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DOR PÉLVICA CRÔNICA

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Geovana Sanches, TXXIV 
DOR PÉLVICA CRÔNICA 
 
DEFINIÇÃO 
 A dor pélvica crônica não é uma doença, 
mas sim um quadro clínico que pode ser 
desencadeado por diferentes afecções. 
Frequentemente, está associado a outros 
problemas, tais como disfunção sexual, ansiedade 
e depressão. 
 Trata-se da presença de sintomas 
dolorosos percebidos como originários de 
órgãos/estruturas pélvicas, tipicamente com 
duração maior que 6 meses. 
A dor pélvica cíclica é considerada uma 
forma de dor pélvica crônica quando traz 
consequências cognitivas, comportamentais, 
sexuais e emocionais significativas. Além disso, 
pode-se considerar a dispareunia como um 
componente da dor pélvica crônica. 
 
PREVALÊNCIA 
• Até 26,6% das mulheres em idade 
reprodutiva 
• Taxa de recorrência ao longo da vida pode 
atingir 33% 
• Corresponde de 10 a 20% das queixas nos 
consultórios ginecológicos 
• 1 em 4 mulheres apresentarão dor pélvico 
crônica ao longo da vida 
 
HIPÓTESES 
 A dor pélvica crônica tem natureza 
multifatorial e, em decorrência da complexa 
inervação da pelve, o acometimento de diferentes 
órgãos e sistemas pode levar a mesma 
manifestação clínica. 
 Devemos ter em mente que pode não 
haver uma causa orgânica para o quadro de algia 
crônica e que em até um terço das pacientes, 
nenhuma causa será identificada. Além disso, 
diversas afecções podem coexistir e a associação 
de enfermidades acaba pode acentuar o quadro 
clínico. 
Origem não ginecológica 
• Urológicas: neoplasia de bexiga; ITU de 
repetição; cistite intersticial / bexiga 
dolorosa; litíase; síndrome uretral 
• Gastrointestinais: carcinoma de cólon; 
obstrução intestinal crônica intermitente; 
moléstias inflamatórias; obstipação 
crônica; hérnias de parede abdominal; 
síndrome do intestino irritável / hiperalge- 
 
- sia visceral; diverticulite; doença celíaca 
• Osteomusculares: dor miofascial pélvica; 
síndrome do piriforme; coccialgia crônica; 
alterações de coluna lombossacra; 
alterações posturais; neuralgias; 
espasmos musculares de assoalho pélvico; 
fibromialgia; 
• Psicológicas: somatização; uso excessivo 
de drogas / dependência de opiáceos; 
assédio ou abuso sexual ou moral; 
depressão; distúrbios do sono 
• Outras causas: sequestro neural em 
cicatriz cirúrgica prévia; porfiria; 
distúrbios bipolares; nevralgia; epilepsia e 
enxaqueca abdominal 
Origem ginecológica 
• Endometriose 
• Adenomiose 
• Aderências 
• Miomas uterinos 
• Aderências peritoniais 
• Cistos anexiais 
• Salpingite / endometrite crônica 
• Endossalpingiose 
• Síndrome do ovário residual 
• Síndrome do ovário remanescente 
• Síndrome de congestão pélvica 
• Cistos peritoneais pós-operatórios 
• Leiomioma 
• Distopias genitais 
 
DIAGNÓSTICO 
Anamnese 
• Caracterizar a dor 
• Sintomas relacionados 
• Questionários específicos 
• Investigação de tratamentos prévios 
• Investigação de abuso sexual 
Exame físico 
• Abdome: rastrear pontos dolorosos 
• Palpar região lombar, sacro-ilíaca e sínfise 
púbica 
• Inspecionar cicatrizes e alterações como 
fibroses, nódulos ou pontos de gatilho 
• Ginecológico: inspeção, palpação, 
especular da vulva, vagina, anexos, anal, 
bexiga e paredes vaginais 
Exames complementares 
• Exame de urina 
Geovana Sanches, TXXIV 
• PCR para Chlamydia e Gonococo 
• Teste de gravidez 
• USG pélvico transvaginal 
• RNM 
• Colonoscopia 
• USG com doppler e venografia 
• Laparoscopia diagnóstica 
 
TRATAMENTO 
• Medicamentoso 
o Não é recomendado o uso de 
opióides 
o Medicações com efeito no sistema 
nervoso: dor com componente 
neuropático 
o Antidepressivos: inibidores da 
receptação de serotonina 
• Laparoscopia 
• Cicrugias neuroablativas 
• Injeções em pontos gatilho 
• Toxina botulínica 
• Tratamento complementar 
o Exercícios, reabilitação, 
fisioterapia, acunputura, terapia 
cognitiva comportamental, yoga 
cuidados integrativos 
 
CAUSAS GINECOLÓGICAS 
Endometriose 
• Diagnóstico mais comum (um terço) 
firmado durante as laparoscopias em 
mulheres com DPC 
Quadro clínico 
• Dismenorreia 
• Dispareunia de profundidade 
Exame físico 
• Espessamento ou presença de nódulo 
endurecido em região retrocervical e/ou 
no ligamento uterossacro 
• Deslocamento do colo uterino por 
envolvimento assimétrico dos ligamentos 
• Diminuição da mobilidade uterina 
• Excrescências glandulares ou lesões 
escurecidas em parede vaginal, sobretudo 
em fundo de saco posterior 
• Deve-se realizar toque retal 
Exame complementar 
• Exame de imagem 
• Não solicitar CA-125 à baixa acurácia, 
pouco específico 
 
Doença inflamatória pélvica 
• Causa mais comum de DPC em pacientes 
com elevada prevalência de ISTs 
• Mecanismos 
o Desenvolvimento de aderências em 
decorr6encia do intenso processo 
inflamatório 
o Lesão tubária à hidrossalpinge 
• Exame físico 
o Redução da mobilidade uterina 
Aderências pélvicas 
• Formações fibrosas regenerativas 
decorrentes de traumas mecânicos, 
infecções, inflamações ou sangramentos 
• Podem levar a infertilidade, dor pélvica 
crônica, dispareunia e, em casos mais 
graves, obstrução intestinal 
• Mecanismos 
o Menor mobilidade das estruturas 
(limitação do peristaltimos 
intestinal) 
o Tração entre os órgãos e estímulos 
das fibras aferentes C 
• Suspeita 
o Desconforto pélvico pouco 
específico 
o Relação com o ciclo menstrual 
• Exame físico 
o Redução da mobilidade uterina 
Congestão ou Varizes Pélvicas / Síndrome da 
Congestão pélvica 
• Dilatação e tortuosidade do plexo venoso 
pélvico associado à diminuição do retorno 
venoso 
• Afeta mais mulheres multíparas 
• Relação com desconforto abdominal 
baixo, principalmente após longa 
permanência em posição ortostática 
• Não necessariamente cursa com sintomas 
• Exame físico 
o Amolecimento do ovário durante 
compressão suave 
Adenomiose 
• Tecido endometrial ectópico entre as 
fibras do miométrio 
• Dismenorreia intensa e sangramento 
uterino anormal 
• Sintomas instalam-se ao redor dos 40 a 50 
anos 
• Exame físico 
Geovana Sanches, TXXIV 
o Útero com consistência mais 
amolecida e doloroso à 
manipulação 
Síndrome do Ovário Remanescente 
• Condição rara 
• Mulheres submetidas a ooforectomia com 
remoção incompleta do ovário – a porção 
residual é funcional 
Síndrome do Ovário Residual 
• O ovário é preservado intencionalmente 
e, após a cirurgia, causa dor devido a cistos 
ou aderências 
Leiomioma uterino 
• Sintomas de pressão e dor devido a 
compressão 
• Podem causar dor aguda devido a 
degeneração, torção ou expulsão dos 
leiomiomas pelo colo uterino 
• Exame físico 
o Volume do útero aumentado e/ou 
contornos irregulares, sobretudo 
se o útero estiver móvel

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