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HIV e AIDS Pandemia de HIV e da AIDS, algumas características fizeram esse vírus permanecer na população. Os vírus tem uma capacidade de latência, as pessoas se infectam e não apresentam manifestação clínica, pode demorar até 10 anos para surgir uma infecção oportunista. Lembrando que são 40 anos de pandemia. Panorama mundial: foi reportado o primeiro relato de AIDS em 1981, com 40 milhões de mortes, pacientes que estavam morrendo eram jovens, morriam por uma pneumonia fúngica. Descobriram o que eram AIDS mas não sabia quem causava essa doença, que é o HIV, demorou cerca de 2 anos para descobrir quem era o vírus que causava a AIDS. O tratamento inicial era ineficaz e tóxico, e muitas pessoas acabavam morrendo dos efeitos colaterais dos medicamentos. Hoje em dia as pessoas tem acesso mais rápido, fácil e irrestrito a terapia antiretrovirais. Soropositividade é apenas leitura de exame, é uma pesquisa reagente para aquele agente. Dizer que a pessoa é soropositiva para HIV é um pouco complicado, já que não temos vacina ainda para HIV, esse termo é muito vago para se referir. Ex: tomamos a vacina para o COVID-19, logo somos soropositivo para COVID-19. PVHA, pessoas vivendo com HIV. Apenas a metade das pessoas que vivem com HIV tem acesso a terapia antirretroviral. O número total de casos diminuiu, assim como o número de óbitos. Existe uma tendência de queda do número de óbitos mas, deveríamos ter uma queda mais significativa, lembrando que é uma infecção muito facilmente previnida, existem diversas estratégias para as pessoas não adquirirem HIV, e isso se dá muito pelo comportamento humano. Acomete principalmente jovens de 15-49 anos. Em alguns continentes a pandemia tem perfil epidemiológico diferente, nas Américas em geral predomina na população LGBTQI+, na África em mulheres cisgenero. Em relação ao HIV, há dificuldade como o preconceito pois, não se fala abertamente de sexo nas escolas, em casa e até mesmo com os parceiros, isso pode ser verificado com o números de casos altos em uma pandemia que ocorre há 40 anos, sendo que a pandemia do COVID-19 teve um melhor tratamento e emprego de tecnologias uma vez que não envolve questões sexuais. Os valores no Brasil indicam que a maioria da população homossexual apresenta maior prevalência, indicando que são pacientes mais vulneráveis, e não tratados, existindo um gap de acesso a prevenção e um gap de acesso ao tratamento. Atualmente o número de pessoas infectadas com HIV vem diminuindo, mas não significa que essas pessoas que contraíram não desenvolveram AIDS. O que temos feito para abaixar os casos de HIV são as novas estratégias de prevenção. As pessoas que apresentam HIV tem a mesma qualidade de vida e a mesma longevidade do que pessoas que não apresentam HIV, isso quando são tratadas corretamente com terapia antiretroviral (TARV). HIV/Virologia: o vírus dura pouco tempo no meio externo. A célula alvo é o linfocito TCD4+ com resposta humoral e celular, assim o indivíduo infectado fica sem coordenação de resposta imune. Além disso, o vírus é capaz de fazer latência, tem potencial de virulência, seu material é de RNAm, apresenta capsídeo e um envoltório lipoproteico externo com proteínas transmembrana. Além disso, existem algumas proteínas de virulência, sorologia ELISA de 4°geração faz pesquisa de antígeno, porque antigamente pesquisava apenas anticorpo que não são produzidos rapidamente. Atualmente como se pesquisa antígeno, pode ser diagnosticado em cerca de 21 dias. Essa proteina de membrana é a p24. A enzima transcriptase reversa e a integrase são muito importantes para o potencial de virulência desse vírus. O material genético das nossas células é DNA e o HIV é de RNA, nesse sentido o vírus utiliza a transcriptase reversa para transformar seu RNA em DNA. Infectologia O HIV chega na célula por um receptor que encaixa no linfocito TCD4+, também pode se ligar no CCR5 (outro receptor). Uma vez que faz a ligação ele vai se fundir, e promover o desnudamento do material genético, as enzimas também vão passar, a transcriptase reversa vai formar o DNA e a integrase vai juntar o material genético da célula com o do vírus, formando uma estrutura capaz de multiplicar vírus e estruturas virais, realizam brotamento e depois podem lisar a célula e ganhar a corrente sanguínea. Vai ser no citoplasma que o vírus vai transformar o RNA em DNA. Existem os medicamentos que são inibidores de fusão, temos os inibidores de CCR5, os inibidores da transcriptase reversa, temos os inibidores de integrase, a partir do entendimento da fisiopatologia dos vírus podemos compreender onde agem os medicamentos. Terapia antirretroviral: inicialmente utilizava-se AZT azidovudina, muito tóxica, em doses cavalares, os pacientes podiam morrer de efeitos colaterais dos medicamentos. Surge depois os inibidores de proteases, são terapia antirretroviral de alta potência, percebe-se que não dá certo administrar apenas uma droga, porque o vírus consegue escapar. Em 1996, vai ter o advento da tripla terapia, com uma delas sendo de altíssima potência, deixando a carga viral abaixo da detecção, por isso a terapia atualmente é de 3 medicamentos. Objetivos da terapia antirretroviral ao longo dos anos: 1987 a 1994 temos a ideia de aumentar a sobrevida, de 1994 a 2004 o objetivo era uma carga viral indetectável, porém as custas de muitos eventos adversos, em 2004 a 2009 resgate de falhas terapêuticas e 2009 até os dias de hoje temos uma sustentabilidade da carga viral indetectável, a longo prazo e com poucos eventos adversos. Esquema preferencial: Inibidor de integrase (dolutegravir) + 2 inibidores da transcriptase reversa análogos nucleotideos (tenoflovir e lamivudina). São dois comprimidos ao longo do dia. Dolutegravir tem uma potência muito alta, pessoas que não conseguiam tratar, conseguiram deixaram em níveis indetectáveis depois do uso de Dolutegravir. Acompanhamento: exames de primeira consulta, deve-se pesquisar outras infecções sexualmente transmissíveis. Teste imunológico de sífilis, sorologia para HTLV1 e 11 e Chagas, IgG apara toxoplasmose, prova tuberculinica e radiografia de tórax para verificar TB latente, hemograma completo, perfil lipídico, glicemia de jejum, contagem de linfocitos de TCD4+ e CV-HIV. Em geral no início da terapia ver o paciente semanalmente ou a cada 2 semanas, depois mensalmente, e ao final mais controlado a cada 6 meses quando está indetectável aos exames. Imunização: população que é priorizada para determinadas etiologias. Vacinas de vírus vivo atenuado, vai ser uma contraindicação relativa, Vacinar para pneumonococo e meningocócica, e vacinas de campanha eles são uma população priorizada. Falha virológica: carga viral que se mantém detectável, que antes era indetectável. Causas principais, adesão ao tratamento. Pode ter resistência viral adquirida e a resistência viral transmitida, esquemas inadequados, e interação medicamentosa (Dolutegravir interage bastante com outras medicações). Para investigar resistência deve ser solicitado genotipagem, e dizer as alterações genotipicas que aquele HIV pode ter como mutações genéticas. CV-HIV 500 cópias. TARV como prevenção: a pessoa não transmite caso ela esteja tratando. Indeterminável = intransmissível para relações sexuais, liberdade sexual, saúde reprodutiva, prevenção combinada. Viabiliza a possibilidade dessas pessoas engravidarem. Cura: mutação homozigótico dupla delta-32, os linfócitos tem uma alteração, e o HIV não consegue infectar as células. O transplante de medula pode ser considerado pior do que a terapia antirretroviral, uma vez que vão ter que viver para sempre tomando imunossupressor. Vacinas: estudos que falham no seu objetivo principal, estudo MOSAICO, investir em esquemas de múltiplas doses, e deve-se investir em novas tecnologias.AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida) Aumento na taxa de detecção entre homens e mulheres de 15 a 24 anos de idade. A PrPEP pode ocorrer a partir dos 15 anos. Temos maior detecção na população parda e preta, e hoje temos um número de casos ainda alto, isso porque temos uma barreira de acesso ao tratamento. É a população periférica que apresenta maior vulnerabilidade. Predominância dos óbitos da população preta e parda. História natural da doença: Temos no eixo das abcissas os anos e no eixo das ordenadas a contagem dos linfocitos TCD4. Infecção inicial, fase aguda, tem uma carga viral muito alta, tem um pico de carga viral, com um CD4 mais baixo da vida do paciente, ele é chamado de NADIR. Depois a carga viral vai subir um pouco, e vai atingir um platô, mas de forma menos íngrime, e isso também acontece com os linfocitos TCD4. Vamos ter um CD4 abaixando e uma carga viral subindo, mas não muito. E vamos ter um CD4 abaixo de 200 cel/mm3, e nesse momento vão iniciar os sintomas. Critérios diagnósticos: por critério imunológico linfocitos abaixo de 350 cel/mm3, vou poder dar diagnóstico, mas existe outras formas de poder inferir o diagnóstico. Os pacientes imunodeprimidos tem uma apresentação diferente de algumas doenças do que os pacientes imunocompetentes. O tratamento se inicia independentemente da contagem de linfocitos. • Algumas manifestações de imunodeficiência moderada: como perda de peso inexplicado, diarreia crônica, febre persistente e inexplicado por mais de um mês, candidíase oral persistente, candidíase vulvovaginal persistente, frequente ou não responsiva a terapia, leucoplasto pilosa oral, tuberculose pulmonar, infecções bacterianas graves (pneumonia, empiema, meningite, piomiosite, infecção osteoarticular, bacteremia, doença inalatória pélvica grave), estomatite, gengivite ou periodontite aguda necrosante, anemia inexplicado 8g/dl, neutropenia, trombocitopenia crônica, angiomatose bacilar, displasia cervical, herpes zoster, listeriose, neuropatia periférica, púrpura trombocitopenia idiopática. Mas todos esses sinais e sintomas não são patognomônicos de HIV. Essas manifestações não são necessariamente de pacientes com HIV mas, quando esses sintomas e sinais aparecerem devemos ter uma maior atenção, e alerta para pesquisa. Diagnóstico vai ser clínico e laboratorial. Ou seja, manifestações clínicas com um CD4 menor que 350 cel/mm3. • Manifestações da imunodeficiência avançada: síndrome consumptiva associada ao HIV (perda involuntária de mais de 10% de peso habitual) associada a diarreia crônica (dois ou mais episódios por dia com duração de mais de um mês), ou fadiga crônica e febre por mais de um mês. Pneumocistose, pneumonia bacteriana recorrente (dois ou mais episódios em um ano), herpes simples com úlceras mucocutaneas ou visceral em qualquer localização, candidíase esofágica ou de traqueia, brônquios ou pulmões, tuberculose extrapulmonar, sarcoma de Kaposi. Doença por citomegalovírus (retinite ou outros órgãos, exceto fígado, baço ou linfonodos), neurotoxoplasmose, encefalopatia pelo HIV, criptococose extrapulmonar, infecção disseminada por micobacteria não M.tuberculosis, leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP), criptosporidiose intestinal crônica, isosporiase intestinal crônica, micoses disseminadas (histoplasmose, coccidiomicose), septicemia recorrente por Salmonela não Thyphi, linfoma não Hodgkin de células B ou primário do sistema nervoso central, carcinoma cervical invasivo, reativação de doencas de Chagas (meningoencefalite e ou miocardite), leishmaniose atípica disseminada, nefropatia ou cardiomiopatia sintomática associada ao HIV. Linfoma não Hodgkin fecha diagnóstico de AIDS, sem contagem de CD4, assim como tuberculose extrapulmonar, sarcoma de Kaposi e candidíase esofágica. Doenças oportunistas • Tuberculose: principal infecção oportunista, é a mais prevalente e a que mais causa óbitos. Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, vulnerabilidade ao mycobacterium. A maioria das pessoas já tiveram contato com a bactéria da tuberculose, a infecção pela micobacteria vai ser continua, e se não estiver com a imunidade boa, essa micobacteria reativa. Porque quando temos contato fazemos um granuloma, e quando o sistema imune não está em funcionamento correto, esse granuloma vai deixar a microbacteria se desenvolver podendo até causar lesões de tecidos. Clínica: CD4 > 200: TB pulmonar cavitário, TB ganglionar. Tem alguma capacidade de matar o bacilo, fazer um granuloma. Quando tem lesão das paredes formando cavitações. CD4 <200: TB miliar, neuro TB, TB disseminada. O sistema imune não consegue formar e manter o granuloma, não tem capacidade de fazer cavitação, e o bacilo vai se disseminar pela via linfo hematogenica. Diagnóstico: baciloscopia de secreções (escarro). TRM-TB. (Teste rápido de biologia molecular). Cultura para micobacterias. Tuberculose com caverna, e nos ápices pulmonares não conseguimos nem visualizar a trama da árvore pulmanar, que foi completamente destruída pela micobacteria. Tuberculose miliar, é melhor verificada na tomografia. Parece que foi jogado farelos de milho em cima do pulmão. Tratamento: Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z) e Etambutol (E). Sempre que diagnosticar TB, tem que pedir teste de HIV. Quem precisa de profilaxia? Depende da quantificação do CD4. E tem a profilaxia secundária para pessoas que já tiveram tuberculose. Toda PVHIV CD4 <350. Isoniazida 300mg por dia (270 doses por 9-12 meses) ou rifampicina 600mg por dia (120 doses -6 meses). Tuberculose ocorre em PVHIV CD4 <350. A pessoa deve receber a profilaxia para infecção latente. • Pneumocistose Agente: Pneumocystis jivireci (antigamente chamado de P.carninii). Clínica: quadro insidioso com dificuldade respiratória, tosse seca, desconforto torácico e febre, com hipoxemia e LDH elevado. A dificuldade respiratória e progressiva, de forma subjugada. Exame radiológico: não ajuda muito, o diagnóstico vai ser clínico. Mesmo com raio-x normal pode ser pneumocistose. E se tiver alteração vai ser um infiltrado pulmonar difusões e bilaterais, que se inicia na região peri-hilar e avança para as bases, com ápices poupados. O PCP não cursa habitualmente com derrame pleural ou adenopatia hilar. O DHL vai ser dosado porque nessa doença tem a destruição dos pneumocitos tipo II. Esse vai ser o infiltrado em vidros fosco. Diagnóstico: O padrão ouro vai ser o diagnóstico clínico e radiológico em PVHA com CD4 com menos de 200 cel/mm3. Tratamento: sulfametoxazol + trimetroprim (Bactrim). Os glicocorticoides devem ser usados em todos os pacientes com PaO2< 70mmHg até 72 horas do inicio da terapêutica. Pode ser prednisona 80mg e vai diminuindo a dose. Profilaxia: toda pessoa que vive com HIV com CD4 menos que 200. Vai ficar com a profilaxia, até que suba acima de 200 e avaliação de 6 meses. • Neurotoxoplasmose: AVC da AIDS, protozoário. Pode causar infecção congênita importante na gestante, bem grave. Mas, na população em geral não costuma causar grandes problemas. Doença de reativação, ou seja, já tiveram no passado o contato com o toxoplasma, ativam no SNC, déficit neurológico focal, principalmente um déficit motor, hemiparesia ou até hemiplegia. Estratificação de CD4 menor que 100 e vulnerável a neurotoxoplasmose. Radiologicamente: realce anelar envolvendo preferencialmente os núcleos da base, devido a uma necrose central (pseudo abcesso). Diagnóstico: biópsia + histopatologico (padrão ouro) nunca recorrem a isso. Realizam o diagnóstico clínico e radiológico, pode pedir PCR no liquor. O diagnóstico vai ser clínico e radiológico até porque fazer biópsia de tecido cerebral não é muito agradável. Tratamento: SMX-TMP 25mg de sulfa em 12 em 12 horas por 6 semanas. O paciente vai ser internado,vai iniciar o tratamento 2 semanas de tratamento, para melhora para lesão e dos sintomas, os pacientes vão poder ir pra casa tomar VO. Sulfadiazina 1 a 1,5g VO 6/6h +pirimetamina 200mg VPO no 1° dia + 50 a 75mg/dia VO. Profilaxia: CD4 menor que 100, Bactrim, vai tomar todos os dias, ou dois comprimidos todos os dias. Duração de até 3 meses. IgG anti-toxoplasma gondii reagente (primária) e após diagnóstico e tratamento de NTX (secundária). Duração de até 3 meses, após CD4 > 200 (primária) e até 6 meses, após CD4 > 200 (secundaria). • Neurocriptococose: Crypyococcus spp. Causa meningite subjugada ou crônica, podendo elevar a HIC. O paciente pode ficar com esse quadro clínico por semanas ou meses. E vai caminhando para HIC. O mais importante é a historia clínica, pois o exame radiológico ajuda pouco. Pode ter lesões focais do criptococoma. Paciente vai ter febre, náuseas e vômitos e sinais e sintomas de HIC (diplopia, papiledema, confusão mental, rebaixamento do nível de consciência). Sempre com um CD4 <100 cel/mm3. Diagnóstico: puncionar o liquor, tinta nanquim, e levar pro microscópio, vai ser visualizado leveduras destacadas, vai ser o teste da china positivo. Não vai ter realce anelar, porque o realce anelar é de neurocisticercose. Tratamento bem chato: complexo. Anfotericina B (nefrotóxico) depois flucitosina e fluconazol 400mg VO 12 em 12 horas por pelo menos 2 semanas. O paciente vai tratar por cerca de 1 ano. Fora de serviços de referência normalmente o paciente não vai conseguir sair. • Doença citomegalica: CMV, doença de reativação, aparelho digestivo, pulmões, fígado, vias biliares. Formam úlceras, causam colite, enterites, gastrite e esofagite. Nos livros de patologia o patognomônico são olhos de coruja. O tratamento vai ocorrer com Gangiclovir com CD4>100 por pelo menos 3 a 6 meses em PVHA em TARV regular. • Candidiase: oral é comum, esofágica é indicativo de AIDS. O diagnóstico ocorre com endoscopia e a clínica, e cultura para fungo permite a identificação da espécie Se trata com fluconazol. Vão formar placas removíveis esbranquiçadas na mucosa orofaríngeo e esofágica + odinofagia, disfagia, dor retroesternal difusa, PVHA <100 cel/mm3. • Sarcoma de Kaposi: CD4< 200 cel/mm3. Lesões mucocuteneas ou viscerais. É um tumor vascular de baixo grau relacionado a infecção pelo HHV-8 com, imunodeprimidas. Clínica: lesões tumorais mucocutaneas e ou viscerais (ex: pulmão, TGI). Diagnóstico: biópsia + histopatologico mais história clinica. Tratamento: TARV mais ou menos doxorrubicina 20mg que é um imunoterápico, a cada 3 semanas com resolução das lesões. As vezes tem que fazer quimioterapia na lesão. Se tiver menos de 20 lesões não tem porque fazer quimioterapia apenas TARV. O que o professor cobra na prova: Tratamento para HIV, profilaxia primaria e secundaria. Hepatites virais Fazer os diagnósticos precoces. Doenças agudas e crônicas com tropismo pelo fígado, com diferentes etiologias virais. Sintomas possíveis na fase crônica: icterícia, anorexia, fadiga, náuseas e mal-estar. Nem todo paciente com hepatite viral irá progredir para a fase crônica e desenvolver cirrose hepática, na verdade o objetivo é realizar um diagnóstico precoce e evitar esse desfecho que é irreversível. Sintomas e exames inespecíficos Normalmente a sintomatologia vai ocorrer na fase crônica, a fase aguda na maioria das vezes é assintomática. Na fase aguda é muito difícil diagnosticar. Profissionais de saúde são testados para hepatite B. O diagnóstico melhorou na fase aguda, com campanhas de testagem, isso aumenta a sensibilidade da estratégia diagnóstica, o diagnóstico melhorou para os profissionais de saúde, PAHA e banco de sangue para testagem. Os principais sintomas que caracterizam as hepatites são os da síndrome ictérica: icterícia, fadiga, anorexia, colúria, acolia fecal e náuseas. Laboratorialmente: TGO e TGP aumento dessas enzimas séricas em até 10x, TGP (é mais específica do hepatócito). TGO aumentada isolada pode não ser hepática (células musculares lisando, pode aumentar a TGO). Cirrose hepática alcoólica, vai causar aumento do TGO porque lesa outros tecidos além do fígado. Podemos ter um aumento da bilirrubina (icterícia), e fosfatase alcalina (que pode significar obstrução do parênquima biliar, pode ter linfocitose). Gama GT aumentado em casos de cirrose alcoólica e não biliar. • TGO e TGP • Fosfatase alcalina com linfocitose. • Bilirrubina • Gama GT. Exames específicos: imunoensaio (detecção de antígenos ou anticorpos). • Ensaios imunológicos (ELISA), ensaios de luminescente. • Teste rápido, para hepatite B e hepatite C, pesquisa o antígeno. Permitem o rápido diagnóstico do tipo de hepatite e, por consequência, o início precoce do tratamento. São muito utilizados em serviços que as sorologias não estão disponíveis. • Teste molecular com detecção de ácidos nucleicos. Solicitado após a positividade da sorologia para algum tipo de hepatite, de forma que ajuda na determinação do tratamento para o paciente (já que ajuda a determinar se a doença é aguda). O mais utilizados é o PCR- carga viral. HAV: tem período de 15 a 45 dias de incubação é uma doença aguda. Síndrome aguda, com síndrome ictérica diarreica aguda. Muitas crianças se contaminam devido à transmissão fecal e oral. Em adultos é mais sintomática. Não tem nenhuma forma crônica. Via fecal oral (contaminação de água e alimentos, pode ter transmissão sexual), aguda e autolimitada, e não cronifica. Menos de 1% com hepatite fulminante. Detecção de anticorpos (5 a 10 dias da infecção) HBV: 30 a 180 dias de incubação, a forma clínica é raramente icteríca, grande parte dos pacientes são assintomáticas. RN que são infectados no começo da gestação, vão cronificar. Adultos vão cronificar menos que os RN, mas 20% pode cronificar. Mas é uma infecção bem subclinica. Tem dificuldade de suspeitar diagnóstico. Janela imunológica de 30 a 60 dias no exame sorológico. A forma crônica acontece em 90% dos RN que contraíram o vírus via vertical, mas apenas em 5-10% dos pacientes maiores de 5 anos. HCV: 15-150 dias de incubação. Encontrada em apenas 20% dos pacientes. A doença cronifica na maior parte dos pacientes (70-85%). Hepatite A Família Picornaviridae (RNA), vírus com antígeno de superfície. A imunidade por hepatite A é para sempre. Transmissão: oral fecal (água, alimentos contaminados com fezes de pessoas infectados, parenteral é rara, transmissão sexual). Incubação: 15 a 50 dias. Comum em áreas com baixa infraestrutura. É uma doença autolimitada, benigna em 99% dos casos, sendo que os sintomas são bem parecidos com os que aparecem em outros tipos de hepatite (1% dos pacientes, evoluem para insuficiência hepática). Quadro clínico: indisposição, fadiga, anorexia, náuseas, vômito, desconforto abdominal, febre, urina escura, acolia fecal. Laboratório: IgM detectável, o IgG positiva um pouco depois e fica pelo resto da vida. Tratamento: suporte. Raramente internação se quadro fulminante, possibilidade de transplante hepático. Hepatite B Família Hepadnaviriae (DNA), tem antígeno do core (Hbc) e (HBsAg), (HbeAg). Vírus oncogênico de hepatite viral (carcinoma hepatocelular). Transmissão: parenteral, vertical e sexual. Essa doença pode cronificar, o que é mais frequente em crianças que contraíram a infecção por via vertical (95% dos casos) do que em adultos que contraíram por outras vias (5% dos casos), desses quadros que cronificam, 25% evoluem para doença hepática avançada (cirrose). Evolução clínica • Forma aguda: na maior parte das vezes, é assintomática ou caracterizada por sintomas discretos de (náuseas, icterícia leve, aumento das transaminases). • Primeira resposta: produção dos anticorpos anti-HBC (IgM e IgG), a presença deles indica contato com ovírus. • Segunda resposta: é caracterizada pela produção de dois anticorpos. Anti-HBE: indicativo de replicação viral. Anti-HBS: que é produzido contra o antígeno de superfície do vírus e garante ao paciente imunidade contra a doença. Esse é o anticorpo estimulado pela vacina. Fases da hepatite B 1) Fase imunotolerante: o paciente já entrou em contato com o vírus, mas seu organismo ainda não reagiu a ele. O antígeno Hbe reagente + TGP normal. 2) Imunorreativo: o paciente infectado começa a reagir ao vírus. Antígeno HBE reagente + TGP aumentada. 3) Portador inativo: o paciente entrou em contato com o vírus e desenvolveu uma hepatite por essa causa, mas já não apresenta replicação viral. Antígeno Hbe não reagente e TGP normal. 4) Reativação: essa acontece em apenas alguns casos, quando o paciente portador do vírus volta a apresentar um quadro de hepatite. Antígeno Hbe não reagente e TGP aumentada. OBS: o paciente com hepatite viral deve ser testado para outras IST e outras infecções virais. Marcadores da hepatite B: • HbSAg: é a proteína de superfície do vírus, a qual fica reagente em cerca de 30 dias de infeção. Essa é definidora de doença, sendo que, quando fica positiva, por mais de 6 meses, tem-se a doença como crônica. • Anti-Hbc total: o anticorpo produzido contra o core do vírus, o qual fica positivo após cerca de 45 dias da infecção, esse é definidor de contato (fica positivo na doença ativa e após a cura) se IgM positivo fase aguda. • HbeAg: é o antígeno relacionado a atividade de replicação do vírus, o qual é utilizado para entender a evolução do paciente (em qual fase da doença está). • Anti-Hbe: é o anticorpo contra o antígeno Hbe. Indica possível progressão para controle de replicação. • Anti-Hbs: é o anticorpo contra o antígeno de superfície, o qual indica cura funcional do paciente. Pode ser por imunidade ou vacinação. Tratamento: é realizado pot toda a vida, mas não em todos os pacientes (já que, em muitos casos, o próprio organismo é capaz de debelar o vírus), indicações • Paciente com HbeAg reagente e ALT maior que duas vezes o limite superior da normalidade. • Adultos com mais de 30 anos que apresentam HbeAg reagente. • Pacientes com HbeAg não reagente, HBV-DNA maior que 2000UIml e ATL maior que duas vezes o limite superior de normalidade. Obs: o tratamento é realizado com Tenofovir. Não existe cura esterilizante para o hepatite B, o que é possível é deixar o paciente com CV indetectável após a infeção aguda. Prevenção: vacina, uso de preservativos, não compartilhar objetos de uso pessoal e agulhas e não reutilizar material para piercing e tatuagem. Hepatite C Família Flaviviridae. Tem 7 genótipos, RNA. Transmissão muitas vezes não é identificada, transfusão de sangue antes de 1993, uso de drogas injetáveis, uso de inaláveis (cocaína), procedimentos cirúrgicos (endoscópicos), sexual (mais comum em PVHIV, IST, simultânea), vertical. Só é possível se contaminar uma vez com cada um dos tipos de vírus HCV. Transmissão: as formas mais comuns são materno- fetal e perfurocortante (a transmissão sexual existe mas não é muito frequente). Cerca de 75-85% dos pacientes com hepatite C cronificam e 25% deles evoluem para cirrose hepática. Apenas uma sorologia é capaz de confirmar ou descartar o diagnóstico, importante testar as outras hepatites e as outras ISTs. Tratamento: Os medicamentos são esquemas que pegam qualquer um dos 7 genótipos. Esse é indicado para qualquer paciente com hepatite C (8 a 12 semanas) a preferência é utilizar medicamentos pangenotípicos, os quais atuam em todos os vírus da hepatite C. Sofosbuvir e Velpatasvir ou Glecaprevir e Pibrentasvir, mas ainda utiliza-se muito o esquema Sofosbuvir e Ledipasvir, o qual apresenta muito mais efeitos contra o genótipo 1, um tipo que é muito frequente no Brasil. Em casos específicos Ribavirina pode ser utilizado. Pacientes com a doença avançada devem fazer segmento semestral para rasteio de câncer hepático. Hepatite D (delta) Família Deltaviridae, vírus de DNA. Endêmico da Amazônia, Inglaterra e Itália, é bem menos comum que as outras hepatites. Só vai ter hepatite D quem tiver hepatite B. Pode ser coinfecção (infecção simultânea) ou superinfecção (infeção posterior a HBV). Pode agravar o quadro clínico, uma evolução maior para cirrose, é pior você se infectar com um e depois com o outro. É melhor se infectar com os dois juntos. Todo paciente da região endêmica que positivas para hepatite B deve ser testado para hepatite delta. Diagnóstico: anti-HDV, e sorologia para hepatite delta. Tratamento: Interferon peguilhado + Tenofovir e Entecavir (48-96 semanas). Hepatite E Família hepeviridae. Transmissão: oral-fecal. Pode cronificam mas normalmente isso ocorre com pacientes imunossuprimidos. Existem quatro genótipos de HEV, mas apenas dois são exclusivos da espécie humana. Diagnóstico: sorologia (anti-HEV IgG e IgM) ou pelo PCR nas fezes. Tem-se suspeita da doença em casos de hepatite aguda com HAV, HBV,HCV, EBV, CMV excluídos e histórico de viagem para área endêmica do HEV. Tratamento: medidas de suporte, e nos casos de imunossuprimidos com cronificação, Ribavirina. Não existem casos dessa doença no Brasil. Endocardite infecciosas Definição: infecção microbiana da superfície do endocárdico do coração. Localização: valvas cardíacas, septos interatrial e atrioventricular, cordas tendineas e endocardio mural. Em qualquer um desses lugares pode acontecer, o mais frequentes são nas valvas cardíacas. Vegetação: plaquetas + fibrina + células inflamatórias+ micro-organismos. Lembrando cicatrização. Precisamos ter uma lesão endotelial para que esses micro-organismos se fixem. Incidência: 3,9 casos por 100.000 habitantes (países desenvolvidos). Faixa etária mais acometida 47 a 69 anos de idade. Razão de sexo (H:M): 1,8:1. Condições cardíacas predisponentes: doença reumática crônica, doenças degenerativas das valvas, usos de drogas injetáveis, dispositivos intratorácicos e infecções nasocomiais. Fisiopatologia: inicialmente vamos ter uma lesão endotelial que vai causar um turbilhonamento sanguíneo como ocorre por exemplo na hipertensao arterial. Depois disso forma-se um trombo estéril, com a presença de uma bactéria por uma outra infecção e se fixa nesse trombo formando uma endocardite infecciosa. Também podemos ter uma doença reumática, com degeneração e calcificação senil das valvas (nesse caso não é necessario o turbilhonamento de sangue). Depois de formado o trombo, vamos ter o recrutamento de plaquetas + fibrinas + células inflamatórias = endocardite trombótica não bacteriana (ETNB). Fatores de risco para bactérias • Higiene oral precária. • Infecção de pele e partes moles e de outros sítios: são os principais agentes, que se proliferam em biofilme. • Uso de drogas intravenosas. O microorganismo presente na corrente sanguínea adere ao ETNB e torna a endocardite infeciosa. As valvas cardíaca são estruturas avasculares, o que dificulta a penetração do antibiótico a ser utilizado no tratamento desta infecções no tecido endocárdico. Flebite: infecção da veia. Fatores de risco: • Uso de drogas intravenosas: risco 30 vezes maior que na população geral. Risco 4 vezes maior que nos portadores de doença reumática. Valva tricúspide. Staphylococcus aureus. • Proteases valvares: 7-25% dos casos EI. < 2 meses da cirurgia: EI precoce. >12 meses de cirurgia: EI tardia. Devemos considerar os agentes infeciosos nasocomiais. • Doença estrutural cardíaca: 75% dos pacientes diagnosticados com EI tem pelo menos uma anormalidade estrutural cardíaca. Prolapso de valva mitral (países desenvolvidos), doença reumática (países em desenvolvimento). A valva mais acometida para a menos acometida mitral > aortica > mitro-aortica > tricúspide. • Endocarditeinfeciosa prévia: 2,5% a 9% de recorrência. • Procedimentos intravasculares ou cateteres venosos: Endocardite infecciosa nasocomiais: após 72hs na admissão hospitalar ou até 60 dias após a alta hospitalar. O principal agente e o Staphylococus aureus ou o Staphylococcus spp. coagulase negativos. • Doenças sistêmicas: PVHA, DRC, DM. Classificação • EI aguda: desenvolvimento rápido dos sintomas. Febre alta, queda do estado geral. Quando os agentes são mais virulentos. • EI subaguda: início insidioso, febre baixa arrastada, perda ponderal, sudorese noturna. Na maioria das vezes, a EI é uma doença subaguda (ou seja, nem sempre o paciente chega em estado grave). Microbiologia EI de valvas nativas: • Agudas: S.aureus, Pneumococo, tríade de Austrian: endocardite + pneumonia + meningite pneumocócicas. • Subagudas: S.viridans (alfa-hemoliticas), Enterococccus spp. Grupo HACEK (H.parainluenzae, H.aphrophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodns e Kingella kengii). Na tardia vamos pensar em micro-organismos de pele, porque temos mais tempo de exposição nesse caso. Endocardite fúngica: Asperigillus spp (fungo filamentoso, relacionado a ambiente de construção e reforma) e Candida spp (faz parte da nossa colonização). São de difícil diagnóstico e tratamento. A cultura não é muito sensível. Vegetações grandes, maior risco de embolização (o Staphylococus aureus também tem risco de embolização). Lembrar que essa vegetação pode soltar e causar isquemia de algum tecido. Fatores de risco principais: uso de drogas intravenosa, cirurgias cardíacas recentes e uso prolongado de cateteres vasculares, mortalidade elevada (>50%). Manifestações clínicas: febre (80%-95%), sopro cardíaco (85%), fenômenos embolicos, fenômenos imunológicos. Petequias subpalpebral, deve-se fazer fundoscopia. Manchas de Janeway: (equimoses que aparecem nas plantas dos pés e não são consequências traumáticas). Nódulos de Osler (nódulos violáceos dolorosos na polpa dos dedos das mãos e do pés). Petequias. Manchas de Roth: que aparece na fundoscopia (ocorrem devido a ruptura de um vaso retiniana levando a extrusão de sangue e adesão plaquetaria). Complicações • Locais: IAM, ICC, BAV, bloqueio de ramo. Fenômenos embolicos- principais fatores de risco. o Vegetações grandes (>10 a 15mm) e móveis. o Vegetações mitrais. o Aumento do tamanho das vegetações durante a terapia. o Staphylococus aureus. o Candida spp. o EI fúngica. Outras complicações o Aneurisma micótico: clivagem da parede das artérias devido a infecção bacteriana. o Fenômenos embolicos neurológicos: simula um AVC, mimical stroke em artéria cerebral média. o Artrites o Doença renal aguda Diagnóstico Critérios de Duke modificados (Vão cair na prova) • Hemocultura positiva: para micro-organismos típicos, isolados em 2 amostras separadas. • Hemocultura positivas 2 ou mais positivas que continuam positivando mesmo que seja de micro-organismos atípicos. • 2 hemoculturas positivas com mais de 12h de diferença. • 3 hemoculturas positivas com pelo menos 1h de intervalo entre a primeira e a última. • 4 ou mais hemoculturas com a maior delas positiva e pelo menos 1h de intervalo entre a primeira e a última. • Quando der uma hemocultura positiva para Coxiella burnetti ou IgG >1:800. Evidências de envolvimento do endocardio Achados ecocardiográficos como vegetação móvel aderida a valva, na direção de jatos regurgitantes ou no material implantado, na ausência de uma explicação anatômica melhor. Abscessos Nova deiscência parcial da prótese valvar Nova regurgitação valvar Critérios de Duke menores • Condições predisponente: uso de drogas intravenosas ou condição cardíaca predisponente (prótese valvar ou lesão valvar associada a regurgitação significativa ou fluxo sanguíneo turbulento). • Febre >38°C. • Fenômenos vasculares: embolia arterial, êmbolos pulmonares sépticos, aneurismas micóticos, hemorragia intracraniana, hemorragias conjuntivas, lesões de Janeway. • Fenômenos imunológicos: glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth, fator reumatoide positivo. • Evidências microbiológicos: hemoculturas positivas não preenchendo critérios maiores ou evidências sorológicas de infeção ativa consistente de endocardite. Endocardite infeciosa- Diagnóstico definitivo EI histopatologicamente comprovada Dois critérios maiores: diagnostico 1 critérios maior e 3 menores. 5 critérios menores. Sensibilidade de 76-100%, especificidade de 88-100% valor preditivo negativo de 92%. Padrão ouro: cultura do microorganismo a partir da valva ou outra superfície endocárdica. Hemoculturas devem ser coletadas em pelo menos 3 amostras em 24h, de regiões diferentes, com um frasco de aeróbios e outro de anaeróbios para cada amostra e com especial atenção a técnica asséptica. A coleta deve ser realizada com intervalo de mais de 1h para documentar a bacteremia continua, porém o estado clínico do paciente pode exigir que esta coleta seja feita mais rapidamente. Deve ser retirado um mínimo de 10ml para cada frasco. Caso não cresça nada na cultura de 48-72h, outras 2 novas hemoculturas devem ser coletadas e o laboratório consultado para obtenção de melhores resultados. Quando suspeitarmos fortemente de endocardite e as culturas permanecerem negativas em amostras repetidas, devemos considerar organismos menos virulentos, fungos ou organismos não cultiváveis, como os do grupo HACEK, por exemplo. Indicações de ECOTE (Ecocardiograma transesofagico) o Forte suspeita de endocardite (ECOTT sem vegetação visíveis). o Alto risco de complicações o Provável dificuldade de visualização (DPOC, obeso, cirurgia torácica anterior). o Piora clínica (a despeito do primeiro ECOTT). Outro exame pode ser o PET-TC: útil na avaliação de abscessos perivalvares e ou peri-prosteticos e no diagnóstico de manifestações embolicos. Tratamento: Pensar em micro-organismos de pele: Staphylococus e Streptococcus. Micro-organismos gram negativos são mais relativos a implantação por contaminação. Tratamento empírico sem saber qual é a bactérias vai começar com antibioticos de amplo espectro Depois quando chegar o resultado da cultura, vai ter uma terapia mais direcionada ao microorganismo que está positivado. Valva nativa • Staphylococus: oxaciclina 2g EV 4/4h. • Streptococcus: ceftriaxona 2g EV 12h/12h Gentamicina 1mg/kg/dia EV. • Enterococus: ceftriaxona e gentamicina (como sinergismo, apenas por 2 semanas). Também pode usar oxaciclina. Oxaciclina 2g EV 4/4h + Ceftriaxona 2g EV 12/12hs + Gentamicina 1mg/kg/dia EV. Valva protética Tardia: Nesse momento mesmo que a cultura não esteja positivada, vale a pena tratar empírico, mas não com beta-lactamico. Que são para Staphylococus resistente a meticilina então vamos dar Vancomicina ou outras drogas. Mantém a Gentaminicina para sinergismo. Rifampicina: valva protetica tem biofilme, tem mais proliferação de biofilme, tem que ter uma droga que penetra em biofilme, as drogas como Vancomicina e Gentamicina não tem uma entrada muito boa, e para isso, a Rifampicina tem boa penetração no biofilme, e por isso vamos dar Rifampicina associada. Vancomicina 15-20mg/kg EV 12/12h + Gentamicina 1mg/kg/dia EV + Rifampicina 300mg VO 8/8hs. Doença neglicenciadas Populações neglicenciadas. Febre amarela Vírus amarílico (família Flaviviridae) Vetores: Aedes aegypti (urbana) e mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes (rural). Hospedeiros: humanos e outros primatas. Febre amarela urbana erradicada no Brasil, desde 1942. Ciclo biológico: o homem quando entra no ciclo, vai ser o primata a ser infectado. Na febre amarela urbana, o vetor muda, porque o vetor é o Aeds aegypti, a proliferação desses mosquitos são intensas.Atualmente começamos a vacinar as pessoas, e com isso elas morrem menos de febre amarela. Fatores de risco para reurbanização Expansão territorial, infestação do A.aegypti, já detectada em mais de quatro mil municípios, distribuídos por todas as unidades federativas. Áreas com A.aegypti superpostas a área de circulação do vírus amarílico. Presença de A.albopictus em estados para regiões endêmicas e de transição. Esse vetor é o principal na Ásia. O macaco é muito importante para identificação no sentido de identificar onde temos vírus amarílico. o Áreas urbanas infestadas de A.aegypti próximas de áreas de risco para febre amarela silvestre. o Tragédias ambientais podem alterar o balanço ecológico e pode propiciar doenças endêmicas. o Intenso processo migratório rural-urbano, levando a possibilidade de importação do vírus amarílico dos ambientes silvestres para os urbanos. o Áreas de circulação do vírus amarílico com baixa coberturas vacinais. Toda pessoa que vive no Brasil, deve ter pelo menos uma vacinação de febre amarela. Febre amarela: manifestações Período de incubação no homem: 3 a 6 dias. Período de incubação extrínseco: no mosquito de 9 a 12 dias. É uma doença bifásica: Uma coisa sistêmica, benigna e inespecífica. O paciente melhora por 24-48hs. Período de infecção: sinal de Faget (dissociação pulso temperatura, vão ser pacientes com febre e com frequência cardíaca menor que 50bpm), febre, cefaleia, mialgia, astenia. Período toxêmico: paciente volta a piorar. Vai ter icterícia (começar nas conjuntivas podendo se alastrar para todo o corpo), disautonomia (pode fazer arritmia, fica hipotenso sem causa), insuficiência hepática ( é um vírus hepatotropico), insuficiência renal, manifestações hemorrágicas. Vai ter aumento de TGO e TGP com aumento principalmente de TGO, insuficiência renal, manifestações hemorrágicas. A insuficiência hepática pode causar diminuição total de coagulação, e a qualquer momento esse paciente pode ter hemorragia e sangrar até morrer. Diagnóstico: isolamento e identificação viral. • RT-PCR (técnica molecular). • Métodos sorológicos (MAC-ELISA, fixação de complemento, inibição hemaglutinacao e neutralização). Pacientes que já foram vacinados vão ter sorologia positiva. • Exames inespecificos: hiperbilirrubinemia direta, proteinúria, albuminuria, hematúria, elevação de transaminase (TGO > TGP), elevação de creatinina e ureia, aumento de TP, TTPA e TC. Tratamento: Não há tratamento específico. Sintomáticos se necessário: terapia de suporte para os casos graves. Critérios de alta hospitalar • Após 10 dias de doença, para pacientes sem febre nas últimas 24hs, com aspectos clínicos melhorados e exames laboratoriais com índices decrescentes das transaminase e estabilização das plaquetas. • Após três dias sem febre, independentemente do tempo da doença, com indícios decrescentes das transaminase e estabilização das plaquetas. Orientar , caso os sintomas voltem, retornar ao posto de atendimento. Prevenção Medidas ambientais: para controle populacional dos vetores. Medidas de proteção individual para picadas de mosquitos. Vacinação anti-amarílica. Vacina de vírus vivo atenuado. Em imunodeprimidos essa vacina tem contra indicação. Todos os residentes da área de risco acima de nove meses e todos os visitantes de áreas potenciais de transmissão viral (pelo menos dez dias antes da viagem). Indicada para todos os residentes do país. Leishmaniose visceral Doença causada por um protozoário do gênero Leishmania. Endêmica em todos os continentes. No brasil a espécie é a L.chagasi. Os vetores: flebotomineos, mosquito palha ou mosquito birigui. Mais prevalentes em áreas rurais, endemia em franca expansão. Reservatório nos cachorros, esse mesmo mosquito vai picar o cachorro e vai levar o agente infeccioso para o homem. O SI com resposta Th1, a Leishmania é englobada, são digeridas pelos macrófagos, e eles se armazenam em órgãos alvo, e se reproduzem em órgãos alvos. Podemos também ser reservatórios, os humanos. O ciclo extrínseco precisa que aconteça, não existe transmissão apenas entre humanos. Tem maior concentração no Nordeste, e o sexo masculino é o mais acometido. Acomete mais as crianças menores que 10 anos, atribuída a imaturidade celular, desnutrição e a mais exposição no peridomicilio. Manifestação clínica: febre com baço grande (lembrar isso para sempre). Período de incubação: 10 dias a 24 meses. Evolução subaguda ou crônica. Febre, palidez, cutâneo-mucosa, perda ponderal, aumento do volume abdominal (hepatoesplenomegalia), esplenomegalia de grande monta. Vai ser um paciente com pancitopenia. Alterações laboratoriais: pancitopenia, hipergamaglobulinemia com inversão padrão (albumina/globulina), elevação de transaminase e de escórias urinárias, hiperbilirrubinemia direta. Diagnóstico: exame direto visualização dos amastigotas em punção esplênica aspirativa, aspirativo de medula óssea, biópsia hepatica ou aspiração de linfonodo. o Isolamento em meio de cultura: meio de NNN é o mais comum esperado. o Isolamento em animais sucetíveis: os animais devem adoecer. o PCR: 94% dos casos. Métodos sorológicos que são indiretas: imunofluorescencia indireta, hemaglutinacao, ELISA, rk39 melhor para diagnóstico. Tratamento: Primeira escolha: N-metil glucamina (Glucantime) IM ou IV 20mg por kg por dia por pelo menos 20 dias. Contra indicações: gestante, insuficiência renal, hepatopatas, idade superior a 50 anos, PVHIV, insuficiência cardiaca e ou uso de medicações que alargam o intervalo QT. Alternativas: o Anfotericina B lipossomal 3mg/Kg/dia por 7 dias. o Anfotericina B desoxicolato 1mg/Kg/dia por 14 a 20 dias. o Pentamidina o Miltefosina Meningite agudas e crônicas Conceito: Inflamação das leptomeninges causada por agentes infeciosos (vírus, bactérias, fungos ou protozoários) ou não infecciosos (hemorragia subaracnóideo, neoplasias, doenças auto-imunes, sarcoidose e medicações). Classificação clínica Aguda: sintomas e sinais desenvolvem-se em horas ou dias. Até 7 dias pode ser considerada aguda. Crônicas: sintomas e sinais desenvolvem-se em semanas ou meses. A demora para o aparecimento dos sintomas nesses casos está associada com o maior tempo de replicação dos micro-organismos causadores. Dentre as etiologias mais frequentes tem- se: Mycobacterium tuberculosis, Cryptococcus neoformans e Histoplasmose capsulatum, esses agentes podem ou não apresentar cápsulas, sendo que essas, quando presentes, implicam na necessidade de aumento do tempo de tratamento do paciente. Quadro clínico do exame físico: dor de cabeça, febre e rigidez de nuca. Cuidado, as vezes o paciente vai falar que os sintomas iniciaram apenas quando há piora do quadro, então devemos checar as informações, como por exemplo: o paciente diz que os sintomas apareceram sábado a noite. Mas, vamos perguntar para o paciente se sexta a noite quando ele foi dormir se ele tinha sintomas, e ele pode dizer que sim, e então saberemos que os sintomas são anteriores a sábado a noite. Classificação quanto a origem: • Comunitárias: Strepotoccus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenza. Transmissível por via aérea, com gotículas. São sensíveis a maioria dos antibióticos. • Hospitalares: Gram positivas (+): S.aureus, S.epidermitis, Enterococus sp. Gram negativas (-): P.aeruginosas, A.baumanii, K.pneumoniae, E.coli. Essas por serem bactérias do ambiente hospitalar, tem perfil de sensibilidade específica aos antibioticos. Devemos dar antibióticos de maior espectro que consequentemente são mais caros. o Bactérias mais frequentes: Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae. Etiologia bacteriana x idade o 0-4 semanas: S.agalactie (GRAM + vai ser a partir da colonizaçãoda mãe, e o canal vaginal da mãe pode ter essa bactérias, deve-se fazer cultura da secreção vaginal no pré-natal), E.coli, Listeria monocytogenes. o 1-3 meses: E.coli, H.influenzae, N.meningitidis. o 3 meses – 4 anos: H.inluenzae, N.meningitidis, S.pneumonie. o 4-50 anos: Streptococcus pneumoniae. o > 50 anos: N.meningitidis, S.pneumonie, Listeria monocytogenes e Enterobacterias (>65 anos). O resultado da cultura não vem rápido, devemos tratar empiricamente, e isso deve ser baseado na epidemiologia da idade. E quando chegar a cultura vamos confirmar se devemos manter o antibiótico ou trocá-lo. Meningites assépticas: recebem esse nome os casos em que o paciente apresenta um quadro clínico típico de meningite, mas o agente etiológico não é identificado no liquor (apesar de o liquor apresentar algumas alterações). Dentre as etiologias causadoras de meningites assépticas, as virais são bastante relevantes. Epidemiologia: ▪ A meningite é uma doença muito comum, sendo que ¾ dos casos agudos da doença acontecem em crianças até os 15 anos. ▪ As meningites sofrem uma variação sazonal: as virais são mais comum verão, enquanto as bacterianas são mais frequentes no inverno. ▪ As vacinas, desde que implementadas, exerceram grande impacto na diminuição do número de casos de meningite, sobretudo na pediatria. Fisiopatogenia: Para que ocorra uma meningite, inicialmente preciso que o agente etiológico chegue ao SNC. Existem 3 formas para isso acontecer: • Via hematogenica: é a passagem dos agentes etiologicos que estavam no sangue (provavelmente causando outra patologia) para o SNC. Trata-se da principal via envolvida nesse processo. • Acesso direto: através da pele ou do trato respiratório, a qual pode ocorrer por alteração anatômica- trauma. • Disseminação de foco contíguo: sinusite frontal ou mastoidite (devido a otite média, e contato direto com a mastóidea pelos espaços no osso onde circula a endolinfa). Ao chegar no SNC, o agente etiológico instala uma inflamação no local, a qual pode culminar em edema cerebral (e com sintomas de alteração de consciência, sinais localizatorios e herniacoes). As bactérias nas meninges vão liberar as citocinas da inflamação, com aumento da permeabilidade vascular, a produção do liquor fica normal, mas a reabsorção vai ficar comprometida, e isso vai exceder o volume pressóricos (vai doer a cabeça) pode levar ao edema cerebral (alteração da consciência, pode entrar em coma). Pode ter sinais localizatorios, podemos ter parasia, plegia, convulsões. Manifestações clínicas: cefaleia, febre, rigidez de nuca, evolução para mingo-encefalite: alterações da consciência, sinais localizatorios. Fazer a manobra de Kerning e Brudsinki, podemos fazer fundoscopia e verificar edema de papila devido a HIC. Sintomas específicos que podem aparecer de acordo com a etiologia: Manifestações Etiologia Púrpura e petequias N.meningitidis Celulite de face S.aureus e H.influenzae Otite média, sinusite e pneumonia S.pneumoniae e H.influenza Fistula LCR S.pneumoniae Diagnóstico A partir da suspeita clínica, tem-se a confirmação do diagnóstico por meio da análise do liquor. Em crianças, devem ser retirados de 3-5ml para análise, preferencialmente separados em dois fracos, em adultos, é necessário a retirada de 5-10ml de liquor para análise, também preferencialmente separados em dois frascos diferentes. A partir do liquor retirado, devem ser realizadas diferentes análises, o que inclui: exame quimiocitologico de LRC, uma bacterioscopia, uma pesquisa de BAAR, uma pesquisa de fungos, culturas (para aumentar as chances de algum agente ser encontrado), e algumas pesquisas de antígenos (a partir de anticorpos monoclonais). ➢ Exame quimiocitologico de LCR: bioquímica desse líquido. Verifica proteínas e glicose. Quando uma bactéria encontra um neutrófilos vai ter morte celular, e com isso vai ser liberado proteínas, aumentando o número de proteínas. Diminuição de glicose, porque as bactérias vão se alimentar de glicose. Então, ao exame quimiocitologico: diminuição de glicose e aumento de proteínas. Além disso, aumento da presença de leucócitos, que podem auxiliar a classificar a meningite como aguda ou crônica. Press ão (em H2O) Leucóc itos (cel/ml ) Diferen cial Glicorra quia (mg/ml) Proteinorr aquia (mg/ml) Norma l Men or que 20 1-4 Leucóci tos + monoci tos 40-60 20-40 Menin gite bacteri ana aguda Maio r que 20 Mais que 500 Neutróf ilos Diminuí da Aumentad a Menin gite bacteri ana crônica Variá vel 100- 500 Leucóci tos + monoci tos Diminuí da Aumentad a Menin gite viral Men or que 20 Menos que 500 Leucóci tos + monoci tos Normal Normal ou aumentad a Obs: em um LCR normal não devem haver neutrofilos (nem que seja 1 unidade). Obs: nas meningites virais não há aumento da pressão, porque essas não são marcadas por edema cerebral, além disso, nessas não há diminuição da glicorraquia (porque os vírus não se alimentam de glicose). E pode não haver aumento da proteinorraquia (isso porque os vírus são intracelulares e não instalam uma inflamação tão significativa). Obs: na meningite bacteriana crônica, a proteinorraquia tende a ser bastante acentuada, justamente pela cronicidade da patologia (que faz com que haja morte de muitas células). Além da analise do liquor, um estudo radiológico de SNC também pode auxiliar no diagnóstico da doença, apesar de não ser capaz de determinar a etiologia dessa. Tratamento: medidas de suporte clínico (utilizadas nos casos de pacientes com alterações de consciência). • Decúbito elevado, para evitar broncoaspiracao em caso de êmese. • Jejum associado a um suporte calórico. • Hidratação • Ventilação mecânica • Controle da HIC: corticoides (2-4 dias) + Manitol + derivações ventricular (somente em últimos casos por ser invasiva) Antibioticoterapia: baseada empiricamente na epidemiologia. Crianças até 3 meses Ampicilina + Cefotaxime ou Gentamicina 3 meses – 50 anos Ceftriaxone ou Cefotaxime Mais de 50 anos Ceftriaxone ou Cefotaxime + Ampicilina Situações especiais (neurocirurgia e TCE) Ceftazidime + Vancomicina. Paciente com diagnóstico de meningite: Todos os pacientes devem ser internados por se tratar de uma condição de alta gravidade. Prescrição médica 1) Dieta: se vai poder se alimentar ou não. Para evitar risco de broncoaspiracao podemos deixar de jejum. Podemos escrever: dieta zero, ou jejum até segunda ordem. 2) Soro fisiológico 0,9%. 30ml/kg/dia (24hs) ou 500ml EV 6/6hs, isso para pacientes sem condições cardíacas ou outras doenças de base. + aporte calórico. Ou soro glicosado a 10%. Glicose 50% 50ml, a ideia não é nutrir, apenas não fazer hipoglicemia. 3) Antibiótico que esse paciente vai tomar. Utilizar os dados epidemiológicos (S.pneumonie GRAM + comunitário). Podemos dar penicilina cristalina até uma Clindamicina caso seja alérgico aos beta-lactamicos. E precisa ser um antibiótico com penetração na barreira hematoencefalica. Não podemos usar Azitromicina (não passa a BHE). Para tratar meningite temos que aumentar a dose dos medicamentos. 4) Analgésico e antipirético (se necessário ou se temperatura maior que 37,8°C). 5) Dar e prescrever os medicamentos que esse paciente já toma em casa. 6) Isolamento respiratório para gotículas (quarto privativo). Infecção hospitalar Toda infecção adquirida dentro do ambiente hospitalar (após 48hs da internação), tempo necessário para evitar confusão com infecções da comunidade. Associadas a procedimentos invasivos médicos (SVD -sondagem vesical de demora-, cateteres vasculares, tubo endotraqueal, cirurgias). São portas de entrada de infecções. Infecção no RN: todas são hospitalares (excetos as infecções adquiridas por via transplacentaria),não preenchendo o tempo de 48hs. CCIH: comissão de controle de infecção hospitalar (multidisciplinar). SCIH: serviço de controle de infecções hospitalar (médico + enfermeiro que executam ações de controle). Problemas de correntes de IH: ➢ Aumento do riso de morte. ➢ Sequelas. ➢ Aumento de custos (diárias extras, exames diagnósticos, infecções cirúrgicas, medicamentos). ➢ Marketing negativo. Objetivos: Manter as taxas de IH em níveis recomendados para complexidade do hospital. Educar os funcionários quanto as medidas de controle de infecção hospitalar. Incentivar a execução das medidas de controle de infecção na prática diária: lavagem de mãos, uso de equipamentos padrão para realização de procedimentos de risco. Colaboração de todos! Fatores predisponentes • Idade. • Doença de base. • Imunodepressão. • Procedimentos invasivos: cateteres venosos, sondagem vesical, tubo traqueal, cirurgias. Redução da incidência e gravidade. Topografia: trato urinário (sonda vesical), trato respiratório (entubação traqueal), sítio cirúrgico, relacionada a cateter vascular, escaras (úlceras de pressão) úlceras que aparecem devido a uma manutenção de posição dos pacientes como na região glútea e nos cotovelos. Infecção do trato urinário hospitalar • A porta de entrada é a sondagem vesical (bactérias depositada na sondagem). • Indicação precisa e remoção precoce. Saber o volume urinário em 24hs, proteina urinária em 24h. Ex: Paciente que urina na cama, é obesa e usa fralda, os enfermeiros pedem a prescrição da sonda, mas não devemos permitir isso. • Retirada precoce. • Lavagem de mãos. • Higienização íntima do paciente. • Introdução do cateter com técnica asséptica. • Sistema de drenagem fechado e estéril. • Não desconectar o sistema. Quadro clínico: febre, hipotermia, calafrios, urina turva, com grumos (sedimentos de células mortas) ou piúrias francas (pus), sem queixas urinárias como disuria, pois o paciente na maioria das vezes está entubado e não reclama desses sintomas. Métodos diagnósticos: ▪ Urina I (leucócitos, pH, densidade, nitrito). ▪ Urocultura. ▪ Hemoculturas (duas amostras, 50% das infecções urinárias fazem bacteremia, ou seja, disseminação sanguínea da bactéria). ▪ Hemograma (detecta a infecção, leucocitose, mas não detecta a fonte da infecção, etiologia). Obs: trocar sonda vesical e o sistema coletor antes de colher urina. Não vamos esperar chegar a cultura para fazer o tratamento, porque é uma condição grave. ➢ 95% GRAM negativa (-): E.coli, K.pneumoniae, P.aeruginosa, A.baumanii. Tratamento empírico para GRAM – vamos utilizar Cefalosporina de 4° geração (Cefepime para adultos com função renal normal 2g de 12/12hs EV, Carbapenemicos como Meropenem que pega todas as bactérias hospitalares, e a polimixina). Iniciar sempre com o antibiótico de espectro de ação mais curto. Se a cultura for sensível a cefalosporina continuar com o Cefepime, caso não seja, trocar o antibiótico. ➢ 5% GRAM + e leveduras: E.faecalis, E.faecium, C.albicans, C. Não albicans (C.tropicalis,C.parapsilosis). Carbapenemicos (Imipenem ou Meropenem). As vezes não da certo nenhuma dessas duas e temos que dar polimixinas. De menor espectro para maior espectro Cefalosporina (Cefepime) > Carbapenemicos (Meropenem) > Polimixina. Prescrição: Ex: Paciente 35 anos, acidente de carro, traumatismo crânio encefálico, está com ventilação mecânica, possui sonda vesical com grumos e pequenos acúmulos de leucócitos e ferida operatória limpa. 1) Dietas: sonda nasoenteral. A sonda de alimentação pode ser nasogástrica (5-7 dias) ou enteral (>7 dias). A sonda nasoenteral, em torno de 90Kcal/kg/dia (3000 kcal/dia). Todo paciente que foi submetido a um trauma tem um gasto energético maior que 60- 90Kcal/kg/dia. 2) Hidratação: Podemos dar soro caso o paciente esteja em choque ou hipotenso. SF a 0,9%, 500ml EV de 6h/6hs. 3) Medicação: Cefepime 2g EV 12/12hs, isso em função renal normal. Ou Imipenem 500mg EV 6/6hs, a dose máxima chega a 2g, nos casos de meningite a dose aumenta. Para a febre: dipirona 1 ampola + AD 10ml EV se temperatura maior ou igual a 37,8°C. Após a chegada da cultura, verificar se há necessidade da troca do antibiótico. Por exemplo, estamos usando Cefepime, e na cultura identificou que a bactéria é resistente a Cefepime, vamos trocar para: Carbapenemicos (Imipenem) 500mg EV 6/6hs. Tirar o cefepime. Ou podemos dar Meropenem 1g EV 8/8hs. Quanto tempo trata infecção urinária comunitária? 7 dias. (Pielonefrite são por 10 dias em pacientes sem comorbidades, e 14 dias em pacientes com comorbidades como diabetes, HAS, câncer, imunossupressores, corticoides em altas doses). Quanto tempo devemos tratar a ITU de infecção hospitalar: 14 dias (com ou sem comorbidades). Quando queremos pedido de cultura, vamos colher primeiro a urina e depois prescreve o antibiótico. Os 14 dias de tratamento vão ser contados a partir da troca do medicamento. Se não precisou trocar, continua a contagem dos dias, isso vai completar o tempo de tratamento. Nesse período de tratamento deve ser retirado o fator de risco: sonda vesical. As vezes mesmo a bactéria sendo resistente ao antibiótico usado no começo, o paciente teve melhora, mas devemos trocar do mesmo jeito. Infecção hospitalar do trato respiratório O principal fator de risco é a entubação orotraqueal, quando o paciente tem indicação, deve ser feita de forma precisa, é um procedimento realizado na urgência, é não estéril, vai ser contaminado durante a passagem pela boca, e com isso o paciente fica sujeito a infecção devido a colonização da boca e da orofaringe, em que sempre haverá algum contato. Deve ser seguida com uma monitorização posterior, a maioria dos aparelhos respiratórios apresentam uma frequência respiratória própria (FR fixa que o médico gradua), se esse ventilador não for um ventilador de demanda, o paciente vai ter a frequência dele, e o respirador tem outra e isso vai causar briga de respirador, e o aparelho começa a apitar, e isso não vai permitir que a Sat O2% se mantenha acima de 90%. Com isso, vamos tentar sedar o paciente, e colocá-lo em coma induzido, assim não vai ocorrer a briga com o respirador, e saturação de oxigênio vai voltar a valores maiores que 90%, esse procedimento promove maior segurança aos médicos. Entretanto, quanto mais tempo exposto aos procedimentos invasivos, maior chance de desenvolver pneumonia hospitalar. As UTI são gerenciados por médicos plantonistas, apenas 20% das UTI do Brasil apresentam médicos diaristas. Existe um protocolo do despertar diário (todos os dias os pacientes que estão estáveis do ponto de vista respiratório, são suspendidos da sedação, para ver se tem drive respiratório, colocam em um aparelho de demanda e se o paciente suportar esse status, ele é retirado do respirador, colocado em um tubo T com oxigênio de 100%, se o paciente conseguir ser retirado, e ficar até 6hs em ar ambiente com movimento respiratório e boa perfusão ele tem alta de tubulação). Isso acontece apenas em 20% das UTI, nas outras não há tempo hábil para realizar esse protocolo do despertar diário. A remoção precoce é uma recomendação para esse procedimento, mas não ocorre com frequência. Se o paciente tiver uma doença pulmonar crônica como DPOC e asma, esses pacientes por sua condição pulmonar complicada não conseguem fazer o retorno da ventilação mecânica tão facilmente. Os circuitos são aparelhos até a cânula do paciente, esses são chamados de traqueias, que devem ser trocadas em 24hs. Formam líquidos de condensação da árvore brônquica do paciente, e temos que tomar cuidado para que esse líquido não seja aspirado. É mandatório que todo paciente entubado deve fazer limpeza (aspiração) das vias aéreas. Essa secreção quando não aspirada vai atrapalhar a dinâmica respiratória,deve fazer muitas aspirações no início, ocorrendo de 2hs em 2hs. Estudos mostram que a medida que vc faz esses procedimentos, a tendência de errar nos procedimentos conseguintes é maior, com maior risco de contaminação. Quando não ocorre a limpeza, a secreção na luz da cânula começa a ficar grudenta e entope a cânula. • Umidificadores e nebulizadores: trocados a cada 12 horas. • Inaladores: trocados a cada uso. Existem atualmente alguns que são descartáveis. Mesmo tomando todas as precauções, o nosso paciente pode ter as infecções do mesmo jeito. Quem faz mais de quatro aspirações por dia tem chance de 50% de fazer pneumonia hospitalar. ➢ Ventilação mecânica. ➢ Indicação precisa e remoção precoce. ➢ Cuidados em UTI. ➢ Doença pulmonar. ➢ Sedação. ➢ Circuitos, umidificadores, nebulizadores, inaladores. ➢ Aspiração das vias aéreas. Sinais clínicos: febre, hipotermia, calafrios, aumento e mudança da cor da secreção brônquica (estava claro, e ficou amarelado/esverdeado, ontem eram 200ml de secreção e hoje esta 350ml). Ausculta pulmonar: estertor crepitante ou estertor subcreptante. Métodos diagnóstico Aspirado traqueal: cultura quantitativa do aspirado traqueal. Lavado bronquioalveolar protegido (LBA): cultura quantitativa. Devemos quantificar a unidade formadora de colônia. o Aspirado traqueal: >10 a quinta. o Lavado bronquioalveolar: > 10 a quarta. Tratamento empírico Deve cobrir tanto GRAM + como GRAM – e inclusive pode estar os dois juntos ao mesmo tempo. Por isso a primeira opção de terapêutico empírico são: Cefalosporina de 4° geração (Cefepime ou Cefpiroma) ou Carbapenemicos (Meropenem e Imipenem) isso para GRAM –. Para os GRAM + vamos dar Vancomicina e Teicoplanina e Linezolida. Depois da cultura, se for uma bactéria apenas GRAM – retira os medicamentos para GRAM +. Esse for uma bactéria mais simples e eu estou usando antibioticos de amplo espectro, podemos trocar para antibioticos mais leves. ➢ GRAM negativos (-): 50% são E.coli, K.pneumoniae, P.aeruginosa, A.baumanii. ➢ GRAM positivos (+): 50%: S.aureus, S.epidermidis. A pneumonia adquirida na comunidade é tratada de 7 a 10 dias. Na maioria das vezes 7 dias para não desenvolver resistência. Mas, no caso das pneumonias hospitalares o tratamento ocorre de 14-21 dias, porque temos pacientes variados. Próximo do 12° e 13°dia vamos realizar uma reavaliação do paciente (tem secreção amarelada, parou a estertoracao, febre permaneceu ou não, hemograma reduziu bastante a leucocitose), depois se não melhorou, vamos continuar o tratamento e próximo do 19° dia devemos reavaliar o quadro novamente. As vezes pode ser que não seja bactéria, pode ser fungos. Lembrar que o processo do despertar diário é fundamental, e isso diminui e reduz as infecções, porque a retirada é mais precoce. Sítio de infecção hospitalar • Cateter vascular (periférico ou central). • Indicação precisa e remoção precoce. • Tipo de cateter. • Tempo de permanência. • Local de inserção. • Cuidados. • Equipes • Curativos. Os cateters venosos centrais podem ser de longa permanência ou de curta permanência. Isso indicar tempo que podem permanecer implantados sem causar problemas. Os de curta permanência entre o 10°dia começam a dar problemas, duram no máximo 14 dias. Os de longa permanência podem ficar meses ou anos. O de curta vai ser passado a beira de leito, procedimento muito utilizado, se não tomar cuidado durante a passagem, não chega em 14 dias, no 3° dia o paciente já pode apresentar febre. O de longa permanência vai ser passado no centro cirúrgico pelo cirurgião vascular. Os cateters de longa permanência são divididos em: ➢ Semi implantados: tem o extremo claramente visível. São mais baratos que os totalmente implantados. ➢ Totalmente implantados: não se verifica nada externamente uma borracha que fica abaixo da pele, e deve puncionar abaixo da pele, tem menor exposição. Foram criados para pacientes quimioterápicos da hematologia, e com isso, o paciente poderia parmanecer por anos com o dispositivo. Qualquer um deles pode infectar, sendo o de curta permanência o que mais infectam. Há 90% de chance de o cateter infectar durante sua passagem, apenas 10% das infeções são causadas pela manipulação do paciente e da enfermagem. Até o cateter a beira de leito, deve ter paramentação para aplicação. Indicação do CVC (cateter venoso central): quando temos uma bactéria na corrente sanguínea ela se liga a uma prótese, ela se gruda e forma biofilme, é uma ferramenta de trabalho da bactéria e ela pode ficar presa no biofilme por meses ou anos quando o antibiótico estiver em funcionamento a bactéria fica em latência no biofilme. E quando retirar o antibiótico, se o paciente desenvolver uma infecção até um ano depois, pode ser considerada de causa da implantação de materiais. Tem lugares que fazem curativos fechados, com esparadrapo, e curativos transparentes, não tem diferença, apenas a visualização da incisão para verificar se há algum sinal de infeção, ambos parecem ser semelhantes em relação a infecções. O primeiro sinal de alerta é a febre, com ou sem calafrios. O ponto de observação vai ser o local que está inserido o cateter (como esta inserido o ponto do cateter), hiperemia (1mm apenas a borda, já vamos pensar em infecção), secreção purulenta saindo espontaneamente, mas se fizer uma expressão (apertar nas laterais) ao redor pode sair pus (se sair uma gotícula já é expressivo). Métodos diagnósticos Vamos fazer hemocultura: duas amostras. Quando for criança: 3-5ml. Quando adulto: 5-10ml. Deve ser colhida de veia periférica, não pode colher do cateter. Pode ser colhida em qualquer momento, não precisa esperar o paciente fazer febre para colher. E depois vamos colher a ponta do cateter, 5cm distais do cateter (devida paramentação, estéril e vai para o laboratório permitir o crescimento das bactérias). As vezes o que cresce no cateter não cresce na hemocultura. ➢ Hemocultura: duas amostras. ➢ Cultura quantitativa da ponta do CVC. Ex: se der um GRAM – no cateter, e um GRAM + no sangue, vamos tratar para GRAM + que é o que tenho na circulação sistêmica. Epidemiologia: ➢ GRAM positivo (+) 95% : S.aureus, S.epidermidis. ➢ GRAM negativo (-) 5%: E.coli, K.pneumoniae, P.aeruginosa, A.baumanii. Tratamento: Vai ser tratado empiricamente para GRAM +, Vancomicina, Teicoplanina ou Linezolida. Retirar o CVC assim que possível. Quanto tempo trata infecção de corrente sanguínea (bacteremia e outros) Hemocultura positiva por trás de sintomas de infecção. Pode se manifestar de 3 maneiras: ➢ Bacteremia: febre, calafrios, hemocultura positiva tanto para GRAM + e GRAM - , mas está hemodinamicamente estável. Tempo de tratamento de 10 dias. ➢ Sepse: sinais e sintomas da síndrome da resposta inflamatória sistêmica, febre, calafrios, hipotermia, hipotenso (não responde ao volume, temos que dar droga vasoativa), taquicardia, perfusão >3s, oligúria (IRA talvez). Se isso repercutir na hemodinâmica. Pode progredir para um choque séptico, com alterações dos órgãos alvo, com administração de droga vasoativa, talvez seja necessário dialisar porque entrou em IRA. Tratar por 21 dias e ter cuidado com o biofilme. ➢ Endocardite infecciosa: o paciente pode chegar com EI no hospital ou desenvolver no hospital (aparecimento em 72 horas a 90 dias nasocomiais). As vezes é confundido com AVE, com depressão, ou TEP. Devemos tratar por 4 a 6 semanas quando for bactérias. E quando for fungos, devemos tratar por 10 a 12 semanas. Essa variação de tempo, vai necessitar de uma avaliação antes do tempo final de tratamento (tem febre, como está o sopro, como está o ECO, hemocultura positiva ou negativa) paciente que tem boa resposta clínico e laboratorialmente vamos parar em 28 dias. O que devemos saber:• Sonda vesical, passar a não ser que seja estritamente necessário, deve retirar precocemente, e passagem estéril. Não esquecer da coloração da urina, colheu do lugar certo, trocou a sonda para não pegar os colonizantes da sonda, a urina com coloração escura, grumos e piuria. Tempo de tratamento de 14 dias. • Cateter venoso central, iniciar o tratamento para GRAM positivo e negativo, saindo a cultura vamos tratar apenas o que aparecer na cultura, o tratamento vai ser de 14 a 21 dia, com avaliação prévia antes de interromper ou postergar. Todos os cuidados necessários para passagem (até a passagem no leito). Olhar clinicamente em cada infeção, quais as drogas que vão usar empiricamente. Linezolida ele vai colocar, saber outras drogas GRAM + e GRAM -. Vamos ter que saber as drogas, como que reconhece, e as diferenças entre essas infecções, é porque tudo vai parecer infeções bacterianas. Infecção hospitalar – Sítio cirúrgico Podem ocorrer em cirurgias eletivas e e podem ocorrer em cirurgias de urgência, com maior frequência. Prevenção: pré operatório, algumas medidas de prevenção devem ser realizadas (tempo de internação o tempo que você permanece no hospital e os micro- organismos do hospital vão colonizar seu organismo). Ex: pele é colonizada por bactérias GRAM +, em casa a colonização bacteriana da pele são por bactérias GRAM + e são sensíveis a maioria dos antibióticos, e se você estiver no hospital vamos ter bactérias GRAM. + que colonizam a pele mas, são menos sensíveis aos antibioticos. Doenças de base do paciente: que podem estar necessitando de tratamento, e por falha da história clínica não estão sendo tratadas. Ex: não prescreveram a medicação de uso diário do paciente. Paciente é hipertenso e ficou 2 dias sem tomar seu anti- hipertensivo, e se o anestesiologista verificar uma hipertensão, não vai ocorrer a cirurgia, e isso vai deixar o paciente exposto mais tempo no hospital, isso ocorre principalmente em hospitais públicos, porque as equipes que operam só vão cerca de uma vez na semana. Banho pré- operatório e tricotomia: não se realiza tricotomia geral, é feito no dia da cirurgia, 30 min antes da cirurgia, no próprio centro cirúrgico de preferência. A recomendação do banho é uma hora antes do procedimento, pode ser feito com sabonete comum. Na verdade esse banho pré-operatório tem mais ação física do que ação anti-bacteriana. Tricotomia com 4cm em volta do local da incisão, usando o tricotomizador, evitando navalha. Intra-operatório: Ambiente de trabalho, sala cirúrgica arejada, com temperatura de 19-23 graus. Ar condicionado. Na sala de cirurgia pode permanecer 7 pessoas no máximo. O ar condicionado do centro cirúrgico não pode estar ligado na rede de ar do hospital, porque pode levar contaminação para outros lugares e trazer contaminação de outros lugares para o centro cirúrgico. O filtro do ar condicionado do centro cirúrgico deve ser trocado a cada 30 dias e deve ser ar condicionado local. Os profissionais que vão trabalhar devem fazer lavagem de mãos e paramentação, vai ser de cerca de 5 a 8 minutos, com escovação, se o cirurgião for fazer uma cirurgia na sequência, ele vai lavar as mãos com 3 minutos. A paramentação deve ter passado por uma esterilização adequada, que devem ser seguidas normas específicas para que o material seja esterilizado. Devemos ter provas de critérios de temperatura de umidade e calor, e tudo isso é feito a partir de controle físico e biológico. Existe uma maneira do cirurgião perceber que o material não foi esterilizado. Ex: a roupa deve estar completamente seca, não pode estar molhada, se estiver molhada, significa que o procedimento falhou. No caso da caixa cirúrgica podemos verificar se o material passou por esterilização correta, com isso, o cirurgião deve estar presente na hora da abertura da caixa cirúrgica. Pode-se perceber que na tampa há gotículas de líquido, isso é indicativo que a caixa não passou por esterilização adequada. A assepsia e a anti- sepsia da pele deve ser criteriosa, com as medidas adequadas do hospital. E finalmente a técnica cirúrgica, quantas cirurgias o cirurgião já fez, quanto mais cirurgias já realizou a técnica é mais apurada e menor risco de erros e falhas. Além disso, quanto menos tempo o paciente ficar exposto ao ambiente cirúrgico vai ter menor risco de infecção. Pós-operatório: paciente vai para sala de recuperação anestésica, devemos fazer um segmento para verificar como serão feitos os curativos (por esparadrapo ou transparentes), não existe relação de melhora ou piora de prevenção entre curativos transparentes ou fechados. É um procedimento da enfermagem. É ideal que quem fechou e fez o primeiro curativo, faça o segundo curativo (conseguinte), para verificar se tem alterações entre o primeiro curativo ou se piorou. Utilização de drenos: o Laminares: que são mais superficiais. Só pode ficar de 24 a 48 horas. o Tubulares: servem para eliminar possíveis coleções ou sangramentos pós-operatórios, permite uma eliminação de um volume maior. Pode ficar por 5 dias. Mesmo com todos esses cuidados ainda podemos ter infecções das feridas operatórias. Manifestação: febre, associada ou não a calafrios com hipotermia ou não. Focar nas características da ferida operatória: hiperemia (vermelhidão da borda da incisão, pode ser apenas uma bordinha, isso já é suficiente para verificar que está inflamada), atividade bacteriana, com deiscência da sutura (indicativo de infecção), saída de secreção purulenta, pus ao pressionar a ferida, podemos fazer uma expressão logo após a cirugia para verificar a saída de líquidos nessa ferida. Qualquer um desses sinais dizem a favor de infecção pós operatória. Pode haver infeção do sítio operatório sem alterações características da ferida operatória. As vezes mesmo com a ferida sem alterações visíveis, o paciente pode ter dor próximo da ferida, febre e calafrios. Isso indica que a infeção não pegou os planos superficiais e vai estar nos planos profundos. Geralmente essas coleções (abcessos) devem ser avaliadas por exames de imagem, para identificar e documentar (punção de abscesso guiada por ultrassom ou por tomografia) ajudam na drenagem dessas coleções, transparietal, uma parte vai ser encaminhada para o laboratório e fazer cultura. Coleta desse pus da ferida operatória e enviar para o laboratório. Na ferida aberta com coleção de pus, se passássemos um swab na coleção de pus e mandar para o laboratório, vai crescer diversas bactérias temos uma coleção de bactérias, e quantificar as unidades formadoras de colônia não vai nos ajudar muito. Antes de passar o swab, a ferida vai ser lavada com soro fisiológico, depois de eliminar todo o excesso de pus, na superfície dessa ferida avermelhada e inflamada, abrir com tesoura alguns desses pontos, e no fundo da ferida vamos passar o swab, vamos tentar pegar a bactéria que está aderida diretamente a ferida operatória (a bactéria mais profunda). Assim, vamos minimizar o viés de aparecimento de bactérias. Epidemiologia As bactérias que estão mais envolvidas em feridas operatórias, vai depender do tipo de cirurgia que foi realizada. • Cirurgias limpas: Gram positivos + (95%): S.aureus, S.epidermidis. A pele que vamos abrir está limpa, são cirurgias eletivas (ex:prótese mamária). Paciente está hemodinamicamente estável. Cirurgia limpa é aquela que vai atravessar o plano de pele e o tecido celular subcutâneo, não vai entrar em contato com mucosas e vísceras ocas. • Cirurgia potencialmente contaminada: trata- se ainda de cirurgias eletivas. Gram positivos e negativos. Ex: histerectomia transvaginal, vai ser pela vagina que vai ser retirada o útero. Vai ter contato com mucosas. Ex: apendicite agudas, apêndice avermelhado edemaciado com pontos de pus e necrose isso vai ser uma cirurgia contaminada. Ou seja, o paciente com apendiciteaguda entra com cirurgia potencialmente contaminada, e quando abrimos podemos caracterizar se tiver coleção com vazamento de líquido vai ser considerada cirurgia infectada. Vai passar por mucosas e vísceras ocas, possibilidade de bactérias gram negativa entrar em contato com mucosas. • Cirurgia contaminada: Gram positivo, Gram negativos e anaeróbicos. Do ponto de vista anatômico, pode ser uma limpa que contaminou, e pode ser uma potencialmente contaminada que contaminou. Ex: apendicectomia, na hora de retirar o apêndice, deixou cair uma gotinha de fezes no abdômen, isso passa a ser uma cirurgia contaminada. Lembrando que o conteúdo intestinal tem GRAM +, GRAM – e o anaeróbios. • Cirurgia infectada: Gram positivos, Gram negativos e anaeróbios. Necrose, pus, pode ser uma evolução de um processo patológico, pode ser um evento depois do primeiro acometimento. Ex: paciente saiu da primeira cirurgia, começa a ter febre e calafrios, paciente tem uma coleção intrabdominal, vai ter que ser investigada por laparotomia exploratória, e isso vai ser uma perfuração de alças que não foi percebida na primeira cirurgia, isso vai necessitar de limpeza e de antibioticoterapia. Como tem perfuração de vísceras ocas vamos ter Gram negativos e anaeróbios. Tratamento empírico: • Gram positivo: Vancomicina ou Teicoplanina. Como saber que não é um gram positivo de comunidade, vamos tratar com gram positivo hospitalar, e depois de 48hs que saiu cultura, visto que foi gram positivo de comunidade posso tratar com Clindamicina. • Gram negativo: se for de comunidade vamos dar Cefalosporina de 2 e 3 (Cefuroxima) mas, isso apenas depois de cultura. Mas se for hospitalar, vai ser de quarta geração (Cefepime ou Cefpiroma) ou Carbapenemicos (Imipenem e Meropenem). • Anaeróbios: utilizar Metronidazol. Quanto tempo tratar uma infeção de período operatório? Duas situações clínicas: Lembrar que as feridas devem ser fechadas por segunda intensão porque abri os pontos para pegar uma amostra, e isso demora meses ou semanas para ocorrer. • Infecção superficial: parar o antibiótico até a eliminação de secreção de pus, 7-10 (no pior dos casos até 10 dias). O risco é de a ferida ficar aberta, o paciente deve estar bem orientado, condições técnicas para fazer o curativo. • Infeção profunda: vamos ter que fazer o exame de imagem. Se conseguir fazer a punção sem colocar na mesa cirúrgica. Se o cirurgião tirou a coleção, o tratamento vai ser de 7-10 dias (porque fez a tirada da coleção, já fez 90% do tratamento), se a drenagem não foi realizada por algum motivo, vai ter que ocorrer um tratamento empírico, pode levar semanas e até meses, ficando na dependência da imagem (vai repetir pelo mesmo método, a cada 10 dias, ou seja, se começou por tomografia continua por tomografia) e só vamos parar com as medicações quando a coleção desaparecer no exame de imagem. Ex: empiema, o ultrassom consegue verificar o que é cicatrização da pleura e o que é coleção (líquido) do que é espessamento pleural. Recomendações para isolamento e precauções CDC: instituição que trabalha com infecções hospitalares. • Precaução padrão: aplicação para todos os pacientes, antes e após o contato com cada paciente, ao contato com sangue e secreções, se risco de respingo usar máscaras, tomar cuidado com material perfurocortante usado nos pacientes. Fundamental que o descarte do material perfurocortante seja no local correto. • Precauções baseados na transmissão: o Contato: paciente que vai ficar em isolamento de contato, quarto privativo, quem for entrar deve entrar paramentado com avental descartável, com luva, e se estiver sangrando e saindo secreções deve usar óculos, o esfigmomanômetro, o estetoscópio e o termômetro deve ser exclusivo do quarto, deve ter o próprio material para aferição dos sinais vitais. O paciente pode sair do quarto para realizar exames mas, vai sair de cadeira de rodas, e vai ser o último horário, não pode ser o primeiro horário nem no meio do dia, porque se ele deitar, vai ter que parar de fazer os exames e os aparelhos devem ser todos limpos. A ideia é não deixar os pacientes com mesma infecção juntos, mas quando não temos opção fazemos uma exceção, exemplo juntar dois pacientes com herpes zoster. Alguns dos pacientes cujas culturas vão dar resistentes a praticamente tudo, isso vão ser chamados de infecções por bacterias multi R, e vão ter que ficar isolados para não disseminar para todos os pacientes da UTI. o Respiratória: Transmitidas por gotículas. Quando um indivíduo tem infecção que transmite a partir de gotículas e ele precisa ficar internado, vai ficar em quarto privativo, porta ficar aberta (o Bernardo disse que é fechado), o profissional vai usar uma máscara comum, máscara cirúrgica. Precauções para aerossóis, como são mais leves, ficam em suspensão no ar, muito mais fácil para que pessoas estão na mesma área inalar, inclusive a porta deve ficar fechada, justamente para evitar que o microorganismo infecte o resto do hospital. Ex: TB pulmonar ou laringea. Quarto privativo com porta fechada, usar uma máscara N-95, e se o paciente vai sair para qualquer procedimento vai usar máscara N-95 para evitar disseminação pelo hospital. Não podemos colocar duas TB no mesmo quarto, assim como não posso colocar duas meningites no mesmo quarto. Lembrar que as culturas demoram para chegar. As TB não podemos colocar juntas principalmente porque são TB multirresistente, assim podemos expor um paciente com TB comum a uma TB multirresistente. Se a TB for renal, meningea, pleural, as TB que não acometem o parenquima pulmonar e a laringe não precisam ser isolados. Também temos o sarampo varicela, e caso essa criança ou adolescentes tiver esse diagnóstico devem ficar em isolamento. • Associação de isolamento de contato e gotícula: quarto privativo, uso de avental, uso de máscara, e se o paciente tiver que sair vai usar uma mascara comum. Ex: infeções por adenovírus (não é tão grave) fase faringea e nasal e que depois na segunda sequência evolui com um quadro gastrointestinal. Devido a primeira fase que são gotículas e a segunda fase que é a de contato. Dificilmente vamos ter uma adenovirose internada, ocorre mais com pacientes imunossuprimidos. • Associação entre contato com aerossóis: porta fechada, com uso de avental, uso de N-95 pelo profissional e pelo paciente quando for sair do quarto. Ex: varicela e herpes zoster disseminado (que são dois ou mais dermatomos acometidos) e assim são combinados uma associação entre isolamentos.