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0 1 SUMÁRIO 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS .......................................................................................................... 3 2. NORMAS DE EXTENSÃO ............................................................................................................. 11 3. CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ............................................................................... 11 3.1. DELITO AUTÔNOMO ............................................................................................................... 13 3.2. TIPO BÁSICO - MAJORANTES................................................................................................ 17 3.3. INDÍCIOS DE ENVOLVIMENTO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ........................................ 19 4. DAS PENAS ...................................................................................................................................... 20 4.1. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO DEFINITIVA .............................................. 20 4.2. INÍCIO DE CUMPRIMENTO DA PENA EM ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA .................................................................................................................. 22 4.3. VEDAÇÃO DA PROGRESSÃO DE REGIME E DO LIVRAMENTO CONDICIONAL......... 23 5. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVAS. ................................................... 23 5.1. COLABORAÇÃO PREMIADA ................................................................................................. 25 5.2. AÇÃO CONTROLADA.............................................................................................................. 41 5.3 INFILTRAÇÃO ............................................................................................................................ 44 5.3.1. CARACTERÍSTICAS DA DECISÃO JUDICIAL DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES ......... 45 5.3.2. REQUISITOS DO PEDIDO DE INFILTRAÇÃO ................................................................ 45 5.3.3. SIGILO NA DISTRIBUIÇÃO ............................................................................................... 46 5.3.4. PRAZOS ................................................................................................................................ 46 5.3.5. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE .................................................................................. 46 5.3.6. RESPONSABILIZAÇÃO DO AGENTE INFILTRADO ........................................................ 47 5.3.7. DIREITOS DO AGENTE INFILTRADO .............................................................................. 48 5.3.8. INFILTRAÇÃO VIRTUAL .................................................................................................... 49 6. ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES... 51 7. TIPOS PENAIS RELACIONADOS À INVESTIGAÇÃO E OBTENÇÃO DA PROVA ......... 51 7.1. REVELAÇÃO DE IDENTIDADE DO COLABORADOR .......................................................................... 51 7.2. COLABORAÇÃO CALUNIOSA E FRAUDULENTA ............................................................................... 51 7.3. QUEBRA DO SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES ...................................................................................... 52 7.4. SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÕES REQUISITADAS ............................................................................. 52 8. DISPOSIÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 52 2 9. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? ...................................................................................................... 54 10. INFORMATIVOS .......................................................................................................................... 63 3 LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Lei nº 12.850/2013 ATUALIZADO em 09/03/20231. Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Organização Criminosa. O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões que já foram cobradas pela Banca CESPE, questões já cobradas em concurso público pelas diversas bancas, alterações promovidas pelo PAC – Pacote Anticrime, e, por fim, informativos. Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao conteúdo. Bons estudos, #TmJuntos! 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS A Lei de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA também conhecida como LOC, trata da definição de organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Corroborando ao assunto, sobre o objeto da Lei, o prof. Gabriel Habib (2016)2 preleciona: A lei possui cinco objetivos: Em primeiro lugar, ela traz a conceituação de organização criminosa; em segundo lugar, dispõe sobre a investigação criminal das organizações criminosas; em terceiro lugar, trata dos meios de obtenção de prova que poderão levar ao conhecimento do Poder Judiciário; em quarto lugar, cria infrações penais correlatas às organizações criminosas; por fim, em quinto lugar, trata do procedimento criminal aplicável. O prof. Rogério Sanches (2020)3, explica que no ano de 1995 o Brasil editou a Lei nº 9.034/95, dispondo sobre a utilização dos meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Apesar de louvável, a iniciativa veio acompanhada de falhas, 1 Revisto, atualizado e editado em 09/03/2023. O manual caseiro é constantemente atualizado e aperfeiçoado. Caso o aluno identifique algum ponto que demande atualização, entre em contato através do nosso e-mail: manualcaseir@outlook.com. Nossa Equipe encontra-se à disposição para juntos sempre melhorarmos o material. 2 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 3 CUNHA, Rogéro Sanches. Leis Penais Especiais Comentadas. 2020. Editora Juspodivm – Salvador. mailto:manualcaseir@outlook.com 4 chamando a atenção pela sua ausência de definição do próprio objeto da Lei, qual seja, a compreensão do que é Organização Criminosa. Assim, contemplamos que a lei que fora criada para reprimir a organização criminosa não contemplava a definição de seu próprio objeto de estudo. A omissão legislativa incentivava parcela da doutrina a emprestar a definição dada pela Convenção de Palermo (sobre criminalidade transnacional). Diante da inércia do legislador brasileiro em conceituar organizações criminosas, era crescente o entendimento no sentido de que, enquanto a lei brasileira não fornecesse um conceito legal, seria possível a aplicação do conceito dado pela Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n° 5.015/2004, cujo art. 2° dispõe: “grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro beneficio material”. (Renato Brasileiro de Lima, Legislação Criminal EspecialComentada, 2016). Ocorre que a utilização “emprestada” do conceito de definição criminosa empregado na Convenção de Palermo fora objeto de severas críticas. Sob os argumentos: 1º A definição de Crime Organizado contida na convenção é muito ampla, genérica e viola o princípio da taxatividade; 2º Ainda que não fosse considerada ampla ou genérica, a referida definição contida na Convenção é válida somente para as relações do Brasil com o direito internacional; 3º Definições em Convenções e Tratados não podem implicar crimes para o direito interno (somente para o Direito Internacional). Nesse sentido, corroborando ao exposto, preleciona Gabriel Habib (Leis Penais Especiais, 2016): “Sempre houve crítica na doutrina no sentido de que o legislador teria violado o princípio da reserva legal, na vertente da taxatividade, em razão de não ter conceituado organização criminosa. A celeuma se instalou de a Lei nº 9.034/95 ter feito menção à organização criminosa na sua ementa e em diversos de seus dispositivos sem ter, entretanto, conceituado tal instituto”. Inobstante as severas críticas pela doutrina, o STJ ainda chegou a utilizar da definição legal exposta na Convenção de Palermo para tipificar a conduta no plano interno. 5 STJ possui inúmeros precedentes adotando essa tese, ou seja, a de que se pode utilizar o conceito de “organização criminosa” previsto na Convenção de Palermo: II. A conceituação de organização criminosa se encontra definida no nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 5.015, de 12 de março de 2004, que promulgou a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional - Convenção de Palermo, que entende por grupo criminoso organizado, "aquele estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material". (HC 171.912/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 13/09/2011). A lição critica quanto a utilização do conceito de organização criminosa empregado na Convenção de Palermo, entretanto, foi acolhida pelo STF no HC de nº 96.007-SP. A 1ª Turma deferiu Habeas Corpus para trancar ação penal instaurada. Segundo entendeu o STF, utilizar a Convenção de Palermo nesse caso violaria o princípio da legalidade, segundo o qual não pode haver crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX. Assim, para que a organização criminosa seja usada como crime antecedente da lavagem de dinheiro faz-se necessária a edição de uma lei em sentido formal e material definindo o que seja organização criminosa. Atualmente essa divergência (STJ e STF) encontra-se superada diante da definição legal de organização criminosa prevista na Lei 12.850/2013. Diante do contexto apresentando, surge a Lei nº 12.694 de 2012, oportunidade em que o legislador finalmente, definiu organização criminosa para o Direito Penal Interno, anunciando no seu art. 2º: “Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. Com o advento da Lei nº 12.694 de 2012 o operador passou a trabalhar com duas legislações, a saber: a Lei nº 9.034 de 95 e Lei nº 12.694 de 2012. Agora, com a Lei nº 12.850 de 2013, o legislador revê o conceito, definindo organização criminosa no §1º do seu artigo inaugural. Vejamos a diferença: Lei n. 12.694/12 Lei n. 12.850/13 Associação de 3 (três) ou mais pessoas. Associação de 4 (quatro) ou mais pessoas. Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. Com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza. Com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza. Mediante a prática de crimes cujas penas máximas seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional. Mediante a prática de infrações penais, cujas penas máximas seja superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional. 6 Desse modo, o conceito legal de organização criminosa introduzido pelo art. 2° da Lei n° 12.694/12 teve uma curta vida útil, isso porque a Lei n° 12.850/13, que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal, introduziu novo conceito de organizações criminosas no art. 1°, §1° (Lei n. 12.850/13). Corroborando ao exposto, Gabriel Habib (2016)4 Diferenças entre o conceito de organização criminosa na lei 12.694/2012 e na lei 12.850/2013. Como é possível notar, houve pouca modificação em relação ao conceito de organização criminosa entre as leis 12.694/2012 e 12.850/2013. Destacam-se três modificações: em primeiro lugar, o número mínimo de pessoas que compõem a organização aumentou de três para quarto; em segundo lugar, enquanto a lei 12.694/2012 referia-se a crimes, excluindo, dessa forma, a prática de contravenções penais, a lei 12.850/2013 refere-se a infrações penais, conferindo uma maior abrangência à lei para abarcar também as contravenções penais; em terceiro lugar, a lei 12.694/2012 fazia menção a crimes com pena igual ou superior a quatro anos. A lei 12.850/2013 foi mais restritiva ao dispor infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos. O art. 1º, § 1º, que traz exatamente o conceito de organização criminosa. Vejamos: § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Trata-se o presente dispositivo legal de norma penal explicativa. As normas penais explicativas são aquelas visam esclarecer ou explicitar conceitos, podemos citar outros exemplos além do conceito de organização criminosa prevista ao teor do art. 1º, §1º, os arts. 327 e 150, § 4º, do Código Penal, quando tratam sobre o conceito de “funcionário público” e de “casa”. No tocante a definição de organização criminosa, observe que é uma associação de 4 ou mais pessoas, estruturalmente ordenada que seria uma forma de estrutura hierárquica para a divisão de tarefas, com o objetivo de obter direta ou indiretamente vantagem de qualquer natureza seja ela financeira, sexual, moral, política, etc. Mediante a prática de infrações penais que neste caso significa o gênero, incluindo contravenções, crimes ou delitos superior a 4 anos ou de caráter transnacional, ou seja, se essas infrações forem transacionais podem ser de pena até menores que 4 anos. Cuidado. Este conceito possui muitos detalhes, as bancas poderão cobrar suas minúcias, por exemplo podem fazer menções ao que a doutrina e a jurisprudência tratam, como a hierarquia que está 4 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 7 exatamente embutida na expressão “estruturalmente ordenada”, bem como a estabilidade que seria entendida pela real finalidade da organização criminosa, e não só apenas um encontro esporádico de 4 ou mais pessoas para prática de crime isolado por exemplo. Cuidado! A Convenção de Palermofoi recebida pelo OJ Brasileiro, no entanto traz uma conceituação diferente da retratada pelo art. 1, § 1º. Vejamos a definição proposta pela Convenção de Palermo. “Grupo criminoso organizado”, grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. Observe que já trata de uma quantidade diferente de pessoas (3 ou mais e não 4 ou mais). Traz a expressão “existente há algum tempo” diferente do que diz a Lei 12.850, que traz a questão da estabilidade e não da existência de lapso temporal. A convenção afirma ainda sobre “infrações graves ou enunciadas na presente Convenção”, na Lei n. 12.850/13 é usado um critério mais objetivo. Ainda ao final a Convenção traz como intenção final de obter “benefício econômico ou outro benefício material”, enquanto a Lei traz um conceito de vantagem de qualquer natureza. Vejamos: Convenção de Palermo Lei n. 12.850/2013 Grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Cuidado! Não confundir também o conceito de organização criminosa, com Associação Criminosa do CP. Vejamos: Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Veja que a diferença já começa na questão numérica, no entanto o que mais diferencia é com relação aos elementos de hierarquia, estrutura ordenada e divisão de tarefas. Sobre o assunto, o prof. Gabriel Habib (2016)5 descreve minuciosamente as diferenças. Vejamos: 5 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 8 Diferenças entre Associação Criminosa no art. 288 do Código Penal e organização criminosa. Da análise dos elementos típicos previstos no art. 288 do Código Penal e no art. 2o, §1o da lei 12.850/2013, extraem-se as seguintes diferenças entre ambos: 1. No delito de Associação Criminosa exige- se o mínimo de 3 pessoas. Para a configuração da organização criminosa, basta a reunião de, no mínimo, 4 pessoas; 2. O delito de Associação Criminosa somente pode estar configurado se a sua destinação for para a prática de crimes, uma vez que o legislador utilizou tal expressão crimes no plural, ou seja, jamais haverá uma associação criminosa com destinação à prática de apenas um delito, independentemente do quantum de pena cominada. A organização criminosa pode existir para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional; 3. O delito de Associação Criminosa não exige a divisão de tarefas entre os agentes para a sua configuração. A organização criminosa requer que a associação seja estruturalmente ordenada e seja também caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente; e 4. Na Associação Criminosa, o legislador exigiu expressamente especial fim de agir de cometer crimes. A organização criminosa exige como especial fim de agir o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza. Vamos esquematizar? Associação criminosa Organização Criminosa Exige-se o mínimo de 3 pessoas Exige-se a reunião de, no mínimo, 4 pessoas Destina-se à prática de crimes, independentemente da pena cominada. Destina-se à prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Não se exige a divisão de tarefas entre os agentes para a sua configuração. Exige-se que a organização criminosa seja estruturalmente ordenada e seja também caracterizada pela divisão de tarefas. Exige-se o especial fim de agir de cometer crimes. Exige-se como especial fim de agir o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza. Fonte: Quadro esquematizado extraído da obra do prof. HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. Não podemos confundir também com o delito de Associação para o tráfico da Lei 11.343/06: Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos art.s 33, caput e §1º, e 34 desta Lei: Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Temos mais uma vez uma diferença numérica, bem como uma estrutura ordenada e divisão de tarefas. Vamos esquematizar? 9 Associação criminosa (art. 288 do CP) Associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343) a. exige o envolvimento de pelo menos TRÊS pessoas; b. se agrupam para praticar quaisquer outros delitos diversos do tráfico; c. exige reiteração. a. envolvimento de duas pessoas; b. intenção de cometer quaisquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 desta Lei: tráfico; c. exista ou não reiteração na intenção de cometer os crimes. Já caiu CESPE! (Ano: 2021. Órgão: DEPEN Prova: Agente Federal de Execução Penal). Em cada um do item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, acerca da legislação especial penal. Integrantes de uma organização criminosa que utilizava em um de seus ramos de atuação a prática de lavagem de dinheiro foram detidos. Nessa situação, o crime de lavagem de dinheiro absorverá o crime de integrar organização criminosa. Gab. ERRADO. O crime de organização criminosa e a lavagem de dinheiro são infrações penais autônomas e que tutelam bem jurídicos penais distintos, não havendo que se falar em absorção. Por fim, a própria lavagem pode ser a infração penal a ser praticada para qual foi criada a Organização Criminosa. (Ano: 2021 Banca: Órgão: DEPEN Prova: Agente Federal de Execução Penal). Com base na legislação penal, julgue o item seguinte. O crime de comércio ilegal de arma de fogo não preenche os requisitos legais objetivos para ser enquadrado como infração praticada por organização criminosa. Gab. ERRADO. O crime de comércio ilegal de arma de fogo pode ser uma infração penal a ser praticada pela organização criminosa, afinal, possui preceito secundário de Reclusão de 6 a 12 anos e multa, logo, superior a 4 anos. (Ano: 2019 Órgão: CGE - CE Prova: Auditor de Controle Interno - Área de Correição). Acerca do crime de organização criminosa, julgue os itens a seguir, tendo como referência a Lei n.º 12.850/2013; I. Considera-se organização criminosa a associação composta por, pelo menos, três participantes que tenham por objetivo obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais. II. Uma organização criminosa tem como característica elementar a estrutura ordenada e a divisão de tarefas. III. A associação de pessoas com o fim de cometer infrações penais cujas penas cominadas forem inferiores a quatro anos será reconhecida como organização criminosa somente se pelo menos um de seus membros for servidor público. IV. Para a consumação do crime de organização criminosa, é prescindível a prática de outros atos criminosos pela organização. Assinale a opção correta; A.Apenas o item I está certo. B. Apenas o item II está certo. 10 C. Apenas os itens I e III estão certos. D. Apenas os itens II e IV estão certos. E. Apenas os itens III e IV estão certos. Gab. D. Atente-se para o fato de que não cometer nenhuma infração penal, não tem o condão de descaracterizar o crime, tendo em vista que basta ter a finalidade de cometer os crimes, o conceito não exige o cometimento da infração penal, apenas que tenha sido criada a organização criminosa com esse objetivo. (Ano: 2018 Órgão: PC-MA Prova: Escrivão de Polícia Civil). Determinada conduta configurará organização criminosa somente se: Determinada conduta configurará organização criminosa somente se: A. o objetivo exclusivo dos agentes for o de obter vantagem de natureza patrimonial. B. a associação for ordenada para a prática da infração, ainda que inexista a divisão de tarefas entre os agentes. C. os agentes cometerem infrações sujeitas a pena de reclusão. D. houver escalonamento hierárquico entre os agentes. E. estiverem associadas, no mínimo, três pessoas. Gab. D. O caráter de natureza patrimonial é dado na Convenção de Palermo, na Lei n. 12.850, por sua vez, a vantagem será de qualquer natureza, bem como deve existir a divisão de tarefas. A pena não necessariamente será de reclusão e o conceito traz que não é prescindível o cometimento de crimes. A quantidade mínima de pessoas na organização criminosa será de quatro pessoas. (Ano: 2018 Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil). Constitui requisito para a tipificação do crime de organização criminosa: A. a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a cinco anos. B. a atuação de estrutura organizacional voltada à obtenção de vantagem exclusivamente econômica. C. a divisão de tarefas entre o grupo, mesmo que informalmente. D. a prática de crimes antecedentes exclusivamente transnacionais. E. a estruturação formal de grupo constituído por três ou mais pessoas. Gab. C. A organização tem que ser estruturada mediante a pratica de infrações penais com pena superior a 4 anos, no intuito de obter vantagem de qualquer natureza, não necessitando de crime antecedente nem que seja exclusivamente transnacional. (Ano: 2015 Órgão: TCU Provas: Auditor Federal de Controle Externo). Em relação ao disposto na Lei n.º 12.850/2013, que trata de crime organizado, julgue o item a seguir. Nos termos dessa lei, organização criminosa é a associação de, no mínimo, quatro pessoas com estrutura ordenada e divisão de tarefas, com estabilidade e permanência. A ausência da estabilidade ou da permanência caracteriza o concurso eventual de agentes, dotado de natureza passageira. Gab. CERTO. Embora o artigo não cite estabilidade ou permanência a jurisprudência e a doutrina possuem esse entendimento. 11 (Ano: 2014 Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Consultor Legislativo). A nova definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena máxima superior a quatro anos. Gab. ERRADO. O artigo compreende que não são apenas crimes, são infrações penais, além dos crimes que possuem caráter transnacional. (Ano: 2014 Banca: Órgão: TJ-SE Prova: Analista Judiciário). A lei conceitua organização criminosa como sendo a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de natureza econômico-financeira, mediante a prática de qualquer crime cometido no país ou no estrangeiro. Gab. ERRADO. A vantagem não será necessariamente econômica financeira, bem como não será apenas a prática de crimes, e sim de infrações penais. 2. NORMAS DE EXTENSÃO Aplicação da Lei 12.850/13 nos seguintes casos; Art. 1º § 2º Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Quando iniciada no Brasil e o resultado devesse ocorrer no estrangeiro, ou quando iniciado no estrangeiro e o resultado devesse ocorrer no Brasil. (Critério da ubiquidade – ora se atém ao resultado, ora se atém aos atos executórios). II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016). Os atos de terrorismo são regrados pela Lei antiterrorismo 13.260/2016. 3. CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Após o advento da Lei n. 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa), a figura da organização criminosa deixa de ser considerada apenas um modo de execução dos crimes para se tornar delito autônomo, previsto a teor do art. 2 da lei em estudo. Nessa esteira, temos que quando o conceito de organização criminosa foi introduzido no art. 2° da Lei n° 12.694/12, que versa sobre a formação do juízo colegiado para o julgamento de crimes por elas praticados, a formação de uma organização criminosa, por si só, não era crime, não era um tipo penal, já que sequer havia cominação de pena. À época, tratava-se apenas de uma forma de se praticar crimes, sujeitando o agente a certos gravames. 12 Porém, com a entrada em vigor da Lei n° 12.850/13, subsiste a possibilidade de aplicação de todos esses gravames. Entretanto, a figura da organização criminosa deixa de ser considerada uma simples forma de se praticar crimes para se tornar um tipo penal incriminador autônomo, consistente na conduta de: “Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa” (Lei n° 12.850/13, art. 2°) -, punido com pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. Em que pese a Lei n° 12.850/13 não ter fornecido o nomen iuris do crime, podemos denominá- lo de Organização Criminosa. Trata-se de evidente novatio legis incriminadora, não retroage para alcançar os fatos esgotados antes da entrada de sua vigência, por respeito ao princípio da irretroatividade prejudicial. O tipo penal do art. 2º da Lei nº 12.850/2013 é exemplo típico de norma penal em branco homogênea homovitelina, uma vez que o conceito de organização criminosa deve ser buscado no art. 1º, §1º da própria lei. Candidato, vamos lembrar o conceito de norma penal em branco homogênea homovitelina? A norma penal em branco homogênea homovitelina é aquela que o complemento normativo emana da mesma instância legislativa (norma incompleta e seu complemento integram a mesma estrutura normativa). Vamos ao estudo do tipo penal: Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: A conduta punida no tipo penal consiste em PROMOVER (trabalhar a favor), constituir (formar), financiar (custear despesas) ou integrar (fazer parte), pessoalmente (forma direta) ou por pessoa interposta (indireta), organização criminosa. Assim, são 04 (quatro) as condutas incriminadas pelo art. 2° da Lei n° 12.850/13: • Promover é impulsionar, fomentar, fazer avançar. • Constituir é formar, compor, instituir, reunir, estabelecer, organizar. • Financiar é custear, bancar, fornecer os meios financeiros. • Integrar é fazer parte, compor, juntar-se, tornar-se membro, incorporar-se, seja pessoalmente ou mediante pessoa interposta. 13 No tocante a sua classificação, explica Rogério Sanches (2020, pág. 1868)6: O crime, quanto ao sujeito ativo, é comum (dispensando qualidade ou condição especial do agente), plurissubjetivo (de concurso necessário) de condutas paralelas (umas auxiliando as outras), estabelecendo o tipo incriminador a presença de, no mínimo, quatro associados, computando-se eventuais inimputáveis ou pessoas não identificadas, bastando prova no sentido de que tomaram parteda divisão de tarefas estruturada dentro da organização. Trata-se de crime de tipo misto alternativo, não sendo necessário prática de todas as condutas, mas sim de apenas uma destas. Não será necessário praticar a conduta pessoalmente, pode ser feito por intermédio de outra pessoa, uma laranja, por exemplo. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. O indivíduo poderá responder apenas pela organização criminosa previsto neste artigo, mas também poderá haver concurso de crimes em caso da prática de outro crime, o legislador foi taxativo ao mencionar “sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas”. 3.1. DELITO AUTÔNOMO Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização (art. 2) independe da prática de qualquer crime pela associação, o qual, ocorrendo, gera o concurso material (art. 69 do CP), cumulando as penas. O que já era tranquilo na doutrina (seguida pela jurisprudência), agora está expresso no preceito secundário do artigo em comento (reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas). O art. 2º, §1º da Lei 12.850 (Lei de Organização Criminosa), consagra uma hipótese de figura equiparada no tocante as consequências penais. Nesse sentido, dispõe o texto normativo: § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: CESPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia. Conforme relatório final de inquérito policial, Mário, policial civil, praticou obstrução de justiça ao embaraçar a investigação de crime praticado por uma organização criminosa. Nessa situação hipotética, Mário 6 CRIME ORGANIZADO. Comentários à Lei no 12.850/2013. 2020. 5 edição: Revista, ampliada e atualizada. Ed. Juspodivm. 14 A. praticou ilícito puramente administrativo. B. violou uma regra processual, mas não cometeu nenhum crime. C. cometeu crime previsto na Lei n.º 12.850/2013. D. cometeu contravenção penal. E. cometeu crime previsto no Código Penal. Gab. C. A doutrina chama esta prática de embaraço de investigação criminosa. O art. 2º, §1º prevê como crime a obstrução ou embaraço da persecução penal de infração que envolva organização criminosa. Assim, são duas as condutas tipificas no tipo penal em comento, quais sejam: • impedir – que significa obstar, interromper, tolher, consumando-se com a efetiva cessação em virtude da conduta praticada pelo agente; ou • embaraçar – que significa complicar, perturbar. Nesta modalidade, o crime estará consumado com a prática de qualquer conduta (ação ou omissão) que cause alguma espécie de embaraço à investigação. O bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça. Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa, trata-se de crime comum (não exige qualidade especial do agente), além disso, é crime MONOSSUBJETIVO (de concurso eventual). Corroborando ao exposto, Rogério Sanches (2020, pág. 1869)7: Cuida-se de crime comum, porém monossubjetivo (ou de concurso eventual), cometido por qualquer pessoa que não tenha, de qualquer modo, concorrido para a formação/funcionamento da organização criminosa. Aliás, tese diversa, abrangendo como potencial sujeito ativo o próprio integrante da associação, raramente se deixaria de subsumir sua conduta aos dois tipos penais (art. 2°, “caput” e § 1º.), bastando, para tanto, os integrantes da organização conversarem códigos, trocarem constantemente “chips” dos celulares etc., sempre visando impedir a investigação. O sujeito passivo, por sua vez, considerando-se o interesse protegido pela norma é o Estado- Administração. A conduta punida no tipo penal em estudo consiste em impedir ou, de alguma forma, embaraçar a investigação da infração penal que envolva organização criminosa. 7 CRIME ORGANIZADO. Comentários à Lei no 12.850/2013. 2020. 5 edição: Revista, ampliada e atualizada. Ed. Juspodivm. 15 O delito do art. 2º, § 1º, da Lei 12.850/2013 é crime material, inclusive na modalidade embaraçar. A Lei nº 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa), prevê o seguinte delito no § 1º do art. 2º: Art. 2º (...) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. O crime do art. 2º, § 1º é formal ou material? MATERIAL. O tipo penal possui dois núcleos (verbos): impedir e embaraçar. No que tange ao núcleo “impedir”, nunca houve dúvida de que se trata de crime material. A dúvida estava no verbo “embaraçar”. Alguns doutrinadores afirmavam que, neste ponto, o delito seria formal. Não foi esta, contudo, a conclusão do STJ. Tanto no núcleo impedir como embaraçar, o crime do art. 2º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 é material. A adoção da corrente que classifica o delito como crime material se explica porque o verbo embaraçar atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Na hipótese normativa, o objeto é a investigação, que pode se dar na fase de inquérito ou na instrução da ação penal. Em outras palavras, haverá embaraço à investigação se o agente conseguir produzir algum resultado, ainda que seja momentâneo e reversível. STJ. 5ª Turma. REsp 1817416-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 03/08/2021 (Info 703). Crime de embaraçar investigação previsto na Lei do Crime Organizado não é restrito à fase do inquérito. Quando o art. 2º, § 1º fala em “investigação” ele está se limitando à fase pré-processual ou abrange também a ação penal? Se o agente embaraça o processo penal, ele também comete este delito? SIM. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 limita-se à fase do inquérito não foi aceita pelo STJ. Isso porque as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Assim, como o legislador não inseriu uma expressão estrita como “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de “persecução penal”, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecução penal. O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o inquérito policial e a ação penal. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 28/05/2019 (Info 650). 16 O tipo penal em estudo trouxe situações ensejadoras aptas a agravar a pena, uma vez configurada. Vejamos: § 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo. Na hipótese de a organização criminosa atuar com o emprego de arma de fogo, a pena é aumentada até a metade. Trata-se de causa de aumento de pena que deve incidir na 3 fase da aplicação da pena criminal. Nesse caso, tratando-se de organização criminosa armada, a Lei 13.964/19 previu maior rigor na fase de execução da pena. Suas lideranças deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima (art. 2º, § 8º), lembrando que os estados e o Distrito Federal, a partir da novel lei, estão autorizados a criarem estabelecimentos dessa natureza8. Observe que se trata de um aumento de ATÉ a metade, e nãoaumento da metade. O juiz irá fazer análise do caso concreto e avaliar o tipo de armamento e a quantidade. § 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. Para o comandante/líder da organização, por mais que não pratique os crimes, este responderá com incidência da causa agravante. Não é causa de aumento de pena, apenas agravante. O §3º, pune mais severamente quem tem o domínio da associação. Trata-se de agravante semelhante a do art. 62, I, do CP, a ser considerada pelo magistrado na segunda fase do cálculo da pena. Nas lições de Gabriel Habib (Leis Penais Especiais, 2016) “essa circunstância agravante é aplicada ao denominado pela doutrina de AUTOR INTELECTUAL, que é a pessoa que tem em suas mãos o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, mas não pratica o delito pessoalmente”. Trata-se de agravante semelhante ao do art. 62, I do Código Penal. Nessa hipótese, não será aplicada a causa do Código Penal, sob pena de ocasionar bis in idem. Assim, temos que a incidência da agravante do art. 2º, §3º, da Lei 12.850 de 2013 afasta a incidência do art. 62,I, do Código Penal em razão do princípio da especialidade, e sob pena de bis in idem, conforme destacado acima. 8 CRIME ORGANIZADO. Comentários à Lei no 12.850/2013. 2020. 5 edição: Revista, ampliada e atualizada. Ed. Juspodivm. 17 Observação. No número de “4 ou mais pessoas”, pode-se considerar aqueles que não tenham sido identificados ou menor de idade. Caso de não saber quem é, mas que tem provas de que esteve na participação. Cuidado, o menor contará mas responderá de acordo com o ECA. Observação². O crime não será possível aplicação na modalidade culposa. Lembre-se que crime culposo deverá ser expresso na descrição do artigo. Observação³. Para o crime se consumar, é dispensável a prática de infração penal pela Organização Criminosa. Basta ter apenas o propósito de cometer crimes. 3.2. TIPO BÁSICO - MAJORANTES § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): I - se há participação de criança ou adolescente; A simples participação de criança ou adolescente na organização criminosa faz incidir a causa de aumento em análise, em virtude da maior reprovação na corrupção moral e social do menor, desvirtuando desde cedo conceitos de moralidade social. II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; Não será causa de aumento de pena se for apenas funcionário público, a organização criminosa deve utilizar esse funcionário para praticar as infrações penais, ou como meio de facilitação para essa prática. Assim, o funcionário público que, valendo-se de sua condição de funcionário, prática a infração penal, terá sua pena aumentada haja vista a maior reprovação da conduta daquele que estaria a disposição da Administração para melhor servir a coletividade. Corroborando ao exposto, Rogério Sanches (2020) “percebam que não basta ser o concorrente funcionário público, mas valer-se a organização criminosa dessa sua condição para a prática de infração penal. Em sua, exige-se que a atuação do funcionário público seja útil para a associação na busca da vantagem objetivada pelos seus integrantes”. Nos termos do art. 327, do Código Penal, considera-se funcionário público quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 18 Por outro lado, equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. Em sequência, temos mais uma causa de aumento. Vejamos: III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; Quando o produto ou proveito do crime destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior, impõe-se a aplicação da causa de aumento. Considera-se aqui não ser necessária a transposição de fronteiras, caso de a organização ter sido capturada em um aeroporto com bagagem internacional já despachada. Ou ainda conhecida organização que estava na iminência de cometer mais uma infração penal internacional. IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. Caso do PCC por exemplo, onde existem várias notícias que essa organização não atua apenas no Brasil. Candidato, para melhor fixação e diferenciação entre as causas de aumento de pena, bem como da agravante, reunimos tudo em um quadro esquematizado. Vejamos: AGRAVANTE Comando, individual ou coletivo, da organização criminosa. Aumento de até METADE Emprego de arma de fogo. Aumento de 1/6 a 2/3 a) Participação de criança ou adolescente; b) Concurso de funcionário público, valendo-se do cargo; c) Produto ou proveito destina-se ao exterior; d) Organização mantém conexão com outras organizações independentes; e) Transnacionalidade da organização. Já caiu CESPE! (Ano: 2019 Órgão: TJ-BA Prova: Juiz de Direito Substituto). Assinale a opção correta, a respeito do crime de organização criminosa previsto na Lei n.º 12.850/2013. A. Para que se configure o referido crime, tem de se comprovar a ocorrência de associação estável e permanente de três ou mais pessoas para a prática criminosa. 19 B. Constitui circunstância elementar desse delito a finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos ou que sejam de caráter transnacional. C. A estruturação organizada e ordenada de pessoas, com a necessária divisão formal de tarefas entre elas, é circunstância elementar objetiva do crime em apreço. D. A prática de pelo menos um ato executório das infrações penais para as quais os agentes se tenham organizado constitui condição para a consumação do referido delito. E. Ao agente que exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução, será aplicada causa de aumento de pena de um sexto a dois terços. Gab. B Necessário 4 ou mais pessoas com divisão de tarefas ainda que informalmente, sendo prescindível a prática de outro delito. Lembrando que, o agente exercer o comando é uma agravante e não causa de aumento de pena. (Ano: 2017 Órgão: DPE-AC Prova: Defensor Público). Considerando-se a legislação pertinente e o entendimento dos tribunais superiores sobre o tema, o crime de organização criminosa; A. será assim tipificado somente se houver consumação de delitos antecedentes, sendo configurada tentativa quando não demonstrada a efetiva estabilidade do grupo. B. é de tipo penal misto alternativo, não admite a forma culposa e deve ser punido com a fixação da pena pelo sistema de acumulação material. C. poderá ser cometido por pessoa jurídica, a qual, nesse caso, conforme expresso em legislação específica, será diretamente responsabilizada pelo crime. D. será assim caracterizado apenas quando houver a participação de, pelo menos, quatro agentes maiores de idade. E. exige, para sua tipificação, por expressa previsão legal, que tenha sido obtida vantagem de natureza econômica de origem ilícita. Gab. B. Não é necessária a consumação de delitos antecedentes, a pessoa jurídica não poderá responder por crime de organização criminosa, o menor de idade também será incluso na contagem de pessoas, e a vantagem precisa ter o intuito (não precisa acontecer) de ser obtida vantagem de qualquer natureza. 3.3. INDÍCIOS DE ENVOLVIMENTO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO O legislador determinou o afastamento cautelar do funcionário público de suas funções,em caso de indícios suficientes de que ele integra uma organização criminosa, quando a medida se apresentar necessária. Por função pública, conforme descrição do art. 327 do Código Penal, deve-se compreender como toda atividade desempenhada como objetivo de atender as finalidades próprias do Estado. Assim, exercem função pública todos aqueles que prestam serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração indireta, englobando os: agentes políticos, servidores públicos, bem como, os particulares em colaboração com o Poder Público. 20 O § 5º, trata de medida cautelar já prevista ao teor do art. 319, VI do Código de Processo Penal. A medida pressupõe periculum in mora e o fumus boni iuris, podendo ser decretada em qualquer fase da persecução penal. Vejamos: § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. Na hipótese de indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, em um primeiro momento o juiz poderá determinar o afastamento cautelar do servidor, sem prejuízo de remuneração (tendo em vista que será ainda apenas indícios), para que se caso este servidor tenha participação não atrapalhe a investigação. § 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. O § 7º, por sua vez, foi ainda mais específico e tratou da figura do policial, seja civil, militar, federal, legislativo, etc. Cuidado que o afastamento cautelar serve para todos, a especificidade do policial no § 7º é feita para trazer apenas mais procedimentos a serem realizados se for este o tipo de servidor. Assim, o dispositivo legal tem como finalidade garantir a eficiência na investigação, impedindo eventual omissão decorrente de corporativismo. Trata-se de desdobramento lógico do controle da polícia, exercido pelo Ministério Público, nos moldes preconizados pelo art. 129, VII, da Constituição Federal. A atuação da corregedoria acompanhada pelo Ministério Público, obviamente não impede investigação conduzida pelo próprio MP. 4. DAS PENAS 4.1. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO DEFINITIVA § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. A Lei das Organizações Criminosas, prevê em seu art. 2°, § 6, que a condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. 21 Como se percebe, não consta do dispositivo legal qualquer exigência quanto à quantidade de pena imposta ao agente (diferentemente do que consta do art. 92 do Código Penal). Desse modo, independentemente da pena cominada, o trânsito em julgado de sentença condenatória irrecorrível acarretará a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo. Cuida o §6º de importante efeito extrapenal da condenação – perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo. Como já ocorre na lei de tortura, trata-se de efeito automático da condenação. A perda do cargo é AUTOMÁTICA, de modo que é desnecessário fundamentação do magistrado no sentido de demonstrar a necessidade da perda do referido cargo, emprego, função ou mandato eletivo, como ocorre no crime de tortura. Diante do exposto, temos que com o trânsito em julgado o funcionário perde o cargo, função ou mandato e tem sua interdição, ou seja, ficará impedido de exercer cargo público durante 8 anos CONTADOS APÓS o cumprimento da pena. Tais efeitos serão automáticos, ou seja, o juiz sequer precisará escrever na sentença, porque a Lei diz que é em decorrência da punição. Candidato, quais crimes resultam na perda automática do cargo, emprego ou função pública? Excelência, os crimes que resultam na perda automática do cargo emprego ou função pública são os de tortura e organização criminosa. Vamos esquematizar? Crime Perda Automática? Prazo de Interdição Organização Criminosa SIM 8 anos Tortura SIM Dobro da pena aplicada Lavagem de Capitais NÃO Dobro da pena aplicada Abuso de Autoridade NÃO 1 a 5 anos Racismo NÃO Não há previsão Nesse sentido, ensina o prof. Gabriel Habib (2016)9 o legislador tratou da perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo e da interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena. Os institutos são distintos. A perda refere-se ao cargo que já era ocupado pelo agente. A interdição refere-se à impossibilidade de o agente vir a ocupar qualquer outra função ou cargo público pelo prazo de 8 anos, isso é, com efeitos futuros. 9 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 22 Trata-se de efeito da condenação que só pode ser aplicado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Esse efeito é automático e decorre da condenação, não sendo necessária motivação expressa na sentença. Já caiu CESPE! (Ano: 2015 Órgão: AGU Prova: Advogado da União). Um servidor público, concursado e estável, praticou crime de corrupção passiva e foi condenado definitivamente ao cumprimento de pena privativa de liberdade de seis anos de reclusão, em regime semiaberto, bem como ao pagamento de multa. A respeito dessa situação hipotética, julgue o seguinte. Na situação considerada, se houvesse suspeita de participação do agente em organização criminosa, o juiz poderia determinar seu afastamento cautelar das funções, sem prejuízo da remuneração; e se houvesse posterior condenação pelo crime de organização criminosa, haveria concurso material entre esse crime e o crime de corrupção passiva. Gab. CERTO. Caberá o afastamento cautelar sem prejuízo de remuneração, e haverá concurso material de crimes entre corrupção passiva e organização criminosa. 4.2. INÍCIO DE CUMPRIMENTO DA PENA EM ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA A Lei 13.964/19, denominada de Pacote Anticrime, alterou de forma substancial a Lei de Organizações Criminosas, Lei 12.850/13. A primeira modificação que podemos apontar se deu no artigo 2º, que recebeu novos §§ 8º e 9º, respectivamente. O § 8º determina que as lideranças das organizações criminosas armadas ou que tenham armas à sua disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimento penal de segurança máxima. Vejamos: § 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Dessa forma, contemplamos que o legislador conferiu tratamento mais gravoso aos líderes de organizações criminosas armadas ou que tenham armas, determinando que o início do cumprimento da pena será em estabelecimentos penais de segurança máxima. 23 4.3. VEDAÇÃO DA PROGRESSÃO DE REGIME E DO LIVRAMENTO CONDICIONAL De acordo com o Pacote Anticrime, o qual incluiu o §9º ao art. 2° da Lei 12.850/2013 , o condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. Vejamos: §9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 5. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVAS. Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: A lei fala em qualquer fase da persecução penal, ou seja, não só aplicável apenas a investigação, mas também a instrução e apresenta um rol exemplificativo, posto que a lei menciona “sem prejuízo de outros já previstos em lei”. I - colaboração premiada Instituto trazido para buscar a maior efetividade nas investigações e possíveis soluções de crimes. II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; A conhecida escuta ambiental, aquela que capta o som em um determinado ambiente, sendo importante para determinadas reuniões e acordos feitos por organizações criminosas. Só necessitando de autorização judicial quando feita em ambientes internos, sendo desnecessária tal autorização para ambientes públicos. III - ação controlada; Ação controlada consiste na autorização legal concedida ao agente policial para, diante da prática de infração penal, em vez de efetuar a prisão em flagrante delito, aguardar o momento mais adequado, de forma a permitir a produção de uma prova mais robusta. 24 Poderíamos definir, em síntese, como o ato de retardamento da ação policial para a captação do maior número de criminosos e até toda a estrutura. IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; Todos os registros telefônicos e telemáticos como por exemplo WhatsApp e cadastros realizados costumeiramente em todos os âmbitos, sejam presenciais ou virtuais. V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; Regida pela legislação específica 9.296/96. VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; Para detectar por onde os recursos financeiros das organizações criminosas possam passar, por quais contas, “laranjas”. VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; Trata-se de ações bastante restritivas, tendo em vista o alto risco dessa atividade. Infiltração é o procedimento por meio do qual o agente de polícia age como se fosse membro da organização criminosa, com o objetivo de colher provas dos crimes cometidos. Neste caso é necessária a autorização judicial, decidida mediante requerimento do Ministério Público ou representação do Delegado, ouvido o Ministério Público. VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. Sem cooperação não existe investigação de algo tão complexo como o crime organizado. § 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015). Para proteção da investigação, não será necessária a licitação para contratação de serviços técnicos e equipamentos destinados ao rastreamento e obtenção de provas. Para que ninguém saiba que a polícia está adquirindo aquele material, naquele momento e tente adquirir equipamentos para burlar esse possível rastreio da polícia. § 2º No caso do § 1º, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015). 25 A lei menciona ainda como mais uma medida de proteção da investigação, a dispensa a publicação, necessitando apenas de haver a comunicação ao órgão de controle interno, para verificação da lisura da dispensa do procedimento de licitação. 5.1. COLABORAÇÃO PREMIADA Na definição do prof. Gabriel Habib (2016)10, a colaboração premiada consiste em um acordo que o investigado ou réu faz com o Estado, no sentido de obter um benefício em troca de informações prestadas por ele. Diz-se premiada porque o colaborador recebe um benefício do Estado em troca das informações prestadas. Na lei ora comentada, o “prêmio” consiste na concessão do perdão judicial, na redução da pena ou na substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A colaboração premiada como afirma o artigo, é um negócio jurídico, que não visa o bem-estar do colaborador, mas que tem uma finalidade ao interesse público. Bem como é um meio para obtenção de provas. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia. Sobre o acesso do agente delatado aos atos judiciais de homologação dos acordos de colaboração premiada e seus termos, após o recebimento da denúncia, assinale a afirmativa correta. A. Por não constituírem fonte de prova, não estão acobertados pelo enunciado da Súmula Vinculante 14. B. Por constituírem meio de obtenção de prova e elementos de prova, estão acobertados pelo enunciado da Súmula Vinculante 14. C. Por não constituírem objeto de prova, não estão acobertados pelo enunciado da Súmula Vinculante 14. D. Por constituir meio de análise da prova, estão acobertados pelo enunciado da Súmula Vinculante 14. E. Por não constituírem meio de prova, não estão acobertados pelo enunciado da Súmula Vinculante 14. Gab. B. Nesse sentido, conforme leciona Rogério Sanches, com o advento do Pacote Anticrime, o acordo de colaboração premiada reveste-se de natureza dúplice: trata-se de negócio jurídico processual, bem como, meio de obtenção de prova. 10 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 26 Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Atenção! Há uma diferença entre a colaboração premiada e o acordo de não persecução penal que pode ser explorada em prova, vejamos: Colaboração Premiada Acordo de Não Persecução Penal Lei 12.850/13, Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico PROCESSUAL e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. Pode-se afirmar que o acordo de não persecução penal, agora legalmente previsto no diploma processual penal, indica a possibilidade de realização de negócio jurídico PRÉ- PROCESSUAL entre a acusação e o investigado. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 644.020/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 09/03/2021. Quando há o recebimento da proposta, ofertada pelo Delegado, MP ou pelo próprio investigado, a partir desse ponto será o início das negociações, bem como o marco para confidencialidade. Caso seja divulgado tais tratativasou documento que as formalize, configura violação de sigilo, quebra de confiança e de boa fé, podendo pôr fim ao acordo jurídico ora formado. O sigilo só será quebrado quando houver o levantamento deste por decisão judicial. § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O investigado pode querer colaborar, mas o Delegado ou o MP, podem sumariamente indeferir, desde que com uma justificativa. § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Caso não seja indeferido pelo Delegado ou MP, as partes irão firmar o termo de confidencialidade que vinculará os órgãos envolvidos e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa, tendo em vista a proteção dos Direitos do colaborador. § 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Não é porque foi assinado o termo que a investigação vai ser parada, inclusive para o colaborador. Mas o réu poderá agora após inclusão do PAC negociar sua prisão preventiva por exemplo. 27 § 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) É possível que antes de firmado o acordo, haja uma instrução para verificar se o colaborador realmente fala a verdade e se tem algum proveito para a investigação. § 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Os documentos formais (o recebimento de proposta e o termo de confidencialidade), serão assinado por todas as partes envolvidas, o celebrante, o investigado bem como seu advogado ou defensor com poderes específicos para tal ato. § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Caso da Autoridade Policial ou o MP, se recuse a receber o acordo, estes não poderão usar nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, salvo se este último estiver de má fé, mentindo ou mascarando algo, neste caso as informações poderão ser usadas. Art. 4º § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. Atente que ainda no início das negociações, quando o colaborador de boa-fé quiser fazer o acordo, mas o Delegado ou o MP indeferirem, as informações obtidas não poderão ser usadas. Neste caso já houve uma proposta de colaboração, inclusive homologada, mas se a parte que colaborou quiser voltar atrás e se retratar, nesse caso os órgãos não poderão utilizar o conteúdo dessa colaboração contra a pessoa que colaborou, mas poderá usar contra outros delatados. Já caiu CESPE! (Órgão: STJ Prova: Analista Judiciário - Judiciária) Situação hipotética: Roberto foi acusado de participar de organização criminosa que praticava crimes contra a administração pública. No curso da ação penal, Roberto resolveu, voluntariamente, contribuir com as investigações por meio do instituto da colaboração premiada. Posteriormente, entretanto, ainda no curso da instrução penal, ele desistiu de participar do programa de colaboração premiada. Assertiva: Nessa situação, as provas colhidas no acordo de colaboração não poderão ser utilizadas exclusivamente contra Roberto. Gab. CERTO. Nesta situação Roberto em um momento posterior desiste e decide se retratar, invocando, portanto, o Art. 4º § 10 que lhe permite tal ato, na impossibilidade de ter as provas colhidas usadas contra si próprio, embora não impedindo que as provas sejam usadas contra outros. 28 Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Remetendo ao Art. 3º- B § 5º, no qual o advogado terá que ter procuração com poderes específicos para que possa haver uma negociação com as autoridades competentes. § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: CESPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia. Quanto à colaboração premiada, assinale a opção correta. A. O marco de confidencialidade do acordo de colaboração premiada é o momento em que as partes firmam termo de confidencialidade para prosseguimento das tratativas. B. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. C. A proposta de acordo de colaboração premiada não poderá ser sumariamente indeferida. D. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor público. E. O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo facultado ao magistrado decidir por sua publicidade no caso de relevante interesse público. Gab. D. O Delegado não pode tentar se aproveitar da situação em que o investigado está só, e tentar negociar. Deverá obrigatoriamente estar o investigado na presença de seu advogado. § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Imagine a situação em que o advogado que representa o colaborador represente também um dos delatados, uma situação clássica de conflito de interesse. § 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O colaborador deverá narra os fatos com nexo e que tenham relação com os fatos investigados, não com outros crimes, necessita ter pertinência temática com o objeto investigado 29 § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A colaboração não pode ser usada por si só para embasar alguma coisa, terá de ser corroborada com outros elementos indicados pelo colaborador. Cabe habeas corpus contraa decisão que não homologa ou que homologa apenas parcialmente o acordo de colaboração premiada Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em face de não homologação ou de homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus. A homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática negocial regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício do poder punitivo estatal, considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios concedidos ao imputado e os limites à persecução penal. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004). Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que: a apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade. REsp 1834215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 27/10/2020. (Info 683). Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo Tribunal, a homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. A homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo competente para autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar os fatos delituosos cometidos pelo colaborador. Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004). A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração da competência. Os elementos de informação trazidos pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam conexos ao objeto da investigação primária devem receber o mesmo tratamento conferido à descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de obtenção de prova, como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração da competência.Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos 30 ou apresentadas as provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999). Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: É indispensável o requerimento das partes pelos benefícios dos quais dependerão da eficácia da colaboração, podendo o juiz conceder o perdão judicial, reduzir em ATÉ 2/3 a pena privativa de liberdade ou substitui-la por uma restritiva de direitos. Lembrando que a lei apenas exige que seja voluntariamente e não espontaneamente, ou seja, o colaborador pode ser convencido por sua família e colaborar não de forma espontânea, mas voluntária. I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. A colaboração terá de ser efetiva, e, portanto, gerar pelo menos uma dessas consequências acima supracitadas. Cumpre destacarmos que, os resultados que dispõe o art. 4º, não precisam ser cumulativos, porém, quanto mais informações, maior será provavelmente a “premiação”. Objetivos almejados na colaboração premiada: • Identificação dos demais coautores e participes da organização e das infrações praticadas; • Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas; • Prevenção contra novas infrações; • Recuperação total ou parcial do produtor e proveito da atividade criminosa; • Localização de eventual vítima com sua integridade física preservada. Em todas as hipóteses acima citadas de colaboração premiada, para que o agente faça jus aos benefícios penais e processuais penais estipulados em cada um dos dispositivos legais, é indispensável aferir a relevância e a eficácia objetiva das declarações prestadas pelo colaborador. 31 Assim, não é suficiente a mera confissão acerca da prática delituosa. Em um crime de associação criminosa, por exemplo, a confissão do acusado deve vir acompanhada do fornecimento de informações que sejam objetivamente eficazes, ou seja, capazes de contribuir para a identificação dos comparsas ou da trama delituosa. Desse modo, para fins de concessão dos prêmios legais não nos interessa apenas o arrependimento, a prestação de informações, deve-se aferir no caso concreto, se estas foram objetivamente eficazes para consecução daquele objetivo. Nesse sentido, o STF já se manifestou: STF: “(...) Delação premiada. Perdão judicial. Embora não caracterizada objetivamente a delação premiada, até mesmo porque a reconhecidamente preciosa colaboração da ré não foi assim tão eficaz, não permitindo a plena identificação dos autores e partícipes dos delitos apurados nestes volumosos autos, restando vários deles ainda nas sombras do anonimato ou de referências vagas, como apelidos e descrição física, a autorizar o perdão judicial, incide a causa de redução da pena do art. 14 da Lei nº 9.807/99, sendo irrelevantes a hediondez do crime de tráfico de entorpecentes e a retratação da ré em Juízo, que em nada prejudicou os trabalhos investigatórios (...)”. STF, 1ª Turma, AI 820.480 AgR/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, j. 03/04/2012, Dje 78 20/04/2012). STJ: “(...) Não obstante tenha havido inicial colaboração perante a autoridade policial, as informações prestadas pelo Paciente perdem relevância, na medida em que não contribuíram, de fato, para a responsabilização dos agentes criminosos. O magistrado singular não pôde sequer delas se utilizar para fundamentar a condenação, uma vez que o Paciente se retratou em juízo. Sua pretensa colaboração, afinal, não logrou alcançar a utilidade que se pretende com o instituto da delação premiada, a ponto de justificar a incidência da causa de diminuição de pena”. (STJ, 5ª Turma, HC 120.454/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 23/02/2010, Dje 22/03/2010). § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. Quando o juiz for conceder o benefício ele irá olhar as individualidades do colaborador e a eficácia de sua colaboração. Haverá duas perspectivas a serem analisadas pelo juiz. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia Substituto. Um grupo composto por dezoito indivíduos atuava visando ao roubo de agências bancárias, em Municípios de até 20.000 habitantes, no Estado X. Nas últimas atuações, o grupo, além de explodir as 3 agências bancárias da cidade, manteve 25 pessoas como reféns, resultando em duas mortes. A atuação do grupo ocasionou grande temor e
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