mg em dose única; Albendazol- Benzimidazólico que inibe a polimerização da betatubulina, levando a uma degeneração de microtúbulos citoplasmáticos. Diminui a produção de trifosfato de adenosina (ATP) no verme,causando depleção de energia das células intestinais dos parasitos por produção deficiente de ATP; há imobilização, má absorção de nutrientes, enfraquecimento e morte; Pamoato de pirantel: Pode ser considerado mais uma opção terapêutica para ancilostomíase. Age como agente bloqueador da despolarização neuromuscular, inibindo a colinesterase, resultando em paralisia espástica do SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO verme. Apresenta ação de amplo espectro, com eficácia de 40 a 75%. O pamoato de pirantel deve ser usado na dose de 11 mg/kg por dia, para adultos e crianças acima de 2 anos de idade, durante três dias. A dose total não deve exceder 1 g. TRATAMENTO DA ANEMIA A melhora da anemia ocorrerá lentamente, subsequentemente à utilização de anti-helmínticos. A correção rapidamente, porém, é completada pela suplementação da administração de sulfato ferroso. Recomenda-se sua prescrição comumente por via oral, na dosagem de 3 a 5 mg/kg ao dia – 200 mg três vezes ao dia, dosagem máxima de 400 a 800 mg, de preferência distante das refeições, durante três meses ou mais. Via parenteral em situações especiais; PROFILAXIA Envolvem fundamentalmente melhoria das condições sanitárias, educação sanitária continuada e o tratamento de todos os indivíduos infectados com a finalidade de impedir a contaminação do solo pelas fezes humanas; VACINA Abre-se uma alentadora perspectiva para o controle da ancilostomíase com a produção de uma vacina inédita a partir de antígenos secretados por larvas L3 do verme N. americanus ASP-2. Na-ASP-2, foi escolhido como o principal componente de larvas L3, para o qual anticorpos protetores são dirigidos, sendo promissor para a nova vacina. A tecnologia para fabricação da vacina com Na-ASP-2 já está sendo introduzida no Brasil. Em teste com animais, a vacina conseguiu reduzir em até 50% a quantidade de vermes no intestino. A expectativa é de que o mesmo efeito ocorra em humanos. ASCARIDÍASE A ascaridíase decorre da infecção do tubo digestivo com o nematoide Ascaris lumbricoides, vulgarmente conhecido como lombriga; ASPECTOS PARASITOLÓGICOS E CICLO DE VIDA PARASITO ADULTO O verme adulto apresenta o corpo recoberto por cutícula brilhante e estriada, amarelo-rosado. Como todo ascarídeo, tem boca trilabiada. As fêmeas medem entre 25 e 40 cm de comprimento por 3 a 6 mm de diâmetro e o seu extremo posterior é afilado e reto; os machos, de 15 a 20 cm por 2 a 4 mm de diâmetro, apresentando enrolamento ventral da cauda e nela existem dois espículos quitinosos e retráteis utilizados para a cópula. OVOS Apresentam três camadas: interna ou membrana vitelina, impermeável; média de natureza quitinosa, e transparente; e membrana externa, de natureza albuminoide, grossa e de superfície mamilonada, constituída por mucopolissacarídeos e secretada pela parede uterina do verme. Esses ovos podem ser de dois tipos: os férteis têm forma oval ou quase esférica, medem 60 × 45 µm e são muito resistentes no meio ambiente; os inférteis são mais alongados, têm casca mais delgada e medem de 80 a 90 µm de comprimento; sua presença indica a probabilidade de o parasitismo ser somente por fêmeas; Os ovos são muito resistentes às condições ambientais: sobrevivem a temperaturas de 5 a 10ºC por até dois anos, mas temperatura de 50ºC os mata em aproximadamente 45 minutos; na ausência de oxigênio podem viver até três meses. Nos solos argilosos, úmidos e sombreados sobrevivem até seis anos, porém só resistem à dessecação por duas semanas. São dispersos no ambiente pelas chuvas, ventos, insetos, aves e batráquios insetívoros. CICLO BIOLÓGICO Os ovos de Ascaris são eliminados junto com as fezes; se os ovos férteis caírem em solo úmido e sombreado, com temperaturas de 15 a 35ºC, em 2 a 8 semanas formam-se larvas que sofrem duas mudas dentro da casca e, a larva de 3º estágio ou L3 é a forma infectante. Nesse estádio, podem permanecer por vários meses ou anos, se as condições forem apropriadas Quando os ovos são ingeridos, as larvas eclodem no intestino delgado, atravessam a parede intestinal e migram, via sistema porta, para o fígado (quatro dias) penetrando na circulação sanguínea ou linfática. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Atingem o coração direito de onde são levadas aos pulmões para efetuar o ciclo pulmonar. Após 8 ou 9 dias sofrem a terceira muda, transformando-se em L4, atravessam a parede que separa os capilares das cavidades alveolares e, nos alvéolos, realizam a quarta muda para L5; Cerca de duas semanas depois, as larvas atingem os bronquíolos e são arrastadas com o muco pelos movimentos ciliares da mucosa, sobem pela traqueia e laringe e são deglutidas com as secreções brônquicas. Em geral, após 65 dias da infecção, as fêmeas começam a oviposição, encerrando o período pré- patente; A longevidade dos áscaris adultos é estimada em 1 a 2 anos. (1) vermes adultos vivem na luz do intestino delgado; (2) as fêmeas ovipõem e os ovos são eliminados com as fezes; (3) os ovos embrionados tornam-se infectantes na dependência de condições ambientais (umidade, calor, sombra); (4) após a ingestão de ovos embrionados; (5) estes eclodem liberando larvas; (6) que invadem a mucosa intestinal e são carreadas pela circulação portal e, depois, sistêmica aos pulmões; (7) aí elas maturam, penetram os alvéolos, ascendem a árvore brônquica até a faringe sendo, então, deglutidas; (1) após atingirem o intestino delgado, transformam-se em vermes adultos. EPIDEMIOLOGIA A distribuição dessa helmintíase é mundial; Por tratar-se de uma geo-helmintíase, água potável ou alimentos com contaminação no solo são fatores da maior relevância para a disseminação dessa parasitose; Nos países e regiões mais desenvolvidos do ponto de vista socioeconômico, são vistos casos nas zonas rurais. A infecção predomina em crianças e adolescentes, decrescendo progressivamente à medida que a faixa etária avança. IMUNIDADE E PATOGENIA A morte de larvas na mucosa ou submucosa intestinal pode resultar em alterações teciduais caracterizadas como micro-hemorragias e infiltrado inflamatório constituído por macrófagos e eosinófilos. No fígado, em geral, não ocorrem alterações teciduais relevantes, embora cargas larvárias maciças possam levar a um quadro inflamatório que resulta em áreas de hemorragia e necrose com manifestações clínicas (hepatomegalia e, mais raramente, icterícia). Segue-se a esse processo uma resposta imunológica adaptativa, do tipo Th2, conduzindo à formação de um granuloma eosinofílico; o braço efetor dessa resposta é representado por IgA, IgE, eosinofilia, mastocitose e secreção de muco. Aumento do peristaltismo; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A fase de invasão larvária costuma ser assintomática, exceto quando há grande quantidade de larvas envolvidas no processo. Nessa situação, hepatomegalia e, muito raramente, icterícia; tosse, dispneia, sibilância e dor retroesternal. São manifestações da síndrome de Loeffler. Indivíduos hipersensíveis podem desenvolver reações alérgicas como asma e urticária. TRATAMENTO Drogas anti-helmínticas de espectro amplo, como albendazol (400 mg, dose única) e mebendazole (100 mg, duas vezes ao dia por três dias ou 500 mg, dose única), que atuam sobre a síntese de tubulina e a captação de glicose pelo verme, não devem ser vistas como fármacos de primeira escolha na terapêutica da ascaridíase. Parece mais adequado, nessa situação, o emprego do levamisole (80 mg, dose única, para crianças e 150 mg, dose única, para adultos), que ocasiona, prontamente, paralisia espástica nos vermes, facilitando sua eliminação. “bolo de áscaris”, deve-se preferir, se disponível, a piperazina (50 mg/kg de peso com dose máxima de 3 g), droga que causa paralisia flácida nos vermes por ação sobre os canais de cloro dependentes do ácido gama- aminobutírico (GABA), facilitando a eliminação dos vermes por meiodo peristaltismo estimulado pelo óleo mineral (50 mL), ministrado simultaneamente. Ou procedimento cirúrgico. O controle de cura, após tratamento, deve ser efetuado por três exames de fezes, no 7º, 14º e 21º dias após ministração do anti-helmíntico. PROFILAXIA A profilaxia da ascaridíase, como das demais geohelmintíases, baseia-se na melhoria das condições sanitárias, na educação sanitária e no diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados. ESTRONGILOIDÍASE A infecção por Strongyloides stercoralis é uma helmintíase de distribuição mundial, mas particularmente prevalente em áreas tropicais e subtropicais; Na maioria das vezes, a infecção é assintomática ou oligossintomática; O nematelminto S. stercoralis pertence à ordem (superfamília) Rhabdiasoidea, família Strongyloididae. Dentre as espécies do gênero Strongyloides, a mais SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO adaptada ao parasitismo dos seres humanos é S. stercoralis. Há, no entanto, uma espécie, S. fuelleborni, que é parasita de macacos no Velho Mundo, e que, eventualmente, pode exercer parasitismo no homem em regiões da África central e oriental. A fêmea parasita, que mede de 1,5 a 10 mm de comprimento por 27 a 95 mm de largura, é raramente encontrada nos exames de fezes; Pode assumir extrema gravidade em imunocomprometidos (uso de corticosteroides). Fica alojada na mucosa ou submucosado intestino delgado, sobretudo no duodeno e na porção inicial do jejuno. Na doença disseminada, podem ser identificadas nos tecidos extra-intestinais e fluidos do hospedeiro. – Os machos adultos não são identificados no tubo digestivo do hospedeiro, havendo, contudo, machos adultos de vida livre. CICLO BIOLÓGICO Desenvolve-se em parte no solo e em parte no organismo do hospedeiro; Após a eclosão dos ovos, as larvas rabditoides são eliminadas nas fezes e ganham o solo. Aí, em função de condições adequadas de temperatura e umidade, sofrem duas mudas, originando as larvas filarioides- forma infectante (ciclo direto). Podem, ainda, dar origem a machos e fêmeas de vida livre que, após reprodução sexuada, originam larvas rabditoides. Após períodos de tempo variáveis, essas larvas passam por mudas transformando-se em larvas filarioides (ciclo indireto ou sexuado). Após penetrarem na pele ou nas mucosas de um hospedeiro suscetível, as larvas atingem os pulmões por via sanguínea, penetram nos alvéolos e são carreadas até a traqueia pelo movimento ciliar do epitélio respiratório; São, então, deglutidas na faringe com as secreções respiratórias, atingindo, dessa forma, o tubo digestivo. No duodeno, ao completarem sua maturação, as larvas transformam-se nas fêmeas adultas, partenogenéticas, que alojam-se na mucosa do duodeno ou do jejuno proximal (criptas de Lieberkühn) e liberam ovos embrionados; Estes eclodem dando origem às larvas rabditoides que atingem a luz intestinal, sendo, então, eliminadas com as fezes. O período de tempo entre a infecção inicial e o início do encontro de larvas rabditoides nas fezes varia de 3 a 5 semanas; Uma importante particularidade do ciclo de vida de S. stercoralis é a possibilidade de larvas rabditoides sofrerem mudas ainda na luz intestinal. Assim, as larvas filarioides podem penetrar na mucosa intestinal (autoinfecção interna) ou na pele da região perineal (autoinfecção externa) e completarem o ciclo sem a passagem pelo solo; FORMAS DE AQUISIÇÃO E TRANSMISSÃO A penetração de larvas filarioides existentes no solo na pele íntegra ou nas mucosas constitui-se na principal maneira de aquisição da parasitose; ciclo direto. Pode ser por aleitamento materno; Transmissão sexual; Agua contaminada; PATOGENIA E IMUNIDADE Na infecção aguda, durante a migração das larvas filarioides pelos pulmões, pode ocorrer uma pneumonite eosinofílica (Síndrome de Löffler); sugere que a resposta imune polarizada para Th2 desempenhe papel fundamental na contenção do processo infeccioso no seu início; a imunodepressão decorrente da infecção por HIV, não se constitui, de forma importante, em fator predisponente para a hiperinfecção ou estrongiloidíase disseminada; Parece que nesses pacientes a resposta imune de mucosa intestinal, envolvendo IgE, IL-4, IL-5 e eosinófilos não é comprometida da forma intensa, pelo menos na maioria dos pacientes. Por outro lado, na infecção pelo HTLV-I, há evidências de que a resposta Th2 da mucosa intestinal é gradativamente substituída pelo padrão Th1, que é ineficaz no controle da estrongiloidíase. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FORMA AGUDA Em alguns pacientes observam-se lesões papulares pruriginosas no local da invasão. Em outros, pode ser visto um quadro urticariforme linear migratório, que pode progredir de 5 a 10 cm por hora, conhecido como larva currens; sintomas respiratórios leves, tosse seca, sibilos esparsos; pneumonite eosinofílica (Síndrome de Löffler), dor abdominal inespecífica ou epigastralgia. Além disso, diarreia, náuseas e vômitos podem ocorrer de forma intermitente. FORMA CRÔNICA HABITUAL Esta forma clínica refere-se à situação em que os pacientes permanecem parasitados por longos períodos de tempo. pode ocorrer dor abdominal, predominantemente epigástrica, náuseas, vômitos, meteorismo acentuado e diarreia intermitente. raramente, casos de artrite reacional e síndrome nefrótica relacionadas à formação de imunocomplexos que contêm antígenos do helminto. HIPERINFECÇÃO E DOENÇA DISSEMINADA Implica, em geral, no reconhecimento de sinais e sintomas decorrentes de migração larvária acentuada, situações em que o número de parasitas (larvas e fêmeas adultas) aumenta em decorrência de aceleração do ciclo de autoinfecção. As manifestações pulmonares são frequentes. Observa-se sintomas variados, como tosse, sibilância, graus variados de dispneia, dor torácica (inclusive de natureza pleurítica) e até hemoptise, algumas vezes volumosa. Alcalose respiratória e manifestações cardíacas, como palpitações e fibrilação atrial, são observadas com alguma frequência. Nessa situação é comum a observação de larvas no exame do escarro a fresco. Quando são observadas larvas em locais que não fazem parte do ciclo habitual do parasita, isto é, pele, tubo digestivo e pulmões, refere-se à estrongiloidíase disseminada. DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO: exame parasitológico de fezes. Nessa forma da infecção são pesquisadas as larvas rabditoides; o encontro de ovos, larvas filarioides e vermes adultos é raro. O diagnóstico sorológico, por meio da detecção de anticorpos dirigidos contra antígenos larvários, parece promissor, mas ainda não é utilizado rotineiramente em função da dificuldade na obtenção de antígenos apropriados. A reação em cadeia da polimerase (PCR) tem sido mencionada como uma metodologia auxiliar, com alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico molecular de S. stercoralis, porém está disponível somente em centros de pesquisas. INESPECÍFICO: Os exames inespecíficos, além do leucograma, dependem dos órgãos e sistemas envolvidos com o processo infeccioso e sua extensão; eosinófilos. TRATAMENTO Durante muito tempo, o benzoimidazólico tiabendazol constituiu-se na droga de escolha para a terapêutica específica da estrongiloidíase. No entanto, trata- -se de fármaco que ocasiona uma série de efeitos adversos que vão desde intolerância gástrica até sintomas neurológicos, como sonolência, tontura e até convulsões. Outro benzoimidazólico com atividade importante sobre esse helminto é o cambendazol. Este, mais bem tolerado que o tiabendazol, deve ser ministrado em dose única de 5 mg/kg de peso, tendo boa ação anti- parasitária, inclusive sobre as formas larvárias. Há ainda outro benzoimidazólico, oalbendazol, que apresenta alguma eficácia no tratamento da estrongiloidíase. Ivermectina: Estudos iniciais a respeito dessa droga na terapêutica da estrongiloidíase revelaram boa eficácia e boa tolerabilidade com esquema de 200mg/kg/dia, durante dois dias consecutivos. Existem evidências de que a ivermectina tenha ação também sobre larvas filarioides. Trata-se de uma droga promissora no tratamento da hiperinfecção/ doen ça disseminada por S. stercoralis. PROFILAXIA Tratamento sanitário adequado das fezes,lavagem dos alimentos, uso de calçados, além da pesquisa e do tratamento de todos os infectados, inclusive assintomáticos. - Manuseio e limpeza adequada de objetos, inclusive roupas de cama em asilos, hospitais) SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO ENTEROBÍASE A enterobíase é a parasitose determinada pelo Enterobius vermicularis ou Oxyurus vermicularis, de localização preferencial no ceco, apêndice, cólon e reto, onde determina sua principal manifestação clínica, o prurido anal. É um verme delicado, pequeno, filiforme e branco, semelhante a um fio de linha branca. O macho mede entre 3 e 5 mm e tem a cauda recurvada sobre o ventre; a fêmea, maior, mede entre 8 e 12 mm, apresenta a cauda afilada e possui dois úteros que se enchem de ovos, de modo que ao fim de certo tempo a fêmea grávida se apresenta como um saco cheio de ovos. Os ovos raramente são encontrados nas fezes porque a fêmea grávida migra do ceco para a região anal, onde faz a postura de ovos embrionados; As infecções e reinfecções fazem-se, portanto, facilmente por meio das mãos, que coçam a região anal, perianal e perineal, e posteriormente são levadas à boca do próprio hospedeiro; ingerindo os ovos, os quais liberam no duodeno as larvas rabditoides, que sofrem duas mudas até atingirem o intestino grosso, onde adquirem a maturidade. O enteróbio é parasita exclusivo do homem. EPIDEMIOLOGIA O enteróbio é o mais cosmopolita de todos os nematoides, sendo mais comum na infância e em instituições infantis, como creches, reformatórios, colégios etc; Além da transmissão direta, da região anal para a boca, existem mais quatro processos possíveis de transmissão da helmintíase: ■ Transmissão indireta: pela contaminação dos alimentos pelas mãos sujas. ■ Transmissão pela poeira: inalação de ovos – nos dormitórios, colégios, habitações coletivas etc. ■ Retroinfecção: que consiste na eclosão das larvas nas bordas da mucosa anal, sua penetração e migração para as porções superiores do intestino grosso. ■ Autoinfecção interna: processo excepcional e não aceito por todos, é semelhante ao que ocorre na estrongiloidíase e explicaria as infecções superiores a dois meses de duração, que é o tempo de vida do helminto, quando se controlam todas as demais possibilidades de infecção externa. Como os ovos são eliminados já embrionados no momento da postura, o helminto não necessita de hospedeiro intermediário, nem os ovos precisam do solo para se tornarem infectantes; PATOGENIA Processo inflamatório leve, tipo catarral; Irritação e prurido na região anal; O envolvimento extraintestinal ocorre no trato genital feminino, causada pela migração do verme do ânus para a vagina, o que leva a reações inflamatórias granulomatosas. QUADRO CLINICO Sintomas digestivos, representados por náuseas, vômitos e dores abdominais vagas, têm sido imputados à enterobíase, em decorrência da fixação dos vermes na mucosa intestinal. O sintoma característico da infecção pelos enteróbios é o prurido anal e vulvar, decorrente da presença dos vermes nas regiões anal, perianal e perineal. PRINCIPALMENTE A NOITE! As migrações erráticas dos vermes são responsáveis, quando atingem o aparelho genital feminino, por sintomas do tipo excitação sexual, onanismo, corrimento vaginal, salpingite, ooforite e granulomas peritoneais. NÃO É COMUM EOSINOFILIA, POIS PASSA PELA FASE TECIDUAL ! DIAGNÓSTICO O método mais utilizado é o swab anal, da FITA GOMADA. Ou observação direta do parasito na região anal, perianal, perineal, ou superfície das fezes. PROGNOSTICO O prognóstico é invariavelmente bom, embora a cura, em alguns casos, possa ser difícil de ser obtida em razão das reinfecções contínuas. TRATAMENTO A droga específica para o tratamento da enterobíase, com a qual se obtém de 90 a 100% de cura em dose única, via oral, é o pamoato de pirvínio, que, infelizmente, deixou de ser fabricado no Brasil. ■ Pamoato de pirantel: administrado na dose de 10 mg/ kg em dose única, via oral, de preferência em jejum; ■ Mebendazol: em relação ao pamoato de pirantel, o mebendazol apresenta a desvantagem de ser administrado durante três dias consecutivos; ■ Albendazol: é um novo derivado imidazólico com amplas perspectivas no tratamento dos nematoides. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO ■ Nitazoxanida: é um 5-nitotriazol de amplo espectro antiparasitário, sendo sua principal indicação o tratamento de patógenos oportunistas em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida, embora também eficaz no tratamento da giardíase, amebíase, fasciolíase e teníases; ■ Ivermectina: a ivermectina é um derivado da avermectina; ■ Todos os membros da família ou do grupo comunitário deverão ser tratados simultaneamente, com o intuito de evitar reinfecções repetidas. ■ Várias séries de tratamento poderão ser necessárias para a erradicação da helmintíase. ■ Cuidados de higiene pessoal deverão ser recomendados, como unhas cortadas rentes, banhos frequentes, roupas íntimas e camas limpas e trocadas diariamente durante o tratamento. PROFILAXIA A medida mais importante é o tratamento dos indivíduos parasitados, porque dessa forma se elimina as fontes de infecção. Paralelamente, são necessárias as práticas de higiene pessoal, principalmente com as mãos. ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA Esquistossomose, esquistossomíase, bilharziose ou bilharzíase mansônica, mansoni ou intestinal, doença de Manson- -Pirajá da Silva. É uma doença produzida pelo Schistosoma mansoni e transmitida por contato com água contaminada por larvas (cercárias) que se reproduzem dentro dos caramujos do gênero Biomphalaria; Caracteriza-se por uma fase inicial, geralmente despercebida, e outra crônica, na qual podem aparecer as formas graves, evidenciadas principalmente pela hipertensão porta e suas complicações e pelo comprometimento do sistema nervoso. ETIOLOGIA É um trematódeo de sexos separados, podendo medir mais de 1 cm de comprimento. A fêmea é delgada e maior. O macho é mais robusto e tem, em sua parte ventral, o canal ginecóforo. Eles se fixam na parede dos vasos por meio de ventosas; e fazem o acasalamento nas veias menores perto do sistema porta hepático; Existem relatos de pacientes afastados há mais de 20 anos dos focos de contágio e ainda eliminando ovos vivos de S. mansoni; A postura é feita, principalmente, ao nível do reto e do sigmoide, mas se estende ao intestino delgado nas infecções graves; Os ovos são postos nos vasos de pequenos calibres. CICLO EVOLUTIVO Dentro do ovo eliminado pelas fezes, o miracídio pode viver vários dias, O miracídio libertado se alonga e nada ativamente, podendo permanecer vivo durante várias horas; Na evolução do S. mansoni, consideraremos duas fases: uma no interior do caramujo do gênero Biomphalaria, que serve de hospedeiro intermediário, e outra desenvolvendo-se no hospedeiro definitivo, geralmente o homem. Penetrando no molusco, o miracídio principia logo a fase de desenvolvimento intramolusco e, em dois dias, já se transforma em esporocisto materno ou primário, que tem a forma de saco nitidamente individualizado. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO As células germinativas se multiplicam, e os esporocistos-filho ousecundários começam a aparecer a partir do 4º dia, migrando, entre o 18º e o 20º dia, para a glândula digestiva do molusco. Dentro dos esporocistos secundários formam-se as cercárias, por multiplicação das células germinativas. QUE SE LIBERAM NA AGUA; As cercárias pela sua ventosa oral se fixam sobre a pele ou mucosas e, com movimentos ativos e o auxílio de substâncias líticas, nelas penetram em 2 a 15 minutos. Após sua penetração, no estrato córneo, em três horas as cercárias se transformam em esquistossômulos, os quais permanecem 3 a 4 dias na pele. Depois alcançando os órgãos alvos; PERÍODO DE INCUBAÇÃO É de duas a seis semanas após a infecção e compreende desde a penetração das cercarias até o aparecimento dos primeiros sintomas. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE A pessoa infectada pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni a partir de cinco semanas após a infecção e por um período de seis a dez anos, podendo chegar a até mais de 20 anos. HOSPEDEIRO DEFINITIVO O ser humano é o principal hospedeiro definitivo do S. mansoni. É nele que o parasita desenvolve a forma adulta e se reproduz sexuadamente, gerando ovos que são disseminados no meio ambiente, por meio das fezes, ocasionando a contaminação das coleções hídricas. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e ao gênero Biomphalaria, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto MODO DE TRANSMISSAO O ser humano adquire a esquistossomose por meio da penetração ativa da cercária na pele. Após a infecção, as cercárias se desenvolvem para uma forma parasitária primária, denominada esquistossômulo, que inicia o processo de migração, via circulação sanguínea e linfática, até atingir o coração e, em seguida, os pulmões, alcançando o fígado, em que evoluem para as formas adultas. Nos vasos portais mesentéricos, ocorre a acomodação da fêmea no canal ginecóforo do macho, com reprodução sexuada e consequente oviposição. Uma parte desses ovos alcançam o lúmen do intestino e são eliminados com as fezes. No ambiente aquático, acontece a eclosão do miracídeo dos ovos, que é a forma ativa infectante do hospedeiro intermediário EPIDEMIOLOGIA A propagação da doença numa região depende da presença de indivíduos eliminando fezes com ovos, da existência de hospedeiros intermediários e do contato de pessoas suscetíveis com as águas naturais contendo cercárias. A esquistossomose é considerada de fácil transmissão. É grande o risco de se adquiri-la em um único contato com focos de contaminação. Nas áreas endêmicas, algumas crianças já estão infectadas no primeiro ano de vida e aos cinco anos muitas eliminam ovos de Schistosoma pelas fezes; PATOGENIA Esquistossômulos: Muitas cercárias não conseguem vencer a barreira da pele. No local da penetração há infiltrado inflamatório com predominância de neutrófilos e eosinófilos, podendo produzir eritema, edema, pápula ou flictena. Nos pulmões, os esquistossômulos podem produzir focos de arteriolite, arterite e necrose, e no fígado, hepatite aguda com necrose focal dos hepatócitos e infiltração com predomínio de neutrófilos, linfócitos e eosinófilos. O verme adulto: vive no sistema porta, sem ser destruído pelo organismo. Os seus produtos metabólicos, excretados ou secretados, dotados de poder antigênico, são eliminados pelo organismo infectado e também depositados nos diversos órgãos; Os vermes mortos desencadeiam lesões graves, obstrutivas, com necrose e inflamação, seguidas de cicatrização; ESQUISTOSSOMOSE AGUDA Baço e o fígado podem aumentar de volume. No reto e no sigmoide, observam-se edema grave, eritema, hemorragias, petéquias, pequenas ulcerações e elevações puntiformes. O dano básico é uma vasculite granulomatosa obliterante. No fígado, são vistos focos intralobulares de necrose e necrobiose, com destruição de hepatócitos, infiltração porta de histiócitos, eosinófilos, linfócitos, hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer. No baço, há hiperplasia dos cordões de Billroth, eosinofilia intensa e congestão dos seios. Nos pulmões, pode-se observar arterite necrosante. Entre outros; CRONICA - TARDIA SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Ascite, aumento de fígado, e baço; A fibrose hepática leva à hipertensão porta, e esta, ao aparecimento de varizes no esôfago. Fígado com fibrose de Symmers; hipertensão pulmonar e hipóxia; lesões intestinais; Rins e sistema nervoso também; Inicia-se a partir dos seis meses após a infecção e pode durar vários anos; A fase aguda nem sempre se apresenta com a plenitude mencionada, sendo frequentes as formas leves, com diarreia, febrícula, cefaleia, sudorese, astenia, anorexia e emagrecimento, ou mesmo assintomática. Excepcionalmente, os pacientes desenvolvem quadros clínicos mais graves, com icterícia, coma ou abdome agudo. É a chamada forma aguda toxêmica; Forma hepatointestinal: É a forma clínica habitual, geralmente sem hipertensão porta, com que se apresenta a grande maioria de pacientes esquistossomóticos; Forma hepatoesplênica: É a forma grave mais importante da esquistossomose e, habitualmente, é usada como principal marcador de morbidade da doença. A importância dessa forma anatomoclínica se deve ao fato de ela estar associada à hipertensão porta; As queixas são de Melena; Cefaleia; Diarreia; Tumor no hipocôndrio esquerdo; Astenia; Hematemese; Dispneia, Edema maleolar, cólicas, dor no hipocôndrio esquerdo; espistaxe, entre ooutros; Forma pulmonar: Os casos com hipertensão pulmonar esquistossomótica têm hipertensão porta, e todos os achados desta podem estar superajuntados; cerca de 25% dos hepatoesplênicos têm pressão média na artéria pulmonar superior a 20 mm de mercúrio. Síndrome cianótica: geralmente ela está relacionada com grave insuficiência cardíaca; Neuroesquistossomose: comprometimento do sistema nervoso por esquistossomos, com ou sem sintomas. O encontro de ovos no sistema nervoso central, na ausência de sintomas, tem sido relatado em necrópsias, com frequência variando de 25 a 100%; Forma pseudoneoplásica: Conhecida também como forma tumoral. Nefropatia; Forma panvisceral; DIAGNÓSTICO CLÍNICO E DIFERENCIAL ESQUISTOSSOMOSE AGUDA: Geralmente, é a eosinofilia que desperta a atenção para o diagnóstico de uma helmintose; o prurido cutâneo é mais marcante; falam a favor da esquistossomose a febre e a hepatoesplenomegalia. É importante a história de banhos em águas suspeitas, 1 ou 2 meses antes, principalmente em se tratando de pessoas jovens e que não vivem em áreas endêmicas em contato permanente com os focos de infecção. Encontro de ovos nas fezes, que podem aparecer a partir do 40º dia de infecção. ESQUISTOSSOMOSE CRÔNICA: Os sintomas da esquistossomose crônica se confundem com os da amebíase, estrongiloidose, giardíase e demais parasitoses ou outras afecções do aparelho digestivo, e caberá ao laboratório confirmar o diagnóstico. O diagnóstico clínico da forma hepatoesplênica pressupõe que o paciente deve ter fibrose periportal e também esplenomegalia; DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO A confirmação do diagnóstico de certeza da esquistossomose é feito por meio de métodos de exames diretos e indiretos. MÉTODOS DIRETOS Exame de fezes: Ovos de Schistosoma mansoni são encontrados nas fezes, sob a forma de ovos viáveis, ovos granulosos, ovos calcificados e, também, cascas e miracídios livres; Biópsia retal: A biópsia é de fácil execução e indolor. Outros exames histopatológicos: A biópsia hepática pela agulha de Vim Silverman mostra ovos ou granulomas em cerca de um terço dos esquistossomóticos; MÉTODOS INDIRETOS Intradermorreação: Atualmenteé pouco usada para o diagnóstico da esquistossomose. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO Reações sorológicas: Muitas reações sorológicas apresentam pouca sensibilidade ou especificidade e os resultados muitas vezes não são reproduzíveis; PROGNÓSTICO E EVOLUÇÃO É rara a ocorrência de óbito na fase aguda da esquistossomose ou a evolução dessa fase diretamente para as formas graves com hipertensão porta ou pulmonar. A febre não dura mais que 4 a 10 semanas, e a hepatoesplenomegalia, no máximo, alguns meses. Na fase crônica, muitos pacientes permanecem assintomáticos ou oligossintomáticos. A esquistossomose seria uma verminose pouco importante, não fossem suas formas clínicas com hipertensão porta, que acometem menos de 10% dos habitantes de algumas áreas hiperendêmicas e alguns casos com formas clínicas mais raras como a neurológica. TRATAMENTO Os seguintes medicamentos curam parasitologicamente a esquistossomose: niridazol (derivado do nitrotiazol), antimoniais (principalmente os trivalentes), miracil D e seus derivados, hicantone, emetina e di-hidroemetina, oltipraz, oxamniquine e praziquantel. No momento, somente os dois últimos são usados no tratamento da esquistossomose no Brasil. Oxamniquine é um metabólico derivado da 2- aminometiltetraidroquinoleína, com propriedades esquistossomicidas. Nos vermes tem efeito anticolinérgico e inibe a síntese do ácido nucleico. Inicialmente, foi usada via intramuscular, a qual foi abandonada pela dor intensa produzida. O medicamento é usado via oral, em dose única de 15 mg/kg administrada em cápsulas. A dose para crianças, de 20 mg/kg, dada sob a forma de xarope, será mais bem aceita se dividida em duas tomadas ao dia. A oxamniquine é fabricada no Brasil com o nome comercial de Mansil®. A medicação produz sonolência e tonturas em alguns pacientes e, raramente, há alucinações, mas, em geral, é bem tolerada. Cura cerca de 80% dos tratados. A associação da oxamniquine ao praziquantel não apresenta vantagem. Praziquantel Produz paralisia espástica nos vermes e, em dose elevada, lesões no tegumento. A dose ideal é em torno de 50 a 60 mg/kg de peso corporal, dada via oral em duas vezes. Para crianças, 70 mg/kg de peso corporal. As principais reações de toxicidade são dor abdominal, diarreia, astenia, tonturas, cefaleia, náuseas e anorexia. O medicamento pode ser considerado como bem tolerado pelos pacientes. MAIS UTILIZADO! O medicamento específico preconizado pelo Ministério da Saúde para o tratamento da esquistossomose mansoni é o praziquantel, mediante o diagnóstico comprovado pela detecção de ovos. O praziquantel integra o Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica, sendo o único fármaco disponível e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde aos estados e aos municípios; CONTRAINDICAÇÕES DO PRAZIQUANTEL De maneira geral, recomenda-se não adotar o medicamento nas seguintes situações: • Durante a gestação. • Durante a fase de amamentação. A lactante será tratada em caso de uma forma grave da esquistossomose sob supervisão médica. • Crianças menores de 2 anos, a critério médico. • Insuficiência hepática grave (fase descompensada da forma hepatoesplênica). • Insuficiência renal ou outras situações graves de descompensação clínica, a critério médico TRATAMENTO CIRÚRGICO Indica-se o tratamento cirúrgico da esquistossomose principalmente nas formas com hipertensão porta, visando tratar e prevenir o sangramento. Mencionaremos a esplenectomia, anastomose porto- cava, anastomose esplenorrenal e desconexão porta- varizes. PROFILAXIA Entre as grandes endemias, a esquistossomose é uma das que apresentam os problemas profiláticos mais difíceis. A esquistossomose poderia ser combinada: tratamento específico, deposição das fezes em lugar conveniente, prevenção do contato com a água e controle dos caramujos. TRICOCEFALÍASE A tricocefalíase é a doença causada pelo parasitismo do Trichocephalus trichiurus ou Trichuris trichiura, nematoide localizado no intestino grosso, principalmente no ceco e no apêndice; O tricocéfalo é um helminto de tamanho médio, o macho medindo até 4 cm e a fêmea entre 4 e 5 cm. O corpo apresenta sua porção anterior muito afilada – daí o nome Trichocephalus – e a porção posterior mais dilatada. SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO O verme macho apresenta-se enrolado em espiral para o lado ventral. As fêmeas põem entre 3 e 10 mil ovos, que são eliminados junto com as fezes. Sendo o tricocéfalo um geo-helminto, no solo, o ovo permanece entre 15 e 20 dias para embrionar e, assim, tornar-se infectante. O homem se contamina ao ingerir ovos embrionados, cujas larvas escapam da casca, na porção superior do intestino delgado, penetram nas vilosidades intestinais, permanecem aí por cerca de 3 a 10 dias, onde sofrem algumas mudas, dirigindo-se então lentamente para o ceco e o cólon ascendente; atingindo a maturidade sexual, começam a oviposição entre 1 a 3 meses da infecção. Vivem, em média, 15 a 20 anos. EPIDEMIOLOGIA Embora o homem seja o hospedeiro mais importante, os tricocéfalos também parasitam o macaco e o porco. Estudo recente demonstrou que existe predisposição familial às infecções pelos tricocéfalos. PATOGENIA O hábitat do verme é o ceco e as porções proximais do intestino grosso. Em infecções mais graves, esses vermes são encontrados no apêndice e em porções terminais do íleo, enquanto nas infecções intensas podem ser encontrados desde o íleo terminal até o reto. As lesões intestinais variam, portanto, de simples erosões a ulcerações múltiplas. A diarreia crônica com tenesmo, levando à hipotonia muscular e ao relaxamento do esfíncter anal, pode culminar no aparecimento de prolapso retal, principalmente em crianças pequenas desnutridas, com infecções massivas, tipo de infecção que também pode levar à colite hemorrágica. os tricocéfalos são capazes de exercer uma ação toxicoalérgica, conforme pode ser detectado pela eosinofilia sanguínea – 10 a 15% – e pelas placas urticariformes que desaparecem com o tratamento; QUADRO CLÍNICO A gravidade dos sintomas é diretamente proporcional à carga parasitária. Crianças com infecções moderadamente severas passam a apresentar sintomas muito variados, sendo a diarreia crônica a queixa mais comum, seguida de cólica abdominal, náusea e vômitos, repercutindo no estado geral e no desenvolvimento dessas crianças; Alguns pacientes podem apresentar enterorragia de gravidade variável, a ponto de haver anemia microcítica e hipocrômica, como na ancilostomose. DIAGNÓSTICO Feito pelo encontro de ovos de Trichocephalus trichiurus nas fezes. Recomenda-se o método qualitativo de Lutz ou o método semiquantitativo de vermes de Kato-Katz. O diagnóstico clínico é sempre presuntivo, exceto quando o paciente apresenta prolapso retal com presença de vermes fixados na mucosa. TRATAMENTO A droga específica e de escolha para o tratamento da tricocefalíase é oxipirantel, não mais disponível para uso clínico no Brasil. O mebendazol é a droga atualmente mais usada, ou indicada quando a tricocefalíase está associada com outros parasitos. MEBENDAZOL O esquema terapêutico consagrado é de 100 mg, duas vezes ao dia, durante três dias consecutivos, por via oral. A tolerabilidade é muito boa e os efeitos colaterais, raros, são desconforto abdominal, náuseas, vômitos, febre, prurido e graus variados de disfunção hepática quando se usam doses elevadas. Está contraindicado na gravidez e na lactação. ALBENDAZOL É também um derivado imidazólico de amplo espectro contra nematoides, apresenta muito boa tolerabilidade e eficácia, com as vantagens de ser ovicida, larvicida e vermicida. As raras reações colaterais referidas são desconforto abdominal, náuseas, vômitos, bocaseca, exantema e prurido. Sua eficácia, na dose de 300 mg, nos monoparasitados e de 400 mg, nos poliparasitados, é de 60 a 85%. IVERMECTINA Atualmente, a ivermectina é usada para tratamento de um amplo espectro de infecções causadas por nematoides e artrópodos. O mecanismo de ação consiste em provocar a imobilização dos vermes, induzindo uma paralisia tônica da musculatura. A droga é muito bem tolerada nas doses de 200 µg/kg em dose única. Quando associada ao albendazol, na dose única de 400 mg, sua eficácia atinge cerca de 80%; efeitos colaterais pouco frequentes de prurido e linfadenomegalias e, raramente, náuseas, vômitos, elevações transitórias das transaminases, taquicardia e hipotensão. NITAZOXANIDA A nitazoxanida é um 5-nitotriazol de amplo espectro, sendo sua principal indicação os patógenos oportunistas em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida. É eficaz também contra giardíase, amebíase, SESSÃO 7- DRAMA THAIS M. SOUTO fasciolíase, teníase e nematoides, incluindo a tricocefalíase. Seu mecanismo de ação se faz pela inibição da oxidorredutase ferrodoxina piruvato. A tolerabilidade tem sido considerada boa e as taxas de cura para a tricocefalíase alcançam mais de 80%. A dose recomendada é de 7,5 mg/kg dividida em duas tomadas com intervalo de 12 horas e após a refeição durante três dias. IODETO DE DITIAZANINA E HEXILRESORCINOL São duas drogas que não encontram mais lugar no arsenal terapêutico contra o tricocéfalo, exceto o hexilresorcinol que, pouco eficaz quando usado por via oral, por não atingir concentração adequada no ceco, é útil quando aplicado sob a forma de clister de retenção em pacientes portadores de hiperinfecção. PROFILAXIA Como nas demais geo-helmintíases, o tratamento sanitário das matérias fecais é de fundamental importância, ao lado da educação para a saúde, visando objetivamente as crianças, disseminadoras e vítimas dessa helmintíase. PATOLOGIA ASCARIDÍASE ANCILOSTOMÍASE ENTEROBIOSE TRICURÍASE AMEBA GIÁRDIA ESQUISTOSSOMOSE Formas Ovo – ambiente - INGERIDO Larva – L1, L2 (rabditoides) L3-L5 (Filarioide) Verme adulto Ovo – ambiente – ECLOSÃO Larva – L1, L2 (rabditoides) L3-L4 (Filarioide) Verme adulto Ovo – ambiente Larva – L1, L2 (rabditoides) L3 (Filarioide) Verme adulto Ovo – ambiente Larva Verme adulto Cisto – ambiente/transmis são Trofozóito - patogênica Cisto – infectante Trofozóito Caramujo – biomphalaria – HI HD – homem Permissivo – reservatórios – mamíferos Ovo, miracídio e cercária Fases Evolutivas Machos: cor leitosa, boca na extremidade, trilabilada, serrilha de dentículos, sem interlábios, 2 espículos, intestino retilíneo/testículo filiforme/ cauda Fêmeas: maior, 2 ovários filiformes Ovos: brancos, castanho (em contato com fezes), ovais, membrana externa mamilada (mucopolissacarídeos), média proteica e interna impermeável (25% e 75%) Vermes: dois pares de dentes ventrais – margem da boca; duas lancetas subventrais Fêmea: maior, cauda afilada Machos: bolsa copuladora, 2 espículos Cilindriformes Sistema reprodutor tubular – simples Ovo: elíptico, casca delgada e refringente, espaço hialino entre cápsula e blastômero Ovo: aspecto em “D”; Membrana dupla e transparente; lados achatado/convexo; liso, translúcido; superfície com albumina (aderência) Adultos: cor branca, filiforme, asas cefálicas, esôfago claviforme (bulco cardíaco), 3 lábios Machos: cauda curvada (ventral) Fêmea: cauda afilada, pontiaguda e longa Ovo: elíptico; Poros salientes e transparentes; Casca 3 camadas: lipídica, quitinosa e vitelínica Adultos: afilada (boca e esôfago), alargada (estômago, cloaca, ânus, órgãos genitais) Macho: posterior curvada ventralmente Fêmea: maior, posterior reta Cistos: refringentes, hialinos, parede delgada, até 4 núcleos; Cromatóide nos cistos jovens Trofozóitos: pleomórficos, alongados, pseudópodes, vacúolos castanhos, ectoplasma hialino, endoplasma granuloso Trofozóito: piriforme, simetria bilateral, 8 flagelos, dorso liso e convexo, ventre côncavo, giardinas/tubulinas (proteínas de adesão) Cisto: oval ou elipsóide, externa glicoproteica (resistência); permencem na água po 2 ou + meses, 4 núcleos Ciclo Biológico 1. OVO: Desenvolvimento de L1 até L3 (infectante) 2. Ingestão de ovo 3. L3 no intestino delgado 4. Atravessa a parede intestinal – ceco – linfáticos – veia mesentérica – fígado - vasos sanguíneos – pulmão 5. Ciclo de Loss 6. L3 em L5 7. Traquéia – espectoração ou deglutição 8. Intestino – jejuno e íleo 9. L5 em verme adulto 10. Acasalamento – ovos 1. OVO: Desenvolvimento de L1 até L3 (infectante) 2. L3 penetra na pele 3. Vasos sanguíneos e linfáticos – pulmão 4. Ciclo de Loss 5. L3 em L4 6. Traquéia – espectoração ou deglutição 7. L4: Hematófagos - Intestino delgado - Duodeno 8. Verme adulto 9. Acasalamento – ovos 1. OVO L1 – Ingerido 2. Intestino delgado 3. L2 e L3 maturação - Intestino grosso 4. Ceco – maturação – verme adulto 5. Fêmea – ovos – perianal 1. OVO Ingerido 2. Sulco entérico desfaz a casca 3. Final do intestino delgado -Liberação da larva – ceco - maturação - verme adulto 1. Cisto ingerido 2. Final do delgado/início do grosso – desencistamento – metacisto 3. Origem aos trofozóitos – intestino grosso – colonizam – comensalismo - podem originar cistos 4. Liberados pelas fezes OU invade mucosa intestinal 5. Atinge fígado, pulmão, rim, cérebro (trofozóito hematófago) 1. Cisto ingerido 2. Estômago/duodeno e jejuno – desescistamento – trofozóitos 3. Intestino (duodeno) – divisão binária – fazem pinocitose, absorve vitaminas 4. Encistamento: ceco – liberação de ovos nas fezes 5. Ao redor do trofozóito: membrana resistente (quitina) 1. verme adulto - sistema portal - fígado - veia mesentérica 2. Ovo nas fezes – liberados na água 3. Osmose – eclosão – liberação da larva MIRACÍDIO 4. Caramujo: miraxone (subst. atrativa) - miracídio penetram-os 5. Divisão em esporocistos primários, secundários e terciários 6. CERCÁRIAS 7. Penetram no homem 8. Esquistossômulos 9. tecido subcutâneo - sistema vascular - pulmão - sistema porta - fígado 10. desenvolvimento - macho e fêmea 11. acasalamento – veia mesentérica - ovos - intestino – fezes 12. Ovos podem atingir o fígado* Transmissão Fecal-oral Ingestão de ovos Penetra na mucosa Ingestão Fecal-oral Oral-anal Fecal-oral Fecal-oral Oral-anal Fecal-oral Oral-anal Pentra na mucosa Fecal-Oral Diagnóstico Ovos nas fezes Kato-Katz (quantitativo) Lutz/Hoffman (qualitativo) Ovos nas fezes Kato-Katz (quantitativo) Lutz/Hoffman (qualitativo) Harana/Mori (coprocultura): diferencia as espécies PCR (fezes) ELISA, hemaglutinação, fixação de complemento Willis – flutuação Ovos ou adultos Fita gomada (Graham) Colonoscopia Colonoscopia Kato-Katz (quantitativo) 1. MIF (trofozóitos) – centrifugação 2. Faust (Cistos) – centrifugoflutuação 3. A fresco – trofozóitos 4. Lutz/Hoffman (sedimentação espontânea) 1. EPF – Cistos (Faust) 2. Coloração – trofozóitos 3. MIF (trofozóitos) 4. ELISA 5. PCR Kato-Katz (quantitativo) Lutz/Hoffman (qualitativo) Indiretos (Imunológicos): reação intradérmica (hipersensibilidade I), fixação do complemento; hemaglutinação indireta; ELISA PCR Cromatografia Importante Protozoário flagelado Mamíferos, aves, répteis Carioteca, RE, citoesqueleto SEM mitocôndria, golgi, peroxissomo Lutz – sedimentação espontânea MIF – sedimentação por centrifugaçãoWillis – flutuação espontânea Kato-katz – concentração de ovos, Kato-katz – concentração de ovos, passagem das vezes por tela metálica Centrifugoflutuação – Faust
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