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1 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Check list IESC 
Conhecer a abordagem à Saúde Mental na APS /Habilidades de comunicação 
Compreender a abordagem de Sintomas depressivos e de ansiedade na APS. 
Compreender a utilização de Psicofármacos na APS 
 
 
Conhecer aspectos referentes à Reforma Psiquiátrica 
 
 
Sistematizar o conhecimento sobre desprescrição e polifarmácia na APS. 
 
 
Refletir acerca da abordagem à saúde mental de grupos vulneráveis (idoso, criança, 
adolescente, indígena, população de rua). 
 
 
Refletir a respeito da saúde e espiritualidade 
 
 
Conhecer as práticas integrativas e complementares (PICs) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Semana 1 
Abordagem em saúde mental na APS 
APS e Saúde mental-> Grande parte da demanda da 
APS é de pessoas com algum tipo de sofrimento 
psíquico, independente da origem, estando elas em 
uma crise vital ou um transtorno psiquiátrico bem 
definido. 
Estudo referem que uma pessoa traz a consulta em 
média 5 ou mais queixas e que, em torno de 60% das 
vezes, o principal motivo é um problema de saúde 
mental. 
Como fazer a abordagem emocional em 
uma consulta: 
• Perceber as emoções que estão em jogo. 
• Reconhecer na emoção uma oportunidade de 
compreensão do que está no íntimo da pessoa, 
para estabelecimento de uma relação de 
confiança (tem que transparecer que você é 
confiável). 
• Ouvir com empatia, legitimando os 
sentimentos (sem julgamentos). 
• Ajudar a pessoa a encontrar as palavras e a 
identificar a emoção que está sentindo. 
• Explorar estratégias para solução do problema 
em questão (a mesma pessoa que traz os 
problemas, é que vai te ajudar a criar recursos, 
sociais, ambientais, que podem resolver essas 
questões). 
Tudo isso está ligado ao MÉTODOD CLÍNICO CENTRADO 
NA PESSOA (explorar a saúde, a doença e o fato de 
adoecer – saber como a pessoa se relaciona com a 
doença, como isso atrapalha a vida/ a função dela, 
como as outras pessoas que ela convive enfreta essa 
questão, e qual o plano em conjunto para o manejo da 
doença). Isso é importante para intensificar a relação 
médico paciente. 
EXAME DO ESTADO MENTAL: 
Além da anamnese, existem áreas de alteração que 
devem ser observadas duramente a consulta, e são elas 
que vão sinalizar onde está o problema do paciente. 
Uma das áreas é a 
• ATENÇÃO (aprosexia, distração, hipoprosexia e 
hiperprosexia voltado a pensamentos 
paranoicos) 
• SENSOPERCEPÇÃO (sensação – é um efeito ao 
estímulo, como luz e som ou sensibilidade 
visceral, sobre os órgãos do sentido (paciente 
sente uma dor muito forte, mas quando faz 
exames, não vem alteração – pq ele tem uma 
dor alterada a uma dor que não incomodaria 
tanto outras pessoas) e percepções (alterações 
de percepção ligada a ilusões – acha que tem 
bichos subindo nele); hiperestesia; 
hipoestesia, anestesia, analgesia) 
• REPRESENTAÇÃO (são reapresentação de 
percepções passadas, alucinações, ou seja, 
estímulo sensorial percebido sem que tenha 
sido verdadeiramente produzido – sempre 
indicam perturbações graves da função 
mental). Podem ser visuais, auditivas, táteis, 
olfativas, gustativas, cinestesicas (movimento/ 
equilíbrio) e cenestésicas (sensações no corpo) 
• MEMÓRIA: Alterações podem ser: 
Qualitativas: anterógrada (para fatos recentes 
) ou retrógrada (para fatos passados) 
Quantitativas: hipermnesia (acentuação da 
memória); hipomnésia ou amnésia (graus de 
 
3 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
diferentes de perda de memória por sua 
diminuição) 
• ORIENTAÇÃO (em tempo e espaço); 
Desorientação autopsíquica (em relação a si 
próprio) ou alopsíquica (em relação aos demais 
e ao ambiente). 
• CONSCIÊNCIA (é o Glasgow – lúcido, 
obnubilado, confuso); 
• PENSAMENTO (alteração do raciocínio, 
inibição do pensamento, fuga das ideias, 
pensamento vago, concretismo do 
pensamento, pensamento obsessivo, prolixo e 
demencial. Pode ter alteração do juízo: delírios 
e seus subtipos); 
• INTELIGÊNCIA (mensurada por testes 
psicológicos – avalia pelo nível de escolaridade 
e habilidade laboratorial); 
• LINGUAGEM (as alterações do pensamento 
são expressas pela fala. Alteração orgânica da 
linguagem: Disartria; dislalia e afasia; Alteração 
funcional: logorreia ou taquilalia; bradilalia e 
mutismo); 
• AFETIVIDADE (é a capacidade de expressar 
emoções, inclui estado de ânimo, de humor e 
paixões. Hipertimia; Hipotimia; Apatia; 
Sentimento de insuficiência (como a 
depressão); sentimento de irritabilidade 
patológica; sentimento de instabilidade 
afetiva; incontinência emocional ou 
ambivalência. 
• Conduta ou comportamento: Estados de 
excitações motora; hipobulia ou abulia; 
estupor e negativismo). 
Aplicando o exame do estado mental na prática: nem 
sempre é fácil fazer uma hipótese diagnóstica. A forma 
mais fácil e objetiva, pode 
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO: Classificação 
internacional da Atenção Primária (CIAP-2 – se 
restringe aos sintomas sem requisitos mínimos) ou a 
classificação internacional de doença (CID10 – exige um 
grupo de sintomas persistentes) e o manual diagnostico 
de transtorno mentais (DSM-5). 
Depois de uma avaliação diagnóstica, 
qual os manejos na APS? 
• O médico pode manejar sozinho 
(farmacoterapia, psicoterapia ou ambos); 
• Manter o atendimento continuado com o 
auxílio e apoio de um profissional de saúde 
mental 
Qual o plano inicial de abordagem: 
1. Construir uma lista de problemas 
2. Conhecer a história dos problemas, 
tratamento prévio e atuais (se ele já usou um 
remédio e deu certo, ele deve ser a primeira 
escolha) 
3. Conceitualizar o caso/buscar classificar as 
queixas 
4. Estabelecer objetivos de curto longo prazo 
5. Selecionar a modalidade de tratamento, os 
objetivos e as intervenções 
6. Estimar o tempo e frequência do tratamento 
(o mínimo é de 6 meses). 
7. Considerar a necessidade de referenciamento 
e recursos externos disponíveis. 
 
 
 
 
4 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Semana 2 
Abordagem dos transtornos depressivos 
Definição 
A depressão representa a segunda causa de consulta 
em ambulatórios gerais 
Maioria dos deprimidos apresentam 
comprometimento laboral e sociofamiliar. 
Pode ser classificada como leve, moderada ou grave. 
Um episódio pode durar entre 16 a 20 semanas (sem 
tratamento) 
Pode ser crônica (12%) e recorrente (80%) 
Pessoas com depressão frequentam mais os serviços 
de saúde (queixas gerais, podem ou não ser 
associadas aos sintomas depressivos). 
30 – 60% dos casos não são detectados 
Médicos relatam falta de treinamento e tempo, além 
de descrença a efetividade do tratamento. 
(apenas 1/3 responde ao primeiro tratamento, muitos 
vao precisar de troca de medicamentos ou até mesmo 
potencialização do tratamento) 
Epidemiologia 
5 a 10% dos pacientes atendidos na atenção primaria 
podem estar deprimidos. 
Prevalência na vida da depressão: 10 a 25% de 
mulheres e 5 a 12% em homens. 
Suicídio pode ocorrer em até 15% dos pacientes com 
depressão grave. 
Mais frequente em mulheres (2-3 vezes mais). 
Quatro episódios de depressão na vida é na mediana 
na população. 
Diagnostico 
Diagnostico pode ser difícil. 
É necessária uma remissão para se considerar como 
resposta. 
Quem já teve depressão tem um risco maior de ter 
outra crise. 
Diagnóstico clínico 
CID-10 
Sintomas fundamentais: 
• humor deprimido (tristeza, irritabilidade) 
• Perda de interesse (pensamentos negativos) 
• Fadiga ou perda de energia 
Sintomas acessórios: 
• Diminuição da concentração e atenção 
• Redução da autoestima e autoconfiança 
• Ideias de culpa e inutilidade 
• Visões pessimistas do futuro 
• Sono perturbado 
• Apetite diminuído (não é de forma grave) 
Questões adaptadas para auxiliar o diagnóstico. 
• No último mês você sentiu-se para baixo, 
deprimido ou sem esperança? 
• No último mês você sentiu pouco interesseou 
prazer para fazer coisas? 
Escala de Goldberg (adaptada) 
1. Você tem perdido interesse? 
2. Você perdeu a confiança em si mesmo? 
3. Você está sem esperança? 
Se sim, para qualquer pergunta, continue: 
1. Você tem dificuldade para concentrar? 
2. Você perdeu peso devido a pouco apetite? 
3. Você tem acordado cedo? 
4. Você sente-se mais devagar? 
5. Você sente-se pior de manhã? 
Diagnostico diferencial 
Ficar atente as comorbidade clínicas. 
Ficar atenta a: álcool, maconha, fármacos; estímulos 
para síndromes depressivas. 
 
5 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Cuidados assistenciais 
É fundamental o acesso ao tratamento para 
depressão. (facilitar esse acesso) 
Depressão causa mais prejuízo do que a angina, 
artrite, asma e diabetes. 
É equivalente em incapacitação as doenças isquêmicas 
cardíacas graves. 
70% da morbimortalidade associada a depressão pode 
ser prevenida com tratamento 
Indivíduos com depressão precisam de 
acompanhamento, monitoramento, principalmente 
nas primeiras semanas. 
Verificar história de comorbidades 
Sinais de gravidade/alerta 
 
Tratamento: 
Caracterizar o quadro para melhor escolha do 
tratamento 
Fase aguda ou de manutenção? 
Verificar se o paciente tem um transtorno de humor 
bipolar 
Antidepressivos são efetivos e semelhantes na 
resposta , porém com variações das hipóteses de 
mecanismos de ação e efeitos colaterais 
Observar situações especiais: crianças, adolescentes, 
gestantes e idosos. 
Resposta inicial de 2-4 semanas, mas pode ocorrer 
benefício na primeira 
Dose de manutenção é a mesma do tratamento agudo 
Buscar a remissão completa 
Psicoterapia é muito importante no tratamento; 
suporte, ajuda, uma melhor resposta 
Avaliação com especialista 
Terapias não farmacológicas 
• Psicoeducação (plano terapêutico) 
(importante a adesão;) 
• Cuidar dos estressores recentes (afastar do 
trabalho) (normalmente se tiver paciente que não 
quiser cessar o trabalho; forma de prazer) 
• Reativar rede social 
• Atividade física (diminui os sintomas, as não 
trata) (propor, nunca obrigar) 
• Outras terapias (terapias em grupos...) 
• Evitar tratamentos ineficazes 
• Propor seguimento regular 
Terapia farmacológica 
Boa parte dos pacientes com depressão não recebem 
tratamento adequado. 
Verificar a posologia, o tempo de uso da medicação, a 
qualidade e adesão. (evitar doses excessivas) 
Efeitos adversos podem dificultar a adesão. 
Tricíclicos: 
• Mais baratos e mais disponíveis. 
• Amitriptilina (usa-se a noite, antes de dormir, 
pois há muitos efeitos adversos; boca seca; 
constipação intestinal) 
• Clomipramina; 
• Imipramina 
• Nortriptilina (mais indicado em idosos; mais 
bem tolerado) 
ISRS: 
• Citalopram 
• Escitalopram 
• Sertralina 
• Fluoxetina 
• Fluvoxamina 
• paroxetina 
ISRNaS: 
• Utilizados como uma segunda opção 
• Venlafaxina 
• Desvenlafaxina 
• Duloxetina 
Outros: 
• Trazodona 
• Mirtazapina 
• Tranilcipromina 
• Vortioxetina 
• Agomelatina 
• bupropiona 
 
6 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Potencialização: 
• Lítio 
• Quetiapina 
• Aripiprazol 
• hormônio tireoidiano 
• buspirona 
• olanzapina 
• risperidona 
Quando referenciar 
 
 
Transtornos Ansiosos na APS 
Ansiedade como sintoma 
 Pode ser definida como um estado de angústia , 
preocupação e/ou apreensão. 
Pode estar acompanhada de outras queixas mentais 
(pensamentos excessivos, medos intensos, insônia, 
irritabilidade) ou físicas (palpitações cardíacas, 
tremores, parestesias periféricas). 
Esses sintomas fazem parte do mecanismo fisiológico 
de “reação de luta ou fuga”, ou seja, em situação de 
ameaça tendemos a ficar ansiosos. 
Lembrar que: 
• A ansiedade pode ser sintoma de outros 
problemas de saúde mental (bullying, assédio 
moral, violência doméstica, disforia de 
gênero, transtorno bipolar etc.). 
• Também pode ser sintoma de problemas 
clínicos (hipertireoidismo, arritmia cardíaca 
etc.). 
• Os problemas de abuso de substâncias (álcool 
e drogas) também podem gerar sintomas de 
ansiedade e devem ser tratados. 
Ansiedade como transtorno 
• Porém quando a ansiedade se torna excessiva, 
a ponto de prejudicar o funcionamento da 
pessoa, seja no seu desempenho ocupacional, 
social ou biológico, teremos um Transtorno. 
Sinais e sintomas – 
Mentais 
• Preocupações excessivas 
• Dificuldade de concentração 
• Insônia 
• Irritabilidade 
• Desrealização (sensações de irrealidade) ou 
despersonalização (sensação de estar 
distanciado de si mesmo) 
• Medo de perder o controle ou “enlouquecer” 
• Medo de morrer 
Físicos 
• Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 
• Sudorese. 
• Tremores. 
• Sensação de falta de ar ou sufocamento. 
• Fadiga. 
• Tensão muscular. 
• Dor ou desconforto torácico. 
• Náusea ou desconforto abdominal. 
• Sensação de tontura , instabilidade, vertigem 
ou desmaio. 
• Calafrios ou ondas de calor. 
• Parestesias (anestesia ou sensações de 
formigamento). 
Na anamnese... 
Uma vez identificada a presença de ansiedade em 
uma pessoa, o primeiro a se fazer é definir o 
significado desse sintoma no contexto da pessoa que 
o apresentou. 
Buscar situações que podem estar associadas a 
etiologia da ansiedade, lembrando que geralmente 
são situações multifatoriais, com fatores biológicos e 
psicossociais. 
História médica prévia da pessoa, dados sobre história 
familiar de doenças mentais, hábitos de vida e uma 
revisão adequada de sistemas. 
Investigar o uso de estimulantes (p. ex. cafeína), 
medicamentos ou drogas ilícitas. 
 
7 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Abordagem em 3 passos 
1- Diferenciar ansiedade de 
inquietação/euforia/irritabilidade. 
2- Avaliar repercussão da ansiedade na vida da 
pessoa: causa transtorno? 
3- Esclarecer se a ansiedade é o problema principal ou 
é parte de um ou mais transtornos subjacentes. 
Perguntas que podem auxiliar no diagnóstico... 
• Apresenta episódios de crise ou ataque de 
ansiedade? (Pânico?) 
• Muita preocupação com tudo? (TAG?) 
• Desconforto perto de outras pessoas? (TAS?) 
• Pensamentos recorrentes e sonhos com 
situação traumática? (TEPT?) 
• Manias ou rituais motivados por pensamentos 
recorrentes ou intrusivos? (TOC?) 
• Tem tristeza, astenia ou perda de interesse? 
(Depressão?) 
Exame físico 
Em geral o exame físico revela pouco ou nenhuma 
alteração em pacientes fora da crise. 
Pacientes com TAG podem, eventualmente, 
apresentar taquicardia, elevação da PA, agitação, 
sudorese, dor no peito, tremores de extremidades. 
Pacientes em crise de pânico podem apresentar esses 
sintomas de forma mais intensa. 
Exames complementares 
Não há exames complementares diagnósticos para os 
transtornos de ansiedade ou transtorno relacionado a 
estresse ou trauma. 
Exames complementares podem ser usados para 
descartar doenças clínicas, se houver suspeita dessa 
etiologia na avaliação. 
Tratamento 
Orientação sobre o problema (psicoeducação)/apoio 
para o enfrentamento dos problemas vivenciados. 
Mudança de estilo de vida: atividade física, técnicas 
para redução do estresse (acupuntura, Mindfulness) 
Psicoterapia. 
Tratamento medicamentoso. 
A escolha da abordagem dependera de fatores como a 
gravidade do caso, disponibilidade de psicoterapia e 
preferência da pessoa. 
O SUS prevê que o tratamento desses transtornos seja 
estruturado principalmente na APS, com apoio de 
psicólogos e psiquiatras do NASF ou da rede de 
atenção psicossocial (através de matriciamento, 
ambulatório, CAPS etc.). 
Farmacológico 
1ª escolha em geral são os Inibidores Seletivos de 
Recaptação de Serotonina – ISRS e os Inibidores da 
receptação de Serotonina e norepinefrina – ISRSN. 
Anti depressivos Tricíclicos e os inibidores da 
monoamino-oxidase (IMAOs), são eficazes, mas 
causam muitos efeitos adversos, colocando-os em 
segundo plano. 
Benzodiazepínicos devem ser evitados sempre que 
possível também problemascomo dependência. 
Orientar os pacientes que os efeito terapêuticos 
desses medicamentos levam cerca de 4 semanas para 
surgimento. 
Após 6 a 18 meses de controle satisfatório de 
sintomas , o médico pode tentar reduzir gradualmente 
a dose do antidepressivo até sua retirada. 
Quando referenciar 
Casos de difícil diagnóstico. 
Casos com resposta pobre ao tratamento 
farmacológico inicial. 
Necessidade de psicoterapia estruturada, ou 
necessidades que fujam ao domínio técnico do 
médico da APS
. 
 
 
 
 
8 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Semana 3 
Compreender a utilização de 
Psicofármacos na APS 
Antidepressivos: ISRS, IRSN, Triciclicos 
Antidepressivos 
• A teoria mais aceita para elucidar a etiologia do transtorno depressivo maior é a monoaminérgica. 
• Essa teoria sugere que a depressão está relacionada com uma deficiência na quantidade ou na função da 
serotonina (5-HT), noradrenalina (NA) e dopamina (DA) corticais e límbicas. 
• Assim, o mecanismo de ação básico destes fármacos é aumentar a biodisponibilidade de neurotransmissores 
na fenda sináptica, seja fornecendo uma dosagem exógena, seja impedindo a degradação do produto 
endógeno ou amplificando sua ação 
• O mecanismo mais comum consiste na inibição da atividade dos transportadores de serotonina (SERT) e de 
norepinefrina (NET) ou de ambos. Nesse caso estão incluídos os ISRSs e os IRSNs (por definição), bem como 
os ADTs. 
• Outro mecanismo que aumenta a disponibilidade de monoaminas é a inibição de sua degradação enzimática 
(pelos IMAOs). 
• Outras estratégias para aumentar o tônus monoaminérgico incluem a ligação a auto-receptores pré-
sinápticos (mirtazapina) ou a receptores pós-sinápticos específicos (antagonistas dos receptores 5-HT2 e 
mirtazapina). 
• A disponibilidade aumentada de monoaminas para ligação na fenda sináptica resulta em uma cascata de 
eventos que aumentam a transcrição de algumas proteínas e a inibição de outras. 
• É a produção efetiva dessas substâncias que parece determinar os benefícios, bem como a toxicidade de 
determinado agente. 
Inibidores seletivos de recaptação de serotonina – ISRS 
• Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) representam uma classe quimicamente diversa de 
agentes cuja principal ação consiste na inibição do transportador de serotonina (SERT), o que gera acúmulo 
deste neurotransmissor na fenda sináptica, aumentando sua disponibilidade. 
• Na atualidade, há seis ISRSs que constituem os antidepressivos mais comuns de uso clínico, sendo 
considerados a primeira linha no tratamento da depressão dada à facilidade de seu uso, segurança em 
superdosagem, tolerabilidade relativa, custo (todos estão disponíveis em forma genérica) e amplo espectro 
de usos. 
• REPRESENTANTES: Fluoxetina, sertralina, Citalopram, paroxetina, Fluvoxamina e Escitalopram. 
 
9 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
Inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina – irsn (duais) 
• Como o próprio nome já diz, são fármacos que atuam na inibição da recaptação de serotonina-norepinefrina 
(IRSN, ou duais). 
• Todos os IRSNs ligam-se aos transportadores de serotonina (SERT) e de norepinefrina (NET), de forma 
reversível e com pouca afinidade. 
• REPRESENTANTES: Venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina. 
Antidepressivos Tricíclicos 
• Os antidepressivos tricíclicos (ADTs) eram a classe dominante de antidepressivos até a introdução dos ISRSs 
nas décadas de 1980 e 1990. Todos apresentam um núcleo iminodibenzil (tricíclico) em sua composição. 
• Os ADTs são usados principalmente na depressão que não responde aos antidepressivos de uso mais comum, 
como os ISRSs ou os IRSNs. 
• Sua perda de popularidade advém, em grande parte, de seu menor perfil de tolerabilidade em comparação 
com agentes mais recentes, da dificuldade de seu uso e de sua letalidade em superdosagem. 
REPRESENTANTES: Imipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina 
Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO) 
• São a primeira classe de antidepressivos modernos, introduzidos na década de 1950; entretanto, na 
atualidade, são raramente prescritos na prática clínica, devido à sua toxicidade e interações alimentares e 
medicamentosas potencialmente letais. 
• Hoje, o uso fica restrito sobretudo no tratamento da depressão que não responde a outros antidepressivos 
mais toleráveis. 
• REPRESENTANTES: fenelzina, isocarboxazida, tranilcipromina, selegilina e moclobemida. 
 
10 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
Erros mais frequentes 
• Tratar indivíduos com TAB apenas com antidepressivos. 
• Prescrever doses inadequadas para o uso proposto (geralmente subdoses). 
• Associar ou trocar antidepressivos quando ainda há possibilidade de ajuste de dose. 
• Não investigar efeitos colaterais. 
• Não acompanhar função hepática durante o tratamento. 
• Prescrever indiscriminadamente antidepressivos duais mais modernos como primeira escolha de tratamento. 
Estabilizadores de humor 
 
 
 
11 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Erros mais frequentes 
• Não dosar a litemia. 
• Não acompanhar função renal e tireoidiana nos pacientes em uso de Litio. 
• Associar Valproato e Lamotrigina. 
• Não fazer reposição de ácido fólico para pacientes em uso de antiepilépticos. 
Antipsicóticos 
• Auxiliam no controle de sintomas na esquizofrenia e outras psicoses, na agitação psicomotora, agressividade, 
alguns sintomas das demências, na potencialização de efeitos antidepressivos e ansiolíticos, abuso de 
fármacos. 
• Atuam no bloqueio de receptores dopaminérgicos tipo 2, levando a redução dos sintomas positivos da 
esquizofrenia, como os delírios e alucinações, mas podem levar a efeitos colaterais do tipo parkinsonismo, 
hiperprolactinemia, galactorreia e amenorreia. 
• Divididos em 2 grupos: 
• Típicos : mais antigos, mais associados a efeitos extrapiramidais. Podem ser incisivos: maior bloqueio de D2, 
menor ação anti-histamínica e menor bloqueio alfa adrenérgico. Ou sedativos: com maior ação anti-
histamínica e bloqueadora alfa adrenérgica. 
• Atípicos: além do bloqueio de D2, podem antagonizar os receptores de serotonina tipo 2. Causam menos 
sintomas extrapiramidais, porém estão associados a ganho de peso e síndrome metabólica. 
• Sempre introduzido em baixa dose, com aumento progressivo, baseado em tolerância e efeitos colaterais. 
• Após inicio ou ajuste da dose deve-se aguardar melhora clinica entre 2 a 6 semanas, e a dose deve ser 
mantidada por pelo menos 2 anos, em caso de surto único. 
• O Biperideno, anticolinérgico com ação periférica e central, e o mais usado para melhora de sintomas 
extrapiramidais. 
 
12 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Erros mais frequentes 
• Não fazer controle de síndrome metabólica ao usar antipsicóticos. 
• Retirar precocemente o medicamento após surto psicótico. 
• Não suspender o antipsicótico nos casos mais graves de parkinsonismo, impregnação pelo antipsicótico ou 
distonia aguda. 
• Medicar com antipsicótico de depósito pessoa que não fez uso do medicamento via oral. 
Benzodiazepínicos 
• Uso controverso na prática clínica: 
Muito úteis no controle de sintomas depressivos, maniformes, ansiosos e de abstinência em curto prazo. 
Porém apresenta risco de dependência e prejuízos cognitivos (principalmente de memória), se uso prolongado. 
Portanto: essa classe tem maior utilidade nos meses iniciais de tratamento e de ajuste de medicação, devendo ser 
retirado assim que possível. 
Variam em suas características quanto a sedação, potência e meia-vida. 
Devem ser evitados na gestação e lactação por seu efeito sedativo no rn e lactente, além de causar síndrome de 
abstinência após o nascimento. 
O Midazolam tem meia vida curta (2-7horas), com importante efeito hipnótico, com frequência associado a amnésia, 
sendo utilizado na indução anestésica.Erros mais frequentes 
• Não retirar os benzodiazepínicos após estabilização sintomática dos transtornos psiquiátricos e/ou correção 
dos fatores envolvidos na insônia. 
• Fazer reduções grandes ou frequentes na dose dos benzodiazepínicos. 
 
14 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
• Prescrever uso crônico de benzodiazepínicos, em vez das alternativas com menor risco de dependência ou 
efeitos cognitivos. 
• Usar benzodiazepínicos em pessoas com AOS. 
Outros psicofármacos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando referenciar 
• Gestantes com depressão, com ou sem sintomas psicóticos. 
• Pessoas com suspeita ou em fase aguda de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) 
• Dúvidas diagnósticas ou de manejo terapêutico . 
• Na presença de sintomas psicóticos e todos os casos de psicose que não estão estáveis ou que nunca foram 
avaliados pelo psiquiatra. 
• Mulheres em uso de antipsicótico, que engravidaram ou desejam engravidar. 
• Pessoas com indicação de introdução ou correção de dose do metilfenidato. 
• Pessoas com transtornos mentais graves. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Semana 4 
Conhecer aspectos referentes à Reforma 
Psiquiátrica 
A Reforma Psiquiátrica no Brasil teve como primeira 
fonte inspiradora as ideias e práticas do psiquiatra 
Franco Basaglia, que revolucionou, a partir da década 
de 1960, as abordagens e terapias no tratamento de 
pessoas com transtornos mentais nas cidades italianas 
de Trieste e Gorizia. 
Crítico da psiquiatria tradicional e da forma como 
operavam os hospícios, Basaglia revolucionou o 
tratamento psiquiátrico, desenvolvendo uma 
abordagem de reinserção territorial e cultural do 
paciente na comunidade. Isso em vez de isolá-lo num 
manicômio à base de fortes medicações, vigilância 
ininterrupta, choques elétricos e camisas de força. 
O aprofundamento de sua metodologia e o retorno à 
vida social conseguido com milhares de ex-internos 
em Trieste levou a prefeitura local, com o passar dos 
anos, a fechar o hospital psiquiátrico, optando 
gradualmente pela abertura de novos centros 
terapêuticos territoriais, como os concebidos por 
Basaglia. 
Devido aos resultados positivos que alcançou na Itália, 
a abordagem de Basaglia passou a ser recomendada 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a partir de 
1973. 
A posição da OMS tornou o debate mundial e a 
discussão chegou ao Brasil. 
Em 1978, na Divisão Nacional de Saúde Mental 
(Dinsam), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, 
profissionais denunciaram as condições de profunda 
degradação humana em que operava a maioria dos 
hospitais psiquiátricos no país. 
A crise, em pleno regime militar, levou à demissão da 
maioria dos denunciantes. 
Em 1979, foi criado o Movimento dos Trabalhadores 
em Saúde Mental (MTSM) e em 1987, o movimento 
antimanicomial, dando continuidade à luta pela nova 
psiquiatria. 
O projeto de reforma psiquiátrica foi apresentado em 
1989 pelo então deputado Paulo Delgado (MG). Após 
12 anos, o texto foi aprovado e sancionado como Lei 
nº 10.216/2001, ficando conhecida como Lei da 
Reforma Psiquiátrica, Lei Antimanicomial e Lei Paulo 
Delgado. 
Lei 10.216, de 6 de abril de 2001 
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas 
portadoras de transtornos mentais e redireciona o 
modelo assistencial em saúde mental. 
Define os direitos da pessoa portadora de transtorno 
mental. 
A internação passa a ser um recurso somente após 
esgotadas outras medidas terapêuticas. 
O objetivo o tratamento em saúde mental passa a ser 
a reinserção social do paciente no seu meio. 
O tratamento em regime de internação será 
estruturado de forma a oferecer assistência integral à 
pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo 
serviços médicos, de assistência social, psicológicos, 
ocupacionais, de lazer, e outros. 
Ficou proibida a internação de pacientes portadores 
de transtornos mentais em instituições com 
características asilares. 
A internação psiquiátrica somente será realizada 
mediante laudo médico circunstanciado que 
caracterize os seus motivos. 
Passam a ser considerados os seguintes tipos de 
internação psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o 
consentimento do usuário; 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o 
consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela 
Justiça. 
Internação voluntária: A pessoa que solicita 
voluntariamente sua internação, ou que a consente, 
deve assinar, no momento da admissão, uma 
declaração de que optou por esse regime de 
tratamento. 
O término da internação voluntária dar-se-á por 
solicitação escrita do paciente e da involuntária por 
 
16 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
solicitação da família ou, ambas, por determinação do 
médico responsável. 
A internação compulsória é determinada, de acordo 
com a legislação vigente, pelo juiz competente, que 
levará em conta as condições de segurança do 
estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, 
dos demais internados e funcionários. 
Na prática, o que essa nova política 
significa? 
Desconstrução do aparato manicomial no Brasil, e de 
construção de estruturas substitutivas. 
A partir destes marcos (legais e práticos), passou-se a 
privilegiar a criação de serviços substitutivos ao 
hospital psiquiátrico, quais sejam: redes de atenção à 
saúde mental, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 
leitos psiquiátricos em hospitais gerais, oficinas 
terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-se 
as particularidades e necessidades de cada local. 
Desinstitucionalização 
O termo desinstitucionalização significa deslocar o 
centro da atenção da instituição para a comunidade, 
distrito, território. 
Porém, na saúde mental, esse termo toma proporções 
mais amplas o que simplesmente deslocar o centro da 
atenção do hospício, do manicômio, para a 
comunidade 
Qual o papel da atenção primária na 
RAPS? 
As intervenções devem se dar a partir do contexto 
familiar e comunitário – a família e a comunidade 
devem ser parceiras no processo de cuidado. 
É fundamental a garantia de continuidade do cuidado 
pelas equipes de Saúde da Família, seguindo 
estratégias construídas de forma interdisciplinar. 
As redes sanitária e comunitária são importantes nas 
estratégias a serem pensadas para o trabalho conjunto 
entre saúde mental e equipes de Saúde da Família. 
O cuidado integral articula ações de prevenção, 
promoção, tratamento e reabilitação psicossocial. 
A educação permanente deve ser o dispositivo 
fundamental para a organização das ações de saúde 
mental na Atenção Primária. 
 
 
Semana 5 
Sistematizar o conhecimento sobre 
desprescrição e polifarmácia na APS. 
Polimedicação 
No aspecto quantitativo, a polimedicação é definida 
como o emprego de cinco ou mais fármacos de uso 
crônico por um determinado paciente. 
Já no aspecto qualitativo, analisa-se o uso de ao 
menos um medicamento considerado inadequado. 
O envelhecimento da população associado ao 
aumento das doenças crônicas gera um incremento 
importante no número de adultos polimedicados. 
Consequências: 
• Diminui a adesão terapêutica. 
• Aumenta a incidência de efeitos adversos. 
• Aumenta a possibilidade de interações 
medicamentosas, com repercussão direta 
sobre o estado de saúde das pessoas. 
• Aumenta o risco de hospitalização. 
• Diminui a qualidade de vida. 
• Supõe maior morbimortalidade. 
Desprescrever? O que é? 
“Processo de identificar, reduzir e/ou interromper 
medicamentos considerados dispensáveis ou 
potencialmente inadequados para o paciente.” 
“processo de retirada de um medicamento 
inadequado, supervisionado por um profissional de 
 
17 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
saúde, com o intuito de manejar a polimedicação e 
melhorar os resultados.” 
Quando se fala de desprescrição, se descreve um 
processo singular e contínuo (prescrição-
desprescrição) quenecessariamente deve ser 
adaptado a cada pessoa e circunstância. 
O resultado final do processo será uma intervenção 
fundamentada que, levando em conta a situação vital 
e clínica do paciente, considere a indicação, a seleção, 
a dose, a substituição ou a eliminação de alguns 
fármacos, a adição de outros ou a seleção de medidas 
não farmacológicas. 
Processo de desprescrição centrado na 
pessoa: 
Propõe-se cinco etapas, a partir de pontos centrais no 
processo de desprescrição, buscando torná-lo mais 
prático e seguro para o prescritor e o paciente. 
1º - Faça uma história abrangente de 
medicamentos: 
• Listar todos os medicamentos e uso: doses, 
frequência, duração, indicação, efeitos 
adversos ; 
• Investigar indicação de cada um deles; 
• Investigar possíveis efeitos colaterais; 
• Avaliar regularidade do uso; 
• Informar-se sobre as crenças do paciente. 
Atenção para fármacos não relatados/não 
considerados pelos pacientes (colírios, medicamentos 
de venda livre como polivitamínicos, fitoterápicos, 
indicados por amigos/parentes/cuidadores etc.), pois 
podem promover interações medicamentosas, efeitos 
adversos, e desencadear a chamada “cascata 
iatrogênica”. 
2º - identifique medicamentos potencialmente 
inadequados: 
• Identificar os fármacos de alto risco. 
• Definir o balanço risco/benefício de cada 
fármaco. 
• considerar: necessidade, benefícios, efeitos 
adversos, interações, adesão, preferências do 
paciente, objetivos da atenção e expectativa 
de vida 
Antes de prescrever , considere os efeitos colaterais. 
Uma ferramenta para a boa prática é a prevenção 
quaternária, que dentre suas premissas propõe evitar 
a medicalização excessiva do paciente. 
3º - Determine se há medicamentos que possam 
ser interrompidos e sua prioridade: 
• Valorização das evidências 
• Juízo de desprescrição: balançar benefícios, 
riscos, preferências e recursos. 
• Paciente clinicamente estável. 
• Retirada sequencial, sempre um fármaco por 
vez, se existe mais de um fármaco 
identificado. 
Nos idosos, podem ser considerados indicadores 
fortes da necessidade de retirada: quedas, alterações 
cognitivas, delirium, paliação. 
Priorizar segundo as preferências do paciente 
Considerando os idosos, existe consenso sobre as 
classes de drogas mais indicadas para desprescrição: 
benzodiazepínicos, antipsicóticos atípicos, estatinas, 
antidepressivos tricíclicos, IBPS, etc. 
4º - Planeje e inicie a retirada: 
• Defina a menor dose efetiva do fármaco; 
• Explique ao paciente e/ou cuidador o plano 
de desprescrição; 
• Crie formas de contato para o caso de retorno 
de sintomas na ausência do medicamento; 
• Verifique dosagem e necessidade de ajustes a 
partir da função hepática e renal. 
Evitar efeitos adversos: síndromes de retirada e 
recorrência de sintomas. 
Retirar progressivamente a medicação. 
5º - monitoramento, apoie e registre: 
• Monitore efeitos adversos e retorno de 
sintomas; 
• Documente o processo de desprescrição e 
seus resultados; 
• Quando possível, ofereça tratamentos não 
farmacológicos; 
• Esteja atento se a medicação em 
descontinuação necessita de redução lenta. 
 
18 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Prognóstico e possíveis complicações 
Síndrome de retirada: 
Frequente em fármacos que agem sobre o sistema 
nervoso central (SNC): inibidores seletivos de 
recaptação da serotonina (ISRS), benzodiazepínicos 
(síndrome de abstinência), levodopa (Síndrome 
neuroléptica maligna). 
Mas também em outras classes como os 
corticosteroides (Crise Addsoniana) 
Efeito rebote: 
Reaparecimento dos sintomas em intensidade maior à 
apresentada previamente pelo paciente, após a 
suspensão brusca do fármaco. Ex: betabloqueadores, 
IBPs, hipnóticos. 
Desmascaramento de interações: 
As interações farmacocinéticas devem ser levadas em 
conta no momento de retirar um fármaco. 
 
1- Qual dos seguintes fatores se relaciona com maior probabilidade de êxito no processo de desprescrição? 
a. Ter tido uma experiência negativa ao deixar de tomar um medicamento. 
b. A fragmentação da assistência sanitária. 
c. A combinação, com o paciente, de um período de teste antes da retirada definitiva de um fármaco . 
d. A inércia sobreterapêutica . 
2. Qual afirmativa, em relação às complicações que podem originar-se da desprescrição, é FALSA? 
a. Sempre se deve pesar os riscos envolvidos na desprescrição. 
b. Ao ocorrer um efeito rebote após a suspensão brusca de um medicamento, os sintomas podem ser, inclusive, 
mais fortes que os anteriormente apresentados pelo paciente. 
c. As interações farmacocinéticas não são relevantes no momento de retirada de um fármaco. 
d. A síndrome de retirada ocorre com mais frequência ao se retirarem fármacos que atuam no sistema nervoso 
central. 
 
19 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Semana 6 
Refletir acerca da abordagem à saúde 
mental de grupos vulneráveis 
O que é vulnerabilidade? 
“Vulnerabilidade” remete ao sentido de “fragilidade” 
Vulnerabilidade não pode ser confundida com 
incapacidade e os grupos vulneráveis não devem ser 
considerados como vítimas passivas de seu próprio 
destino. 
Alguns grupos da população são mais vulneráveis que 
outros e compartilham desafios comuns relacionados 
à sua posição social e econômica, apoio social e 
condições de vida, incluindo: 
• enfrentamento de estigma e discriminação; 
• vivência de situações de violência e abuso; 
• restrição ao exercício de direitos civis e 
políticos; 
• exclusão de participação na sociedade; 
• acesso reduzido aos serviços de saúde e 
educação; 
• exclusão de oportunidades de geração de 
rendas e trabalho 
Nesta perspectiva, quais seriam os grupos mais 
vulneráveis para a saúde mental? 
• Crianças 
• Adolescentes 
• Idosos 
• Pessoas em situação de rua 
• Usuários de álcool e drogas 
Tipos : Vulnerabilidade individual 
O componente individual refere-se às informações 
que a pessoa tem sobre o problema e sua capacidade, 
de operá-los na construção de práticas protetoras 
integradas ao cotidiano. 
Além disso, inclui limitações pessoais para o alcance 
dessas medidas de autocuidado e proteção pessoal, 
além de comportamentos de risco para adoecimento. 
Ex: 
perda de funções cognitivas, diminuição da visão, 
audição, déficits motores, dependência física, 
financeira, doenças crônicas limitantes, dependência 
de álcool e drogas, promiscuidade, sexo desprotegido, 
ausência de cobertura vacinal, entre outros... 
Tipos : Vulnerabilidade social 
O componente social relaciona-se à obtenção de 
informações e ao poder de influir social e 
politicamente para alcançar livre expressão, segurança 
e proteção de si e de sua saúde. 
Inclui: falta de moradia e saneamento, desemprego, 
falta de renda, rede de apoio social deficiente, 
exposição a violência, difícil acesso aos serviços de 
saúde (estrada, transporte, distância, etc), entre 
outros. 
Tipos : Vulnerabilidade programática 
O componente programático está interligado à 
qualidade e ao funcionamento efetivo dos programas 
de controle e serviços, as redes assistenciais e políticas 
públicas. 
Como exemplo tem-se : rede de atenção a saúde 
desestruturada em qualquer dos pontos os níveis de 
atenção (UBS, ambulatórios, hospitais, serviço móvel 
de urência e emergência, etc.), falta de profissionais 
de saúde, ausência ou baixa oferta de serviços nos 3 
níveis de atenção, dificuldade de acesso aos serviços, 
falta de medicação na Farmácia Básica, etc. 
Pessoas com transtornos mentais e usuários de 
drogas, enfrentam restrições ao exercício de seus 
direitos civis e políticos, deparam-se com dificuldades 
de acesso aos serviços de saúde, e enfrentam 
barreiras até desproporcionais de acesso à educação e 
oportunidades de trabalho. 
Somando-se a estes fatores, pessoas com transtornos 
mentais e usuários de drogas morrem 
prematuramente, se comparadas com a população em 
geral.Por outro lado, a vulnerabilidade também pode levar à 
deterioração da saúde mental. 
Estigma e discriminação geram baixa autoestima, 
diminuição da autoconfiança, motivação reduzida, e 
menos esperança no futuro. 
 
20 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
Resulta ainda em isolamento, considerado importante 
fator de risco para o surgimento dos transtornos 
mentais e uso de drogas. 
A saúde mental também é afetada quando são 
negados direitos civis, políticos, sociais, econômicos e 
culturais. 
 
 
 
Semana 7 
Refletir a respeito da saúde e 
espiritualidade. 
Religião X Religiosidade X Espiritualidade 
São a mesma coisa? 
Religião 
Sistema organizado de crenças, práticas e simbolismos 
que catalisam a aproximação da pessoa com o 
sagrado. 
Religiosidade 
O modo como um indivíduo acredita, segue e pratica 
uma religião, perfazendo o aspecto da vivência 
pessoal. Pode ser: 
Organizacional ou extrínseca: participação na igreja, 
templo religioso ou grupos 
Não organizacional ou intrínseca: prece ou oração, 
leituras, meditação, ouvir músicas ou ver programas 
de televisão 
Espiritualidade 
Dimensão que aborda o aspecto existencial, 
destacando-se algumas definições: 
Busca pessoal para entender questões relacionadas ao 
fim da vida, ao seu sentido, as relações com o sagrado 
ou transcendente, que pode, ou não, levar ao 
desenvolvimento de práticas religiosas ou formação 
de comunidades religiosas. 
Aspecto dinâmico e intrínseco da humanidade, por 
meio do qual se busca e expressa o significado, o 
propósito e a transcendência. 
Também é o modo da pessoa expressar a conexão 
com o momento, com si próprio, com os outros, com a 
natureza e com o que é significativo ou sagrado. 
Dimensão em que obtemos significado, conexão, 
conforto e paz para as nossas vidas. 
Esse significado pode ser buscado não apenas na 
religião, como se pensa mais comumente, mas 
também na música, na arte, na natureza ou mesmo 
em valores e princípios pessoais ou científicos. 
Enfrentamento ou coping religioso-espiritual 
Coping é o modo como a pessoa lida com o estresse, 
ou seja, são as estratégias cognitivo-comportamentais 
utilizadas pela pessoa para manejar situações 
estressantes. 
Quando essa estratégia enfoca a religiosidade ou a 
espiritualidade, recebe o nome de coping religioso-
espiritual (CRE). 
O CRE pode ser: 
Positivo: Quando a estratégia traz benefício à saúde e 
ao bem-estar da pessoa, devendo ser encorajado pelo 
profissional. 
Por exemplo: estímulo da fé, preces, perdão, 
contemplação, meditação e leitura de materiais 
espirituais. 
Negativo: Quando a estratégia traz sofrimento ou “dor 
espiritual”, o profissional tem o papel de dar suporte 
para a ressignificação ou o reenquadramento dos 
conflitos que levam a pessoa a adotar essa 
perspectiva. 
 
Por exemplo: sentimento de ser abandonado por Deus 
por não se curar; relacionar o adoecimento ao 
sentimento de punição divina (como um câncer) ou 
manter-se em uma relação promotora de sofrimento 
 
21 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
devido a valores religiosos (como ao sofrer violência 
doméstica). 
Os conceitos de CRE são de forte aplicabilidade clínica 
por médicos de família e comunidade, pois permitem 
uma inclusão ampla das percepções religiosas e não 
religiosas que compõem a dimensão espiritual da 
pessoa, contribuindo para a abordagem integral. 
Dar ênfase ao conceito de espiritualidade, em vez de 
religiosidade, pode ajudar a temática a tornar-se mais 
acessível para profissionais e pacientes, uma vez que a 
espiritualidade é uma dimensão intrínseca ao ser 
humano, ao passo que o domínio religioso pode ou 
não ser significativo para a pessoa abordada. 
Nesse sentido, a abordagem da espiritualidade parece 
vir ao encontro da visão integral e singular que se 
busca na atenção primária à saúde (APS). 
Como abordar a espiritualidade na 
clinica 
Sob a ótica do método clínico centrado na pessoa 
(MCCP), as crenças e os valores espirituais interferem 
diretamente na experiência com a doença, trazendo 
impacto sobre o desfecho clínico de modo positivo 
(p.ex.,“adoecimento pode ser oportunidade de 
demonstrar a fé”) ou negativo (p. ex., “perda de fé 
com base no sentimento de abandono por Deus”), 
conforme a estratégia de coping (enfrentamento) 
utilizada pela pessoa. 
Desse modo, a abordagem da espiritualidade consiste 
em ferramenta do médico de família e comunidade 
para trabalhar o significado das vivências, as 
estratégias de coping, ou enfrentamento, o 
desenvolvimento da resiliência e o reenquadramento 
de situações disfuncionais vivenciadas. 
Independente de tantas evidências no campo da 
Religiosidade/Espiritualidade na saúde, muitos 
profissionais ainda têm dificuldade em inserir essa 
temática na prática clínica. 
 
 
O autoconhecimento sobre as emoções advindas da 
prática clínica, a necessidade de tomada de 
consciência do médico no exercício profissional, a sua 
postura de atenção plena e a sua vivência espiritual 
intrínseca podem ter impacto sobre a forma como o 
profissional maneja demandas espirituais trazidas 
pelo paciente, bem como sobre sua disponibilidade 
para fomentá-las e abordá-las. 
O médico necessita manter uma prática reflexiva 
sobre si mesmo e seus valores pessoais, de modo a 
respeitar as necessidades e as crenças das pessoas, 
sem impor seu ponto de vista. 
Instrumentos para obtenção da história 
ou anamnese espiritual 
 
 
 
22 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
 
 
 
 
espiritualidade e MCCP 
 
 
23 Gabi vieira MEDFipGbi 2023.1 
 
Quando referenciar 
Quando há questões conflituosas específicas do campo do pensamento filosófico ou dogmático da religião. 
Quando surgem necessidades religiosas específicas, como preces ou rituais (p. ex., unção de um enfermo), é mais 
apropriado consultar um profissional treinado em cuidado espiritual, como um líder religioso ou um capelão. 
O suporte da equipe multiprofissional também é componente dessa rede de atenção, por exemplo, quando há 
envolvimento de saúde mental, necessidade de adaptação física para a prática religiosa ou necessidade de 
mobilização da rede de suporte social. 
 
 
 
Semana 8 
Conhecer as práticas integrativas e 
complementares (PICs) 
São tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir 
diversas doenças ou, em alguns casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças 
crônicas. 
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, de forma integral e gratuita, 29 procedimentos de Práticas 
Integrativas e Complementares (PICS) à população.

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