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TEMA 4 CONFISSÃO Aula 03 Delação Premiada

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Aula 03 – Delação Premiada 
Conceito
Delação é a atribuição da prática do crime a terceiro feita pelo acusado, em seu 
interrogatório em juízo ou quando ouvido na polícia e pressupõe que o delator também 
confesse sua participação. 
Na delação ou chamamento do corréu, na parte em que o acusado reconhece 
que praticou o delito, há simples confissão. Já ao atribuir o cometimento do crime a outra 
pessoa o delator age como se fosse testemunha. Sendo assim, a declaração contra corréu 
é ato com natureza de prova testemunhal.
Desta forma, por ser equiparada à prova testemunhal, para que tenha validade 
contra o delatado, é necessário que a delação seja submetida ao contraditório, tudo con-
forme o disposto no art. 5º, LV, da CF. Ou seja, a parte do interrogatório em que ocorreu a 
delação deverá ser produzida em contraditório, dando oportunidade, para que as partes e, 
principalmente, o defensor do acusado delatado formulem perguntas ao delator, com se 
fosse uma testemunha arrolada pela acusação (art. 212, do CPP). 
Conforme a redação do art. 188, do CPP, deverá ser assegurado ao defensor do 
corréu acusado o direito de reperguntas no interrogatório de outro acusado. Embora o 
dispositivo não tenha previsão expressa de reperguntas “do defensor do delatado”, mas 
apenas “das partes”, deve-se incluir os outros acusados.
 Trata-se de um testemunho qualificado, feito pelo indiciado ou acusado e possui 
valor probatório, especialmente porque houve admissão de culpa pelo delator. Todavia, o 
valor da delação, como meio de prova, é difícil de ser apurado com precisão.
Observe-se que quando o réu nega a prática do crime ou a autoria e indica ter sido 
outro o autor, está, em verdade, prestando um autêntico testemunho ou ato de defesa, mas 
não se trata de delação, pois pode estar agindo desta forma para defender-se, indicando 
qualquer outro para figurar como autor do crime, como pode também estar narrando um 
fato verdadeiro, ou seja, que o agente foi outra pessoa.
Requisitos
A delação deve ter três requisitos:
I) o corréu que fez a delação precisa confessado sua participação no crime;
II) a delação necessita encontrar amparo em outros elementos de prova 
existentes nos autos;
III) no caso de delação extrajudicial, é imprescindível ser confirmada em 
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juízo.
Devem ser obedecidos esses requisitos e o contraditório respeitado, com possibi-
lidade de reperguntas pelas partes com o escopo de dar validade à delação, sob pena de 
estar destituído de eficácia jurídica.
Não obstante o delator tenha confessado a autoria delitiva, é necessário, também, 
que a delação seja acompanhada de outros elementos de prova que corroborem o seu 
conteúdo, pois se for isolada não será suficiente para fundamentar uma sentença condena-
tória. Ademais, cumpre observar que, a delação feita em inquérito policial não terá nenhum 
valor se for retratada no interrogatório judicial.
Delação Premiada
A delação premiada ou colaboração premiada, por sua vez, é o benefício que se 
concede ao réu confesso, reduzindo-lhe ou até isentando-lhe de pena, quando denuncia um 
ou mais envolvidos na mesma prática criminosa a que responde.
Cumpre observar que a delação tem caráter relativo, devendo ser confrontada com 
as demais provas existentes nos autos para fundamentar uma condenação. Nesse senti-
do, disciplinou o art. 4º, § 16, da Lei nº 12.850/2013 (Organização Criminosa): “nenhuma 
sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente 
colaborador”.
Embora não possa ser usada isoladamente para condenação sabemos que se trata 
de um meio eficiente de obtenção de provas. 
Ressalte-se, ainda, que na Lei Anticrime (Lei nº 13.964/19) houve a inserção do art. 
3º - A na referida Lei 12.850/13 para deixar expresso que a natureza jurídica da colabora-
ção premiada é um negócio jurídico processual, ou seja, instituto que comporta ganhos e 
perdas para as partes envolvidas.
Ressalte-se que é essencial para atingir esse negócio jurídico processual que a co-
laboração premiada seja útil (vantagem) e interessante (importante) para sociedade e não 
apenas para o operador do Direito individualmente considerado.
Existem vários prós e contras referentes ao instituto da delação. Entre os argu-
mentos desfavoráveis, pode-se exemplificar o fato de se oficializar, por lei, a traição; ferir 
o princípio da proporcionalidade ao aplicar a pena, uma vez que o delator receberia pena 
menor que os delatados; estimular delações falsas em razão da concessão de benefícios 
ao delator; etc. 
Em contrapartida, replica-se que no mundo criminoso não se concebe falar em ética 
ou em valores moralmente elevados, dada a própria natureza das condutas que rompem 
com as normas vigentes feriando bens jurídicos protegidos pelo Estado, e além disso, não 
haverá lesão ao princípio da proporcionalidade na aplicação da pena, vez que esta é regida, 
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Tema 04 - Aula 03 6
basicamente, pela culpabilidade (juízo de reprovação social), que é flexível.
Assim, a delação hodiernamente se delineia como um mal necessário, pois o bem 
maior a ser tutelado é o Estado Democrático de Direito. Se os criminosos atuam com leis 
próprias, pouco ligando para a ética, parece-nos viável provocar-lhes a cisão, fomentando a 
delação premiada. 
Atualmente, existem várias normas dispondo sobre a delação premiada, em regra, 
consiste a denúncia em narrar às autoridades o cometimento do delito e, quando existente, 
indicar os coautores e partícipes, com ou sem resultado concreto, conforme o caso. Nor-
malmente, as normas sobre delação premiada se limitam a prever os requisitos para sua 
aceitação e, no plano do direito material, seus efeitos quanto à pena: ora se prevê a extinção 
da punibilidade, ora o início de cumprimento de pena em regime aberto e, ora apenas a re-
dução de pena. Há, ainda, hipóteses específicas em que se possibilita a aplicação de pena 
restritiva de direito ao invés de pena privativa de liberdade.
 Importante destacar que se trata, de um acordo efetuado entre o investigado ou 
réu, de um lado, e o Ministério Público (salvo na Lei nº 12.850/13 que admite autoridade 
policial) de outro, posteriormente levado ao conhecimento do magistrado para apreciação 
e aplicação do benefício adequado à extensão da colaboração e à sua utilidade. A delação 
não se efetiva em um único ato isolado, mas ao contrário, caracteriza-se por um conjunto 
de atos, consistindo em um verdadeiro incidente probatório. Eventual participação do juiz 
neste acordo colocaria em risco a parcialidade objetiva.
O magistrado apreciará o acordo feito entre o Ministério Público e o investigado ou 
réu no momento processual adequado – em regra, na sentença – oportunidade em que se 
verificará a efetividade da colaboração e aplicará o benefício que entender maisconvenien-
te, não estando vinculado aos termos negociados pelas partes.
Observe-se que o conteúdo, a forma, o momento ou mesmo o procedimento pro-
batório da delação restaram totalmente abertos ao debate doutrinário e às soluções cau-
sídicas da jurisprudência. O legislador, na maioria dos casos, limitou-se a tratar dos efeitos 
materiais.
Todavia, cumpre destacar o previsto na Lei nº 12.850/2013 que trata de Organiza-
ções Criminosas, a qual dispensou à colaboração premiada especial atenção aumentando 
os benefícios concedidos ao colaborador (não apenas a diminuição de pena, mas também 
o perdão judicial e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos 
independentemente do quantum aplicado, por exemplo), bem assim, ampliou o rol dos re-
sultados para concessão do benefício ( art. 4º, incisos I a V) admitindo a concessão do 
benefício caso a delação contribua para recuperação total ou parcial do produto ou proveito 
das infrações penais praticadas pela organização criminosa.
No Código Penal, a delação premiada encontra-se no art. 159, § 4º. Todavia, de ma-
neira desregrada e assistemática, podemos destacar a sua existência, ainda, nas seguintes 
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normas: Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, art. 25, § 2º (Lei nº 7.492/86); 
Lei dos Crimes Hediondos, art. 8º, parágrafo único (Lei nº 8.072/90); Lei dos Crimes contra 
Ordem Tributária e as Relações de Consumo, art. 16, parágrafo único (Lei nº 8.137/90); Lei 
de Lavagem de Capitais, art. 1º, § 5º (Lei nº 9.613/98); Lei de Proteção a Vítimas e Testemu-
nhas, arts. 13 e 14 (Lei nº 9.807/99); Lei de Drogas, art. 41 (Lei nº 11.343/06); Lei de Crimes 
Organizados, art. 4º ao 7º (Lei nº 12.850/13). 
O acordo de delação premiada é um contrato jurídico que prevê direitos e 
obrigações das partes. A Lei 13.964/2019, sancionada nesta terça-feira sob 
o apelido de “pacote anticrime” dedica toda uma extensa seção ao assunto, 
logo de início definido como “negócio jurídico processual”. 
Ao informante que levar ao Estado informações sobre a prática de crimes 
contra a administração pública “serão asseguradas proteção integral con-
tra retaliações e isenção de responsabilização civil ou penal em relação ao 
relato, exceto se o informante tiver apresentado, de modo consciente, infor-
mações ou provas falsas.”
Repete-se o mecanismo criado nos Estados Unidos que, aos chamados 
“whistleblowers” (colaboradores voluntários), garante proteção contra vin-
gança ou retaliação de delatados — que podem ser apenados em até dez 
anos de prisão pelo crime.
Decreto-Lei 3.689 – Código de Processo Penal
Art. 197.  O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros ele-
mentos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas 
do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
Art. 198.  O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir 
elemento para a formação do convencimento do juiz.
Leitura Complementar
PARA LEITURA DO TEXTO
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Tema 04 - Aula 03 8
Art. 199.  A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo 
nos autos, observado o disposto no art. 195.
Art. 200.   A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convenci-
mento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.  
BRASIL. Decreto-Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Institui o Código Penal. Bra-
sília, DF. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compila-
do.htm >. Acesso em: 14 de maio. 2020. 
CHOUKR, Fauzi Hassan. Código de Processo Penal: Comentários Consolidados e 
Crítica Jurisprudencial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. 
 
“Lei anticrime” aperfeiçoa a contratação da colaboração premiada. Disponível em: 
< https://www.conjur.com.br/2019-dez-25/lei-muda-delacao-impede-prisao-base-palavra-
-colaborador >. Acesso em: 10 de junho. 2020.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 4ª ed. Salvador: Ed. JusPo-
divm, 2016. 
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal: e sua conformidade constitucional. 9ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 12ª ed. 
São Paulo: Forense, 2015. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 12ª ed. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. 
PACELLI, Eugênio. FISCHER. Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal 
e sua Jurisprudência. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
 
TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 
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https://www.conjur.com.br/2019-dez-25/lei-muda-delacao-impede-prisao-base-palavra-colaborador
https://www.conjur.com.br/2019-dez-25/lei-muda-delacao-impede-prisao-base-palavra-colaborador
9 Provas e Parte no Processo Penal
7ª ed. Salvador: Juspodvum, 2012. 
 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal Comentado. Vol. 
1. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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