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livro Estética e Arte

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2018
Estética E artE
Profª. Brigitte Grossmann Cairus
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Brigitte Grossmann Cairus
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
C136e
 Cairus, Brigitte Grossmann
 Estética e arte. / Brigitte Grossmann Cairus – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 239 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0196-2
 1.Arte – Brasil. 2.Estética – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
 Da Vinci.
CDD 701.17
III
aprEsEntação
Caro acadêmico! Como podemos refletir sobre as emoções produzidas 
pelos objetos que admiramos? Por que será que a arte sempre existiu durante 
a história da humanidade, e quais foram as principais influências estéticas 
no ocidente? Ao longo desta disciplina, compreenderemos que a arte reside, 
basicamente, na habilidade humana de abstrair o pensamento e interpretar o 
mundo em sua volta de maneira criativa e simbólica.
Na primeira unidade deste livro, você será capaz de definir a estética 
da arte como uma disciplina da filosofia que estuda todas as manifestações 
artísticas. Compreenderá também como, em termos de conceitualização 
da música, há várias abordagens possíveis, dentre elas a abordagem mais 
conservadora, a estruturalista e a fenomenológica. 
Compreenderá como a essência do que é considerado belo, feio e 
sublime foi definida pelos filósofos de várias maneiras e se tornou a principal 
preocupação dos esteticistas. Ao mesmo tempo, entenderá como a história da 
arte tem sido, em termos conceituais, até a contemporaneidade, um conflito 
entre a forma e a matéria.
 
De um modo geral, as artes do mundo ocidental foram influenciadas 
principalmente pela arte dos gregos. Assim, na segunda unidade deste livro, 
você conhecerá as origens históricas da estética clássica ocidental e, mais 
precisamente, a origem do classicismo na arte e na arquitetura grega e romana. 
Compreenderemos como a apreciação pelo tratamento ideal do corpo, 
tanto entre os gregos como romanos, inspirou os pintores renascentistas na 
Europa a retratarem os nus clássicos, como a herança clássica foi novamente 
reacendida durante o Neoclassicismo e como esta permanece velada até os 
dias de hoje, na contemporaneidade. Por fim, estudaremos, ao fim da segunda 
unidade, um pouco acerca da natureza histórica e estética da música clássica, 
que designou uma idade de ouro da música entre os séculos dezessete e 
dezenove.
 
Na terceira unidade, você estará apto para compreender, com o 
advento da modernidade, a trajetória filosófica da estética artística no 
ocidente e as concepções estéticas e seus impactos na história da arte a partir 
do pensamento dos filósofos e intelectuais modernos e contemporâneos, 
como Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Johann Christoph 
Friedrich von Schiller, Friedrich Wilhelm Nietzsche, Martin Heidegger, 
Maurice Merleau-Ponty, Hans-Georg Gadamer e Gilles Deleuze.
 
Bons estudos e ótimas descobertas!
Professora Brigitte Grossmann Cairus
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA ......................... 1
TÓPICO 1 – CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA....................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A NATUREZA DA ARTE: DEFINIÇÕES, CONCEITOS E TEORIAS ....................................... 6
2.1 O CONCEITO CLÁSSICO DA ARTE ........................................................................................... 8
2.2 O CONCEITO DAS BELAS ARTES .............................................................................................. 10
2.3 ARTE COMO IMITAÇÃO .............................................................................................................. 12
2.4 A IDEIA DE MIMESES DE PLATÃO ............................................................................................ 14
2.5 ARTE COMO FORMA E CRIAÇÃO ............................................................................................. 17
2.6 CLIVE BELL E A ABSTRAÇÃO DE VANGUARDA ................................................................. 18
2.7 ARTE COMO EXPRESSÃO ............................................................................................................ 19
2.8 ARTE COMO ABSTRAÇÃO OU IDEIA ...................................................................................... 20
2.9 ARTE COMO “SEMELHANÇA FAMILIAR” ........................................................................... 21
2.10 A TEORIA INSTITUCIONAL DA ARTE ................................................................................... 21
2.11 TEORIAS ESTÉTICAS DA ARTE ............................................................................................... 22
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 24
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 – ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA .................................................................................... 27
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27
2 CARACTERÍSTICAS DA ARTE ....................................................................................................... 28
2.1 A INCERTEZA DA ARTE .............................................................................................................. 28
3 DEFINIÇÃO DE ESTÉTICA ............................................................................................................... 28
3.1 DEFINIÇÃO DE ARTE NA ESTÉTICA ........................................................................................ 29
3.2 ARTE, ESTÉTICA, ÉTICA E FILOSOFIA ..................................................................................... 30
3.3 ANÁLISE ESTÉTICA DAS OBRAS DE ARTE ............................................................................. 32
4 A ESTÉTICA NA MÚSICA ................................................................................................................. 33
4.1 O CONCEITO DAMÚSICA .......................................................................................................... 34
4.2 A ONTOLOGIA DA MÚSICA ....................................................................................................... 36
4.3 FORMA E PERCEPÇÃO NA ESTÉTICA MUSICAL ................................................................. 37
4.4 SIGNIFICADO DA MÚSICA ......................................................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40
TÓPICO 3 – O BELO, O FEIO E O SUBLIME NA ESTÉTICA ....................................................... 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 A BELEZA NA ESTÉTICA .................................................................................................................. 42
2.1 DEFINIÇÃO DA BELEZA NA ARTE ........................................................................................... 44
2.2 TEORIAS DA BELEZA ................................................................................................................... 47
3 O FEIO E O SUBLIME ......................................................................................................................... 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68
sumário
VIII
UNIDADE 2 – RAIZES HISTÓRICAS DA ESTÉTICA CLÁSSICA OCIDENTAL: GRÉCIA 
 E ROMA ANTIGAS ..................................................................................................... 69
TÓPICO 1 – ORIGENS DO CLASSICISMO ..................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 O QUE É O CLASSICISMO? O QUE É O NEOCLASSICISMO? ............................................... 73
2.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTILO CLÁSSICO ............................................................................ 75
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84
TÓPICO 2 – O CLASSICISMO NA ARTE E NA ARQUITETURA GREGA ............................... 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 O ESTILO ARCAICO GREGO .......................................................................................................... 89
3 O ESTILO CLÁSSICO E A ESTÉTICA DA ARTE GREGA ......................................................... 94
4 A NARRATIVA NA ARTE GREGA .................................................................................................. 99
5 REPRODUÇÕES MODERNAS E CONTEMPORÂNEAS .........................................................102
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................105
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................106
TÓPICO 3 – O CLASSICISMO NA ARTE E ARQUITETURA ROMANA ................................107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 O CLASSICISMO ROMANO NO REINADO DE AUGUSTO .................................................109
3 O COLAPSO ROMANO E O RENASCIMENTO DA ESTÉTICA CLÁSSICA NO 
 SÉCULO XIV NA EUROPA ..............................................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
TÓPICO 4 – A ESTÉTICA DA MÚSICA CLÁSSICA .....................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 FORMA MUSICAL ............................................................................................................................130
3 MÚSICA COMO ARTE ABSTRATA ..............................................................................................131
4 FORMALISMO MUSICAL ...............................................................................................................132
5 BELEZA, PRAZER SUBLIME E SENSUAL NA MÚSICA ..........................................................134
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................141
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142
UNIDADE 3 – ESTÉTICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA ................................................143
TÓPICO 1 – ESTÉTICA E MODERNIDADE: KANT, HEGEL E SCHILLER ............................145
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145
2 IMMANUEL KANT E O JULGAMENTO ESTÉTICO ................................................................148
2.1 KANT E A ESTÉTICA NA MÚSICA ..........................................................................................158
3 GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL E O VALOR DA ARTE ...........................................159
4 FRIEDRICH SCHILLER E A EDUCAÇÃO ESTÉTICA ..............................................................164
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174
IX
TÓPICO 2 – ESTÉTICA E O PENSAMENTO PÓS-MODERNO: NIETZSCHE, HEIDEGGER
 E MERLEAU-PONTY ....................................................................................................175
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175
2 NIETZSCHE E O ARTISTA ..............................................................................................................176
2.1 DIONISÍACO E APOLÍNEO ........................................................................................................177
2.2 O DESEJO DE PODER ..................................................................................................................181
3 OS TRÊS PILARES DA ESTÉTICA DE HEIDEGGER ...............................................................187
4 MERLEAU-PONTY E A HISTORICIDADEDA ARTE .............................................................194
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................206
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................209
TÓPICO 3 – ESTÉTICA E A CONTEMPORANEIDADE: GADAMER E DELEUZE ..............211
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................211
2 GADAMER E A SUBSTÂNCIA DA SUBJETIVIDADE ESTÉTICA ........................................212
2.1 A EXPERIÊNCIA DA ARTE NA CONTEMPORANEIDADE ................................................217
2.2 JOGO E ARTE .................................................................................................................................218
2.3 O FESTIVAL ....................................................................................................................................220
2.4 O SÍMBOLO ....................................................................................................................................222
3 GILLES DELEUZE E O DOMÍNIO TRANSCENDENTAL DA SENSIBILIDADE ...............223
3.1 DELEUZE E AS ARTES .................................................................................................................224
3.2 PERCEPTOS E AFECTOS .............................................................................................................226
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................227
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................229
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................231
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................233
X
1
UNIDADE 1
ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: 
CONCEITO E NATUREZA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• compreender o conceito de arte, de estética e a relação no contexto social, 
histórico e cultural;
• compreender a estética na música;
• aprender as especificidades conceituais acerca do belo, do feio e do sublime 
na arte.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará 
autoatividades que o ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
TÓPICO 2 – ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
TÓPICO 3 – O BELO, O FEIO E O SUBLIME NA ESTÉTICA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
1 INTRODUÇÃO
A palavra arte vem do latim ars, que significa o “ato de fazer”. A arte, para 
os gregos, significava o domínio, para o ser humano, de uma ou mais técnicas. 
Temos o costume de usar a palavra arte para a ideia de saber fazer algo bem feito, 
por exemplo, a arte da guerra, a arte da política, a arte de cozinhar etc. 
Assim, a arte, quando empregada no domínio das artes visuais, do teatro, 
dança e da música, em sua definição primeira, incorpora o domínio técnico e a 
habilidade de fazer a obra que será admirada, seja ela uma canção, uma escultura, 
uma poesia, uma coreografia ou uma pintura. Entretanto, a definição é apenas 
a “ponta do iceberg”, pois o termo arte engloba vários conceitos e interpretações 
diferentes.
 
Historicamente, de início, a arte teve uma função ritual e mágico-religiosa, 
que foi sofrendo alterações com o passar do tempo. Na civilização ocidental, por 
exemplo, a arte teve uma função religiosa até o período da Idade Média. 
Com o Renascimento italiano, em finais do século XV, começa a haver a 
distinção entre a razão e a fé, e a arte começa a ter uma função mais estética do 
que religiosa. No período, o artesanato também passa a ser distinto das belas 
artes. O artesão é aquele que se dedica à produção de obras múltiplas, ao passo 
que o artista é quem cria obras únicas. 
Já a classificação utilizada na Grécia antiga incluía seis ramos dentro da 
própria arte: a arquitetura, a dança, a escultura, a música, a pintura e a poesia 
(literatura). Mais recentemente, houve a inclusão do cinema como sendo a sétima 
arte e a fotografia como a nona. Seja como for, a definição do termo “arte” varia 
conforme a época e a cultura, e é um reflexo da maneira criativa como o ser 
humano vive, pensa, sente e acredita em determinada época.
A estética é uma ciência que irá decifrar todas as mudanças conceituais e 
teóricas da arte ao longo do tempo, bem como analisar a relação existente entre 
a arte e o homem.
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
4
Entretanto, o que será que determina o fazer artístico? Trata-se de uma 
dinâmica intensa, que envolve três importantes elementos intrinsicamente 
ligados ao artista: sua personalidade, o contexto histórico-cultural e as influências 
recebidas pelo meio ambiente em que vive. Para Gallo (1997), o próprio artista 
determina a funcionalidade de sua obra.
Vejamos agora algumas definições de artistas e intelectuais famosos a 
respeito da arte, segundo Herman (2014), para tentarmos abarcar um pouco da 
complexidade do universo conceitual. Ao final de cada citação, você encontrará o 
nome do artista, o período em que ele viveu e a fonte da citação.
• Arte como imitação ou criação:
- “O artesão sabe o que ele quer fazer antes mesmo de começar, mas a confecção de 
uma obra de arte é um negócio estranho e arriscado, no qual o fabricante nunca 
sabe exatamente o que ele está fazendo até que ele faça”. R. G. Collingwood 
(1889-1943), filósofo inglês, The Principles of Art (1938).
- “A arte ou é plagiária, ou é revolucionária”. Paul Gauguin (1848-1903), artista 
francês nascido no Peru, citado em Huneker, The Pathos of Distance (1913).
• Arte cria beleza ou harmonia:
- “Preenchendo um espaço de uma maneira bonita. Isso é o que a arte significa 
para mim”. Georgia O'Keeffe (1887-1986), pintora americana, em Art News, 
dezembro de 1977.
- “A arte é harmonia”. Georges Seurat (1859-1891), pintor francês, carta para 
Maurice Beaubourg (1890).
• Arte como algo que revela a verdade essencial ou escondida:
- “A arte não reproduz o visível, em vez disso, torna (algo invisível em) visível”. 
Paul Klee (1879-1940), pintor suíço, The Inward Vision (1959).
- “Todos sabemos que a arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz 
perceber a verdade”. Pablo Picasso (1881-1973), pintor espanhol, citado em 
Picasso on Art, de Dore Ashton (1972).
• Arte como um pensamento expressado através da forma (ou não):
- “As ideias sozinhas podem ser obras de arte. Todas as ideias não precisam ser 
concretizadas. Uma obra de arte pode ser entendida como uma ponte entre 
a mente do artista para o espectador. Mas talvez a obra de arte nunca possa 
chegar ao espectador, ou talvez nunca saia da mente do artista”. Sol LeWitt 
(1928-2007), artista americano, "Sentenças na arte conceitual", em Arte e 
Significado, editado por Stephen David Ross (1994).
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
5
• Arte como uma fonte de calma em um mundo caótico:
- “A arte tem algo a ver com a conquista da quietude no meio do caos”. Saul 
Bellow (1915-2005), romancista americano, em George Plimpton, Writers at 
Work, terceira série (1967).
• Arte como fenômeno político:
- “ Não acho que a arte seja elitista ou misteriosa. Não creio que ninguém possa 
separar a arte da política. A intenção de separar a arte da política é em si 
mesma uma intenção muito política”. Ai Weiwei (1957-), artista chinês, "Shame 
on Me", em Der Spiegel, 21 de novembro de 2011.
•	 Arte	como	autoexpressão	ou	autobiografia:
- “O que é arte? A arte cresce fora da tristeza e alegria, mas principalmente, do 
sofrimento. Nasceda vida das pessoas”. Edvard Munch (1863-1944), artista 
norueguês, em Edvard Munch: The Man and His Art, de Ragna Stang (1977).
 - “Toda a arte é autobiográfica; a pérola é a autobiografia da ostra”. Federico 
Fellini (1920-1993), diretor de cinema italiano, no Atlantic Monthly, dezembro 
de 1965.
• Arte como comunicação de sentimentos:
- “Evocar em si mesmo um sentimento que experimentou, e então, por meio 
de movimentos, linhas, cores, sons ou formas expressas em palavras, para 
transmitir esse sentimento - esta é a atividade da arte”. Leon Tolstoi (1828-
1910), autor russo, em O que é arte? (1890).
• Arte como vício:
- “A arte é uma droga formadora de hábitos”. Marcel Duchamp (1887-1968), 
artista norte-americano de origem francesa, citado em Richter, Dada: arte e 
antiarte (1964).
• Arte como uma tentativa de se obter a imortalidade:
- “A arte é uma revolta, um protesto contra a extinção”. André Malraux (1901-
1976), romancista, ensaísta e crítico de arte francês, Les Voix du silence (1951).
• Arte como aquilo que é exibido em um museu ou galeria:
- “[Em 1917, Marcel Duchamp, usando o pseudônimo R. Mutt, submeteu um urinol 
comprado na loja, que intitulou “Fonte”, para uma exposição de arte]. Se o Sr. 
Mutt, com suas próprias mãos, fez o tal urinol ou não, isso pouco importa. Ele 
fez a escolha. Ele tomou um objeto comum, do nosso cotidiano, colocou-o (em 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
6
um museu) de modo que seu significado útil desapareceu sob um novo título e 
ponto de vista (e) criou um novo pensamento para o objeto”. Marcel Duchamp, 
Beatrice Wood e Henri-Pierre Roché, The Blind Man, 2ª edição (maio de 1917).
- “Se uma declaração geral pode ser feita sobre a arte dos nossos tempos, é 
que, por um lado, o antigo critério do que uma obra de arte deveria ser foi 
descartado em favor de uma abordagem dinâmica na qual tudo é possível”. 
Peter Selz (1919), historiador de arte americano de origem alemã, Art in Our 
Times (1981).
A arte, como vimos a partir das definições anteriores, é um tema complexo, 
que merece ser adensado em suas teorias, definições e concepções históricas. 
Vamos agora explorar um pouco mais o tema nos estudos desta unidade.
2 A NATUREZA DA ARTE: DEFINIÇÕES, CONCEITOS E TEORIAS
“Realmente não existe a arte como tal. Há apenas artistas”. 
(Gombrich, 1984, p. 4)
A observação de Gombrich sugere que a arte não existe por si própria, 
mas é algo que os artistas fazem. Os vários exemplos utilizados para ilustrar 
determinada opinião – a cerâmica, a arquitetura, a pintura, as instalações 
contemporâneas, a arte performática, a fotomontagem e escultura – têm um 
status estético. 
Em outras palavras, o rótulo "arte" conecta objetos, práticas e processos 
muito diferentes. Reconhecendo a diversidade, várias categorias foram feitas 
dentro de definições de arte visual. Assim, podemos propor um conjunto geral 
de diretrizes para entender como a arte é definida.
As belas artes têm sido tradicionalmente utilizadas para distinguir as 
artes promovidas pela academia, incluindo a pintura, o desenho, a escultura, o 
artesanato. Este último normalmente se refere aos trabalhos criados para uma 
função, como cerâmica, joalheria, têxtil, bordado e vidro, designados como artes 
decorativas. 
A distinção não se aplica tão fortemente na arte contemporânea, a qual 
apresenta uma variedade de materiais que são utilizados, incluindo, por exemplo, 
a cerâmica na obra de Grayson Perry (1960) e os bordados nas ilustrações de 
Izziyana Suhaini (1986). 
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
7
FIGURA 1 – AS CERÂMICAS DE GRAYSON PERRY – ARTE EM 
CERÂMICA
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.compin/29266367
5762438130/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
As formas e o conteúdo de Perry são sempre incongruentes: as cerâmicas 
clássicas carregam memórias de sua triste infância, frisos de carros-naufrágios, 
celulares, supermodelos, bem como cenas mais escuras e literárias, geralmente 
com referências autobiográficas.
FIGURA 2 – AS ILUSTRAÇÕES BORDADAS DE IZZIYANA SUHAINI
FONTE: Disponível em: <http://blog.oysho.com/en/izziyana-suhaimi-
embroidered-illustrations/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Izziyana Suhaina argumentava que o trabalho dela explorava as evidências 
da mão e do tempo. Era um ato quieto e silencioso, e cada ponto representava um 
momento do passado. A construção de pontos se tornava então uma representação 
do tempo e o trabalho final era como uma manifestação física do tempo – um 
objeto de tempo. 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
8
Cada ponto também era uma gravação dos pensamentos e emoções do 
criador. A artista apreciava a dualidade do bordado em seus movimentos de 
esfaquear, cortar, cobrir, construir, reparar, desmontar. Cada ponto feito parecia 
revelar e conter uma história ao mesmo tempo. 
Há, no entanto, ainda uma diferenciação entre os objetos feitos com uma 
função específica em mente (as preocupações técnicas e relacionadas ao design 
são primordiais) e aqueles que são feitos principalmente para exibição em museus 
ou galerias de arte.
Uma definição mais ampla de arte engloba as atividades que produzem 
obras com valor estético, incluindo a realização de filmes, performance e 
arquitetura. Por exemplo, a arquitetura sempre teve uma conexão estreita com a 
pintura, com o desenho e com a escultura. Exemplos são o renascimento clássico, 
que ocorreu no século XVIII e no início do século XIX, e a estética da Bauhaus da 
década de 1930, que integrou belas artes com design, artesanato e arquitetura.
As definições contemporâneas da arte não são tão específicas como as 
ideias que costumavam ser das belas artes, particularmente restritivas sobre 
a natureza do valor estético. As definições contemporâneas estão associadas à 
teoria institucional da arte, provavelmente a definição mais amplamente utilizada 
de arte hoje. Esta reconhece que a arte pode ser um termo designado pelo artista 
e pelas instituições do mundo da arte, e não por qualquer processo externo de 
validação. 
Por um lado, fornece um quadro expansivo para a compreensão de 
diversas práticas artísticas, porém, por outro lado, é tão ampla que pode, por 
vezes, tornar-se sem um sentido definido. No entanto, independentemente da 
categorização, todas as definições de arte são mediadas através da cultura, história 
e linguagem. Para entendermos os diferentes conceitos de arte, precisamos olhar 
para a sua origem social e cultural.
2.1 O CONCEITO CLÁSSICO DA ARTE
Em um contexto ocidental, a arte é entendida como uma atividade prática 
e com base no artesanato, que tem a história mais longa. Por exemplo, dentro da 
cultura grega antiga, não havia nenhuma palavra ou conceito que se aproximasse 
da nossa compreensão de "arte" ou "artista". No entanto, a palavra grega 'techne' 
designou uma habilidade ou arte, e a palavra 'technites' significa um artista que 
criou objetos para fins e ocasiões particulares (SORBOM, 2002). 
Da mesma forma, no mundo clássico, exemplos de arte, como estátuas 
e mosaicos, tinham papéis práticos, públicos e cerimoniais. Vejamos o exemplo 
de uma escultura clássica de Zeus, que é uma cópia de uma escultura original 
grega do século V a.C., que teria sido julgada de acordo com o padrão técnico 
demonstrado e na medida em que cumprisse os papéis sociais e cívicos esperados.
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
9
FIGURA 3 – A FORÇA DO CONCEITO CLÁSSICO NA ATUALIDADE: CÓPIAS 
RECENTES DE ESCULTURAS GREGAS ANTIGAS
FONTE: Disponível em: <http://skylightstudiosinc.com/s/bronze-sculpture-
reproductions/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
O mais importante foi a crença de que a forma humana deveria ser 
representada em seu sentido vital como sendo a união do corpo e da alma 
(SORBOM, 2002). A ideia de que uma escultura ou mosaico deveria ser julgada por 
critérios independentemente de tais fins era estranha ao conceito clássico de arte.
Dentro de uma tradição ocidental de arte, originária da prática grega e 
romana,as categorias de arte e artesanato se tornaram familiares em contextos 
específicos, com relação à cultura e públicos particulares. 
Em toda a Europa e América do Norte, por exemplo, os pressupostos 
culturais sobre o que a arte deveria ser estavam intimamente ligados às 
origens e ao desenvolvimento do tema acadêmico da própria história da arte, 
sendo fundamentais as instituições sociais, como academias e museus, que 
foram estabelecidos a partir do final do século XVI em diante. Coletivamente, 
determinados interesses estabeleceram definições normativas da arte, ou seja, 
ideias sobre como a arte deve se apresentar e a sua função, cujas variações do 
conceito continuam até hoje. 
Outro ponto importante é que rotular algo como arte implica em algum 
tipo de julgamento avaliativo sobre a imagem, objeto ou processo. Reconhece a 
especificidade de uma variedade de práticas dentro de uma categoria mais ampla 
ou tradição com reivindicações particulares ao valor estético e/ou social. Contudo, 
é importante entender que o significado e as atribuições da arte são particulares 
para diferentes contextos, sociedades e períodos. 
Seja qual for a prevalência no tempo de objetos e práticas com propósitos 
estéticos, ideias e definições da arte estão sempre sujeitas ao seu tempo histórico, e 
se relacionam com os pressupostos sociais e culturais das sociedades e ambientes 
que as formam.
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
10
2.2 O CONCEITO DAS BELAS ARTES
O conceito das belas artes ou artes plásticas, influenciado pelo conceito 
clássico da arte, surgiu no século XVIII e permaneceu forte até o movimento 
moderno, mas podemos dizer que ainda é utilizado, em certa medida, na 
contemporaneidade. O conceito pressupunha que a pintura, a escultura, o desenho 
e a arquitetura eram manifestações superiores às artes aplicadas, praticadas por 
trabalhadores. 
A categorização baseada na academia das belas artes e o consenso 
que a sustentou durante vários séculos demonstram como os interesses eram 
duradouros e hegemônicos. Contudo, a partir do final do século XIX, muitos 
artistas de vanguarda começaram a fazer trabalhos que questionavam tanto a 
temática convencional quanto o primado das categorias distintas (pinturas de 
história e retratos, por exemplo), ou a tradição de representação que significavam. 
O trabalho dos artistas Paul Cézanne (1839-1906), Pablo Picasso (1881-
1973) e Georges Braque (1882-1963) demonstrou a importância da vida selvagem 
como gênero para o nascimento do modernismo (BRYSON, 1990). 
Da mesma forma, o desenvolvimento da colagem de Braque e Picasso e 
a inclusão nesta de objetos cotidianos, como folhetos e ingressos, exploraram a 
realidade da superfície plana, em vez de ocultá-la através do ilusionismo, que 
tinha sido uma característica tão dominante da pintura e da escultura, patrocinada 
pela Academia de Belas Artes. 
FIGURA 4 –“GARRAFA DE VINHO MARC, VIDRO, VIOLÃO E JORNAL” – 
COLAGEM DE PABLO PICASSO, FEITA EM 1913
FONTE: Disponível em: <https://br.pinterest.com/explore/picasso-
collage/?lp=true>. Acesso em: 25 jul. 2017.
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
11
As ideias baseadas na academia geralmente marginalizavam práticas 
de arte não ocidentais, que refletiam diferentes ideias sobre estética, cultura e 
significado. O comércio, colonização e imperialismo no exterior estimularam o 
interesse em máscaras tribais, esculturas, tecidos e objetos, que representavam 
fetiche de regiões como África, Ásia, Índia e Península Ibérica. Os objetos e as 
culturas nativas contribuíram para grandes coleções etnográficas em toda a 
Europa, estimulando o interesse generalizado por arte e artesanato não ocidentais. 
Na vanguarda modernista, vários artistas, como Braque, André Derain 
(1880-1954), Ernst Kirchner (1880-1938), Henri Matisse (1869-1954), Picasso e 
Maurice de Vlaminck (1876-1958) popularizaram o culto do primitivismo. 
FIGURA 5 – “CABEÇA DE MULHER”, DE PABLO PICASSO, FEITA EM 1907 – 
A INFLUÊNCIA DAS MÁSCARAS AFRICANAS NA PINTURA GEOMÉTRICA DE 
PICASSO
FONTE: Disponível em: <https://pixel77.com/influence-art-history-cubism/>. 
Acesso em: 25 jul. 2017.
Embora tais interesses frequentemente refletissem estereótipos romantizados 
sobre o que a arte e a cultura primitiva realmente significavam, também havia o 
reconhecimento das dimensões sociais e políticas (LEIGHTEN, 1990). 
O legado de convenções baseadas na academia de arte é tal que ainda 
há uma tendência de alguns por classificarem obras de arte – pintura, desenho 
e escultura – como intrinsecamente superiores às práticas contemporâneas de 
instalação, performance ou arte conceitual. 
Para entender tais categorizações e exclusões, é útil considerar as teorias 
estéticas, que têm sido historicamente influentes na formação de valores e 
premissas sobre o significado da arte.
Vamos agora aprofundar nossos conhecimentos acerca das teorias 
e concepções da arte, que se deram sobretudo a partir do Renascimento até a 
contemporaneidade. 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
12
2.3 ARTE COMO IMITAÇÃO
Para iniciar nossos estudos sobre a temática, vamos observar as obras 
intituladas Adão e Eva, de 1526, do artista Lucas Cranach I (1472-1553) e o retrato 
da Sra. Fiske Warren e sua filha Rachel, de 1903, do artista John Singer Sargent 
(1856-1925):
FIGURA 6 – PINTURA DE CRANACH (ADÃO 
E EVA, 1526)
FIGURA 7 – SINGER (SRA. FISKE WARREN E SUA 
FILHA RACHEL, 1903)
FONTE: Disponível em: <https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Lucas_
Cranach_the_Elder-Adam_and_Eve_1533.
jpg>. Acesso em: 25 jul. 2017.
FONTE: Disponível em: <http://jssgallery.org/
Paintings/Mrs_Fiske_Warren_and_Her_Daughter.
htm>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Existem grandes diferenças entre as duas pinturas em termos de tema, 
data, gênero, origem, materiais e significados. Apesar de terem quase 400 anos 
de diferença, Cranach tenta transmitir o simbolismo de uma história bíblica 
(a Tentação de Adão) e Sargent procura capturar, como em uma fotografia, a 
semelhança da Sra Fiske e de sua filha Rachel. 
Ambas as pinturas trabalham com base na semelhança, tanto as 
circunstâncias de um evento imaginado quanto as características de um indivíduo 
em particular. A teoria da imitação (ou mimeses) situa a arte como um espelho 
para a natureza e o mundo que nos rodeia. Dentro da história da pintura ocidental, 
o princípio da imitação foi associado à invenção e à adoção generalizada do ponto 
de vista único, uma inovação que, literal e simbolicamente, sublinhou o primado 
do ponto de vista do artista. 
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
13
Foi um grande avanço que ajudou em ilusões cada vez mais convincentes 
das noções de profundidade e espaço em uma superfície plana. Por exemplo, uma 
pintura naturalista, como a Santíssima Trindade de Masaccio, pintada em 1427, 
em Santa Maria Novella, na Florença, tornou-se, em efeito de teorias e histórias 
da arte, um marco importante na história da arte, que pelo uso da perspectiva e 
realismo, parte para uma nova dimensão espacial. 
FIGURA 8 – SANTÍSSIMA TRINDADE DE MASACCIO (1427). SANTA 
MARIA NOVELLA, FLORENÇA
FONTE: Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Holy_Trinity_
(Masaccio)>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Determinado exemplo foi emblemático nas tentativas de capturar a 
forma como as coisas pareciam aos olhos, ou como se acreditava que fossem na 
realidade. O sucesso de uma obra de arte tornou-se, em grande parte, dependente 
da extensão e facilidade com que os espectadores fossem seduzidos a suspender a 
descrença, esquecendo que, de fato, estavam olhando para uma superfície plana 
e bidimensional.
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
14
2.4 A IDEIA DE MIMESES DE PLATÃO
A ideia de arte como imitação pode ser rastreada até o décimo livro “A 
República”, de Platão, de 340 a.C. (SHEPPARD, 1987). Em seus escritos, Platão 
depreciou a pintura, compreendida por ele como uma mera mimese ou imitação, 
como tendo um usolimitado. Uma pintura de uma mesa não era a forma ideal 
da mesa (a ideia perfeita de uma mesa que existia na imaginação divina), nem a 
mesa feita em uma oficina de carpinteiro. 
De acordo com Platão, uma pintura de uma mesa era apenas uma cópia 
e tinha um valor prático limitado, uma vez que não poderia ser usado para 
realmente fazer ou projetar uma mesa real (LYCOS, 1987). Embora, em outros 
lugares, Platão apoie mais a arte esquemática (HYMAN, 1989), seus comentários 
aqui sugerem que a prática da pintura imitativa e ilusionista é paralela a uma 
atividade fraudulenta. A abordagem de Platão em relação à arte foi moldada pelo 
mundo clássico e pelos valores de sua época. 
O princípio da imitação faz mais sentido quando consideramos a crença, 
proeminente desde o Renascimento, de que os artistas devem tentar uma 
representação mais precisa do assunto possível. Crenças desse tipo moldaram 
muito o cânone ocidental de arte – aqueles exemplos julgados pelas academias de 
arte como modelos ideais. Na verdade, levaram quase 400 anos, após o nascimento 
de Leonardo da Vinci (1452-1519), para um desafio de vanguarda sobre a crença 
dominante de que a arte era fundamentalmente imitativa. 
Entretanto, a ideia de que a arte deve ser imitativa das coisas no mundo 
continua a ser generalizada e determinado conceito ainda é bastante presente, em 
alguns casos, aos aspectos da prática contemporânea. Apesar de todo o avanço 
tecnológico imagético, as pinturas hiper-realistas, feitas com lápis ou por um pincel 
ainda constam, na atualidade, como uma forte modalidade apreciada por muitos. 
FIGURA 9 – EXEMPLO DE PINTURA HIPER-REALISTA
FONTE: Disponível em: <http://www.top13.net/hyperrealistic-paintings-
renaissance-emanuele-dascanio/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
15
DICAS
Você sabe o que é arte hiper-realista? O hiper-realismo é um gênero de 
pintura e escultura que se assemelha a uma fotografia de alta resolução. O hiper-realismo 
é considerado um avanço do fotorrealismo pelos métodos utilizados para serem criadas 
as pinturas ou esculturas. O termo é aplicado principalmente a um movimento artístico 
independente e estilo de arte nos Estados Unidos e na Europa, que se desenvolveu desde o 
início da década de 1970.c
A imitação não é uma condição necessária, nem suficiente da arte. 
Certamente, não explica o status artístico da música, arquitetura, ficção 
imaginativa ou poesia. Também não explica a abstração – arte que não tem 
nenhuma semelhança óbvia com o mundo que nos rodeia ou com instalações 
tridimensionais. Considere, por exemplo, uma das quatro versões do quadrado 
preto de Kasimir Malevich (1878-1935), c.1929. 
FIGURA 10 – O QUADRADO NEGRO DE MALEVICH (1929)
FONTE: Disponível em: <http://www.independent.co.uk/artsentertainment
/art/features/kasimir-malevichs-black-square-what-does-it-say-to-you-
9608316.html>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Embora a imagem tenha sido interpretada de várias maneiras, o 
naturalismo não está entre seus elementos de representação. A teoria da mimese 
também é inútil ao explorar a arte, que segue diferentes pressupostos sobre 
significado e valor. 
Potencialmente, determinada teoria marginaliza tradições de criação de 
imagens iconoclastas dentro da arte islâmica, por exemplo, demonstrando que 
as considerações transcendentes da unidade divina são primordiais e dispensam, 
muitas vezes, o uso de imagens realistas ou naturalistas. 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
16
Devido à restrição moral em utilizar imagens naturalistas, a arte islâmica 
desenvolveu um alto padrão estético ligado às formas geométricas, presentes 
muitas vezes na arquitetura em forma de mosaicos, por exemplo. 
FIGURA 11 – ARTE ICONOCLASTA E GEOMÉTRICA ISLÂMICA – 
MOSAICOS
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/
pin/489062840754588512/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Observemos também a arte da Ásia e da China, que apresenta a 
centralidade de um estado meditativo como o fundamento da expressividade 
artística. Por exemplo, a arte, após a Dinastia Han (206 AC-220 DC), foi entendida 
como uma expressão do tao, significando literalmente o caminho, que derivou do 
Taoísmo, uma religião indígena da China (CLUNAS, 1997). 
O Taoísmo ofereceu a salvação pessoal e a perspectiva de imortalidade, 
crenças que foram transmitidas através de várias práticas cerimoniais, rituais e 
alquímicas. Ao contrário da tradição cultural de imitação grega e romana, a arte 
produzida na China, naquele momento, estava preocupada com o alinhamento 
da personalidade do criador com o tao – o universo e a ordem natural. A ênfase na 
imitação também exclui uma ampla gama de objetos e práticas que caracterizaram 
a arte de vanguarda mais recente.
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
17
FIGURA 12 – ARTE TAOÍSTA CHINESA – PINTURA EM NANQUIM QUE 
TRANSMITE UM ESTADO MEDITATIVO
FONTE: Disponível em: <http://art.thewalters.org/detail/17331/a-taoist-
immortal/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Ainda, a ideia de que a arte e a fotografia imitativas são espelhos imparciais 
do mundo externo, é difícil de justificar - todos percebemos e experimentamos o 
mundo de maneira diferente. Em última análise, qualquer representação é uma 
interpretação que não será neutra, mas subjetiva (FOSTER, 1985). 
É importante nos questionarmos. Mesmo quando somos apresentados 
com uma imagem naturalista, é realmente o efeito ilusionista que consideramos 
ser o último ponto de interesse ou valor? Embora possamos aplaudir o pintor, 
ou a técnica naturalista do fotógrafo, a imitação é realmente tudo o que 
procuramos na arte?
2.5 ARTE COMO FORMA E CRIAÇÃO
Um jornalista britânico e crítico de arte, Clive Bell (1881-1964), delineou 
ideias sobre estética formalista em seu tratado intitulado Arte (1914). Em linhas 
gerais, as abordagens formalistas da arte enfatizam a aparência e composição do 
trabalho de arte (sua forma), ao invés da narrativa ou conteúdo. Aqui, discutindo 
"obras de arte", Bell faz a pergunta: "qual qualidade é compartilhada por todos os 
objetos que provocam nossas emoções estéticas?" (BELL, 1949, p. 8). 
O autor afirmou que nossa resposta a certos tipos de arte decorreu da 
impressão feita pelas propriedades de suas linhas, cores, formas e tons. Ele 
afirmou que a resposta estética era intuitiva e involuntária, ou seja, que não temos 
controle sobre como nos sentimos diante de, por exemplo, uma tela de Cézanne 
ou uma tapeçaria persa. Representada de forma particular, uma configuração de 
linhas, formas e cores fornece ao espectador a experiência de maneira significativa 
que Bell julgou ser a referência de todas as melhores obras de arte. Da mesma 
forma, todos os exemplos têm em comum determinada qualidade significativa. 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
18
A teoria de Bell parece circular e autojustificativa. Uma vez que também 
não define claramente "forma" ou "significância", é impossível avaliar com mais 
clareza quais os critérios que ele realmente prevê. Sugere-se que o espectador saiba 
quando experimentou uma resposta tão atraente a um objeto, mesmo que não 
consiga explicar claramente o motivo. A teoria de Bell também era essencialista 
– afirmou que a grande arte compartilhava, ou tinha em comum, qualidades 
visuais essenciais e consistentes que permitiam o reconhecimento como tal. 
É importante ressaltar que, para a era eduardiana, que corresponde 
ao período entre 1901 e 1910, no Reino Unido, Bell julgou 12 teorias de arte 
e histórias de arte, com atributos para serem aplicáveis tanto às obras de 
arte, quanto para exemplos de design, artesanato ou arquitetura, com status 
parecidos (EDWARDS, 1999). 
A ideia de uma forma significativa, mesmo que deliberadamente vaga, 
mostrou-se atraente para uma nova geração, porque parecia explicar o prazer 
aparentemente simples e sensual, derivado de realmente olhar objetos estéticos, 
independentemente da finalidade, categorização ou status prévio.
Vamos conhecer oque significa era eduardiana? A era eduardiana da história 
britânica cobre o breve reinado do rei Eduardo VII, de 1901 a 1910 e, às vezes, é estendida 
em ambas as direções para capturar as tendências de longo prazo da década de 1890 até a 
Primeira Guerra Mundial.
IMPORTANT
E
2.6 CLIVE BELL E A ABSTRAÇÃO DE VANGUARDA 
Embora a teoria de Bell fosse simplista, sublinhou uma mudança de 
sensibilidade para além dos julgamentos sobre arte, decorrentes de critérios de 
semelhança ou naturalismo acadêmico, que previamente definiram a pintura 
tradicional europeia e americana. A crescente prevalência da fotografia, que 
proporcionou reproduções mecânicas de imagens, sublinhou a importância de 
identificar as características e atributos que eram exclusivos de outras formas de 
prática estética (GOULD, 2003). 
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
19
FIGURA 13 – A PRESENÇA INOVADORA DA FOTOGRAFIA NA ERA 
EDUARDIANA NA INGLATERRA
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/CeruleanHMC/
victorian-and-edwardian-womens-society/?lp=true>. Acesso em: 25 
jul. 2017.
Como o colega e contemporâneo Roger Fry (1886-1934), Bell foi um 
defensor do trabalho de Cézanne e dos pós-impressionistas, exposições que ele 
havia apoiado em Londres, em 1910 e 1912 (GAIGER e WOOD 2003). 
Bell também argumentou que o conteúdo narrativo da arte era, na melhor 
das hipóteses, irrelevante e, na pior das hipóteses, negava o status estético de 
um objeto. Recentemente, para alguns de seus contemporâneos eduardianos, 
ele efetivamente deslegitimou muito do cânone da arte ocidental desde o 
Renascimento. Determinadas ideias foram importantes porque anteciparam 
algumas das respostas críticas à abstração de vanguarda, que posteriormente se 
tornaram generalizadas.
2.7 ARTE COMO EXPRESSÃO
“A arte é o remédio da comunidade para a pior doença mental, a 
corrupção da alma”. (COLLINGWOOD, 1975). 
De acordo com a teoria da expressão, a arte deve esclarecer e refinar ideias 
e sentimentos que são compartilhados com o espectador. Entre suas teorias e 
história da arte, o expoente mais influente foi o historiador e esteticista britânico 
Robin George Collingwood (1889-1943). 
Em “The Principles of Art” (1943), Collingwood argumentou que a arte 
própria se distingue por uma emoção particular e única, não possuída por arte ou 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
20
arte como diversão, que ele descreve como formas menores de arte técnica. Como 
ele mesmo disse com eloquência, o lugar da arte é contar à audiência "os segredos 
de seus próprios corações" (COLLINGWOOD, 1975, p. 336). 
Ao comunicar o pensamento autêntico ou um estado de espírito, a arte 
permitiu adquirir autoconhecimento e, assim, levar uma vida melhor. Como 
Graham (1997, p. 32) observa, “é através da construção imaginativa que o artista 
transforma a emoção vaga e incerta em uma expressão articulada”. 
A ideia de que a arte deve ter um papel amplamente comunicativo não 
é nova, mas o que Collingwood parece sugerir é mais ambicioso: a arte deve 
transmitir verdades fundamentais e uma visão sobre o que significa ser humano 
no mundo. 
A teoria é considerada normativa, preocupa-se menos com a definição de 
arte como tal, do que como a arte deve ser valorizada e compreendida (GRAHAM, 
1997). Na medida em que a teoria de Collingwood ignora a semelhança como um 
critério próprio da arte, compartilha semelhanças com a ideia de Bell, de forma 
significativa, dentre outras teorias formalistas. 
2.8 ARTE COMO ABSTRAÇÃO OU IDEIA 
Como na teoria de formas ideais de Platão, Collingwood sugere que a 
realização real do objeto de arte é inerentemente inferior à concepção como forma 
ideal. Vendo ou encontrando outra forma para as teorias de arte e a história da 
arte, as formas, ideias e associações de arte são fundamentais para a experiência 
sensorial que ela oferece. A menos que a arte seja reproduzida e compartilhada 
com o espectador de alguma forma, ela permanece invisível, conhecida apenas 
pela mente do artista. 
Embora existam problemas em relação à teoria da expressão de 
Collingwood, o que ela reconhece é como a arte visual, como a música, pode 
e fornece ideias e perspectivas que não são automaticamente as que surgem da 
mera semelhança ou que são necessariamente redutíveis à forma. Embora um 
clichê, a ideia de que uma imagem ou objeto possa transmitir mil palavras, pelo 
menos, reconhece que a arte pode expressar ideias e associações – sensoriais, 
intelectuais ou experienciais – mais facilmente sentidas do que explicadas.
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
21
2.9 ARTE COMO “SEMELHANÇA FAMILIAR” 
Diante de tal diversidade, alguns filósofos argumentaram que há pouco 
interesse em procurar um denominador comum na arte, seja uma semelhança ou 
expressão, o que dará uma definição mais abrangente. Em vez disso, eles usaram 
a ideia de "semelhança familiar" (WARBURTON, 2004, p. 149-150). 
Embora os membros de uma família compartilhem algumas características 
genéticas e físicas de uma geração para outra, haverá semelhança ao invés de 
semelhança exata. Portanto, o melhor que podemos esperar é que os tipos de arte, 
como pinturas, filmes ou instalações, terão qualidades particulares em comum, 
que nos permitirão reconhecê-las como arte. A abordagem oferece a possibilidade 
de que formas e movimentos, que inovam a arte, possam ser incorporados na 
"família" existente com base em compartilhar algumas características. Assim, a arte 
pode ser entendida como um conceito aberto que está sujeito ao desenvolvimento. 
Um grande problema com o conceito de semelhança familiar é que não faz 
distinção entre propriedades exibidas e não exibidas. Assim, embora possamos 
identificar semelhanças estilísticas em exemplos de arte mimética, podem existir 
outros casos em que outras práticas de arte diferentes e visualmente diferentes têm 
uma conexão subjacente que não é evidente para o olho (WARBURTON, 2003). 
2.10 A TEORIA INSTITUCIONAL DA ARTE
A Teoria Institucional da arte, criada por George Dickie (1926), sugere 
que a arte pode ser aquilo que o artista ou as pessoas ligadas ao mundo da arte 
dizem que ela é. Exemplos típicos incluem a obra intitulada “A Fonte” de Marcel 
Duchamp (1887-1968), feita em 1917, ou a obra de Tracey Emin (1963), “Minha 
Cama”, de 1999. 
Segundo Noéli Ramme (2011), o ponto de partida da Teoria Institucional 
da arte não é uma experiência subjetiva ou individual, e não incorpora uma 
experiência estética. A teoria de Dickie parte de uma dissociação fundamental 
entre o estético e o artístico, como sugerem os ready-mades como arte, de Duchamp. 
Assim, o estético teria a ver com uma experiência individual, que não 
está restrita ao campo da arte, enquanto o artístico, com uma prática social, 
considerando a arte como uma produção coletiva por pessoas que pertencem 
a um grupo cultural. Vamos analisar a seguir as obras dos artistas Duchamp e 
Emin:
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
22
FIGURA 14 – A FONTE DE MARCEL DUCHAMP 
(1917)
FIGURA 15 – MINHA CAMA DE TRACEY EMIN 
(1999)
FONTE: Disponível em: <http://ecoarte.
info/ecoarte/2012/11/a-relevancia-da-arte-
ciencia-na-contemporaneidade/fonte-
urinol-marcel-duchamp-1917/>. Acesso em: 
25 jul. 2017.
FONTE: Disponível em: <http://www.
liverpoolecho.co.uk/whats-on/arts-
culture-news/tracey-emin-tate-liverpool-
bed-11681245>. Acesso em: 25 jul. 2017.
Apesar de ser uma das teorias mais flexíveis e acolhedoras da arte até agora 
esboçada, ela pode apresentar o risco de ignorar as especificidades e atributos da 
arte, o que a torna uma atividade humana tão importante e diferenciada. Além 
disso, precisamos considerar, em que critérios o mundo da arte faz a seleção 
desses objetos designados como arte? 
2.11 TEORIAS ESTÉTICAS DA ARTE 
Todas as teorias de arte consideradas até agora têm limitações. Ao 
reconhecê-las, os filósofos analisaram a natureza da própria avaliação estética. 
Em outras palavras, há algo que a nossa respostaà arte tem em comum com o 
prazer que tomamos em uma paisagem: a cadência de uma frase ou simplesmente 
em ouvir o canto dos pássaros? Será que, ao invés de tentarmos definir a arte, 
devemos simplesmente tentar uma definição de beleza? Se pudermos concordar 
com isso, talvez possamos basear nossos julgamentos sobre a arte em bases mais 
seguras? 
A definição de beleza e o caráter da nossa resposta a ela provaram ser um 
problema filosófico e estético desafiador, cuja natureza não pode ser totalmente 
explorada aqui. Em suma, não há acordo sobre o que é a beleza, ou o que pode 
ser. Como observa Sheppard (1987), um relato satisfatório da experiência estética 
deve explicar o que a torna tão poderosamente intuitiva e, ao mesmo tempo, 
explicar por que o oposto, o desprendimento, ou mesmo o desgosto ou o horror, 
também podem ser atraentes. 
TÓPICO 1 | CONCEITUANDO ARTE E ESTÉTICA
23
As teorias e as histórias de arte do filósofo alemão Emmanuel Kant 
(1724-1804) alegaram que os julgamentos estéticos são desinteressados, ou seja, 
respondemos a um objeto simplesmente com base em como nos parece, ao invés 
de ter alguma necessidade ou uso particular para isso. Embora ele tenha afirmado 
que os julgamentos estéticos afirmam validade universal, Kant permaneceu vago 
quanto ao que os critérios particulares de tais julgamentos estéticos poderiam ser, 
ou como possíveis julgamentos estéticos são possíveis (SHEPPARD, 1987).
24
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma definição mais ampla de arte engloba as atividades que produzem obras 
com valor estético, incluindo a realização de filmes, performance e arquitetura. 
• As definições contemporâneas da arte não são tão específicas como as ideias que 
costumavam ser das belas artes, particularmente restritivas sobre a natureza 
do valor estético. As definições contemporâneas estão associadas à teoria 
institucional da arte, provavelmente a definição mais amplamente utilizada de 
arte hoje. 
• Dentro de uma tradição ocidental de arte, originária da prática grega e 
romana, as categorias de arte e artesanato se tornaram familiares em contextos 
específicos, com relação à cultura e públicos particulares.
• Em toda a Europa e América do Norte, por exemplo, os pressupostos culturais 
sobre o que a arte deveria ser estavam intimamente ligados às origens e ao 
desenvolvimento do tema acadêmico da própria história da arte, sendo 
fundamentais as instituições sociais, como academias e museus, que foram 
estabelecidas a partir do final do século XVI em diante. 
• Ao rotularmos algo como arte, avaliamos o tipo de julgamento sobre a 
imagem, o objeto ou processo, ou seja, reconhecemos a especificidade de uma 
variedade de práticas dentro de uma categoria mais ampla ou uma tradição 
com reivindicações particulares ao valor estético e/ou social. 
• Seja qual for a prevalência no tempo de objetos e práticas com propósitos 
estéticos, ideias e definições da arte estão sempre sujeitas ao seu tempo 
histórico, e se relacionam com os pressupostos sociais e culturais das sociedades 
e ambientes que as formam.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1 No início desta unidade (na Introdução), conhecemos algumas definições 
de artistas e intelectuais famosos a respeito da arte, e nos demos conta da 
complexidade do universo conceitual. Dentre as definições, escolha duas 
com as quais você se identifique mais, e explique o porquê. 
2 As teorias da estética têm sido historicamente influentes na formação de 
valores sobre o significado da arte. Associe as duas colunas, em termos de 
relação do conceito de arte como:
I- Imitação
II- Forma e criação 
III-Expressão
IV-Abstração ou ideia
( ) Foi um grande avanço, que ajudou em ilusões cada vez mais convincentes 
das noções de profundidade e espaço em uma superfície plana.
( ) Essas ideias foram importantes porque anteciparam algumas das respostas 
críticas à abstração de vanguarda, que posteriormente se tornaram 
generalizadas.
( ) A arte deve transmitir verdades fundamentais e uma visão sobre o que 
significa ser humano no mundo.
( ) As formas, ideias e associações de arte são fundamentais para a experiência 
sensorial que ela oferece.
A sequência correta da associação é:
a) I-II-III-IV.
b) IV-II-III-I.
c) III-IV-II-I.
d) II-I-III-IV.
AUTOATIVIDADE
26
27
TÓPICO 2
ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos sobre arte e música, bem como conheceremos 
a natureza da estética. 
A arte existe ao longo de toda a história da humanidade e a sua 
importância reside, basicamente, na habilidade humana de abstrair o pensamento 
e interpretar o mundo à sua volta de maneira criativa e simbólica. A estética, por 
sua vez, é importante porque aprofunda a razão pela qual a arte sempre existiu, 
a necessidade ardente da humanidade através dos tempos para ver o mundo de 
uma maneira diferente e clara. 
Já a estética da música compreende a reflexão filosófica sobre a origem, 
a natureza, o poder, o propósito, a criação, o desempenho, a recepção, o 
significado e o valor da música. Algumas das suas reflexões abordam questões 
gerais de estética colocadas em um contexto musical. Por exemplo, qual é o status 
ontológico da obra de arte na música, ou quais são os fundamentos dos juízos 
de valor na música? Outros problemas são mais ou menos peculiares à música, 
faltando um paralelo claro em outras artes. Por exemplo, qual é a natureza do 
movimento percebido na música? Como o casamento entre música e palavras 
pode ser melhor compreendido?
É importante determinada análise porque, segundo Schafer (1991, p. 
67), “ao contrário de outros órgãos dos sentidos, os ouvidos são expostos e 
vulneráveis. Os olhos podem ser fechados, se quisermos; os ouvidos não, estão 
sempre abertos. Os olhos podem focalizar e apontar nossa vontade, enquanto os 
ouvidos captam todos os sons do horizonte acústico, em todas as direções”. 
Portanto, o estudo da estética, no campo das linguagens artísticas, busca 
compreender o significado subjetivo da arte. A estética é um ramo da filosofia 
que lida com noções como a beleza, a feiura e o sublime. A origem da palavra 
estética é aisthetike em grego, que significa percepção através dos sentidos.
Assim, este tópico contribuirá para a realização de uma análise entre arte, 
música e a estética.
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
28
2 CARACTERÍSTICAS DA ARTE 
Em linhas gerais, podemos estabelecer que a arte:
• É uma expressão de emoções.
• É desestruturada e aberta.
• Não pode ser facilmente quantificada.
• Não pode ser duplicada.
• Mexe com as pessoas em um nível emocional.
• Provém do intelecto, do coração e da alma.
• É um resultado dos talentos inatos de uma pessoa.
• Joga com as emoções.
2.1 A INCERTEZA DA ARTE
No caso da arte, há a incerteza inerente que é evidente em cada golpe de 
pincel que um pintor faz em uma tela. É bastante idêntico, em todas as sílabas, 
que um ator progrida no palco, desde que ele também esteja improvisando. 
Ninguém sabe como será a peça final até o último detalhe ser colocado. Nenhum 
crítico pode avaliar o desempenho até que o ato seja completo e uma resposta seja 
despertada da audiência. 
3 DEFINIÇÃO DE ESTÉTICA
Iniciamos nossos estudos nos perguntando: o que é estética? A palavra 
estética foi utilizada, pela primeira vez, no contexto moderno, pelo filósofo 
Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1831). Ele queria estabelecer uma disciplina 
da Filosofia que pudesse estudar todas as manifestações artísticas.
 
A estética, segundo Baumgarten, é uma disciplina que reflete acerca das 
emoções produzidas pelos objetos que são admirados pelos seres humanos. 
Entretanto, o termo estética, contudo, já havia sido cunhado pelos filósofos na 
antiguidade através da palavra grega aesthesis, que significa sensibilidade.
 
A estética é, portanto, um dos dois ramos principais da teoria de valor 
na filosofia. O outro ramo seria a ética, que é um estudo de valores na conduta 
humana. A estética é um estudo de valor naarte, e estuda o relacionamento da 
arte com o ser humano. 
No entanto, podemos definir o campo de forma muito restrita ao 
considerarmos que a arte inclui a literatura de prosa e poética. Poderíamos 
argumentar que a literatura sempre tem um componente auditivo. Quando lemos 
a literatura, os sons e as inflexões das palavras acompanham nossos pensamentos. 
Poderíamos resolver o problema dizendo que a estética é um estudo de valor nas 
artes plásticas, visuais, conceituais, auditivas e de performance. 
TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
29
3.1 DEFINIÇÃO DE ARTE NA ESTÉTICA
Há a dificuldade de responder à pergunta: "o que é arte?" na estética. O 
termo tem que cobrir uma grande variedade de meios de comunicação, envolvendo 
as artes plásticas, a pintura a escultura, música, literatura e artes cênicas da dança, 
da ópera e do teatro. Pode até ser expandido para certos esportes de performance, 
como patinação no gelo, balé aquático, mergulho e ginástica. 
Procurar uma definição comum que abranja o grande número de produções 
de arte, desde os primeiros desenhos de cavernas até o último filme experimental, 
é uma missão. A definição teria que identificar a “Fonte”, de Marcel Duchamp, 
que, como vimos anteriormente, é um urinol branco fabricado em série com a 
assinatura do artista, e a obra intitulada “Pietá”, de Michelangelo di Lodovico 
Buonarroti Simoni (1475-1564), mais conhecido por apenas Michelangelo.
FIGURA 16 – PIETÁ DE MICHELANGELO, FEITA EM 1498-1499
FONTE: Disponível em: <http://www.guiageo-europa.com/vaticano/
pieta.htm>. Acesso em: 25 jul. 2017.
A definição mais incontroversa e acordada é que a arte é qualquer coisa 
que é artificial, é tudo o que os humanos fazem, o que não é simplesmente algo 
que existe na natureza. 
De modo provocativo, Marshall McLuhan afirmou que a arte é algo que 
podemos inventar sem sermos punidos. Deve ser óbvio, acima, que não há nada 
mais controverso quanto a estética, incluindo a própria definição de arte. Vamos 
agora discutir, brevemente, como a estética se inter-relaciona com os outros ramos 
principais da filosofia: metafísica, epistemologia, ética e filosofia política.
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
30
3.2 ARTE, ESTÉTICA, ÉTICA E FILOSOFIA
A relação entre estética e ética é intrigante, pois o artista ou o compositor 
sempre teve um relacionamento ambíguo com a sociedade. Por um lado, ele pode 
ser discriminado como artesão ou decorador, por outro, como um herói cultural, 
por exemplo, dentro das cidades-estados da Itália do Renascimento, ou como 
ícone nacional, como os compositores e autores da Rússia czarista. 
Por um lado, ele é chamado para promover os valores éticos reverenciados 
de uma sociedade e, por outro, temido como um incendiário boêmio que ameaça 
o núcleo moral de uma cultura. Mais uma vez, os puristas diriam que esperar que 
as obras reforcem valores éticos ou culturais ou que denigram é um grande erro 
de categoria. Os valores estéticos não têm nada que ver com os valores morais. 
Uma vez que, no entanto, a arte não pode ser extraída completamente 
dos contextos históricos não apenas das sociedades dentro das quais os artistas 
trabalham, mas também das teorias estéticas clássicas que associam arte com 
beleza, além das supostas obrigações da comunidade humana para buscar beleza 
no mundo e no caráter de pessoas. Assim, a filosofia da arte tentou mostrar a 
relação entre arte e valores morais e políticos. 
Vamos conhecer o que significa o termo “purismo”. O purismo, referente às artes, 
foi um movimento que ocorreu entre 1918 e 1925, que influenciou a pintura e a arquitetura 
francesa. O purismo foi liderado por Amédée Ozenfant e Charles Edouard Jeanneret (Le 
Corbusier). Ozenfant e Le Corbusier criaram uma variação do movimento cubista e a 
chamaram de purismo. O movimento demonstra que os objetos são representados como 
formas elementares desprovidas de detalhes. Os principais conceitos foram apresentados em 
seu livro “Após o Cubismo”, publicado em 1918.
IMPORTANT
E
Platão reconheceu o valor da arte como um meio para transmitir valores 
morais e políticos. De fato, a pedagogia da Atenas antiga consistiu principalmente 
no canto da poesia épica homérica em uníssono pela juventude da cidade-estado. 
Com o principal meio de educar as sensibilidades, as harmonias psíquicas e 
as responsabilidades cívicas do indivíduo de grande alma, Platão era a favor 
de censurar severamente as representações homéricas de heróis e de deuses 
vingativos, licenciosos, duplicados ou injustos. 
A ilustração de uma crítica de arte clássica mostra que a arte tem sido 
historicamente considerada como um meio central de propaganda de valores 
morais, religiosos, culturais ou políticos e castigada como perigosa para aqueles 
valores que exigem censura, perseguição ou proibição pela Igreja, pelo Estado 
ou ambos. 
TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
31
Você sabe o que significa poesia épica? A poesia épica, em estudos clássicos, é 
um gênero da literatura que se refere ao poema narrativo relativamente que mostra afinidades 
formais com o épico, mas revela uma preocupação com temas e técnicas poéticas que não 
são, no geral, ou pelo menos, primariamente, características adequadamente épicas.
E você sabe o que significa poesia épica homérica? Homérico é um adjetivo que se refere ou 
pertence ao poeta grego Homero, a suas obras, ou a seu estilo: “poemas homéricos”, “tempos 
homéricos”, “período homérico”. Homero foi o poeta das epopeias “A Ilíada” e “Odisseia”. Viveu 
na Grécia entre os séculos IX e VIII a.C.
IMPORTANT
E
A estética freudiana, de Sigmund Freud (1856-1939) e a estética marxista, 
de Karl Marx (1818-1883), possuem componentes eticamente relevantes. Os 
intérpretes freudianos da expressão artística veem as obras de arte como 
resultado de uma luta titânica entre o ego libidinoso, insocial e inculto do artista 
e o superego legítimo, ético, cultivado e sofisticado. Friedrich Nietzsche (1844-
1900) antecipou a análise freudiana no século XIX. 
Os críticos de arte marxistas acham que as obras de arte representam 
sempre os valores da classe dominante e exploradora em uma sociedade. Assim, 
eles veem artistas contemporâneos que procuram um estilo individualista sem 
precedentes (um estilo que não só inventa um novo trabalho, mas um gênero 
de trabalho inteiramente novo) como resultado de uma celebração capitalista 
burguesa dos direitos individuais, justificando a liberdade das corporações a fim 
de poderem explorar as classes trabalhadoras. 
Basta dizer que qualquer artista que busque o reconhecimento do público 
com relação ao seu trabalho encontrará o trabalho julgado não apenas em seus 
valores estéticos, mas também pelo seu efeito negativo ou positivo sobre as 
sensibilidades públicas. A batalha entre os censores e os defensores da liberdade 
de expressão nunca cessa. 
Leva-nos à consideração de que muitos teriam acreditado ser a preocupação 
mais proeminente dos esteticistas. Entretanto, o que torna uma obra de arte uma 
boa obra de arte? Não faltam críticos de arte tentando orientar nossos planos de 
fim de semana na galeria, no teatro ou no auditório local nas grandes cidades. Os 
esteticistas entraram em conflito com a possibilidade de um único padrão estético 
universal para julgar a miríade de obras e gêneros de arte ao longo dos milênios 
como arte boa ou ruim. Os pluralistas que rejeitam um único padrão abrangente 
afirmam que o critério de uma ótima performance de dança é distinto do critério 
da literatura excelente, e assim por diante. 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
32
O pluralismo é um termo usado na filosofia, que significa "doutrina da 
multiplicidade", muitas vezes usada em oposição ao monismo ("doutrina da unidade") 
e dualismo ("doutrina da dualidade"). O termo tem diferentes significados na metafísica, 
ontologia, epistemologia e lógica.
IMPORTANT
E
Os esteticistas, aqueles que defendem e/ou praticam o esteticismo na 
filosofia, naarte, tentaram distinguir entre gostos subjetivos (relativos a um 
grupo ou indivíduo) e apreciação estética das qualidades estéticas do objetivo de 
fenômeno. Às vezes chamadas de subjetivo universal, as qualidades dependem 
tanto das projeções subjetivas do público e do leitor como a estrutura objetiva da 
obra de arte para alcançar a experiência. 
No entanto, alegadamente há alguma qualidade do objeto que evoca uma 
resposta humana universal àqueles suficientemente preparados para recebê-la. 
A suposição de todos os críticos de arte é que sua própria avaliação de uma obra 
de arte é generalizável para a audiência esteticamente sofisticada. Um esteticista 
contemporâneo é ousado o suficiente para oferecer um critério para a arte 
excelente que transcende o tempo, a cultura e os diferentes gêneros da arte. 
3.3 ANÁLISE ESTÉTICA DAS OBRAS DE ARTE
O minimalismo é um ótimo exemplo, mas os silk screens, do artista Andy 
Warhol (1928-1987), da “Campbells Soup Can”, podem também se qualificar, 
porque transmitem a vasta banalidade da cultura comercial com um uso escasso 
de materiais.
Entende-se que, quando uma obra de arte é completa, ela exibe três 
subcritérios: unidade, complexidade e intensidade. As obras de arte são boas 
quando transmitem uma profundidade de significado, diversidade ou intensidade 
com uma economia de meios ou quando uma diversidade de elementos se une 
em uma unidade formal. 
Quando um artista chinês pinta um homem velho atravessando a neve 
com um único golpe de pincel, similar à pintura taoísta anteriormente exposta, a 
plenitude do significado com a economia dos meios é impressionante.
Silk-screen, também conhecido como serigrafia, ou impressão em tela, é 
um processo de impressão à base de estêncil, na qual a tinta é forçada através de 
um crivo fino para o substrato abaixo dela. As telas foram feitas originalmente 
TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
33
de seda, mas hoje são desenvolvidas em poliéster ou nylon. O silk-screen é muitas 
vezes utilizado para impressão de itens de produção em massa, como camisetas, 
cartazes e canecas.
FIGURA 17 – CAMPBELL SOUP CANS DE ANDY WARHOL, FEITA EM 1962
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com/explore/
campbell%27s-soup-cans/?lp=true>. Acesso em: 25 jul. 2017.
O conceito-chave de Warhol como artista foi a "industrialização" da arte, e 
ele utilizou o silk-screen como processo de duplicação, ao usar o trabalho de outras 
pessoas e expandir seu conceito original. O processo do silk-screen combinava 
com a sensibilidade de Warhol, durante o momento em que ele estava crescendo 
em popularidade como líder no movimento Pop Art.
4 A ESTÉTICA NA MÚSICA
As tentativas de definir o conceito de música geralmente começam, 
segundo Levinson (2018), com o fato de que a música envolve som, mas também 
postula coisas como a tradição cultural, a realização de objetivos de um compositor 
ou a expressão de emoções, como características essenciais da música. 
Talvez qualquer conceito plausível, no entanto, tenha que envolver a 
produção de sons pelas pessoas para apreciação estética, amplamente concebida. 
Ao decidir o que se entende por uma obra musical, outras considerações entram 
em jogo, como a identificação com uma estrutura sonora definida por um 
determinado compositor em um contexto histórico-musical particular.
Em que sentido podemos dizer que uma peça musical tem significado? 
Alguns afirmam que ela tem sentido apenas internamente – em sua estrutura, 
como um arranjo de melodias, harmonias, ritmos e timbres, por exemplo –, 
UNIDADE 1 | ARTE E PERCEPÇÃO ESTÉTICA: CONCEITO E NATUREZA
34
enquanto outros afirmam que seu significado reside na comunicação de coisas 
não essencialmente musicais – como emoções, atitudes ou na natureza mais 
profunda do mundo. 
A mais popular das crenças é que a música expressa emoção. Não quer 
dizer, entretanto, que a emoção expressa em uma obra seja necessariamente 
experimentada por aqueles envolvidos em sua composição ou performance. Os 
compositores podem criar uma música pacífica ou furiosa sem estarem nesses 
estados, e o mesmo vale para o desempenho de tais peças musicais pelos músicos. 
Ainda, as emoções evocadas nos ouvintes parecem de natureza diferente 
das que foram experimentadas diretamente: as emoções negativas expressas na 
música não impedem a apreciação do público e, de fato, geralmente facilitam. 
Em última análise, a expressividade de um trabalho deve ser vista como algo 
diretamente relacionado à experiência de ouvi-la. É dito frequentemente que a 
música tem valor primariamente na medida em que é bela, sendo sua beleza o que 
dá prazer ao ouvinte. Contudo, a qualidade da expressividade de uma obra, sua 
profundidade, riqueza e sutileza, por exemplo, também parecem formar uma parte 
importante de qualquer julgamento de valor que fazemos sobre a peça musical.
4.1 O CONCEITO DA MÚSICA
Uma questão fundamental na estética da música é: "o que é música?", 
entendida como um pedido de definição ou delineação do conceito geral de 
música. Os teóricos adotaram uma série de abordagens diferentes para a questão, 
muitas vezes dependendo de seus propósitos para fazê-la. Talvez a única coisa 
que todos os teóricos concordem seja que a música é essencialmente formada 
pelo som.
A abordagem mais conservadora procura definir música em termos das 
características, como: melodia, harmonia, ritmo, metro, instrumentos, vozes e 
produção de sons; mas além de ser inadequada a vários modos de composição 
contemporânea, como serialismo, minimalismo, música concreta, música 
computacional e música aleatória, ignora muitas práticas distantes de nós no 
espaço ou no tempo que reconhecemos como musicais. 
Uma abordagem mais liberal para definir música - uma estruturalista – 
emite na fórmula da música como "som organizado"; embora a música assim 
concebida não precise exibir as características padrão da música mencionadas 
anteriormente, pois nessa concepção algo é música em virtude de suas 
propriedades intrínsecas.
Em outra abordagem, que pode ser denominada "experiencial" ou 
"fenomenológica", a música é qualquer som que seja ouvido como música, sendo 
então incumbido ao teórico dizer o que faz tal audição musical. As implicações 
TÓPICO 2 | ARTE, MÚSICA E A ESTÉTICA
35
salientes da abordagem são, primeiro, que sons naturais e acidentais podem ser 
música e, segundo, que o status da música é relativo ao ouvinte e à ocasião da 
escuta. Segundo Schafer (1991, p. 27), “música é a organização de sons (ritmo, 
melodia, etc.) com a intenção de ser ouvida”.
Tentativas foram feitas para definir a música como um tipo de atividade 
envolvente do som, distinguida por certos traços culturais ou sociológicos, por 
exemplo, uma função cultural particular, como o acompanhamento de rituais ou 
o aprimoramento da memória de grupo ou relações sociais particulares, como o 
aprendizado. De forma alternativa, a música pode ser definida de uma maneira 
essencialmente histórica como aqueles itens, atividades e práticas que envolvem o 
som que evoluíram, histórica e reflexivamente, a partir de certos itens, atividades 
e práticas anteriores. 
Finalmente, podemos tentar caracterizar a música intencionalmente, do 
ponto de vista do produtor, apelando para objetivos ou propósitos distintos por 
parte dos criadores do som. Uma abordagem de longa data concebe a música como 
sons feitos para expressarem, evocarem ou provocarem emoções ou sentimentos. 
Outra a concebe como som usado como veículo de pensamento 
comunicável, mas não linguístico. Entretanto, a abordagem mais comum do tipo 
propõe simplesmente que a música é feita ou arranjada para apreciação estética.
Se alguém está preocupado em definir a música como uma arte, preservar 
uma medida de objetividade para o status da música, e ainda assim evitar a 
importação da música necessariamente emocional ou intelectual, pode ser pior 
do que aceitar a última sugestão. No entanto, para cobrir uma ampla gama de 
fenômenos transculturais facilmente reconhecidos

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