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SÍNDROME DISPÉTICA E DOENÇAS DO TGI SUPERIOR

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PEDRO SANTOS - MEDICINA 
 
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SÍNDROME DISPÉTICA E DOENÇAS DO TGI SUPERIOR 
Síndrome Dispéptica 
Conceito 
 ‘’ Dor epigástrica ≥ 1 mês’’ 
Observação 1 Risco de CA: > 40 anos*; sinal de alarme ( peso, anemia, disfagia, odinofagia). 
Observação 2 Refluxo (DRGE): não é dispepsia, mas confunde (abordagem própria). 
 
> 40 anos Ou alarme < 40 anos E sem alarme 
Endoscopia (EDA) Testa e trata H. pylori 
Com Lesão Orgânica 
 
EDA Normal 
 
IBP 
Dispepsia Orgânica 
(Úlcera Péptica, CA) 
Dispepsia Funcional  Sem resposta 
  Tricíclico 
Trata Lesão Orgânica Testa e trata H. pylori 
 sem resposta 
Procinético 
 
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO 
Conceito 
 Clínica ou endoscopia. 
Fisiopatologia 
 Perda de mecanismo antirrefluxo: 
 Esfíncter esofagiano inferior. 
 Junção esofagogástrica. 
Quadro Clínico 
Esofagiano (TÍPICOS) Extra Esofagiano (ATÍPICOS) 
 Pirose (queimação retroesternal ascendente) e 
Regurgitação. 
 Faringite. 
 Rouquidão. 
 Tosse crônica. 
 Broncoespasmo. 
 Pneumonia. 
 
Complicações 
50% dos casos: 
 Esofagite. 
 Úlcera. 
 Estenose Péptica (Disfagia). 
 Esôfago de Barret. 
Diagnóstico – Clínico! 
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Presença de pirose + regurgitação já autoriza a iniciar uma prova terapêutica que é realizada através da 
administração de um inibidor de bomba de prótons, 1x/dia por um período mínimo de 4-8 semanas. 
Quando realizar endoscopia? 
 Idade > 40-45 anos. 
 Sinais de alarme. 
 Refratariedade. 
Tratamento 
Medidas Antirrefluxo 
 Peso 
 Cabeceira 
Evitar comer 2-3 h antes de deitar 
*Eliminar alimentos que pessoalmente causem sintoma. 
 
Tratamento Farmacológico 
OBJETIVO: Reduzir acidez / DURAÇÃO: 8 semanas 
Inibidor de Bomba de Próton (IBP) em ‘’ dose padrão’’: 
Omeprazol 20 mg 
Pantoprazol 40 mg 
Esomeprazol 40 mg 
Lansoprazol 30 mg 
*Recorrência  IBP ‘’ sob demanda’’ ou crônico 
*Sem melhora  IBP ‘’ dose dobrada’’ (2x/dia) 
 
PRÉ-OPERATÓRIO 
pHmetria 24h (padrão-ouro: confirmação) 
Esofagomanometria (escolha da técnica) 
 
Tratamento Cirúrgico – Cirurgia Antirrefluxo 
Fundoplicatura 
Indicações: 
Refratário (sintoma mesmo com IBP 2x) 
Alternativa ao uso crônico 
Complicações: estenose / úlcera 
Fundoplicatura Total (Nissen – 360º) Fundoplicatura Parcial (Anterior ou Posterior) 
Evitar se: < 30 mmHg distal ou < 60% atividade 
peristáltica 
- 
 
Complicações 
ESOFAGITE 
EOSINOFÍLICA 
 Disfagia, impactação, dor torácica, pirose 
 DRGE refratária ao tratamento 
 EDA: anéis, estenoses, sulcos lineares 
 Tratamento: dieta + corticoide tópico 
 
ESÔFAGO DE BARRET 
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Conceito 
 Metaplasia intestinal. 
Lesão pré-adenocarcinomatosa. 
Manejo 
 Inibidor de Bomba de Próton 1x/dia. 
Sem displasia  EDA (c/ biópsia) 3-5 anos 
Displasia de Baixo Grau  Ablação endoscópica (ou EDA 12/12 meses) 
Displasia de Alto Grau  Ablação endoscópica 
Adenocarcinoma Invasivo  Tratar CA 
 
DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 
Marquinho Semperdão, 56 anos, ex-traficante, procurou o seu ambulatório, queixando-se de plenitude pós-
prandial e dor epigástrica há cerca de 4 meses. Não procurou atendimento antes, pois atribuiu os sintomas à 
ansiedade de sair da prisão e reassumir seu comando. Nega disfagia, emagrecimento ou outros sintomas. 
Desconhece história de CA na família. Refere apenas que um de seus seguranças apresenta clínica semelhante. O 
exame físico é inteiramente normal. 
 
Fisiopatologia 
FISIOLOGIA GÁSTRICA 
Nervo Vago 
BOMBA DE PRÓTON 
(Célula parietal) 
Histamina 
Gastrina 
 
Facilitadores 
AINES Inibição da COX-1  diminui produção de prostaglandinas  diminui barreira gástrica 
H. pylori 
1) infecção do antro: destrói células D  diminui somatostatina e aumenta gastrina  
hipercloridria. 
2) infecção disseminada: destrói todas as células hipocloridria + diminui barreira gástrica. 
 
COX-1: do bem  barreira mucosa. 
COX-2: do mal  inflamação. 
 
AINE não seletivo: inibe COX-1 e COX-2. 
AINE seletive (terminados em coxibe): inibe COX-2. 
 
Quadro Clínico 
 Dispepsia: Azia, plenitude, saciedade precoce. 
 Dor: 
 Gástrica: Piora com alimentação. 
 Duodenal: Piora 2 a 3 horas após alimentação -> Desperta a noite devido à dor. 
Diagnóstico 
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 Jovens e SEM alarme: PRESUNÇÃO. 
 ≥ 45 anos ou alarme: EDA - Se gástrica: biópsia + controle de cura (nova EDA após 8-12 semanas) 
SEMPRE PESQUISAR H. PYLORI 
Fez EDA: teste rápido da uréase / histologia 
Não fez EDA: uréase respiratória / antígeno fecal / sorlogia 
**Não realizar Sorologia no Controle de Cura 
INDICAÇÕES PARA ERRADICAR H. PYLORI 
Úlcera Péptica 
Linfoma MALT 
Dispepsia 
Lesões pré-neoplásicas, após gastrectomia, história + em parente de 1º grau. 
 
Classificação – Classificação De Johnson 
HIPERCLORIDRIA 
Duodenal - 
Gástrica tipo II Corpo gástrico 
Gástrica tipo III Pré-pilórica 
HIPOCLORIDRIA 
Gástrica tipo I 
Pequena curvatura 
baixa 
Gástrica tipo IV 
Pequena curvatura 
alta 
 
 
TRATAMENTO 
Tratamento farmacológico: 
 Terapia de antissecreção ácido por 4-8 semanas. 
 IBP (PADRÃO OURO) ou bloqueador histamínico (Ranitidina, Cimetidina). 
Tratamento da Helicobacter pylori: 14 dias 
 Claritromicina 500 mg, 12/12h, 2x/dia. 
 Amoxicilina 1g, 12/12 2x/dia. 
 Omeprazol 20 mg, 12/12h 2x/dia (IBP). 
CONTROLE DE CURA DA DUP 
Helicobacter pylori: ≥ 4 semanas após término do tratamento e NÃO USAR SOROLOGIA. 
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Úlcera gástrica: NOVA EDA após 8-12 semanas. 
 
Tratamento cirúrgico: 
Indicações: Intratabilidade clínica, complicações (sangramento, perfuração...). 
As Cirurgias: 
 Se hipercloridria: Vagotomia com/ou antrectomia. 
 Se gástrica: Retirar úlcera – alguma gastrectomia. 
Duodenal 
 Vagotomia Troncular + Piloroplastia. 
 Vagotomia Troncular + Antrectomia (mais complicações, menos recidiva). 
 Vagotomia Superseletiva (ou Gástrica Proximal) - (menos complicações, mais 
recidiva). 
Gástrica I 
(peq. curvatura 
baixa) 
 Gastrectomia Distal/Antrectomia + Reconstrução a BI. 
Gástrica II, III 
(corpo, pré-
pilórica) 
 Vagotomia Troncular + Gastrectomia Distal/Antrectomia + Reconstrução a 
BI/BII. 
Gástrica IV  Gastrectomia Subtotal + Y de Roux. 
 
SÍNDROMES PÓS-GASTRECTOMIA 
SÍNDROME DE DUMPING 
 Causa: Ausência de piloro  perde a barreira/freio do piloro  alimento vai direto pro duodeno. 
 Mais comum em BII. 
DUMPING = DERRAMAMENTO 
Dumping 
Precoce 
 15-20 min após alimentação. 
 Problema mecânico: rápido esvaziamento gástrico pós-prandial  distensão abdominal 
(sintomas gastrointestinais + vasomotores). 
 Dor náusea, diarreia + taquicardia, palpitação, rubor. 
Dumping 
Tardia 
 2-3h após a alimentação. 
 Problema hormonal: rápida elevação da glicose  hiperinsulinemia  hipoglicemia (alimento 
acaba e insulina continua alta). 
 Tontura, confusão mental, taquicardia, sudorese. 
 
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Tratamento: 
Medidas dietéticas: 
 Carboidratos. 
 Fracionar a dieta. 
 Deitar após as refeições. 
 
GASTRIRTE ALCALINA 
 Causa: Ausência do piloro  Refluxo biliar e pancreático para o estômago  gastrite alcalina. 
 Mais comum em BII. 
Clínica: 
 Dor contínua, sem melhora com vômito (bilioso). 
Tratamento: 
 Y de Roux. 
SÍNDROME DA ALÇA AFERENTE 
 Causa: Angulação da Alça Aferente  Semi-obstrução  acúmulo de secreção pancreática e biliar  distensão  
aumento da pressão dentro da alça  vômitos biliosos em jato. 
 Só ocorre em BII. 
Clínica: 
 Dor que piora com a alimentação  Vômitos em jato e alivia a dor. 
Tratamento: 
 BII  Y de Roux. 
NEOPLASIA ENDÓCRINA MÚLTIPLA 1 (SÍNDROME DE WERMER) 
Lembrar: os 3P’s. 
Gastrinoma Pâncreas 
Prolactinoma Pituitária 
Hiperparatireoidismo Paratireoide 
 
SÍNDROME DE 
ZOLLINGER-ELLISON 
(GASTRINOMA) 
 Úlcera Péptica Refratária + Diarreia + sem AINE, sem H. pylori. 
 Associada a NEM1– melhor prognóstico. 
 Gastrinemia: Gastrina > 1.000 pg/mL + pH gástrico < 2,5 – dúvida: teste da secretina. 
 USG endoscópico / cintilografia com octreotide. 
 Localização: trígono de Pássaro (mais comum: cabeça do pâncreas). 
 
 
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ULCERAS PERFURADAS 
Conduta 
 Rafia da úlcera + Tampão de omento + Erradicação do H. Pylori.

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