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Odontologia equina
A dentição no cavalo classifica-se como heterodonte, uma vez que é composta por diferentes tipos de dentes como incisivos (I), caninos (C), de lobo, pré-molares (PM) e molares (M), diferenciando-se entre si pela sua forma e função.
Os dentes dos equinos são também classificados como hipsodontes, uma vez que vão emergindo dos alvéolos dentários com o decorrer da vida, ao mesmo tempo que se vão desgastando. 
· Hipsodontes = coroa longa que emerge a medida que o dente erupciona.
Uma característica fundamental dos equinos é o facto de serem também eles anisognatas, o que significa que a mandíbula é mais estreita do que maxila.
Nos equinos está presente um espaço entre os caninos e os pré-molares, designado diastema e é relativamente grande quando os caninos se encontram ausentes.
A espécie equina apresenta dois tipos de dentição: a dentição decídua (dentes de leite) e a dentição permanente ou definitiva, ou seja são difiodontes.
A dentição decídua permanece até que vá surgindo a dentição definitiva de forma gradual entre os 2,5 e os 4,5 anos. Aos 5 anos o equino normalmente já tem toda sua dentição permanente.
Possuem uma erupção contínua, cerca de 2 a 3 mm por ano, e esta adaptação surgiu, devido à natureza dos alimentos ingeridos que são sobretudo fibrosos, cuja mastigação provoca um acentuado desgaste dos dentes.
A fórmula dentária indica o número de dentes de cada tipo, a nível da maxila e da mandibula. A fórmula dentária da dentição decídua é 2 (I 3/3, C 0/0, PM 3/3) = 24 dentes. A fórmula dentária de um equino adulto é 2 (I 3/3, C 1/1 ou 0/0, PM 3/3 ou 4/4, M 3/3) = 36 ou 44 dentes (dependendo da presença do canino e do dente de lobo – primeiro pré-molar).
A presença de dois dentes caninos inferiores e dois superiores é frequente em garanhões e machos castrados, em relação aos dentes de lobo que podem ou não existir.
Na dentição decídua há apenas a presença de incisivos e pré-molares, que posteriormente são trocados por dentes permanentes.
Na dentição permanente surgem os caninos e molares.
Existem diferentes faces do dente, sendo que a face voltada para o vestíbulo é denominada de face vestibular/labial/bucal.
Atualmente, o sistema de nomenclatura dentária mais usado é o Sistema de Triadan Modificado. A maior parte das fichas de exame da cavidade oral utilizam-no para proceder a identificação de cada dente. 
Para a dentição permanente, os quadrantes são numerados de 1 a 4 na direção dos ponteiros do relógio: 1-quadrante maxilar direito; 2- quadrante maxilar esquerdo; 3- quadrante mandibular esquerdo; 4-quadrante mandibular direito. Os dentes são numerados desde o incisivo central (1) até ao último molar (11), em cada quadrante (Silva et al., 2003). A enumeração para a dentição de leite é feita de 1 a 8, segundo a ordem rostro-caudal, desde o primeiro incisivo até ao último dente pré-molar ou molar. Nesta dentição o número 5- quadrante maxilar direito; 6- quadrante maxilar esquerdo; 7- quadrante mandibular esquerdo; 8- quadrante mandibular direito.
Tipos de dentes
Dentes incisivos: são 3 em cada quadrante e um animal adulto possui 12 dentes incisivos no total (6 em cada arcada). Sua função principal é de apreensão e corte. A mastigação é geralmente vertical em animais jovens e horizontal em animais adultos.
Dentes caninos: Existem 4 dentes caninos. Podendo estar ausentes ou ser rudimentares em alguns casos como acontece nas fêmeas. Ao contrário dos restantes dentes, os caninos não são de erupção continua. A sua erupção ocorre por volta doa 4-6 anos de idade. As principais funções são defesa e ataque.
Dente de lobo: Correspondem ao primeiro pré-molar e a prevalência destes dentes é maior a nível maxilar. A sua forma e tamanho variam bastante. Não possui qualquer função e interfere com o conforto do equino, por isso é indicada a sua extração.
Pré-molares: Existem 3 ou 4 dentes pré-molares e 3 dentes molares em cada arcada, dependendo da presença do dente de lobo. Tanto os pré-molares como os molares de cada arcada são semelhantes exceto os primeiros e os últimos de cada série. As suas funções estão relacionadas com mecanismos de mastigação e trituração dos alimentos.
Constituintes dos dentes
O dente tem na sua constituição uma coroa e uma raiz. Sendo que a coroa é revestida por esmalte e a raiz por cemento. A zona do dente entre a raiz e a coroa denomina-se de colo, que é composto por esmalte, cemento e dentina. A constituição dos mesmos é feita por dois tipos de substâncias. A substância dura da qual faz parte o esmalte, a dentina e o cemento. E a substância mole que é a polpa.
· Substância dura: esmalte, cemento e dentina.
· Substância mole: polpa (componente não mineralizado).
O infundíbulo caracteriza-se por ser uma invaginação do esmalte, revestida por cemento.
· Coroa do dente: revestida por esmalte dentário;
· Colo do dente: zona entre a raiz e a coroa (localizado na linha da gengiva);
· Raíz do dente: se localiza internamente na gengiva – alvéolo ósseo;
Esmalte:
Composto por 96-98% de minerais (cristais de hidroxiapatita); 
Tecido é inerte e acelular; 
Esmalte do tipo 1: arranjo prismático paralelo, possui alta dureza e permite prolongados períodos de mastigação de alimento fibroso (orientação paralela: fraturas); 
Esmalte tipo 2: orientação dos prismas em 3 planos, é mais resistente a traumas. Estão presente nos incisivos, tornando-os resistente à apreensão. 
Quanto a maior a idade, menor é a quantidade de esmalte da superfície oclusal (exposição da camada mais profunda da raiz de reserva);
Dentina:
Envolve a polpa → tecido dentário mais abundante (constitui a maior parte do dente);
Possui coloração creme e sua composição é: 70% minerais (alto teor de sais de cálcio) / 30% matéria orgânica (fibras de colágeno, mucopolissacarídeos e água);
Formação de rugosidades superficiais microscópicas – facilita a aderência na moagem da forragem;
É secretada durante toda vida:
· 1° Dentina primaria – se liga ao esmalte pela ligação amelo-dentinal;
· 2° dentina secundária – secretada durante a erupção dentária;
Cemento:
É um tecido de coloração creme, muito semelhante ao osso. Em cavalos 66% do cemento é inorgânico (cristais de hidroxiapatita) e 33% orgânico;
Cemento periodontal: contribui para o ancoramento do ligamento periodontal no alvéolo;
Cemento da coroa clínica, extraalveolar: contribui para geometria da superfície oclusal, cemento infundibular* (que preenche o infundíbulo dos dentes maxilares e incisivos);
É o principal componente estrutural da coroa clínica e superfície oclusal.
Maior densidade celular de cementoblastos = maior cementogênese (alta capacidade regenerativa do tecido periodontal).
Polpa
Tecido mole, situado no interior da cavidade pulpar, contendo tecido conjuntivo, com fibroblastos, colagéno e fibras finas de reticulina. A principal função é o suporte da rede vascular, nervosa e linfática do dente. E o seu tamanho vai diminuído com a idade do animal. “Dá a capacidade sensorial e defensiva”;
Exposição pulpar → deposição de dentina terciária;
· Reparativa: secretada por odontoblastos que sobrevivem a injúria.
· Reacionária: células do tecido conjuntivo menos diferenciadas secretam a dentina terciária;
Frequente exposição por abrasamento excessivo do dente;
Cavidade pulpar dividida em: Canal radicular; câmara pulpar comum e canais pulpares;
Periodonto:
É constituído pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. Serve para a ancoragem do dente no alvéolo dentário (fibras de colágenos periodontal – Fibras de Sharpey);
A gengiva serve como barreira de proteção entre o espaço periodontal e a cavidade oral;
Está em constante remodelamento para permitir a erupção do dente hipsodonte (2 a 4 mm por ano);
Ligamento periodontal é o elemento principal no processo de erupção dentária. Funções do L.P.:
· Mecânica (absorção de choque);
· Remodelamento;
· Nutrição do dente e alvéolo (atividade sensorial por ramos do nervo trigêmeo);
Infundíbulo:
Caracteriza-se por ser uma invaginação de esmalte na superfície oclusal. 
Está presente apenas em incisivo e molaresmaxilares;
· Incisivos: possuem um infundíbulo;
· Dente molares maxilar (06s ao 11s) contém dois infundíbulos: um mesial e outro distal;
Finalidade é aumentar a área de esmalte oclusal;
Prolongam-se por quase toda coroa (tanto clínica como de reserva).
Cronologia dentária equina
Atrito entre as arcadas superior e inferior provoca desgaste na mesa dentária que pode ser por:
· Mecanismo de abrasão: desgaste resulta da ação de substâncias abrasivas durante a mastigação;
· Mecanismo de atrição: resulta da ação das peças dentárias entre si;
· Mecanismo de erosão: o desgaste resulta da ação química de certas substâncias;
Para a realização da estimativa da idade deve-se ter em conta a erupção dos dentes decíduos e permanentes; as alterações da superfície oclusal, devido ao desgaste; formação de estruturas anatómicas como cauda de andorinha, estrela dentária e sulco de Galvayne; e o ângulo de oclusão das duas arcadas. 
Cauda de andorinha: Surge aos 7 anos de idade, nos cantos superiores. A sua superfície oclusal é mais comprida e larga do que nos inferiores, por isso o desgaste não é uniforme por não haver aposição na parte caudal dos cantos superiores.
Estrela dentária: Surge entre 8 e os 13 anos, pode observar-se de forma sequencial nos dentes incisivos definitivos e é composta por dentina secundária. Trata-se de uma estrutura linear acastanhada localizada na superfície oclusal dos incisivos, entre a margem labial e o infundíbulo.
Sulco de Galvayne: Caracteriza-se por um sulco longitudinal de cor escura, sobre a face labial ou vestibular dos cantos superiores. Surge por volta dos 10 anos e prolonga-se gradualmente até à face oclusal, que atinge aos 20 anos de idade.
Outro aspeto importante para a determinação da idade num equino é o perfil de oclusão das arcadas, dado que a angulação destas sofre alteração com o avançar da idade. Ocorre modificação da forma e do desgaste dos incisivos passando deste modo de quase vertical em equinos jovens a mais horizontal em equinos idosos.
Fisiologia mastigatória
Equinos são anisogatas, ou seja, a arcada inferior é 23 a 30% mais estreita que a superior, o que promove a projeção dos dentes maxilares lateralmente sobre os mandibulares.
A presença de anisognatia + a movimentação láteromedial do ciclo mastigatório = desenvolvimento de esmalte excessivo no aspecto bucal dos dentes (Ulcerações no vestíbulo e língua).
Ângulo oclusal fisiológico do dente molar → essencial para mastigação funcional (15°).
Não há um padrão de mastigação, tudo depende da comida e do formato dos dentes molares e pré-molares. 
O tipo de alimentação exerce influência neste ciclo mastigatório. As forrangens levam a maior amplitude de movimento laterolaterais, caudorostrais e dorsoventrais. Já os concentrados causam a diminuição da amplitude destes movimentos.
Exame físico da cavidade oral
Deve-se realizar a inspeção e palpação, observando:
· A distância entre os dentes: revela informações sobre o estado nutricional e simetria do crânio;
· O masseter, a região ventral do crânio e possíveis presenças de abcessos (através de palpação);
· Presença de fraturas e/ou fístulas;
· Ausência de dentes;
· Franturas de mandíbula ou maxila;
· Se há sensibilidade dolorosa pela palpação da articulação temporo-mandibular (trigger point).
É importante que o medico veterinário avalie a apreensão, a mastigação e a deglutição dos alimentos e, para isso, precisa conhecer o ciclo mastigatório. Também deve avaliar a coordenação entre língua e mandíbula, para chegar se o alimento está sendo empurrado para o esôfago.
Problemas que comprometem a mastigação cursam com sensibilidade dolorosa.
Para o exame físico da cavidade oral com ou sem equipamentos utiliza-se:
· Espéculo oral (abre-boca);
· Espelhos;
· Fotóforo;
· Inspeção e palpação direta da cavidade oral;
· Avaliação de odor da cavidade e avaliação das fezes (conformação);
· Avaliação da excursão lateral*: pode haver deficiência de movimentos laterais e rostro-caudais causadas por alteração do desgaste dentário (ADD) e/ou problemas de dor articular (ATM) e muscular (masseter).
· Odontograma
*A avaliação da excursão lateral é feita com a cabeça do animal em posição neutra, para que o veterinário movimente a mandíbula na direção esquerda e direita e avalie a presença de dor.
Anestesia e sedação para procedimentos odontológicos
A sedação e o controle da dor são extremamente necessários, pois aliviam ou tornam ausentes as sensações dolorosas e reduzem a movimentação do paciente no ato dos procedimentos odontológicos.
Os procedimentos são realizados com o animal em estação.
Os alfa-2-adrenérgicos são os sedativos de eleição, e como exemplos temos a xilazina e a detomidina, que podem ser ministrados em bolus ou infusão contínua. Além disso, é interessante que esses sedativos sejam utilizados associados com opioides, o que garante a neuroleptoanalgesia (efeito produzido pela associação de sedativos – opioide + tranquilizante). Os opioides mais utilizados são morfina, tramadol e butorfanol. É importante administrar os tranquilizantes antes dos opióides (só aplicar o último quando o animal mostrar sinais de sedação).
· A detomidina está disponível em forma de cloridrato e promove sedação, analgesia e relaxamento muscular, podendo haver alterações cardiovasculares. É 10 vezes mais potentes que a xilazina e tem duração de até 150 minutos. Seu efeito ocorre pela inibição de neurotransmissores excitatórios, o que causa relaxamento muscular profundo, ataxia, diminuição da altura da cabeça, diminuição de motilidade intestinal e redução de movimentos respiratórios. CUIDADO AO USAR em pacientes debilitados.
· A xilazina está disponível na forma de cloridrato de 2 e 10% (a utilizada em equinos). Promove ação sedativa e analgésica e normalmente é utilizado como indutor anestésico com associação. Sua duração é de 30 minutos.
· Efeitos adversos dos opioides em equinos: redução da motilidade intestinal e frequência da defecação; redução do peso e da umidade das fezes; aumento do tempo de trânsito gastrointestinal por até 6 horas;
Anestésicos locais também devem ser utilizados e, são eles: lidocaína, bupivacaína e mepivacaina. Possuem efeito de 5 a 10 minutos.
A anestesia odontológica pode ser dividida em:
· Anestesia infiltrativa (terminal ou periférica).
· Anestesia trocular (regional): bloqueios regionais em troncos nervosos nas regiões do maxilar, mandíbula, intra-orbitária e mentoniana.
A anestesia infiltrativa é feita com aplicação na mucosa superficial ou de forma tópica, na qual o anestésico é colocado diretamente no local do procedimento. Também pode ser feita na submucosa, através da aplicação do anestésico diretamente abaixo da mucosa e acima do periósteo (botão anestésico). Neste tipo de anestesia são utilizadas lidocaina, mepivacaína e bupivacaína.
A anestesia regional ou troncular consiste na aplicação do anestésico sobre os troncos nervosos. 
Nervo trigêmeo (V par de nervo craniano): divide-se em maxilar e mandibular.
Bloqueios regionais: forames maxilar, infraorbitário, mandibular ou mentoniano.
· Forâmen intraorbitário: ramos nervosos que invervam PM e M maxilares.
· Forâmen maxilar
· Forâmen mandibular: inerva toda arcada mandibular.
· Forâmen mentoniano: supressão da dor nos lábios inferiores / ramo anterior da mandíbula / dentes incisivos inferiores e PM inferiores (até o 3° PM);
Volumes de anestésicos:
· F. maxilar e mandibular: 20 ml;
· F. infraorbitário e mentoniano: 10 ml;
Período de latência:
· F. Maxilar: 15 min.
· F. Mandibular: 15 / 30 min.
· F. Infraorbitário e mentoniano: 5 / 1 min.
· Supressão da dor: 2 a 4 horas;
Complicações:
· Formação de hematoma;
· Edema por irritação aos anestésicos locais;
· Neurite por aplicação direta da agulha no nervo;
· Infecção;
Problemas odontologicos
Os problemas mais comuns são a presença do dente de lobo, pontas de esmalte,rampas, ganchos, úlceras, fraturas dentárias, retenção de dentes decíduos, maloclusões dentárias e cáries dentárias.
As principais alterações odontológicas são responsáveis por causar:
· Dificuldadeno processo de mastigação – digestão;
· Repercussões à conformidade e desempenho do animal;
· Surgimento de lesões em estruturas adjacentes aos dentes, como língua, mucosa das bochechas e lábios;
Presença do dente de lobo
É o primeiro pré-molar e trata-se de um dente vestigial da dentição definitiva, sem função. A sua erupção ocorre entre os 6-18 meses, sendo mais característico o seu aparecimento nos machos, na arcada dentária superior.
Quando estão presentes, mas não irrompem, são denominados de “cegos”.
Normalmente é extraído quando o dono do animal o coloca em atividades desportivas, entre os 3-4 anos. Durante a extração deve-se ter em atenção não atingir artéria e/ou veia palatina maior, dado que se encontram muito próximas do dente de lobo. 
O objetivo é prevenir a dor causada pelo contacto dos dentes de lobo com a embocadura.
Pontas de esmalte (PEED)
Trata-se de áreas afiadas de esmalte, que se localizam na face vestibular dos dentes pré-molares e molares superiores, e na face lingual dos dentes pré-molares e molares inferiores. 
É um problema dentário bastante comum, sem prevalência de idade ou sexo. Esta patologia resulta da domesticação do equino, devido ao fornecimento de alimentos concentrados, que reduz o tempo de mastigação.
Pode provocar a laceração de tecidos moles e eventual inibição da preensão dos alimentos. Além disso, resulta em uma atrofia muscular e, por isso, pode ser observada uma mastigação limitada.
Fatores que predispõe o surgimento de PEED:
· Anatômicos: mandíbula estreita;
· Alimentares: fibra menor que 6cm (redução da excursão lateral e aumento do ângulo de oclusão);
· Padrões anormais de mastigação;
· Restrições no movimento da mandíbula;
A correção é feita através do desgaste do dente para atingir uma angulação normal.
Rampas e ganchos
As rampas definem-se como o alongamento vertical do bordo rostral dos segundos pré-molares inferiores e do bordo caudal dos últimos molares inferiores. 
Os ganchos são projeções para além da superfície oclusal que possuem um grande declive. Atinge o segundo pré-molar maxilar e o terceiro molar mandibular.
· Lesões de vestíbulo e língua (mastigação).
Tanto as rampas como os ganchos resultam do desgaste indevido de zonas de dentes que originam projeções terminais que podem lesar a língua e a mucosa das bochechas durante a mastigação. Estas alterações dentárias são influênciadas pela posição da cabeça do animal, enquanto o mesmo se alimenta.
Os ganchos apresentam maior declive e são mais aguçados, já as rampas projetam-se de forma mais progressiva.
Neste caso, os molares de ambas as arcadas não estão alinhados – periocidade bianual.
Os ganchos são comumente observados em cavalos idosos (retrocesso da mandíbula) e cavalos que apresentam bragnatismo ou prognatismo.
No exame clínico é notória a dificuldade do animal mastigar. Assim sendo, percebe-se a diminuição do aproveitamento nutricional, a queda do escore de condição corporal e a redução do desempenho do cavalo.
(Gancho)
(Rampa)
Úlceras
Este problema está relacionado com a presença de pontas de esmalte e localizam-se na mucosa oral. Frequente em cavalos com idades entre os 3 meses e os 10 anos, tendo como principais consequências o desconforto e dor causadas durante alimentação e trabalho do equino.
É a causa mais frequente da queda de alimento da cavidade oral, porém estas lesões cicatrizam em pouco tempo quando o problema primário é resolvido.
Fratura dentária
Os dentes que se encontram excessivamente soltos, necessitam assim de serem extraídos. Podem resultar de traumatismos externos provocados por coices, vicio de morder a boxe ou qualquer outro objeto inanimado, mas a causa também pode ser iatrogénica, por exemplo na sequência da extração de um dente em que o adjacente pode ser atingido e fraturado.
Comum em equinos com mais de 10 anos, mas podem ocorrem em qualquer idade. 
Animais com fraturas apresentam sinais como dificuldades na mastigação, queda dos alimentos da boca, presença de edema e halitose, todavia existem cavalos assintomáticos.
Os dentes que mais frequentemente sofrem fraturas são pré-molares e molares superiores, porém quando se trata de fraturas provocadas por traumatismos os mais afetados são incisivos, pré-molares e molares mais rostrais das arcadas inferiores.
Principais sinais clínicos: 
· Halitose; 
· Dificuldade de mastigar;
· Queda de alimento da boca; 
· Evidencias de infecção apical (inchaços, fístulas de drenagem, eventual corrimento nasal); 
· Laceração de língua e bochechas (extremidades afiadas do dente fraturado); 
· Alguns cavalos podem apresentar-se assintomáticos;
A resolução é feita através da remoção das extremidades afiadas, da redução do dente oposto ou pela retirada dos fragmentos ou do dente total.
Retenção dos dentes decíduos
Entre os 2-4 anos de um equino, ocorre a transição de dentição temporária para a definitiva dos dentes incisivos e pré-molares, e pode haver retenção dos dentes decíduos.
Os animais apresentam alguns sinais como irritação da mucosa oral, queda de alimento da boca, interfere com a embocadura e disfagia oral temporária.
A retenção dos dentes de leite pode originar o atraso na erupção dos dentes permanentes e, consequentemente provoca o desenvolvimento de quistos.
Má oclusões dentárias
Trata-se de uma má coaptação dos dentes incisivos e/ou pré-molares e molares. 
Como principais causas deste problema são genéticas, traumáticas, falta de coordenação nas taxas de erupção e desgaste dos dentes. Pode levar ao aparecimento de outras patologias dentárias e mastigação deficiente.
As maloclusões dentárias mais frequentes são o bragnatismo (face oclusal dos dentes incisivos superiores está situado mais rostralmente em relação aos incisivos inferiores), prognatismo (face oclusal dos dentes incisivos inferiores está situado mais rostralmente em relação aos incisivos superiores), rampas, ganchos, curvatura ventral, curvatura dorsal e mordida diagonal.
Alterações discretas podem não interferir na mastigação.
Habitualmente estão associados a alterações do padrão mastigatório de outros dentes.
O bragnatismo normalmente tem origem congênita, na qual os incisivos superiores sobrepõe os inferiores. Em animais jovens é possível a resolução através de tratamento ortodônticos. Em animais adultos o quadro pode se apresentar de forma moderada a severa. Uma das medidas que devem ser realizadas é reduzir os dentes sobredenvolvidos (uso de limas ou canetas odontológicas).
O prognatismo é incomum nos equinos, sendo mais observado em pôneis e mini equinos. O tratamento de eleição é o desgaste das porções salientes dos dentes, com intervalo mínimo de 6 meses, para previnir os danos a mucosa.
A curvatura ventral ocorre quando os incisivos inferiores laterais são mais desenvolvidos que os seus dentes opostos. A correção é feita com a redução dos incisivos inferiores laterais.
A curvatura dorsal ocorre quando os incisivos superiores laterais são mais desenvolvidos que seus dentes opostos. A correção é feita com a redução dos incisivos superiores laterais.
A mordida diagonal ocorre quando os dentes de um lado da arcada superior e inferior apresentam um crescimento maior do que aqueles opostos. Resulta na mastigação em apenas uma direção por ser doloroso.
Cáries dentárias
Tem origem numa infeção bacteriana primária, que desencadeia uma série de eventos, terminando na destruição do tecido calcificado do dente.
Resultada da ação dos microrganismos sobre os carboidratos, sendo que os ácidos resultantes da fermentação dos mesmos pelas bactérias comensais da cavidade oral do equino levam a uma progressiva descalcificação do dente com subsequentemente destruição da matriz orgânica.
É consequência da impactação de alimento nas irregularidades dentárias.
Existem vários tipos de cáries possíveis de serem identificadas nos dentes de um cavalo. Consoante a extensão da mesma, pode tornar mais frágil o dente, surgindo a possibilidade de ocorrência de outros tipos de lesões, como fraturas dentárias ou abcessos.
As cáries podem ser classificadas em:
· Cáriesdo cemento e do esmalte (periféricas e infundibulares);
· Cáries de dentina;
O grau das cáries pode ser dividido em:
· Grau 0: Não há presença de cáries macroscópicas visíveis, mas há presença de hipoplasia de cemento.
· Grau 1: A cárie afeta apenas o cemento; a partir de uma pequena corrosão pontual superficial até uma extensa destruição do cemento oclusal.
· Grau 2: A cárie afeta o cemento e esmalte adjacente.
· Grau 3: A cárie afeta cemento, esmalte e dentina.
· Grau 4: A partir da lesão cariosa, ocorre o desenvolvimento de infecção periapical ou fratura dentária, a viabilidade do dente está comprometida.
O diagnóstico é feito através da exploração da cavidade oral e pelo raio-x.
O tratamento depende da lesão, pois pode culminar com fratura dental. A exodontia pode ser o tratamento mais efetivo.
Ondas
É quando a superfície oclusal está em uma conformidade irregular, lembrando a forma de uma onda (se projeta rostrocaudalmente).
O mecanismo de mastigação e o deslizamento dos molares torna-se impossível.
Os problemas decoerrentes das ondas são:
· Impactação de alimentos entre os dentes;
· Infecções peiodontais;
· Risco de perda do elemento dentário;
A correção é feita em etapas, através do desgaste das zonas mais elevadas. Ondulações com 3 ou mais centímetros não devem ser removidas abruptamente, pois há o risco de exposição pulpar. 
Degraus
Crescimento abrupto de um E.D. Pode ser causado por um crescimento deficiente ou extração do elemento oposto; 
Pode estar presente em um ou mais dentes; Correção: Desgaste do(s) dente(s) ao mesmo nível que os demais;
Diastemas
O diastema é o espaço interdentário entre dentes adjacentes e pode ser classificado como:
· Aberto: permite entrada e saída dos alimentos;
· Fechado: permite apenas a entrada dos alimentos;
Habitualmente os diastemas são limitados aos pré-molares e molares, mas os incisivos podem ser afetados ocasionalmente.
Podem ser fisiológicos (entre incisivo, canino e pré-molar) ou patológico (ex: por exodontia).
Os sinais clínicos observados são:
· Halitose;
· Queda de alimento da boca;
· Impactação de alimento entre dentes adjacentes;
· Mastigação lenta;
· Perda de peso;
· Posicionamento anormal da cabeça;
Doença peiodontal
É uma doença infecto-inflamatória crônica que acomete os tecidos do periodonto. Pode provocar a perda do esmalte dental e sua prevalência é maior em animais adultos.
Situações que limitam a mastigação resultam em doença periodontal secundária.
Sinais clínicos: halitose, hipersalivação, padrões anormais de mastigação, má condição corporal.
O tratamento é feito pela remoção de alimento compactado e reposição do equilíbrio oclusal.
Prevenção e tratamento de problemas dentários
A Odontologia Equina é uma área preventiva, pois tem como objetivo de controlar e evitar o aparecimento de patologias a nível da cavidade bucal. Para prevenção dos problemas dentários recomenda-se administração de alimentos de qualidade aos equinos, assim como o uso adequado das embocaduras, de modo a evitar lesões na cavidade oral do animal.
Os check-ups dentários em cavalos de desporto devem realizar-se de 6 em 6 meses, assim como nos animais até aos cinco anos, de forma a ser analisada a erupção dos dentes decíduos e a sua, posterior, substituição pelos dentes definitivos. Os equinos com idades entre cinco e os dez anos, que não possuam problemas evidentes, os exames de rotina podem ser executados anualmente.
Um exame oral de rotina é composto por anamnese, exame de estado geral e inspeção da cabeça, nesta última fase procede-se a palpação da cabeça e da articulação tempero-mandibular.
Na inspeção da cavidade oral recorre-se à utilização do abre-bocas, que permite a visualização e palpação mais rigorosa de todas as estruturas. Porém, sempre que necessário utilizam-se meios complementares de diagnóstico como radiografias simples e contrastadas, ultrassonografia, ressonância magnética, cintigrafia, entre outros.
Este exame como requer a manipulação da cabeça e da cavidade oral, pode originar comportamentos agressivos por parte do animal colocando em risco o MV. Por isso, torna-se necessário recorrer a métodos de contenção físicos e químicos. Por norma, o equino encontra-se sedado e raramente se usa anestesia geral, devido a todos os riscos adjacentes. Mas por vezes a sedação não é suficiente, dado que não oferece um estado de analgesia desejado, sendo aconselhável o uso de anestesia local como lidocaína 2%.
Todas as alterações que sejam observadas na cavidade bucal do paciente são anotadas na sua ficha clínica/odontograma, sendo efetuadas as correções necessárias a nível oral e tratamento adequado.
O tratamento das diferentes patologias dentárias varia consoante o tipo de lesão encontrada, podendo ser necessários desde remover as pontas de esmalte até mesmo a realização de um procedimento cirúrgico para remoção de dentes.
Normalmente, após um tratamento odontológico é prescrito anti-inflamatório a fim de proporcionar mais conforto ao animal.
Exemplo: na extração do dente de lobo recomenda-se que o cavalo não trabalhe durante os 2-3 dias seguintes e caso seja necessário fazer uma incisão na gengiva, quando os dentes de lobo são “cegos”, prescreve-se antibioterapia.
As pontas de esmalte, rampas e ganchos são facilmente removidas através do auxílio de uma lima manual ou elétrica, sendo portanto este o seu tratamento.
No caso de úlceras realiza-se a limpeza da cavidade oral, remove-se as pontas de esmalte que são a causa primária desta patologia dentária e procede-se a desinfeção das zonas ulceradas, com uma solução diluída de clorexidina. Por norma, é também prescrito uma cobertura antibiótica.
Em situações de fratura dentária só se remove o dente definitivo caso esteja demasiado solto por má oclusão, traumatismo ou haja periodontite. Após a extração do mesmo deve-se medicar o equino com antibioterapia.
No caso de existir dentes decíduos retidos procede-se a sua extração recorrendo ao uso de instrumentos como elevadores e fórceps. Só devem ser removidos após a exteriorização para a cavidade oral dos dentes permanentes ou se apresentarem mobilidade.
Na presença de má oclusões dentárias os cuidados a ter variam. Pois um equino com bragnatismo pode-se resolver a situação através de tratamentos ortodônticos, ou seja o objetivo passa por inibir o crescimento da maxila e promover o crescimento mandibular. Em casos de prognatismo efetua-se a limagem dos dentes pré-molares e molares. 
Na maioria das cáries dentárias, sobretudo aquelas que possuam alguma extensão, os dentes afetados acabam por ser extraídos. Porém, a limpeza frequente da cavidade oral e uma adequada abrasão dos dentes auxilia no combate e prevenção de cáries.

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