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1 @ju.raminelli - Infectologia 1. Vírus possui afinidade pelo TDC4+ = receptor; 2. RNA viral, transcriptase reversa, integrase e outras proteínas entram no citoplasma; 3. A transcriptase reversa transforma o RNA em DNA; 4. O DNA entra no núcleo e se integra ao DNA do hospedeiro pela integrase; 5. Os novos RNA’s agem como genomas virais e são traduzidos para formar proteínas virais; 6. O RNA e as proteínas virais se reúnem na superfície da célula, formando novas partículas de HIV; 7. Uma protease processa as proteínas virais para produzir uma partícula de HIV madura = replicação; 8. A célula hospedeira entra em apoptose ou é fagocitada por macrófagos após grande replicação viral por fragilidade (perdeu funcionamento original). EPIDEMIOLOGIA • O HIV-1M é o mais prevalente no Brasil, mas o HIV- 1C é o mais prevalente no RS; • O HIV-2 tem menos prevalência, patogenicidade e infectividade; • Tanto o HIV-2 quanto o HIV-1O não são detectados por testes de ELISA de 1ª e 2ª gerações e testes de carga viral; • Controladores de elite: são HIV+, mas não têm carga viral detectável e nunca receberam tratamento; têm antiHIV; • Imunossilenciosos: não formam antiHIV, mas têm carga viral alta; • Progressores rápidos: pulam fase de latência; • Aumento da razão entre os sexos; • Aumento de detecção em homens e gestantes e queda em mulheres; • Aumento de detecção em HSH em relação a heterossexuais; • Queda de mortalidade em geral. • 38,4 milhões [33,9 milhões – 43,8 milhões] de pessoas no mundo viviam com HIV; • 1,5 milhão [1,1 milhão – 2 milhões] pessoas se tornaram recém-infectadas por HIV; • 650 mil [510 mil – 860 mil] pessoas morreram por doenças relacionadas à AIDS; • 28,7 milhões de pessoas estavam acessando a terapia antirretroviral; • 84,2 milhões [64 milhões – 113 milhões] de pessoas foram infectadas por HIV desde o início da epidemia; • 40,1 milhões [33,6 milhões – 48,6 milhões] de pessoas morreram por doenças relacionadas à AIDS desde o início da epidemia; • Aumento da prevalência de doenças como obesidade, DM2, HAS e outras DCV, osteoporose, doença renal e déficit cognitivo; • +50 anos: são menos testados, menos diagnosticados, e têm um tempo menor até a morte; • Ativação contínua do sistema imune: estado inflamatório crônico e de hipercoagulabilidade; • Perfil das comorbidades das PVHA se assemelha ao de pessoas da pop geral 5 a 10 anos mais velhas. TRANSMISSÃO Material de risco + tipo de exposição de risco: • Material: sangue, sêmen, secreções vaginais, líquidos de serosas, líquido articular, líquor, líquido amniótico, leite materno; suor, saliva, lágrimas, fezes, vômito e urina não transmitem HIV; • Tipo de exposição: percutânea, mucosa, pele não íntegra. Fatores de risco: carga viral elevada, comportamento sexual, presença de outras IST’s. • Risco de sexo anal receptivo: 1,38% → maior risco. Indetectável = Intransmissível HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Síndrome retroviral aguda (SRA): doença mono like, ou seja, pode apresentar linfonodomegalia, dor de garganta, febre; sintomas inespecíficos; • Pico de carga viral (momento de replicação) e queda abrupta de CD4; • Ao ponto que o vírus se replica o CD4 vai morrendo, ou seja, são inversamente proporcionais. Latência: o indivíduo pode entrar direto nessa fase ou ter primeiro SRA; pode durar anos; • Após a SRA o CD4 sobe discretamente e cai gradualmente ao longo dos anos, ao tempo em que a carga viral cai abruptamente após a SRA e sobre gradualmente também. 2 @ju.raminelli - Infectologia AIDS/SIDA: imunossupressão grave e aparecimento de doenças oportunistas. • Quando CD4 < 200 cél/mm3 sérico ou doenças definidoras; • Carga viral muito elevada, muita replicação. Infecção primária – 1 sem: febre, linfadenopatia; Precoce (CD4+ > 500) – 5 sem: herpes zoster, sinusite, perda de peso; Intermediária (CD4+ entre 500 e 200) – 5 anos: TB, pneumonia bacteriana; Avançada (CD4+ ≤ 200) – 12 anos: herpes simples, meningite criptocócica, linfoma. DIAGNÓSTICO • Sempre dar diagnóstico com no mínimo 2 testes, sendo um de triagem e um confirmatório para aumentar o valor preditivo positivo (VPP); • O primeiro teste deve ser mais sensível e o segundo mais específico; • Gestantes: sempre fazer teste rápido /lab (resultado em menos de 14 dias) na 1ª consulta pré-natal, no 3º trimestre, no parto e se história de exposição de risco ou violência sexual. Teste rápido: swab mucosa; • Janela imunológica média de 3 meses; • Rápido, disponível; • Amostra de sangue ou mucosa oral. ELISA/imunoensaios: janela variável; • 2ª geração: detecta IgG total; • 3ª geração: detecta IgM (anticorpo) e IgG; • 4ª geração: detecta IgG, IgM e antígeno p24 (antígeno) em uma janela de 15-20 dias. Western Blot: avalia anticorpos específicos para alguns antígenos do HIV; • Janela imunológica de 45-60 dias; • Muito utilizado para confirmação. Teste molecular: teste quantitativo. • Avalia a carga viral então tem a menor janela imunológica, dependendo da replicação de vírus; • Janela de 10-15 dias; • Teste de RNA. TRATAMENTO Primeira linha: Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Dolutegravir (DTG); • 1 cp (TDF + 3TC) 300/300 mg + 1 cp (DTG) 50 mg 1x/dia; • Mesmo tto para gestantes, independente de IG. Tratamento para coinfectados com tuberculose: sempre testar HIV quando diagnóstico de TB e vice-versa; TDF + 3TC + Efavirenz (EFV) TDF + 3TC + DTG 50 mg 12/12h • Se TB diagnosticado primeiro, inicia-se tto para TB e espera um tempo para tratar HIV, dependendo do nível de CD4+ → risco de restituição imunológica, hepatotoxicidade, não aceitamento; • CD4+ < 50 cél/mm3: iniciar TARV até 2 semanas do início do RIPE; • CD4+ ≥ 50 cél/mm3: iniciar TARV no início da manutenção (8ª semana); • EFV: só fazer se genotipagem não mostrar mutação porque há incidência de resistência; se houver resistência, fazer DTG em dose maior porque a rifampicina do tto da TB acelera o metabolismo do DTG; • Se o pcte não tolerar o DTG, fazer Raltegravir (RAL); • NeuroTB: sempre aguarda 8 semanas para iniciar TARV; Profilaxia para tuberculose: se PT > 5 mm ou história de contato com pcte bacilífero ou RX tórax com cicatriz de TB sem tto prévio; Isoniazida 5 mg/kg/dia (máx.: 300 mg) + Piridoxina 50 mg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia (mas.: 600 mg). Tratamento para coinfectados com hepatite B: independente da contagem de CD4+; Tenofovir 3 @ju.raminelli - Infectologia Crianças: A maioria das ciranças com aquisição vertical da infecção pelo HIV tem histórico aos ARV na vida intrauterina, perinatal e/ou pós-natal com altas taxas de resistência transmitida, principalmente para AZT e NVP. A genotipagem pré-tratamento está recomendada a todas as crianças e adolescentes para definição de um esquema eficaz; Mecanismos de Ação: Dolutegravir e Raltegravir são inibidores da integrasse, Atazanavir, Darunavir, Ritonavir e Lopinavir são inibidrores da protease, Efavirenz, Nevirapina e Etravirina são inibidores da TR não análogos dos nucleosídeos, Lamivudina, Tenofovir, Abacavir e Zidovudina são inibidores da TR análogos dos nucleosídeos, Enfuvirita é inibidora de fusão e Maraviroque é inibidor de entrada. Efeitos Adversos: EA do TGI são mais comuns; • AZT: a longo prazo causa anemia com macrocitose, manchas lineares marrons ao longo das unhas, manchas na mucosa oral; • EZT: tontura, alucinações... psíquicos; Tempo para iniciar TRAV: Monitorização do tratamento: • Bip Viral: falha rápida do tto em que aumenta a CV rapidamente em pico, normalmente dentro de um ano de tto com a TARV e após isso a viremia pode ser baixa persistente, muito baixa ou residual; • Falha virológica: CV detectável após 6 meses de TARV ou detectável depois de antes ser indetectável. • Causasde falha: baixa adesão. Esquemas inadequados, fatores farmacológicos, resistência viral. Interações medicamentosas: • Contraceptivos hormonais; • Medicações antituberculosas, em especial a rifampicina; • Estatinas; • Inibidores de bomba de próton e antiácidos; • Medicações para hepatite C; • Antimaláricos. Doença cardiovascular: ativação imune persistente gera processo inflamatório crônico e aumento o RCV; • Pacientes em TARV com CV-HIV indetectável apresentam proteção para DCV quando comparados a pacientes sem TARV ou com CV-HIV detectável; • Risco cardiovascular: escala de risco de Framingham, níveis lipídicos, tabagismo, DM, resistência insulínica, hábitos alimentares, atividade física, PA basal, circunferência abdominal, IMC, história familiar. Síndrome metabólica: obesidade visceral. • Hiperglicemia; • HAS; • Hipertrigliceridemia; • Redução do HDL colesterol; • Obesidade sobretudo central (Lipodistrofia). PNEUMOCISTOSE • Acomete pctes com CD4+ < 200; • Etiologia: Pneumocystis jiroveci → fungo levedura; Clínica: tosse seca, febre, dispneia, hipoxemia, pode ter associação com candidíase oral; • Inflamação do interstício pulmonar → pneumonia intersticial com dificuldade de hematose. Labs: Lactato desidrogenase elevado e pO2 baixa; Radio: RX normal ou com infiltrado intersticial bilateral ou pneumotórax e TC com infiltrado intersticial bilateral em vidro fosco; não ocorre derrame pleural; Diagnóstico: presuntivo com clínica, labs e radio; • Pesquisa direta no escarro/lavado broncoalveolar ou imunofluorescência e PCR no LBA geralmente não se faz. Tratamento: • Sulfametazol + Trimetoprim 21 dias → + dose profilática 3x/semana, manter por pelo menos 3 meses com CD4+ > 200; • + Corticoide 21 dias → moderado/grave, quando PaO2 < 70 mmHg ou ar ambiente ou gradiente alveolocapilar > 35 mmHg. Profilaxia: se CD4+ < 200 ou presença de candidíase oral ou febre indeterminada com mais de duas semanas de duração ou doença definidora de AIDS. SMX – TMP 800/160 mg 3x/semana • Suspender quando maior CD4+. NEUROTOXOPLASMOSE Clínica: convulsão, febre, alteração de estado mental e déficit neurológico focal (hemiparesia, hemiplegia, disfagia e CD4+ <100; TC crânio: lesões cerebrais hipodensas com realce anelar ou nodular após uso do contraste e edema perilesional; mais comum em gânglios da base; 4 @ju.raminelli - Infectologia Diagnóstico: definitivo apenas biópsia, mas não é algo possível então se faz clínico; • Líquor apenas se suspeita de outra doença neurológica concomitante; • Fazer teste terapêutico. Tratamento: • Sulfadiazina + Primetamina + Ácido folínico; • Sulfametoxazol + Trimetoprim; • Clindamicina + Primetaprima; • 10-14 dias de tto, fazer nova TC crânio, se melhorou, manter por 42 dias ou 6 semanas de tto; se não melhorou pensar em linfoma primário. Profilaxia: se CD4+ < 100 e IgG reagente. SMX – TMP 800/160 mg 1x/dia NEUROCRIPTOCOCOSE Clínica: meningite e hipertensão intracraniana → cefaleia, náuseas, vômitos, rigidez de nuca, edema de papila, paralisia de do facial e confusão mental; CD4+ < 100; LCR: visualização de tinta da china + (levedura não cora) ou aglutinação com látex ou LFA; o líquor pode ser normal, discreto, proteínas e celularidade um pouco elevadas e glicose baixa ou normal; Tratamento: • Indução: Anfotericina + 5-flucitosina ou Fluconazol por 2 semanas no mínimo; • Consolidação: Fluconazol 800 mg/dia por 8 semanas; • Manutenção: Fluconazol 200-400 mg/dia por 12 meses com 2 contagens de CD4+ > 200 entre 6 meses; • Manejo da HIC: punção lombar diária até estabilizar → 2 valores normais consecutivos → punção semanal; se tiver valor elevado por 7-10 dias consecutivos → neurocx. OPORTUNISTAS DO TGI Úlceras esofágicas Por CMV: úlcera maior, mais frequente, confluentes e lineares, olho de coruja no anátomo; • Tratar com Ganciclovir; • Retinite e pancitopenia são indicadores de gravidade da doença. Por HSV: rompimento de vesículas, úlceras pequenas e várias, vulcão. • Tratar com Aciclovir. Candidíase Oral: placas esbranquiçadas na cavidade oral que conseguem ser removidas com uma espátula; • DD com leucoplasia pilosa oral (EBV): placas que não podem ser removidas; • Tratar com Fluconazol 7-14 dias. Esofágica: com disfagia. • Tratar com Fluconazol 14-21 dias. PROFILAXIA DE DOENÇAS OPORTUNISTAS Prevenção combinada: PrEP Indicações: +15 anos, +35 kg, risco de infecção por HIV; TDF + FTC (Entricitabina) 2 cps no 1º dia e depois 1 cp 1x/dia → Usar 20 dias antes de relação vaginal e 7 dias antes de relação anal; → Quase nada hepatotóxico, mas possui efeito direto dk TDF que afeta a função renal; → Antes: garantir que pcte não tenha infecção ativa por HIV, testar e tratar outras IST, manter uso de preservativo; → Reduz cerca de 90% de transmissão; → Pessoas que usam PrEP não aumentam risco de parceiros nem incidência de outras IST e usam preservativo mais consistentemente. Exceções: casais sorodiscordantes em uso regular de TARV e boa adesão, carga viral indetectável há pelo menos 6 5 @ju.raminelli - Infectologia meses, ausência de outras IST e sem realização de prática sexual com outras pessoas não precisam usar PrEP. PEP Mesmas drogas para tto de HIV, mas apenas por 28 dias; iniciar em até 72h após exposição de risco; Indicações: pcte fonte com sorologia positiva ou desconhecida, exposição em menos de 72h, exposição de risco com material de risco, pcte exposto com sorologia não reagente; Tratamento: TDF + 3TC + DTG por 28 dias. Profilaxia da transmissão vertical → AZT EV pelo menos até 3h antes da cx e até o clampeamento do cordão umbilical; → Cabergolina para inibir lactação da mãe, se o RN mamar, precisa fazer PEP. → PEP do RN; iniciar até 4h de vida e manter por 28 dias.
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