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Carolina Ferreira CEFALEIAS - A cefaleia ou cefalalgia é definida como uma dor de intensidade variável, localiza- da ou difusa, em qualquer parte do crânio -Pacientes c/ cefaleia constituem + de 4,5% das visitas ao departamento de emergência - Do total, um pequeno nº de pacientes apresentam cefaleia potencialmente grave (5%) e a imensa maioria possui cefaleia primária benigna (95%) -A falha na identificação de uma cefaleia importante pode acarretar consequências fatais e o diagnóstico etiológico acaba sendo o objetivo + desafiador p/ o médico. -A cefaleia trigêmino autonômica costuma apresentar-se com intensidade forte ou muito forte, de curta duração, unilateral, em geral na região periorbitária ou temporal associada a pelo menos um dos seguintes: • Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento ipsilateral; • Congestão nasal e/ou rinorreia ipsilateral; • Edema palpebral ipsilateral; • Sudorese frontal e facial ipsilateral; • Miose e/ou ptose ipsilateral; • Sensação de inquietude ou agitação. Sugere-se que a cefaleia trigêmino autonômica e outras cefaleias primárias sejam avaliadas conjuntamente com o neurologista. EPIDEMIOLOGIA -Maioria das pessoas tem uma vez na vida - Sintoma primário ou secundário - Causa de atendimento neurológico - 20% de atendimento em clínica médica -É a 3º queixa + frequente ETIOLOGIA - Mais predominante em mulheres 2:1 - Quanto a sua etiologia pode ser classificada em: *Cefaleia 1º: o sintoma é a própria doença, ñ possuem uma causa aparente, nenhuma característica fisiológica específica com uma doença de base, exemplo: enxaqueca (migrânea), cefaleia tipo tensional e cefaleia autonômica tirgeminal *Cefaleia secundária: representam parte de sintomas de outras doenças, apresentam causa antômica pode ser aguda subaguda e crônica, exemplo: resfriado comum e cefaleia pós TCE Carolina Ferreira FISIOPATOLOGIA EXAME CLÍNICO -No atendimento a um paciente cuja queixa principal é cefaleia, faz-se necessária uma investigação pormenorizada da dor, dos antecedentes e hábitos de vida do paciente, buscando ativamente pela presença de sinais de alarme. -É preciso saber: • Caracterização da dor: modo de início, caráter, intensidade, localização, irradiação, duração, período predominante no dia, frequência, fatores desencadeantes, fatores de piora e melhora, sinais e sintomas associados, evolução. • Uso excessivo de medicações (analgésicos, ergóticos, opioides), álcool ou substância ilícitas. Questionar também sobre dependência de alguma dessas substâncias que possam indicar crise de abstinência. • Antecedentes pessoais e familiares; possibilidade de gravidez (precaução quanto à investigação radiológica) e uso de anticoncepcional oral. -No exame físico, além de realizar um exame neurológico objetivo, deve-se pesquisar sinais que indiquem, principalmente, presença de causa 2º a partir de ações como pesquisa de sinais meníngeos, fundoscopia p/ investigar edema de papila, palpação/percussão de trigger points, Carolina Ferreira ATM, seios da face, região temporal, buscar evidências de trauma, avaliação da cavidade oral e conduto auditivo. -É necessário saber: • Quais os sinais de alarme da cefaleia? • Início após os 50 anos de idade; • Início súbito, primeira ou pior cefaleia que o paciente já apresentou na vida; • Caráter progressivo (em intensidade, frequência e duração); • Mudança recente de padrão; • Refratariedade ao tratamento; • Piora com decúbito ou dor que faz o paciente acordar durante a noite; • Presença de sinais neurológicos focais ou qualquer anormalidade ao exame neurológico. EXAMES COMPLEMENTARES -Os pacientes que preenchem critérios p/ cefaleia primária e apresentam exame clínico e neurológico normais ñ necessitam de investigação complementar, exceto quando seja observado algum sinal de alarme ou quando o paciente chegue ao pronto atendimento c/ um aspecto atípico na apresentação clínica. -Os exames necessários dependerão da hipótese diagnóstica escolhida. -Por exemplo, quando se pensa em processo infeccioso, a realização de hemograma e provas de atividade inflamatória são indispensáveis -Já no caso de arterite de células gigantes, a velocidade de hemossedimentação (VHS) assume papel mais importante que o próprio exame de neuroimagem. -Na > dos casos em que a investigação os pacientes que preenchem critérios p/ cefaleia 1º e apresentam exame clínico e neurológico normais + necessitam de investigação complementar, exceto quando seja observado algum sinal de alarme ou quando o paciente chegue ao pronto atendimento com um aspecto atípico na apresentação clínica. SINAIS E SINTOMAS ETIOLÓGICOS -Cefaleia do tipo tensional episódica: cefaleia em pressão, holocraniana, de leve a moderada intensidade, podendo beneficiar-se c/ atividade física, aparece geralmente no fim do dia, durando de 30 min a 7 dias. Pode haver foto e/ou fonofobia, mas náuseas e vômitos estão ausentes. O exame neurológico é normal, hipertonia e hiperestesia da musculatura pericraniana podem estar presentes -Enxaqueca (ou migrânea): cefaleia de forte intensidade, associada a náuseas e/ou vômitos, podendo haver foto e/ou fonofobia, exacerbada por atividades físicas. Caráter latejante/ pulsátil, localização unilateral em dois terços dos casos, mudando de lado de uma crise p/ outra. Se a duração da crise é > que 72 horas, estamos diante de: estado migranoso -Cefaleia em salvas: cefaleia unilateral, referida sempre do mesmo lado, forte intensidade (excruciante), localizando-se em região orbital, supraorbital e/ou temporal. Associação a sinais/sintomas autonômicos ipsilaterais à dor (lacrimejamento e hiperemia conjuntival, congestão nasal e rinorreia, sudorese frontal, miose, rubor facial, ptose e edema palpebral) e duração limitada de 15 a 180 min -Migrânea crônica: o paciente típico tem história de migrânea episódica, c/ ↑ da frequência das crises, que passam a ser diárias ou quase diárias (cefaleia em ≥ 15 dias/mês). Ocorre a ↓da resposta aos analgésicos e/ou antimigranoso, e algumas crises podem passar a ter características de cefaleia do tipo tensional, c/ a perda do caráter pulsátil e dos fenômenos associados ↓ da intensidade de fenômenos associados (náuseas, vômitos, foto e fonofobia). A evolução de migrânea (enxaqueca) episódica p/ a migrânea crônica pode ser precipitada por consumo de analgésicos em + de 10 (triptanos, ergotamínicos e analgésicos combinados) a 15 (analgésicos simples e AINES) dias por mês e transtornos psiquiátricos (como Carolina Ferreira transtorno do pânico, depressão e/ou ansiedade). Outros fatores de risco p/ a cronificação da migrânea são o uso excessivo de cafeína, a obesidade e os transtornos da articulação temporomandibular -Cefaleia do tipo tensional crônica: tem as mesmas características da cefaleia do tipo tensional episódica, mas a cefaleia ocorre em > 15 dias/mês ou > 180 dias/ano DIAGNÓSTICO Critérios diagnósticos de migranea (enxaqueca) sem aura A. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz) C. Cefaleia preenche ao menos duas das seguintes características: 1. Localização unilateral 2. Caráter pulsátil 3. Intensidade moderada ou forte 4. Exacerbada por, ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras D. Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes sintomas: 1. Náusea e/ou vômitos 2. Fotofobia e fonofobia E. Não atribuída a outro transtorno Critérios diagnósticos de migranea (enxaqueca) c/ aura A. Pelo menos duas crises que preenchem os critérios de B a D B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes: 1. Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características positivas (p. ex., luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas (p. ex., perda visual) 2. Sintomas sensitivoscompletamente reversíveis, incluindo características positivas (p. ex., formigamento) e/ou características negativas (p. ex., adormecimento) 3. Alteração da linguagem (afasia) completamente reversível C. Pelo menos dois dos seguintes: 1. Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais 2. Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente em cinco minutos e/ou diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão de cinco minutos 3. Cada sintoma dura entre 5 e 60 minutos D. Cefaleia que preenche os critérios de B a D para migrânea sem aura começa durante a aura ou dentro de 60 minutos do início dela E. Não atribuída a outro transtorno Critérios diagnósticos p/ cefaleia tipo tensão A. Cefaleia tem pelo menos duas das seguintes características: 1. Localização bilateral 2. Caráter em pressão/aperto (não pulsátil) 3. Intensidade fraca a moderada 4. Não é agravada por atividades físicas rotineiras como caminhar ou subir escadas. B. Ambos os seguintes 1. Ausência de náusea ou vômitos (anorexia pode ocorrer) 2. Fotofobia ou fonofobia (apenas uma delas pode estar presente) C. Não atribuída a outros transtornos Carolina Ferreira TRATAMENTO FARMACOLOGICO - Tanto as cefaleias tensionais quanto as dores nas cefaleias secundárias podem ser tratadas c/ analgésicos (paracetamol, dipirona), antiinflamatórios ñ hormonais ou raramente c/ opioides, nos casos de refratariedade ou dor de forte intensidade. →Migrânea -Triptanos: específicos p/ o tratamento da dor na migrânea e superam os ergotamínicos por apresentarem muito menos efeitos adversos. Os efeitos adversos dos triptanos são leves e transitórios como vertigens, tonturas, sensação de calor e de fraqueza, náuseas e vômitos, dispneia e aperto no peito. As principais contraindicações são gravidez, doença coronariana, insuficiência vascular periférica e hipertensão arterial grave. -Sumatriptano: subcutâneo 6 a 12 mg/dia; oral 50 a 200 mg/dia; nasal 10 a 40 mg/dia. -Zolmitriptano e Naratriptano: oral 2,5 a 5 mg/dia. -Rizatriptano: oral 5 a 10 mg/dia. -Eletriptano: oral 40 a 80 mg/dia. -Dipirona: dose: 1 a 2 g via EV ; pode-se usar VO, em gotas ou comprimidos na mesma dosagem. -Anti-inflamatórios não hormonais (AINH): efetivos na migrânea, pois reduzem a inflamação neurogênica perivascular. Suas contraindicações são reação alérgica conhecida, úlcera péptica e insuficiência renal. Deve-se evitar seu uso em hipertensos e idosos. -Corticoides: dexametasona na dose de 4 a 12 mg, via endovenosa. Também é útil na crise aguda da enxaqueca, entretanto, não deve ser administrada isoladamente. Em geral, é associada a um analgésico ou AINH e um antiemético. -Ergotamínicos: apresentam eficiência comprovada na migrânea, porém seus efeitos colaterais (sintomas extrapiramidais) limitam seu uso, bem como o risco aumentado de indução de cefaleia de rebote. Estão contraindicados na gravidez, em pacientes c/ doença coronariana, doença vascular periférica, insuficiência hepática ou renal, hipertireoidismo, porfiria e hipertensão arterial grave. A dose total não deve ultrapassar 12 mg por semana. - Tartarato de ergotamina: 1 a 2 mg, via retal ou sublingual. -Mesilato de dihidroergotamina: 0,5 mg na forma de spray nasal. -Opioides: seu uso deve ser reservado para situações específicas, no caso de refratariedade às demais drogas, intolerâcia ou contraindicação. -Tramadol: 50 a 100 mg de 6/6 horas (frequência máxima), oral, endovenoso ou intramuscular. -Nalbufina: 2 a 10 mg, de 4/4 horas (frequência máxima), endovenoso ou intramuscular. -Codeína: 30 a 60 mg, de 4/4 horas (frequência máxima), oral. -Oxicodona: 10 a 20 mg, de 12/12 horas, oral. →Cefaleia em Salvas -P/ tratar as crises de cefaleia em salvas, os analgésicos comuns e os opioides ñ apresentam boa eficácia e ñ devem ser prescritos. -Oxigenioterapia: oxigênio a 100% deve ser a 1º escolha na emergência. Utiliza-se um fluxo de 5 a 7 litros/minuto, por 10 a 15 minutos, c/ máscara e, de preferência, com o paciente sentado ao contrário na cadeira levemente debruçado para frente. -Triptanos: sumatriptano, 6 a 12 mg, via intramuscular. Os demais triptanos ñ apresentam ainda experiência clínica suficiente e sua administração via oral ñ é favorável, uma vez que as crises de cefaleia em salva costumam ser de curta duração. Carolina Ferreira -Ergotamínicos: tartarato de ergotamina, 1 a 2 mg via sublingual ou dihidroergotamina (DHE) 0,5 a 1 mg via endovenosa. A DHE por via intramuscular ou inalatória é menos eficiente. -Lidocaína: 1 ml de lidocaína a 4% ou 6% instilado na narina ipsilateral à dor, c/ o paciente em posição de Trendelemburg e rotação lateral para o lado da dor. ❑ CEFALEIAS PRIMÁRIAS -A característica + marcante das cefaleias 1º é sua recorrência e estereotipia na apresentação clínica, de tal modo que a Sociedade Internacional de Cefaleia pôde estabelecer critérios diagnósticos p/ os principais grupos -A implicação imediata dessa conduta é p/ que os pacientes que preencham critérios p/ uma determinada cefaleia 1º ñ necessitem de investigação complementar. -Classicamente, os principais tipos de cefaleia 1º se apresentam da seguinte maneira: →Migrânea: -Acomete + mulheres do que os homens -A migrânea sem aura é + frequente que a mirgrânea c/ aura -Sintomas premonitórios: precedem a cefaleia por horas ou dias, nesta fase o paciente encontra- se irritado, c/ raciocínio e memorização + lento, desanimo e falta de apetite por alguns alimentos -Aura: é um complexo de sintomas neurológicos que se desenvolve gradualmente (ao longo de no mínimo 5 minutos) e dura até 60 minutos. A aura típica é um distúrbio visual constituído por pontos de luz, perda ou distorção de um dos hemicampos visuais ou parte deles. Às vezes associam-se parestesia unilateral e/ou disfasia. -Crises de cefaleia durando de 4 a 72 horas (ñ tratada ou tratada sem sucesso), -C/ localização unilateral, qualidade pulsátil, intensidade moderada ou forte que impeça o paciente de realizar as atividades diárias, agravada por atividade física de rotina -Durante a cefaleia, o paciente apresenta náuseas e/ ou vômitos ou fotofobia e fonofobia -Cefaleia: é de forte intensidade, latejante/pulsátil, piorando com as atividades do dia a dia. A duração da fase de dor é de 4 a 72 horas. A dor é unilateral em dois terços das crises, geralmente mudando de lado de uma crise p/ outra -Sintomas associados: náuseas e/ou vômitos, foto e fonofobia -Fase de recuperação: fase de exaustão em que alguns pacientes necessitam de um período de repouso para seu completo restabelecimento. -Complicações da migrânea: ● estado migranoso: cefaleia intensa que dura + que 72 horas, c/ intervalos livres inferiores a 12 horas, à qual associam-se náuseas e vômitos por horas seguidas, levando a desidratação e as suas consequências, como a necessidade de internação ● infarto migranoso: é um ataque idêntico aos outros episódios, mas os sintomas da aura persistem por mais de 60 minutos e são associados a um infarto demonstrado no exame de neuroimagem ● migrânea crônica: é o aumento da frequência das crises até tornarem-se diárias ou quase diárias (>15 dias por mês com dor por mais de 3 meses). São fatores de risco para cronificação: fatores emocionais, estresse, doenças psiquiátricas e abuso de analgésicos →Tipo Tensional: -Crise de cefaleia durando de 30 minutos a 7 dias, c/ localização bilateral e/ou qualidade de aperto/pressão (ñ pulsátil) e/ou intensidade leve a moderada que ñ impede as atividades diárias e não é agravada por atividade física de rotina Carolina Ferreira -Ausência de náuseas ou vômitos e, na > das vezes,ausência de fotofobia e fonofobia -É a + frequente das cefaleias 1º, c/ pico de prevalência na quarta década -Sua crise é de fraca ou moderada intensidade, c/ sensação de aperto ou pressão e pode ser frontal, occipital ou holocraniana -A dor podemelhorar com atividades físicas -Surge, em geral, no final da tarde, relaciona-se c/ estresse físico (cansaço, exagero de atividade física, especialmente no calor e sob o sol), muscular (posicionamento do pescoço no sono ou no trabalho) ou emocional -Por vezes, há hiperestesia e hipertonia da musculatura pericraniana que pode ser percebida com a palpação cuidadosa →Em Salvas (Trigeminal Autonômica): -Crises intensas de dor unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal, durando de 15 a 180 minutos se ñ tratada -Associada a, pelo menos, um dos seguintes sinais: injeção conjuntival e/ou lacrimejamento ipsilateral, congestão nasal e/ou rinorreia ipsilateral, edema palpebral ipsilateral, sudorese da fronte e da face ipsilateral, miose e/ou ptose ipsilateral, sensação e inquietação ou agitação. -É a cefaleia trigêmino-autonômica + frequente, acometendo 1 em cada 1.000 indivíduos (85% das pessoas afetadas são do sexo masculino) -Geralmente se inicia após os 20 anos, mas é + frequente entre as 3ª e 5ª décadas -A doença evolui em surtos de um a 3 meses de duração (salvas), quando o paciente experimenta de uma a 8 crises por dia e frequentemente é despertado à noite pela crise ❑ CEFALEIAS SECUNDÁRIAS -As cefaleias secundárias recebem essa classificação por decorrerem de outros qua- Dros -Entre eles estão, por exemplo, hemorragia subaracnoidea (HSA), dissecção arterial (causa comum de AVC em jovens), trombose venosa cerebral, síndrome da vasocontrição cerebral reversível, hipotensão liquórica espontânea e hipertensão intracraniana. -São caracterizadas por apresentarem início recente, estão relacionadas a sua causa de base e deve haver remissão parcial a total em até 3 meses do início do quadro. -Alguns critérios são necessários para que uma cefaleia possa ser considerada secundária: 1) que a condição em questão sabidamente seja capaz de causar cefaleia; 2) que a cefaleia desenvolveu-se em relação temporal c/ a condição subjacente. No quadro 1 estão mostrados os sinais de alerta para cefaleias secundárias ABORDAGEM DA CEFALEIA NA EMERGÊNCIA: CEFALEIA AGUDA RECORRENTE Nos casos de cefaleia do tipo tensional episódica: https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Frepositorio.ufsc.br%2Fbitstream%2Fhandle%2F123456789%2F187068%2FWebpalestra_Enxaqueca%2520cr%25C3%25B4nica.pdf%3Fsequence%3D2%26isAllowed%3Dy&psig=AOvVaw0aUT0g6KRooDyLTI62Ikan&ust=1585930764930000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCODtjNKSyugCFQAAAAAdAAAAABAJ Carolina Ferreira -O médico da unidade de urgência orienta paciente e familiares quanto à baixa gravidade do quadro e de ñ haver necessidade de encaminhá-lo a um especialista ou realização de exames complementares -Orientação sobre medidas educativas como: sono regular, evitar bebidas alcoólicas, controle de estresse (técnicas de relaxamento, atividade física leve), lazer. -Prescrição de analgésicos (paracetamol 750-1.000 mg até 6/6 h; dipirona 500 1.000 mg até 6/6 h) e/ou anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) (ibuprofeno 400-800 mg até 6/6 h; diclofenaco 50 mg até 8/8 h; cetoprofeno 50 mg até 6/6 h; naproxeno sódico 500 mg dose inicial e 250 mg até 6/6h). -Se ñ há resposta em 1 ou 2 horas com uma medicação, pode-se usar outra e orientar uma consulta na UBS p/ seguimento ambulatorial do quadro. Nos casos de enxaqueca (migrânea): -Em todos os casos tentar manter o paciente em repouso sob penumbra em ambiente tranquilo e silencioso (leitos de observação). -Nos casos em que a dor tem duração < a 72 horas: I. administrar antiemético parenteral se vômitos ou uso prévio de medicações: dimenidrato IV II. recomenda-se jejum, c/ reposição de fluidos (soro fisiológico 0,9% por IV se houver indícios de desidratação III. dipirona III. Cetoprofeno 100mg IV diluído em soro fisiológico 0,9% (100ml) ou 100mg IM. IV. reavaliar paciente em 1 hora; se ñ houver melhora, prescrever sumatriptano 6mg subcutâneo (1 seringa com 0,5ml), repetindo a dose, se necessário, em 2 horas -Se houver melhora da dor, liberar o paciente e encaminhar p/ acompanhamento ambulatorial na UBS -Se houver piora ou ñ melhora da dor após 2 horas de observação, encaminhar paciente p/ hospital terciário -Nos casos em que paciente chega à urgência c/ dor há + de 72 horas (estado migranoso): I. jejum e acesso venoso p/ reposição de fluidos se necessário, infundir soro fisiológico a 0,9% 500ml em pinça aberta; II. Tratamento da crise como citado anteriormente associado a dexametasona 10mg (ampola 10mg/2,5ml) IV lento. III. Se ñ melhorar c/ dexametasona e estiver na urgência da UBS encaminhar o paciente p/ uma UPA, onde deverá ser prescrito: clorpromazina 0,1-0,25mg/kg IM (ampola 25 mg/5 ml); manter infusão de soro fisiológico a 0,9%; III. se em 1 hora o paciente mantiver a dor, repetir clorpromazina por até três vezes, no máximo. -Atentar p/ hipotensão arterial e sinais / sintomas extrapiramidais (como rigidez muscular e inquietude) causados pela medicação, orientar o paciente a ñ levantar-se bruscamente. Não repetir a dose se ocorrer hipotensão ou sinal/sintoma extrapiramidal. -Se houver melhora clínica, o paciente recebe alta da UPA c/ encaminhamento para acompanhamento ambulatorial na UBS para que seja encaminhado a um ambulatório não hospitalar de neurologia -Se não houver melhora da dor após as 3 doses de clorpromazina, acionar CR e encaminhar paciente para hospital terciário, onde será realizada avaliação por neurologista e tomada conduta específica -Após internação em hospital terciário, o paciente deve ser redirecionado à atenção básica (UBS) por meio de contrarreferência descrevendo o tratamento realizado e as orientações a serem seguidas, com data de retorno em hospital terciário, se houver Carolina Ferreira Cefaleia em Salvas: -Administrar oxigênio a 100%, em máscara sem recirculação, c/ fluxo de 1012 l/min durante 20 minutos, ou sumatriptano 6mg por via subcutânea se disponível -Caso o paciente tenha utilizado algum medicamento vasoconstrictor, o sumatriptano deve ser evitado -Analgésicos comuns e opioides são ineficazes e não devem ser utilizados -Após melhora do quadro álgico, o paciente deve ser orientado a evitar fatores desencadeantes (bebidas alcoólicas e substâncias voláteis), até o final do período de crises -O médico da urgência deve encaminhar o paciente p/ avaliação pelo neurologista em nível 2º ABORDAGEM DA CEFALEIA NA EMERGÊNCIA: CEFALEIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA - Nos casos de cefaleia do tipo tensional crônica e migrânea crônica pode-se usar clorpromazina como orientado acima e o médico da urgência deve encaminhar o paciente ao neurologista em nível secundário -Orientação de medidas educativas, como sono regular, evitar bebidas alcoólicas, controle de estresse (técnicas de relaxamento, atividade física leve) e lazer. -Analgésicos devem ser abolidos, seu uso diário piora o quadro das cefaleias crônicas -A UBS poderá colaborar no tratamento seguindo orientações contidas na contrarreferência, além de continuar fazendo seguimento de comorbidades.
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