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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE GRADUÇÃO EM DIREITO 
 
 
Karla Rafaela Souza da Silva 
 
 
 
A LEI DA ANISTIA BRASILEIRA À LUZ DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS 
HUMANOS TRANSCENDENDO OS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS E PENAIS: 
UMA QUESTÃO DE INCONVECIONALIDADE 
 
 
 
Prof. Orientador: Dr. Paulo Roberto Dantas de Souza Leão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL - RN 
MAIO – 2014 
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KARLA RAFAELA SOUZA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI DA ANISTIA BRASILEIRA À LUZ DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS 
HUMANOS TRANSCENDENDO OS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS E PENAIS: 
UMA QUESTÃO DE INCONVECIONALIDADE 
 
 
 
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em 
Direito como parte dos requisitos para a 
obtenção do Título de Bacharel em Direito do 
Centro de Ciências Sociais Aplicadas da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
sob a orientação do prof. Dr. Paulo Roberto 
Dantas de Souza Leão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL - RN 
MAIO – 2014 
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A LEI DA ANISTIA BRASILEIRA À LUZ DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS 
HUMANOS TRANSCENDENDO OS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS E PENAIS: 
UMA QUESTÃO DE INCONVECIONALIDADE 
 
 
Orientando - Karla Rafaela Souza da Silva - Acadêmica do Curso de Direito 
E-mail: karlarafaelasouza@hotmail.com 
Orientador - Prof. Dr. Paulo Roberto Dantas de Souza Leão – Departamento de Direito 
E-mail: pauloleao61@hotmail.com 
 
 
RESUMO: O presente artigo descreverá as atrocidades vivenciadas durante o período da 
Ditadura Militar, buscando reconhecer, desde já, a eficácia jurídica das convenções de 
Direitos Humanos internacionais que foram ratificadas pelo Brasil. Após isso, analisaremos a 
Lei da Anistia sob o enfoque dos Direitos Humanos, visando demonstrar que a proteção a 
esses direitos, vai além dos preceitos constitucionais e penais, constituindo como um dos 
fundamentos da ordem internacional. Em face disso e considerando a interpretação dada pelo 
STF à Lei da Anistia, ainda em vigor no país, é possível afirmar que a validade dessa lei 
estaria comprometida, pois constitui uma transgressão do dever do Estado de apurar, 
processar e punir os crimes cometidos por seus próprios agentes durante o período ditatorial. 
Ademais, esclareceremos que o entendimento do Pretório Excelso é incompatível com o 
posicionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão judicial da Organização 
dos Estados Americanos, do qual o Brasil é Estado-membro, bem como dos demais 
organismos internacionais, necessitando que haja o devido controle de convencionalidade 
para que, assim, haja harmonia entre as normas de direito interno como as internacionais. 
 
Palavras-chave: Ditadura militar. Direitos Humanos. STF. Controle de Convencionalidade. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Diversas atrocidades foram cometidas contra cidadãos brasileiros durante o período 
ditatorial, que se estendeu por mais de duas décadas. Com a proteção e o aval do Estado 
militar, sob o pretexto de assegurar a segurança nacional, diversas pessoas foram torturadas, 
exiladas e até mesmo mortas nas mãos de agentes estatais. 
Com o fim do período militar, o Brasil restabelece a democracia, procurando construir 
um Estado Democrático de Direito baseado, primordialmente, na proteção aos direitos 
humanos com o intuito de estabelecer uma sociedade livre, justa e solidária, em oposição às 
arbitrariedades cometidas pelo Estado no regime anterior. Neste diapasão, o Estado tem o 
4 
 
dever de apurar, processar, punir e reparar os crimes cometidos por seus próprios agentes 
durante o período ditatorial, como forma de concretizar a transação de um Estado totalitário 
para um Estado democrático. 
Inúmeros tratados assinados pelo Brasil após o término do período militar consideram 
que delitos como a tortura, o homicídio e o desaparecimento forçado de pessoas são crimes 
contra a humanidade, sempre que cometidos num contexto de ataques generalizados à 
população. Esses tratados preveem a responsabilização do Estado pela violação aos direitos 
humanos, determinando que sejam feitas as apurações dos crimes, e que os agentes que os 
cometeram sejam devidamente julgados e condenados pela sua prática, tendo em vista que os 
crimes dessa natureza são imprescritíveis, inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. 
Ante o exposto, pretende o artigo questionar a compatibilidade da Lei da Anistia em 
confronto com os preceitos constitucionais, penais e internacionais de proteção aos direitos 
humanos. Para tanto, será necessário demonstrar que os tratados internacionais sobre direitos 
humanos assinados e ratificados pelo país possuem eficácia jurídica no sistema legal 
brasileiro, evidenciando, por fim, que a concessão de anistia aos agentes estatais que 
praticaram atos atentatórios aos direitos humanos dos cidadãos durante a ditadura é um ato 
inconvencional, portanto contrário ao entendimento nos tratados e convenções assinados pelo 
Brasil. 
 
2 FATOS VIVENCIADOS DURANTE A DITADURA MILITAR: 
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 
 
O contexto histórico mundial no início dos anos 1960 foi marcado pela luta entre o 
comunismo, representado pela União Soviética, e o capitalismo, que tinha como maior 
representante os Estados Unidos da América. Apoiados pelo governo dos Estados Unidos, os 
setores militares golpistas iniciaram uma campanha incitando o medo ao “perigo comunista” 
5 
 
na classe média brasileira (TAVARES; AGRA, 2009, p. 75) e no dia 1º de abril de 1964, 
tropas militares promoveram um golpe que depôs o presidente João Goulart, considerado uma 
ameaça comunista ao país, e implantaram a ditadura militar no Brasil. 
Sem encontrar forte resistência por parte da população e do próprio governo deposto, a 
intervenção militar era anunciada como passageira e veio sob o pretexto de sanear as 
“mazelas deixadas pela infiltração esquerdista no país”, como afirmam Miriam Dolhnikoff e 
Flávio de Campos (2001, p. 272). O primeiro militar a assumir a presidência foi o Marechal 
Humberto de Alencar Castelo Branco, que estabeleceu Atos Institucionais carregados de 
medidas antidemocráticas, sob a pretensão de manter a segurança nacional, dentre elas, 
destacaram-se a instauração de eleições indiretas para o cargo do poder Executivo, a cassação 
de mandatos, a dissolução de partidos políticos, com a implementação do bipartidarismo, 
representado pelos partidos MDB e ARENA, dentre outras (ANSARA, 2009, p. 147). 
Além dos Atos Institucionais, durante o governo de Castelo Branco foi instaurada a 
Lei de Segurança Nacional, baseada na Doutrina de Segurança Nacional, a qual procurava 
fundamentar a suspensão das garantias constitucionais, a limitação das liberdades individuais, 
a introdução da censura aos meios de comunicação e a repressão total aos que se opunham por 
meio de atividades clandestinas, conforme afirma a Comissão Especial sobre Mortos e 
Desaparecidos Políticos
1
 (2007, p. 22). 
O período de maior repressão e violação aos direitos humanos na história da República 
se deu com o Presidente marechal Artur da Costa e Silva. No início de seu governo, ainda no 
ano de 1967, uma nova Constituição foi outorgada com o principal intuito de 
“institucionalizar o Estado consequente do golpe, por meio da ilegítima delegação de poderes 
constituintes ao Legislativo Federal, expurgado de vários representantes da oposição, e assim, 
organizar a legislação do novo governo.” (DOLHNIKOFF; CAMPOS. 2001, p. 275). 
 
1 Comissão instituída pela Lei nº 9.140/95, a fim de buscar soluções adequadas aos casos de desaparecimentos e 
mortes de opositores políticos por autoridades do Estado durante o período do regime militar. 
6 
 
Percebendo que o governo militar suplantava o caráter temporário e se consolidava no 
poder, sem perspectiva de ser extinto, as camadas populares, representadas principalmentepelas forças estudantis e pelas classes operárias e camponesas, começaram a insurgir-se contra 
a força dominante. Como consequência do grave clima de confronto entre as camadas 
populares e o governo ditatorial, ao final do ano de 1968 foi decretado o Ato Institucional nº 
5, que vigorou no país até o ano de 1978 e se tornou a maior representação do poder 
repressivo, arbitrário e violento do Estado. 
As manifestações populares, contudo, foram tomando força, culminando no 
surgimento de grupos guerrilheiros armados, que se insurgiam contra a repressão do governo 
militar utilizando-se de práticas como assaltos a bancos e sequestro de agentes favoráveis ao 
governo, como forma de negociar a libertação de presos políticos. Em 1969, com a ascensão 
de Emílio Garrastazu Médici ao poder, o combate à resistência popular se intensificou. Na 
medida em que a revolta da população crescia, o governo intensificava seu aparato repressivo, 
com a criação de órgãos ligados ao Conselho de Segurança Nacional, como o Destacamento 
de Operacões e Informações (DOI) e o Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), 
responsáveis por refrear as ações de militantes esquerdistas que se opunham ao governo. 
Sobre o governo Médici, conhecido como período dos “Anos de Chumbo”, declara a 
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (2007, p. 23): 
A estrutura de informação montada fortaleceu sua capacidade para travar a guerra 
surda que se deu por meio dos interrogatórios com torturas, das investigações 
sigilosas, da escuta telefônica, do armazenamento e processamento de informações 
sobre atividades consideradas subversivas. Eram enquadradas nesse campo, desde 
simples reivindicações salariais e pregações religiosas, até as formas de oposição por 
métodos militares. 
 
Antônio Carlos Fon (1979, p. 71-79), vítima da repressão militar no período ditatorial 
descreve diversas formas de tortura praticadas pelos agentes governamentais, exempli gratia, 
técnicas como o afogamento, a extração de dentes, o afogamento, espancamentos e o pau-de-
arara. Há estimativas de que, ao longo dos mais de 20 anos de ditadura militar, houve cerca de 
7 
 
300 mortes, incluindo-se os desaparecidos, além de 25 mil prisões políticas e 10 mil exílios 
(PARIZ, 2006, p. 1). 
Em 1974 o general linha-dura é substituído por Ernesto Geisel, cujo governo foi 
marcado pela abertura política e pelo enfraquecimento do aparelho repressivo estatal. Durante 
os cinco anos no poder houve a revogação do principal meio legitimador das arbitrariedades 
estatais, o AI-5, além do restabelecimento da liberdade de imprensa. 
Em 1979, assume o poder João Batista Figueiredo, governo cujo marco principal foi a 
promulgação da Lei da Anistia, que permitiu o retorno dos exilados políticos ao país, mas que 
ainda não anistiava os acusados de crimes de terrorismo e sequestro (ANSARA, 2009, p.151). 
O processo de abertura política culminou na campanha pelas eleições diretas e na eleição, 
ainda indireta, de Tancredo Neves para o cargo de Presidente da República em 1985. 
Tancredo Neves, primeiro Presidente não militar eleito após 21 anos de um regime ditatorial 
faleceu antes mesmo de assumir o poder, dando lugar a seu vice, José Sarney. 
Como presidente, Sarney convoca, em 1987, a assembleia constituinte responsável 
pela elaboração da Constituição de 1988, marcada por um forte teor axiológico e 
principiológico. A nova Constituição Federal traz como fundamento a dignidade da pessoa 
humana, assegurando inúmeros direitos fundamentais que competem a todos os cidadãos, 
dentre os quais estão incluídos a liberdade de expressão, a vedação à tortura e ao tratamento 
desumano ou degradante, a liberdade de associação, dentre outros. 
Após a promulgação da Carta de 1988, a luta pela apuração dos crimes cometidos pelo 
governo militar toma novos rumos. Os familiares e amigos dos desaparecidos e as vítimas das 
atrocidades praticadas pelos agentes do governo pleiteavam a indenização e a punição aos 
crimes, como afirmam André Ramos Tavares e Walber de Moura Agra (2009, p. 81). 
Em 1995, no governo democrático de Fernando Henrique Cardoso, surge o primeiro 
instrumento legal que levou ao Estado a responsabilidade pelas mortes e desaparecimentos 
por motivos políticos, prevendo a concessão de indenização financeira aos familiares das 
8 
 
vítimas, além de criar a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. No 
entanto, os agentes repressores continuam acobertados pela Lei da Anistia, de maneira que 
não respondem pelos crimes comuns que praticaram. 
No ano de 2008, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil propôs a 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 153. Seu objetivo maior era 
declarar que o disposto no §1º do artigo 1º da Lei nº 6683/79, concedendo a anistia a todos os 
que, em determinado período, cometeram crimes políticos ou crimes a eles conexos – que 
seriam crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por 
motivação política
2
 – não havia sido recepcionamento pela nossa CF/88. O STF, por 7 votos a 
2 decidiu pela não revisão da lei, mantendo a interpretação extensiva aos agentes torturadores. 
É fundamental destacar, contudo, que a decisão do Pretório Excelso revela-se contrária 
à dimensão internacional de proteção aos Direitos Humanos, que ultrapassa as barreiras da 
soberania do Estado, tendo em vista a concepção contemporânea de direitos humanos, 
caracterizada “pelos processos de universalização e internacionalização destes direitos, 
compreendidos sobre o prisma da indivisibilidade” (PIOVESAN, 2009, p. 201). Diante disso, 
torna-se forçoso compreender o posicionamento dos organismos internacionais acerca de 
crimes cometidos pelos agentes estatais em confronto com direitos humanos dos cidadãos e o 
dever de reparação dos Estados Nacionais mediante essas atrocidades. 
 
3 A PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS FRENTE ÀS ATROCIDADES 
COMETIDAS PELOS AGENTES ESTATAIS 
 
Pode-se dizer que o reconhecimento dos direitos humanos fundamentais iniciou-se na 
era Moderna. Em referência ao jurista Gregorio Peces-Barba Martinez, Norberto Bobbio, em 
sua obra intitulada A Era dos Direitos (2004, p.67), divide a evolução dos direitos humanos 
 
2 Maiores informações disponíveis em 
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF153.pdf> acesso em18 de maio de 2012. 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF153.pdf
9 
 
em três etapas, sendo a primeira delas a positivação desses direitos, processo iniciado com a 
Declaração Francesa de 1789 e seguido pelos diplomas de diversos países. 
A segunda etapa é a da generalização desses direitos, a qual se iniciou por influência 
dos movimentos populares, principalmente das classes operárias, no mundo inteiro. Como 
consequência desses movimentos, novos gamas de direitos vão sendo reconhecidas, 
promovendo a inserção de elementos mais igualitários ao direito positivo ao longo do tempo. 
A terceira e última etapa é a da internacionalização, que se inicia em 1948, com a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, decretada pela ONU. Em sequência à 
promulgação da Declaração, diversos tratados e convenções foram, e ainda vêm, surgindo 
como forma de consolidar os direitos humanos como normas de status internacional, 
alicerçada nos princípios da universalização, da integralidade e da indivisibilidade, como 
afirma Antônio Augusto Cançado (2003, p. 408). O jurista, membro do Tribunal Internacional 
de Justiça afirma, ainda, que: 
 
No plano operacional, o Direito Internacional dos Direitos Humanos, ao consagrar 
valores e interesses comuns superiores consubstanciados na salvaguarda dos direitos 
da pessoa humana, concebe o funcionamento de seus mecanismos de proteção 
mediante o exercício da garantia coletiva. A salvaguarda dos direitos humanos 
passa a servista como sendo interesse de todos, constituindo uma meta comum e 
superior a ser alcançada por todos em conjunto; em suma, passa a configurar-se 
como uma questão de ordre public internacional. 
 
A concepção de proteção internacional aos direitos humanos eleva o ser humano, 
segundo entendimento de Cançado Trindade (2003, p. 447-473), ao status de Sujeito de 
Direito Internacional dos Direitos Humanos, de maneira que medidas estatais que venham a 
violentar esses direitos devem ser fortemente combatidas pela comunidade internacional. 
Nesse contexto, passa-se a questionar a responsabilização do Estado mediante 
arbitrariedades por ele cometidas em violação aos direitos humanos de seus cidadãos. Restou 
claro que diversos crimes foram cometidos pelos agentes estatais durante o período ditatorial 
que tomou lugar no Brasil durante duas décadas. Dentre esses crimes, a tortura, o homicídio e 
10 
 
o desaparecimento forçado de pessoas aparecem como os mais graves, trazendo à tona o 
protesto acerca da concessão de anistia aos agentes que os cometeram contra a população. 
No plano interno, deve-se mencionar que a Constituição Federal de 1988 tem como 
fundamento a dignidade da pessoa humana. Traz, ainda, em seu artigo 5º um extenso rol de 
direitos fundamentais dos cidadãos, destacando-se entre eles a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; a vedação ao tratamento 
desumano ou degradante; a vedação à ação de grupos armados civis ou militares que atentem 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, e a vedação à tortura, estes últimos 
considerados crimes imprescritíveis, inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. 
Ademais, prevê a Carta Magna a inafastabilidade do controle jurisdicional da lesão ou ameaça 
a direito. Diante dos citados preceitos, percebe-se que o Estado tem o dever constitucional não 
apenas de proteger os cidadãos de qualquer ameaça à sua dignidade, como também de apurar 
atos que violem os direitos coletivos e individuais. 
Considerando-se o plano internacional, é mister destacar que as violações cometidas 
durante o regime militar, porquanto empreendidas numa conjuntura de ataques generalizados 
à população civil, podem ser consideradas verdadeiros crimes contra a humanidade, com 
previsão expressa no artigo 7º do Estatuto de Roma, o qual criou o Tribunal Penal 
Internacional e do qual o Brasil é signatário. Ademais, diversos outros tratados assinados pelo 
Brasil versam acerca de crimes correlatos aos cometidos pelos militares, considerando-os 
como passiveis de sanção, imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Celso Antônio 
Bandeira de Mello (2009, p. 138) cita dentre esses tratados a Convenção contra a Tortura e 
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, assinada pelo Brasil em 
1985; a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, assinada em 1986; e o 
Pacto de São José da Costa Rica, assinado no ano de 1992. 
Ainda no âmbito internacional, a Organização das Nações Unidas, órgão do qual o 
Brasil é estado-membro, já demonstrou seu posicionamento acerca da necessidade de 
11 
 
responsabilização do Estado em virtude do cometimento do crime de desaparecimento 
forçado de pessoas. A Resolução nº 47/133, aprovada pela Assembleia Geral do órgão cupular 
no ano de 1992 definiu como deveres dos Estados a investigação e apuração dos fatos 
vinculados aos desaparecimentos forçados, devendo os responsáveis ser identificados, 
processados e julgados criminalmente por seus crimes. Determina, ainda, que esses 
responsáveis não sejam beneficiados por Lei de Anistia especial, ou medidas que tenham 
como efeito a remissão de seus atos (COMPARATO, 2001, p. 57). 
A existência de diversas normas de caráter internacional contrárias à recusa do Estado 
em cumprir seu dever de apuração dos crimes contra a humanidade por eles cometidos leva-
nos à discussão acerca da recepção desses tratados no sistema jurídico nacional. Faz-se 
necessário, portanto, maior aprofundamento em torno desse debate. 
 
4 RECONHECIMENTO DA EFICÁCIA JURÍDICA DAS CONVENÇÕES DE 
DIREITOS HUMANOS INTERNACIONAIS RATIFICADAS PELO BRASIL 
 
Dois dispositivos constitucionais versam sobre a recepção dos tratados internacionais 
no sistema jurídico brasileiro. O primeiro deles, de caráter originário, é o § 2º do artigo 5º, o 
qual prevê que a Carta Magna não traz uma relação exauriente dos direitos e garantias dos 
cidadãos, de maneira que diversos outros direitos podem ser depreendidos tanto das normas 
que regem a CF/88, como dos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. 
O segundo dispositivo, inserido na CF após a promulgação da Emenda Constitucional 
nº 45/2004, que deu origem ao § 3º do mesmo artigo em apreço, prevendo que os tratados 
internacionais que versem sobre direitos humanos passam a sustentar caráter constitucional 
quando recepcionados conforme os parâmetros de aprovação das emendas constitucionais. 
A existência da referida regra, contudo, não obsta o reconhecimento das normas 
internacionais de direitos humanos sob um aspecto diverso, mas ainda assim oponível e com 
12 
 
eficácia jurídica. Isso ocorre porque, como já mencionado, a evolução histórica dos direitos 
humanos acabou por conferir a essas normas eficácia em âmbito internacional, transcendendo 
as barreiras nacionais de cada Estado e tornando-se matéria de ordem pública internacional. 
Em decorrência dessa nova realidade, deixa a CF/88 de ser a única norma com força 
suficiente para servir de referência no controle das normas internas, de maneira que também 
os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos tornam-se parâmetros para o 
controle vertical das normas que compõem o sistema jurídico. Dessa forma, além de passar 
pelo crivo constitucional, devem as normas internas ser analisadas de acordo com sua 
convencionalidade, ou seja, sua adequação aos tratados e convenções dos quais o Brasil é 
signatário, estabelecendo-se a necessidade de se exercer um controle de convencionalidade 
das normas que integram o sistema jurídico, com fundamento nos princípios da boa-fé e da 
pacta sunt servanda (MAZZUOLI apud MARTINS; MOREIRA, 2011, p.469). 
Não se trata de uma concepção de superioridade da norma internacional sobre a norma 
constitucional. Como afirma George Galindo (2002, p. 249), o “Direito Internacional dos 
Direitos Humanos é comprometido muito mais com a supremacia da norma mais favorável ao 
indivíduo, o que quer dizer uma supremacia substancial, dentro da lógica de 
complementaridade e da cooperação”. 
Fica claro, mediante tais considerações, que como participante ativo da ordem 
internacional, o Brasil não pode se eximir de apurar os crimes cometidos pelos seus agentes 
em violação aos direitos humanos de diversos cidadãos. A escusa é injustificável, pois que 
configura afronta aos direitos humanos fundamentais. A assinatura e ratificação de tratados 
que se mostram contrários à violação de direitos humanos, prevendo sanções e regras acerca 
da responsabilização do Estado, confere a esses tratados eficácia jurídica no âmbito interno, 
independente de sua inclusão como norma constitucional. 
 
13 
 
5. LEI DA ANISTIA BRASILEIRA EM CONFRONTO COM OS TRATADOS DE 
DIREITOS HUMANOS RECEPCIONADOS PELO BRASIL 
 
5.1 A Anistia ampla, geral e irrestrita 
 
 Como já mencionado, diante das truculências praticadas pelos militares a pressão 
social ganhava maior destaque. Apreciando essa nova conjuntura que ganhava relevo, os 
políticos da época despertaram ideais pelo retorno ao Estado Democrático de Direito, 
ensejando na criação de Comitês em prol da Anistia. Estes, por sua vez, tiveram a capacidade 
de fomentar o movimento denominado de anistia ampla, geral e irrestrita, cujo objetivo 
central era obter o perdão para todos que se intentaram contra o regime opressor e ilegítimo 
por meio da lutaarmada; bem como devolver automaticamente a todos os direitos políticos e 
civis; além disso, almejavam à punição dos torturadores e o desmantelamento dos órgãos de 
repressão política com o fim do período ditatorial. 
 Como consequência, foi promulgada a Lei da Anistia, que concedeu o perdão a todos 
os que cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes eleitorais aos que tiveram 
seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de 
Fundações vinculadas ao poder público, aos servidores dos Poderes Legislativos e Judiciário, 
aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamentos em Atos 
Institucionais e Complementares durante o período compreendido entre 2 de setembro de 
1961 e 15 de agosto de 1979
3
. 
Apesar de ter sido concedida em face dos anseios populares, a lei da anistia não 
atendeu de forma integral os objetivos almejados, deixando de fora as pessoas condenadas por 
terrorismo, assalto ou sequestro e àquelas que cometeram os denominados “crimes de sangue” 
e que somente foram libertadas sob condicional ou mediante cumprimento integral da pena. 
 
3 Correspondência com o art. 1º da Lei de nº 6.683/1979. 
14 
 
Ao contrário disso, uma contradição se estendeu, mesmo que não esteja de forma explícita na 
lei, o governo ditatorial acabou por se beneficiar da mesma, deixando que tal entendimento se 
perpetuasse ao longo da história, de que os agentes da repressão também estavam anistiados, 
incluindo-se os responsáveis pelas práticas de torturas, tornando a lei bastante ampla no rol de 
pessoas beneficiadas. 
Apura-se, desde já, que a intenção da referida lei foi consolidar-se como um acordo 
conciliatório entre os agentes que estavam no poder e a sua maioria no Congresso Nacional 
em conjunto com a oposição burguesa e moderada, sendo uma das formas encontradas para 
evitar uma eclosão de conflitos, visto que o Brasil na época temia a força do movimento 
operário, que já se encontrava em greve em todo o país. Assim é o pensamento de Mezarobba 
Glenda de que o estabelecimento da lei da anistia foi basicamente para manter a pacificação e 
o esquecimento favorável aos integrantes do aparato repressivo, deixando em segundo plano a 
promoção da justiça e o esclarecimento da verdade a suas vítimas. Tal fato, na tese da autora 
supracitada, deveu-se, em parte, ao enorme poder de pressão que os militares ainda possuíam 
e ao fato de que o regime autoritário não tinha sido extinto (2006, p. 43). 
Consoante é o posicionamento sustentado pelo autor Carlos Fico (2011, p. 321): 
A menção aos crimes conexos realmente demandava uma extraordinária capacidade 
de tergiversação, dada a esdrúxula circunstância de o projeto anistiar pessoas 
desconhecidas e não condenadas. A fórmula obscura foi adotada porque o governo 
não estava apenas preocupado com torturadores. Ao anistiar os “crimes políticos ou 
praticados por motivação política”, o projeto garantia que, no futuro, nenhum militar 
seria punido em função das ilegalidades praticadas durante a ditadura. Conforme 
registrou Ana Lagôa, a propósito do atentado à bomba que integrantes da linha dura 
perpetraram contra uma comemoração pelo Dia do Trabalho, em 1981, no pavilhão 
do Riocentro, no Rio de Janeiro, “(...) em função da anistia (...), nenhum militar se 
sentará no banco dos réus. O desagrado que isso possa provocar no meio civil é 
irrelevante, do ponto de vista da segurança, e passageiro, do ponto de vista da 
estratégia de gradual e lenta democratização do país (...)” 
 
Do contexto, passamos questionar se a referida lei não está realmente deturpando os 
preceitos constitucionais e internacionais de direitos humanos, atingindo de maneira direta as 
bases consagradas pelo Estado Democrático de Direito a fim de deixar impunes os agentes 
ditatoriais. Desde logo, deixa-se transparente que a manutenção da Lei da Anistia no 
15 
 
ordenamento jurídico brasileiro configura uma injustiça continuada, impedindo às vítimas e 
aos seus familiares o acesso à justiça e o direito de conhecer a verdade e de receber a 
reparação correspondente (PIOVESAN, 2009, p. 203). Dessa forma, acredita-se ser 
considerada válida a efetiva punição dos agentes repressores da ditadura militar. Para que isso 
ocorra, contudo, é necessário que haja manifestações contra a Lei da Anistia e, 
consequentemente, punição de todos aqueles que cometeram atrocidades, sendo as vítimas, 
portanto, reparadas dos males por elas sofridos. 
 
5.2 O entendimento da Corte Brasileira na decisão da Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental 153 
 
 Como já destacado, a discussão acerca da adequação da interpretação dada pelo STF à 
Lei da Anistia ganhou maior destaque quando o Conselho Federal da OAB propôs, em 2008, 
a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental perante a Corte Nacional. Com ela, 
pretendia o Conselho defender que a anistia concedida pela citada lei aos crimes políticos ou 
conexos não deveria se estender aos crimes comuns praticados pelos agentes da repressão 
contra opositores políticos durante o regime militar (CARVALHO RAMOS, 2011, p. 180), 
para assim evitar interpretações que afrontem os preceitos constitucionais, como é o caso de 
admitir a anistia aos crimes de tortura, que são considerados insuscetíveis de graça e anistia. 
Ademais, com relação ao fato de a lei da Anistia ter sido fruto de um acordo político, 
sustentou a OAB que os direitos humanos são inegociáveis, invocando os preceitos 
fundamentais constitucionais de isonomia, direito de verdade e os princípios republicanos, 
democrático e da dignidade da pessoa humana. (CARVALHO RAMOS, 2011, p. 180) 
16 
 
 Não obstante o forte rol argumentativo apresentado pela Ordem, a decisão proferida 
pelo Tribunal da Corte Brasileira, por maioria de votos dos ministros
4
, foi pela improcedência 
da ADPF, mantendo a interpretação de que a Lei da Anistia era ampla, geral e irrestrita, 
alcançando tanto as vítimas como os que praticaram as atrocidades. Tal deliberação causou 
grande repercussão, conforme apontado por André Carvalho de Ramos (2011, p. 182), pois 
além do tema e do forte impacto sobre os familiares que até hoje esperam por justiça, a ADPF 
surpreendeu por um fato inédito: pela primeira vez uma ação perante o STF com efeito 
vinculante e erga omnes foi processada simultaneamente a um processo internacional 
semelhante, em curso perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (o caso Gomes 
Lund)
5
. Acerca desse fato, o autor criticou o risco assumido pela Suprema Corte Brasileira em 
tomar uma decisão que meses depois poderia ser contrária à decisão da Corte de San José, o 
que poderia causar uma repercussão internacional negativa para o país. 
 Acredita-se que a Corte Brasileira deveria ter agido com maior cautela, pedindo o 
adiamento do julgamento da ADPF para assim analisarem os argumentos da futura sentença 
da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que envolvia uma questão amplamente 
discutida no âmbito internacional: a violação dos direitos humanos. 
Ao analisar os argumentos expostos pelos ministros a favor da improcedência da 
arguição, depara-se com uma preocupação, por parte deles, em anunciar que a Lei da Anistia 
teria sido expressão de um acordo político, de uma conciliação nacional, o qual envolvia 
“diversos atores sociais, anseios de diversas classes e instituições políticas”, não devendo o 
Supremo “avançar sobre a competência constitucional do Poder Legislativo”, tendo em vista 
 
4 A saber, houve participação de nove ministros, dos quais sete ministros declararam pela improcedência da 
arguição – o relator Eros Grau, Carmen Lúcia, Ellen Gracie, Marcos Aurélio, Cezar Peluso, Celso de Mello e 
Gilmar Mendes – e dois ministros se posicionaram pela procedência parcial do mérito – Min.Lewandowski e 
Carlos Britto. 
5 A título de informação o caso Lund Gomes é um dos fatos referentes às ações de repressão realizadas pelas 
Forças Armadas no período entre 1972 e 1975, nas margens do rio Araguaia, no Pará. Os atos violentos foram de 
detenção, tortura, desaparecimento e execução de pelo menos 70 pessoas, segundo informações do Centro de 
Justiça e o Direito Internacional. Das 70 vítimas desaparecidas, somente foram encontradas os corpos de quatro 
delas, auxiliado pelas ações de parentes. O caso é o primeiro a chegar para a Corte Interamericana relacionado 
com crimes cometidos durante a Ditadura Militar e dele foi debatido os alcances da Lei da Anistia que até o 
momento impediu que se investigasse a fundo o ocorrido, deixando os autores desses atos bárbaros impunes. 
17 
 
que “a revisão da lei de anistia, se mudanças do tempo e da sociedade a impuserem, haverá de 
ser feita pelo Poder Legislativo e não pelo Poder Judiciário” (PIOVESAN, 2011, p. 81). 
Porém, o tema vai muito além, motivo pelo qual se deveria levar em consideração a discussão 
acerca dos direitos humanos, e não se a lei da anistia foi fruto de um acordo político, tendo em 
vista que os direitos humanos são inegociáveis e qualquer ato de violação a esses direitos é 
passível de apuração a qualquer momento, pois são eles imprescritíveis. 
Sobre o tema, assim disserta a doutrinadora Flávia Piovesan (2009): 
 
[...] há que se afastar a insustentável interpretação de que, em nome da conciliação 
nacional, a lei de anistia seria uma lei de ‘duas mãos’, a beneficiar torturadores e 
vítimas. Esse entendimento advém da equivocada leitura da expressão ‘crimes 
conexos’ constante da lei. Crimes conexos são os praticados por uma pessoa ou 
grupo de pessoas, que se encadeiam em suas causas. Não se pode falar em 
conexidade entre fatos praticados pelo delinquente e pelas ações de sua vítima. A 
anistia perdoou a estas e não àqueles; perdoou às vítimas e não aos que delinquem 
em nome do Estado. Ademais, é inadmissível que o crime de tortura seja concebido 
como crime político, passível de anistia e prescrição. 
 
 Em sequencia, consta como um dos argumentos apresentados pelo ministro relator 
Eros Grau, pela improcedência da ADPF 153, que a invalidação da lei iria de encontro com 
um dos postulados mais consagrados pela nossa Constituição: a segurança jurídica, pois ao 
revogá-la estaria penalizando os militares por crimes que já foram anistiados, não devendo 
retomar um passado de mais de 30 anos, caso contrário iria colidir com o princípio da 
irretroatividade da lei penal, contemplado no art. 5º, inciso XI, da CF/88. O relator, ainda, 
acrescentou a sua argumentação o fato da anistia consistir como uma “via de mão dupla”, em 
que a promulgação da Lei da Anistia representava um momento histórico no qual a sociedade 
desejava esquecer o passado e seguir em frente.
6
 
 Tal argumento não faz sentido, a sociedade não esqueceu o passado com a Lei da 
Anistia, pelo contrário ainda há sentimentos de revoltas com a injustiça praticada àquela 
época. Além do mais, ao defender os direitos humanos, buscamos consolidar a estabilidade 
 
6 O voto do ministro Eros Grau, na íntegra, está disponível em: 
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF153.pdf> acesso em 22 de maio de 2012. 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF153.pdf
18 
 
tão idealizada do Estado Democrático de Direito e, com isso, a segurança jurídica de que 
esses crimes não voltariam a ocorrer. Destarte, urge afirmamos que não estaríamos 
transgredindo a segurança jurídica, pelo contrário, estaríamos a consolidá-la, principalmente 
quando se adota essa tese perante o âmbito internacional. 
 Mais a frente, após uma análise minuciosa dos votos dos ministros Eros Grau, Ellen 
Gracie, Marcos Aurélio, é possível afirmar que os respectivos não se atentaram em mencionar 
a Convenção Americana de Direitos Humanos, que poderia realmente influenciar em uma 
decisão favorável à ADPF 153, considerando que existem votos do próprio STF em outros 
julgados a favor da dignidade constitucional de todos os tratados de direitos humanos, 
exatamente pelo fato de esses expressarem interesses primordiais para a base de Estado 
Democrático de Direito. 
Quanto ao ministro Celso de Mello, este priorizou a não condenação desses crimes já 
assegurados pela segurança e irretroatividade penal, e enfatiza que esse fato nada obsta que o 
indivíduo possa averiguar o ocorrido durante o período ditatorial, assim são as suas palavras: 
 
Vê-se, portanto, que assiste a toda a sociedade o direito de ver esclarecidos os fatos 
ocorridos em período tão obscuro de nossa história, direito este que, para ser 
exercido em plenitude, não depende da responsabilização criminal dos autores de 
tais fatos, a significar, portanto, que a Lei nº 6.683/79 não se qualifica como 
obstáculo jurídico à recuperação da memória histórica e ao conhecimento da 
verdade.7 
 
 Mediante tais afirmações, questiona-se se adiantaria investigar a verdade, se não pode 
ser ela efetivamente julgada e condenada. Isso certamente poderia instigar um sentimento de 
revolta pela não impunidade. Essas indagações são realidades as quais não conseguiremos 
abandonar, já que elas colidem frontalmente com os consagrados direitos humanos. 
 Outro argumento que deve ser mencionado é o do ministro Celso de Mello, que apesar 
de fazer referência à jurisprudência internacional, procurou apenas enfatizar que os 
precedentes existentes seriam aplicáveis somente a casos de leis de autoanistia, reiterando que 
 
7 Disponível em:< http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo588.htm> > acesso em 25 
de maio de 2012. 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo588.htm
19 
 
no Brasil a Lei de Anistia, por ser fruto de um acordo político, não poderia ser considerada 
autoanistia e, assim, seria incabível invalidá-la. Por outro lado, não apreciou o 
posicionamento da Corte de San José e outros órgãos internacionais, os quais condenam a 
impunidade dos violadores de direitos humanos, não importando a questão formal da origem 
da lei de anistia, seja ela por acordo ou por autoanistia. 
 Os votos dos ministros que se tornaram mais coerente para a tese aqui firmada foram 
os de Lewandowski e de Carlos Ayres Brito. O primeiro, apesar de não adentrar na tipificação 
dos delitos e a imprescritibilidade dos mesmos, por ter considerado desnecessário tal 
fundamento, expôs o dever brasileiro de investigar, processar e punir criminalmente os 
autores das violações graves de direitos humanos na época da ditadura, reconhecendo a 
necessidade de cumprir a interpretação dos direitos previstos no Pacto Internacional de 
Diretos Civis e políticos, ao invés de criar uma estranha “interpretação nacional” e afirmar, 
posteriormente, estar em linha com os direitos humanos internacionais. Tal fato demonstrou 
sintonia com os tratados internacionais de direitos humanos e, consequentemente, com os 
preceitos arrolados na Constituição. 
Já o ministro Carlos Ayres Britto trouxe à baila o instituto da recepção, segundo o qual toda 
norma promulgada anteriormente à vigência de uma nova Constituição não pode colidir com o 
novel texto Constitucional, sob pena de ser declarada não-recepcionada por esta Lei Maior. Sendo 
assim, fez uma análise do dispositivo presente no artigo 5°, XLIII, da CF/88, que veda 
expressamente a concessão de anistia, graça ou fiança ao “tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo, a tortura e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”, nos reportando que toda a 
legislação anterior a Carta Maior de 1988 deve se adequar a esta nova realidade, principalmenteno 
que diz respeito a Lei da Anistia. 
Frente às considerações atribuídas pelo Pretório Excelso quanto à confirmação da 
validade da interpretação da lei da Anistia, percebe-se nitidamente que o mesmo não 
20 
 
considerou as obrigações assumidas no âmbito internacional, tornando-se controversa no país, 
pois em momento algum foi colocado em pauta a convencionalidade da lei no julgamento da 
ADPF 153. Dentre elas podemos destacar o esquecimento da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem e a Convenção para a Repressão do Crime de Genocídio, pilares do 
Direito Internacional dos Direitos Humanos; e as convenções de Genebra que constituem um 
dos principais fundamentos do Direito Internacional Humanitário. (VENTURA, 2011, p. 195) 
 O posicionamento do STF, tendo em vista o julgamento de validade da Lei da Anistia, 
não considerou o que há de mais importante, que é processar e, se assim necessário, condenar 
os responsáveis pelos crimes desumanos praticados no regime ditatorial. “Trata-se de uma 
justiça tardia”, como afirma Luis Flávio Gomes (2011), mas que não pode ser esquecida, de 
forma a tornar aqueles impunes. 
 Com o desprezo dado as normas internacionais, a Suprema corte acabou por denegar 
às vitimas o direito à justiça, por mais que ainda tenha afirmado ser direito da mesma 
esclarecer sobre os fatos vivenciados no período da Ditatura Militar. E em face dessa omissão 
colocou em risco os princípios humanistas e democráticos consagrados na constitucional 
brasileira, bem como vai de encontro o teor das obrigações internacionais assumidas pelo 
Brasil paulatinamente, graças às numerosas convenções relativas aos Direitos Humanos 
incorporados à ordem jurídica pátria. 
 
5.3 A invalidação da Lei da Anistia Brasileira pela Corte Interamericana de Direitos 
Humanos 
 
Apesar de a Suprema Corte ter ratificado a validade da Lei da Anistia, defende-se ser 
mais adequado o posicionamento contrário, em conformidade com o perpetrado pela Corte 
Interamericana de Direitos Humanos, tendo em vista que a disposição presente na Lei da 
Anistia sendo ampla, geral e irrestrita viola os preceitos estabelecidos pela Convenção 
21 
 
Americana de Direitos Humanos. Corrobora-se, portanto, com a ideia de que a referida lei não 
carece de efeitos jurídicos, não podendo existir e, com isso, se tornar um entrave para a 
investigação de graves violações de direitos humanos, bem como a identificação e a 
respectiva punição dos agentes responsáveis pelas atrocidades. Destarte, estamos a 
demonstrar a priorização da devida proteção dos direitos humanos com a prevalência da 
verdade e da justiça, o direito de não ser submetido à tortura; e o direito à prestação 
jurisdicional efetiva, na hipótese de violações de direito. 
Daí surge à responsabilidade internacional do Estado, seja em virtude de ato ou 
omissão legislativa, pois deve o Estado adotar medidas necessárias para investigar, processar, 
punir e reparar. E a primeira medida a ser adotada deveria ser a revogação da Lei da anistia, 
pois assim configuraria uma forma de reparação não pecuniária. 
 Em decisão prolatada acerca do caso dos desaparecidos durante a Guerrilha do 
Araguaia, a Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do 
Estado Brasileiro pela violação dos direitos humanos durante o período ditatorial, como se 
pode perceber: (CARVALHO RAMOS, 2011, p. 196-197) 
O Estado Brasileiro deteve arbitrariamente, torturou e desapareceu os membros do 
PCdoB e os camponeses listados no parágrafo 94 deste Relatório. Além disso, a 
CIDH conclui que, em virtude da Lei 6.683/1979 (lei de Anistia), promulgada pelo 
governo militar do Brasil, O Estado não levou a cabo nenhuma investigação penal 
para julgar e sancionar os responsáveis por estes desaparecimentos forçados; que os 
recursos judiciais de natureza civil com vistas a obter informação sobre os fatos não 
forma efetivos para garantir aos familiares dos desaparecidos forçados; que os 
recursos judiciais de natureza civil com vistas a obter informação sobre os fatos não 
foram efetivos para garantir aos familiares dos desaparecidos o acesso à informação 
desses familiares; e que o desaparecimento forçado das vítimas, a impunidade dos 
seus responsáveis, e a falta de acesso à justiça, à verdade e à informação afetaram 
negativamente a integridade pessoal dos familiares dos desaparecidos.8 
 
 De acordo com o que defende a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o presente 
estudo defende que o Brasil, ao reconhecer a ineficácia da Lei da Anistia aos agentes 
torturadores, só tende a fortalecer o Estado Democrático de Direito, dissipando qualquer 
 
8 Disponível em: 
<http://www.cidh.org/demandas/11.552%20guerrilha%20do%20Araguaia%20Brasil%2026mar09%20PORT.pdf
>, acesso em 01 de fevereiro de 2011. 
22 
 
ameaça ou instabilidade democrática em tempos futuros, pois demonstraria um combate ao 
abuso de autoridade frente aos direitos humanos. 
 
5.4 A necessidade do controle de convencionalidade das decisões dos tribunais 
brasileiros. 
 
Preliminarmente, o conceito de controle de convencionalidade, foi apresentado no 
Brasil pelo doutor e professor Valério de Oliveira Mazzuoli, como um meio judicial de 
declaração de invalidade de leis incompatíveis com os tratados de direito internacional do 
qual o Brasil é membro, seja ela por via de exceção (controle de difuso ou concreto) ou por 
meio de ação direta (controle concentrado ou abstrato), a fim de tornar compatíveis as normas 
de direito interno com as convenções internacionais, evitando, por sua vez, que o Estado se 
exima da sua responsabilidade perante a Corte Internacional. (MAZZUOLI, 2011. p. 75) 
Dessa forma, torna-se de extrema importância o Estado Brasileiro fazer valer o 
controle de convencionalidade, para que assim fortaleça o valor atribuído aos diretos humanos 
perpetrado na CF/88, bem como exerça com os compromissos assumidos no âmbito 
internacional, sendo observados os princípios gerais de boa-fé e o da pacta sunt servanda. 
Constata-se que a CIDH acusou o Estado Brasileiro de não ter realizado o controle de 
convencionalidade da Lei de Anistia no tocante à Convenção Americana, que segundo o 
próprio STF tem valor supralegal. Veja-se uma parte da sentença prolatada pela Corte 
Interamericana
9
: 
 
(...) O Tribunal observa que não foi exercido o controle de convencionalidade pelas 
autoridades jurisdicionais do Estado e que, pelo contrário, a decisão do Supremo 
Tribunal Federal confirmou a validade da interpretação da Lei de Anistia, sem 
considerar as obrigações internacionais do Brasil derivadas do Direito Internacional, 
particularmente aquelas estabelecidas nos artigos 8 e 25 da Convenção Americana, 
em relação com os artigos 1.1 e 2 do mesmo instrumento. O Tribunal estima 
oportuno recordar que a obrigação de cumprir as obrigações internacionais 
voluntariamente contraídas corresponde a um princípio básico do direito sobre a 
 
9 Disponível em < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf> acesso em 23 de maio de 
2012. 
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf
23 
 
responsabilidade internacional dos Estados, respaldado pela jurisprudência 
internacional e nacional, segundo o qual aqueles devem acatar suas obrigações 
convencionais internacionais de boa-fé (pacta sunt servanda). Como já salientou 
esta Corte e conforme dispõe o artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados de 1969, os Estados não podem, por razões de ordem interna, descumprir 
obrigações internacionais. As obrigações convencionais dos Estados Parte vinculam 
todos seus poderes e órgãos, os quais devem garantir o cumprimento das disposições 
convencionais e seus efeitos próprios (effet utile) no plano de seu direito interno. 
 
 O que fez a CorteInteramericana foi controlar a convencionalidade da Lei da Anistia 
brasileira em substituição ao Judiciário nacional, que o deveria ter feito. A consequência 
prática dessa decisão dada pelo Tribunal foi que a Lei de Anistia perdeu seu valor jurídico, 
não podendo o Estado deixar impunes os autores dos crimes bárbaros cometidos durante a 
Ditadura Militar, frente a atual dimensão que se encontra os direitos humanos. Diante disso, é 
necessário reconhecer que quando não exercido o controle de convencionalidade pelo 
Judiciário interno, faz-se necessário que a Corte Interamericana o realize, valorando os 
instrumentos, principalmente, os direitos humanos, não mais sendo a Constituição o único 
paradigma de controle desses direitos. 
 A necessidade de um efetivo controle de convencionalidade configuraria nas palavras 
de Mazuolli (2011, p. 89) em um “seguro avanço do constitucionalismo pátrio rumo à 
concretização do almejado Estado constitucional e Humanista de Direito”, visto que seria um 
meio de evitar que o Estado aja com instintos contrários aos direitos humanos, já que se torna 
um meio mais amplo que o controle de constitucionalidade. 
 Defesa plausível de ser suscitada para dar validade à tese apontada no presente artigo é 
a retratada pelos autores Leonardo Martins e Thiago Oliveira Moreira (2011, p. 12). 
Utilizando como norte o artigo 52, X, da CF/88, os autores citados defendem a possibilidade 
de adaptação do dispositivo para as decisões prolatadas pela CIDH, podendo o Senado 
Federal exercer sua discricionariedade de suspender a execução da lei inconvencional como 
tal declarada em decisão definitiva daquela Corte, paralelamente a sua competência para 
suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF. 
24 
 
 Se assim ocorresse teríamos mais um instrumento que visa pela máxima proteção dos 
direitos dos indivíduos, apreciando enfaticamente o princípio da dignidade da pessoa humana, 
pois além de garantir os preceitos constitucionais referentes aos direitos humanos, estaria o 
direito internacional a preencher lacunas de proteção desses, por isso a necessidade do 
controle de convencionalidade. 
 
6 CONCLUSÃO 
 
 Do exposto, podemos concluir que não se pode consentir que um Estado Democrático 
de Direito, baseado na proteção aos direitos humanos, permita que as atrocidades cometidas 
durante a ditadura militar fiquem impunes e que as vítimas daquele sistema não sejam 
reparadas pelos males sofridos. 
 Assim, considerando a imprescritibilidade dos delitos cometidos pelos agentes estatais 
durante o período ditatorial, por se tratarem de crimes contra a humanidade, bem como o 
reconhecimento da eficácia jurídica dos tratados internacionais de direitos humanos dos quais 
o Brasil é signatário, podemos declarar a inconvencionalidade da Lei da Anistia. Dessa forma, 
o Estado deve ser responsabilizado pelos atos cometidos por seus agentes, devendo investigar, 
punir e reparar as vítimas e os seus parentes. 
Com base nisso, percebe-se que, apesar do pronunciamento do Supremo Tribunal 
Federal ir de encontro com o pronunciamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, 
o assunto iniciado na ADPF 153 não se encontra encerrado. A Ordem dos Advogados do 
Brasil opôs embargos de declaração em face da decisão definitiva, que apesar de não possuir 
condão de afastar o acordão inicialmente proferido, encontram-se, desde 28 de junho de 2012, 
conclusos com o novo ministro relator do processo, Luiz Fux
10
. E agora, nasce uma nova 
 
10 O ministro Eros Grau aposentou-se em 30 de julho de 2010. Luiz Fux foi empossado do cargo de ministro do 
Supremo Tribunal Federal em 03 de março de 2011. 
 
25 
 
esperança, haja vista que a composição atual do STF encontra-se substancialmente diferente da 
que julgou inicialmente a ação, pois assim como o ministro Eros Grau, também se aposentaram os 
ministros Cezar Peluso, Ellen Gracie e Ayres Britto. Além disso, na data do julgamento, não se 
encontravam presentes os ministros Joaquim Barbosa e Dias Toffoli. 
Por fim, esperamos e nos filiamos à ideia de declarar a Lei da Anistia inválida, para 
que assim sejam consolidados os Direitos Humanos e firmadas as bases do Estado 
Democrático de Direito, com a eliminação definitiva de qualquer ameaça ou instabilidade à 
democracia. Ademais, e não menos importante, tal fato configura-se um dever decorrente das 
obrigações jurídicas firmadas pelo Estado Brasileiro em âmbito internacional. 
 
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