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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE-CCS DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA E MICROBIOLOGIA DISCIPLINA: MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA BÁSICA CURSO: NUTRIÇÃO PROFESSORA: Dra. Josie Haydée Laura Beatriz Guimarães Sousa TRABALHO DE MICROBIOLOGIA Mecanismos de patogenicidade dos microrganismos TERESINA- PI DEZEMBRO – 2020 SUMÁRIO 1. Conceitos gerais ---------------------------------------------------------------------------03 2. Como os microrganismos infectam o hospedeiro -----------------------------03 2.1 Portas de entrada ------------------------------------------------------------------------03 2.2 Aderência ----------------------------------------------------------------------------------05 3. Como os patógenos bacterianos ultrapassam as defesas ------------------06 4. Como os patógenos bacterianos danificam as células ----------------------07 5. Propriedades patogênicas dos vírus e fungos ----------------------------------09 5.1 Vírus -----------------------------------------------------------------------------------------09 5.2 Fungos --------------------------------------------------------------------------------------10 Referências 1. CONCEITOS GERAIS ❏ Patógenos são os microrganismos causadores de doenças. ❏ Patogenicidade é a capacidade de um organismo causar doença. ❏ Virulência é o grau de patogenicidade de um agente infeccioso, ou seja, refere-se a intensidade da doença produzida por um patógeno. ❏ Infecção se refere à multiplicação de qualquer microrganismo parasita dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro. Quando essa infecção prejudica o funcionamento normal do hospedeiro, ocasiona a doença. ❏ Doença é um distúrbio no estado de saúde, e tem como consequências, alterações das funções normais do corpo. 2. COMO OS MICRORGANISMOS INFECTAM O HOSPEDEIRO Inicialmente, para ocasionar uma infecção ou doença, os microrganismos devem ter capacidade para aderir ou penetrar no interior de seu hospedeiro, multiplicar-se, evitando as defesas e lesionar o tecido do mesmo. Embora, nem todos microrganismos geram doenças por meio do dano nos tecidos, mas, pelo acúmulo de resíduos tóxicos deixados por eles. Os patógenos podem obter acesso ao hospedeiro por meio de várias vias, denominadas portas de entrada, que irão incluir a pele, as membranas mucosas e a via parental. Portas de entrada Pele: Embora, a pele quando intacta, dificulte a entrada da maioria dos microrganismos, ela possui folículos pilosos e ductos de glândulas sudoríparas e mamárias que permitirão a passagem dos mesmos. Algumas larvas de vermes parasitas, como o caso do ancilóstomo, podem penetrar na pele mesmo nessas condições, enquanto alguns fungos invadem as células em sua superfície. Membranas mucosas: Os microrganismos podem adentrar no corpo por meio das membranas mucosas que revestem o trato urogenital, respiratório, gastrointestinal e a conjuntiva, por meio de aberturas como nariz, orelhas, boca, olhos, uretra e vagina. 3 Uma das portas de entrada mais utilizadas é o trato respiratório, onde diversos microrganismos penetram no corpo pelo ar inalado, nas partículas de poeira ou gotículas levadas pelo ar. No trato gastrointestinal, eles infectam por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados e também pelas mãos contaminadas quando levadas à boca. Entretanto, muitos dos que entram nessa via são destruídos e os que conseguem permanecer geram doenças. Aqueles que penetram no trato urogenital normalmente são micróbios que causam DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) oriundos do ato sexual com parceiro(a) contaminado, mas também podem ocorrer infecções por meio da entrada de micróbios vindos da superfície da pele. Via parental: Essa rota está relacionada com a entrada de microrganismos de forma direta na pele ou nas membranas quando lesionadas ou danificadas, como no caso de picadas de insetos, perfurações, mordidas,injeções ferimentos acidentais ou cirúrgicos. É importante ressaltar que, a entrada de microrganismos no corpo não resultará sempre em doença, a porta de entrada é somente um fator para isso. Ademais, existem microrganismos que podem entrar no corpo por meio de uma única porta, e outros que podem entrar por qualquer umas das vias. Outro ponto, é que a patogenicidade desses organismos poderá depender da porta de entrada, ou seja, um patógeno pode penetrar no corpo por meio de uma determinada porta, na qual, não será apropriada para causar uma infecção, as vias que são pré-requisito para tornar um microrganismo em patógeno são denominadas porta de entrada preferenciais. Entretanto, existem aqueles microrganismos que causam doenças independente da via escolhida. Em relação ao números de micróbios invasores eis um fator importante na patogenicidade de um microrganismo pois quando entra somente um pequeno número de patógenos, maior a probabilidade de serem eliminados ou destruídos pelas defesas do hospedeiro, mas ao entrar um grande número será mais fácil superar a defesa, tornando assim um ambiente propício para o desenvolvimento da doença. 4 ADERÊNCIA Para a maioria dos microrganismos a aderência à célula do hospedeiro é um ponto crucial para a patogenicidade. Quando o patógeno invasor encontra pela primeira vez o hospedeiro, sua capacidade de estabelecer rapidamente uma interação de alta afinidade com as células eucarióticas é decisiva para o destino da infecção (COSSART & SANSONETTI, 2004). A adesão das células microbianas a uma superfície pode acontecer pela atração física ou por indução por quimiotaxia em função das características química-físicas da superfície. Essa etapa é realizada por meio de ligantes ou adesinas que estão presentes no patógeno, e que se ligam a receptores na superfície do organismo do hospedeiro. As adesinas são proteínas ou glicoproteínas que estão associadas a em estruturas como pili, fímbrias, flagelo e cápsula. Também são importantes transdutores mecânicos e sua ativação pode desencadear rearranjos de actina. Existem uma variedade de adesinas de acordo com tipo de bactéria, e geralmente os seus receptores são constituídos de açúcares. Nesta fase, a composição da superfície ou a interação com as estruturas do hospedeiro podem favorecer a formação de biofilmes, que são aglomerados de bactérias envolvidos por uma camada fina e viscosa. Essas moléculas fornecem proteção e ajudam na formação da colónia e na adesão intracelular, sua composição é bastante complexa e variável mas o principal componente de sua matriz são os exopolissacarídeos. Por meio da adesão, colonização e produção do biofilme, forma-se um microambiente que permite a proteção contra fagócitos, obtenção de nutrientes, interferência na resposta celular do sistema imune, além de funcionar como barreira para a penetração de antibióticos. Os principais fatores que podem influenciar na adesão bacteriana são a carga elétrica de sua membrana, a hidrofilia, a capacidade de interação com proteínas do hospedeiro, além de fatores do microambiente como temperatura,pH, condições teciduais e outros ( MORAIS et al., 2013). Alguns exemplos de microrganismos e seus mecanismos de adesão: as linhagens enteropatogênicas de E. coli (responsáveis por doenças gastrintestinais) possuem adesinas nas fímbrias que se aderem apenas a tipos específicos de células em certas regiões do intestino delgado. A Neisseria gonorrhoeae, o agente 5 causador da gonorreia, também apresenta fímbrias com adesinas, que permitem sua adesão a células que possuam os receptores apropriados em locais como trato urogenital, olhos e faringe. O Staphylococcus aureus, que causa infecções de pele, liga-se à pele através de um mecanismo de aderência semelhante à adsorção viral (TORTORA, 2017). 3. COMO OS PATÓGENOS BACTERIANOS ULTRAPASSAM AS DEFESAS DO HOSPEDEIRO A adesão dos microrganismos à superfície da célula do hospedeiro não é suficiente para causar uma infecção ou desencadear uma doença, para isso os micróbios devem também ser capazes de colonizar as superfícies ou penetrar nas células. E para ocorrer a colonização após a aderência, é importante que os patógenos sobrevivam e se reproduzam independentemente dos mecanismos de defesa do hospedeiro. O grau de invasibilidade de um patógeno, ou seja, sua capacidade de invadir e crescer nos tecidos do hospedeiro, está relacionado aos fatores de virulência que o patógeno possui e determina a gravidade da doença que ele produz.(BLACK, 2002. pág.356). Alguns fatores bastante comuns são as cápsulas, a composição da parede celular e a presenças de enzimas. As cápsulas são importantes para a contribuição da virulência bacteriana, devido sua proteção às bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas células do hospedeiro. Um exemplo é a Bacillus anthracis, que produz uma cápsula de ácido d-glutâmico, na qual acredita-se que essa a protege da destruição por fagocitose e uma vez, encapsuladas a B. anthracis pode causar a doença antraz. Outro exemplo envolve a Streptococcus pneumoniae, que se torna patogênica, causando pneumonia apenas quando encontram-se protegidas por uma cápsula polissacarídica, quando não encapsuladas podem ser rapidamente fagocitadas e não causam nenhuma doença. Outros componentes da parede celular das bactérias tais como pili, fímbrias, flagelos e algumas proteínas ou lipídios podem contribuir para sua virulência e evitar que sejam eliminadas pelos mecanismos de defesa. Esse é o caso do lipídio ceroso, componente da parede celular de Mycobacterium 6 tuberculosis que além de aumentar a virulência desse organismo confere resistência à digestão por fagócitos, permitindo também que a bactéria se multiplique em seu interior. Algumas bactérias liberam enzimas que contribuem na sua virulência, essas substâncias químicas são digestivas e permitem que os patógenos invadam mais rapidamente os tecidos, causando doenças. Os estreptococos produzem uma enzima chamada hialuronidase, um fator de difusão que digere o ácido hialurônico, que é uma substância que ajuda a manter a células de determinados tecidos unidos, permitindo que esses organismos passem pelas células epiteliais e invadam tecidos mais profundos. Outras enzimas bastante utilizadas é a coagulase, produzida por membros do gênero Staphylococcus, essa enzima acelera a coagulação do sangue de forma que impede a disseminação dos organismos, mas ajuda a protegê-los das defesas imunológicas que deveriam destruí-los. E as enzimas cinases que tem como função dissolver coágulos sanguíneos a partir da degradação da fibrina, permitindo assim a liberação dos patógenos que estavam aprisionados no coágulo e a sua difusão para outros tecidos. 4. COMO OS PATÓGENOS BACTERIANOS DANIFICAM AS CÉLULAS DO HOSPEDEIRO Após a invasão dos agentes infecciosos, o organismo do hospedeiro desencadeia mecanismos de defesa para eliminá-los, quando há sucesso nessa operação nenhum dano ocorrerá. Entretanto, quando os microrganismos consegue superar tais defesas, eles iniciam a fase de danificação que pode ocorrer pelas seguintes formas: ● Utilização os nutrientes do hospedeiro: Devido o ferro ser um elemento muito importante para o crescimento e metabolismo bacteriano, alguns microrganismos desenvolveram mecanismos para obtê-lo, como a liberação de proteínas com alta afinidade pelo ferro, denominadas sideróforos ou apresentam receptores que captam esse nutriente de outras proteínas transportadoras do organismo do hospedeiro. 7 ● Dano direto ou nas regiões próximas às invasões: Depois de entrarem no organismo do hospedeiro, os microrganismos se proliferam, em alguns casos somente essa ação pode ser suficiente para desencadear lise, rompimento das células. ● Indução de reações de hipersensibilidade Respostas antigênicas como o caso das alergias. ● Produção de toxinas bacterianas É o principal mecanismo bacteriano de dano ao hospedeiro. As toxinas se referem a qualquer substância venenosa para outros organismos, são substâncias solúveis geralmente de natureza proteica. Algumas bactérias possuem a capacidade de sintetizar toxinas em seu interior, quando liberadas essas substâncias são transportadas pelo sangue ou pela linfa, danificando até os sítios mais distantes do local inicial da invasão, causando danos como inibição da síntese proteica, rompimento de células e vasos sanguíneos e causando espasmos por meio de danos no sistema nervoso central. Essas toxinas podem ser classificadas em: ● As Endotoxinas fazem parte da porção lipídica do LPS que compõe a membrana externa das bactérias gram-negativas. Somente são liberadas durante a multiplicação bacteriana ou quando essas bactérias morrem e suas paredes são rompidas tornando- as realmente perigosas. ● As Exotoxinas são proteínas, geralmente enzimas, que são sintetizadas no interior de algumas células bacterianas gram negativa/positiva e depois liberadas no meio circundante ou quando a célula sofre lise. São transportadas pela corrente sanguínea e agem danificando as células do hospedeiro ou inibindo algumas funções metabólicas. Existem 3 tipos de exotoxinas as toxinas A-B, toxinas danificadoras de membrana e os superantígenos. 8 5. PROPRIEDADES PATOGÊNICAS DOS VÍRUS E FUNGOS 5.2 VÍRUS PENETRAÇÃO ⇨ DISSEMINAÇÃO ⇨ REPLICAÇÃO ⇨ LESÃO ⇨ DOENÇA As propriedades patogênicas do vírus, assim como de outros microrganismos dependem do acesso ao hospedeiro, da superação de suas defesas e do desenvolvimento de um dano ou morte da célula hospedeira, enquanto se proliferam. Os vírus possuem diversos mecanismos que os permite passar pelas defesas do sistema imune sem serem eliminados. Esses microrganismos penetram na célula por meio da aproximação dos seus sítios de ligação para receptores que estão presentes nas células do hospedeiro ou também porque seus sítios mimetizam substâncias úteis a células permitindo que o vírus entre juntamente com essas substâncias. Os vírus só podem começar a replicar após sua ligação e penetração no organismo do hospedeiro. Uma vez dentro das células, os vírus podem causar diversas alterações (infecção), essesefeitos visíveis são chamados de efeito citopático ou CPE. Quando esses efeitos causam a morte celular eles são denominados citocidas, e aqueles que causam danos sem que haja morte celular são denominados efeitos não citocidas. Os efeitos citopáticos são bastantes variáveis, podendo haver diferenças no ponto em que o efeito ocorre, isso será de acordo com o tipo de vírus. Os CPE incluem: interrupção na produção de proteínas ou outras macromoléculas essenciais a célula, a secreção de enzimas dos lisossomos, os corpúsculos de inclusão, alterações nas células hospedeiras ou em suas funções, a produção de interferons e a formação de sincício, uma grande célula multinucleada que causa doenças. Alguns exemplos de vírus que causam esses efeitos são os Adenovírus (corpúsculo de inclusão), o poliomavírus (causa transformação), poliovírus (morte celular) e o morbilivírus, vírus do sarampo que desencadeia a fusão celular. 9 5.2 FUNGOS Além das bactérias e vírus, as doenças infecciosas também podem ser causadas por eucariontes, especialmente fungos, protozoários e helmintos. Em relação aos fungos, a maioria das doenças causadas por eles resultam da inalação de esporos de fungos ou de esporos que penetram nas células por meio de um ferimento ou corte. Os fungos causam danos aos tecidos do hospedeiro em consequência da liberação de enzimas que atacam as células, após a morte das primeiras células, os fungos digerem e penetram nas células vizinhas. Existem aqueles também que liberam toxinas ou causam reações alérgicas ao hospedeiro. Além disso, há fungos que parasitam plantas e sintetizam micotoxinas, que ao serem ingeridas pelos seres humanos podem causar doenças (BLACK, 2002. pág.361). REFERÊNCIAS ● BLACK, J.G. Microbiologia: Fundamento e perspectivas. 4. ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2002. ● COSSART, P.; SANSONETTI, P.J. Bacterial invasion: the paradigms of ● enteroinvasive pathogens. Science. 2004. ● MORAIS M.N et al. Mecanismos de adesão bacteriana aos biomateriais. Rev. Med. Minas Gerais. 2013. DOI:10.5935/2238-3182.20130015 ● SANTOS, G.L.P. Mecanismos de adesão e invasão por microrganismos patogênicos. UFG. Goiânia. 2011 ● TORTORA, G.J. et al. Microbiologia. 12. ed. Artmed. 2017. 10
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