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5 Prisão e liberdade provisória

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Prisão e liberdade provisória
Apresentação
A presunção de inocência é um dos princípios basilares do Estado Democrático de Direito, que se 
encontra materializado no art. 5o, inciso LVII da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Segundo esse 
princípio, ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Contudo, a Constituição também admite prisões em caráter excepcional antes da 
sentença penal condenatória. Nesses casos específicos, elas são denominadas "prisões cautelares", 
que se subdividem em três subespécies: em flagrante, preventiva e temporária.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as prisões cautelares e a liberdade provisória. 
Entenderá que a excepcionalidade das prisões cautelares se materializa como uma de suas 
características, bem como em seus diversos requisitos específicos, necessários para que elas sejam 
consideradas legais. Também reforçará o entendimento de que, na atuação profissional, é essencial 
conhecer as características de cada uma dessas prisões, para que se reconheça tanto a sua 
aplicabilidade quanto os modos de impugnação contra decisões que decretam uma prisão irregular.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os tipos de prisão.•
Descrever os requisitos da prisão preventiva.•
Apontar as consequências de uma prisão irregular.•
Desafio
As prisões cautelares são aquelas que ocorrem antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Elas são parte do dia a dia do profissional de Direito que trabalha na área 
penal. Assim, reconhecê-las é essencial para realizar os atos processuais adequados a cada situação 
prática. 
Você é advogado que atua na defesa de Francisco. Considerando que é do interesse dele sair da 
prisão e aguardar o curso e o resultado da ação penal em liberdade, o que você deve fazer? 
Justifique sua resposta.
Infográfico
As prisões cautelares somente podem ser decretadas em casos excepcionais, tendo em vista que a 
Constituição Federal reconhece a presunção da inocência até o trânsito em julgado da sentença 
penal condenatória (BRASIL, 1988). Assim, as prisões cautelares não podem ser utilizadas apenas 
como um modo de antecipação da pena. Existem três tipos de prisões cautelares, cada qual com 
características e requisitos específicos. A regularidade da prisão realizada ou decretada está 
condicionada ao preenchimento desses requisitos. 
Neste Infográfico, veja quais são as modalidades de prisão cautelar e as suas principais 
características, dispostas de modo comparativo.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/2fa7c67c-d246-457e-9a15-530c87912c75/837acf96-bbb0-4b4d-802c-cbbf267b7cca.jpg
Conteúdo do livro
As prisões cautelares são decretas em momentos distintos e por diferentes razões. Cada qual tem 
pressupostos e requisitos específicos que devem ser respeitados para que a prisão seja considerada 
regular. Caso contrário, será necessário utilizar os meios jurídicos para revertê-la ou modificá-
la. Assim, é fácil reconhecer que o tema das prisões cautelares é essencial para a prática de 
profissional da área penal. É necessário conhecer cada um dos tipos de prisão possível, bem como 
os seus requisitos, uma vez que impactarão diretamente a atuação do profissional nos casos 
concretos.
No capítulo Prisão e liberdade provisória, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, conheça os 
tipos de prisão cautelar previstas no ordenamento jurídico brasileiro e os requisitos de cada um 
para que a prisão seja considerada regular. Por fim, leia as consequências da prisão irregular, 
reconhecendo os principais institutos e remédios processuais destinados a revertê-la.
PRÁTICA PENAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar os tipos de prisão.
 > Descrever os requisitos da prisão preventiva.
 > Apontar as consequências de uma prisão irregular.
Introdução
A prisão é a pena mais severa prevista em situações habituais no processo penal, 
e tem como objeto da punição a privação de liberdade daquele que comete crime. 
Além da prisão-pena, imposta ao final de um processo penal com sentença con-
denatória transitada em julgado, existem outras modalidades de prisão que são 
impostas antes da aplicação final da pena e que apresentam objetivos e carac-
terísticas distintos. É necessário reconhecer os tipos de prisão e seus requisitos, 
tendo em vista que afetarão diretamente na defesa daquele submetida a ela. 
Neste capítulo, você conhecerá as prisões cautelares previstas na lei e os 
meios de defesa contra as prisões ilegais. Primeiro, conhecerá os tipos de prisões 
cautelares, bem como seus requisitos e princípios gerais. Em seguida, conhecerá 
os pressupostos e requisitos para a decretação de cada uma das prisões — caso 
não observados, a prisão será considerada ilegal. Por fim, conhecerá os meios 
processuais de defesa contra as prisões ilegais. 
Prisão e liberdade 
provisória
Gabriel Bonesi Ferreira
Tipos de prisões cautelares
No processo penal, é possível fazer uma distinção entre dois momentos prin-
cipais da prisão: a prisão penal, prisão-pena ou carcer ad poenam, e a prisão 
cautelar ou carcer ad custodiam. A prisão penal é facilmente reconhecível e 
decorre da imposição de pena com o trânsito em julgado de sentença penal 
que impõe pena privativa de liberdade. Já as prisões cautelares ocorrem 
antes do trânsito em julgado da sentença. Na atualidade, existem três tipos 
de prisão cautelar: a preventiva, a temporária e a em flagrante. As prisões 
previstas nos arts. 387, § 1º, e 413, § 3º, do Código de Processo Penal (CPP) 
decorrentes de sentença condenatória recorrível e decorrente de pronúncia, 
respectivamente, não são modalidades de prisões cautelares propriamente 
ditas, pois exigem os mesmos requisitos da prisão preventiva e são tratadas 
como tais (LOPES JÚNIOR, 2016; LIMA, 2020).
A presunção de inocência está assegurada pelo art. 5º, LVII, da Consti-
tuição Federal (CF), estabelecendo expressamente que todos são e devem 
ser tratados como inocentes até o trânsito em julgado da sentença. Assim, 
a prisão-pena possui certamente menos meios de defesa ou modos de im-
pugnação, visto que se trata da materialização da aplicação da pena pelo 
Estado. Contudo, segundo Nucci (2016), a prisão cautelar é relativizada nos 
casos de prisões cautelares que têm seu fundamento constitucional no art. 
5º, LXI, que estabelece: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo 
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos 
em lei” (BRASIL, 1988, documento on-line). 
A prisão cautelar é um tema de intenso debate na doutrina e na jurispru-
dência, uma vez que apresenta um claro tensionamento com o princípio da 
presunção de inocência, ao relativizá-lo para a imposição da prisão. Lima 
(2020, p. 975) afirma que a prisão cautelar “deve estar obrigatoriamente 
comprometida com a instrumentalização do processo criminal. Trata-se de 
medida de natureza excepcional, que não pode ser utilizada como cumpri-
mento antecipado de pena”. Ainda complementa que o requisito essencial 
de qualquer prisão cautelar é a periculosidade, é haver risco à atuação 
jurisdicional que pode afetar sua eficácia e utilidade. Por isso, não tem 
relação com a culpabilidade do agente, não devendo ocorrer como forma 
de antecipação de pena, satisfação da sociedade, da opinião pública, como 
resultado da investigação policial ou mesmo como um modo para instau-
ração do processo penal.
Prisão e liberdade provisória2
O Brasil registra há muito tempo alto índice de presos provisórios, 
isto é, submetidos a prisão cautelar, sem o julgamento definitivo. 
Um levantamento realizado no início de 2021 apontou que 31,9% da população 
carcerária brasileira é composta de presos provisórios, o que representa mais 
de 217mil pessoas. Há diversas variações regionais, e a Bahia, por exemplo, é o 
estado com o maior número proporcional de presos provisórios, que representam 
49,4% do total da população carcerária (SILVA et al., 2021). Os dados disponíveis 
mostram que o Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de pessoas 
presas em caráter provisório, ficando atrás apenas da Índia, cuja população é 
mais de seis vezes superior à do Brasil (CONECTAS, 2020).
Além dos requisitos específicos de cada espécie de prisão, é necessária 
a observância dos seguintes requisitos e princípios gerais para a legalidade 
das prisões cautelares, conforme apontam Lopes Júnior (2016) e Lima (2020).
 � Jurisdicionalidade e motivação: toda prisão cautelar deve decorrer de 
ordem judicial fundamentada, e mesmo a prisão em flagrante deve estar 
submetida ao controle jurisdicional, na medida em que, no momento 
imediatamente anterior à prisão, o juiz deve analisar sua legalidade, 
mantendo-a, relaxando-a, convertendo-a em prisão preventiva ou 
concedendo a liberdade provisória.
 � Contraditório: nos casos de prisão, e quando compatível com ela, deve 
ser dado o direito ao contraditório, como dispõe o art. 282, § 3º do 
CPP. Esse princípio também se materializa na chamada audiência de 
custódia. Obviamente, o momento do contraditório pode ocorrer após 
a prisão, tendo em vista que a ciência anterior pode até mesmo inviabi-
lizar o ato em determinadas hipóteses. Ainda assim, quando decretada 
a prisão cautelar, será dada a possibilidade da parte impugná-la por 
diferentes remédios processuais, como via habeas corpus.
 � Provisionalidade e princípio da atualidade do perigo: todas as medidas 
cautelares devem ser consideradas excepcionais e provisórias, e uma 
vez cessados os seus requisitos da prisão cautelar, o preso cautelar 
deve ser colocado em liberdade. O motivo ensejador tem que ser atual 
à medida restritiva de liberdade imposta.
 � Excepcionalidade: a prisão preventiva — e por extensão a temporária 
— é considerada o último recurso a ser utilizado, sendo necessária a 
fundamentação de sua necessidade e conveniência frente a outras 
medidas cautelares possíveis (BRASIL, 1941, art. 319), como estabelece 
o art. 282, § 6º, do CPP.
Prisão e liberdade provisória 3
 � Proporcionalidade: a decretação da prisão deve observar a proporcio-
nalidade ao caso concreto, analisando-se se a medida é proporcional ao 
fim que se busca com ela. Assim, a prisão deve ser sopesada segundo 
critérios de necessidade e proporcionalidade, considerando fatores 
como as atitudes do agente, a natureza do delito, as circunstâncias 
do suposto delito, dentre outros.
 � Observância dos direitos fundamentais do Estado de Direito: deve-se 
respeitar os princípios gerais do Estado de direito, em especial, neste 
caso, o princípio e os parâmetros da estrita legalidade na imposição 
dessa gravosa medida.
 � Direito à integridade física e moral: deve ser garantido o respeito à 
integridade física e moral da pessoa presa (art. 5º, XLIX, CF), sendo 
vedado qualquer tipo de tratamento degradante, ofensivo e à margem 
a lei. Deve-se evitar a indevida exposição à mídia e a espetacularização 
do ato, inclusive vendando o uso de algemas se não for estritamente 
necessário (Súmula Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal — STF).
 � Garantias do art. art. 5º, LXIII, da CF: este dispositivo garante três 
importantes direitos ao preso: a comunicação da prisão à família do 
preso ou à pessoa indicada por ele; a assistência de um advogado para 
sua defesa, quer indicado por ele, pela Defensoria Pública ou nomeado 
pelo juízo; permanecer em silêncio sem que isso indique a assunção 
de culpa pelo fato que lhe é imputado.
Analisemos, a seguir, os tipos de prisão cautelar.
Prisão em flagrante
O art. 301 do CPP estabelece a prisão em flagrante nos seguintes termos: 
“Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão 
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito” (BRASIL, 1941, 
documento on-line). O flagrante pode ser definido do seguinte modo: “seria 
uma característica do delito, é a infração que está queimando, ou seja, que 
está sendo cometida ou acabou de sê-lo, autorizando-se a prisão do agente 
mesmo sem autorização judicial em virtude da certeza visual do crime. Fun-
ciona, pois, como mecanismo de autodefesa da própria sociedade” (LIMA, 
2020, p. 1.027). 
Assim, na definição de flagrante é possível reconhecer do que se trata 
a prisão em flagrante e ao menos o seu núcleo: refere-se a uma medida 
considerada de autodefesa da sociedade, cujo núcleo de periculosidade está 
Prisão e liberdade provisória4
no cometimento do delito que está acontecendo ou acabou de acontecer. 
Assim, trata-se de uma situação em que o agente é surpreendido no exato 
momento em que está ocorrendo o delito. 
Uma característica importante desse tipo de prisão é não exigir análise 
prévia de um juiz de direito, ao contrário das outras modalidades de prisão 
cautelar ou da prisão-pena. Lopes Júnior (2016) destaca o caráter de ex-
cepcionalidade, necessidade e urgência que se encontram taxativamente 
indicados no art. 302 do CPP. 
Após a prisão em flagrante, o autor da prisão deve ser imediatamente 
encaminhado a um juiz no prazo de 24 horas para promover audiência de 
custódia e assim realizar o controle jurisdicional da prisão realizada (BRASIL, 
1941, art. 310). Outra característica importante refere-se ao agente que realiza 
a prisão. O art. 301 do CPP autoriza que qualquer pessoa, inclusive a vítima, 
prenda outra em flagrante delito, “num autêntico exercício de cidadania, 
em nome do cumprimento das leis do país” (NUCCI, 2016, p. 961), modalidade 
denominada flagrante facultativo. As autoridades policiais e seus agentes, 
por sua vez, são obrigados efetivar a prisão em flagrante, e, por isso, essa 
espécie de flagrante é denominada flagrante obrigatório.
Prisão preventiva
A prisão preventiva é a prisão necessariamente decretada pela autoridade 
judiciária competente quando preenchidos os requisitos legais (BRASIL, 1941, 
art. 313) e havendo os motivos taxativamente estabelecidos no art. 312 do CPP, 
e ainda quando outras medidas cautelares diferentes da prisão não foram 
suficientes (art. 319, CPP) (LIMA, 2020). O art. 311 do CPP estabelece que a prisão 
preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do 
processo penal, podendo ser autorizada mediante requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou assistente ou por representação da autoridade 
policial. É importante destacar que, com a vigência da Lei nº 13.964/2019, o art. 
311 do CPP passou a estabelecer a impossibilidade de decretação de prisão 
preventiva de ofício pelo juiz tanto na fase de investigação quanto no curso 
do processo, somente podendo ocorrer mediante requerimento do legitimado. 
A prisão preventiva não tem o caráter de cumprimento de pena, apesar de 
seu tempo ser descontado na pena, caso o acusado seja ao final do processo 
condenado a pena privativa de liberdade. A prisão preventiva não possui 
um prazo pré-determinado, devendo durar de acordo com a razoabilidade 
e enquanto perdurarem os motivos ensejadores da prisão e constatados os 
requisitos legais para tanto. 
Prisão e liberdade provisória 5
Assim, tal qual as demais modalidades de prisão cautelar, a prisão pre-
ventiva apresenta caráter de excepcionalidade, devendo ocorrer de acordo 
com as estritas disposições da lei. Porém, como ressalta Nucci (2016), não é o 
que vem sendo observado no Brasil, pois a prisão preventiva tem sido muitas 
vezes utilizada para situações anormais e desnecessárias, como em relação 
a acusados que respondem por crime de baixa periculosidade ou ainda para 
provocar delações premiadas em operações especiais. Outros exemplos ainda 
podem ser destacados, como prisões preventivas decretadas em casos de 
grande comoção popular, sendo defendidas como um meio necessário para 
acabar com a impunidade e fazer justiça (NUCCI, 2016).
Prisão temporáriaA prisão temporária é regida pela Lei nº 7.960/89. Pode ser decretada somente 
ela autoridade judiciária competente, durante a fase preliminar de investi-
gações e mediante requerimento do Ministério Público ou representação 
da autoridade policial (NUCCI, 2016). É uma prisão que tem um prazo prees-
tabelecido de duração e que objetiva privar o investigado de sua liberdade 
enquanto se obtêm os elementos e informações necessárias à apuração da 
autoria e materialidade da infração penal investigada. A prisão temporária é 
admitida apenas para crimes específicos previstos no inciso III do art. 1º da Lei 
nº 7.960/89 (BRASIL, 1989) e em relação aos crimes hediondos e equiparados, 
como destaca Lima (2020). 
Em regra, a prisão temporária é de cinco dias, podendo ser prorrogada por 
mais cinco em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º, caput, da 
Lei nº 7.960/89, BRASIL, 1989). Quando se trata de crimes hediondos e equi-
parados, a prisão temporária pode ser decretada por 30 dias, prorrogáveis 
por outros 30 (BRASIL, 1990, art. 2º, § 4º). 
Lima (2020) explica que a finalidade dessa prisão cautelar é assegurar 
a eficácia da investigação, isto é, garantir informações e demais elementos 
que sejam necessários e capazes de justificar o oferecimento de denúncia 
em momento futuro.
Requisitos das prisões cautelares
Cada modalidade de prisão cautelar deve preencher os requisitos próprios, 
sem os quais deve ser considerada ilegal, permitindo a soltura da pessoa 
presa. Analisemos os requisitos de cada uma delas.
Prisão e liberdade provisória6
Prisão em flagrante — espécies (art. 302, CPP)
No caso da prisão em flagrante, seus requisitos estão ligados diretamente 
às espécies de flagrantes descritas a seguir e previstas nos incisos do 
art. 302 do CPP, conforme apresentam Nucci (2016), Lopes Júnior (2016) e 
Lima (2020).
 � Flagrante próprio ou perfeito (BRASIL, 1941, art. 302, I e II): trata-se 
da hipótese do agente ser surpreendido enquanto realiza o delito, 
podendo, inclusive, em alguns casos, evitar a sua consumação. É 
considerado flagrante próprio também quando o agente acabou de 
realizar a conduta delitiva e já cessou a prática, mas fica clara a sua 
materialidade e autoria, não havendo lapso temporal relevante entre 
a prática do crime e a prisão.
 � Flagrante impróprio ou imperfeito (BRASIL, 1941, art. 302, III): ocorre 
quando não há a prisão do autor do delito no ato crime, por con-
seguir fugir do local, fazendo com que haja uma perseguição por 
parte da polícia, da vítima ou de qualquer outra pessoa, de tal 
modo que a autoria e a materialidade do crime ainda se mantêm 
evidentes. Nesse caso, são necessários três requisitos: a persegui-
ção (1º) que ocorra logo após (2º) e a situação que se faça presumir 
a autoria (3º). Nesses casos, há um lapso temporal pequeno entre 
o delito e a perseguição, ainda que a própria perseguição dure 
muito mais tempo.
 � Flagrante presumido (BRASIL, 1941, art. 302, IV): é também uma 
modalidade de flagrante impróprio. Essa modalidade ocorre quando 
o agente é encontrado logo após o crime com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir que seja ele o autor do delito. 
Nesse caso também há três elementos: encontrar o agente (1º) 
logo após (2º) o crime, com objetos ou armas que façam presumir 
a autoria (3º).
 � Flagrante em crime permanente (BRASIL, 1941, art. 303): quando se trata 
de infrações permanentes, o agente encontra-se em delito enquanto 
não cessar a permanência. Lopes Júnior (2016) cita, dentre outros 
exemplos, o crime de ocultação de cadáver (art. 211, CP), em que a 
consumação do crime se prolonga no tempo, de modo que o agente 
poderá ser preso em flagrante enquanto perdurar o delito, nos termos 
do inciso do art. 302. 
Prisão e liberdade provisória 7
Diferente é a situação em relação aos crimes habituais, considerados 
aqueles em que a consumação ocorre pela prática de várias condutas 
em sequência, havendo uma habitualidade, de modo que uma ação individual não 
constitui crime. Não há consenso doutrinário ou jurisprudencial sobre o tema, e 
alguns entendem a impossibilidade de prisão em flagrante por crime habitual, 
uma vez que o ato isolado não pode ser considerado crime, como defendem 
Lopes Júnior (2016) e Nucci (2016). O exemplo de Lopes Júnior (2016) é o caso de 
alguém ser preso por ato de curandeirismo: o ato isolado em si é uma conduta 
atípica, que exige o exercício habitual dessa atividade para a configuração 
do crime. Por outro lado, há os que defendem não existir incompatibilidade, 
desde que no ato da prisão seja possível comprovar a habitualidade da prática 
delituosa, como sustenta Lima (2020). 
 � Flagrante esperado: trata-se da hipótese em que a polícia não instiga 
nem induz ninguém a cometer um delito, mas recebe a informação 
de que determinado delito irá ocorrer e, frente a essa informação, 
coloca-se em campana para prender o agente que cometerá o delito. 
Nesse caso, não se trata de hipótese de crime impossível, visto que 
a polícia geralmente não detém a certeza do local ou do agente cri-
minoso. Porém, deve-se analisar cada situação concreta e, se houver 
um esquema tático tal que torne o delito impossível, não permitindo 
a consumação de nenhum modo do crime, será considerado crime 
impossível, a tentativa inútil e não punível, conforme disposto no 
art. 17 do CP, como explica Nucci (2016). Essa é uma modalidade legal 
de flagrante.
 � Flagrante deferido ou retardado: é também uma modalidade de fla-
grante legal em que a polícia retarda a realização de uma prisão com 
o intuito de obter mais informações sobre componentes e a forma de 
atuação de uma organização criminosa. Destaca-se que somente se 
aplica a casos de organização criminosa, como disciplinado pelos arts. 
8º e 9º da Lei nº 12.850/2013.
 � Modalidades de prisão em flagrante ilegais: são duas as hipóteses 
em que o flagrante é considerado ilegal e, consequentemente, a 
eventual prisão que decorrer dele. A primeira é o flagrante forjado, 
em que alguém cria uma situação totalmente artificial para gerar a 
prisão, por exemplo, “plantando” provas. A outra modalidade é o 
flagrante preparado ou provocado: trata-se da hipótese em que o 
provocador induz ou instiga uma pessoa a cometer um crime para 
poder prendê-lo. Nesse caso, é hipótese de crime impossível, pois a 
consumação do crime é impossível (art. 17, CP). Inclusive, a Súmula 
Prisão e liberdade provisória8
145 do STF consolida o entendimento de que não há flagrante em 
situação ou crime preparado pela política que torne impossível a 
sua consumação.
Prisão preventiva
A prisão preventiva tem os seguintes pressupostos (NUCCI, 2016; LOPES JÚNIOR, 
2016; LIMA, 2020).
 � Inexistência de outras medidas cautelares diversas da prisão: o art. 
282, § 6º, do CPC estabelece a preferibilidade de medidas cautelares 
diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP, cabendo inclusive ao 
juízo fundamentar com base nos elementos dos autos o não cabimento 
da substituição da prisão por ouras medidas cautelares, de forma 
individualizada.
 � Fumus comissi delicti (BRASIL, 1941, art. 312): a prisão depende de prova 
da existência suficiente de materialidade e autoria do crime.
 � Princípio da atualidade e periculum libertatis (art. 312, caput, § 2º): 
deve ser demonstrado o perigo gerado pela liberdade do imputado. 
Esse perigo deve ser atual e presente à decretação da prisão. Esses 
são os pressupostos gerais e necessários a todas as prisões caute-
lares, devendo estar presentes os dois primeiros e ao menos uma 
das situações que evidenciam o periculum libertatis descritas no 
art. 312 do CPP:
 ■ Garantia da ordem pública — trata-se de um conceito extremamente 
vago, mas, como explica Lima (2020, p. 1.065), a corrente majoritária 
propõe uma leitura restritiva entendendo-o “como risco considerável 
de reiteração de ações delituosas por parte do acusado, caso per-
maneça em liberdade”, quer por propensão à prática delituosa, pela 
existência de estímulos à novaprática de crime pelo qual se realiza 
a prisão ou pela possibilidade de convívio com parceiros do crime.
 ■ Garantia da ordem econômica — trata-se de uma hipótese que pode 
até ser considerada uma subespécie da anterior, mas que busca es-
pecificamente evitar a prática de crimes contra a ordem econômica, 
previstos em diversas legislações nacionais.
 ■ Garantia de aplicação da lei penal — hipótese que visa assegurar 
o fim último do processo quando o imputado tem atitudes que 
visam frustrar a aplicação da lei penal. O principal exemplo é a fuga 
deliberada do imputado. Devem haver efetivos indícios da atitude 
Prisão e liberdade provisória 9
do imputado, não bastando apenas haver genericamente o risco 
da aplicação da lei penal como um motivo que se faça presumir a 
intenção de fuga.
 ■ Conveniência da instrução criminal — tem a principal função de evitar 
que o agente perturbe ou impeça a produção de provas, o que se 
pode dar de diversos modos, como pela supressão ou destruição 
de documentos, intimidação de testemunhas, dentre outros. Do 
mesmo modo, deve haver indicativos claros de que o imputado está 
perturbando a instrução processual, ressalvando a possibilidade de 
aplicação de outras medidas cautelares prévias à prisão e que te-
nham a mesma finalidade de garantir o bom andamento da instrução. 
Além desses pressupostos, os incisos do art. 313 do CPP estabelecem que 
a prisão preventiva somente poderá ser decretada quando preenchida ao 
menos uma das seguintes hipóteses:
 � quando se tratar de crimes dolosos puníveis com pena máxima superior 
a 4 anos, mas esse limite não impede a adoção das medidas cautelares 
previstas no art. 319 do CPP;
 � quando o investigado ou acusado tiver sido condenado por outro crime 
doloso em sentença transitada em julgado, ressalvada a hipótese do 
art. 64, I, do CP, que trata da reincidência;
 � quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra mulher, 
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 
a garantia de medidas protetivas de urgência — nesses casos, não 
importa o montante da pena, de modo que a medida busca claramente 
proteger a vítima de violência, fazendo cessar determinada situação 
fática.
O art. 313, § 1º, do CPP admite ainda a prisão preventiva se houver dúvida 
sobre a identidade civil da pessoa ou quando ela não fornecer elementos 
suficientes para esclarecê-la. Nesse caso, o preso deve ser colocado imedia-
tamente em liberdade após a identificação, salvo se houver outra hipótese 
que recomente a manutenção da prisão.
Prisão temporária
Os requisitos da prisão temporária estão previstos nos incisos do artigo 1º 
da Lei nº 7.960/89 (BRASIL, 1989, documento on-line):
Prisão e liberdade provisória10
I — quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II — quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos neces-
sários ao esclarecimento de sua identidade; 
III — quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na 
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes [...].
No inciso III, estão descritos os crimes que admitem a decretação de prisão 
temporária, o que inclui homicídio doloso, sequestro e cárcere privado, roubo, 
dentre outros. O mesmo é cabível para os crimes hediondos e equiparados, 
como dispõe o art. 2º, § 4º, da Lei 8.072/90 (BRASIL, 1990). 
Lima (2020) destaca que há cinco posições sobre a necessidade ou não de 
conjugação dos requisitos da prisão temporária. A posição majoritária defende 
que devem haver fundadas razões de autoria ou participação nos crimes 
elencados no inciso III, bem como que a prisão ou deve ser imprescindível 
para as investigações ou deve haver situação de ausência de residência certa 
ou ausência de elementos para o esclarecimento da identidade. Desse modo, 
é necessária a conjugação de dois pressupostos: “1) fumus comissi delicti, 
previsto no inciso III; 2) periculum libertatis, previsto no inciso I ou no inciso 
II” (LIMA, 2020, p. 1.106).
Consequências das prisões irregulares
Existem diversos remédios processuais que buscam de algum modo reverter 
a prisão ilegal. Analisemos esses institutos.
Audiência de custódia
A audiência de custódia está prevista no art. 319 do CPP. Após o juiz receber 
o autor de prisão em flagrante, deve realizar audiência de custódia no prazo 
de 24 horas após a realização da prisão, com a apresentação do acusado, de 
seu advogado ou membro da Defensoria Pública e de membro do Ministério 
Público. Nessa audiência, será verificado se a prisão é necessária ou se é 
caso de aplicação de medidas cautelares diversas.
Assim, como explica Lopes Júnior (2016), trata-se de uma iniciativa extrema-
mente importante que objetiva analisar rapidamente a legalidade da prisão. 
O regramento dessa audiência é dado pela Resolução nº 213 do Conselho 
Nacional de Justiça, que estabelece que, antes da apresentação da pessoa 
ao juiz, deve lhe ser assegurada seu atendimento prévio e reservado com seu 
advogado ou defensor público sem a presença de agentes policiais (BRASIL, 
2015, art. 6º). Na audiência, autoridade judicial deve entrevistar a pessoa presa 
Prisão e liberdade provisória 11
sobre as circunstâncias gerais da prisão (BRASIL, 2015, art. 8º). Não se trata 
de um interrogatório, mas de uma entrevista que objetiva discutir a custódia 
para verificar se a medida cautelar foi adequada ao caso. Na entrevista, 
deve ser assegurado o direito ao silêncio, e o juiz deve se abster de realizar 
perguntas relacionadas à produção de provas para a investigação ou ação 
penal e aos fatos do autor de prisão. Deve ainda perguntar sobre as condições 
gerais de tratamento do preso, suas condições pessoais e de saúde, dentre 
outras. Após a entrevista do juiz, o Ministério Público e a defesa podem fazer 
reperguntas, que devem respeitar o limite e objeto da audiência de custódia.
Lopes Júnior (2016) ressalta que a audiência de custódia promove um 
importante contato pessoal do juiz com o detido, possibilitando uma melhor 
análise das condições da prisão, do periculum libertatis, bem como sua ade-
quação ao caso concreto, além de humanizar o ritual judiciário.
É importante destacar que a audiência de custódia é extensível a todas 
as outras modalidades de prisão cautelar (preventiva e temporária) e prisão 
definitiva (BRASIL, 2015, art. 13). Assim, a audiência de custódia pode ser 
considerada o primeiro meio de defesa contra uma prisão ilegal, que poderá 
ser relaxada, revogada ou substituída por outra medida preventiva. 
Relaxamento de prisão
Lima (2020, p. 1.014) explica que o relaxamento de prisão “significa reconhecer 
a ilegalidade da restrição imposta à liberdade de alguém, não se restrin-
gindo à hipótese de flagrante de delito”. Esse instituto fundamenta-se no 
reconhecimento da ilegalidade da prisão (BRASIL, 1988, art. 5º, LXV), com 
a consequente liberdade plena do agente, ficando livre de qualquer ônus 
ou obrigação. Exemplos incluem: flagrante forjado, provocado e preparado, 
prisão preventiva sem fundamentação, decretada por juízo incompetente, 
dentre outros.
Nesse caso, a petição de relaxamento de prisão deve ser endereçada ao 
juízo competente, expondo os fatos e fundamentos que motivam o reconhe-
cimento da ilegalidade da prisão com o pedido, ao final, do relaxamento da 
prisão decretada.
Revogação da prisão preventiva ou de medida cautelar
A revogação da prisão ou de medida cautelar está relacionada à perda dos 
motivos que ensejaram a medida imposta. Como a prisão cautelar e as medidas 
cautelares têm natureza provisória, ao desaparecer o periculum libertatis 
Prisão e liberdade provisória12
que autorizou a medida, deve cessar também a sua imposição. A revogação 
ou substituição da prisão pode ocorrer de ofício ou a requerimento das 
partes quando se verificar alguma alteração do conjunto fático, Inclusive, é 
possível a substituição da medida cautelar por outra menos gravosa ou até 
mais gravosa. Enfim, trata-se da revisãode uma prisão preventiva ou medida 
cautelar anteriormente imposta.
O pedido de revogação da prisão deve ser endereçado ao órgão jurisdi-
cional que decretou a medida. Assim, cabe originariamente ao magistrado de 
primeiro grau a análise do pedido de revogação da prisão, que, se mantê-la, 
poderá ser considerado a autoridade coatora, ensejando a impetração de 
habeas corpus pela defesa.
Liberdade provisória 
A liberdade provisória tem natureza de uma contracautela, tendo em vista 
que é uma imposição de uma medida cautelar alternativa à prisão preventiva, 
situada após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva (BRASIL, 1941, 
art. 310, III). É uma forma de evitar a conversão da prisão em flagrante em 
prisão preventiva, mediante a imposição de uma medida alternativa (LOPES 
JÚNIOR, 2016). 
Segundo Lima (2020, p. 1.161), apesar de não estar expressa no CPP, a 
liberdade provisória “pode ser adotada como providência cautelar autônoma, 
com a imposição de uma ou mais das medidas cautelares diversas da prisão 
ali elencadas”, independente de prévia prisão em flagrante. Pode ser imposta 
enquanto não transitar a sentença e houver a necessidade de assegurar o 
comparecimento do acusado aos atos do processo, em caso de obstrução 
de seu andamento ou resistência injustificada à ordem judicial. Lima (2020) 
defende que a imposição das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP 
é uma forma de liberdade provisória, apesar do legislador não ter utilizado 
esse termo, uma vez que se trata da imposição de medidas diversas da prisão 
e alternativas a ela.
Essa ressalva de Lima (2020) refere-se ao instituto da liberdade provisória 
em si. Na prática, a peça processual de pedido de liberdade provisória em 
favor do imputado deve ser apresentada quando houver prévia prisão em 
flagrante, buscando a liberdade provisória como medida substitutiva à sua 
conversão em prisão preventiva. No caso de já ter sido decretada a de prisão 
preventiva, deve-se realizar o pedido de relaxamento ou revogação da prisão, 
conforme o caso. 
Analisemos então as hipóteses de liberdade provisória.
Prisão e liberdade provisória 13
Liberdade provisória com fiança
A fiança é uma garantia patrimonial destinada ao pagamento de despesas 
processuais, multa e indenização, além de ser um fator inibidor de fuga 
(LOPES JÚNIOR, 2016). A fiança pode ser aplicada tanto para a concessão da 
liberdade provisória quanto como medida cautelar diversa (BRASIL, 1941, 
art. 319, VIII).
A fiança pode ser concedida pela autoridade policial quando a pena 
máxima não for superior a 4 anos (BRASIL, 1941, art. 322); nos demais casos, 
será requerida ao juiz que decidirá em 48 horas (BRASIL, 1941, art. 322, § 
único). Não é cabível a concessão de fiança para os delitos previstos no 
artigo 323 do CPP: racismo; tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas, 
terrorismo e hediondos; cometidos por grupos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Igualmente, veda-se 
a fiança, conforme art. 324 do CPP: aos que tiverem quebrado fiança, no 
mesmo processo, anteriormente ou infringido, sem justo motivo, qualquer 
das obrigações previstas nos arts. 327 e 328 do CPP; em caso de prisão civil 
ou militar; e quando presentes os motivos da preventiva.
O valor da fiança será definido de acordo com a natureza do crime, a 
situação econômica do preso, sua vida pessoal pregressa e as circunstanciais 
indicativas de sua periculosidade (BRASIL, 1941, art. 326), observados os 
paramentos e limites do art. 325 do CPP. 
A condição da fiança é o comparecimento do imputado perante o juiz 
ou delegado todas as vezes que for intimado para os atos necessários da 
instrução penal e do inquérito, bem como para o julgamento (BRASIL, 1941, 
art. 327). O imputado não pode mudar de residência sem autorização pré-
via da autoridade processante nem se ausentar por mais de 8 dias de sua 
residência sem a cominação prévia à autoridade com a devida indicação 
do lugar onde será encontrado (BRASIL, 1941, art. 328). A fiança poder ser 
dispensada se o imputado não tiver condições econômicas para suportá-la 
(BRASIL, 1941, art. 350), ficando sujeito às mesmas condições do art. 327 e 
329 do CPP.
O quebramento da fiança ocorre nas hipóteses do art. 341 do CPP, o que 
imporá a perda de metade do valor da fiança e eventual imposição de outras 
medidas cautelares ou prisão preventiva, de acordo com gravidade do fato 
(BRASIL, 1941, art. 342). Caso o condenado deixe de se apresentar para o início 
de cumprimento da pena, perderá a totalidade do valor da fiança (BRASIL, 
1941, art. 344).
Prisão e liberdade provisória14
É importante destacar que a liberdade provisória com fiança não im-
possibilita a imposição de outras medidas cautelares previstas no art. 319, 
CPP, caso a situação fática exija maior restrição e controle da liberdade do 
imputado (LOPES JÚNIOR, 2016).
Liberdade provisória sem fiança
A inafiançabilidade de um crime não significa a automática conversão da 
prisão em flagrante em prisão preventiva. Após a prisão em flagrante, se não 
presentes os requisitos da prisão preventiva, deve ser concedido o relaxa-
mento da prisão ou a liberdade provisória, mediante a aplicação de uma ou 
mais medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, como monitoramento 
eletrônico, recolhimento domiciliar noturno, etc. Todas as medidas cautelares 
têm o caráter provisório, observados os requisitos fundamentais do fumus 
comissi delicti e periculum libertatis.
Habeas corpus
A acusação pode interpor recurso em sentido estrito de decisão que indeferir 
prisão preventiva, revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar prisão 
em flagrante (BRASIL, 1941, art. 581, I). Mas o CPP não prevê recurso algum em 
favor do acusado que visa impugnar decisão que decreta prisão preventiva 
ou qualquer outra medida cautelar diversa da prisão, nem de decisão que 
indefere o pedido de revogação ou relaxamento de prisão, substituição da 
medida cautelar ou concessão de liberdade provisória.
Assim, contra qualquer das prisões penais e medidas cautelares é cabível 
a impetração de habeas corpus (BRASIL, 1941, art. 647). Destaca-se que, como 
todas as medidas cautelares importam em alguma restrição à liberdade de 
locomoção, o habeas corpus é cabível em todas as possibilidades. É preciso 
destacar que, quando há pedido de concessão de liberdade provisória indefe-
rido, o habeas corpus terá como objeto a concessão da liberdade provisória. 
Hipótese diversa é quando se discute a ausência dos requisitos da prisão 
preventiva ou temporária, quando os fundamentos serão no sentido de ga-
rantir a liberdade do acusado. Assim, existe uma vinculação entre o ato do 
órgão coator, do pedido realizado a ele e o objeto do habeas corpus.
O habeas corpus é uma ação de natureza mandamental de status consti-
tucional, que objetiva a proteção da locomoção dos indivíduos frente a atos 
de abusivos do Estado. Deve ser postulado perante a autoridade judiciária 
superior àquela apontada como órgão coator. 
Prisão e liberdade provisória 15
Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 213 de 15/12/2015. DJe/CNJ, n. 1, 
p. 2–13, 8 jan. 2016. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2234. Acesso 
em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília: 
Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989. Dispõe sobre prisão temporária. Brasília: 
Presidência da República, 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l7960.htm. Acesso em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos 
termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8072.htm. Acesso em: 25 jun. 2021.
CONECTAS. Brasil se mantém como 3º país com maior população carcerária do mundo. 
São Paulo: Conectas, 2020. Disponível em: https://www.conectas.org/noticias/brasil-
-se-mantem-como-3o-pais-com-a-maior-populacao-carceraria-do-mundo/. Acesso 
em: 25 jun. 2021.
LIMA, R. B. de. Manual de processo penal: volume único. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
LOPES JÚNIOR, A. Fundamentos do processo penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2016.
NUCCI, G. de S. Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016.
SILVA, C. R. da et al. População carcerária diminui, mas Brasil ainda registra superlo-
tação nos presídios em meio à pandemia. G1, 2021. Disponível em: https://g1.globo.
com/monitor-da-violencia/noticia/2021/05/17/populacao-carceraria-diminui-mas-
-brasil-ainda-registra-superlotacao-nos-presidios-em-meio-a-pandemia.ghtml. Acesso 
em: 25 jun. 2021.
Leituras recomendadas
BRASIL. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília: Presidência 
da República, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del2848compilado.htm. Acesso em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante 11 do STF. Brasília: STF, 2008. Dispo-
nível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1220. 
Acesso em: 25 jun. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 145 do STF. Brasília: STF, 2009. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2119. 
Acesso em: 25 jun. 2021.
Prisão e liberdade provisória16
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Prisão e liberdade provisória 17
Dica do professor
A fiança é uma medida para a concessão da liberdade provisória para os crimes considerados 
afiançáveis, bem como uma das medidas cautelares possíveis previstas no art. 319 do CPP. As 
regras da fiança estão estabelecidas no CPP que disciplina seus paramentos, seus valores e suas 
condições.
Nesta Dica do Professor, conheça mais detalhes das regras da fiança.
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Exercícios
1) Existem duas formas de prisões processuais penais no Brasil: a prisão-pena, imposta àquele 
que é condenado por sentença processual com trânsito em julgado, e a prisão cautelar, que 
ocorre antes da condenação. A prisão cautelar, por sua natureza, tem algumas regras 
específicas. 
 
Sobre esse tema, analise as alternativas a seguir e assinale a correta.
A) A medida da prisão cautelar é uma medida extrema, mas necessária em alguns casos, por isso 
deve ser devidamente fundamentada.
B) A prisão cautelar é uma forma de antecipação da pena final, imposta aos acusados de crimes 
graves. 
C) Na verificação da conveniência da prisão cautelar, o que importa é a culpabilidade do agente, 
e não a sua periculosidade.
D) Por se tratar de um ato que visa o resultado útil do processo, é imposta pelo Estado, sem 
direito ao contraditório.
E) A prisão cautelar visa à conveniência da instrução penal, por isso dispensa a motivação nos 
processos em processos que tramitam em segredo de Justiça.
As prisões cautelares que podem ser impostas estão estritamente previstas na legislação. 
Qualquer outro ato de prisão ou detenção que não se fundamente nas hipóteses legais será 
considerado ilegal de pleno direito. Sobre os tipos de prisão, associe as duas colunas a 
seguir.
I. Prisão em flagrante
II. Prisão preventiva
III. Prisão temporária
( ) Essa modalidade de prisão pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial 
ou do processo penal.
( ) Somente é cabível na fase de investigação policial e, em regra, tem o prazo predefinido 
de cinco dias prorrogáveis por igual prazo, se comprovada a necessidade.
2) 
( ) Nessa modalidade de prisão admite-se que qualquer cidadão prenda outro, no que pode 
ser considerado um exercício de cidadania.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta.
A) I – II – III.
B) I – III – II.
C) II – I – III.
D) II – III – I.
E) III – II – I.
3) A prisão em flagrante é considerada uma medida de autodefesa da sociedade, tendo, em seu 
núcleo, um delito que está acontecendo ou acabou de acontecer. É uma situação, portanto, 
que o agente é surpreendido no momento em que pratica o crime. As espécies de flagrante 
previstas na legislação que guardam relação estão relacionadas com seus requisitos e sua 
legalidade. 
 
Sobre esse tema, analise as alternativas a seguir e assinale a correta.
A) O flagrante próprio é aquele que corre quando o autor do delito é surpreendido e consegue 
fugir do local dos fatos e, ao ser perseguido, acaba detido. 
B) O flagrante presumido ocorre quando a pessoa presa é surpreendida enquanto realiza o delito 
e, neste exato momento, é presa.
C) O flagrante deferido ou retardado é uma modalidade ilegal de prisão, tendo em vista que a 
polícia tem a obrigação de prender ao verificar o flagrante. 
D) O flagrante preparado ou provocado é uma modalidade legal de prisão, pois há intenção em 
praticar o crime. O flagrante forjado é ilegal, por ser uma situação artificial.
E) Admite-se a prisão em flagrante esperado, quando a polícia se coloca em vigilância para 
prender o agente que cometerá crime, frente a informações obtidas.
As prisões preventiva e temporária são duas modalidades que estão, cada uma a seu modo, 
ligadas mais diretamente à instrumentalização do processo, a seu resultado útil, tanto na 
fase de investigação policial quanto na fase processual. Esses tipos de prisão exigem 
pressupostos e requisitos específicos. Sobre eles, analise as afirmativas a seguir.
4) 
I. A prisão preventiva é cabível quando o crime imputado não é de menor potencial ofensivo, 
considerado aqueles cuja pena privativa de liberdade máxima seja superior a dois anos.
II. A prova suficiente de autoria e materialidade de determinados crimes e a ausência de 
residência certa do indiciado são suficientes para ensejar a decretação de prisão temporária.
III. A prisão preventiva é cabível em relação a crimes dolosos e culposos, se preenchidos os 
demais pressupostos legais.
É correto o que se afirma em:
A) I e II. 
B) I e III.
C) II e III.
D) I, apenas.
E) II, apenas.
5) As prisões cautelares estão sujeitas à revisão e ao controle jurisdicional. Há, na legislação 
processual penal, diversos institutos que permitem a defesa e a revisão de prisão cautelares 
que tenham sido realizadas ou decretadas. 
 
Sobre esse tema, analise as alternativas a seguir e assinale a correta.
A) A audiência de custódia tem a finalidade de verificar a culpabilidade do agente. Por isso, o juiz 
deve interrogar minunciosamente o imputado sobre o crime, as suas condições e a sua culpa.
B) A audiência de custódia é cabível em relação à prisão em flagrante, mas não às demais prisões 
cautelares, visto que objetiva analisar o relaxamento da prisão ou a sua conversão em prisão 
privativa.
C) A liberdade provisória é cabível em relações inafiançáveis. Hipótese em que serão impostas 
uma ou mais medidas cautelares previstas na lei que, se não respeitadas, podem ocasionar a 
prisão do agente.
D) Quando se trata de prisão ilegal, o imputado deve requer a sua revogação ou conversão em 
medida cautelar perante o juízoque decretou a prisão ou ao órgão jurisdicional competente.
E) O relaxamento da prisão deve ser requerido ao órgão jurisdicional superior àquele apontado 
como coator e visa à substituição da prisão por outras medidas cautelares menos gravosas.
Na prática
A Lei no 13.864/2019, chamada de "Pacote Anticrime", trouxe profundas alterações aos CPP. 
Diversas delas consagram o sistema acusatório, que propõe maior afastamento possível do juiz e da 
acusação, com a principal função de impedir a parcialidade do juiz e promover o quanto mais 
possível o equilíbrio processual. Entre as principais alterações, dispositivos do CPP passaram a 
impedir diversas atuações de ofício do Magistrado, que acabavam se materializando em atos 
desfavoráveis a acusados e investigados, por exemplo: a possibilidade de decretação de prisão 
cautelar de ofício. 
Acompanhe, Na Prática a seguir, a solução dada pelo STJ em um processo que reconheceu a 
impossibilidade de conversão de ofício pelo juiz de prisão em flagrante em prisão preventiva de 
ofício após a vigência da Lei no 13.864/2019.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/306eb827-fe68-4ee1-8802-d9382470f00f/b06e802b-c0bb-4cbd-9d8f-0f65220d1412.jpg
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Prisão preventiva após o Pacote Anticrime (arts. 311 a 316 do 
CPP)
Este vídeo trata da prisão preventiva, modalidade de prisão cautelar que pode ser decretada ao 
longo de toda a investigação e de todo o processo penal. Assim, tem grande importância na prática, 
sendo necessário reconhecer os seus requisitos e pressupostos para a atuação profissional.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Prisões cautelares: o que há de novo?
Este texto trata das prisões cautelares, seus principais requisitos, os fundamentos e as recentes 
alterações legislativas trazidas pela Lei no 13.964/2019. A legislação processual penal passou por 
diversas mudanças nos últimos anos, sendo que as mais recentes foram as alterações trazidas pelo 
denominado “Pacote Anticrime”. Foram feitas, na realidade, diversas mudanças positivas em favor 
da construção de um sistema acusatório no Brasil.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Vícios de fundamentação da preventiva e novo mecanismo para 
impetração de HC
Este texto trata da possibilidade de impetração de habeas corpus contra decisões judiciais com 
vícios de fundamentação e que acabam tolhendo ou colocando em risco a liberdade de locomoção 
do imputado. O habeas corpus é um instrumento processual de extrema relevância no Direito, 
tendo como função principal proteger a liberdade de locomoção. Assim, pode ser utilizado para 
impugnar diversos tipos de decisão que, de algum modo, podem arriscar a liberdade de locomoção.
https://www.youtube.com/embed/BYARVwHcIjE
https://www.justificando.com/2020/05/15/prisoes-cautelares-o-que-ha-de-novo/
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.conjur.com.br/2021-jun-08/opiniao-lei-anticrime-mecanismo-impetracao-hc

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