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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6496-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 6 0 Código Logístico 58674 O setor imobiliário tem demonstrado ser uma das áreas mais cativantes e desafiadoras para atuação, requerendo cada vez mais o aprimo- ramento de habilidades e competências de seus profissionais. Fortemente influenciados pela situação econômica do país e pelo avan- ço da tecnologia, os corretores de imóveis se desdobram para a obtenção da preferência dos clientes por suas ofertas de negócios. Neste livro, é proposto um método de es- tudo cujo objetivo é possibilitar ao leitor a compreensão dos temas necessários à sua formação acadêmica e profissional. Os tópi- cos apresentados – empreendedorismo, difi- culdades de se abrir um negócio, estratégias empresariais, marketing imobiliário, aferição de resultados, gestão do conhecimento e gestão de projetos – exploram problemas e soluções que ocorrem no cotidiano das or- ganizações imobiliárias, com o objetivo de trazer melhores resultados para os corretores e para as organizações. Paulo Pardo Estratégia de marketing em negócios imobiliários Paulo Pard o E stratég ia d e m arketing em neg ó cio s im o b iliário s Estratégia de marketing em negócios imobiliários IESDE BRASIL S/A 2019 Paulo Pardo Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: fizkes/tsyhun/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P248e Pardo, Paulo Estratégia de marketing em negócios imobiliários / Paulo Pardo. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 234 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6496-0 1. Mercado imobiliário. 2. Corretor de imóveis. 3. Administração de imóveis. I. Título. 19-58296 CDD: 333.33 CDU: 332.7 Paulo Pardo Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba. Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é diretor-geral de EaD. Tem experiência na área de administração, com ênfase em administração de empresas, atuando principalmente nos seguintes temas: sistema financeiro nacional, bolsa de valores, mercado de ações, logística. É autor de livros didáticos para educação a distância nas áreas de logística, mercado financeiro e de capitais, marketing e gestão ambiental e teoria geral da administração. É consultor na área de marketing, com foco em pesquisa de mercado para rede de varejo de eletrodomésticos. Sumário Apresentação 7 1. Empreendedorismo imobiliário 9 1.1 Empreendedorismo 10 1.2 Plano de negócio 15 1.3 Organizações que aprendem 20 1.4 O mercado e as necessidades do cliente 26 1.5 Inovação 29 2. Estratégia empresarial 37 2.1 A evolução do conceito de estratégia 38 2.2 A gestão estratégica 42 2.3 O processo da estratégia 46 2.4 Os níveis de estratégia 50 2.5 Alternativas estratégicas das empresas 55 3. Planejamento estratégico de marketing imobiliário 63 3.1 Estratégia empresarial 64 3.2 Análise de cenários 68 3.3 O ambiente de marketing 72 3.4 O composto de marketing 77 3.5 Plano de marketing 79 4. Marketing de serviços 87 4.1 Fundamentos do marketing de serviços 88 4.2 O marketing de relacionamento 92 4.3 A qualidade em serviços 96 4.4 O cliente de serviços 101 4.5 Compliance 105 5. Gestão de marketing 111 5.1 Gestão de equipes de alto desempenho 112 5.2 A gestão da marca 117 5.3 A gestão integrada de marketing 122 5.4 A comunicação no marketing imobiliário 127 5.5 O marketing digital 132 6. Aferição de resultados 141 6.1 O funil de vendas 142 6.2 Metas e objetivos 146 6.3 Avaliação de desempenho 149 6.4 Indicadores de desempenho 156 7. A gestão do conhecimento nas organizações 165 7.1 Fundamentos da gestão do conhecimento 165 7.2 O conhecimento como fator de produção 170 7.3 Mapeamento do conhecimento nas organizações 174 7.4 Os tipos de competências 180 7.5 Inteligência organizacional e competitividade 186 8. Gestão de projetos no setor imobiliário 195 8.1 Gerenciamento do escopo e do tempo 195 8.2 Gerenciamento de custos e de riscos 202 8.3 Gerenciamento de comunicação e RH 209 8.4 Gerenciamento de stakeholders e da qualidade 215 8.5 Gerenciamento de aquisições e integração 220 Gabarito 229 Apresentação O setor imobiliário tem demonstrado ser uma das áreas mais cativantes e desafiadoras para atuação, requerendo cada vez mais o aprimoramento de habilidades e competências de seus profissionais. Fortemente influenciados pela situação econômica do país e pelo avanço da tecnologia, os corretores de imóveis se desdobram para a obtenção da preferência dos clientes por suas ofertas de negócios. Neste livro, é proposto um método de estudo cujo objetivo é possibilitar ao leitor a compreensão dos temas necessários à sua formação acadêmica e profissional. Os tópicos apresentados exploram problemas e soluções que ocorrem no cotidiano das organizações imobiliárias. Dentro desse contexto, realizamos uma revisão acerca das atividades do setor imobiliário, iniciando pela fase de empreendedorismo imobiliário, no Capítulo 1, em que são destacadas as dificuldades e obstáculos inerentes à abertura de um negócio. No Capítulo 2, abordamos a estratégia empresarial, ponto crucial a ser trabalhado por aqueles que se aventuram em abrir o próprio negócio. Nos capítulos subsequentes (3 a 5), são discutidos os aspectos referentes ao marketing imobiliário, no qual cada vez mais é necessário se utilizar de criatividade e inovação para atingir o segmento de mercado pretendido. Nesses capítulos, são conhecidos os fundamentos de marketing e as diferentes estratégias utilizadas para impactar e influenciar os potenciais clientes. A aferição de resultados, abordada no Capítulo 6, mostra- -se como uma importante solução para se atingir os objetivos propostos na fase de planejamento e corrigir eventuais falhas e desvios ocorridos na execução. No Capítulo 7, a gestão do conhecimento é estudada como uma importante forma de criação e compartilhamento do conhecimento nas organizações imobiliárias, permitindo rapidez na tomada de decisão e nos procedimentos internos da empresa. Para concluirmos nossos estudos, no Capítulo 8, vemos, tomando como base a metodologia PMBOK, que a gestão de projetos no setor imobiliário possibilita a elaboração e condução de projetos, reduzindo trabalho e custos para toda a equipe. Boa leitura e ótimo estudo! 1 Empreendedorismo imobiliário Para que possamos conhecer em essência as estratégias de marketing em negócios imobiliários é imprescindível compreendermos os conceitos relativos ao empreendedorismo imobiliário e o ambiente de competitividade em que o negócio está inserido, que exigem cada vez mais novas habilidades e competências. Considerando a escassez de recursos financeiros e os altos valores dos imóveis, não é difícil perceber a necessidade crescente dos profissionais de vendas de imóveis e das imobiliárias em se reinventar constantemente. Nesse mercado altamente competitivo, só existe uma certeza: a mudança constante. Iniciaremos os estudos com os conceitos e as definições de empreendedorismo, abordando a necessidade e importância do empreendedor no contexto econômico, bem como suas características e o perfil de quem consegue transformar um sonho em empreendimento. Veremos também sobre a importante ferramenta de plano de negócio, como um auxílio para nortear o empreendedor desde o início do projeto até os momentos de maturidade da empresa, balizando e permitindo a correção de rumos. Na sequência, abordaremos as organizações que aprendem, apropriando-se do conhecimento e estimulando o aprendizado contínuo, criando um ótimo ambientepara desenvolver as atividades de trabalho e alcançar seus objetivos previamente estabelecidos. Veremos ainda os fundamentos e conceitos de mercado e a importância de se identificar oportunidades para a satisfação dos clientes, permitindo que a empresa ocupe lacunas com pouca 10 Estratégia de marketing em negócios imobiliários competitividade e possibilitando um crescimento que permita sua sobrevivência. Para finalizar, abordaremos o conceito e a necessidade crescente da inovação nas empresas como sua forma de manutenção nesse mercado cada vez mais competitivo. 1.1 Empreendedorismo O setor de imóveis tem crescido muito, a ponto de identificarmos uma imobiliária diferente em quase todos os locais. Você já deve ter encontrado um corretor de imóveis de sucesso na sua cidade, e o questionamento que todos têm vontade de fazer é: onde tudo começou? Cremos que esse corretor de sucesso já tenha trabalhado como funcionário, em algum momento da vida, em uma imobiliária, onde adquiriu experiência e conhecimento. O futuro dos inconformados é abrir o próprio negócio; em outros termos, partir para o empreendedorismo. Essa é a consequência natural dos profissionais que têm vontade de crescer, que veem dentro das empresas um limitador da liberdade e da criatividade individual. Nesse aspecto, é importante que conheçamos a origem do empreendedorismo, enfatizada por Dornelas (2015, p. 19): Um primeiro exemplo de definição de empreendedorismo pode ser creditado a Marco Polo, que tentou esclarecer uma rota comercial para o Oriente. Como empreendedor, Marco Polo assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro (hoje, mais conhecido como capitalista) para vender mercadorias desse. Enquanto o capitalista era alguém que assumia riscos de forma passiva, o aventureiro empreendedor assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais. Como vimos, a origem do empreendedorismo é bem antiga e, ao longo do tempo, a definição de empreendedor sofreu importantes transformações. Empreendedorismo imobiliário 11 Na Idade Média: o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava grandes projetos de produção. Esse indivíduo não assumia grandes riscos, e apenas gerenciava os projetos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país. No século XVII: os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como, geralmente, os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era exclusivo do empreendedor. No século XVIII: o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo. Nos séculos XIX e XX: os empreendedores eram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores (o que ocorre até os dias atuais), sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. (DORNELAS, 2015, p. 19-20, grifo nosso) De acordo com Dornelas (2015, p. 28), empreendedorismo pode ser definido como “como o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. A perfeita implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso”. Por meio dos conceitos apresentados é possível perceber que o empreendedor é normalmente confundido com gestores, ou com pessoas dotadas de recursos financeiros. No entanto, a prática indica que nem sempre a situação é como se retrata. Chiavenato (2012, p. 8) aponta algumas características inerentes e necessárias ao empreendedor: Na verdade, o empreendedor consegue fazer as coisas acontecerem por ser dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar e aproveitar oportunidades, nem sempre claras e definidas. 12 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Com esse arsenal, transforma ideias em realidade para benefício próprio e para o benefício da sociedade e da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, habilitam-nos a transformar uma ideia simples em algo que produza resultados concretos e bem-sucedidos no mercado. Segundo Dornelas (2015, p. 29), em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se ao menos os seguintes aspectos referentes à função: “1. Tem iniciativa para criar um negócio e paixão pelo que faz. 2. Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico no qual vive. 3. Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar”. A literatura apresenta inúmeras outras características do empreendedor, entre as quais destacam-se: • a visão do empreendedor é geralmente apoiada por um conjunto interligado de ideias próprias e específicas não disponíveis no mercado; • sua abordagem geral para realizar a visão é clara, embora os detalhes sejam incompletos, flexíveis e que emergem com a prática; • os empreendedores promovem sua visão com paixão e entusiasmo; • o empreendedor tem uma visão entusiástica e constitui a força impulsionadora da empresa; • o empreendedor desenvolve estratégias com persistência e determinação para transformar sua visão em realidade; • os empreendedores assumem a responsabilidade com prudência, avaliam custos, necessidades do mercado/ clientes e persuadem os outros a juntar-se a eles e a ajudar no empreendimento; • um empreendedor é geralmente um pensador positivo e um tomador de decisões; • a um empreendedor são necessárias inspiração, motivação e sensibilidade. (CHIAVENATO, 2012, p. 13) Empreendedorismo imobiliário 13 Complementando essas características, Bernardi (2012, p. 64) apresenta um perfil característico e típico do empreendedor, que, segundo o autor, tem: • senso de oportunidade; • dominância; • agressividade e energia para realizar; • autoconfiança; • otimismo; • dinamismo; • independência; • persistência; • flexibilidade e resistência a frustrações; • criatividade; • propensão ao risco; • liderança carismática; • habilidade de equilibrar sonho e realização; • habilidade de relacionamento. Em um tempo não muito distante, os jovens eram instruídos, ao longo dos estudos que precediam a entrada em uma universidade, a serem médicos, engenheiros ou advogados, pois na opinião dos pais eram as únicas opções de trabalho que gerariam renda. Esses mesmos jovens ainda eram orientados a, caso não entrassem em uma dessas áreas, fazerem concursos públicos. Em geral, as pessoas não eram estimuladas ou orientadas a terem o seu próprio negócio. Nesse cenário, poucos se aventuravam no empreendedorismo. Ao passo que nos Estados Unidos, ainda no ensino fundamental, os jovens têm noção de empreendedorismo e são estimulados a serem seus próprios patrões. Uma condição para que um empreendedor tenha sucesso, independentemente dos estímulos e da nacionalidade, é realizar um bom estudo de mercado e avaliar uma real oportunidade para abrir o seu próprio negócio. No entanto, face a algumas características específicas do mercado brasileiro, essa análise de oportunidade é 14 Estratégia de marketing em negócios imobiliários raramente realizada. Nesse aspecto, Dornelas (2015) identifica dois tipos de empreendedorismo, observe o quadro a seguir. Quadro 1 – Tipos de empreendedorismo Empreendedorismo de oportunidade Um empreendedor visionário planeja a criação de uma empresa, visando à geração de lucros, empregos e riqueza. Empreendedorismo de necessidade Um indivíduo se torna empreendedor por acaso, devido à falta de opção e de alternativas de trabalho. São negócios criados informalmente, sem planejamento adequado, portanto não geramdesenvolvimento econômico, agravando as estatísticas de criação e a mortalidade dos negócios. Fonte: Adaptado de Dornelas, 2015, p. 8. Como vimos, as motivações para a prática do empreendedorismo são múltiplas e bastante distintas, pois cada indivíduo tem o seu estilo de fazer negócios. Não há uma regra mágica, pois existem aqueles que são mais racionais, planejando e trabalhando com planilhas de cálculo e previsões matemáticas, e outros que são mais emotivos e agem por impulso. Nesse sentido, Chiavenato (2012) distingue dois tipos bastante diferentes: os empreendedores executores e os empreendedores administradores. Enquanto os executores lidam no contexto operacional e são focados na prática, os administradores seguem teorias e muito planejamento, calculando cada passo a ser dado para que o empreendimento tenha o retorno financeiro esperado. Os tipos, o perfil e as características dos empreendedores são variados. Cabe a você a decisão de escolher o estilo que conduzirá o empreendimento. Lembra-se da pergunta no início do capítulo: como aquele corretor de imóveis de sucesso iniciou a carreira? Provavelmente, a resposta será uma mescla dos perfis de empreendedores, com auxílio de algum especialista na área. No entanto, independentemente do tipo de empreendedorismo, do Empreendedorismo imobiliário 15 perfil do empreendedor, é importante que após o lampejo de uma grande ideia o próximo passo seja o estabelecimento de diretrizes norteadoras, como a elaboração de um bom plano de negócios, conforme veremos a seguir. 1.2 Plano de negócio Normalmente, ouvimos notícias de uma pessoa próxima que abriu o próprio negócio e teve de fechá-lo, contraindo muitas dívidas. Por vezes, uma grande montadora de veículos fecha suas portas no Brasil, ou pequenas e médias empresas não resistem às intempéries do mercado e fecham. Essas notícias estão sempre nos noticiários locais ou até mesmo nacionais. A competitividade no mercado é frenética, intensa e desafiadora. Relembrando o caso do corretor de imóveis de sucesso, é possível afirmar que ele resistiu a todos os obstáculos impostos pela competição acirrada, afinal, é necessário fazer algo diferente para conquistar novos clientes, pois as pessoas estão cansadas dos mesmos produtos e serviços de sempre. No entanto, o empreendedor precisa também de um rumo preestabelecido, pois mesmo antes de abrir uma empresa é preciso saber em qual direção seguir. Nesse sentido, o plano de negócios é uma ferramenta importantíssima que auxilia o empresário a aferir resultados e conferir se a direção que está tomando é a que foi traçada. Em outros termos, o plano de negócios é fundamental para o empreendedor que tem como objetivo a transformação do seu sonho em realidade. Muitos autores consideram que essa é uma ferramenta de gestão que, como tal, deveria ser utilizada em todos os momentos do empreendimento, e não somente na abertura. Por esse motivo, é importante que conheçamos a definição de plano de negócios. O plano de negócios é um documento usado para descrever um empreendimento e o modelo de negócios 16 Estratégia de marketing em negócios imobiliários que sustenta a empresa. Sua elaboração envolve um processo de aprendizagem e autoconhecimento e ainda permite ao empreendedor situar-se no seu ambiente de negócios. As seções de um plano de negócios geralmente são padronizadas para facilitar o entendimento. Cada uma delas tem um propósito específico. Um plano de negócios de uma pequena empresa pode ser menor que o de uma grande organização, não ultrapassando talvez 10 ou 15 páginas. (DORNELAS, 2015, p. 95) É importante considerar que a elaboração de um plano de negócios não elimina erros ou riscos do negócio, mas possibilita identificá-los e corrigi-los. Nesse contexto, Chiavenato (2012, p. 150, grifos do original) nos apresenta uma definição de plano de negócio complementar: O plano de negócio – business plan – é o documento que abarca um conjunto de dados e informações sobre o futuro empreendimento e define suas principais características e condições para proporcionar uma análise da sua viabilidade e dos seus riscos, bem como para facilitar sua implantação. É uma espécie de plano de viabilização de uma ideia, um pequeno checklist para não deixar passar nada despercebido em um empreendimento. Quando um empreendedor tem uma ideia que considera inovadora é muito difícil conter o seu ímpeto de abrir um negócio, pois a motivação é muito grande, assim como o desejo de ganhar dinheiro. Nessa situação, o empreendedor fica vulnerável e precisa ter muita cautela. Bernardi (2012, p. 70) enfatiza que “uma preparação não adequada e superficial é prerrequisito a um provável insucesso, mesmo porque um processo de modelagem bem desenvolvido, na melhor das hipóteses, aumenta as chances, mas não garante o sucesso”. Ainda de acordo com Bernardi (2012, p. 70, grifos do original), um plano de negócio, para ser considerado minimamente consistente, deve abranger basicamente seis requisitos: Empreendedorismo imobiliário 17 Sobre a empresa: quem somos, o que vamos vender e a quem? Sobre o mercado: quem são os concorrentes e qual será o diferencial da empresa? Sobre a estratégia: para onde vai a empresa e como fazer para atingir? Sobre as finanças: quanto será necessário? Como financiar? Que resultados se esperam? Sobre as pessoas: qual a capacidade de gestão e conhecimento? Sobre os riscos: quais são eles? A tarefa de planejamento é muito importante, porém, ainda não faz parte da cultura de grande parte das empresas. Pergunte a um grupo de amigos quem planeja a vida para os próximos 10 anos, mas não se surpreenda se a maioria responder que não faz qualquer tipo de planejamento. Se na vida pessoal, que é mais simples, as pessoas não praticam, quem dirá no cotidiano corporativo. Como vimos, o plano de negócios é um projeto fundamental para que possamos definir os rumos atuais e vindouros do novo negócio. Chiavenato (2012, p. 160) elenca algumas utilidades de se elaborar plano de negócios: Cobre os aspectos internos e externos do negócio; Abrange todos os aspectos atuais e futuros do negócio, funciona como uma visão integrada e sistematizada dele; Serve como um guia abrangente para a condução do negócio; Informa o mercado – principalmente os investidores, bancos e financeiras – a respeito do negócio; Divulga aos parceiros internos e externos as características do negócio; Funciona como um meio de avaliação dos desdobramentos do negócio. É importante destacar que não há uma estrutura rígida ou predefinida para a elaboração de um plano de negócio, haja vista que cada empreendimento terá suas particularidades e peculiaridades. 18 Estratégia de marketing em negócios imobiliários No entanto, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) disponibiliza em seu portal1 um modelo que auxilia sobremaneira o empreendedor na elaboração de seu plano. Dornelas (2015, p. 102-103) apresenta uma estrutura sugerida para pequenas empresas em geral. 1. Capa 2. Sumário 3. Sumário executivo estendido 3.1 Declaração de visão 3.2 Declaração de missão 3.3 Propósitos gerais e específicos do negócio, objetivos e metas 3.4 Estratégia de marketing 3.5 Processo de produção 3.6 Equipe gerencial 3.7 Investimentos e retornos financeiros 4. Produtos e serviços 4.1 Descrição dos produtos e serviços (características e benefícios) 4.2 Previsão de lançamentos de novos produtos e serviços 5. Análise da indústria 5.1 Análise do setor 5.2 Definição do nicho de mercado 1 SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds. nsf/5f6dba19baaf17a98b4763d4327bfb6c/$File/2021.pdf>. Acesso em: 20 maio 2019. Empreendedorismo imobiliário 19 5.3 Análise da concorrência 5.4 Diferenciais competitivos 6. Plano de marketing 6.1 Estratégia de marketing (preço, produto, praça, promoção)6.2 Canais de venda e distribuição 6.3 Projeção de vendas 7. Plano operacional 7.1 Análise das instalações 7.2 Equipamentos e máquinas necessários 7.3 Funcionários e insumos necessários 7.4 Processo de produção 7.5 Terceirização 8. Estrutura da empresa 8.1 Estrutura organizacional 8.2 Assessorias de resultados 8.3 Equipe de gestão 9. Plano financeiro 9.1 Balanço patrimonial 9.2 Demonstração de resultados 10. Anexos Todos os modelos de plano apresentados servem como sugestão para aplicação em um novo empreendimento e nortearão a condução do novo negócio, permitindo ajustes ao longo do trajeto. Riscos e ameaças são inerentes ao empreendedorismo e uma das maneiras 20 Estratégia de marketing em negócios imobiliários de minimizá-los é a elaboração cuidadosa e detalhada de um plano de negócio. Não é demais lembrar que uma das características inerentes ao empreendedor é a humildade de perguntar em caso de desconhecimento e, para isso, há os serviços de assessoria e consultoria que poderão auxiliá-lo na elaboração do plano de negócios. 1.3 Organizações que aprendem A apropriação do conhecimento é bastante destacada no final do século XIX com o início da produção em massa por parte das indústrias, preconizada por Frederick Winslow Taylor, considerado o pai da administração científica. Nesse período, também ficou evidenciada a necessidade de aprendizado por parte das empresas. Taylor escreveu os manuais técnicos e as instruções detalhadas a cada operário, o que significava que, à medida que um operário era afastado, outro já ocupava o seu posto, tendo a adaptação à função facilitada pelos manuais e pelas tarefas já previamente escritas. Em um passado não muito distante, as empresas se fechavam o máximo possível, evitando que informações fossem passadas para o meio externo e, principalmente, para a concorrência. Agindo dessa maneira, não havia interação com o ambiente alheio à organização, desestimulando o aprendizado. Essa necessidade de aprendizado constante é estendida para a época atual e extrapola os limites da empresa, dos clientes, dos fornecedores, da concorrência, entre outros. Dessa forma, são construídas as organizações que aprendem, que, segundo Senge (2014, p. 34), são: “organizações nas quais as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que atualmente desejam, em que se estimulam padrões de pensamento novos e Empreendedorismo imobiliário 21 abrangentes, a aspiração coletiva ganha liberdade e as pessoas aprendem continuamente a aprender juntas”. Ainda de acordo com o autor, são cinco as tecnologias componentes que estão convergindo gradualmente para inovar as organizações que aprendem. Mesmo desenvolvidas separadamente, cada uma delas será essencial para o sucesso das outras, como ocorre em qualquer conjunto. Para Senge (2014), essas tecnologias ou disciplinas proporcionam estímulos à construção de organizações realmente capazes de aprender, de ampliar continuamente sua capacidade de realizar suas mais altas aspirações. Senge (2014, p. 39-42, grifo nosso) enfatiza cada uma dessas disciplinas da seguinte maneira: Domínio pessoal: é a disciplina de continuamente esclarecer e aprofundar nossa visão pessoal, de concentrar nossas energias, de desenvolver paciência e de ver a realidade objetivamente. Modelos mentais: são pressupostos profundamente arraigados, generalizações ou mesmo imagens que influenciam nossa forma de ver o mundo e agir. Muitas vezes, não estamos conscientes de nossos modelos mentais ou de seus efeitos sobre nosso comportamento. Visão compartilhada: a prática da visão compartilhada envolve as habilidades de descobrir “imagens de futuro” compartilhadas que estimulem o compromisso genuíno e o envolvimento, em lugar da mera aceitação. Ao dominar essa disciplina, os líderes aprendem como é contraproducente tentar ditar uma visão por melhores que sejam suas intenções. Aprendizagem em equipe: essa disciplina começa pelo diálogo, a capacidade dos membros de deixarem de lado as ideias pré-concebidas e participarem de um verdadeiro “pensar conjunto”. [...] A aprendizagem em equipe é vital, pois as equipes, e não os indivíduos, são a unidade de aprendizagem fundamental nas organizações modernas. Este é um ponto crucial: se as equipes não tiverem capacidade de aprender, a organização não a terá. 22 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Pensamento sistêmico: o pensamento sistêmico é um quadro de referência conceitual, um conjunto de conhecimentos e ferramentas desenvolvido ao longo dos últimos cinquenta anos para esclarecer os padrões como um todo e ajudar-nos a ver como modificá-los efetivamente. O autor considera o pensamento sistêmico a quinta disciplina, que integra as outras, fundindo-se em um corpo coerente de teoria e prática, o que as impede de serem truques separados ou o mais recente modismo para mudança organizacional. Segundo Terra (2001, p. 195), “o aprendizado com o ambiente e, em particular, a articulação de alianças representam um grande desafio em termos de gestão, especialmente para empresas de países em desenvolvimento, como o Brasil”. O autor destaca que são várias as razões e os trabalhos que apontam para uma crescente importância do aprendizado externo por meio de alianças. De acordo com Terra (2001), para que a inovação realmente aconteça nas empresas é fundamental que alguns fatores ocorram, entre eles: a combinação de diferentes habilidades, conhecimentos e tecnologias; gestores abertos à inserção de novas tecnologias de informação e comunicação; consciência quanto à redução cada vez maior do ciclo de vida do produto e, principalmente, o estabelecimento e fortalecimento de alianças com outras empresas para aquisição de competências necessárias para a manutenção da competitividade. Na citação anterior, você percebeu o quanto uma organização do ramo imobiliário pode ganhar em termos de competitividade se fizer alianças estratégicas com empresas que tenham as expertises de que necessita? Por exemplo, vários são os casos de empresas do segmento imobiliário que reduziram custos e aumentaram sua lucratividade por terem estabelecido parcerias estratégicas com startups de tecnologia, facilitando a vida do cliente quando busca Empreendedorismo imobiliário 23 uma solução de locação ou venda, ou mesmo para demonstrar futuros empreendimentos. Além de aprender com o ambiente, é possível aprender com os clientes? E com os concorrentes? A resposta é um sonoro sim. É possível aprender sempre, desde que os gestores tenham humildade em reconhecer que sabem muito pouco ou quase nada. A própria técnica de benchmarking é uma demonstração de aprendizado com a concorrência. A seguir, são apresentados alguns conceitos dessa importante ferramenta. O benchmarking é um processo positivo e proativo de mudar as operações de forma estruturada para atingir a maximização da performance da empresa. Os benefícios do uso do benchmarking são que as funções são forçadas a investigar as melhores práticas da indústria externa e incorporá-las às suas operações. Isso gera empresas mais lucrativas e de alta utilização de ativos, que satisfazem as necessidades dos clientes e contam com uma vantagem competitiva. (CAMP, 2002, p. 2) O benchmarking está surgindo, nas empresas de ponta, como uma ferramenta para obtenção das informações necessárias para apoiar a melhoria contínua e obter a vantagem competitiva. Inicialmente empregada pela Xerox Corporation a fim de enfrentar o desafio competitivo japonês dos anos 70, o benchmarking incorpora a busca da excelência, o desejo de ser o melhor dos melhores. (LEIBFRIED; MCNAIR, 1994, p. 1) O benchmarking é um processo sistemático e contínuo de medida; um processo para medir e comparar continuamente os processos empresariais de uma organização em relação a líderes de processos empresariais em qualquer lugar do mundo a fim de obter informações que podem ajudar a organizaçãoa agir para melhorar seu desempenho. (WATSON, 1994, p. 4) O benchmarking é uma ótima ocasião para as empresas aprenderem com a experiência de outras. Como já discutimos 24 Estratégia de marketing em negócios imobiliários anteriormente, é importantíssimo ficar sintonizado com a prática das empresas em nível global, a fim de evitar surpresas. Zairi e Leonard (1995) apontam que o benchmarking possibilita o entendimento dos processos que levam a possíveis falhas no desempenho. Ele gera alto grau de compreensão dos vários processos associados a um desempenho superior. Portanto, impõe aos gestores metas realistas, transmitindo confiança e elaboração de estratégias, minimizando assim as margens de erro. De acordo com Camp (2002), há pelo menos quatro tipos de benchmarking: “1. benchmarking com operações internas; 2. benchmarking com concorrente diretos externos; 3. benchmarking com as melhores operações funcionais externas ou líderes da indústria e; 4. benchmarking de processos genéricos”. E de que forma a empresa pode aprender com os seus clientes? Para ilustrar, Terra (2001, p. 221-222) destaca a experiência da Indústria WEG, que criou alguns mecanismos para incrementar a parceria com seus clientes. • Em 1966, apenas cinco anos após sua fundação, já realizava a primeira convenção dos representantes de venda. Ou seja, ela procurou, desde o início, estabelecer uma relação de aprendizado mútuo com seus parceiros de negócios. • Em 1973, a empresa implantou um sistema pioneiro de credenciamento da rede de assistência técnica. • Mais recentemente, são várias as iniciativas para estimular a interação de todos os funcionários da empresa com os seus clientes nacionais e internacionais; • As convenções de vendas e de representantes técnicos envolvem pessoas (funcionários ou não) do mundo todo e são realizadas regularmente. • Funcionários de todos os níveis (incluindo os operários de chão de fábrica) são estimulados a visitar as instalações de clientes espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Como resultado de uma dessas visitas, um dos supervisores de produção declarou ter reduzido os custos do cliente: “A Empreendedorismo imobiliário 25 gente aprende e até ensina o cliente. Exemplo: uma vez descobrimos que a peça não precisava ser tão cara”. • Clientes também são regularmente trazidos para visitar as instalações da empresa e conversar com as pessoas diretamente responsáveis pela fabricação dos produtos. • Pesquisas de satisfação dos clientes são realizadas com frequência. • Para a construção da fábrica mais recente da empresa, esta saiu perguntando quais eram suas necessidades, por meio de questionários com perguntas de marketing e engenharia. Nas palavras de um diretor: “Estamos perguntando pelo mundo quais serão as necessidades, que custos estarão pagando”. As organizações que aprendem estão à frente de seus concorrentes, pois já obtiveram uma vantagem competitiva por se adaptarem facilmente às constantes mudanças a ela impostas, gerindo melhor suas rotinas de trabalho e proporcionando a seus colaboradores um melhor desempenho nas suas tarefas, o que favorece a disseminação do conhecimento na coletividade. Nesse sentido, cada membro tem a sua responsabilidade na criação de um ambiente de aprendizado extremamente benéfico para a empresa e para os indivíduos. Dessa forma, como gestor no segmento imobiliário, as perguntas que você deve fazer constantemente são: minha empresa pode ser considerada uma organização que aprende? Como eu capturo, armazeno e distribuo o conhecimento na minha empresa? Estamos aprendendo constantemente uns com os outros, capturando e formalizando esse conhecimento em novos processos ou melhorando os atuais? Quais são as melhorias implantadas por nós, observando o que o mercado tem feito? Quais tecnologias implantamos para tornar o acesso dos nossos clientes uma experiência prazerosa? São questões que podem fazer a diferença na escolha do seu cliente entre sua empresa e a do seu concorrente. Pense nisso! 26 Estratégia de marketing em negócios imobiliários 1.4 O mercado e as necessidades do cliente O mercado pode ser compreendido como um tabuleiro de xadrez, onde estão postas todas as peças do cenário e todo movimento deve ser identificado e analisado, buscando sempre a obtenção de uma vantagem perante a concorrência. Tomando novamente como exemplo o mercado imobiliário, o termo refere-se ao cenário onde podemos observar os movimentos das grandes, médias e pequenas imobiliárias na busca pela preferência do cliente. Estratégias diferenciadas e movimentos sutis são observados na busca pelo fechamento de uma venda. Novas formas de chamar a atenção dos potenciais compradores de imóveis são criadas a cada momento, mas, afinal, qual é a definição de mercado? Mercado é o local em que as pessoas vendem e compram bens ou serviços. Pode ser um local físico, como o mercado municipal, ou uma região ou zona, como a Zona Franca, o mercado paulista ou o Mercosul. E até o mercado global de amplitude mundial. A palavra mercado pode ainda ser utilizada para definir um tipo específico de consumidor ou de fornecedor, independente de local físico, como o mercado de automóveis, o mercado industrial, o mercado de capitais, o mercado imobiliário, o mercado de trabalho etc. (CHIAVENATO, 2012, p. 87, grifo nosso) Como saber previamente que um mercado é atrativo para lançamento de um novo produto ou abertura de um negócio? Esse desafio está relacionado à identificação e à avaliação de uma oportunidade de negócio. No entanto, sabemos que o mercado está em constante movimento, provocando mudanças a todo o momento, gerando dificuldades para o empreendedor, em função dessa dinâmica, na identificação de uma real oportunidade. Um empreendedor mais atento pode muito bem identificar as dificuldades das grandes empresas em satisfazer as necessidades dos Empreendedorismo imobiliário 27 clientes como uma oportunidade para iniciar as atividades de seu empreendimento, em outros termos, explorar as deficiências de um grande concorrente como uma real oportunidade de crescimento para a sua pequena empresa. Considerando que as grandes empresas trabalham com economias de escala para mercados amplos, Chiavenato (2012, p. 49) afirma que elas não sabem tirar proveito de três pontos fundamentais: 1. Pequenos nichos de mercado, que envolvem um pequeno volume de negócios. 2. Atendimento às necessidades individualizadas e personalizadas dos clientes, isto é, produtos/serviços personalizados para cada cliente. 3. Aparecimento de oportunidades passageiras de mercado que envolvem agilidade e prontidão para rápidas decisões e alterações em estratégias e oferta de novos produtos/ serviços. Se consideramos essas condições em que as grandes organizações apresentam deficiências, há uma grande oportunidade a ser explorada pelas empresas de pequeno porte. Nesse aspecto, o desafio do empreendedor está em enxergar lacunas (oportunidades) para sua atuação, pois de nada adiantará se opor aos gigantes. Dornelas (2015) apresenta um roteiro, conhecido como 3Ms, que auxilia o empreendedor a analisar o potencial da oportunidade. Os 3Ms são referentes a: Demanda de Mercado, Tamanho e Estrutura de Mercado e Análise de Margem. Ao analisar a Demanda de Mercado, o empreendedor deve refletir sobre as seguintes questões: • Qual a audiência-alvo? • Qual a durabilidade do produto/serviço no mercado (ciclo de vida)? • Os clientes estão acessíveis (canais)? • Como os clientes veem o relacionamento com a minha empresa (valor agregado)? 28 Estratégia de marketing em negócios imobiliários • O potencial de crescimento deste mercado é alto (exemplo: maior que 10%, 15%, 20% anuais)? • O custo de captação do cliente é recuperável a curto prazo (exemplo: menor que um ano)? (DORNELAS, 2015, p. 59-61) Em relação a Tamanho e Estrutura de Mercado, deve-se procurar responder às seguintes perguntas: • O mercado está crescendo, éemergente? É fragmentado? • Existem barreiras proprietárias de entrada ou excessivos custos de saída? Você tem estratégias para transpor essas barreiras? • Quantos competidores/empresas-chave estão no mercado? Eles controlam a propriedade intelectual? • Em que estágio do ciclo de vida está o produto (o risco depende também do ciclo de vida e maturidade do produto)? • Qual é o tamanho do mercado, em reais, e o potencial para se conseguir uma boa participação do mercado? • E o setor, como está estruturado? • análise do poder dos fornecedores; • análise do poder dos compradores; • análise do poder dos competidores; • análise do poder dos substitutos. • Como a indústria (setor no qual sua empresa atua/ atuará) está segmentada? Quais são as tendências, que eventos influenciam os cenários? (DORNELAS, 2015, p. 59-61) As questões relacionadas à Análise de Margem são as seguintes: • Determine as forças do negócio. • Identifique as possibilidades de lucros (exemplo: margem bruta maior que 20%, 30%, 40%). • Analise os custos (necessidades de capital), breaken (ponto de equilíbrio, retorno etc.). • Mapeie a cadeia de valor do negócio. • Para isso, procure saber como seu produto/serviço chega até o cliente final. (DORNELAS, 2015, p. 59-61) Empreendedorismo imobiliário 29 Essa reflexão ajudará o empreendedor a compreender sua cadeia de valor e a de seus competidores, permitindo a tomada de decisões e a implementação de ações voltadas a resultados, como corte de custos, remodelamento dos processos internos e maiores margens. O conhecimento do mercado e, consequentemente, das necessidades dos clientes para a tomada de decisão mais acertada possível somente ocorre por meio de uma pesquisa de mercado. Nesse sentido, Bernardi (2012, p. 165) pontua que: Sem pesquisa, a empresa aborda o mercado por “impressões”, sem uma clara definição de quais seriam os parâmetros adequados de ação, decisão ou análise de alternativas quanto à viabilidade da concepção de ideias, produtos ou serviços em todos os aspectos relacionados ao marketing. Entre os benefícios da pesquisa, destacam-se indicações de tendências, definições de padrões, identificação de oportunidades, análise de possibilidades de resposta a expectativas, eventos, prioridades e graus de aceitação que envolvem todos os aspectos da função do marketing. Atualmente, a tendência é redução de custos, o que implica a busca constante por produtos adequados para um nicho de mercado, isto é, o preenchimento de uma lacuna inexplorada, e isso só ocorre com a observação atenta aos movimentos do mercado e às reais necessidades dos clientes. 1.5 Inovação Quando nos referimos à inovação, é preciso relacioná-la ao mercado, pois só é possível inovar quando o mercado aceita o produto da inovação, isto é, a criação de algo novo que gera negócio. Uma inovação não precisa ser algo oneroso e grandioso, mas a simples modificação de um processo produtivo de uma indústria que gere resultados satisfatórios. 30 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Drucker apud Bernardi (2012, p. 113) destaca que inovação “é a função específica do empreendedor; é a atividade central.” O mesmo autor questiona que: Tal afirmação causa estranheza, dentro da racionalidade habitual, pois o conceito de inovação, como um fator competitivo, por ser um processo inerentemente dependente de criatividade, inspiração e intuição, até certa dose de sorte, é abstrato. Tem-se aqui o inovador com insights de gênio? Inovações ocorrem por ideias, mas não necessariamente do gênio, e sim por observação e pesquisa consciente e consistente na busca de oportunidades, aliando observação, percepção e criatividade. (BERNARDI, 2012, p. 113) É possível imaginarmos a inovação sem a figura do empreendedor? Sempre há aquele que se atreve a arriscar, a fazer algo de forma diferente, enquanto alguns permanecem na zona de conforto. Esse racionalismo e medo do que é novo é muito disseminado pelas empresas, pois os colaboradores têm medo de errar. No entanto, felizmente, existem empresas modernas que veem a inovação como estratégia. Chiavenato (2012, p. 297) apresenta um conceito de inovação em um contexto estratégico. Enquanto muitas empresas estão preocupadas em racionalizar sua cadeia de suprimentos e expandir suas linhas de produtos por meio de desenvolvimento e aperfeiçoamento, as empresas de vanguarda focalizam a criação de categorias inteiramente novas de produtos e conceitos. As empresas bem sucedidas ultrapassam o desempenho de suas rivais e criam novas regras de competição, concentrando recursos e energias na inovação. A inovação constitui a mais excitante e exigente escolha estratégica. Ela é arriscada e requer uma cultura de aprendizagem e de empreendedorismo. Um colaborador ou uma equipe de colaboradores somente adquire o hábito e a cultura da inovação se for estimulado, treinado e motivado a manifestar suas ideias e opiniões. De acordo com Bernardi (2012, p. 113), “a habilidade para criatividade e inovação todos possuem, mas a racionalidade, os Empreendedorismo imobiliário 31 bloqueios tradicionais, os usos e costumes impedem e dificultam o desenvolvimento dessa habilidade”. Segundo ele, a habilidade criativa e inovadora está relacionada a: “Sensibilidade a fatos, dados, tendências e a problemas. Flexibilidade para questionar o tradicional e as ideias preconcebidas. Fluência de pensamento e habilidade de relacionar, associar e idealizar. Originalidade”. Como vimos, o empreendedorismo está diretamente vinculado à inovação, ao desejo de fazer algo diferente e que atenda às expectativas dos consumidores. A inovação é fundamental para as empresas permanecerem ativas no mercado. Nesse sentido, Ireland, Hoskisson e Hitt (2017, p. 341) asseveram que: A inovação é o principal resultado que as empresas buscam por meio do empreendedorismo e, em geral, a fonte de sucesso competitivo, em especial em ambientes muito competitivos e turbulentos. Por exemplo, resultados de pesquisas mostram que as empresas que competem em setores globais que investem mais em inovação também alcançam melhores resultados. Na verdade, os investidores frequentemente reagem de modo positivo à introdução de novo produto, aumentando, assim, o preço das ações de uma empresa. O próprio empreendedorismo é um ato de inovação, pois, em perfeito juizo, ninguém se arriscaria a entrar em um mercado oferecendo o mesmo produto ou serviço. Um empreendimento aumenta muito sua chance de se destacar no mercado à medida que apresenta algo de diferente. Em um contexto prático e empreendedor, Drucker (2016, p. 25) apresenta a seguinte definição de inovação: A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente. Ela pode bem ser apresentada como uma disciplina, ser aprendida e ser praticada. Os empreendedores precisam buscar, com propósito deliberado, as fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas que indicam 32 Estratégia de marketing em negócios imobiliários oportunidades para que uma inovação tenha êxito. E os empreendedores precisam conhecer e pôr em prática os princípios da inovação bem sucedida. As empresas produzem dois tipos de inovações internas: as inovações incrementais e radicais. Nesse aspecto, Ireland, Hoskisson e Hitt (2017, p. 344, grifo nosso) enfatizam que: a maioria das inovações é incremental, ou seja, desenvolvem as bases do conhecimento existentes e oferecem pequenas melhorias para as linhas de produtos atuais. As inovações incrementais são de natureza evolucionária e linear. Os mercados para inovações incrementais são bem definidos, as características dos produtos são bem compreendidas, as margens de lucro tendem a ser mais baixas, as tecnologias de produção são eficientes e a competição é basicamente baseada no preço. Diferentemente das inovações incrementais, as radicais, em geral, oferecembreakthroughs tecnológicos significativos e criam nova tecnologia. Inovações radicais, de natureza revolucionária e não linear, tipicamente utilizam novas tecnologias para atender aos mercados recém criados. O desenvolvimento do computador pessoal foi um exemplo de inovação radical da época. [...] inovações radicais são raras em função da dificuldade e do risco envolvidos em seu desenvolvimento. De acordo com Davila, Epstein e Shelton (2007, p. 30-31), nas empresas nas quais a inovação produz seus melhores resultados, o sucesso está atrelado às seguintes competências do comando executivo: 1. Exercer sólida liderança sobre os rumos e as decisões da inovação. Uma orientação clara a partir do comando executivo flui ao longo de todos os níveis do grupo para motivar, sustentar e recompensar as atividades voltadas para a inovação, bem como inovações em si. 2. Integrar a inovação à mentalidade do negócio: inovação não é uma carta que se puxe da manga em ocasiões especiais; Empreendedorismo imobiliário 33 tem de ser parte integral do processo operacional diário da empresa. 3. Alinhar a inovação com estratégia da empresa: a inovação pode ou não ser a chave para o sucesso da estratégia do negócio; é preciso determinar os tipos e a quantidade de inovação necessários para dar suporte à estratégia do negócio – e nem sempre mais é necessariamente melhor. 4. Administrar a tensão natural entre criatividade e captação de valor: A empresa precisa ser forte em ambos os aspectos. Criatividade sem a capacidade para transformá-la em lucros (por exemplo, execução e captação de valor) pode até ser divertido, mas não se sustenta; lucros sem criatividade são compensadores, mas também só funcionam durante pouco tempo. 5. Neutralizar os anticorpos organizacionais: Inovação exige mudança, e a mudança desperta rotinas e normas culturais explícitas que agem para bloquear ou rejeitar a transformação. 6. Cultivar uma rede de inovação além dos limites da organização: A organização bem sucedida é aquela que se supera no objetivo de fundir seus recursos internos com partes selecionadas dos imensos recursos da economia do mundo capitalista. 7. Criar os indicadores de desempenho e as recompensas adequadas à inovação: As pessoas normalmente reagem a estímulos negativos e positivos, e a inovação na empresa não é diferente. Nunca se conseguirá atingir o nível necessário de inovação se as pessoas não contarem com as recompensas adequadas. A inovação passou a ser, nos tempos atuais, uma condição necessária de sobrevivência das empresas. A única certeza que temos no ambiente corporativo é a de mudanças constantes. Hoje não basta apenas produzir, é preciso se diferenciar dos concorrentes em busca de uma vantagem competitiva que permita a obtenção de lucro e garanta a permanência da empresa no mercado. 34 Estratégia de marketing em negócios imobiliários É importante que façamos uma reflexão acerca do mercado no qual estamos inseridos, no caso, o imobiliário. De que forma podemos inovar para aumentar as vendas da empresa? Como fidelizar nossos clientes por meio de inovação? Como proceder de forma diferenciada para buscar resultados de excelência? Este é o desafio: agir diferente e inovar sempre! Considerações finais Neste capítulo, abordamos os principais conceitos e características do empreendedorismo e a ferramenta imprescindível do plano de negócios. Vimos a importância do conceito de organizações que aprendem, o mercado e as necessidades dos clientes e identificamos que a inovação passou a ser uma condição necessária para a sobrevivência da empresa. Percebemos, ao longo do capítulo, que o empreendedorismo imobiliário não se diferencia muito dos demais empreendimentos, pois todos envolvem planejamento e estudo de mercado. O entendimento desses importantes conceitos e a elaboração de um plano de negócios de forma prévia à abertura de um empreendimento minimizam os riscos, mas não os eliminam. É a busca constante por aprendizado que possibilita a correção de rumos em momentos turbulentos! Ampliando seus conhecimentos • SENGE, P. M. A quinta disciplina: a arte e a prática da organização que aprende. Rio de Janeiro: BestSeller, 2014. Empreendedorismo imobiliário 35 Essa obra aborda as organizações que aprendem, enfatizando as cinco disciplinas que, quando postas em prática pelas empresas e seus funcionários, garantem o sucesso pleno e um crescimento vertiginoso. • OCTOBER Sky. Direção de Joe Johnston. EUA, 1999. (107 min). Disponível em: <https://adorocinema.looke. com.br/filmes/o-ceu-de-outubro?utm_source=adoro- cinema&utm_medium=fi lmes&utm_content=O%20 C % C 3 % 8 3 % C 2 % A 9 u % 2 0 d e % 2 0 O u t u b r o & u t m _ campaign=adoro-cinema>. Acesso em: 17 maio 2019. O filme conta a história de jovens cujos destinos eram a sucessão de seus pais nas minas de carvão da cidade onde nasceram e moravam. A ideia inovadora do grupo fez toda a diferença. É uma lição de persistência, abnegação e de atitude, própria para empreendedores. Atividades 1. O empreendedor é aquele que combina fatores de produção, produtos ou mercados de novas maneiras. Qual é a diferença entre empreendedorismo por oportunidade e empreendedorismo por necessidade? 2. Um plano de negócios é uma importante ferramenta para nortear as atividades do empreendedor. Nesse sentido, descreva os principais públicos de um plano de negócios. 3. A inovação se transformou em uma necessidade para as organizações empresariais que desejam se manter competitivas no mercado. Diferencie inovação radical de inovação incremental. 36 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Referências BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos, estratégias e dinâmicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CAMP, R. C. Benchmarking: o caminho da qualidade total. São Paulo: Pioneira, 2002. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 4. ed. São Paulo: Manole, 2012. DAVILA, T.; EPSTEIN, M.J.; SHELTON, R. As regras da inovação. Tradução de Raul Rubenich. [Dados Eletrônicos]. Porto Alegre: Bookman, 2007. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 5. ed. Rio de Janeiro: Empreende/LTC, 2015. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. ed. rev. São Paulo: Cengage Learning, 2016. IRELAND, R.; HOSKISSON, E.; HITT, M. A. Administração estratégica. Tradução de Foco Traduções. São Paulo: Cengage Learning, 2017. LEIBFRIED, K. H. J.; MCNAIR, C. J. Benchmarking: uma ferramenta para a melhoria contínua - série de soluções de desempenho da Coopers e Lybrand. Rio de Janeiro: Campus, 1994. SENGE, P. M. A quinta disciplina: a arte e a prática da organização que aprende. Tradução de Gabriel Zide Neto. 30. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2014. TERRA, J. C. C. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial: uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio, 2001. WATSON, G. H. Benchmarking estratégico: como transformar as técnicas de benchmarking em fator de competitividade e acréscimo de produtividade. São Paulo: Makron Books, 1994. ZAIRI, M.; LEONARD, P. Benchmarking prático: o guia completo. São Paulo: Atlas, 1995. 2 Estratégia empresarial Compreender a estratégia como um processo organizacional permite a identificação dos fatores externos e internos que impactam a ação dos gestores e os resultados das empresas. Portanto, neste capítulo, abordaremos a gestão estratégica, um processo que ajuda a definir de forma sistemática e consistente os rumos que uma empresa tomará para o alcance de seus objetivos. Estudaremos o processo estratégico, enfatizando os variados prismas no tocante às suas definições – plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva –, os conceitos de estratégia corporativa e o processo de formulação e implementação de uma estratégia. Os planejamentos estratégico, tático e operacional e seus respectivos níveis no processo decisório também são assuntos destecapítulo, bem como as alternativas estratégicas das empresas como forma de se manter atuante em um acirrado mercado globalizado. Trataremos, portanto, dos fundamentos da estratégia empresarial, visto que o cenário atual exige que o gestor pense estrategicamente, de forma a alcançar o sucesso e sobreviver às constantes mudanças impostas pelo mercado. A definição de estratégias é de suma importância para que empresas não cresçam desordenadamente, alcançando o sucesso almejado. O atual mercado global é cruel com improvisos e acasos na condução de negócios. Ao definir estratégias é possível reconhecer as potencialidades e limitações da organização, a fim de evitar falhas e corrigir rumos. Quando se trata do mercado imobiliário, esses conceitos merecem atenção ainda maior, haja vista a enorme concorrência e a situação financeira do país. Face às características peculiares, a definição 38 Estratégia de marketing em negócios imobiliários de uma estratégia pelos gestores de empresas do ramo de imóveis poderá se transformar em um diferencial competitivo importante. 2.1 A evolução do conceito de estratégia Você já deve ter observado o número de imobiliárias atuantes na sua cidade e de imóveis colocados à venda ou em locação. O que diferencia uma imobiliária da outra? Por que algumas delas continuam com um volume de vendas fantástico e outras estão à beira da falência? As respostas e justificativas a essas perguntas são variadas, mas pode-se afirmar que a presença de um direcionamento estratégico é o diferencial entre o sucesso e o fracasso. Provavelmente você já deve ter utilizado, mesmo que inconscientemente, o conceito de estratégia na sua vida pessoal, profissional ou acadêmica. À medida que se estabelece um objetivo a ser alcançado e os recursos a serem utilizados nesse percurso, de certa forma, a estratégia fez parte do seu planejamento. De acordo com Steiner e Miner (1981), o termo estratégia tem origem na Grécia Antiga, significando o “chefe do exército”, em uma conotação voltada para a guerra, ou, ainda, um caminho a ser percorrido. Muitos generais renomados eram estudiosos de estratégias, objetivando ter sempre a tropa em condições ideais para surpreender o inimigo e vencer as batalhas com o menor número de baixas possível. A partir da Segunda Guerra Mundial, as empresas passaram a adotar os conceitos de estratégia militar, praticando-os no contexto organizacional, vislumbrando a obtenção de vantagens em relação à concorrência. Nesse sentido, Johnson, Scholes e Whittington (2001, p. 25) definem estratégia como a “orientação de uma organização a longo prazo, que conquista vantagens num ambiente inconstante por meio da configuração de recursos e competências com o intuito de atender às expectativas dos stakeholders”. Estratégia empresarial 39 O Quadro 1 apresenta a evolução dos conceitos de estratégia. Quadro 1 – Concepção histórica dos conceitos de estratégia Autores Diferentes pontos de vista Chandler (1962) Determinar objetivos organizacionais de longo prazo e adotar componentes integrados que explicam as relações entre tipos particulares de organização, estrutura e ambiente. Ansoff (1965) Estabelecer um conjunto de regras de decisão para orientar o comportamento organizacional como possibilidade de adaptação às modificações do ambiente econômico. Andrews (1971) Constituir um esquema conceitual do qual a elaboração e a formalização solapam o modelo corporativo em sua essência. Até conhecer a estratégia não se desenha a estrutura. Schendel e Hofer (1978) Estabelecer os meios fundamentais para atingir os objetivos organizacionais sujeitos a um conjunto de restrições do meio envolvente. Miles e Snow (1978) Responder às mudanças ambientais analisando a relação produto-mercado. Nesse caso, a postura estratégica é de acompanhamento por mecanismos complementares, estrutura e processos organizacionais voltados à implementação da estratégia. Porter (1985) Estabelecer ações ofensivas ou defensivas para criar posição defensável em uma indústria e, assim, enfrentar as forças competitivas e obter maior retorno sobre o investimento. Escolha racional e deliberada de um posicionamento estratégico por meio de um sistema de atividades diferenciadas. Mintzberg (1988) Determinar a força mediadora entre organização e contexto: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais. Envolve aspectos cognitivos e sociais que condicionam a ação estratégica. Fonte: Oliveira, Grzybovski e Sette, 2010, p. 4. No campo empresarial, a estratégia está atrelada normalmente a um projeto e, na maioria dos casos, à sobrevivência da organização, mas pode estar relacionada também a um novo empreendimento. Nesse aspecto, é importante considerarmos que quando projetamos um novo empreendimento, devemos ter em mente qual é a sua missão. 40 Estratégia de marketing em negócios imobiliários A ferramenta missão, visão e valores tem como finalidade definir a direção estratégica da empresa e permite ao empreendedor uma reflexão acerca do papel do seu negócio na sociedade e do futuro da empresa. Como consultor empresarial, é possível perceber quando uma empresa não tem definida sua missão apenas com uma visita à recepção, pois é perceptível certa confusão nas suas atividades, como se os seus gestores estivessem imersos nos problemas, e não em busca de soluções. A missão é desenvolvida com base na análise ambiental e nos stakeholders (partes interessadas), sempre pensando nos objetivos da empresa e em qual posicionamento ela quer transmitir para o seu público-alvo. O empreendedor deve também formular a sua declaração de missão. Nesse aspecto, Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 119) enfatizam que: A missão é a tradução da estratégia da empresa, que expressa o propósito da sua própria existência. Em outros termos, a missão reflete a resposta a três questões: “Quem somos?”, “O que fazemos?” e “Por que fazemos?”. Ou de outra forma, a missão expressa a finalidade (a razão de ser), a estratégia (objetivos e posicionamento no mercado), os valores (princípios éticos que orientam a atuação da empresa). A missão deve ser concisa, curta e facilmente memorizável. Na prática, é muito fácil perceber quando uma empresa tem a sua missão definida: basta analisar como ela é organizada, tanto no aspecto estrutural quanto em relação ao relacionamento entre seus colaboradores, superiores imediatos e fornecedores. Em uma empresa com missão definida, tudo flui de maneira sincronizada e harmônica. Apresentamos, a seguir, exemplos de missão de algumas organizações para que você compreenda a importância dessa definição na fase preliminar de um novo negócio. • Walmart: “Nós economizamos o dinheiro das pessoas para que elas possam viver melhor”. Estratégia empresarial 41 • Harley Davidson: “Nós realizamos sonhos através da experiência de motociclismo”. • Mary Kay: “Dar oportunidades ilimitadas às mulheres”. • Microsoft: “Ajudar pessoas e empresas por todo o mundo a realizar todo seu potencial!” (PORTAL ENDEAVOR BRASIL, 2018). A visão representa as expectativas dos sócios da empresa ou das pessoas da cúpula da organização. De acordo com Bueno (2014, p. 93), algumas definições de visão se relacionam a: Articulação das aspirações a respeito do futuro de uma organização; Demonstração clara para a comunidade da natureza e essência da organização em relação a seus objetivos e seu escopo de negócio, da liderança competitiva, da estrutura da relação com os stakeholders e das metas de desempenho; O que vislumbra para o futuro da organização. Em outras palavras, a visão tem uma conotação de futuro, pois representa uma direção para onde a empresa pretende chegar dentro de um período previamente estabelecido pela alta direção. Os valores se relacionam às convicções que fundamentam as escolhas por um modo de conduta tanto de um indivíduo quanto em uma organização. O ambiente externo deve saber o que esperar de uma empresa àmedida que os seus valores se tornam conhecidos. Dessa forma, Bueno (2014, p. 98, grifo nosso) apresenta a seguinte definição de valores: Valores são considerados o coração da cultura organizacional. Eles fortalecem o conjunto de normas e crenças desenvolvido e compartilhado pela organização ao longo de sua história, funcionam como guias para o comportamento cotidiano e ajudam a definir e a perceber quais prioridades orientarão a forma de pensar e agir de uma organização. 42 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Os valores de uma empresa são estabelecidos para resistir ao tempo e notados pelo comportamento e pelas atitudes de seus colaboradores. Um exemplo são as empresas que têm programas de compliance, cujos comportamentos no mundo dos negócios são facilmente identificados. No contexto estratégico, o trio missão, visão e valores deve ser elaborado mesmo antes de iniciar um negócio, pois é parte constante do planejamento que garantirá a sustentabilidade do negócio. Esse conceito consta no plano de negócios como uma importante diretriz que orientará e auxiliará na definição de estratégias e, consequentemente, no alcance dos resultados. 2.2 A gestão estratégica É importante compreendermos que o termo gestão significa administração ou gerenciamento. Já a gestão estratégica refere- -se à importância que os gestores atribuem à estratégia, ou seja, é uma forma de gerir a empresa com o foco em planos estratégicos, otimizando processos e maximizando resultados. É comum presenciarmos os gestores de empresas, ao final de cada ano, aferindo os resultados de metas estipuladas, definindo novas metas para o ano vindouro e traçando novos objetivos a serem alcançados pelos departamentos e pela empresa como um todo. Portanto, a gestão estratégica está focada no monitoramento com foco nas estratégias previamente definidas. Para uma empresa que não sabe para onde vai, qualquer direção é certa! No entanto, quando todos sabem o objetivo a ser alcançado e as estratégias para se chegar lá, o percurso pode se tornar mais suave. Segundo Johnson, Scholes e Whittington (2001, p. 35), a gestão estratégica pode ser pensada como a combinação de três elementos principais: “entender a posição estratégica de uma organização, fazer escolhas estratégicas para o futuro e gerenciar a estratégia em ação”. Estratégia empresarial 43 Para melhor compreendermos os fundamentos de gestão estratégica, os mesmos autores enfatizam que: Compreender a posição estratégica significa identificar o impacto causado pelo ambiente externo, pela capacidade estratégica de uma organização (recursos e competências) e pelas expectativas e influências dos stakeholders na estratégia. As escolhas estratégicas envolvem as opções de estratégia em termo de direções que podem ser tomadas e de métodos que podem ser adotados. Uma organização pode ter de escolher entre processos alternativos de diversificação – entre lançar novos produtos e entrar em novos mercados, por exemplo. À medida que a organização se diversifica, dispõe de diferentes métodos para isso, como, por exemplo, desenvolver um novo produto ou adquirir uma organização previamente ativa na área. A estratégia em ação significa assegurar que as estratégias escolhidas sejam de fato colocadas em prática. (JOHNSON; SCHOLES; WHITTINGTON, 2001, p. 36-38, grifos do original) De acordo com Telles e Silva (2012, p. 49), o principal objetivo da gestão estratégica é “criar riqueza para a organização e, nesse sentido, para os acionistas, compondo os interesses de outros stakeholders, como funcionários, fornecedores e compradores, entre outros”. Portanto, a administração estratégica deve considerar aquilo que move os seus stakeholders, como a maximização dos resultados para os acionistas. O desafio está em conseguir agregar diferentes objetivos dos grupos de interesse da organização, pois eles geralmente são conflitantes. Ao maximizar o resultado para os acionistas, pode faltar investimento em inovação, o que ocasionará perda de competitividade ou, ainda, a interrupção de investimentos em treinamentos e capacitações, fatores que poderão levar à perda de talentos essenciais à manutenção da posição alcançada no mercado (TELLES; SILVA, 2012). 44 Estratégia de marketing em negócios imobiliários A fim de fornecer um ponto de vista mais pragmático da função administração estratégica, Telles e Silva apresentam três propósitos fundamentais, conforme o quadro a seguir. Quadro 2 – Propósitos fundamentais da função administrativa estratégica 1 A administração estratégica deve formar um sistema que integre, no dia a dia organizacional, as funções de planejar organizar, dirigir e controlar no nível estratégico. 2 Ela deve servir de orientação para as ações de natureza administrativa e operacional, de forma a garantir que haja coerência e consistência com a perspectiva estratégica. 3 Ela deve harmonizar o aumento simultâneo de eficiência e eficácia para que os recursos sejam bem utilizados, de modo que se alcancem os objetivos com ganho de vitalidade organizacional. Fonte: Adaptado de Telles e Silva, 2012 apud Bueno, 2014, p. 31-32. De forma simplificada, a gestão estratégica permite que a empresa navegue, independentemente das turbulências do mercado, com um “norte” previamente estabelecido. Nesse cenário, é importante conhecermos as diferentes classificações das estratégias. Para Oliveira (2014), as estratégias podem ser classificadas das mais diferentes formas, permitindo ao gestor se enquadrar nas diferentes situações. • Quanto à amplitude: • Macroestratégia, que corresponde à ação que a empresa vai tomar perante o ambiente, tendo em vista sua missão e seus propósitos, bem como o resultado do diagnóstico estratégico. • Estratégia funcional, que corresponde à forma de atuação de uma área funcional da empresa, normalmente correlacionada ao nível tático da empresa. Estratégia empresarial 45 • Microestratégia ou substratégia, que corresponde à forma de atuação operacional, normalmente correlacionada a uma meta da empresa. (OLIVEIRA, 2014, p. 191) • Quanto à concentração: • Estratégia pura, na qual se tem o desenvolvimento específico de uma ação numa área de atividade. Exemplo: oferecer mais serviços aos consumidores, com o objetivo de neutralizar a alteração de preço de microcomputador por parte de um concorrente importante. • Estratégia conjunta, que corresponde a uma combinação de estratégias”. Exemplo: uma empresa fabricante de microcomputadores pode, de forma conjunta, adotar as seguintes estratégias: • aumentar as despesas com propaganda, se o aumento dos serviços aos consumidores não atingir os resultados esperados; • aprimorar a qualidade do microcomputador, com maiores despesas em pesquisa e desenvolvimento; • manter o preço do microcomputador, mas concedendo descontos por quantidade comprada. (OLIVEIRA, 2014, p. 191-192) • Quanto à qualidade dos resultados: • Estratégias fortes, que provocam grandes mudanças ou alterações de impacto para a empresa. • Estratégias fracas, cujos resultados são mais amenos para a empresa. (OLIVEIRA, 2014, p. 192) • Quanto à fronteira: • Estratégias internas à empresa, tal como a reorganização para alterar a forma como a alta administração deverá interagir com os funcionários da empresa. Esse tipo de estratégia pode sofrer restrição dos executivos, pois uma estratégia deve fazer a interligação entre os aspectos internos e externos da empresa. • Estratégias externas à empresa, que correspondem, por exemplo, à descoberta de nova oportunidade como resultado da ação de um concorrente. 46 Estratégia de marketing em negócios imobiliários • Estratégias internas e externas à empresa, que correspondem à situação adequada de estratégias, ou seja, proporciona a interligação entre aspectos internos – controláveis – e externos – não controláveis – da empresa. (OLIVEIRA, 2014, p. 192) • Quanto aos recursos aplicados: • Estratégias derecursos humanos, em que o grande volume de recursos considerados refere-se ao fator humano. • Estratégias de recursos não humanos, em que existe a predominância de aplicação de, por exemplo, recursos materiais e/ou financeiros. • Estratégias de recursos humanos e não humanos, em que ocorre determinado equilíbrio entre os dois tipos de recursos aplicados. Naturalmente, esse tipo de classificação de estratégias pode ser direcionado para outros tipos de recursos básicos, tais como financeiros, materiais, equipamentos e tecnológicos. (OLIVEIRA, 2014, p. 192-193) • Quanto ao enfoque: • Estratégias pessoais, que representam os valores, motivações, proteções contra o ambiente hostil, métodos de atuar no ambiente empresarial, técnicas para lidar com as pessoas e execução de tarefas pelos executivos. • Estratégias empresariais, que representam a ação da empresa perante seu ambiente (OLIVEIRA, 2014, p. 193). Conforme Ferreira (2012), a gestão estratégica é uma evolução das ideias iniciais do planejamento estratégico, pois busca articular e ajustar a empresa à variabilidade da estruturação em conjunto com os recursos organizacionais diante das condições ambientais e às relações que são estabelecidas entre a organização e seu entorno. 2.3 O processo da estratégia O termo estratégia vem sendo utilizado de diversas maneiras e em diversos contextos. Se perguntarmos, por exemplo, para nossos Estratégia empresarial 47 amigos sobre a definição de estratégia, cada um deles terá uma resposta diferente, muito provavelmente relacionada à atividade que cada um exerce. De acordo com Mintzberg et al. (2007), a natureza humana insiste em uma definição para cada conceito. Em cada situação específica pode surgir uma nova definição, ora na resolução de determinado problema, ora na execução de atividades. Bueno (2014) ilustra as cinco dimensões de estratégia na figura a seguir. Figura 1 – Princípios de estratégia: 5 Ps Estratégia como plano 5 Ps Estratégia como pretexto Estratégia como padrão Estratégia como posição Estratégia como perspectiva Fonte: Bueno, 2014, p. 16. • Estratégia como plano é elaborada de forma consciente e deliberada e pode ser vista como uma diretriz para tratar de determinada situação. • Estratégia como pretexto é uma manobra específica relacionada à competitividade e à negociação, com a finalidade de enganar o concorrente. • Estratégia como padrão refere-se a um padrão que permite manter a coerência ao longo do tempo. • Estratégia como posição está ligada às estratégias militares, ou seja, é a posição da empresa perante seus concorrentes, para evitar derrota ou ter maiores retornos financeiros. • Estratégia como perspectiva está relacionada à cultura organizacional e às competências essenciais da organização, 48 Estratégia de marketing em negócios imobiliários refletindo a visão de mundo de seus estrategistas, bem como os seus valores e suas crenças (BUENO, 2014). A estratégia corporativa diz respeito ao modo como a organização se comportará no mercado com os recursos de que dispõe em relação à concorrência. Em outros termos, é uma forma de balizar seus procedimentos de acordo com sua estrutura e sua força. Dessa forma, a empresa não comete equívocos, enfrentando os concorrentes em desigualdade de condições, incidindo em fortes perdas e colocando o negócio em risco. Cada empresa tem uma característica própria e específica, diferenciando-se das demais em um ou outro aspecto. Portanto, a formulação de uma estratégia corporativa é única para cada organização, pois cada uma delas tem um desejo de ser ou de fazer. Nesse aspecto, Mintzberg et al. (2007, p. 79, grifos nossos) apresentam o conceito de estratégia corporativa: A estratégia corporativa é um processo organizacional de muitas formas, inseparável da estrutura, do comportamento e da cultura da empresa onde ocorre. Entretanto, podemos abstrair desse processo dois aspectos importantes, inter- -relacionados na vida real, mas separados para fins de análise. O primeiro pode ser chamado de formulação, o segundo de implementação. Decidir como será a estratégia pode ser entendido como uma atividade racional, mesmo quando possui um lado emocional... pode complicar a escolha entre alternativas futuras... Formular uma estratégia ou desenvolver um planejamento estratégico requer tempo, informação, conhecimento e comprometimento. Nesse aspecto, Oliveira (2014, p. 209, grifos nossos) destaca que no processo de formulação três aspectos devem ser observados: Estratégia empresarial 49 A empresa, com seus recursos, seus pontos fortes, fracos ou neutros, bem como sua visão, valores, missão, propósitos, objetivos, desafios, metas e políticas. O ambiente, em sua constante mutação, com suas oportunidades e ameaças recebendo influência dos diversos cenários. A integração entre a empresa e seus ambientes visando à melhor adequação possível, estando inseridas, nesse aspecto, a amplitude da visão, a qualidade dos valores dos principais executivos e/ou proprietários da empresa e a postura estratégica da referida empresa. Tão importante quanto a formulação das estratégias organizacionais é a sua implementação, momento em que se deve pesar as vantagens e desvantagens de cada uma das alternativas estratégicas disponíveis. Esse momento requer que o executivo esteja muito atento, a fim de evitar problemas quanto aos resultados apresentados pela nova estratégia (OLIVEIRA, 2014). De acordo com Mintzberg et al. (2007), a implementação da estratégia envolve um conjunto de conhecimentos das atividades administrativas por parte de quem planeja, de forma a mobilizar o mais rapidamente possível os recursos necessários para se atingir os objetivos definidos. Entre os conhecimentos necessários está a elaboração de uma estrutura ou um organograma que permita cumprir as tarefas e os procedimentos de forma ágil e eficaz para se alcançar os resultados esperados. Todos os processos da empresa devem estar focados na estratégia previamente definida. Nesse aspecto, o papel da liderança pessoal é fundamental para a realização da estratégia. Por meio da Figura 2, Mintzberg et al. (2007) ilustram o processo de formulação e implementação da estratégia corporativa. 50 Estratégia de marketing em negócios imobiliários Figura 2 – A análise de estratégia como modelo de decisões FORMULAÇÃO (decidir o que fazer) IMPLEMENTAÇÃO (atingir resultados) ESTRATÉGIA COPORATIVA Modelo de objetivos e políticas que definem a empresa e seus negócios 1. Identificação de oportunidade e risco 1. Estrutura e relações da organização 2. Processos e comportamentos organizacionais 3. Alta liderança Divisão de mão de obra Coordenação de responsabilidade dividida Sistemas de informação Padrões e mensuração Motivação e sistemas de incentivo Sistemas de controle Recrutamento e desenvolvimento de gerentes Estratégica Organizacional Pessoal 2. Determinação dos recursos materiais, técnicos, financeiros e gerenciais da empresa 3. Valores e aspirações pessoais da gerência sênior 4. Reconhecimento da responsabilidade não econômica com a sociedade Fonte: Mintzberg et al., 2007, p. 80. Os processos de formulação e implementação de estratégias corporativas são fundamentais para a preservação da empresa no mercado, por isso são uma incumbência da alta administração. A empresa alcança os resultados à medida que suporta e apoia as estratégias definidas, pois a atuação em um mercado competitivo somente se solidifica com a adoção da administração estratégica. 2.4 Os níveis de estratégia Você já deve ter percebido que, em geral, há dificuldades em planejar, principalmente se for um planejamento a longo prazo, não é mesmo? E para cumprirmos o que planejamos é necessário que passemos a agir de forma estratégica, ou seja, pensando em cada movimento e em suas implicações. Estratégia empresarial 51 Pensar e agir de modo estratégico implica tomar decisões cotidianamente.
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