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MOSCAS E A SANIDADE ANIMAL - Fêmeas prolígeras (produzem grandes quantidades de ovos e repetem a postura várias vezes); - Larvas colonizam substratos como fezes, tecidos ou matéria orgânica (depende do tipo de mosca); - Após a eclosão das larvas, elas iniciam uma alimentação voraz; - Ao completar o terceiro estágio, se transformam em pupas > imóveis; - Adultos emergem do pupário com auxílio da membrana pitilínica (se expande por pressão hidrostática, rompendo o casulo do pupário). TRÊS MOSCAS QUE INCOMODAM GADO MOSCA-DOS-ESTÁBULOS (STOMOXYS CALCITRANS) - Hematófaga > aparelho bucal feito para sugar; - Não atingia a população a nível de causar transtornos (exceto em cavalos); - Começou a dar problemas em gado de corte > também afeta cães (lesão ulcerativa no pavilhão auricular); - Par de palpos muito pequenos; - Animal picado reage com mais dor do que o animal picado pela mosca-dos-chifres; - Stomoxys é um terço maior do que a outra e a sua proboscide muito mais longa e robusta; → 35 moscas/animal = 12% perda na conversão alimentar e 20% no ganho de peso. - Adultos podem voar até 8km/h; - Podem se dispersar mais de 225km; - Muitos patógenos envolvidos. Surge mais uma praga para a pecuária brasileira? R: Não! Essa mosca já existe há séculos nas américas e tem ampla distribuição. Essa mosca é a mesma mosca-do-bagaço? R: Sim, no nordeste brasileiro = mosca-da-vinhaça no Brasil central. Na argentina, é chamada de mosca brava. Ela ascendeu ao status de praga devido à instalação de usinas sucroalcooleiras? R: Não e sim! Há formas de manejo no cultivo da cana-de-açúcar e dos subprodutos de sua usinagem que permitem a multiplicação desta mosca em larga escala (proibição da queima da palha etc.). E quais seriam outras possíveis razões? R: O aumento de unidades de confinamentos, leiterias e tecnificação agropecuária maior produtividade, integração lavoura- pecuária etc. FAVORECIMENTO DAS MOSCAS-DOS-ESTÁBULOS: - Feno + fezes + umidade + urina > ótimo para o desenvolvimento das larvas; - Aumento da pluviosidade > aumento da umidade; - Acúmulo de matéria orgânica junto à cana-de-açúcar. MOSCA DOMÉSTICA (MUSCA DOMESTICA) - Distribuição mundial; - Comportamento antropofílico elevado; - Incomoda em grande quantidade; - Aparelho bucal do tipo lambedor. MOSCA-DOS-CHIFRES (HAEMATOBIA IRRITANS) - Hematófagas > aparelho bucal feito para sugar; - Par de palpos longos; - Ao pousar, os palpos ficam mais perpendicular; - Atacam também cães > lesões ulcerativas granulomatosas em ponta de orelha; - Lesões tendem a aumentar e adquirem caráter crônico; - Tratamento: limpeza, remoção dos debris, colocação de repelentes. MANEJO - Determinar qual é a “mosca”; - Mosca-dos-chifres > inseticida; - Uso de inseticida em mosca-dos-estábulos é limitada; - Encontrar, manejar e fazer a profilaxia no local de desenvolvimento das larvas; - Interceptar e matar a população adulta; - Considerar o fenômeno da resistência das moscas aos inseticidas; - “Folha adesiva” com inseticida > moscas grudam e morrem. HAEMATOBIA IRRITANS (MOSCA-DOS-CHIFRES) CARACTERÍSTICAS - ± 6mm; - Aparelho bucal com palpos longos e labela sem dentes; - Permanecem sobre o animal durante todo o dia (e noite), se posicionam com a cabeça direcionada baixo e só abandonam o animal para fazer postura nas fezes frescas; - Todo o desenvolvimento ocorre nas fezes (L1 até L3 – pupas e adultos desenvolvem nas proximidades do bolo fecal); - Ciclo curto de 16 dias (no verão faz de 8 a 9 dias); - Preferem animais com pelagem mais escuras, machos e fêmeas penhes. IMPORTÂNCIA - Perda de 40kg se o animal estiver parasitado por mais de 500 moscas por cerca de 30 dias; - Também é veiculadora de larvas de Dermatobia hominis e outros patógenos (T. vivax, T. evansi, Babesia, Anaplasma, BVD, leucose etc.) LESÕES - Lesão no couro > prejuízo econômico. CICLO BIOLÓGICO - Condições favoráveis > ciclo se completa em 16 dias; - Ovos são depositados em fezes frescas (imediatamente após a excreção); - As larvas eclodem em 24 horas e em 3 dias atingem o terceiro estágio; - Daí surgem as pupas e depois de 6 dias emergem os adultos, que ficam no corpo dos animais, de cabeça para baixo e põem até 180 ovos a cada postura. IMPORTANTE: - A sazonalidade e condições de meteorológicas são fatores determinantes para a regulação da população. FORMAS DE TRATAMENTOS E CONTROLE DA MOSCA-DOS-CHIFRES - Injetáveis; - Pour-on; - Aspersão; - Brincos; - Aditivos alimentares; - Controle biológico. COMENTÁRIOS - Sempre considerar as condições da propriedade; - Avaliar as condições meteorológicas predominantes – sempre se alternam secas e cheias, desde o devoniano; - Em algumas situações o tratamento seletivo é a medida mais inteligente e coerente: → Significa tratas apenas os animais com mais de duzentas moscas no corpo (geralmente são poucos); → Assim, apenas aqueles intensamente e permanentemente parasitados são tratados; → Preservando parte da população de moscas que estão nos outros animais e atuam como população em refúgio. TABANIDAE - Cerca de 3500 espécies descritas no mundo com vários gêneros; - Haemotopa (possui olhos com bandas coloridas e asas manchadas); - Chrysops (com pontos coloridos nos olhos e bandas escuras nas asas). Estes dois gêneros são pequenos: 6-10mm; - Tabanus > terceiro gênero > é maior (10-25mm) - Fidena > proboscide longa. - Os tabanídeos são conhecidos vulgarmente como mutucas, butuca ou motuca. CARACTERÍSTICAS - Apenas as fêmeas são hematófagas; - Diferente das fêmeas, os machos se nutrem de seiva, néctar e fezes de animais; - Sugam o sangue de mamíferos, répteis e eventualmente de aves e anfíbios > picada extremamente dolorida; - Preferem viver perto de ambientes aquáticos > exceção feita a algumas espécies de regiões áridas. CICLO BIOLÓGICO - Ciclo longo; - Larvas predadoras aquáticas; - Exigem áreas alagadas para que as larvas se desenvolvam na água ou na lama; - Estágio larval ocorre no inverno > estágio de pupa na primavera > adultos no verão; - Ciclo pode chegar a 3 anos em espécies de grande porte; - Larvas possuem de 6 a 9 estágios; - Cópula inicia-se no ar e é completada no solo. - A postura ocorre em massas sobre plantas aquáticas, acima do nível da água. As larvas caem na água ou locais úmidos e se alimentam; - As larvas são alongadas e os espiráculos estão situados em tubo como sifão. Após completar o terceiro estágio, as larvas migram para a lama e pupam; - Os machos vivem curto período e as fêmeas por até 5 meses; - Algumas larvas penetram na lama por cerca de 13cm em espiral e pupam. Este comportamento permite proteção quanto a lama seca e o escape destes é facilitado quando há emergência do pupário. PRINCIPAIS AGENTES TRANSMITIDOS POR TABANIDAE NAS CONDIÇÕES BRASILEIRAS - Trypanosoma theileri > tabanídeos são vetores biológicos; - Grupo estercorária > transmitido pelas fezes dos tabanídeos. MIÍASES - Invasão do tecido de vertebrados por larvas de dípteros, as quais se alimentam dos tecidos vivos ou mortos dos hospedeiros, de suas substâncias corporais líquidas ou do alimento por ele ingerido. FORMAS PRIMÁRIAS: - Larvas invadem tecido vivo. SECUNDÁRIAS: - Larvas invadem áreas com tecidos necrosados. TIPOS - Ulcerativa > lesões abertas com várias larvas; - Cavitária > seios nasais/frontais > Oestrus ovis, Gasterophilus; - Furunculosa > apenas uma larva ocupa um orifício na pele. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A RELAÇÃO PARASITO - HOSPEDEIRO OBRIGATÓRIAS: - Geralmente primárias; - As larvas se desenvolvem exclusivamente em tecidos vivos > não são capazes de sobreviver fora do hospedeiro; - Larvas biontófagas. FACULTATIVA OU ACIDENTAL: - Geralmente secundárias; - Espécies que geralmente se desenvolvem em matéria orgânica em decomposição, taiscomo carcaças, fezes e ocasionalmente depositam seus ovos ou larvas em tecidos vivos do hospedeiro; - Larvas necrobiontófagas. PODEM SER: Primárias: - Produzidas por espécies que adotaram o hábito ectoparasita; - São capazes de iniciar uma miíase. Secundárias: - Não são capazes de iniciar uma miíase, a não ser secundariamente a uma outra miíase. PATOGENIA FAMÍLIAS ENVOLVIDAS: - Calliphoridae; - Sarcophagidae; - Gasterophilidae; - Ostridae; - Muscidae. VARIA DE ACORDO COM: - A espécie envolvida; - Local da infestação; - Intensidade da infestação. INFESTAÇÕES INTENSAS: - Irritação; - Desconforto/dor; - Prurido; - Queda no consumo de alimento; - Redução da fertilidade; - Queda na produtividade do rebanho. CASOS EXTREMOS: - Hemorragia; - Infecção bacteriana; - Desidratação; - Anafilaxia; - Toxemia e morte. - As miíases são um grande problema na criação de animais, em recém-nascidos é imprescindível a profilaxia para evitar a miíase umbilical. OESTRIDAE: - Oestrus ovis > oestrose dos ruminantes (ovinos); - Hypoderma bovis > hipodermose nos bovinos > não registrada no Brasil. CUTEREBRIDAE: - Dermatobia hominis > berne; - Miíase furunculosa nos animais e no homem. GASTEROPHILIDAE: - Gasterophilus nasalis; - Gasterophilus intestinalis; - Gasterofilose dos equinos. CALIPHORIDAE: - Cochilomyia hominivorax > miíase traumática grave nos animais e no homem (bicheira); - Cochilomyia macellaria > miíase traumática secundária; - Lucilia sencata > miíase traumática em animais e homem; - Chrysomya albiceps > miíase secundária traumática em animais. CALLIPHORIDAE - COCHLIOMYIA SP. CARACTERÍSTICAS: - Palpos muito curtos; - Flagelos claros (tende a amarelo); - Aresta bipectinada; - Tórax verde e azul metálico; - Três linhas negras longitudinais no mesonato. - As larvas são vermiformes segmentadas e com parte posterior do corpo truncada; - Na parte anterior, aparelho bucal com esqueleto cefálico, espinhos quitinizados em cada segmento do corpo; - Posteriormente estão as aberturas respiratórias com estigmas alongados; - Larvas causadoras de miíases ulcerativas nos animais (principalmente em recém-nascidos). ESPÉCIES: - C. hominivorax; - C. macellaria. PREJUÍZOS ECONÔMICOS: - “Mosca da bicheira” > Cochliomyia hominivorax; - Redução da produtividade animal > perda de peso, leite e qualidade do couro; - Mortalidade de animais; - Custo no tratamento. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: - EUA livre a partir de 1966; - Barreira permanente na divisa com a Colômbia; - Distribuição atual no caribe e em toda América do Sul (menos Chile). OSTRIDAE - Gênero Oestrus com 5 espécies > apenas Oestrus ovis é importante; - Ampla distribuição geográfica; - Larvas são parasitas obrigatórios dos condutos nasais e dos seios frontais de ovinos e caprinos > podem ir para o pulmão. - Danos aos hospedeiros > ovinos e caprinos ficam irritados na presença da mosca; - Ação mecânica dos ganchos orais e dos espinhos larvais, associados à liberação de determinadas toxinas pelas larvas; - Processo inflamatório das membranas nasais, com corrimento de secreção mucosa a muco-purulenta e, ocasionalmente, sangramentos; - Pneumonia por translocação das larvas e sinusites. TRATAMENTO: - Mais prático > aplicação de endectocidas (lactonas); - Uso de inseticidas pode resultar em intoxicação dos animais. CUTEREBRIDAE - Mosca do berne; - Dermatobia hominis; - Necessita de vetores foréticos: geralmente com hábitos hematófagos. CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS VETORES FORÉTICOS: - Hábitos zoofílicos, independentemente de serem ou não hematófagos; - Período diurno de atividade; - Tamanho igual ou menor que a D. hominis. LESÕES: - Furunculosas; - Geralmente contaminadas por bactérias que geram quantidade significativa de pus. CICLO: - Mediado por hospedeiros foréticos; - Larva permanece na pele do animal por cerca de 30 dias; - Homem e outros animais domésticos e silvestres podem ser infectados. - Larva eclodida ativa > penetra de imediato ou migra pela pele do hospedeiro até penetrar em algum orifício; - Geralmente penetram próxima ao local que foram liberadas pelo hospedeiro forético. CONTROLE EFETIVO: - Tratamento de larvas no corpo do animal; - Inseticidas sistêmicos ou de contato. GASTEROPHILIDAE ESPÉCIES MAIS IMPORTANTES: - G. nasalis (Brasil); - G. intestinalis (Mexico, Venezuela, Brasil); - G. haemorrhoidalis (Mexico, Venezuela). OVIPOSIÇÃO: - G. nasalis e G. haemorroidalis realizam oviposição nos pelos da região da ganacha (barba); - G. intestinalis prefere pelos dos membros anteriores. ECLOSÃO DA LARVA: - G. nasalis e G. haemorroidalis > larva penetra na mucosa assim que eclode; - G. intestinalis necessita de um estímulo térmico de umidade e fricção (lambida do cavalo) para abandonar o ovo. MIGRAÇÃO BOCA-ESTÔMAGO: - G. nasalis > para na faringe antes de ser deglutido > 1 ou 2 semanas > pode ocorrer asfixia; - G. haemorroidalis e G. intestinalis > larvas vão direto para o estômago. NO ESTÔMAGO: - Todos preferem o piloro e o duodeno e o período parasitário é de 9 a 11 meses; - Podem causar cólica. - Fase na cavidade bucal = periodontite; - G. intestinalis: língua > glossite; - Pode ocorrer perfuração do epitélio do estômago e do intestino pelo aparelho bucal da larva; - Fixação: provoca inflamação local e úlceras > prejudica a digestão; - Podem desencadear síndrome cólica; - Alto parasitismo > pode ocorrer obstrução do piloro, abscessos gástricos, ulcerações, ruptura da parede do estômago, peritonite; - Morte.
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