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A saúde bucal no sistema único de saúde LARA CAMILA DA SILVA ALVES – MEDICINA – 3º SEM Breve histórico... Constituição Cidadã - 1908: garante a saúde como direito de todos; A partir de 2000 começa a ter equipes de saúde bucal na atenção básica; 2004: Política Nacional de Saúde Bucal, chamada também de Brasil Sorridente; > A atenção odontológica no serviço público brasileiro há anos caracterizou-se por prestar assistência a grupos populacionais restritos, como os escolares, por meio de programas voltados para as doenças cárie e periodontal. O restante da população ficava excluído e dependente de serviços meramente curativos e mutiladores. Isso resultava numa baixa cobertura de atendimento e numa assistência de baixa resolutividade, alvo de críticas por parte dos atores envolvidos. > A Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente é a maior política pública de saúde bucal do mundo. Desde seu lançamento, em 2004, além da expansão e criação de novos serviços de saúde bucal, reorientou o modelo assistencial com a implantação de uma rede assistencial que articula os três níveis de atenção e as ações multidisciplinares e intersetoriais. > A interpretação da APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde conceitua-a como o modo de organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema, enfatizando a função resolutiva desses serviços sobre os problemas mais frequentes de saúde, para o que a orienta a fim de minimizar os custos econômicos e a satisfazer as demandas da população, restritas, porém, às ações de atenção de primeiro nível. A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde compreende-a como uma forma singular de apropriar, recombinar e reordenar todos os recursos do sistema para satisfazer às necessidades, às demandas e às representações da população, o que implica a articulação da APS como parte e como coordenadora de uma RAS. > Com o objetivo de superar as desigualdades, foram estabelecidas, em 2004, as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) - Brasil Sorridente. Essas diretrizes visam garantir as ações de promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal dos brasileiros. Suas metas perseguem a reorganização da prática e a qualificação das ações e dos serviços oferecidos, reunindo uma série de ações em saúde bucal voltada para os cidadãos de todas as idades, no marco do fortalecimento da Atenção Básica, tendo como eixos estruturantes o acesso universal e a assistência integral em saúde bucal. > O Brasil Sorridente foi instituído e articulado a outras políticas de saúde e demais políticas públicas, de acordo com os princípios e as diretrizes do SUS. Apresenta como principais linhas de ação a reorganização da Atenção Básica (especialmente por meio das equipes de Saúde Bucal – eSB – da Estratégia Saúde da Família), da Atenção Especializada Ambulatorial (por meio da implantação de Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias), a adição de flúor nas estações de tratamento de águas de abastecimento público e a vigilância em saúde bucal. > As diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal buscam contemplar o estabelecido pela Constituição Federal do Brasil: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. > O Brasil Sorridente, além da expansão e da criação dos serviços odontológicos, reorientou completamente o modelo assistencial. Iniciou a implantação de uma rede assistencial de saúde bucal, que articula não apenas os três níveis de atenção, mas principalmente as ações multidisciplinares, multiprofissionais e intersetoriais. Este parece ser um dos grandes desafios da odontologia, constituir-se como uma área da integralidade, conformando uma rede de atenção à saúde que supere as especificidades odontobiológicas. Impactos epidemiológicos são produtos de ações intersetoriais, em que a prática odontológica é parte integrante e constituinte de um todo que agrega ações setoriais, educacionais, ambientais, sociais, entre outras. Entre os elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde, temos na estrutura operacional, os recursos humanos: cirurgião- dentista (CD), técnico de saúde bucal (TSB) e auxiliar de saúde bucal (ASB). Matriciamento: é um espaço coletivo de cogestão, educação e formação no qual se combinam diferentes saberes, produzindo conhecimento mútuo e trocas para fomentar a cooperação com o objetivo de assegurar retaguarda especializada às esquipes e profissionais. O matriciamento é um processo de construção compartilhada para criar uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. Interconsulta: é um instrumento do matriciamento e define-se como uma prática interdisciplinar para a construção do modelo integral de saúde, e tem como objetivo complementar ou elucidar aspectos da situação de cuidado em andamento, para traçar um plano terapêutico. Por exemplo: a necessidade de um parecer de outro profissional (médico, psicólogo etc.) sobre determinado aspecto da saúde do paciente para que o dentista elabore seu plano de tratamento. Os instrumentos para o planejamento no SUS são o Plano de Saúde, as respectivas Programações Anuais e o Relatório de Gestão. Eles interligam-se sequencialmente, compondo um processo cíclico de planejamento para operacionalização integrada, solidária e sistêmica do SUS. É por meio das conferências de saúde (municipais, estaduais, nacional0 que a sociedade, representada por vários segmentos, avaliará a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes. >> Como fazer o diagnóstico da comunidade? Informações gerais (população, renda per capita) + epidemiologia (prevalência de cárie) + oferta de serviços odontológicos + informações qualitativas (opinião da população). >> AGRAVOS MAIS FREQUENTES << ➢ CÁRIE DENTÁRIA: é a doença mais prevalente no mundo, não-infecciosa, não- transmissível, açúcar-dependente e de caráter bio-social. Índice CPOD (dentes cariados perdidos e obturados); o gráfico mostra redução desse índice, o que demonstra uma melhoria da saúde bucal. OBS: é uma média e, portanto, não reflete as desigualdades. Fatores de risco: fatores culturais e socioeconômicos; falta de acesso ao flúor; deficiente controle mecânico do biofilme dental; consumo frequente de açúcar; hipossalivação. ➢ Doença periodontal: é um processo de desequilíbrio entre as ações de agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e proteção do tente, que tem como principal determinante o biofilme dental, a partir das diferentes respostas dadas pelo hospedeiro. Não é mais considerada apenas como de progressão lenta e contínua, podendo ter padrões variáveis de progressão. Fatores de risco: fatores culturais e socioeconômicos, diabetes, fumo, ausência de controle de placa, imunodepressão. ➢ Edentulismo: é resultante de diversos e complexos determinantes, tais como: precárias condições de vida, baixa oferta e cobertura dos serviços, modelo assistencial predominante de prática mutiladora aliada às características culturais que exercem significativa influência sobre o modo como a perda dentária é assimilada. Aplica-se à perda parcial ou de todos os dentes. Fatores de risco: baixa renda, baixa escolaridade, fator congênito, doença cárie dentária, doença periodontal, falta de acesso a tratamentos odontológicos básicos e especializados. ➢ Maloclusão: é um conjunto de anomalias dentofaciais que causamdeformação ou impedem a função e que, portanto, requerem tratamento. A maloclusão é a terceira maior prevalência entre as patologias bucais, com índices menores apenas que a cárie e a doença periodontal. Fatores de risco: hereditariedade (padrões de crescimento dentofacial, tamanho dos dentes, potência da musculatura facial), defeitos de desenvolvimento de origem desconhecida, enfermidades sistêmicas (distúrbios endócrinos, síndromes), enfermidades locais (obstrução nasal, tumores, doença periodontal, perdas ósseas e migrações, e cárie dentária), traumatismo pré e pós-natais, agentes físicos, hábitos nocivos, deficiências nutricionais e má nutrição, fatores culturais e socioeconômicos. ➢ Alterações dos tecidos moles e câncer bucal: os tumores malignos da cavidade oral, incluindo os de língua, assoalho da boca, gengiva, palato e outros locais da boca, têm associação claramente estabelecida com o hábito de fumar ou mastigar tabaco e com o consumo de álcool. No entanto, existe um subconjunto de câncer que ocorre entre os sujeitos não expostos ao fumo ou ao álcool. Para esses casos, há evidência epidemiológica do papel do papilomavírus humano (HPV) 16 e HPV 18 como possíveis agentes etiológicos dos tumores malignos de cavidade oral. Os cânceres de orofaringe e das tonsilas são também fortemente associados ao álcool e ao tabaco, mas a evidência extensa acumulada nos últimos anos pode apoiar um papel causal do HPV em uma fração considerável desses tipos de câncer, cuja incidência aumentou em algumas populações. O câncer de boca representa uma causa importante de morbimortalidade, uma vez que mais de 50% dos casos é diagnosticado em estágios avançados da doença. Tende a acometer o sexo masculino de forma mais intensa, com idade superior a 50 anos. Localiza-se, preferencialmente, no assoalho da boca e na língua e o tipo histológico mais frequente é o carcinoma de células escamosas (carcinoma epidermoide). Fatores de risco: fatores culturais e socioeconômicos, tabagismo, etilismo, exposição à radiação solar, deficiência imunológica. ➢ Fluorose dentária: resultado da ingestão crônica de flúor durante o desenvolvimento dental, que se manifesta como mudanças visíveis de opacidade do esmalte devido a alterações no processo de mineralização. ➢ Dor orofacial e disfunção temporomandibular: essa disfunção é um tipo de dor orofacial definida como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular e as estruturas associadas. Fatores de risco: trauma, fatores psicossociais, fatores anatômicos, fisiopatológicos, doenças sistêmicas e locais e fatores genéticos. ➢ Malformações congênitas: atenção às fissuras orais (labial, labiopalatina e palatina) Fatores de risco: tabagismo materno, alcoolismo materno, carências nutricionais, exposição materna a riscos ocupacionais (solventes e defensivos agrícolas), medicações teratogênicas, infecções virais no primeiro trimestre da gestação, genéticos. ATRIBUIÇÕES DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA Atribuições comuns a todos os profissionais de saúde que atuam na AB: • Participar do processo de territorialização e mapeamento; • Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos; • Realizar o cuidado da saúde da população adscrita; • Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de saúde da população local; • Garantir atenção à saúde, buscando a integralidade; • Participar do acolhimento dos usuários; • Responsabilizar-se pela população adscrita; • Praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos sociais; • Realizar reuniões de equipes; • Acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas; • Realizar trabalho interdisciplinar e em equipe; • Participar das atividades de educação permanente; • Promover a mobilização e a participação da comunidade; Atribuições específicas do CD na AB: • Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para planejamento e a programação em saúde bucal; • Realizar a atenção em saúde bucal; • Realizar os procedimentos clínicos da AB em saúde bucal; • Coordenar e participar das ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; • Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; • Realizar a supervisão técnica do TSB e ABS; • Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. Atribuições específicas do TSB na AB: • Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a todas as famílias; • Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos; • Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe; • Apoiar as atividades dos ASB (auxiliar da saúde bucal) e dos ACS (agente comunitário de saúde) nas ações de prevenção e promoção da saúde bucal; • Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o funcionamento da UBS; • Participar do treinamento e da capacidade de auxiliar em saúde bucal; • Participar das ações educativas; • Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; • Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; • Fazer remoção de biofilme; • Realizar fotografias; • Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta; • Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório; • Aplicar medidas de biossegurança; Atribuições específicas do ASB na AB: • Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para os indivíduos; • Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; • Executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização dos instrumentos; • Realizar o acolhimento do paciente; • Aplicar medidas de biossegurança; • Processar filme radiográfico; • Selecionar moldeiras; • Preparar modelos em gesso; • Manipular materiais de uso odontológico; • Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
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