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UNIT - Medicina P5- Bianca Lima de Souza Doenças inflamatórias intestinais TUTORIA FISIOPATOLOGIA DA DIARREIA: Para que ocorra diarréia aguda infecciosa, os microrganismos precisam romper essa barreira e aderir à superfície mucosa. Depois da aderência à superfície celular, os microrganismos exercem seus fatores de virulência por meio da produção de enterotoxina, citotoxina e lesão da mucosa intestinal de intensidade variada, podendo até determinar em alguns casos infecção generalizada. O rotavírus causa lesões focais, com infecção das células vilositárias apicais, que concentram as dissacaridases, principalmente a enzima lactase. Com a destruição desses enterócitos e a reposição por células imaturas, há diminuição da atividade enzimática, reduzindo a absorção dos carboidratos, com ênfase na lactose. DIARREIA NÃO INFLAMATÓRIA OU AQUOSA: ● Está associada à eliminação de fezes líquidas volumosas, mas sem sangue; ● Sintomas: cólicas periumbilicais, distensão abdominal por gases; e náuseas ou vômitos. ● Em muitos casos, esse tipo de diarreia é causado por bactérias produtoras de toxinas ou outros patógenos (p. ex., vírus, Giardia) que interrompem a absorção ou o processo secretório normal do intestino delgado. ● Vômitos abundantes sugerem enterite viral ou intoxicação alimentar por S. aureus. ● Embora geralmente seja branda, a diarreia (que se origina do intestino delgado) pode ser volumosa e causar desidratação com hipopotassemia e acidose metabólica (i. e., cólera). ● Como não há invasão dos tecidos, também não há leucócitos nas fezes. DIARRÉIA INFLAMATÓRIA SANGUINOLENTA OU DISENTERIA: ● Geralmente se caracteriza por febre e diarreia sanguinolenta (disenteria). ● A diarreia inflamatória é causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou grosso, ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria ● Esse tipo de diarreia é causado pela invasão das células intestinais ou toxinas associadas às infecções. ● Como as infecções associadas a esses microrganismos afetam predominantemente o intestino grosso, a eliminação de fezes é frequente, as fezes têm volume pequeno e a defecação está associada a cólicas no quadrante inferior esquerdo do abdome, urgência para defecar e tenesmo. ● A disenteria infecciosa deve ser diferenciada da colite ulcerativa aguda, que pode causar diarreia sanguinolenta, febre e dor abdominal. 1 Diferenciar os tipos de diarreia (causas e características) 2 ● Diarreia que persiste por 14 dias não pode ser atribuída a patógenos bacterianos (exceto C. difficile) e o paciente deve ser avaliado a procura de outra causa de diarreia crônica. ● O quadro clínico caracteriza-se por febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e diarreia disentérica, com fezes contendo sangue, muco e leucócitos. ● Em algumas situações, os microrganismos podem atingir a circulação sistêmica, afetando órgãos a distância como articulações, fígado, baço e sistema nervoso central. ● A principal complicação da diarreia aguda é a desidratação, que nos casos de maior gravidade pode levar a distúrbio hidroeletrolítico e acidobásico, choque hipovolêmico e até morte. ● As crianças menores de 1 ano são as mais vulneráveis. ● Nas populações mais carentes, a diarreia aguda pode ser um fator determinante ou agravante da desnutrição, que por sua vez aumenta a predisposição à infecção, além de uso prévio recente de antibióticos. DIARREIA OSMÓTICA: ● Grande quantidade de moléculas hidrossolúveis no lúmen intestinal e isso leva a uma retenção osmótica de água. ● A causa mais frequente é o uso de laxativos e má absorção intestinal de carboidratos. Também associada ao rotavírus. ● A água é atraída para dentro do lúmen intestinal pela concentração hiperosmótica do seu conteúdo, a tal volume que o cólon não consegue reabsorver o excesso de líquido. ● Em pessoas com deficiência de lactase, a intolerância à lactose se deve à ausência da enzima lactase. A atividade inadequada de lactase possibilita que a lactose chegue ao intestino grosso. A flora no intestino grosso constitui uma via de resgaste para a digestão de lactose que é clivada em ácidos graxos de cadeia curta e gás, principalmente hidrogênio (H2), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). A lactose não digerida pode provocar diarreia osmótica. ● Em geral, a diarreia osmótica regride com a suspensão da ingestão alimentar DIARRÉIA SECRETÓRIA: ● Ocorre quando há estímulos que provocam aumento da secreção da mucosa intestinal. É um distúrbio no transporte hidroeletrolítico (GAP osmolar fecal baixo). ● Causada geralmente por vírus (rotavírus), enterotoxinas das bactérias (cólera, e.coli e neoplasias). ● Os produtos da digestão bacteriana da lactose podem provocar diarreia secretória e distensão intestinal por gás, eventos que provavelmente provocam sintomas. ● A intolerância à lactose se caracteriza por sinais/sintomas abdominais (p. ex., náuseas, distensão abdominal e dor) após a ingestão de laticínios. ● Os sais de magnésio no leite de magnésia e em alguns antiácidos não são bem absorvidos e causam diarreia quando são ingeridos em quantidades expressivas. DIARRÉIA EXSUDATIVA: ● Secreção de soro, sangue, muco ou pus, a partir de áreas inflamadas, o que pode ocasionar na diarreia. 2 3 ● Relacionada com doenças ulcerativas ou infiltrativas que aumentam o volume fecal e causam a diarreia. ● Neoplasias intestinais, doenças inflamatórias intestinais, colite induzida por antibiótico e parasitoses, como a giardíase. DIARRÉIA MOTORA OU FUNCIONAL: ● Aumento da motilidade intestinal, o que causa inadequada mistura do alimento com as enzimas digestivas e pouco contato com a superfície de absorção da mucosa intestinal. ● Diagnóstico de exclusão. ● Exemplo: Neuropatia diabética. DIARREIA DISABSORTIVA: ● Síndrome de má absorção e digestão. ● Comum ter lipídios nas fezes (comum esteatorreia). FATORES DE RISCO: DIARREIA AGUDA: ● A diarreia que começa subitamente e persiste por menos de 2 semanas geralmente é causada por agentes infecciosos. ● Mais de 3 evacuações por dia de consistência líquida ou pastosa. ● Frequentemente são subdivididas em não inflamatórias (volumes grandes) e inflamatórias (volumes pequenos) com base nas características das fezes diarreicas. ● Pode ter causas infecciosas e não infecciosas. As causas infecciosas apresentam uma maior prevalência e impacto. ● Causas não infecciosas: Alergias, intolerâncias e erros alimentares, além de certos medicamentos. ● Causas infecciosas: os vírus, as bactérias e os protozoários. No mundo inteiro, os vírus são os principais. Os vírus são altamente infectantes e necessitam de baixa carga viral para causar doença. ● Patógenos entéricos causam diarreia por vários mecanismos. Alguns não são invasivos e não provocam inflamação, mas secretam toxinas que estimulam a secreção de líquidos. ● Outros invadem e destroem as células epiteliais e, deste modo, alteram o transporte de líquidos, de modo que a atividade secretória continua, mas a atividade absortiva é interrompida. ● A doença diarreica na maior parte das vezes representa uma infecção do tubo digestivo por vírus, bactérias ou protozoários e tem evolução autolimitada, mas pode ter consequências graves como desidratação, desnutrição energético-proteica e óbito. DIARREIA PERSISTENTE: ● Mais de 2 semanas e menos de 4. ● Episódio diarreico de causa presumivelmente infecciosa, que se inicia com um processo agudo e se prolonga, deforma não usual, por um período igual ou superior a 14 dias. 3 4 ● Quando o processo em curso ultrapassa 14 dias, define-se como diarreia crônica. Alguns autores utilizam o termo “diarreia persistente” quando o processo em questão decorre de etiologia infecciosa, e denominam crônica quando não associada à infecção pregressa. DIARREIA CRÔNICA: ● A diarreia é considerada crônica quando os sintomas persistem por 4 semanas ou mais. ● A diarreia crônica está associada frequentemente aos distúrbios como DII, SCI, síndromes de má absorção, doenças endócrinas (hipertireoidismo, neuropatia autônoma diabética) ou colite pós-irradiação. ● Existem quatro grupos principais de diarreia crônica: conteúdo intraluminal hiperosmótico; aumento dos processos secretórios do intestino; doenças inflamatórias; e processos infecciosos. ● A diarreia crônica pode ser isolada ou associada ao diabete melito tipo I. O quadro clínico é grave, compreendendo diarreia crônica, dermatite, tireoidite e diabete melito. Doença inflamatória intestinal (DII) é um termo amplo que designa a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU), caracterizadas pela inflamação crônica do intestino. A doença inflamatória intestinal (DII) corresponde a qualquer processo inflamatório crônico envolvendo o trato gastrintestinal. 80% correspondem a DC e RCU, enquanto os outros 20% correspondem as colites linfocítica, colagênica e indeterminada; ● Essas doenças diferem quanto à localização, ao comprometimento das camadas do intestino e a fisiopatogenia. ● Diversos fatores interagem para iniciar e perpetuar a inflamação em indivíduos predispostos geneticamente: ○ Fatores ambientais (expossoma); ○ Microbiota intestinal (microbioma); ○ Imunidade do hospedeiro (imunoma); ● A DII é mais comum no norte da Europa, em países como a Inglaterra e em regiões como a Escandinávia e os Países Baixos; é reconhecidamente elevada na América do Norte, sobretudo nos Estados Unidos; ● Estudos mostram que a predominância relatada de RCU está diminuindo enquanto a DC torna-se mais prevalente. ● A DII pode acometer indivíduos de ambos os sexos, principalmente entre os 20 e 40 anos de idade; ● Pico de incidência da doença por volta dos 30 ou 40 anos; FATORES DE RISCO ● Urbanização, mais comum em regiões industrializadas; ● Ocidentalização do estilo de vida ou a mudança de hábitos alimentares; ● Tabagismo; ● Mudanças ambientais; ● Nível socioeconômico relativamente mais elevado; ● Predisposição genética; ● Fatores ambientais: tipo de dieta (rica em carboidratos e pobre em frutas); ● Uso de anticoncepcionais e anti- inflamatórios não esteroidais (AINE); ● Ocorrência de infecções prévias (Paramyxovirus, Mycobacterium avium paratuberculosis e Escherichia coli); FATORES DE PROTEÇÃO 4 2. Conceituar a doença inflamatória intestinal EPIDEMIOLOGIA 5 ● Aleitamento Materno; ● Enquanto o tabagismo tem efeito protetor em relação à RCU, está associado ao maior risco de desenvolvimento de DC. A etiopatogenia da DII envolve, basicamente, quatro aspectos que interagem entre si: → Fatores genéticos; → Fatores luminais, relacionados à microbiota intestinal, seus antígenos e produtos metabólicos, e os antígenos alimentares; → Fatores relacionados à barreira intestinal, imunidade inata e à permeabilidade intestinal; → Fatores relacionados à imunorregulação, incluindo a imunidade adaptativa ou adquirida. FATORES GENÉTICOS ● A DII se comporta como uma doença genética complexa, isto é, poligênica, envolvendo a interação de muitas mutações em diferentes genes. ● A associação das DII com algumas síndromes genéticas, muitas vezes ligadas à autoimunidade, reforça a correlação com distúrbios imunogenéticos. PROCESSO INFLAMATÓRIO ● Pacientes com DII apresentam defeito na função da barreira epitelial intestinal, o que facilita a colonização e o constante estímulo de produtos bacterianos e citocinas pró-inflamatórias. ● É provável que uma resposta imunológica anormal aos ativadores bacterianos presentes na flora de indivíduos geneticamente suscetíveis desempenhe um papel na indução dessa exacerbada resposta inflamatória. DEFESA DA MUCOSA ● Diferentes componentes da mucosa intestinal constituem uma barreira de proteção contra agentes exógenos. ● Essa proteção é representada: ○ Produção de IGA secretora; ○ Camada de mucina sobre as células epiteliais; ○ Barreira mecânica de células justapostas, firmemente aderidas umas às outras. ● O ITF (intestinal trefoil factor) tem sido reconhecido como elemento favorecedor da reparação da mucosa lesada, além de compor e incrementar a camada viscoelástica em conjunto com a mucina. ● A deficiência desses elementos atua conjuntamente, de modo a contribuir para o aumento da permeabilidade intestinal e a menor reparação da mucosa intestinal. ● A apresentação de antígenos por células epiteliais isoladas de pacientes com DII ocorria na direção dos linfócitos T auxiliadores (helper, CD4+), diferentemente do grupo- controle, que mostravam ativação 5 ETIOPATOGENIA 6 de linfócitos T supressores (CD8+). ● A consequência da hiperestimulação de linfócitos CD4+ é a amplificação e cronificação do processo inflamatório, com a participação de citocinas e radicais livres de oxigênio. AGRESSÃO DA MUCOSA ● Todo ser humano está exposto a agentes agressores, como infecções intestinais, AINE, toxinas e xenobióticos dietéticos (corantes, aditivos, conservantes), bem como ao efeito do próprio estresse. ● Esses agentes agressores podem ultrapassar a capacidade de defesa do organismo e gerar inflamação local. ● O processo inflamatório causa aumento da permeabilidade intestinal, facilitando ainda mais a penetração de produtos bacterianos pela mucosa intestinal, produtos esses que potencializam a lesão tecidual. ● A incapacidade dos pacientes com DII de suprimir eficientemente a resposta inflamatória gera inflamação crônica, lesão residual e fibrose. Caracteriza-se pela inflamação transmural crônica do tubo digestório, da boca ao ânus, com predileção pela região ileal ou ileocecal e gera reação granulomatosa não caseificante. ● A taxa de incidência de DC pode variar de 0,1 a 20 casos por 100 mil habitantes por ano. ● A DC é mais comum nos judeus ashkenazi (predisposição genética e o fato de a incidência em judeus variar entre diferentes países sugere que fatores ambientais); ● Tabagismo é fator de risco; ● Estudos identificaram que polimorfismos do gene NOD2/ CARD15 conferem maior suscetibilidade para DC; ● O gene NOD2/CARD15 é responsável pela codificação de uma proteína também chamada NOD2. ● A proteína NOD2 é um receptor proteico de células imunológicas que detecta componentes bacterianos lipopolissacarídeos (LPS), que auxilia no controle da resposta inflamatória, pela modulação do fator nuclear kB (NF-kB). ● A proteína NOD2 relaciona-se com o reconhecimento de componentes antigênicos bacterianos e desencadeia a resposta imune inata de defesa contra esses elementos. ● A presença da proteína NOD2 mutante na DC certamente ocasiona graves alterações na resposta imunológica aos antígenos bacterianos. → Normal: o receptor TLR2 (receptor do tipo Toll), expresso na superfície das células apresentadoras de antígenos, reconhece o peptidoglicano bacteriano, é hidrolisado por enzimas intracelulares gerando MDP (muramil-dipeptídeo), que é reconhecido pelo domínio LRR da proteína NOD2, com consequente inibição da via de produção de citocinas denominada NF-kB. → Forma mutante de NOD2: presente em pacientes com DC, não reconhece o MDP e deixa de exercer seu efeito normal inibitório. O resultadoé a estimulação da via de produção de citocinas NF-kB, levando à amplificação do processo inflamatório. 6 3. Entender sobre a doença de Crohn (etiologia, epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico e complicações) EPIDEMIOLOGIA FISIOPATOLOGIA 7 ● Pesquisadores identificaram outros polimorfismos ligados à DII no gene do receptor da interleucina 23 (IL-23). Esta é uma citocina que regula a inflamação crônica. ● Outros genes, como o OCTN (transportadores orgânicos de cátion) e DLG5 (discs large homolog 5) estão associados. ● Na DC, as concentrações de bactérias anaeróbicas Gram- positivas e Gram-negativas estão aumentadas. ● Há também uma hipótese de que a DC possa ter como causa a infecção por Mycobacterium paratuberculosis; ● Na doença de Crohn, observa-se uma resposta imunológica predominante do tipo Th1, linfócitos secretoras de IFN- são abundantes na lâmina própria da mucosa intestinal. ● Ocorre aumento nos níveis de IL- 18, citocina envolvida na perpetuação da resposta imunológica do tipo Th1. ● É interessante salientar que a resposta Th1, em geral, relaciona- se com imunidade mediada por células, ativação de macrófagos, formulação de granuloma e produção de IgG2, aspectos evidenciados na DC. RESUMINDO: Os pacientes com DC possuem alterações na produção do gene NOD2/CARD15, que é responsável pela codificação da proteína NOD2. A proteína NOD2 (domínio LRR) em condições normais faz o reconhecimento de do MDP e inibe a produção de citocinas (responsáveis pelo processo inflamatório. No caso patológico, não há inibição e a inflamação se perpetua amplificada. A resposta imunológica na DC é predominantemente Th1 (imunidade mediada por células), com um grande aumento da IL-18 que continua retroalimentando essa mesma via. ● A DC acomete predominantemente o intestino grosso, os sintomas e os respectivos mecanismos subjacentes são muito semelhantes aos que ocorrem na RCU. ● Quando a doença acomete predominantemente o intestino delgado: diarréia e dor abdominal, secundadas por alterações mais gerais, como perda de peso e anemia. ● ⅓ ou mais dos casos apresenta doença restrita ao íleo terminal e, em mais da metade dos casos, há comprometimento não só do íleo terminal, mas também do cólon proximal. ● O comprometimento isolado do intestino grosso é menos frequente que o do íleo terminal. ● Há predomínio do acometimento isolado do cólon nos pacientes em que o diagnóstico é feito depois dos 40 anos. ● Mais raramente se observam casos com a doença localizada nos segmentos mais proximais do intestino delgado ou em outros locais (estômago ou boca). DIARREIA ● A diarreia pode ser ocasionada pela má absorção de nutrientes, ou de fluidos e eletrólitos, bem como exsudação de fluido intersticial por áreas inflamadas do intestino. 7 QUADRO CLÍNICO 8 ● A diarreia é o sintoma mais comum na DC e se caracteriza pelo número não exagerado de dejeções, em particular se comparado com a RCU. ● Habitualmente não se encontram relatos de sangue, muco ou pus nas fezes, exceto nos casos com envolvimento do cólon mais distal. ● Nos casos com comprometimento do íleo mais distal o que ocorre é a má absorção de sais biliares, que faz com que uma quantidade excessiva dessas substâncias atinja o intestino grosso, provocando maior secreção de água e cloro pelas células epiteliais, predispondo o paciente à coletíase. ● Eventualmente, a má absorção de vitamina B12, no íleo comprometido ou ressecado, pode gerar anemia megaloblástica. DOR ABDOMINAL ● Dor abdominal, localizada no quadrante inferior direito do abdome e de duração mais constante, pode ter como mecanismo subjacente a estimulação de receptores localizados na serosa, pois a inflamação do intestino na DC pode afetar todas as suas camadas. ● Cólicas abdominais transitórias podem ser decorrentes de aumento da contratilidade ou distensão visceral, em alças intestinais proximais a segmentos estenosados. ● A dor abdominal nos casos da DC é, com mais frequência, do tipo contínuo, de moderada a alta intensidade. ● Cólicas no hipogástrio, precedendo as evacuações e por elas aliviadas, indicam o comprometimento do intestino grosso. ● Dor em cólica mais intensa e difusa, associada à distensão abdominal, assim como náuseas e vômitos, acompanhadas de diminuição ou parada da eliminação de gases e fezes, indica oclusão dos segmentos. ANOREXIA E NÁUSEAS ● Anorexia e náuseas podem ser decorrentes da ação, no sistema nervoso central, de certos mediadores da inflamação, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa). ● Esses sintomas podem acarretar diminuição acentuada da ingestão de alimentos, ocasionando perda de peso. ● Pode também concorrer a má absorção de nutrientes, nos casos de comprometimento mais extenso da mucosa do intestino delgado. ● Manifestações extraintestinais: a mais frequente inclui o acometimento das articulações, de patogenia e fisiopatologia não bem conhecidas. Admite-se que decorram da deposição de imunocomplexos em pequenos vasos, o que desencadearia reação inflamatória localizada. ANATOMIA PATOLÓGICA ● A DC pode acometer qualquer segmento do tubo digestivo, desde a mucosa oral até o ânus e a própria região perineal; ● Os locais mais frequentemente afetados são o íleo distal e o cólon proximal. ● São aspectos característicos do envolvimento intestinal na DC as lesões segmentares ou salteadas, entremeadas por áreas inteiramente preservadas (sinal em pedras de calçamento). ● Ao contrário da RCU, o reto encontra-se poupado na maioria dos casos. 8 9 ● O exame macroscópico da mucosa pode mostrar úlceras profundas, irregulares, aftóides ou serpiginosas. ● A coexistência de edema e infiltração da mucosa e da submucosa e de úlceras lineares pode propiciar o aspecto em paralelepípedo. ● Áreas de estenose e orifícios de fístulas podem ser vistos como complicações comuns. ● Histopatológico: infiltrado inflamatório focal transmural predominantemente linfocitário. ● Não raro há granulomas epitelióides com a presença de células gigantes de Langerhans. ● Assim, a DC caracteriza-se por um conjunto de alterações anátomo e histopatológicas. EXAME FÍSICO ● Fornece achados variáveis. ● São comuns as alterações indicativas de desnutrição. ● O exame do abdome pode revelar distensão de grau variável e massa ou plastrão na palpação profunda do QID. ● Não é rara a dor à descompressão brusca dessa região do abdome. ● O exame minucioso das regiões perianal e perineal é obrigatório em todos os casos em que se suspeita da DC. ● Fissuras e abscessos são achados muito frequentes. ● As manifestações extraintestinais, indicativas do acometimento da pele, das articulações, dos olhos etc e ocorrem em cerca de 30% dos casos. CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DC leve → pacientes ambulatoriais, capazes de tolerar alimentação via oral, sem manifestações de desidratação, toxicidade, desconforto abdominal, massa dolorosa, obstrução ou perda maior que 10% do peso. DC moderada → pacientes que falharam em responder ao tratamento ou aqueles com sintomas mais proeminentes de febre, perda de peso, dor abdominal, náuseas ou vômitos intermitentes (sem achados de obstrução intestinal) ou anemia significativa. DC grave → pacientes com sintomas persistentes mesmo com a introdução de corticosteróide e/ou terapia biológica (p. ex., infliximabe, adalimumabe, certolizumabe), ou indivíduos que apresentam febre, vômitos persistentes, evidências de obstrução intestinal, sinais de irritação peritoneal, caquexia ou evidências de abscesso. ●Má absorção de vitamina B12, no íleo comprometido ou ressecado, pode gerar anemia megaloblástica. ● Colelitíase. ● A DC tem como complicações características a formação de fístulas e estenose. ● As fístulas perianais são as mais comuns, mas podem ser detectadas fístulas entre alças intestinais, bem como comunicações fistulosas entre o intestino e a bexiga ou a vagina. 9 COMPLICAÇÕES 10 ● O desenvolvimento de fístulas parece ser mais habitual nos pacientes mais jovens. ● Formação de abscessos: Essa complicação parece ser mais frequente quando há envolvimento do íleo terminal, isoladamente ou com acometimento simultâneo do cólon. A RCU acomete a mucosa do cólon e do reto e classicamente apresenta distribuição simétrica e contínua. ● A taxa de incidência de RCU varia extremamente, de 0,5 a 24 casos por 100 mil habitantes por ano; ● Tabagismo é fator de proteção; ● Uma região de suscetibilidade, denominada IBD2 foi reconhecida no cromossomo 12 e parece relacionar-se com a RCU. ● Os estudos envolvendo o sistema HLA têm fornecido resultados mais consistentes no caso da RCU que no da DC. ● Na RCU, por sua vez, foram descritas bactérias cujos produtos metabólicos (p. ex., citotoxinas, hialuronidase etc.) são sabidamente lesivos à mucosa intestinal. ● Na RCU, há resposta do tipo Th2, com elevação de IL-4, IL- 5, IL-9, IL-10 e IL-13. ● Por sua vez, a resposta Th2 envolve imunidade humoral, autoimunidade, ativação de linfócitos B e mastócitos, além da produção de IgG1. DIARREIA ● As principais manifestações da RCU são diarreia e perda de sangue nas fezes (consequências diretas da inflamação intensa que acomete a mucosa dos cólons). ● Nessas condições, há exsudação do fluido intersticial rico em proteínas, decorrente da intensa alteração da permeabilidade do epitélio, secundária à inflamação. ● Há também acentuado prejuízo à absorção de água e eletrólitos, que concorre para o aumento do teor líquido do conteúdo intraluminal. ● Alterações da motilidade intestinal, decorrência direta do processo inflamatório. Essas alterações são possivelmente consequentes à ação de mediadores da inflamação sobre a musculatura do intestino grosso ou sobre vias neurais envolvidas. PERDA DE SANGUE NAS FEZES ● A solução de continuidade da mucosa colônica, dada pelas ulcerações características da RCU, ocasiona a presença de sangue nas fezes; ● Se expressa por evacuações de fezes contendo sangue e muco, ou exclusivamente sanguinolentas, bem como pelo sangramento maciço, que constitui importante complicação da doença. ● Sugere-se que tanto a rede vascular dos cólons quanto o aporte total de sangue para o intestino grosso estão aumentados na RCU. URGÊNCIA RETAL E TENESMO 10 4. Compreender a retocolite ulcerativa (etiologia, epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico e complicações) EPIDEMIOLOGIA FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO 11 ● A inflamação do reto traz como consequência acentuada a redução do limiar sensorial desse segmento do intestino grosso. ● Assim, quantidades mínimas de fluido na ampola retal podem desencadear o reflexo da defecação, (número de evacuações seja bastante elevado). ● A exacerbação dessa alteração sensorial é responsável pelos sintomas de urgência retal e tenesmo. DOR ● Causada pelas alterações da contratilidade do intestino grosso, representadas pelo aumento do reflexo do tônus muscular e pela ocorrência de contrações de amplitude elevada. ● As alterações sensoriais associadas à inflamação podem fazer com que contrações da musculatura do intestino grosso sejam percebidas como cólicas precedendo as dejeções. FEBRE E FRAQUEZA ● A perda crônica de sangue pode resultar em anemia ferropriva de intensidade considerável, que pode contribuir para a fraqueza. ● Outro mecanismo relevante de anemia, específico para os pacientes em tratamento com sulfassalazina, é a carência de ácido fólico, que decorre do prejuízo que essa droga acarreta à absorção. ● Nos casos em que há comprometimento mais intenso de extensão maior do intestino grosso, a liberação de mediadores da resposta inflamatória pode produzir febre e contribuir para a sensação de fraqueza. CLASSIFICAÇÃO ● O quadro clínico da RCU depende da extensão da doença e da gravidade; ● Na RCU, o comprometimento do intestino grosso pode estar limitado aos segmentos distais, estender-se ao hemicólon esquerdo, afetar parte ou todo o transverso e o cólon ascendente. RCU distal: geralmente são casos leves e moderados. É comum o sangramento retal, fezes com muco e pus, além do tenesmo. Em 80% dos casos há diarreia, podendo ocorrer também constipação. A dor abdominal é geralmente em cólica, precedendo as evacuações. Manifestações extraintestinais são infrequentes. RCU hemicólon esquerdo e pancolite: estes casos geralmente são moderados ou graves. Febre, astenia e perda de peso com anorexia são comuns. Há também diarreia com muco, pus, sangue e tenesmo, além da dor abdominal, mais intensa. A forma fulminante pode ocorrer, correspondendo à dilatação aguda do cólon (> 6 cm), geralmente no transverso. Manifestações extraintestinais podem preceder as manifestações intestinais (artralgia, artrite, aftas orais, eritema nodoso, episclerite e pioderma gangrenoso, entre outras). 11 12 ● Indivíduos com história compatível, o exame físico pode ser normal ou apresentar febre, emagrecimento, desidratação, palidez, taquicardia, dor abdominal, edema e manifestações extraintestinais. . Quanto ao curso clínico, a RCU pode ser dividida em: ● Forma aguda fulminante (menos de 5% dos casos); ● Crônica contínua (menos de 20% dos casos) ● Crônica intermitente com períodos de remissão que podem durar meses ou anos (mais de 80% dos casos). ANATOMIA PATOLÓGICA ● A RCU é caracterizada por inflamação difusa da mucosa do intestino grosso, que acomete exclusivamente esse segmento do tubo digestivo. ● O reto quase invariavelmente está comprometido e a extensão para os demais segmentos do intestino grosso, quando acontece, processa-se de forma uniforme, contínua e homogênea. ● Nos períodos de maior atividade da doença, a mucosa dos cólons exibe, macroscopicamente, hiperemia, edema, friabilidade e sangramento fácil ao toque, exsudato fibrino mucóide, erosões e ulcerações. ● Nos casos de longa evolução, o cólon pode ter aspecto tubular, com perda das haustrações (alça em cano de chumbo), e a mucosa pode mostrar-se atrófica, pálida e com perda do padrão vascular normal. ● Em muitos casos, podem ser vistos pseudopólipos, constituídos por “ilhas” de mucosa com estrutura relativamente preservada, cercadas por áreas de erosões ou ulcerações confluentes. ● Histopatológico: alterações inflamatórias (criptite e abscessos); depleção das células caliciformes, bem como intenso infiltrado inflamatório, que acomete a mucosa e, eventualmente, a submucosa, mas não estende às camadas mais profundas. ● Na fase aguda, esse infiltrado inflamatório é constituído, predominantemente, por neutrófilos polimorfonucleares, ao passo que na fase crônica prevalecem as células mononucleares ● Sangramento digestivo baixo maciço e as estenoses que, em geral, acometem o hemicólon esquerdo. ● Manifestações extraintestinais, mais graves que podem ocorrer em até 10% dos casos, como comprometimento das articulações (sacroileíte, espondilite anquilosante), dos olhos (episclerite, uveíte, irite); das vias biliares e do fígado (colangite esclerosante primária), bem como de outros órgãos, como rins (amiloidose, pielonefrite, nefrolitíase). ● Evidências tromboembólicas,como a trombose venosa profunda dos membros inferiores (5% dos casos). 12 COMPLICAÇÕES 13 ● Risco de desenvolvimento de adenocarcinoma colorretal em pacientes com RCU (relaciona-se a duração mais de 10 anos e à extensão da doença, pancolite). ● Por isso, pacientes com mais de 10 anos de evolução da RCU e pancolite devem realizar uma colonoscopia a cada 1 a 2 anos com biópsias seriadas. ● Anemia ferropriva: perda grande de sangue nas fezes; MEGACÓLON TÓXICO ● Os pacientes com RCU podem exibir complicações variadas; ● A mais temível é o megacólon tóxico: dilatação aguda do cólon (geralmente transverso), que se associa a manifestações tóxicas sistêmicas. ● Pouco frequente, alta mortalidade (até 50%, em especial se houver perfuração). ● Caracteriza-se, clinicamente, por dor e distensão do abdome, de grande intensidade, que se associam a evidências de importante repercussão geral, como febre, prostração, hipotensão, taquicardia, desidratação e intensa leucocitose. RCU ● Doença de Crohn; ● Colite infecciosa; ● Colite de radiação; ● Colite de desvio; ● Síndrome da úlcera retal solitária; ● Doença do enxerto vs hospedeiro; ● Colite diverticular; ● Colite associada a medicamentos; ● Outros distúrbios; DC ● Colite infecciosa; ● Colite ulcerativa; ● Colite diverticular; ● Doença celíaca; ● Síndrome do intestino irritável; ● Intolerância à lactose; ● Outros distúrbios; DOENÇA DE CROHN Exame Físico ● Alterações indicativas de desnutrição. ● O exame do abdome pode revelar distensão de grau variável e massa ou plastrão na palpação profunda do quadrante inferior direito. ● Não é rara dor à descompressão brusca. ● O exame minucioso das regiões perianal e perineal é obrigatório. Exames Laboratoriais ● Hemograma (anemia); ● Contagem elevada de glóbulos brancos, proteína C reativa elevada, anormalidades eletrolíticas, deficiência de ferro, B12 e vitamina D. ● Testes de função renal, bioquímicos e funcionais do fígado e glicose no sangue. ● Marcadores inflamatórios das fezes (calprotectina fecal ou lactoferrina) podem estar elevados. Não é um exame usado rotineiramente para diagnosticar DC. Enterografia por RM ● Usa meio de contraste neutro. ● Evita radiação e tem precisão diagnóstica comparável à tomografia com enterografia. ● Demonstra inflamação intestinal (aumento do realce, paredes mais espessas e hiperintensidade por causa do edema), complicações (estenose, fístula) e distribuição e extensão da doença. 13 5. Discutir acerca do diagnóstico diferencial e tratamento DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DIAGNÓSTICO 14 Enterografia por TC ● Usa meio de contraste neutro. ● Útil para detectar inflamação e complicações (abscessos, por exemplo). Exame contrastado do intestino delgado (TIDE) e Enema Opaco ● O TIDE por muito tempo foi o exame de escolha para investigar o acometimento do intestino delgado na DC; ● Vem perdendo espaço para a enterografia por tomografia computadorizada e ressonância magnética. ● Permanece sendo um exame útil para o diagnóstico de DC, permitindo estimar a extensão e a gravidade do dano. ● O TIDE utiliza o sulfato de bário como contraste; ● Pode evidenciar espessamento e edema das válvulas coniventes, presença de estenoses segmentares, significativa alteração do padrão mucoso, com ou sem evidências de ulceração, aspecto em cobblestone e presença de fístulas, bem como aderência entre as alças, provocando um efeito de massa. ● Também pode demonstrar redução ou perda da motilidade intestinal. ● O enema opaco (infusão via retal) com duplo contraste também vem sendo cada vez menos utilizado. ● Pode revelar perda das haustrações, contornos colônicos irregulares, falhas de enchimento (pseudopólipos), aumento do espaço pré-sacral, aspecto tubular do cólon ou de estenoses. ● O TIDE e o enema opaco apresentam limitações na avaliação extraluminal da doença. ● Contraste baritado não deve ser oferecido ao paciente com suspeita de perfuração, pelo risco de peritonite química. 14 15 15 16 Endoscopia ● A ileocolonoscopia é uma colonoscopia com intubação do íleo terminal e é realizada para avaliação de suspeita de DC ileocolônica. ● As características endoscópicas incluem ulcerações focais adjacentes a áreas de mucosa de aparência normal, juntamente com alterações na mucosa nodular. Pseudopólipos podem estar presentes. ● Os achados histológicos da biópsia incluem ulcerações focais e inflamação aguda e crônica. Podem aparecer granulomas ou não. ● A endoscopia superior com biópsias do estômago e intestino delgado é realizada em pacientes com DC e sintomas gastrointestinais superiores (dispepsia, saciedade precoce, náusea, vômito). ● Os achados incluem ulceração esofágica, inflamação gástrica e ulceração e/ou inflamação duodenal. ● A endoscopia de cápsula de vídeo ou videoendoscopia sem fio é um método alternativo para visualizar o delgado sem exposição à radiação, mas não deve ser utilizado em suspeita de estenose. ● A colonoscopia é o estudo preferível para a avaliação do intestino grosso, enquanto o enema ou colonografia por TC são alternativas menos desejáveis porque o intestino não é visualizado diretamente e não é possível realizar biópsia. RETOCOLITE ULCERATIVA ● A avaliação de um paciente com colite ulcerativa serve para excluir outras causas de colite; ● O diagnóstico é baseado na presença de diarréia crônica por mais de quatro semanas e evidência de inflamação ativa na endoscopia e alterações crônicas na biópsia. ● O estabelecimento do diagnóstico requer exclusão de outras causas de colite por história, estudos laboratoriais e biópsias. História Clínica ● Histórico de viagens para áreas endêmicas de infecções parasitárias; ● Uso recente de antibióticos (os que predispõem infecção por C.difficile). 16 17 ● Radiação abdominal; ● Uso de AINEs. Exame Físico ● Normal em pacientes com doença leve, mas na moderada a grave podem ter sensibilidade abdominal à palpação, febre, hipotensão, taquicardia e palidez. ● O exame retal pode revelar evidências de sangue. ● Pacientes com sintomas prolongados de diarreia podem ter evidências de perda muscular, perda de gordura subcutânea e edema periférico. Laboratoriais ● Velocidade de hemossedimentação elevada = maior ou igual a 30mm/hora; ● Baixa albumina; ● Anormalidades eletrolíticas devido a diarreia e a desidratação; ● Anemia; ● Calprotectina fecal ou lactoferrina podem estar elevadas devido à inflamação intestinal; ● Pode pedir PCR para toxina C.difficile, culturas de rotina de fezes (Salmonella, shigella, campylobacter e yersinia) e testes específicos para Escherichia coli. ● Teste para IST (gonorreia, trachomatis, HSV e treponema pallidum, principalmente se houver proctite. ● Hemograma, eletrólitos, albumina e marcadores de inflamação (hemossedimentação ou proteína C reativa). Imagem ● Radiografia Abdominal: Pode identificar constipação proximal, espessamento da mucosa (sinal da impressão digital) secundária a edema e dilatação colônica em pacientes com colite ulcerosa grave. ● Enema de bário de duplo contraste: Perda de haustrações e fica chamuscado (sinal do cano de chumbo), estreitamento do calibre normal, úlceras, pólipos ou pseudopólipos. 17 18 ● TC e RM: Espessamento da parede (achado inespecífico). Tem menor sensibilidade do que o enema, mas são equivalentes em paciente com doença grave. ● USG com doppler: Espessa camada hipoecoica (achados não específicos de colite ulcerosa, podendo ser vistos em colite devido a outras causas). Endoscopia e biópsia ● A colonoscopia é o principal exame na avaliação diagnóstica da DII, permitindo identificaras alterações de atividade das mucosas, determinar a extensão e o grau de atividade da doença e a identificação de complicações como displasia e neoplasia. ● Os achados da endoscopia incluem uma perda de marcações vasculares, dando-lhe uma aparência eritematosa, granularidade da mucosa, petéquias, exsudatos, edema, erosões, friabilidade ao toque e sangramento espontâneo. ● Casos mais graves podem estar relacionados a macro ulcerações, sangramento profuso e exsudatos abundantes. 18 19 ● As biópsias são necessárias para estabelecer a cronicidade da inflamação e excluir outras causas de colite. Cápsula endoscópica ● É mais sensível que as modalidades radiológicas convencionais para investigação de inflamação em intestino delgado, não é invasivo, fácil de ser realizada e bem tolerada. ● Por ser ainda um exame caro, não está disponível de forma mais abrangente. Marcadores Sorológicos ● Os mais estudados têm sido o p- ANCA (anticorpo perinuclear contra estruturas citoplasmáticas do neutrófilo), o ASCA (anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae), o anticorpo pancreático, o an-ti- Omp-C (anticorpo IgA) e o anticorpo I2 (anticorpo para Pseudomonas fluorescens associado à sequência I2). ● O p-ANCA é encontrado principalmente em casos de retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI); ● O ASCA é encontrado predominantemente em casos de DC. ● No entanto, o ASCA e o p-ANCA não podem ser considerados, isoladamente, marcadores sorológicos definitivos para o diagnóstico da DC e da RCUI. DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO ● A sulfassalazina é uma pró- droga composta de ácido 5- aminossalicílico (5-ASA) ligado a sulfapiridina (SP). ● O complexo é clivado pela flora bacteriana no íleo distal e cólon, liberando o 5-AAS. ● O 5-ASA é responsável pela eficácia da sulfassalazina, enquanto a SP é responsável pela maioria dos seus eventos adversos. ● Atuam através da modulação da secreção de citocinas pró- inflamatórias, inibição da produção de leucotrienos e prostaglandinas, e muitos outros supostos mecanismos. ● Essas drogas estão disponíveis na forma de liberação controlada e para uso tópico como supositórios e enemas. ● Efeitos colaterais: são comumente dependentes da dose e relacionados aos níveis séricos de sulfapiridina. Dor abdominal, náusea, vômito, anorexia, dor de cabeça, hemólise, e infertilidade masculina. ● A terapia com sulfassalazina é acompanhada por uma incidência relativamente alta de intolerância relacionada a efeitos colaterais e inclui dor de cabeça, náusea, dispepsia, mialgias, e artralgias, que normalmente não são graves, 19 TRATAMENTO 20 mas podem levar a interrupção da droga. CORTICOSTERÓIDES ● Os corticoides são úteis para episódios agudos de muitas das formas de doença inflamatória intestinal, quando os compostos do 5-AAS são inadequados. ● No entanto, os corticóides não são apropriados para a terapia de manutenção. ● Hidrocortisona, prednisona e prednisolona são atualmente os medicamentos de escolha para casos moderados e graves, principalmente para alcançar o controle dos sintomas. ● O tempo de uso de corticosteróide deve ser o mais curto possível e o tratamento prolongado não é recomendado. ● Na DII ativa, prednisona oral é normalmente indicado; entretanto, deve evitar uso prolongado (>2–3 meses), mesmo em doses baixas. ● Em casos graves, pacientes internados podem receber hidrocortisona intravenosa ou metilprednisolona seguida de prednisona oral. ● Alguns relatórios sugerem que a budesonida pode ser usada por mais tempo períodos (até 6 meses) quando necessário. ● A budesonida oral tem menos efeitos adversos que a prednisolona, mas não é eficaz tão rapidamente, e é classicamente usada para doença menos grave. ● O desmame de corticosteróide deve ser gradual. ● Efeitos colaterais principalmente quando usado por períodos prolongados. Apetite, aumento do peso corporal, edema, insônia, labilidade emocional, psicose, acne, síndrome de Cushing, osteoporose, retardo de crescimento, infecções. ● Todos os pacientes em tratamento com corticoides (incluindo budesonida) devem receber vitamina D oral e cálcio. IMUNOMODULADORES ● Metotrexato (MTX): antagonista do folato com propriedades anti-inflamatórias e é utilizado no tratamento de várias doenças inflamatórias, especialmente para aliviar sinais e sintomas de dependência de esteroides. ● Mulheres e homens que tomam metotrexato devem garantir que a parceira use um método contraceptivo eficaz, como um dispositivo intrauterino, um implante contraceptivo ou um contraceptivo oral. ● Tiopurinas (azatioprina, AZA; e 6-mercaptopurina, 6-MP): comumente usados para manter a remissão em pacientes dependentes de esteroides e refratários a esteroides. Associadas a um risco aumentado de infecção, mielossupressão, toxicidade hepática, pancreatite e malignidade. Inibem a função das células T e podem induzir a apoptose de células T. ● Ciclosporina e tacrolimo: São ineficazes para o tratamento ativo da DC e, portanto, não deve ser considerado uma opção para esses pacientes. AGENTES BIOLÓGICOS ● Antes de iniciar qualquer terapia biológica, os pacientes devem ser testados para tuberculose e hepatite B. ● Fármacos anti-TNF: São anticorpos contra o fator de necrose tumoral (TNF); ○ Infliximabe; ○ Adalimumab: Os pacientes que são 20 21 intolerantes ou perderam sua resposta inicial ao infliximabe podem responder. ○ Certolizumabe: Os pacientes que são intolerantes ou perderam sua resposta inicial ao infliximabe podem responder ao certolizumabe. Outros agentes biológicos ● Vários anticorpos anti-interleucina e interleucinas imunossupressores também podem diminuir a resposta inflamatória e estão sendo estudados para a DC. ● Vedolizumab e o natalizumabe são anticorpos contra moléculas de adesão leucocitária. Acredita-se que seu efeito limita-se ao intestino, tornando-o mais seguro do que o natalizumabe. ● Ustecinumabe é um anticorpo anti-IL-12/23 e está aprovado para pacientes com doença de Crohn moderada a grave ou colite ulcerativa que não responderam à terapia convencional. PROBIÓTICO ● Probióticos são microrganismos vivos que, “quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. ● Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente em seu uso em DII. ● Vários estudos avaliaram o uso de agentes probióticos como terapia adjuvante no tratamento da DC; no entanto, a literatura é limitada a poucos e pequenos ensaios. 21 22 22 23 23 DIFERENCIAR DC E RCU
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