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HIV/AIDS INTRODUÇÃO FISIOPATOLOGIA Os linfócitos T CD4+ reconhecem antígenos que ficam nas superfícies das células apresentadoras de antígenos, secretam citocinas que estimulam os próprios linfócitos T, os linfócitos B e também ativam os macrófagos. A infecção pelo HIV, com consequente redução dessas células, leva o paciente a uma imunossupressão com risco aumentado de diversas infecções. O valor normal da contagem de linfócitos T CD4+ pode variar de 500 a 1.400 células/µL. Com o avançar da doença, esse número vai caindo e, quando chega abaixo de 200 células/µL, o paciente já é classificado como tendo AIDS. Além da contagem de T CD4+, a carga viral é usada para quantificar o quanto de vírus está circulando no sangue do paciente. É esperado que no paciente sem tratamento esse valor esteja alto, por exemplo, acima de 100.000 cópias/mL. Em pacientes que estejam realizando o tratamento regular, a carga viral deve ser indetectável. Além das consequências descritas acima, a infecção pelo HIV leva a uma ativação imune persistente dos linfócitos T CD4+ e T CD8+. O paciente pode sofrer um envelhecimento precoce decorrente desse processo inflamatório crônico. Diversas doenças estão associadas a esse processo, como as doenças ateroscleróticas, osteopenia, alguns tipos de câncer, diabetes, doenças renais, hepáticas e neurológicas. AGENTE ETIOLÓGICO O HIV é um vírus que possui duas cópias de RNA encapsuladas por uma camada proteica, um capsídeo e um envelope externo composto por uma bicamada lipídica. Ademais, o HIV possui uma enzima chamada de transcriptase reversa. Por isso, ele é chamado de retrovírus, fazendo parte da família Retroviridae e da subfamília lentivírus (vírus com período de incubação lento). Existem dois tipos de HIV descobertos, são eles: ● HIV 1: responsável pela maior parte das infecções no mundo. São mais agressivos e evoluem para óbito com mais frequência; ● HIV 2: existente quase que exclusivamente na África, este vírus tem evolução lenta, mas péssima resposta à terapia antirretroviral atual, sendo muito difícil o tratamento. O genoma do HIV contém genes para três proteínas estruturais básicas: Gag, Pol e Env, e, no mínimo, cinco outras proteínas regulatórias, que incluem glicoproteínas de membrana: Gp120, Gp41, P17, Antígeno p24 e P66. Os genes Gag, que codifica as proteínas do núcleo capsídeo – as proteínas do core, Env que codifica proteínas do envelope viral e Pol, que codifica enzimas, as quais muitas são importantes para replicação e para o ciclo de vida do vírus. Na superfície do vírus tem a glicoproteína chamada Gp120, que ficam aderidas ao envoltório do vírus, ao envelope, através de outra glicoproteína, a Gp41. A Gp120, que é uma glicoproteína de superfície do vírus do HIV, é a responsável por ligar o vírus aos receptores presentes nas células, permitindo que o vírus jogue todo o material da porção central, o core, para dentro do citoplasma da célula infectada. TRANSMISSÃO A transmissão do HIV ocorre, principalmente, através de uma relação sexual desprotegida. Outras formas de contágio seriam através de exposição com sangue contaminado ou transmissão perinatal. Alguns fatores de risco associados a uma maior transmissão do HIV são: ● Carga viral elevada; ● Comportamento sexual; ● Presença de outras ISTs. EPIDEMIOLOGIA TRANSCRIÇÃO DA AULA ● Número de pessoas que se descobrem soropositivas está aumentando – isso acontece principalmente pela evolução dos métodos diagnósticos; ● Após 2013, o Estado ampliou a política de diagnósticos com a chegada dos testes rápidos possibilitando o aumento do diagnóstico de gestantes com HIV; ● O número de pessoas com AIDS está diminuindo, coincidindo justamente com o aumento do número de diagnósticos; ● A lógica é testar o máximo de pessoas possível em uma população e, em segundo lugar, começar o tratamento de todas essas pessoas, se possível; ● O número de crianças com menos de 5 anos com HIV está diminuindo, pois conforme vou aumentando o diagnóstico de soropositivos, encontramos mais grávidas com HIV e evitamos que a transmissão para o bebê aconteça: reflexo da profilaxia vertical; ● No geral, a tendência da incidência de aids no brasil é cair, mas no Nordeste e no Norte continua subindo a incidência de AIDS; ● De maneira geral temos uma proporção de 2 homens para cada 1 mulher infectada. as mulheres se protegem mais, se previnem mais; ● O número de homens com AIDS fez foi aumentar na faixa etária entre 15 e 29 anos e depois dos 60 anos; ● A faixa etária em que ocorreu o mais nível de proteção ocorreu dos 30-69 anos, em que houve uma queda muito grande no número de casos; ● No caso das mulheres, houve uma queda dos diagnósticos em todas as faixas com o passar do tempo; ● A proporção da população HSH com aids está aumentando novamente em relação aos heterossexuais, que estão caindo; ● A mortalidade do Brasil está em queda intensa, mas no Norte e no Nordeste isso não está caindo proporcionalmente. QUADRO CLÍNICO HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 1. Infecção aguda, ou fase sintomático inicial, ou síndrome retroviral aguda (SRA); 2. Fase de latência clínica; 3. Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS); INFECÇÃO AGUDA PELO HIV Essa infecção ocorre nas primeiras semanas após a contágio e alguns pacientes podem apresentar o que chamamos de síndrome retroviral aguda (SRA). Seus principais achados são: ● Febre ● Cefaléia ● Astenia ● Linfadenopatia ● Faringite ● Exantema ● Mialgia, ● Perda de peso ● Náuseas, vômitos e diarreia. O paciente com HIV pode apresentar artralgia, mas geralmente é autolimitada. A maioria desses sinais e sintomas desaparecem ao longo de 3 a 4 semanas. A SRA é uma doença mono-like, ou seja, semelhante à mononucleose, e deve ser investigada em pacientes com suspeita de mononucleose (febre, faringite, linfadenopatia e esplenomegalia). FASE DE LATÊNCIA CLÍNICA Após a infecção aguda, o sistema imune consegue realizar um “controle parcial” da infecção e a carga viral cai. Nessa fase, o paciente é geralmente assintomático, exceto pela linfadenopatia, que pode persistir a infecção aguda. Esse período de fase latente clínica pode durar meses a anos e, com o passar do tempo e uma queda progressiva dos linfócitos, o paciente pode começar a apresentar alguns episódios de infecções bacterianas com mais frequência, como sinusites e pneumonia. FASE SINTOMÁTICA E FASE AIDS Com a evolução da doença em um paciente sem tratamento, chega um momento que a carga viral volta a subir e seus linfócitos T CD4+ caem bastante. Nesse momento algumas doenças oportunistas também começam a aparecer. Definimos que o paciente está nessa fase da síndrome da imunodeficiência adquirida caso ela tenha: linfócitos T CD4+ < 200 células/mm³ ou alguma doença definidora de AIDS. Doenças definidoras de AIDS: 1. Síndrome Consumptiva associada ao HIV associada a diarreia crônica ou fadiga crônica e febre ≥ 1 mês; 2. Pneumonia por Pneumocystis jirovecii; 3. Pneumonia bacteriana recorrente (≥ 2/ano); 4. Herpes simples com úlceras mucocutâneas (duração > 1 mês) ou visceral em qualquer localização; 5. Candidíase esofágica ou de traquéia, brônquios ou pulmões; 6. Tuberculose pulmonar e extrapulmonar; 7. Sarcoma de Kaposi 8. Doença por CMV a. Retinite ou outros órgãos; b. Acometimento de fígado, baço ou linfonodos são exceção. 9. Neurotoxoplasmose; 10. Encefalopatia por HIV 11. Criptococose extrapulmonar 12. Infecção disseminada por micobactéria não Mycobacterium tuberculosis; 13. Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP); 14. Criptosporidiose intestinal crônica (duração > 1 mês); 15. Isosporíase intestinal crônica (duração >1 mês); 16. Micoses disseminadas (histoplasmose, coccidioidomicose); 17. Septicemia recorrente por Salmonella não typhi; 18. Linfoma não Hodgkin de células B ou primário do sistema nervoso central; 19. Carcinoma cervical invasivo; 20. Reativação de doença de Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite); 21. Leishmaniose atípica disseminada; 22. Nefropatia ou cardiomiopatia sintomática associada aoHIV. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL TESTES RÁPIDOS Os testes rápidos (TR) são testes simples, que de forma visual demonstram a ligação do antígeno (que fica grudado na placa) com o anticorpo (que pode estar presente na amostra). Esses exames fornecem o resultado em até 30 minutos. Podem ser realizados fora do ambiente laboratorial, com amostra de sangue obtida por punção digital ou fluido oral. Eles possuem uma janela imunológica que pode variar de 1 a 3 meses, portanto, não são muito sensíveis para detecção de infecção aguda. Em termos gerais, o teste rápido (TR) refere-se ao teste de HIV realizado em local que permite fornecer o resultado durante o período da visita do indivíduo. A infecção pelo HIV é definida com dois resultados reagentes em testes rápidos (TR1 e TR2) contendo antígenos diferentes, usados sequencialmente. Recomenda-se, ainda, que a presença do vírus seja confirmada com o teste de quantificação da carga viral do HIV, o qual, além de descartar a ocorrência de um possível duplo falso-reagente, já consiste no primeiro exame de monitoramento. O exame também pode ser feito através do Fluído Oral (FO), que é coletado com um Swab através da fricção na mucosa jugal. Se o teste for válido e positivo no TR1, o próximo passo é realizar um TR2, mas essa segunda amostra deve ser de sangue. Nos casos em que o TR2 também seja positivo, estabelece-se o diagnóstico de HIV. Assim como no primeiro caso, em que se usa dois testes rápidos com amostras de sangue, as duas amostras devem ser diferentes. Assim como no primeiro fluxograma, todos os indivíduos que apresentarem resultados reagentes em dois testes rápidos devem realizar imediatamente o exame de quantificação da carga viral, cujo resultado confirma a presença do vírus, e a contagem de linfócitos T CD4+. Os imunoensaios são testes que também detectam a formação da ligação antígeno-anticorpo. No caso do HIV, o teste pode fazer a busca tanto de anticorpos na amostra quanto de antígenos e, se houver ligação entre eles, dizemos que o teste é reagente. Atualmente usamos os imunoensaios de 3ª e 4ª geração, pois são mais sensíveis e específicos. No fluxograma 3, iniciamos a abordagem diagnóstica utilizando teste de imunoensaio de 3ª/4ª geração com soro ou plasma. Caso o teste seja não reagente, não há infecção por HIV. Se for reagente, deve-se realizar um teste molecular NESTA MESMA AMOSTRA, para realizar a contagem da carga viral. Ao realizar a contagem da carga viral, devemos observar o valor de cópias/mL. Caso a amostra seja > 5.000 cópias/mL, essa amostra é reagente para HIV. Posteriormente, deve-se realizar uma nova coleta para repetir o IE 4ª geração. Se o laboratório não tem RT-PCR, deve-se fazer WB ou IB ou IBR, que são sorologias confirmatórias. Em casos de ELISA positivo com resultado da carga viral < 5.000 cópias/mL, as sorologias confirmatórias também devem ser realizadas como T3. WESTERN BLOT Esse teste é bastante usado para confirmar o diagnóstico da infecção pelo HIV, já que é mais específico que os testes prévios. Ele detecta a presença de anticorpos produzidos contra diferentes partes (antígenos) do vírus. TESTE MOLECULAR Também chamado de carga viral, esse exame é o que detecta a infecção pelo HIV de forma mais precoce. Ele identifica o RNA do vírus, que é o primeiro marcador a aparecer. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV Dois testes rápidos com amostra de sangue (de fabricantes diferentes) Um teste rápido usando fluído oral e outro teste rápido usando sangue Um imunoensaio de 3ª ou 4ª geração e um teste molecular (carga viral) Um imunoensaio de 3ª ou 4ªgeração e um western blot ou imunoblot rápido TRATAMENTO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Atualmente o tratamento está indicado a todo paciente com diagnóstico da infecção pelo HIV, independentemente do valor dos linfócitos T CD4+ ou da carga viral. Ou seja, diagnosticou e o paciente aceitou tratar, já inicie a medicação. Não é necessário aguardar resultado de exames. O tratamento precoce reduz a morbimortalidade nos pacientes, além de reduzir a transmissão, já que o paciente em uso fica com a carga viral indetectável e quem está indetectável não transmite. AGENTE ANTIVIRAIS PARA TRATAMENTO DO HIV CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIRRETROVIRAIS 1. Inibidores da transcriptase reversa análogos nucleosídeos e nucleotídeos (ITRN) a. Tenofovir (TDF); b. Lamivudina (3TC); c. Zidovudina (AZT). 2. Inibidores da transcriptase reversa NÃO análogos nucleosídeos e nucleotídeos (ITRNN) a. Efavirenz (EFV). 3. Inibidores de protease a. Ritonavir (RTV); b. Atazanavir (ATV); c. Darunavir (DRV). 4. Inibidores da integrase a. Dolutegravir (DTG). 5. Inibidores de fusão a. Enfuvirtida (T-20). 6. Antagonistas do CCR5 a. Maraviroc (MVC). TENOFOVIR: está associada a efeitos colaterais bem conhecidos, como disfunção renal e perda óssea (osteoporose/ osteopenia). LAMIVUDINA: É uma droga bem tolerada, alguns efeitos colaterais (que são raros) incluem a pancreatite. DOLUTEGRAVIR: É uma medicação bem tolerada, com elevada potência e poucos eventos adversos. Pode estar associada a ganho de peso, tontura e insônia. O DTG pode bloquear a secreção tubular de creatinina, sem reduzir a filtração glomerular. ESQUEMA BÁSICO TRATAMENTO EM PACIENTES COINFECTADOS COM TUBERCULOSE 1. O esquema básico (TDF+3TC+DTG) pode ser feito em associação com o tratamento da tuberculose, porém, como a rifampicina é um forte indutor do metabolismo do dolutegravir, sua dose deve ser dobrada. Ao invés de 50mg/dia, o paciente deve usar 50mg 12/12 horas do DTG; 2. A rifampicina não deve ser feita em associação com inibidores de protease. Caso o paciente já faça uso de algum, a recomendação é trocar essa classe por outra. Caso isso não seja possível e o IP não possa ser trocado, devemos trocar a rifampicina pela rifabutina. GENOTIPAGEM Indicações de genotipagem pré-tratamento Pessoas que tenham se infectado com algum parceiro (atual ou prévio) em uso de TARV Gestantes infectadas pelo HIV Crianças infectadas pelo HIV Pessoas coinfectadas com HIV e tuberculose A genotipagem é um exame para pesquisar resistência viral às medicações. Com ele, conseguimos descobrir quais são os antirretrovirais ativos e eficazes para montarmos um novo esquema de tratamento. FALHA VIROLÓGICA Com o uso regular da TARV, a carga viral do paciente ficará indetectável em até 6 meses. Caso isso não aconteça, dizemos que estamos diante de uma falha virológica. Além disso, se o paciente estava com uma carga viral indetectável e, em seguida, ela passou a ser detectável, também podemos caracterizar essa situação como falha virológica. 1. A causa mais comum de falha virológica é a má adesão ao tratamento, logo, a primeira conduta a ser feita é orientar essa adesão; 2. Resistência viral adquirida; 3. Resistência viral transmitida; 4. Esquemas inadequados (por exemplo, esquemas com potências insuficientes, como terapia tripla com três ITRN, monoterapia com IP/r, etc.) Nos pacientes em que detectamos a falha virológica, devemos solicitar a realização da genotipagem para investigar a resistência viral às medicações. Critérios para realização de genotipagem para investigação de falha virológica Falha virológica confirmada em dois testes consecutivos de carga viral do HIV com intervalo de 4 semanas entre eles. Carga viral superior a 500 cópias/mL (se for menos que isso, o exame não tem como ser realizado, já que é preciso uma quantidade mínima de vírus replicante). Uso regular de TARV por pelo menos 6 meses INFECÇÕES OPORTUNISTAS TOXOPLASMOSE CEREBRAL A toxoplasmose é a causa mais comum de lesões expansivas cerebrais em PVHIV. Os pacientes com toxoplasmose cerebral apresentam, geralmente, contagem de LT CD4+ abaixo de 100 céls/mm³. 1. Quadro clínico A apresentação clínica é variada, de acordo com a topografia das lesões cerebrais, e, habitualmente, tem curso subagudo. As manifestações clínicas mais comuns são cefaléia, sinais focais (hemiparesia, disfasia e outras alterações motoras). Febre, convulsões e alteração do estado mental podemestar presentes. 2. Diagnóstico O diagnóstico definitivo de NTX requer confirmação histopatológica. Na prática clínica diária, o diagnóstico presuntivo se estabelece com a presença de manifestações clínicas e radiológicas compatíveis, associadas à adequada resposta clínico-radiológica, após 10 a 14 dias de tratamento antiparasitário. Tipicamente, os pacientes com NTX apresentam, na tomografia computadorizada, uma ou mais lesões cerebrais, hipodensas, com realce anelar ou nodular após a injeção do contraste, associadas a edema perilesional. O achado de DNA de Toxoplasma gondii mediante técnicas de PCR no LCR apresenta sensibilidade moderada (aproximadamente 50%), especificidade elevada (superior a 95%) e valor preditivo negativo moderado. Portanto, um teste positivo confirma a presença de toxoplasmose, mas um teste negativo não exclui o diagnóstico. A sorologia IgG anti-T. gondii é reagente em mais de 90% a 95% dos casos de NTX. 3. Tratamento ● Sulfadiazina 1.000mg (peso < 60kg) a 1.500mg (peso ≥60kg) VO, a cada seis horas + pirimetamina 200mg VO no primeiro dia, seguida de 50mg/dia (peso <60kg) a 75 mg/dia (peso ≥ 60kg) VO + ácido folínico 10mg/dia VO, durante SEIS SEMANAS; OU ● SMX-TMP na dose de 25mg/kg de SMX, 2x/dia, VO ou EV, durante 6 semanas. Após esse período de tratamento, deve-se prescrever terapia de manutenção. PNEUMOCISTOSE A pneumocistose é uma das principais infecções oportunistas que acometem o paciente portador de aids. Geralmente, ela se manifesta quando a contagem de linfócitos T CD4+ está abaixo de 200 células/µL. 4. Quadro clínico O início dos sintomas é tipicamente insidioso, sendo as manifestações clínicas mais comuns: febre (mais de 80% dos casos), tosse seca e dispneia progressiva. Fadiga e perda de peso também são sintomas frequentes. Os principais achados do exame físico incluem taquipnéia, taquicardia e ausculta pulmonar normal ou com estertores finos ao final da expiração. Sibilos, sinais de condensação pulmonar ou derrame pleural são raramente encontrados. O exame físico é normal em até 50% dos casos. O achado radiográfico mais típico de PCP é o infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico. 5. Diagnóstico O diagnóstico da pneumocistose é geralmente presuntivo. A associação da história clínica com exames de imagem e laboratório é a maneira mais usada para isso. Achados sugestivos de pneumocistose ● Contagem de LT CD4+ abaixo de 200 céls/mm³ ou sinais clínicos de imunodepressão grave, como candidíase oral; ● Dispneia progressiva aos esforços; ● Presença de febre, taquipnéia e/ou taquicardia ao exame físico; ● Rx de tórax normal ou infiltrado pulmonar difuso, peri-hilar, simétrico; ● DHL sérica elevada; ● Hipoxemia em repouso ou após esforço; ● Ausência de uso ou utilização irregular de profilaxia para PCP. 6. Tratamento ● Pneumonia leve a moderada (PaO2 ≥ 70mmHg): ○ Bactrim, 15-20mg/kg/dia, VO, 6/6h ou 8/8h, por 21 dias; OU ○ Clindamicina, 300mg, VO, 6/6h + Primaquina, 15-30mg, VO, 1x/dia. Por 21 dias. ● Pneumonia moderada a grave (PaO2 < 70mmHg): ○ Mudar via de administração para EV; ○ Bactrim, 5mg/kg, EV, 6/6h ou 8/8h, por 21 dias; OU ○ Clindamicina, 600mg, EV, 6/6h ou 8/8h + Primaquina 15-30mg, VO, 1x/dia; ○ Prednisona, 40mg, VO, 2x/dia, por 5 dias, reduzida à metade a cada 5 dias, até completar os 21 dias de tratamento. DOENÇA CITOMEGÁLICA O CMV, assim como outros vírus da família herpes vírus, permanece em estado latente após a infecção primária. No contexto da infecção pelo HIV, o risco de reativação da doença se eleva quando o LT CD4+ se reduz a menos de 100 céls/mm³. Os principais sítios de infecção são retina e aparelho digestivo, podendo ser acometidos também pulmões, fígado, vias biliares e SNC (demência, ventriculoencefalite e polirradiculomielite). 1. Quadro clínico e Diagnóstico ● Retinite por CMV ○ Os sintomas dependem da localização e grau de comprometimento retiniano. Apresentações clínicas mais comuns incluem escotomas, redução da acuidade visual e, menos frequentemente, perda visual súbita. O diagnóstico é clínico e baseia-se no aspecto da lesão retiniana, bem como em dados clínicos e laboratoriais de imunodepressão avançada. Recomenda-se fundoscopia sob dilatação pupilar para a detecção de lesões periféricas. ● CMV no aparelho digestivo ○ As manifestações clínicas de citomegalovirose do aparelho digestivo são inespecíficas e podem se assemelhar a outras doenças oportunistas. Os sítios mais comuns são esôfago e cólon. O diagnóstico é sugerido pelo aspecto endoscópico de ulceração clássica da mucosa, mediante biópsia identificando células com inclusão intranuclear 2. Tratamento ● Ganciclovir 5mg/kg, EV, 12/12h, por 14 a 21 dias; OU ● Foscarnet, 60 mg/kg, 8/8h ou 90 mg/kg, 12/12h, por 14 a 21 dias. CANDIDÍASE ESOFÁGICA E OROFARÍNGEA As candidíases orofaríngea e esofágica são comuns em pacientes com imunossupressão pelo HIV, sendo observadas, geralmente, em pacientes com contagem de LT CD4+ inferior a 200 céls/mm³. 1. Quadro clínico O sintoma mais comum de candidíase orofaríngea é o aparecimento de placas removíveis esbranquiçadas. Pode se apresentar também como queilite angular ou pápulas eritematosas na mucosa. Os sintomas típicos de candidíase esofágica incluem dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, normalmente sem febre. 2. Diagnóstico O diagnóstico de candidíase oral e/ou esofágica é clínico, sendo a cultura de material dessas regiões pouco útil em razão da presença do fungo como comensal dessas mucosas. 3. Tratamento ● Tanto o tratamento da candidíase oral quanto da esofágica é feito com fluconazol; ● No quadro oral fazemos a terapia por 7 a 14 dias de 100 a 200mg/dia; ● No quadro esofágico por 14 a 21 dias de 200 a 400mg/dia; ● Casos orais e leves podem ser tratados com solução de nistatina. PROFILAXIA DE INFECÇÕES OPORTUNISTAS ● Profilaxia primária ● Profilaxia secundária
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