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5 O ENSINO DE LINGUA ESPANHOLA-prod, sel e anal de mat did

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O ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA:
A produção, seleção e análise de materiais didáticos
 Ricardo Luis Herpich ricardoprofe.historia@gmail.com
 Produção de Materiais Didáticos
RESUMO
O presente artigo visa abordar a efetivação do ensino de Língua Espanhola nos anos finais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado do Rio Grande do Sul. analisando o processo de ensino dessa disciplina, instituída em 2020, sem uma base legal ou uma matriz de referência. Busca ainda, debater qual metodologia iremos seguir, o que pretendemos ensinar, o que precisamos aprender e quais materiais podemos utilizar. Por fim, este trabalho pretende debater as necessidades e possibilidades de seleção e produção de materiais que proporcionem aos alunos uma educação de maior qualidade, focada nas suas necessidades, onde os educandos tenham maior acesso a músicas, vídeos, leituras e aspectos culturais da Língua Espanhola, garantindo a efetivação do processo de ensino.
Palavras-chave: Ensino, Língua Espanhola, Metodologia.
ABSTRACT
This article aims to address the effectiveness of teaching Spanish in the final years of Elementary School in the Public Network of the State of Rio Grande do Sul. analyzing the teaching process of this discipline, instituted in 2020, without a legal basis or a reference matrix. It also seeks to debate which methodology we will follow, what we intend to teach, what we need to learn and what materials we can use. Finally, this work intends to discuss the needs and possibilities of selection and production of materials that provide students with a higher quality education, focused on their needs, where students have greater access to music, videos, readings and cultural aspects of the Spanish Language, ensuring the effectiveness of the teaching process.
INTRODUÇÃO
Esse artigo busca abordar como tem ocorrido a efetivação do ensino de Língua Espanhola nos anos finais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado do Rio Grande do Sul. analisando o processo de ensino dessa disciplina, instituída em 2020, sem uma base legal ou uma matriz de referência.
A pesquisa foi constituída a partir da leitura de referencial bibliográfico, buscando debater que caminhos metodológicos podemos seguir, o que pretendemos ensinar, o que precisamos aprender e quais materiais podemos utilizar com os alunos do Ensino Fundamental, por meio da análise de uma coleção de livros de Espanhol.
Por fim, este trabalho pretende debater as necessidades e possibilidades de seleção e produção de materiais que proporcionem aos alunos uma educação de maior qualidade, focada nas suas necessidades, onde os educandos tenham maior acesso a materiais diversos, que além do ensino do idioma também abordem aspectos culturais da Língua Espanhola, garantindo a efetivação do processo de ensino/aprendizagem.
O ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA NO RS
A implantação da Lei 11.161 de 2005, que efetiva o ensino de língua espanhola nas escolas públicas e privadas brasileiras, amplia o campo de atuação dos profissionais da área. Inicialmente com a inclusão obrigatória no Ensino Médio e facultativa no Ensino Fundamental, mas com a modificação da Matriz Curricular no Estado do RS para o ano de 2020, tornou-se a segunda língua obrigatória na maioria das escolas da rede estadual de ensino.
Porém a inclusão desta disciplina, na rede estadual de ensino do RS, sem um grande planejamento, ocasionou muitas escolas sem recursos humanos, escolas sem material de apoio didático pedagógico e professores sem uma matriz de referência ou conteúdos mínimos a ensinar.
A orientação que temos até os dias atuais está nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) para língua estrangeira e mesmo com a implantação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), o ensino de Língua Espanhola não possui uma matriz de referência, o que faz com que o trabalho docente ainda seja bastante fracionado.
Claro que a existência de uma base nacional proporcionada pela BNCC padroniza e garante uma maior equidade no ensino das diferentes redes, onde “a aprendizagem de línguas não visa apenas a objetivos instrumentais, mas faz parte da formação integral do aluno”, como está presente na Proposta Curricular para o Ensino Médio, ou seja, onde é fundamental trabalhar as linguagens não apenas como formas de expressão e comunicação, mas como constituintes de significados, conhecimentos e valores.
Mas nesse momento, ao analisarmos a legislação vigente no Brasil sobre ensino de uma língua estrangeira e seus documentos norteadores com os modernos estudos de psicologia da aprendizagem e os métodos e abordagens desenvolvidos a partir deles ainda temos um grande caminho a percorrer, O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar? 
Sabe- se que a abordagem comunicativa de ensino seja possivelmente a mais utilizada por possibilitar aos alunos a interação com os colegas e um estudo centrado na comunicação, no diálogo e na troca de experiências, mas existe uma grande distância entre o ensino na rede escolar ou numa escola de idiomas.
Assim, se busca cada vez mais, uma qualificação nessa área e uma orientação para os procedimentos metodológicos no ensino dessa língua, pois ao final do Ensino Fundamental o aluno de Língua espanhola deve ser capaz de:
- Analisar criticamente a importância e a finalidade de diversos gêneros, como textos literários, artigos, notícias, receitas, rótulos, diálogos e canções.
- Compreender o contexto de produção e identificar os elementos da estrutura que compõe os gêneros.
- Produzir textos informativos.
- Entender e dar informações em situações informais.
- Usar verbos e suas diversas conjugações, pronomes, conectivos, pontuação e vocabulário inseridos nos diferentes gêneros.
- Reconhecer o uso de voz passiva.
- Entender, avaliar e responder a instruções ligadas a situações de sala de aula (fechar o livro, prestar atenção).
- Avaliar ações de combinados, percebendo o uso de verbos para regra, pedido, obrigação e solicitação.
- Aprender a utilizar dicionários e enciclopédias.
- Localizar informações e ideias principais em textos.
- Diferenciar fato e informação de opinião.
- Apreciar texto literário escrito em Língua Estrangeira.
- Relacionar imagem e texto.
- Selecionar palavras-chave para reconhecer significados e inferir o sentido de expressões com base no contexto.
- Compreender regras e instruções (manuais, rótulos de embalagens, jogos etc.), identificando ações.
- Expressar-se usando pronúncia e entonação apropriadas.
- Compreender características culturais, finalidade e estrutura de diferentes tipos de músicas e gêneros literários.
- Cantar ouvindo a canção, observando pronúncia e entonação.
- Explorar experiências vividas em situações de aprendizagem, respeitando a sequência temporal e causal.
(NOVA ESCOLA, 2018)
Sabemos que temos muitos desafios pela frente para garantir um ensino de qualidade, mas a busca de qualificação, o surgimento de novas metodologias e a padronização dos materiais didáticos são um bom indicador para que isso ocorra.
A APRENDIZAGEM DE UMA L2
São inúmeros os fatores que nos motivam a estudar uma segunda língua (L2) e/ou uma língua estrangeira (LE), eles vão desde a necessidade de aprender outro idioma por questões profissionais ou acadêmicos, até o mais simples prazer de viajar, assistir um filme, uma série ou ouvir aquela música especial no idioma original e podermos compreender o que está sendo dito.
Mas aprender uma língua estrangeira muitas vezes requer muito estudo, dedicação e força de vontade, assim ao longo do tempo foram surgindo inúmeros métodos de ensino e teorias de aprendizagem buscando se apresentar como a mais fácil, a mais importante e a de maior eficácia.
Dentre essas teorias a mais aceita e utilizada na atualidade é a sociointeracionista, desenvolvida na década de 1970, com base no pensamento do psicólogorusso Lev Vygotsky (1896-1934), apoiado nos estudos de Jean Piaget, na qual postula que o conhecimento é construído através de interações sociais e “concebe (....) seu aluno, como tendo uma história de conhecimento já percorrida” (BECKER, 2001, p.24).
Para Vygotsky existem dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O real refere-se àquilo que o indivíduo já sabe ou consegue realizar de forma autônoma, já o potencial refere-se àquilo que ele tem condições de aprender com o auxílio ou a intervenção de outra pessoa mais capaz ou mais experiente. Assim, o papel do professor, modifica-se, ele passa a ser responsável pela mediação da aula, auxiliando as crianças a adquirirem conhecimentos e encontrando estratégias que as levarão a ser autônomas para aprender e para resolver problemas. 
De acordo com esse pensamento vygotskyano na própria organização da classe, não se pode esquecer o conceito de mediação, pois interagir com outra pessoa, é a melhor maneira de um aluno avançar no aprendizado, principalmente de uma Língua Estrangeira, que requer habilidades comunicativas.
Fundamentada nesta concepção de aprendizagem, destaca-se a abordagem comunicativa de ensino de LE, cujo foco principal conforme Schultz, Custódio e Viapiana (2012, p.12) “reside no sentido, no significado e na interação e não na simples manipulação de formas linguísticas por si só”. Quer dizer, os alunos não aprendem somente sobre a língua, mas principalmente a usar a língua em contextos comunicativos, de acordo com a intenção e a necessidade de comunicação.
Com isso, comunicação em na sala de aula e a dinâmica de grupos facilitam as trocas, as interações e as construções coletivas. As tarefas e as atividades estão embasadas na descoberta, na elaboração e na aquisição de conteúdos fundamentados nas quatro habilidades básicas, a saber, ler, falar, escrever e ouvir. 
Para pesquisadores e formadores de professores, as atividades mais significativas são aquelas que criam em sala situações reais de comunicação. Também é interessante que os jovens produzam textos em outra língua, envolvendo comunicação entre as pessoas e a utilização de diversos gêneros textuais e orais e a reflexão sobre eles.
Outro fator proativo consiste em usar diferentes recursos como entrevistas, jornais, ou anúncios publicitários, histórias em quadrinho, músicas, videoclipes, contos, etc. pois são mais motivadores e possíveis promovedores da autonomia, além de estarem mais próximos do uso cotidiano da língua.
Pelo exposto fica evidente que a teoria de Vygotsky tem colaborado muito para um processo de ensino aprendizagem centrado nas necessidades do aluno, nos seus conhecimentos prévios e na forma como ele aprende melhor, onde o professor é um facilitador de aprendizagens e um oportunizador de experiencias aos seus educandos e não o dono da verdade.
A PRODUÇÃO E SELEÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
Para que o ensino da língua estrangeira adquira sua verdadeira função social e contribua para a construção da cidadania, é preciso que se considere que a formação ou a modificação de atitudes também ocorre a partir do contato ou do conhecimento sobre os aspectos culturais dos outros países, o que nos leva, de maneira clara e direta, a pensar o ensino do Espanhol, antes de mais nada, como um conjunto de valores e de relações interculturais.
Aonde, certamente a questão “Que Espanhol ensinar?” deve ser substituída por uma outra: como ensinar o Espanhol, essa língua tão plural, tão heterogênea, sem sacrificar as suas diferenças nem as reduzir a puras amostragens sem qualquer reflexão maior a seu respeito? No entanto, a primeira pergunta, por diferentes razões, ainda se mantém.
Outra questão importante, muitas vezes os professores constituem o principal modelo de expressão, o que faz com os estudantes tendam a adotar a variedade à qual são expostos durante mais tempo, mas nesse caso, cabe aos professores apresentar as diferentes variações linguísticas e diferentes gêneros textuais para desenvolver todas as potencialidades dos alunos. 
Na mesma linha de raciocínio deve caminhar a avaliação da aprendizagem, onde o papel do educador é de indicador do estágio em que se encontra o estudante, fornecendo elementos sobre o processo e não sobre os resultados. Nesse sentido, a avaliação formativa, contínua, de acompanhamento, que fornece subsídios valiosos para o professor e para os alunos, precisa ser privilegiada. 
Essa nova maneira de pensar e pôr em práticas as aulas reflete também em adotarmos uma nova postura como professores/educadores. Ao desenvolver as práticas pedagógicas, devemos nos remeter ao meio social onde acontece. Exigindo o cumprimento de um determinado plano de ensino para cada série, onde como professores precisamos disponibilizar aos alunos: 
[...] oportunidade de elaborar estratégias para o uso da língua de forma adequada, de saber que existem outras variedades lingüísticas que não a padrão, e de levar em consideração como se fala, com quem se fala, o que se fala e quando se fala, de modo a adequar o seu discurso a determinadas situações. (FIGUEIREDO, 2002: 132-133) 
Segundo Leffa (2016), a produção de materiais de ensino é uma sequência de atividades que tem por objetivo criar um instrumento de aprendizagem. Para sua produção deve ser levada em conta as necessidades dos alunos, incluindo seu nível de adiantamento e o que eles precisam aprender. As necessidades são geralmente mais bem atendidas quando levam em consideração as características pessoais dos alunos, seus anseios e expectativas, preferência por um ou outro estilo de aprendizagem. Para que a aprendizagem ocorra é também necessário que o material entregue ao aluno esteja adequado ao nível de conhecimento do conteúdo a ser desenvolvido. 
O conhecimento prévio do aluno deve servir de andaime para que ele alcance o que ainda não sabe. Ninguém aprende algo que é totalmente conhecido e nem algo que seja totalmente novo. A capacidade de acionar o conhecimento prévio do aluno é uma condição necessária para o sucesso de um determinado material. A seleção desses materiais deve levar em conta ainda, a idade dos alunos, seu nível educacional e seu conhecimento prévio da língua meta, sua ocupação, seu estilo de aprendizagem e sua necessidade em aprender esse idioma, bem como sua capacidade de desenvolver habilidades linguísticas e compreender o contexto de uso dos diferentes níveis de formalidade em diversas formas de registro. (MACÍAS, 2009)
Ao organizar as atividades, precisamos buscar alternativas para que esses materiais garantam a atenção dos alunos, contém uma história, deixando claro para eles, o que vão aprender. As atividades também necessitam criar expectativas através dos objetivos, acionando o conhecimento prévio do aluno e estimulando a capacidade de relacionar com novas situações de aprendizagem, por meio do uso de imagens, leitura e principalmente por meio de atividades avaliadas durante o processo onde se possibilite aprendizagem, autoavaliação e feedbacks.
Outra questão imprescindível é manter a motivação durante e após a atividade de ensino, assim, ela deve ser prazerosa para o aluno, despertar sua curiosidade e mantê-lo interessado no assunto, mesmo depois que tenha terminado. Pois segundo Leffa é a possibilidade de proporcionar experiências de aprendizagem sustentadas pela participação e interação que tem atraído a atenção de educadores e instituições tradicionais. Pois os alunos querem vivenciar experiências de aprendizagem que envolvam práticas sociais e que os conecte a outras pessoas.
Essa crescente preocupação com os métodos de seleção e a qualidade dos materiais didáticos que possam colaborar com um efetivo processo de ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira (LE) e com o trabalho didático-pedagógico dos professores. Leva a busca de diferentes materiais, que compreendem sites, vídeos, músicas, textos, charges, documentos, filmes, livros didáticos, dentre outros.
Assim, de acordo com Vergnano-Junger (2010, p.28) “o planejamento é uma etapa de suma importância, pois garante a previsão detodo o processo, demandas e necessidades, possíveis dificuldades estratégias, formas de ajuste, melhores recursos”. Garantindo que professor possa elaborar as tarefas e escolher os recursos que considerar mais apropriados para atingir suas metas. Pois o ideal é que, mesmo estando sujeito a um material didático, o docente tenha a liberdade de criar, incorporando recursos elaborados e/ou selecionados por ele próprio. 
ANÁLISE DE MATERIAL DIDÁTICO
Sabe-se nos dias atuais que o livro didático tem “múltiplos papéis”, dentre eles apresentação dos conteúdos (gramática, vocabulário e pronúncia), bem como fonte de materiais e exercícios para a prática e a interação comunicativa dos alunos. (VILAÇA, 2009)
Para avaliar a qualidade dos livros didáticos utilizaremos as recomendações dos PCNs, através dos modelos de ficha de análise elaborados por Borella e Schroeder (2013) que propõe uma avaliação sócio-interacional da linguagem, da aprendizagem e das habilidades desenvolvidas pelos alunos, na qual o educador
“deverá ver se o livro pode ser adaptado para as necessidades de sua turma ou de alunos em diferentes níveis, e se ele é culturalmente apropriado para seus aprendizes. Verificados estes pontos, o professor deverá observar se os tópicos de ensino estão fáceis de serem identificados e, finalmente, se a utilização desse material não implica a adoção de outro equipamento.” (BORELLA E SCHROEDER, 2013, p. 234)
A coleção que será abordada nesta análise será o MÉTODO DE ESPAÑOL PARA EXTRANJEROS – PRISMA, nos módulos Comienza (A1), Contínua A2), Progresa (B1) e Avanza (B2), que foi o livro didático usado no meu curso de espanhol na escola de idiomas.
 
No que se refere a visão sócio-interacional de linguagem, o material aborda diversos assuntos buscando sempre inserir gramática e vocabulário dentro de seu contexto de uso, como no caso das partes do corpo humano estudadas junto com o uso do verbo doler, a coleção também aborda temas variados como costumes, aspectos históricos, saúde, trabalho, moda, literatura e cuidados com corpo.
 
Por se tratar de um livro para utilização em escola de idiomas, não tem grande preocupação com a faixa etária e aspectos socioeconômicos, o fato de ser produzido na Espanha também limita a apresentação de aspectos socioculturais brasileiros e até mesmo a própria diversidade nacional espanhola é pouca explorada, com raras exceções como o texto sobre os ciganos (gitanos), ou algumas referências a países latino americanos.
 
A Coleção Prisma utiliza diversos gêneros textuais: formais, informais, oficiais, biográficos, literários e até mesmo produções da própria obra para ilustração, esses textos também apresentem alguma variação linguística, dando conta além da linguagem padrão, de gírias e questões coloquiais.
 
Na maioria dos casos os textos são contextualizados com os aspectos gramaticais que estão sendo abordados e se desenvolvem atividades de interação entre os alunos, mas geralmente essas atividades são sugeridas pelo professor, pois a coleção não tem uma preocupação tão acentuada com a Abordagem Comunicativa.
Em relação a leitura, os textos são trabalhados com atividades de pré-leitura, leitura e pós-leitura em diversos gêneros, buscando a construção de estratégias que capacitem a habilidade linguística e social, que precisa ser aprendida e desenvolvida ao longo da vida. (VERGNANO-JUNGER, 2010)
Cada livro da coleção Prisma vem acompanhado de um livro de exercícios e um cd para atividades de leitura, escrita, prática e revisão gramatical, audição, além de um grande apêndice gramatical sobre todos os conteúdos desenvolvidos.
 
Por fim, os livros não tem grande preocupação com temas transversais, por não se tratar de um livro produzido para a rede regular de ensino, porém alguns textos e capítulos poderiam ser utilizados em aulas de história, geografia, ciências ou educação física, além de abordagens esporádicas sobre ética, consumo e meio ambiente.
 
Em virtude disso, emprego em minhas aulas os apêndices gramaticais, buscando sempre contextualizar gramática com o cotidiano, também utilizo textos de diversos gêneros, exercícios e algumas audições da coleção.
Porém busco estimular mais atividades de interação comunicativa, simulando situações-problema relacionadas aos conteúdos abordados e apresentar aos alunos variações linguísticas e de pronunciação entre os diversos países hispano hablantes. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão deste trabalho demonstrou que apesar de ser um campo de estudo relativamente novo, as questões relativas à produção e seleção de materiais didático-pedagógicos para o Ensino de Língua Espanhola são fundamentais para a efetivação de um ensino de qualidade.
Além disso, os autores citados reforçam a valorização das questões de respeito à diversidade, ao ensino de aspectos culturais e ao desenvolvimento de habilidades comunicativas que simulem situações do cotidiano.
Também foi possível constar a importância da construção de uma matriz de referência que padronize o ensino dessa língua nas escolas públicas e privadas, para que todos os alunos alcancem os objetivos propostos para a conclusão do Ensino Fundamental.
Por fim está pesquisa propiciou a incrível experiência de conhecer um pouco mais sobre as teorias de aprendizagem vygotskyanas, relativas ao conceito de mediação e as ideias de Leffa sobre produção de materiais didáticos para o ensino de línguas estrangeiras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – BNCC, versão de novembro de 2018. Disponível em: . Acesso em: 12 abr de 2022
BORELLA, Sabrina Gewehr e SCHROEDER, Daniela Norci. O livro didático de língua estrangeira: uma proposta de avaliação. Entretextos, Londrina, v. 13, n. 1, p. 231-256, jan./jun. 2013.
FIGUEIREDO, F. J. Q. Aprendendo com os erros. Uma perspectiva comunicativa de ensino de línguas. p. 121 – 133, 2. ed. Goiânia: UFG, 2002. 
INSTITUTO CERVANTES. Método de Español para Extranjeros – Prisma: Comienza. Madrid, Edinumen, 2007.
___________. Método de Español para Extranjeros – Prisma: Continúa. Madrid, Edinumen, 2009.
___________. Método de Español para Extranjeros – Prisma: Progresa. Madrid, Edinumen, 2009.
___________. Método de Español para Extranjeros – Prisma: Avanza. Madrid, Edinumen, 2009.
LEFFA, Vilson J. O ensino de línguas estrangeiras no contexto nacional. Contexturas, APLIESP, n. 4, p. 13-24, 1999.
LEFFA, V. J. Língua estrangeira. Ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016, 324 p.
LEFFA, V. J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. B.; VANDRESEN, P. (Org.) Tópicos em Linguística Aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. p. 211-236. 
MACÍAS, Rosa Esther Delgadillo. ¿Qué materiales didácticos seleccionar y cuándo?. Montreal, TINKUY n°11, Section d’études hispaniques, maio 2009.
MUNAKATA, Kazumi. O livro didático como mercadoria. Pro-Posições, v. 23, n. 3, p. 51-66, set./dez. 2012.
NOVA ESCOLA. Ensino de língua estrangeira vai além da Gramática. 2008.
SCHULZ, L. O.; CUSTODIO, M. M. C.; VIAPIANA, S. Concepções de Língua, linguagem, ensino e aprendizagem e suas repercussões na sala de aula de língua estrangeira. PLE – Pensar Línguas Estrangeiras, 2012. 
VERGNANO-JUNGER, Cristina. Elaboração de materiais para o ensino de espanhol como língua estrangeira com apoio da Internet. Calidoscópio Vol. 8, n. 1, p. 24-37, jan/abr 2010. 
VIGOTSKI, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo, Martins Fontes, 1998. 
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa. O material didático no ensino de Língua Estrangeira: definições, modalidades e papéis. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades. Volume VIII, Número XXX, Jul-Set 2009.

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