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SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto Objetivos educacionais: 1. Descrever a Tríade Epidemiológica (HND) no contexto das doenças associadas à falta de saneamento básico. 2. Caracterizar os níveis de prevenção de acordo com o modelo da HND no contexto das doenças associadas à falta de saneamento básico. 3. Exemplificar estratégias e medidas assistenciais em saúde para vigilância e controle de doenças associadas à falta de saneamento básico, tais como leptospirose e rotavírus. 4. Relatar etiologia, epidemiologia, profilaxia e controle da leptospirose e do rotavírus. 5. Aplicar os modelos de saúde e doença na explicação da ocorrência de doenças virais e bacterianas associadas à ausência de saneamento Modelos de Saúde-Doença Modelo Biomédico Para Christopher Boorse ( 1975 ), eminente filósofo da Biologia, "doença" compreende o estado interno do organismo biológico resultante do funcionamento subnormal de alguns dos seus órgãos ou subsistemas. Algumas doenças podem evoluir para enfermidades caso provoquem consequências psicológicas e sociais, limitações ou incapacidades, que preencham os seguintes critérios: 1- sejam indesejáveis para o sujeito; 2- sejam consideradas elegíveis para intervenções; 3- constituam justificativa para comportamentos sociais normalmente reprováveis. O conceito biomédico de doença pode ser definido co1no: "desajustamento ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto, processo (que) conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo ou de suas funções vitais". No modelo biomédico, portanto, o conceito de doença se aplica indiferentemente a organismos de todas as espécies e por isso deve ser analisado em termos biológicos. Do ponto de vista clínico, os problemas de saúde podem ser classificados - sob o aspecto de duração das alterações, disfunções e sintomas- como agudos ou crônicos. Crônicas são as doenças que se desenrolam a longo prazo, agudas são aquelas de curta duração. Por outro lado, do ponto de vista da etiopatogenia, as doenças podem ser classificadas em duas categorias: infecciosas e não-infecciosas. Segundo a OPS/OMS, 1992, doença infecciosa é a "doença do homem ou dos animais que resulta de uma infecção". O modelo biomédico de patologia foi desenvolvido privilegiando-se as doenças infecciosas (Barreto, 1998). Nesse modelo, doenças não-infecciosas são definidas por exclusão. Trata-se daqueles estados mórbidos que não resultam de processos infecciosos, como, por exemplo: silicose, hidrargirismo, doença coronariana ou diabetes. Os agentes etiológicos das doenças não-infecciosas em geral são de natureza inanimada. Aí classificam-se radiações, poluentes químicos do ar, da água, do solo, dos alimentos, álcool, fumo, drogas usadas como remédios ou por dependência química, aditivos de alimentos e pesticidas, entre outros. Doenças Infecciosas Nas doenças infecciosas, o agente etiológico é um ser vivo, correntemente referido como patógeno (etimologicamente: gerador de doença). Dá-se o nome de infecção à penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um patógeno no organismo de uma pessoa ou animal. A infecção é um processo biológico bastante comum. Na luta pela sobrevivência, organismos vivos parasitam outros organismos vivos, às vezes espoliando-os e produzindo- lhes enfermidades. Chama-se agente infeccioso um ser vivo com variado grau de complexidade biológica (vírus, rickétsia, bactéria, fungo, protozoário ou helminto) que, mediante uma das formas que assume no seu ciclo reprodutivo (esporo, ovo, cisto, larva, adulto etc.), pode ser introduzido no meio interno de outro ser vivo, desenvolvendo-se e/ou multiplicando-se. Dependendo das predisposições intrínsecas do hospedeiro, pode-se aí gerar ou não um estado patológico manifesto denominado doença infecciosa. A expressão "doença transmissível”: "qualquer doença causada por agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão desse agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou animal infectados ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto ambiente inanimado." Cujo agente etiológico é vivo e transmissível. A designação de doença contagiosa para doenças infecciosas cujos agentes etiológicos se difundem através do contato direto com os indivíduos infectados. Tomem-se como exemplo o sarampo, transmitido por secreções da orofaringe, e as DST (doenças sexualmente transmissíveis). Toda doença contagiosa é infecciosa, porém o inverso não é verdadeiro. No modelo biomédico de doença infecciosa, as propriedades dos patógenos que mais importam são aquelas que regem sua relação com o hospedeiro e as que contribuem para o aparecimento de doença como produto dessa relação (OPS/ OMS, 1992). lnfectividade, patogenicidade, virulência e poder imunogênico são essas propriedades. lnfectividade: capacidade que certos organismos têm de penetrar e se desenvolver ou se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Há agentes dotados de alta infectividade que facilmente se transmite às pessoas suscetíveis. Tome-se como exemplo o vírus da gripe. os fungos em geral tem baixa infectividade; Patogenicidade: é a capacidade do agente infeccioso de uma vez instalado no organismo do homem e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção entre os hospedeiros infectados. Alguns agentes, como o vírus do sarampo, são dotados de altíssima patogenicidade. Na situação oposta se encontra o vírus da pálio, dotado de patogenicidade muito reduzida. Virulência: é a capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais. A virulência associa-se às propriedades bioquímicas do agente relacionadas com a produção de toxinas e à sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado, o que o toma metabolicamente exigente, com prejuízo do parasitado. Alta virulência indica grande proporção de casos fatais ou graves. Isso acontece na raiva, por exemplo, em que qualquer caso é fatal. Já o vírus do sarampo pesar de altas infectividade e patogenicidade, é de baixa virulência. lmunogenicidade: poder imunogênico, é a capacidade que tem um dado bioagente de induzir imunidade no hospedeiro. Como os vírus da rubéola, sarampo, caxumba, varicela e outros, dotados de alto poder imunogênico. Uma vez infectadas por microrganismos, as pessoas ficam em geral imunes para o resto da vida. os vírus da gripe e da dengue, salmonelas e shigelas, por exemplo, apenas conferem imunidade temporária aos suscetíveis, mas tem baixo poder imunogênico. Uma doença manifesta é aquela que apresenta todas as características semiológicas que lhe são típicas. Na forma abortiva ou frustra, nem todos os sinais clínicos da doença emergem acima do horizonte clínico. A forma fulminante de doença é a que ocorre de forma excepcionalmente grave, com elevado coeficiente de letalidade. Na forma inaparente ou subclínica da doença o indivíduo não apresenta sinais ou sintomas clínicos manifestos, mas transmite; Período de incubação é o intervalo de tempo que decorre entre exposição a um agente infeccioso e aparecimento de sinais ou sintomas da doença; Período de transmissibilidade é o intervalo no qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de um indivíduo infectado a outro, ou de um animal infectado ao homem, ou de um homem infectado a um animal, inclusive artrópodes; A maioria das doenças infecciosas ou transmissíveis associa-se à pobreza e às desigualdades sociais; DOENÇAS NÃO-INFECCIOSAS É aquela que não se relaciona à invasão do organismo por outros seres vivos parasitários. Nessa categoria enquadram--se acidentes, envenenamentos,mortes violentas e períodos de exacerbação aguda de doenças crônicas; Baixa patogenicidade constitui uma das características marcantes das doenças não-infecciosas, em comparação com doenças decorrentes de exposição a agentes infecciosos. Modelo de exposição que causam doenças não infecciosas: - Exposição aguda a fatores que se apresentam em alta concentração. - Exposição reiterada e intermitente - Exposição múltipla a fatores; MODELO PROCESSUAL A noção de prevenção tem como fundamento um modelo processual dos fenômenos patológicos denominado modelo de História Natural da Doença (HND). Nas palavras dos principais sistematizadores desse modelo (Leavell & Clark, 1976), denomina-se "história natural da doença o conjunto de processos interativos que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte". HND possui 2 domínios: MEIO EXTERNO e MEIO INTERNO Os domínios são: meio externo, onde interatuam determinantes e agentes, e meio interno, onde se desenvolve a doença. SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto Neste modelo, considera se também a evolução dos processos patológicos em dois períodos consecutivos que se articulam e se complementam. Os períodos são: pré- patogênese, quando manifestações patológicas ainda não se manifestaram, e patogênese, em que processos patológicos já se encontram ativos. A história natural da doença (HDN) é o nome dado a um conjunto de processos interativos que compreendem as inter-relações do agente, suscetível e o meio ambiente. Desenvolve-se em períodos sequenciados: o período epidemiológico ou pré-patogênico e o período patológico. No primeiro período, o interesse de estudo está dirigido para as relações suscetível-ambiente e no segundo o foco está nas modificações que se passam no organismo vivo. PRÉ-PATOGENESE Na pré-patogênese, o conjunto resultante da estruturação sinérgica das condições e influências indiretas - proximais ou distais - constitui um ambiente gerador da doença. Fatores que produzem efeitos diretos sobre as funções vitais do ser vivos perturbando-as e assim produzindo doença nos sujeitos, são denominados agentes patogênicos. Tais agentes são de natureza física, química, biológica, nutricional ou genética. A associação de fatores pode ser sinérgica, isto é, fatores articulados podem aumentar o risco de doença mais do que faria a simples soma de seus efeitos isolados; O estado final desencadeador de doença resulta, portanto, da interação de uma multiplicidade de determinantes econômicos, políticos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. PATOGÊNESE Desenvolvimento de processos patológicos no ser humano. Seguem se perturbações bioquímicas em nível celular, que continuam como distúrbios na forma e função de órgãos e sistemas, evoluindo para defeito permanente {ou seqüela), cronicidade, morte ou cura. Esse modelo considera quatro níveis de evolução da doença no período de patogênese: -Interação agente-sujeito; -Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas; -Sinais e Sintomas; -Cronicidade. O modelo de HND representa um grande avanço em relação ao modelo biomédico clássico, na medida em que reconhece que saúde-doença implica um processo de múltiplas e complexas determinações. De acordo com Rouquayrol e colaboradores (2018), no período patogênico são considerados quatro níveis de evolução: (a) interação estímulo-suscetível; (b) alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas; (c) sinais e sintomas; e (d) cronicidade. Denomina-se de “horizonte clínico” a linha imaginária que separa o estágio (b) as alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas do (c) referente aos sinais e sintomas. SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto De acordo com o modelo da HND, a prevenção deve ser feita nos períodos pré-patogênese e patogênese e o conhecimento da história natural da doença favorece o domínio das ações. As medidas preventivas podem ser primárias, secundárias e terciárias. A primária se faz com a interceptação dos fatores pré-patogênicos e a secundária é realizada no indivíduo, já sob a ação do agente patogênico, no nível do estado da doença. A prevenção terciária consiste na adoção de medida destinadas à reabilitação MODELO SISTÊMICO (Chaves, 1972). Roberts (1978) define sistema como "um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos". San Martin (1981) põe em relevo o sistema formado pelo ambiente, população, economia e cultura, designando este conjunto sistema epidemiológico-social. AGENTE E SUSCETÍVEL Um agente pode ser um microrganismo, um poluente químico ou um gene. Mesmo para doenças infecciosas, o modelo da causalidade específica apresenta limitações. Embora se considere que cada doença infecciosa tem seu agente específico, sabe-se que uma mesma entidade clínica pode ser produzida pela ação direta de agentes diversos; Alguns desses bioagentes são comensais, outros simbiontes e, outros, parasitas. Daí o emprego do termo "suscetível" para indicar o terceiro elemento do sistema agente-ambiente-suscetível, exatamente aquele em que a doença se desenvolverá e terá oportunidade de se manifestar clinicamente. Quando a suscetibilidade é relacionada a bioagentes, o suscetível pode ser denominado hospedeiro; As relações do hospedeiro com o bioagente patogênico podem ser descritas pelas seguintes categorias: resistência, suscetibilidade e imunidade. RESISTENCIA: é o sistema de defesa com o qual o organismo impede a difusão ou multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram, ou reage aos efeitos nocivos dos seus produtos tóxicos. Está associada ao estado de nutrição, capacidade de reação e adaptação aos estímulos do meio, fatores genéticos, estado atual da saúde, estresse ou imunidade específica. SUSCETIBILIDADE: Indivíduo suscetível é aquele que não possui resistência a determinado agente patogênico e que, por essa razão, pode contrair a doença, se posto em contato com o mesmo. IMUNIDADE: "associado à presença de anticorpos que possuem ação específica sobre o microrganismo responsável por determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas". AMBIENTE Além de compreender o ambiente físico, que abriga e toma possível a vida autotrófica, e o ambiente biológico, que abrange todos os seres vivos, deve incluir também o ambiente social, sede de fatores e processos que podem estar associados a doenças. reservatório de agentes infecciosos é o ser humano ou animal, artrópode, planta, solo ou matéria inaninada (ou uma combinação desses), em que um agente infeccioso normalmente vive e se multiplica em condições de dependência primordial para a sobrevivência e no qual se reproduz, de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro suscetível; São chamadas antropanoses as doenças nas quais o homem é o único reservatório, único hospedeiro e único suscetível. Zoonoses são infecções comuns ao homem e a outros animais; Antropozoonoses o reservatório é composto por populações animais Zooantroponoses as zoonoses nas quais as populações humanas constituem o reservatório; Anfixenoses tanto o homem como os animais podem funcionar como reservatório, dependendo de fatores circunstanciais. Portadores ativos são os que, embora estejam eliminando o agente, não apresentam sintomas clínicos no momento em que estão sendo examinados; Portadores passivos são os que nunca apresentaram nem apresentarão quaisquer sintomas; -Os vetores mecânicos agem apenas como transportadores de agentes infecciosos; -Vetores biológicos aqueles nos quais os microrganismos desenvolvem obrigatoriamente uma fase do seu ciclo vital; -Veículos são fontes secundárias de infecção intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro;SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto SISTEMAS EPIDEMIOLOGICOS Problemas de saúde são gerados na inter-relação dos componentes bióticos e abióticos do ecossistema com organismos vivos. Têm-se aí doenças de caráter endêmico: subnutrição nos estratos mais pobres da população, doenças sexualmente transmissíveis entre trabalhadores sexuais, abuso de drogas entre marginalizados dos grandes centros urbanos, doença de Chagas em populações rurais. MODELOS SOCIOCULTURAIS Mervyn Susser ( 1973) definiu o termo "doença" como um processo fisiopatológico que causa um estado de disfunção fisiológica ou psicológica no indivíduo. 'moléstia' é um estado individual, subjetivo, uma certa consciência psicológica e corporal da patologia, enquanto 'enfermidade' implica um estado de disfunção social do sujeito doente correspondente ao conceito de sick-role de Parsons. Em paralelo, Susser definiu "comprometimento'' como defeito físico ou psicológico, "incapacidade" como disfunção física ou psicológica persistente e “desvantagem" como disfunção social devida à incapacidade. Engelhardt (1975) considera uma falácia a operação de se tomarem construtos abstratos como coisas concretas, entes diferenciados e autônomos; A adoção do conceito de doença pressupõe que se trata de fenômenos físicos e mentais que podem ser correlacionados com eventos de dor e sofrimento, e assim os seus padrões podem ser explicados, seu curso pode ser predito e suas conseqüências podem ser influenciadas favoravelmente (Engelhardt, 1975:137). MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA Na história natural da doença admite-se o conceito de saúde com uma estruturação explicativa proporcionada pela tríade ecológica (agente, suscetível e meio ambiente), enquanto na determinação social do processo saúde-doença admite-se um processo dinâmico, complexo e multidimensional que engloba dimensões biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais e políticas a fim de identificar uma complexa inter-relação quando se trata de saúde e doença de uma pessoa, de um grupo social ou de sociedades (CRUZ, 2011; PUTTINI et al., 2010). HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do ser humano ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto ROTAVIROSE Rotavírus, é uma gastroenterite aguda (inflamação do estômago e dos intestinos) compreendida entre as doenças diarreicas agudas (DDA), com predominância de diarreia líquida e vômitos de duração limitada, a quadros graves, com desidratação grave e febre, podendo evoluir a óbito. vírus RNA de cadeia dupla da família Reoviridae. Composto por três camadas concêntricas que abrangem 11 segmentos gênicos. A mais externa contém duas proteínas importantes: a VP7 e a VP4, ambas induzem a produção de anticorpos neutralizantes O rotavírus é muito estável e pode permanecer viável no meio ambiente por semanas ou meses; O ser humano infectado é o reservatório do rotavírus, abrigando o vírus em seu sistema gastrointestinal. ETIOLOGIA Pertencem à família Reoviridae, gênero Rotavírus. A partícula viral infecciosa (vírion) mede de 70 a 90 nm de diâmetro. Não possuem envelope e exibem nucleocapsídeo com simetria icosaédrica; EPIDEMIOLOGIA regiões de clima temperado, quer sob o caráter endêmico nas áreas tropicais; faixa etária de 6-24 meses; IMUNIDADE A replicação viral evolui no sentido cefalocaudal, no curso de um a dois dias, estendendo-se até o íleo. Nas células absortivas são descritas: dilatação do retículo endoplasmático, tumefação das mitocôndrias, vacuolização citoplásmica e destruição das microvilosidades; Destacam-se graus variáveis de atrofia vilositária focal; transformação cuboidal das células epiteliais; hiperplasia das criptas de Lieberkhün; relação vilo-cripta reduzida; e aumento do infiltrado inflamatório da lâmina própria. Essa última alteração é geralmente leve, comparativamente ao processo inflamatório envolvendo outros enteropatógenos, notadamente aqueles bacterianos; Outro achado digno de nota reside no sensível declínio da atividade inerente às dissacaridases (principalmente a SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto lactase), responsáveis pela digestão da lactose, importante carboidrato na dieta de lactentes jovens. A hidrólise enzimática dos dissacarídios se reduz, por conseguinte, restringindo o processo de desdobramento em monossacarídeos, forma pela qual se processa a absorção do açúcar. Disso decorre um aumento da osmolaridade no lúmen intestinal e, consequentemente, do afluxo de líquido, daí se estabelecendo diarreia de natureza osmótica. MODO DE TRANSMISSÃO Via fecal-oral, tanto por contato pessoa a pessoa como por meio de objetos e superfícies de ambientes coletivos contaminados. Gotículas respiratórias e alimentos/água contaminados; PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de um a três dias, usualmente menos de 48 horas; O período de transmissibilidade dos rotavírus é de aproximadamente duas semanas; SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E IMUNIDADE: todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, crianças menores de 5 anos, entre a faixa etária de 6 a 24 meses, enquanto as formas inaparentes prevalecem entre os recém-nascidos e lactentes (até os 3 a 4 meses); MANIFESTAÇÃO CLINICA Entre as DDA, é caracterizado por diarreia líquida sem sangue, acompanhada de vômitos, ocorrendo com frequência febre e dor abdominal; a tríade clássica composta por febre, vômitos e diarreia; A primeira infecção é geralmente mais grave quando ocorre após os 3 meses de idade. Em adultos, a infecção tende a ser mais leve ou assintomática, mas o rotavírus pode causar gastroenterite grave em alguns, especialmente nos que apresentam comorbidade e nos mais velhos. COMPLICAÇÕES Em bebês e crianças pequenas pode levar à diarreia grave, desidratação, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica. Crianças imunocomprometidas por causa de imunodeficiência congênita ou por transplante de medula óssea ou de órgãos sólidos podem apresentar gastroenterite grave ou prolongada por rotavírus, além de evidências de anormalidades em múltiplos sistemas orgânicos, particularmente nos rins e no fígado. TRATAMENTO: reidratação dos pacientes por meio da administração de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da gravidade do caso; além do tratamento de outros sinais e sintomas, como náuseas, vômitos e febre. Deve-se manter a dieta alimentar normal e não se recomenda o uso de antimicrobianos nem de antidiarreicos. Antes de iniciar o tratamento, é imprescindível a avaliação clínica do paciente e do seu estado de hidratação; VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 1. Identificar os genótipos de rotavírus prevalentes circulantes entre as crianças menores de 5 anos atendidas em unidades sentinelas. 2. Monitorar o impacto da vacinação contra o rotavírus na doença, e alterações na epidemiologia e nas cepas circulantes após a implementação da vacina contra o rotavírus. 3. Monitorar a carga de outros patógenos entéricos entre os menores de 5 anos atendidos em unidades sentinelas; CRITÉRIOS PARA UNIDADE SENTINELA • Unidade de saúde com leitos de internação e/ou observação de pediatria. • As unidades sentinelas devem atender um mínimo de 100 crianças menores de 5 anos com DDA por ano (WHO, 2018). • Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) implantada (na ausência, deve ter Comissão de Controle de Hinfecção Hospitalar – CCIH). • Capacidade para coleta e armazenamento de amostras de fezes para análises laboratoriais. • Envolvimento da direção e das áreas afins.CASO SUSPEITO: Criança menor de 5 anos atendida em unidade sentinela, com doença diarreica aguda sem sangue, independentemente do estado vacinal contra rotavírus. CASO CONFIRMADO: Caso suspeito com confirmação laboratorial. CASO DESCARTADO: Caso suspeito notificado que, após a investigação epidemiológica, não tenha atendido à definição de caso confirmado, ou seja, diagnóstico laboratorial não reagente (realizado nos Lacen). Os casos de rotavírus de crianças menores de 5 anos são de notificação compulsória apenas em unidades sentinelas para rotavírus, conforme disposto na Portaria de Consolidação GM/MS n.º 5, de 28 de setembro de 2017; As crianças que se enquadrem na definição de caso suspeito devem ser notificadas por meio da ficha individual de rotavírus e registrados no Sinan Net em até sete dias. SURTOS Os surtos de DDA de causa desconhecida ou alteração no padrão clínico epidemiológico das DDA, compreendidas entre as doenças de transmissão hídrica e alimentar (doenças diarreicas agudas ou DDA), que configurem “Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública”, devem ser notificados imediatamente ao SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto Ministério da Saúde, conforme disposto na Portaria de Consolidação GM/MS n.º 4, de 28 de setembro de 2017 INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLOGICA Preenchimento adequado de todos os itens da Ficha de Notificação/Investigação Individual de Rotavírus, coleta de amostra clínica e investigação laboratorial, seguimento de fluxos de informação sobre o caso e das amostras clínicas ao Lacen. confirmar o diagnóstico, determinar as características epidemiológicas como possível surto de rotavírus, identificar suas causas e orientar as medidas de prevenção e de controle; COLETA No momento da admissão ou em até 24 horas de internação; fezes frescas in natura; MEDIDAS DE PREVENÇÃO E DE CONTROLE Em surtos, o objetivo é orientar medidas de controle e ações necessárias para prevenir novos casos, casos graves e óbitos. Vacinação; G1P1 (atenuada); 2 doses sendo a primeira aos 2 meses e a segunda aos 4 meses de idade, com intervalo de 30 dias entre as doses. A partir de 1 mês e 15 dias já pode ser administrada; Via oral; Mesmo que a criança esteja na faixa etária preconizada, a vacina é contraindicada: 1. na presença de imunodeficiência; 2. na vigência do uso de medicamentos imunossupressores, como corticosteroides ou quimioterápicos; 3. quando há história de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida, ou história prévia de invaginação intestinal. Lavagem de mãos, controle sanitário da água e dos alimentos, destino adequado dos dejetos e do esgoto, são importantes na profilaxia da gastroenterite por outros patógenos, e parecem não ter grande impacto na incidência da infecção pelo rotavírus. O estímulo ao aleitamento materno tem fundamental importância em função dos altos níveis de anticorpos maternos contra o rotavírus nesse alimento. LEPTOSPIROSE A leptospirose, uma das zoonoses mais importantes do nosso meio, é uma doença generalizada, febril, causada por espiroquetas patogênicos do gênero Leptospira, podendo acometer o homem e os animais domésticos e selvagens, sendo caracterizada por uma vasculite generalizada. No Brasil, é uma doença endêmica; torna-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e nas regiões metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores infectados. Algumas ocupações facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, militares e bombeiros, entre outras. AGENTE ETIOLÓGICO As leptospiras são bacterias microrganismos aeróbios obrigatórios, helicoidais, flexíveis e móveis, medindo em geral de 6 a 20 µm de comprimento e cerca de 0,1 µ de diâmetro; As leptospiras pertencem à ordem Spirochaetales, família Leptospiraceae e gênero Leptospira, que compreende duas espécies: L. interrogans e L. biflexa. A espécie patogênica para o homem é a L. interrogans, e a de vida saprofítica ou aquática, portanto não patogênica para o homem, é a L. biflexa. Qualquer sorovar pode determinar as diversas formas de apresentação clínica no homem; No Brasil, os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni estão relacionados aos casos mais graves. EPIDEMIOLOGIA Verdadeira zoonose; No Brasil, a incidência é maior no período de janeiro a abril; Faixa etária adultos jovens dos 10 aos 39 anos, mais frequentes entre 20-29 anos; sexo masculino predominantemente; A letalidade é variável na leptospirose de acordo com a região geográfica e o sorotipo nela predominante; RESERVATÓRIOS SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto Animais sinantrópicos, domésticos e selvagens. Os principais são os roedores das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato-preto) e Mus musculus (camundongo ou catita. Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados e albergam a leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos. O R. norvegicus é o principal portador do sorovar Icterohaemorraghiae, um dos mais patogênicos para o homem; Outros reservatórios são caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos; O ser humano é apenas hospedeiro acidental e terminal, dentro da cadeia de transmissão. MODO DE TRANSMISSÃO A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais infectados; A penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele integra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de outras modalidades de transmissão possíveis, porém, com rara frequência, são: Contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados. Transmissão acidental em laboratórios. Ingestão de água ou alimentos contaminados. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Varia de 1 a 30 dias (média de 5 e 14 dias). PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE:A suscetibilidade é geral. A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar específica, podendo um mesmo indivíduo apresentar a doença mais de uma vez se o agente etiológico de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do(s) anterior(es) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As apresentações clínicas da leptospirose são divididas em duas fases: fase precoce (fase leptospirêmica) e fase tardia (fase imune). FASE PRECOCE instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos, e pode não ser diferenciada de outras causas de doenças febris agudas. Poucos casos são identificados e notificados nessa fase da doença, em decorrência das dificuldades inerentes ao diagnóstico clínico e a confirmação laboratorial. Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse, EXANTEma em 10% a 20% dos pacientes; Podem desenvolver petéquias e hemorragias conjutivais; Regride em 3 – 7 dias sem deixar sequelas. Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose e é observada em cerca de 30% dos pacientes. FASE TARDIA 15% dos pacientes com leptospirose ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que se iniciam após a primeira semana da doença, mas podem aparecer antes, especialmente em pacientes com apresentações fulminantes. manifestação clássica grave é síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar; A síndrome de hemorragia pulmonar, caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramentopulmonar maciço, vem sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como manifestação distinta e importante da leptospirose na fase tardia. O comprometimento pulmonar da leptospirose apresenta-se com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca indica extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência respiratória e a óbito; COMPLICAÇÕES A insuficiência renal aguda. miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias agravados por distúrbios eletrolíticos; pancreatite; anemia; e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea. TRATAMENTO Hospitalização imediata dos casos graves, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. Nos casos leves, o atendimento é ambulatorial. SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Reduzir a letalidade da doença. Monitorar a ocorrência de casos e surtos. Identificar os sorovares circulantes. CLINICO LABORATORIAL CASO SUSPEITOIndivíduo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos critérios a seguir elencados. Critério 1: Presença de antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas, como: Exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas. Exposição a fossas, esgoto, lixo e entulho. Atividades que envolvam risco ocupacional, como coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas. Vínculo epidemiológico com um caso confirmado por critério laboratorial. Residência ou local de trabalho em área de risco para leptospirose. Critério 2: Presença de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: Icterícia. Aumento de bilirrubinas. Sufusão conjuntival. Fenômeno hemorrágico. Sinais de insuficiência renal aguda. CASO CONFIRMADO critério clinico-laboratorial( ELISA- IgM) CASOS DE ÓBITOS detecção de DNA por PCR; e analises confirmatórias; CRITÉRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO: Todo caso suspeito que apresente febre e alterações nas funções hepática, renal ou vascular, associado a antecedentes epidemiológicos (descritos na definição de caso suspeito) e que, por algum motivo, não tenha coletado material para exames laboratoriais específicos ou estes tenham resultado não reagente com amostra única coletada antes do sétimo dia de doença ou uma amostra única coletada, em qualquer dia de doença, com ELISA reagente ou indeterminado e MAT não reagente ou com título < 800. A leptospirose é uma doença de notificação compulsória no Brasil SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE As medidas de prevenção e controle devem ser direcionadas aos reservatórios; à melhoria das condições de proteção dos trabalhadores expostos; às condições higiênico-sanitárias da população; e às medidas corretivas sobre o meio ambiente, diminuindo sua capacidade de suporte para a instalação e a proliferação de roedores; Cuidados com a água para consumo humano; Limpeza da lama residual das enchentes; Limpeza de reservatórios domésticos de água (caixa-d’água e cisternas); Cuidados com os alimentos; Saneamento ambiental; são exemplos de medidas de prevenção e controle da leptospirose: a criação de animais seguindo os preceitos das boas práticas de manejo e guarda responsável; o tratamento adequado dos resíduos sólidos, coletados, acondicionados e destinados aos pontos de armazenamento e tratamento definidos pelos órgãos competentes; a execução de obras de engenharia que evitem ou contenham enchentes e alagamentos em áreas urbanas. para a prevenção e controle da leptospirose as medidas direcionadas aos reservatórios da doença são: o controle da população de roedores; a segregação e tratamento de animais de produção e de companhia acometidos pela doença e a criação de animais seguindo os preceitos das boas práticas de manejo e guarda responsável; à melhoria das condições de proteção dos trabalhadores expostos (tais como os SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto profissionais que atuam nos serviços de coleta e segregação de resíduos sólidos); condições higiênico-sanitárias da população e às medidas corretivas sobre o meio ambiente SAÚDE AMBIENTAL Segundo o Ministério da Saúde (2007), trata-se de um campo de práticas intersetoriais e transdisciplinares voltadas para os reflexos, na saúde humana, das relações ecogeossociais do ser humano com o ambiente com vistas ao bem-estar, à qualidade de vida e à sustentabilidade, a fim de orientar políticas públicas formuladas com a utilização do conhecimento disponível e com a participação e o controle social. As ações de saúde ambiental compreendem: identificação e caracterização de fatores de risco para a saúde originados no ambiente; planejamento de ações de prevenção e promoção da saúde; desenvolvimento de ações de controle e vigilância sanitária de sistemas, estruturas e atividades com interação no ambiente; São condições indispensáveis para a garantia da saúde de uma população: nutrição, habitação, educação, lazer, trabalho e renda, acesso a serviços de saúde, acesso a serviços de saneamento, higiene pessoal, higiene da moradia e das edificações em geral e ações para garantia de um ambiente saudável. Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirma que aproximadamente um quarto do total da incidência de doenças e mais de um terço da incidência entre crianças se devem a modificações ambientais. Entre as doenças mais frequentes encontram-se a diarreia, as infecções respiratórias, várias formas de danos não intencionais e malária. As consequências do efeito estufa são: • elevação gradual da temperatura ambiente; • alteração na precipitação (regime de chuvas) com danos às atividades agrícolas e pecuárias; • desaparecimento de espécies animais e vegetais e aumento das populações de pragas; • elevação dos níveis dos oceanos devido à dilatação da água e ao derretimento gradual do gelo das calotas polares, podendo causar a inundação de grande parte das áreas litorâneas; • possíveis impactos sobre a saúde da população. A camada de ozônio que existe na estratosfera absorve a radiação ultravioleta do sol, não permitindo que ela chegue até nós com grande intensidade. Os CFC são decompostos pela radiação ultravioleta do sol, liberando o cloro, que destrói o ozônio. Com a destruição da camada de ozônio, há aumento da intensidade da radiação ultravioleta na superfície terrestre, podendo alterar as estruturas moleculares das células dos seres vivos(Câncer de pele e catarata); Os CFC são usados em equipamentos de refrigeração, na fabricação de espumas de plástico, de material de limpeza, de chips de computadores e como propelentes em tubos de spray. Os gases responsáveis pelas chuvas ácidas originam-se, principalmente, da queima de combustíveis fósseis e das atividades industriais. qualquer mudança num ambiente, resultante da introdução de poluentes na forma de matéria ou energia, pode ser entendida como poluição ambiental; O lançamento de produtos químicos ou de resíduos no solo pode resultar em sua poluição. As principais fontes de poluição do solo são: aplicação de defensivos agrícolas (agrotóxicos) ou de fertilizantes, despejos de resíduos sólidos, lançamentos de esgotos domésticos ou industriais e dejetos de animais; Um solo com microrganismos oriundos de dejetos pode, por meio do contato com a pele humana, ser veículo na transmissão de algumas doenças, principalmente as verminoses (ancilostomíase e ascaridíase, por exemplo) SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto O controle da poluição da água deve ser essencialmente preventivo, sendo a medida mais eficaz a execução de sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais. Visando ao controle da poluição da água: • afastamento adequado dossistemas de fossas e poços; • controle do lixiviado (chorume + percolado) em aterros de resíduos sólidos, evitando-se que alcancem os recursos hídricos sem tratamento prévio; • preservação das áreas vizinhas aos recursos hídricos superficiais por meio da adoção de faixas de proteção marginais desses recursos, as quais devem ser mantidas com vegetação; • controle da aplicação de pesticidas e fertilizantes; • disciplinamento do uso do solo nas proximidades dos recursos hídricos, evitando-se atividades que possam resultar na poluição da água. SANEAMENTO De acordo com a OMS, “saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental ou social”. SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto Tratar a água com: filtração, fervura e utilização de cloro; Outras atividades de saneamento: -drenagem de aguas pluviais; -controle de insetos e roedores; -gestão ambiental; -educação ambiental; EPIDEMIOLOGIA “ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.” a atenção da epidemiologia está voltada para as ocorrências em escala massiva de doença e de não doença, envolvendo pessoas agregadas em sociedades, coletividades, comunidades, grupos demográficos, classes sociais ou quaisquer outros coletivos formados por seres humanos. O universo dos estados particulares de ausência de saúde é estudado pela epidemiologia sob a forma de doenças infecciosas (sarampo, difteria, malária etc.), não infecciosas (diabetes, bócio endêmico, depressões etc.) e agravos à integridade física (acidentes, homicídios, suicídios, violências). Segundo Laurell (1985), o processo saúde-doença da coletividade pode ser entendido como “o modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o surgimento da doença”. O objetivo global da epidemiologia é estudar “a ocorrência e distribuição de eventos relacionados com a saúde das populações, incluindo o estudo dos fatores determinantes e a aplicação desse conhecimento não mais e nem menos para controlar problemas de saúde” (PORTA, 2008). Assim, a epidemiologia visa: 1. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas. 2. Proporcionar dados essenciais para planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades. 3. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Diversos autores definem epidemiologia como: “o estudo da distribuição das doenças nas coletividades humanas e dos fatores determinantes responsáveis por essa distribuição”. SESSÃO 6- DRAMA Thais M. Souto
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