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TRAUMAS EM GERAL E AVALIAÇÃO DA VÍTIMA

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 BIOMECÂNICA DO TRAUMA ........................................................................ 4
1.1 A dinamicidade da biomecânica do trauma .................................................... 4
1.2 Princípios básicos e sua aplicação ................................................................. 8
1.3 A regra dos três Ss na avaliação do trauma: scene, security e situation ........ 8
1.4 Eventos de colisão .......................................................................................... 9
1.5 Matriz de Haddon ......................................................................................... 10
1.6 A abordagem sistêmica da Matriz de Haddon .............................................. 11
2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRAUMAS .............................................................. 13
2.1 Trauma aberto (penetrante) .......................................................................... 13
2.2 Trauma fechado (contuso) ............................................................................ 15
3 ATENDIMENTO NO TRAUMA ..................................................................... 17
3.1 Sistematização no atendimento ao trauma ................................................... 20
3.2 Avaliação primária no trauma ....................................................................... 20
3.3 Alteração no protocolo – Emprego do X (XABCDE do trauma) .................... 21
3.4 Significado das Letras XABCDE ................................................................... 21
3.5 Avaliação secundária no trauma................................................................... 25
3.6 Abordagem geral para o atendimento do trauma ......................................... 26
4 PRIMEIROS SOCORROS ............................................................................ 28
4.1 Atendimento de enfermagem ....................................................................... 29
4.2 Avaliação do estado geral da vítima – abordagens ...................................... 29
4.2.1 Avaliação das vias aéreas superiores .......................................................... 29
4.2.2 Avaliação do aparelho circulatório ................................................................ 33
4.2.3 Avaliação do nível de consciência ................................................................ 36
4.2.4 Avaliação de hemorragias ............................................................................ 36
5 TRAUMA CRANIOCEFÁLICO ...................................................................... 37
5.1 Classificação do TCE ................................................................................... 38
5.2 Características e cuidados do TCE por faixa etária ...................................... 39
 
6 TRAUMA DE TÓRAX ................................................................................... 40
6.1 Classificação e exame físico ........................................................................ 41
7 AFOGAMENTO ............................................................................................ 41
7.1 Classificação ................................................................................................ 43
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 45
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
4 
1 BIOMECÂNICA DO TRAUMA 
A abordagem à vítima na avaliação da cinemática do trauma em qualquer 
situação de incidente provocado por eventos adversos é primordial para o 
estabelecimento e a manutenção da saúde e a prevenção de agravos. 
Os profissionais da saúde envolvidos em cenas de emergência devem ser 
diferenciados e precisam estar preparados para avaliar todos os contextos, pois a 
situação pode mudar rapidamente, havendo risco à equipe que presta o socorro e/ou 
agravamento da situação das vítimas. 
Vejamos as principais definições e abordagens dos traumas e sua cinemática, 
aprender sobre os mecanismos de pré-colisão, colisão e pós-colisão e saber 
identificar e diferenciar a ocorrência de traumas abertos e traumas fechados. 
(ZAVAGLIA, 2019). 
1.1 A dinamicidade da biomecânica do trauma 
O trauma é definido como um conjunto de alterações funcionais e anatômicas, 
podendo ser local ou geral, sendo provocado por mecanismos violentos. Ele pode 
ocorrer em todos os contextos sociais e culturais e com todas as faixas etárias, 
representando grandes gastos, diretos e indiretos, para a saúde pública. 
O Brasil compartilha de altos índices de eventos traumáticos, tendo em vista a 
urbanização desordenada e a distribuição não igualitária de renda, o que acarreta um 
alarmante aumento do número de acidentes de trânsito e de trabalho, bem como da 
violência urbana. (ZAVAGLIA, 2019). 
A desordem econômica surge a partir de situações de trauma, trazendo 
prejuízos ao país com gastos médicos, internações hospitalares prolongadas e 
reabilitação e reintrodução do acidentado à sociedade. Esses prejuízos são 
observados devido à perda da capacidade e da força de trabalho do indivíduo 
acometido na maioria das vezes em sua idade mais produtiva, assim como gastos 
previdenciários e desestruturação de famílias devido à diminuição da capacidade 
socioeconômica ou ao óbito precoce. 
O trauma se inicia com a transferência de energia cinética para um corpo por 
intermédio de uma força externa, que pode ser de natureza contusa ou penetrante. 
 
5 
Além desta, existe a energia térmica em forma de agentes químicos (p.ex., calor ou 
frio), que são frequentemente observados em situações de guerra e conflitos. 
A cinemática do trauma estuda essa transferência de energia, buscando o 
entendimento de que o mecanismo de lesão reduz a possibilidade de o socorrista não 
reconhecer uma lesão grave, o que possibilita o desenvolvimento de mecanismos de 
proteção. 
Para o entendimento da biomecânica do trauma, que é o ramo que estuda o 
movimento dos objetos, é necessário conhecer desde os princípios físicos até a 
dinâmica dos acidentes, como, por exemplo, a Lei da conservação de energia, a Lei 
da inércia, a Lei da ação e reação, a energia cinética e a troca de energia. 
A Lei da conservação determina que a quantidade de energia não pode ser 
criada nem destruída, apenas transformada. Dessa forma, quando um veículo está 
em movimento, ele tem uma quantidade de energia cinética. Ao parar, ao colidir com 
uma barreira, essa energia não desaparece, ela é transformada em outra forma de 
energia, produzindo danos estruturais no veículo e lesões nos ocupantes. 
Na Lei da inércia fica determinado que um corpo parado permanecerá parado 
e que um corpo em movimento permanecerá em movimento, a menos que uma força 
externa atue sobre eles. (ZAVAGLIA, 2019). 
EXEMPLO: Quando um veículo está em movimento, ele irá parar ao se colidircom 
um poste, pois uma força externa está atuando sobre ele, mas tudo que está no interior 
do veículo continuará em movimento até colidir com algum objeto, ou seja, até que 
uma força externa encerre o movimento. 
A energia cinética é aquela inerente ao movimento dos corpos, a qual constitui 
a função da massa e da velocidade do corpo. Energia cinética é igual à metade da 
massa, multiplicada pela velocidade ao quadrado. Dessa forma, é possível concluir 
que a velocidade é mais determinante no aumento da energia cinética do que na 
massa. 
Na Lei da ação e reação fica determinado que toda ação corresponde a uma 
reação de mesma força, intensidade e direção, porém, no sentido contrário, a força 
que um veículo aplica sobre um muro ao colidir é aplicada sobre o veículo em mesma 
proporção, intensidade e direção. 
 
6 
Na troca de energia, a maneira como um corpo troca a energia com o agressor 
é o fator determinante do mecanismo do trauma e na suposição de potenciais lesões 
apresentadas pela vítima. A troca de energia está relacionada à densidade e à 
superfície. 
Em relação à densidade, pode-se perceber uma maior lesão ao direcionar um 
soco contra um muro de concreto do que contra um travesseiro, o que mostra que a 
mesma quantidade de energia produz resultados diferentes. Por outro lado, a pressão 
exercida sobre uma superfície é inversamente proporcional à área, assim sendo, 
quanto menor a área, maior o efeito da troca de energia. Em um trauma causado por 
uma raquete, a troca de energia não será suficiente para romper os tecidos e penetrar 
o corpo, diferentemente de um trauma penetrante por arma branca, por exemplo. 
A biomecânica do trauma, também conhecida como cinemática do trauma, trata 
da avaliação de uma vítima de trauma e se inicia na fase pré-hospitalar, antes mesmo 
de sua visualização. Na avaliação da cinemática, devem ser observadas as 
circunstâncias e a ocorrência do evento, o tipo de colisão automobilística (frontal, 
lateral ou traseira), o nível de deformidade do veículo, a altura das ocorrências de 
queda, a velocidade em que se encontravam os corpos, o calibre e o tipo de arma de 
fogo, o tipo de arma penetrante e tantas outras informações para que seja possível 
estabelecer a relação entre os fatos e as possíveis lesões a serem encontradas nas 
vítimas. 
O local da cena da ocorrência do evento faz parte da mecânica do trauma, na 
medida em que os danos externos e internos constatados representam informações 
valiosas, que geram suposições para possíveis lesões a serem identificadas nas 
vítimas. Deve-se conhecer a história do evento, pois um histórico completo e preciso, 
quando corretamente interpretado, pode indicar diversas lesões a serem encontradas. 
(ZAVAGLIA, 2019). 
ATENÇÃO: 
Lesões potencialmente letais podem não ser visíveis em um primeiro momento, mas 
a capacidade de prever lesões em um local de sinistro é uma importante habilidade 
do profissional atuante nessa área, e isto requer estudo, experiência, prática e 
atenção do socorrista. 
 
7 
Apesar de existir diversos mecanismos de lesões, as que acontecem pelo 
movimento são as mais comuns e ocorrem por duas maneiras de transferir energia: o 
movimento da vítima e o movimento dos objetos que atuam sobre ela. 
As lesões decorrentes de aceleração ou desaceleração são ocasionadas por 
transferência de energia, a qual é necessária para movimentar um corpo, seja para 
atuar sobre um que está em repouso ou para pará-lo quando esse corpo estiver em 
movimento. Porém, a quantidade de energia aplicada, como e com qual velocidade e 
em que parte do corpo é que irão determinar a seriedade das possíveis lesões 
encontradas. 
É a energia cinética que anima um corpo em movimento, e esta é denominada 
pela seguinte equação: 
 =
1

2 
A análise dessa equação de energia cinética deixa claro que o fator velocidade 
é mais relevante que a quantidade de massa de um corpo, pois, ao dobrar a 
velocidade de massa de um automóvel, também será dobrada a energia cinética; por 
outro lado, ao dobrar a velocidade, haverá o quádruplo de energia. 
O coeficiente entre a absorção de energia proveniente do choque se dá por 
intermédio da razão entre a velocidade da desaceleração causada pelo choque e a 
força da gravidade, o que afeta o peso dos corpos, tanto para o veículo, como para as 
pessoas que se encontram no seu interior. 
Ao realizar a análise da cinemática do trauma, é necessário desenvolver uma 
construção mental sobre como ocorreu o acidente, quais forças foram envolvidas e 
como elas foram aplicadas sobre a vítima. Ao examinar o paciente, é importante 
buscar evidências de lesões de dentro para fora do corpo, levando em consideração 
a energia envolvida. 
É necessário suspeitar de lesões internas, mesmo que a vítima não apresente, 
naquele momento, qualquer sinal ou sintoma. A capacidade de avaliação do socorrista 
nesse momento o manterá preparado para o tratamento de lesões não aparentes na 
cinemática inicial. (ZAVAGLIA, 2019). 
Depois de compreender os princípios básicos da biomecânica do trauma, para 
que seja possível replicá-los, algumas perguntas mentais devem ser desenvolvidas 
no sinistro: 
 
8 
• O que aconteceu? 
• Que tipo de energia foi aplicada? 
• Qual parte do corpo afetada e em que direção esta força atuou? 
• Quando de força foi envolvida no trauma (velocidade, massa, peso)? 
1.2 Princípios básicos e sua aplicação 
As lesões causadas pelo movimento são responsáveis por grande parte das 
mortes ocasionadas por trauma no país. É importante descrever os possíveis 
mecanismos encontrados, principalmente se a vítima está com os sinais vitais normais 
e não apresenta lesões anatômicas percebidas na primeira avaliação realizada. 
Os três mecanismos básicos de lesões causadas por movimento são: 
1. Desaceleração horizontal repentina; 
2. Desaceleração vertical repentina; 
3. Penetração de projétil. 
O fator mais importante para determinar a seriedade das lesões é a velocidade. 
A rápida desaceleração de uma colisão frontal ocasionará a projeção do tronco e da 
cabeça contra o painel do veículo, ou contra o joelho da vítima. As lesões mais comuns 
podem ser traumas faciais, traumatismos cranioencefálicos e cervicais e lesões 
internas de abdome e coluna lombar devido à excessiva compressão na cintura. A 
força e a velocidade podem ser estabelecidas por intermédio de um exame visual dos 
danos causados nos veículos. 
Quando um veículo colide com uma barreira fixa e ocorre uma parada abrupta, 
os ocupantes continuam em movimento até colidirem com alguma superfície interna 
do carro, podendo ser ejetados e colidirem com algum objeto exterior. As lesões 
dependerão do lugar ocupado pela vítima no interior do veículo e contra quais objetos 
eles se chocaram. (ZAVAGLIA, 2019). 
1.3 A regra dos três Ss na avaliação do trauma: scene, security e situation 
Na fase da avaliação da cena do acidente (scene), o socorrista deve 
desenvolver um planejamento mental antes de chegar efetivamente à emergência. O 
 
9 
responsável pela realização do chamado deve repassar à equipe de socorristas o 
máximo de informações possível, as quais devem ser coletadas junto ao solicitante 
da ocorrência. No local, o socorrista deve realizar uma ampla avaliação do cenário a 
partir dos relatos das vítimas e testemunhas, bem como analisar tudo à sua volta, 
percebendo os potenciais riscos que o local oferece ao atendimento. 
Essa avaliação deve ser constantemente realizada, a fim de eliminar ameaças 
e riscos que o evento possa oferecer, favorecendo o atendimento qualificado às 
vítimas. 
A segunda fase é a de segurança (security), na qual o principal fator a ser 
observado no deslocamento até a ocorrência é a segurança da equipe que presta o 
atendimento. Tentativas de resgate só devem ser efetuadas quando todos integrantes 
da equipe estiverem fazendo uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) quea cinemática exige. 
Devem ser levados em consideração o trânsito local e a utilização de 
dispositivos de sinalização, bem como a manutenção segura do local do acidente. É 
a velocidade da via que estabelecerá a distância mais segura para realização do 
isolamento. 
A terceira fase é a da avaliação da situação (situation), na qual, após a 
análise de segurança e das vítimas no cenário, deve-se procurar descobrir o que 
ocorreu e os motivos do acidente e buscar informações sobre as vítimas, como o 
número de pessoas envolvidas, idade, sexo, etc., bem como se será necessário 
solicitar apoio de outras viaturas ou equipamentos diferenciados e para onde serão 
encaminhadas as vítimas. (ZAVAGLIA, 2019). 
1.4 Eventos de colisão 
O processo de avaliação da cinemática do trauma é entendido como a 
avaliação da cena do acidente e irá determinar as forças que estiveram envolvidas e 
os possíveis movimentos durante a ocorrência do incidente para aferir as lesões 
associadas ao trauma. 
A divisão do evento traumático ocorre em três momentos: 
1. Pré-colisão; 
2. Colisão; 
 
10 
3. Pós-colisão. 
Os eventos que antecedem o acidente determinam a pré-colisão. Essa fase 
está relacionada à prevenção de acidentes e ao reconhecimento de medidas que 
podem minimizar ou evitar danos causados pelos acidentes. A fase de colisão é o 
momento do impacto de um objeto em movimento contra um segundo objeto. Essa 
fase pode ser subdividida em outras três fases: 
1. Colisão entre objetos; 
2. Colisão entre o objeto e o corpo; 
3. Colisão entre os órgãos e o próprio corpo humano. 
As transferências de energia ocorrem no momento do impacto, ou seja, na fase 
de colisão, ocasionando os movimentos e os danos dos envolvidos no acidente. 
A fase de pós-colisão é caracterizada pelo momento do atendimento ao 
paciente, sendo todas as informações coletadas das fases de pré-colisão e colisão 
importantes. Essa avaliação permite ao socorrista maximizar o campo de visão e a 
suspeição de prováveis lesões à vítima, oportunizando o atendimento adequado e de 
qualidade. 
1.5 Matriz de Haddon 
Matriz de Haddon foi desenvolvida por Willian Haddon, sendo esta uma matriz 
de identificação de fatores de risco pré-colisão, durante a colisão e pós--colisão, 
relacionando a vítima, o veículo e o ambiente. Essa matriz permite que cada fase da 
colisão seja analisada sistematicamente por meio dos fatores: homem, veículo, via e 
ambiente (Imagem a seguir) (HADDON JR, 1980). 
Trata-se de uma ferramenta de análise que contribui para a identificação de 
todos os fatores associados a uma colisão. Esses fatores são identificados e 
analisados para que possam ser tomadas as medidas adequadas a serem aplicadas 
em um curto período e em longo prazo. 
Na fase de pré-colisão, são tomadas todas as medidas cabíveis com a 
finalidade de prevenir a ocorrência do sinistro. Na colisão, o foco está na prevenção 
da ocorrência da lesão ou que ao menos seja possível minimizar a sua severidade. A 
 
11 
pós-colisão consiste em todas as atividades que possam reduzir os resultados 
adversos ao evento após sua ocorrência. (ZAVAGLIA, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(ZAVAGLIA, 2019, p. 38). 
1.6 A abordagem sistêmica da Matriz de Haddon 
A abordagem sistêmica, com base nas ideias de Haddon, busca identificar as 
principais fontes de erro que contribuem para os eventos e que resultam em lesões 
graves ou até mesmo em óbito. A ideia principal é considerar não somente os fatores 
subjacentes, mas o papel das diferentes instituições envolvidas em ações preventivas. 
 
12 
Por meio dessa abordagem, surgem oportunidades de ações preventivas e 
adoção de medidas apropriadas na prevenção de sinistros, porém, obter 
conhecimento sobre os fatores que geram riscos à vida requer a análise da cadeia de 
eventos que levam a essas lesões e uma abordagem multidisciplinar. 
É possível, portanto, elencar os principais fatores de risco de lesões causadas 
pelo trânsito. (ZAVAGLIA, 2019). 
1. Fatores que influenciam a pré-colisão: 
• Fatores econômicos, como a exclusão social; 
• Fatores demográficos, como sexo e idade; 
• Planejamento do uso das vias, como as distâncias percorridas pela 
população; 
• Combinação do tráfego em alta velocidade com usuários vulneráveis 
em vias; 
• Atenção escassa dos órgãos responsáveis sobre os limites de 
velocidade. 
2. Fatores que influenciam a colisão: 
• Velocidade acima dos limites permitidos; 
• Utilização de álcool, drogas e medicamentos depressores; 
• Cansaço; 
• Ser jovem e do sexo masculino; 
• Usuários vulneráveis em vias urbanas e residenciais. 
3. Fatores que influenciam a pós-colisão: 
• Intolerância humana; 
• Velocidade excessiva; 
• Não uso de dispositivos de segurança, como cinto, airbags e 
capacetes para motocicletas; 
• Objetos fixos à margem de rodovias; 
• Álcool, drogas e medicamentos depressores. 
PARA COMPLEMENTAR: A utilização desse tipo de abordagem visa a modificar um 
modelo simplificado de ações de segurança para uma abordagem sistêmica, o que 
requer grande esforço com a finalidade de adquirir conhecimento da natureza das 
colisões. 
 
13 
2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRAUMAS 
As lesões traumáticas podem ser classificadas em traumas abertos ou 
penetrantes e traumas fechados ou contusos. 
2.1 Trauma aberto (penetrante) 
No trauma aberto, são produzidas cavidades permanentes devido à passagem 
de um objeto pelo corpo. Essa cavitação é resultante da troca de energia entre o objeto 
penetrante e o movimento dos tecidos. A extensão da cavitação é proporcional à 
superfície da área do ponto do impacto, à densidade dos tecidos atingidos e à 
velocidade do objeto no momento do impacto. 
As principais causas de traumas abertos são as ocasionadas pelos projéteis 
em ferimentos por arma de fogo ou por armas brancas. 
Quando um objeto penetrante se depara com um obstáculo, há a troca de 
energia entre eles. Quando isso ocorre em uma área pequena, ela exerce uma tensão 
superficial e penetra o tecido. Essa troca de energia resulta na cavitação ou 
penetração. A extensão das lesões depende do objeto causador da cavitação e da 
área atingida, podendo ser classificada conforme os níveis de energia. 
Baixa energia: corresponde à utilização de armas brancas e objetos lançados 
manualmente. Normalmente, causa lesões cortantes superficiais, estando associada 
a poucas lesões secundárias. Se o trajeto dentro do corpo puder ser predeterminado, 
é possível supor a maioria das lesões. Alguns dados são essenciais para a 
determinação das lesões, como o sexo do agressor, por exemplo, haja vista que 
agressores masculinos produzem lesões acima da lesão de entrada, enquanto as 
femininas produzem lesões abaixo. Devem ser considerados também a posição da 
vítima e do agressor, o tipo de arma utilizada e a maneira de movimentação do 
objeto. 
Média energia: corresponde à utilização de revólveres e alguns tipos de rifle. 
Alta energia: lesões por rifles de caça e militares. 
A diferença entre os mecanismos de média e alta energia é o tamanho da 
cavitação produzida, que pode ser temporária ou permanente. Alguns tipos de armas 
porem causar, além de lesões no trajeto do projétil, lesões no entorno. A distância do 
 
14 
disparo é um fator importante, pois, quanto maior a distância, menor será a velocidade 
do projétil, o que diminui necessariamente as lesões. 
A determinação dos orifícios de entrada e saída de um ferimento de arma de 
fogo é extremamente importante para o socorrista, já que dois orifícios podem indicar 
dois ferimentos separados ou ferimentos de entrada e saída do mesmo projétil, 
modificando a abordagem de acordo com as possíveis estruturas anatômicas 
afetadas. 
Os orifícios de entrada normalmente têm formato oval e são circundados por 
uma área enegrecida devido à abrasão do tecido. A distância do disparo pode 
modificar esses aspectos, pois, se ocorrer muitopróximo ou em contato com a pele, 
gases são compelidos no tecido subcutâneo, causando visíveis queimaduras. Por 
outro lado, nas lesões causadas por uma maior distância, é possível observar 
pontilhamentos devido às partículas de pólvora. Os ferimentos de saída têm aspecto 
estrelado, sem as demais alterações mencionadas. 
As explosões são outro tipo de evento que pode ocasionar lesões penetrantes 
por terem a capacidade de causar tanto ferimentos contusos como penetrantes. As 
explosões podem causar três tipos de lesões: lesões primárias, secundárias e 
terciárias. 
1. Lesões 
primárias: 
Resultantes de ondas de pressão, elas têm maior capacidade lesiva 
em órgãos que contêm gás. As lesões mais comuns são ruptura 
timpânica, contusões, edemas e pneumotórax. 
2. Lesões 
secundárias: 
Resultantes de objetos arremessados a uma determinada distância, 
atingindo a população ao redor, como em uso de granadas. 
3. Lesões 
terciárias: 
Decorre do lançamento do corpo da vítima contra um anteparo ou 
solo. 
 
Tobase (2017, p. 48) explica o trauma penetrante ou aberto: 
Facilmente identificável, evidenciado pela presença de lesão que, em geral, 
estabelece a comunicação entre os meios externo e interno, originando uma 
cavidade temporária ou permanente que afasta os tecidos da posição original. 
O risco de infecção é maior e, às vezes, exige antibioticoterapia e profilaxia 
com imunobiológicos. A comunicação entre órgãos e cavidades com o meio 
externo promove o desequilíbrio das pressões internas e intracavitárias, 
influencia no posicionamento e/ou funcionamento dos órgãos afetados e 
requer intervenções imediatas para a prevenção de alterações sistêmicas. 
 
15 
2.2 Trauma fechado (contuso) 
Traumas fechados são aqueles em que a força aplicada não ocasiona lesões 
penetrantes, uma vez que resulta em fraturas, lacerações e outros ferimentos 
externos, como cisalhamentos, pressões semelhantes a lesões causadas por 
explosões e lesões de golpe e contragolpe. 
Esse tipo de trauma é resultante do processo de desaceleração rápido e 
intenso ou do impacto do corpo contra uma determinada superfície. Na sua maioria, 
são ocasionados por acidentes automobilísticos, traumas esportivos, quedas e 
agressões. 
Os órgãos humanos têm estruturas de fixação próprias de acordo com a 
característica de cada um. As lesões por desaceleração ocorrem quando existe uma 
parada súbita do corpo, mas os órgãos continuam seu deslocamento, o que pode 
romper as estruturas de fixação ou os próprios órgãos. A seguir serão descritos os 
tipos de traumas contusos. 
A colisão frontal é uma colisão contra um objeto que se encontra à frente do 
veículo, reduzindo subitamente sua velocidade. Se o ocupante do veículo não estiver 
devidamente contido, ele continuará se movimentando para frente até que um objeto 
reduza sua velocidade ou cause sua ejeção do veículo. Pode ocorrer também a 
rotação anterior do tronco contra a coluna do volante ou o painel do carro, 
ocasionando lesões cranianas devido ao choque contra o para-brisas. Algumas lesões 
comuns na colisão frontal são: fratura/luxação de tornozelo, luxação de joelho, fratura 
de fêmur, luxação de acetábulo, trauma torácico e traumatismo cranioencefálico. 
Colisão lateral é o impacto lateral em um veículo, capaz de ocasionar, ao 
ocupante, uma aceleração que o afasta do ponto de impacto (aceleração oposta à 
desaceleração). Muitas lesões são semelhantes ao impacto frontal, mas 
concomitantes à compressão do tronco e da pelve. Nesse tipo de colisão, podem 
ocorrer lesões intra-hepáticas, fratura de coluna cervical, fraturas anatômicas no lado 
atingido e traumatismos cranioencefálicos. 
A colisão na traseira tem atividade biomecânica diferenciada, pois ocorre 
normalmente quando o veículo está parado. Os ocupantes são lançados para frente 
à medida que absorvem a energia direcionada. O tronco dos ocupantes pode sofrer 
 
16 
aceleração para frente, o que pode causar hiperextensão cervical e o mecanismo de 
chicote. 
No capotamento, durante a ocorrência do sinistro, o ocupante que não estiver 
contido pode se chocar contra qualquer parte do interior do veículo. As lesões devem 
ser supostas a partir dos pontos de impacto observados na pele. Esse tipo de colisão 
consiste em lesões mais graves devido aos violentos e múltiplos deslocamentos. 
A avaliação da vítima de ejeção deve se basear na possibilidade de lesões 
ocultas, pois a probabilidade de lesões graves aumenta exponencialmente após a 
ejeção e posterior ao impacto. 
As lesões por dispositivos de contenção tendem a ser significativamente 
reduzidas devido à utilização de dispositivos de segurança, como cintos de segurança 
e airbags. Estes, quando utilizados de forma incorreta, podem ser responsáveis por 
lesões de coluna lombar, intra-abdominais e torácicas, como pneumotórax 
hipertensivo ou simples, rotura do parênquima pulmonar e rompimento 
hepatoesplênico. 
No atropelamento, as lesões são resultantes das três fases de impacto. O 
primeiro ocorre pelo trauma contra o para-choque, geralmente atingindo membros 
inferiores, o segundo acontece no impacto contra o capô e o para-brisas, podendo 
atingir o crânio e o tórax, e o terceiro ocorre no impacto com o solo, geralmente 
afetando cabeça, membros superiores, coluna vertebral e vísceras. 
As lesões resultantes de colisão com motocicleta são semelhantes aos 
demais tipos de colisão, porém, o condutor não tem proteções adicionais com esse 
tipo de veículo, estando suscetível a fraturas de membros inferiores e traumatismos 
torácicos e cranioencefálicos. Deve ser considerada a maneira de ocorrência do 
impacto, seja frontal, lateral ou derrapagem, sendo que as lesões podem ocasionar 
desde simples ferimentos abrasivos até o óbito. 
Em quedas podem ocorrer múltiplos impactos e lesões, sendo assim, na 
análise do trauma, devem ser avaliadas a altura da queda (quanto maior a altura, 
maior a chance de lesão em função da velocidade que a vítima atinge o solo), a 
compressibilidade da superfície de queda (quanto maior a compressibilidade, maior a 
capacidade de deformação) e a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto, pois 
isto permite a determinação de algumas lesões, como impacto de membros inferiores 
ou superiores e lesões cranianas e cervicais. (ZAVAGLIA, 2019). 
 
17 
Tobase (2017, p. 48) explica o trauma fechado: 
Originado por impacto direto em determinada região. A energia é propagada 
no interior do corpo humano, provocando danos internos nem sempre 
evidentes, como compressão, cisalhamento, rompimento de órgãos e 
vísceras. Esse tipo de trauma requer muita atenção e avaliação criteriosa, 
pois a ausência de lesões externas dificulta a identificação rápida e imediata. 
Por isso, não dispensa a suspeição de lesões e hemorragias internas. 
3 ATENDIMENTO NO TRAUMA 
Trauma é definido pela National Association of Emergency Medical Technicians 
(NAEMT) como “um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de 
energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia”. Insta salientar que a 
exposição aos diferentes tipos de energia – mecânica, química, térmica, elétrica ou 
por irradiação – é decorrente de ação intencional ou não intencional. 
No meio internacional e nacional, o trauma corresponde à terceira causa de 
morte, superado pelas doenças cardiovasculares e neoplasias. Devido a esse 
contexto, o Ministério da Saúde organizou a Linha de Cuidado ao Trauma na Rede de 
Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde com o objetivo de 
minimizar a morbimortalidade pelo trauma, através de ações de vigilância, prevenção 
e promoção da saúde, com acesso humanizado, hierarquizado, estruturado, 
referenciado e integral ao paciente, desde a ocorrência do evento até a fase de 
reabilitação. 
As mais elevadas taxas de morbimortalidade ocasionadas pelo trauma estão 
associadas ao perfil dos atingidos, em sua maioria do sexo masculino e defaixa etária 
condizente à fase economicamente produtiva da vida. Isso causa um elevado custo 
em assistência e reabilitação e gera sérios danos sociais, muitas vezes irreversíveis, 
com o relevante impacto na diminuição do número de anos de vida potencial perdida, 
ocasionando alto ônus global. A fragilidade das vítimas de trauma, principalmente em 
regiões mais industrializadas, está vinculada a padrões socioculturais e 
comportamentais que expõem essas pessoas a acidentes, agressões e eventos 
também associados ao abuso de substâncias como álcool e drogas. 
A mais frequente causa de morte e invalidez na infância é o trauma, superando 
até mesmo as principais doenças em crianças. 
 
18 
Nas crianças, geralmente as menores, a cabeça é relativamente maior em 
relação ao corpo o que acarreta em um maior risco de lesão craniana no caso de 
trauma, assim como a manifestação à perda volêmica pode ser tardia, não ocorrendo 
alterações imediatas dos sinais vitais. Portanto, o indicador da pressão arterial não é 
efetivo para avaliar a resposta cardiovascular, diferentemente da perfusão cutânea, 
na avaliação do tempo de enchimento capilar. 
O trauma se apresenta como a sétima maior causa de morte nos idosos, sendo 
antecedido por: 
• Doenças cardíacas; 
• Neoplasias; 
• Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); 
• Acidente vascular cerebral (AVC); 
• Diabetes; e 
• Pneumonia. 
Ainda que os idosos possuam uma chance menor de sofrerem um trauma, em 
comparação aos adultos jovens e crianças, o óbito em idosos possui elevados índices, 
geralmente, por causa da gravidade das lesões, características fisiológicas no 
envelhecimento, comorbidades, uso de muitos medicamentos para o tratamento de 
doenças crônicas e falta de compreensão quanto às necessidades e especificidades 
de grande parte dos profissionais que os atendem. De acordo com o Injury Severity 
Score (ISS) o risco de mortalidade é mais elevado para o homem idoso em relação à 
mulher idosa. O envelhecimento reduz a reserva fisiológica do idoso, influenciando na 
lentidão da progressão, da evolução e prognóstico do quadro. 
No atendimento a vítima do sexo feminino, é preciso que se considere uma 
provável gravidez. Deve-se então analisar aspectos próprios. (Exemplo: data da última 
menstruação e resultados de exames laboratoriais, que auxiliam na avaliação.) 
Nas gestantes, o trauma resulta na atenção às duas vidas, no binômio mãe-
filho. Porém, existe a tendência de priorizar a condição materna, até mesmo para 
garantir a sobrevivência da criança, de acordo com a situação. 
A variação da posição do útero nas diferentes idades gestacionais ocasiona 
mudanças na compressão de órgãos. O aumento uterino gera morosidade no 
esvaziamento gástrico, risco de refluxo e broncoaspiração. A compressão do 
 
19 
diafragma complica o posicionamento corporal e causa hiperventilação. O aumento 
do volume circulante e a anemia fisiológica retardam as manifestações na 
hipovolemia. 
O trauma é considerado uma doença e apresenta distribuição específica, 
possuindo três picos distintos, em relação à mortalidade. 
Primeiro 
período 
As mortes imediatas se sucedem logo após o trauma, com 
reduzidas possibilidades de intervenção, por graves lesões 
cerebrais, medulares ou de grandes vasos. 
Segundo 
período 
As mortes, em minutos ou horas após o trauma, são 
frequentemente causadas por lesões e hematomas cranianos, 
rupturas de vísceras e hemorragia significativa. Nesse período, a 
atenção ao atendimento se traduz em importantes resultados na 
sobrevivência do indivíduo. 
Terceiro 
período 
As mortes tardias podem ocorrer após dias ou semanas, em 
consequência de infecções e falência de órgãos. Nessa 
distribuição, desde o início, a atenção qualificada influência nos 
bons resultados e maiores chances de sobrevivência, 
posteriormente. 
 
Nesse diapasão, o trauma como doença é suscetível de prevenção, evitando 
mortes principalmente no primeiro período, sendo alvo de atenção dos órgãos de 
Saúde Pública, em perspectiva educativa. De acordo com a Matriz de Haddon, muitos 
aspectos contribuem com o estudo do mecanismo de trauma para estabelecer 
medidas preventivas nas fases pré-evento, durante o evento e pós-evento. Estratégias 
ativas e passivas, relacionadas às ações educativas em saúde, adoção de dispositivos 
legais na área da segurança e medidas de engenharia – na concepção de produtos e 
atenção ao meio ambiente –, colaboram para a redução do trauma por acidentes de 
trânsito, consumo de álcool e drogas, violência interpessoal, entre outros. (TOBASE, 
2017). 
 
20 
3.1 Sistematização no atendimento ao trauma 
Antes de se iniciar o atendimento, é indispensável a análise das condições da 
segurança no local, do profissional, do paciente e demais presentes. O respeito as 
normas de biossegurança, precauções-padrão e prevenção de riscos ocupacionais 
são medidas integrantes do rol de ações no ambiente de trabalho. 
No âmbito extra-hospitalar, os profissionais começam a assistência, de caráter 
temporário, na área do serviço de atendimento móvel. Empenham-se na redução da 
permanência na cena da ocorrência, porque os cuidados prestados no 
estabelecimento hospitalar possuem influência direta na elevação das chances e 
qualidade na sobrevida. 
No atendimento hospitalar, a organização antecipada da área de recepção 
desse paciente é indispensável, com equipe profissional, materiais e equipamentos 
prontamente disponíveis para o atendimento rápido e eficiente. 
Tanto para o atendimento pré-hospitalar quanto hospitalar, os protocolos 
norteadores das ações são fundamentais na padronização da assistência, das 
intervenções e do tratamento, implicando na redução do tempo, do custo e maior 
efetividade no cuidado. (TOBASE, 2017). 
Atenção: Nesses cenários, equipes treinadas e capacitadas são fundamentais. A 
integração dos profissionais de ambos os serviços (pré-hospitalar e hospitalar) deve 
servir ao benefício do paciente e à continuidade da assistência. 
3.2 Avaliação primária no trauma 
As características do paciente são estabelecidas de acordo com a avaliação 
inicial e as prioridades, o mecanismo do trauma, as lesões apresentadas e a análise 
dos relatos e dos parâmetros vitais. 
A avaliação primária no trauma deve observar à sequência de ações para 
detectar os fatores de risco à vida, que, após avaliação da responsividade, é realizada 
na sequência A, B, C, D, E. 
Na avaliação primária, as lesões constatadas devem ser prontamente tratadas, 
com vistas a prevenir complicações e eludir a morte instantânea ou tardia. 
 
21 
Consequentemente, esse trabalho requer uma equipe mínima, com profissionais 
capacitados para assumir funções desde a liderança do atendimento até o manejo da 
via respiratória e desempenho de ações necessárias à assistência, de modo 
organizado e planejado, buscando os melhores resultados. Essa eficiência favorece a 
qualidade do atendimento e a redução de danos. (TOBASE, 2017). 
3.3 Alteração no protocolo – Emprego do X (XABCDE do trauma) 
Em 2018 o protocolo passou por alteração, na 9ª edição do PHTLS, Pré-
Hospital Trauma Life Support, sendo acrescentada a letra X ao mnemônico. Com a 
alteração, passou a ser chamado de XABCDE do trauma, dessa forma, o x representa 
hemorragia exsanguinante, ou seja, hemorragia externa grave, o Atendimento Pré-
hospitalar passa então a ter como prioridade no protocolo, as grandes hemorragias 
externas, antes mesmo do controle cervical ou da abertura das vias aéreas (SIMÕES, 
2012). 
O atendimento inicial prestado as vítimas de politraumas conforme referem o 
autor acima deve ser padronizado, portanto, para que sejam definidas prioridades na 
abordagem de traumas, faz-se necessário, seguir o protocolo XABCDE, que constitui 
uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com 
o paciente politraumatizado (RODRIGUES; SANTANA; GALVÃO, 2017). 
O principalobjetivo do protocolo é reduzir os índices de mortalidade e 
morbidade em vítimas de qualquer tipo de trauma, através da identificação de lesões, 
potencialmente fatais ao indivíduo, sendo aplicado a todas as vítimas em estado 
crítico, independentemente da idade (SANAR, 20020). 
Condutas de segurança na fase pré-hospitalar: Condutas de segurança 
devem ser adotadas antes de iniciar a abordagem às vítimas de traumas, a fim de 
salvaguardar a vida da equipe, um exemplo disso é a sinalização da cena em que irão 
atuar, avaliação da segurança dessa cena, uso de PI’s, entre outros. 
3.4 Significado das Letras XABCDE 
(X) - Exsanguinação 
 
 
22 
De acordo com PHTLS, 2018 apud SANAR, 2020, a hemorragia externa grave 
deve ser contida mesmo antes do manejo das vias aéreas, pois, apesar de 
epidemiologicamente, a obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um 
curto período de tempo, são as hemorragias graves, as maiores causas de mortes, 
em casos de traumas. 
 
A (Airway) - Vias aéreas e proteção da coluna vertebral 
 
Na opinião de Rodrigues, Santana e Galvão (2017) a obstrução das vias 
aéreas, ocasionadas por traumas, são responsáveis por 66-85% das mortes evitáveis, 
no atendimento pré-hospitalar, na avaliação das vias aéreas, é fundamental a técnica 
correta, para sua manutenção. Utiliza-se assim das seguintes técnicas: “chin lift”
(elevação do queixo), uso de aspirador de ponta rígida, “jaw thrust” (anteriorização da
mandíbula), cânula orofaríngea (Guedel). 
A proteção da coluna cervical também é objetivo no A do referido protocolo, a 
equipe socorrista, diante de uma vítima em estado consciente, deve aproxima-se da 
mesma, sempre pele frente, evitando assim, que ela realize movimentos com a 
cabeça para os lados, durante a abordagem, evitando lesões medulares, toda a 
coluna deve ser imobilizada, utilizando uma prancha rígida, e em vítimas que 
apresentam traumatismos multisistêmicos, a equipe deve sempre considerar uma 
lesão da coluna cervical (GIANOTTO-OLIVEIRA, 2015). 
 
B (Breathing) - Boa Ventilação e Respiração 
 
A análise do padrão respiratório da vítima deve ser realizada de forma 
detalhada e, para que seja possível, é necessário expor o tórax do paciente para 
realizar a inspeção, palpação, ausculta e percussão, os parâmetros analisados nessa 
fase são: frequência respiratória, movimentos torácicos, presença de cianose, desvio 
de traqueia e observação da musculatura acessória (SANAR, 2020). 
C (Circulation) - Circulação com Controle de Hemorragias 
 
A circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de 
análise nesta fase do protocolo e, como já mencionado, a hemorragia é a principal 
 
23 
causa de morte em casos de trauma. O procedimento de imediato a ser adotado é o 
estancamento da mesma, por meio de compressão direta no foco (SANAR, 2020). 
A diferença entre o “X” e o “C” é que o X faz referência a hemorragias externas, 
ou seja, grandes hemorragias. Já o “C” refere-se a hemorragias internas, sendo 
preciso e fundamental averiguar a perda de volume sanguíneo não visível, avaliando 
os principais pontos de hemorragia interna no trauma, sendo eles pelve, abdome e 
membros inferiores, e avaliar os sinais clínicos dessa hemorragia como, tempo de 
enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e nível e qualidade de consciência 
comprometidos (GIANOTTO-OLIVEIRA, 2015). 
A solução isotônica de escolha para reposição volêmica é o Soro Ringer com 
Lactato, entretanto, soluções cristaloides não repõem hemácias e deste modo, não 
recupera a capacidade de carrear O2 ou as plaquetas necessárias no processo de 
coagulação e controle de hemorragias (SANAR, 2020). 
 
D (Disability) - Disfunção Neurológica 
 
Nessa fase do protocolo, o profissional vai analisar o nível de consciência da 
vítima, bem como o tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral, 
sinais de lateralização e o nível de lesão medular (RODRIGUES; SANTANA; 
GALVÃO, 2017, p. 1). 
 
24 
O principal objetivo é minimizar as chances de lesão secundária, pela 
manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral, é fundamental aplicar a escala 
de goma de Glasgow atualizada (SANAR, 2020). 
 Fonte: portalenf.com 
E (Exposure) - Exposição Total do Paciente 
 Ao realizar a exposição do paciente, o profissional deve considerar o controle 
da hipotermia, na fase “” do protocolo, realiza-se a análise da extensão das lesões, 
com controle do ambiente, a fim de prevenir a hipotermia, devem ser analisados sinais 
de trauma, sangramento, manchas na pele, etc, o socorrista deve se atentar à parte 
do corpo que não está exposta, a qual pode esconder a lesão mais grave que acomete 
o paciente (SANAR, 2020). 
 
 
25 
3.5 Avaliação secundária no trauma 
A avaliação secundária deve ser feita após as medidas de controle e 
estabilização inicial, Tobase (2017) aduz que nessa avaliação se efetua: 
• Exame físico cefalopodal 
• Entrevista para coleta de informações específicas e dados sobre a sequência dos 
acontecimentos, obtidos rapidamente com a vítima, familiares e/ou testemunhas 
por meio do método mnemônico SAMPLA: 
➢ S – sintomas: “O que está sentindo; tem dor, dificuldade para respirar, 
dormência?” 
➢ A – alergias: “Tem alergia a algum medicamento ou substância?” 
➢ M – medicamentos: “Faz uso de algum medicamento?” 
➢ P – passado médico: “Tem alguma doença? Cirurgias pregressas? 
Gravidez?” 
➢ L – líquidos e alimentos ingeridos: “m qual horário se alimentou pela
última vez?” 
➢ A – ambiente e acontecimentos do evento: “Lembra-se do que 
aconteceu?” 
• Exame neurológico e aplicação da escala de coma de Glasgow 
• Aferição dos sinais vitais e monitoramento 
• Avaliação da gravidade do trauma: existem diversos métodos de medida; no 
atendimento pré-hospitalar (APH), pode ser estimada com a escala revisada do 
trauma (revised trauma score, RTS), por ser rápida e de fácil aplicação. 
De acordo com a Tabela a seguir, a soma dos três parâmetros resulta no escore 
do RTS, cuja pontuação varia de 0 a 12. Funcionando da seguinte forma: 
• Quanto maior o valor, menor a gravidade; 
• Quanto menor, maior a gravidade do trauma. 
Porém, o autor ainda ressalta que essa avaliação pode ser prejudicada pela 
utilização de dispositivos de via respiratória, como intubação traqueal, ou se o 
paciente estiver sob ação de substâncias, como álcool, drogas ilícitas ou 
medicamentos. 
 
26 
Escala revisada do trauma (RTS). 
Parâmetros Variação dos valores Escore 
Frequência respiratória (rpm) 
> 29 4 
10 a 29 3 
6 a 9 2 
1 a 5 1 
0 0 
Pressão arterial sistólica (mmHg) 
> 89 4 
76 a 89 3 
50 a 75 2 
1 a 49 1 
0 0 
Escala de coma de Glasgow 
13 a 15 4 
9 a 12 3 
6 a 8 2 
4 a 5 1 
< 4 0 
(TOBASE, 2017, p. 50) 
Atenção: A avaliação contínua assegura a atenção permanente ao estado do 
paciente e suas possíveis alterações. O trabalho em grupo permite ações simultâneas, 
reduzindo o tempo das intervenções, para garantir uma assistência segura e de 
qualidade. 
3.6 Abordagem geral para o atendimento do trauma 
1. Iniciar a abordagem posicionando-se na frente da pessoa, quando possível. 
2. Promover a estabilização manual da cabeça, mantida alinhada em posição neutra. 
3. Realizar a avaliação primária na sequência X, A, B, C, D, E e avaliação secundária. 
 
27 
4. Selecionar e fixar o colar cervical adequado, mantendo a estabilização manual da 
cabeça. 
5. Movimentar o indivíduo em bloco ou abordá-lo em pé e posicionar a prancha 
rígida. 
6. Imobilizar a cabeça com protetores laterais, alinhada em posição neutra. 
7. Fixar o tronco, braços e pernas na prancha rígida, imobilizando na altura do tórax, 
quadril e abaixo dos joelhos. 
8. Transportar a prancha de maneira segura; em quatro pessoas, se possível. 
9. Manter reavaliação contínua. 
Antes de fixar o colar cervical é necessária a avaliação da área do pescoço e 
da clavícula, porque ele seapoia sobre a região esternal, clavículas, trapézios e 
coluna torácica. Nesse ensejo, também é essencial a verificação da existência de 
lesões nessas áreas e retirar adornos, como correntes e brincos grandes. 
Na hipótese de fratura de clavícula ou inviabilidade de colocar o colar cervical, 
a estabilização da cabeça deve ser mantida de forma manual, sem o auxílio do 
dispositivo. A utilização do dispositivo adequado restringe os movimentos da cabeça 
e da coluna cervical, mas não a restringe totalmente. Portanto, deve haver uma 
estabilização lateral adicional, manual ou com imobilizador lateral de cabeça, também 
é essencial a observação contínua. Quando utilizado, deve-se evitar que o colar 
cervical fique apertado, pois há o risco de compressão das veias do pescoço e 
aumento da pressão intracraniana. 
O paciente pode necessitar de algumas adaptações de acordo com suas 
características ou variações anatômicas individuais, ao ser posicionado na prancha 
rígida, para uma efetiva mobilização segura. Em crianças, poderá ser utilizado um 
apoio tipo coxim, sob os ombros até a região do quadril, para diminuir a possibilidade 
de flexão do pescoço e da região cervical, devido ao tamanho e desproporção da 
cabeça em relação ao corpo. Em um adulto ou idoso com curvatura anormal da coluna 
(cifose) ou obesos, colocar o apoio sob a cabeça para manter posição neutra. 
A indicação para retirada do colar cervical e da prancha rígida depende da 
avaliação do paciente e dos resultados dos exames radiológicos. É necessário 
 
28 
ponderar a confiabilidade dos relatos e das queixas, principalmente se o indivíduo 
apresentar alteração do nível de consciência, do comportamento ou se estiver sob 
efeito de substâncias, como álcool e drogas. Segundo o PHTLS/2011, a rapidez na 
avaliação do paciente é essencial, uma vez que a prancha rígida deve ser retirada em, 
no máximo, 2 h, devido aos riscos de formação de lesão por pressão, dor e 
desconforto no posicionamento, com prejuízo na estabilização do quadro geral. Por 
isso, enfatiza-se que, em situações de transporte prolongado, a prancha deve ser 
adequadamente acolchoada para minimizar os danos e sofrimentos decorrentes da 
longa permanência no equipamento. 
Em contrapartida, também segundo o PHTLS/2011, após a realização de 
exame físico cuidadoso e detalhado e do raciocínio clínico baseado na análise da 
cinemática e biomecânica do trauma, conforme a situação, a imobilização da coluna 
nem sempre é necessária, mesmo no ambiente extra-hospitalar. Se for o caso, a 
prancha rígida pode ser utilizada apenas para facilitar o transporte do paciente, não 
especificamente para imobilizá-lo. A imobilização sem indicações de lesão também 
tem consequências, como aumento do esforço respiratório, isquemia cutânea e dor. 
(TOBASE, 2017). 
4 PRIMEIROS SOCORROS 
São procedimentos de urgência, iniciais, prestados a vítimas que sofreram 
algum tipo de acidente. Esses procedimentos podem ser realizados por indivíduo apto 
para tal, desde que tenha noção de primeiros socorros, esteja seguro daquilo que está 
fazendo e, principalmente, sinta-se preparado para a tarefa. 
Veremos em detalhes alguns conceitos e manobras típicas de um socorrista, 
uma vez que o objetivo principal e primordial dos primeiros socorros é preservar a vida 
da vítima, mediante cuidados que preservem as lesões apresentadas. O socorrista 
precisa ter iniciativa, liderança, capacidade de pensar e agir rápido, destreza, 
habilidade de analisar e avaliar o que ocorreu com facilidade, priorizar os 
atendimentos às vítimas. (SANTOS, 2018). 
 
29 
4.1 Atendimento de enfermagem 
É a realização dos cuidados de enfermagem, e envolve a capacidade técnica 
que o profissional de enfermagem adquire durante sua formação, nos diferentes meios 
do ambiente hospitalar. O profissional de enfermagem que deseja atuar em áreas de 
emergência, resgate, pré-atendimento hospitalar, salas de emergência, pronto-
socorro e, enfim, em todas as áreas desse tipo de atendimento, deve possuir controle 
emocional e habilidade para agir diante de situações desesperadoras, lançando mão 
de raciocínio lógico e rápido. (SANTOS, 2018). 
4.2 Avaliação do estado geral da vítima – abordagens 
A avaliação do estado geral da vítima consiste em duas abordagens. A primeira 
é a abordagem primária, que está diretamente ligada à necessidade de manter as vias 
aéreas do paciente livres; a segunda é a abordagem secundária, que está diretamente 
ligada à necessidade de se manter a vítima estabelecida. (SANTOS, 2018). 
4.2.1 Avaliação das vias aéreas superiores 
Verificar respiração: 
• Averiguar se a vítima está respirando. 
• Observar o tórax em movimento. 
• Procurar contar a respiração, valores entre 14 e 20 mrpm são considerados 
normais. 
• Se houver obstrução das vias aéreas, procure avaliar o que causou a obstrução. 
Passe o dedo por dentro da boca da vítima para desobstruir a passagem do ar; se 
o resultado for negativo, proceder a outras manobras, como: 
a. Manobra de Heimlich: também conhecida como “manobra do impacto 
abdominal”. 
 
30 
Colocar a vítima em pé, posicionada de costas à sua frente, e a apoie sobre o seu 
abdome. 
Fechar os dedos das mãos uns contra os outros sobre o abdome da vítima. 
Pressionar o abdome do paciente com as mãos, dando “golpes”, isto é, aplicando
pressão contra o abdome, de baixo para cima. 
Fazer até dez “golpes” (veja a ilustração a seguir). 
Se o resultado ainda for negativo, prosseguir com outra manobra 
A manobra de Heimlich pode também ser feita com a vítima deitada, comprimindo-
se o seu abdome para cima, (Enfermeiros são os profissionais responsáveis pelos 
primeiros atendimentos ao paciente). 
No caso de o paciente ser uma criança, posicione-a sobre os seus joelhos, com a 
cabeça fletida para baixo. Em seguida, com as mãos fechadas “em concha”, dê-
lhe “palmadas”, de baixo para cima. Não aplique muita força no atendimento a
crianças. 
(SANTOS, 2018) 
 
31 
(SANTOS, 2018, P. 228). 
b. Respiração artificial: 
Ser rápido, seguro e manter-se calmo. 
Retirar objetos que possam obstruir a passagem do ar. 
 
32 
Deitar a vítima e afrouxar suas roupas. 
Hiperestender o pescoço da vítima para cima e para trás, com uma das mãos 
apoiada na “testa” e a outra empurrando o “queixo” para cima. 
Utilizar dois dedos da mão que está na testa para fechar as narinas da vítima, 
evitando assim que o ar saia durante a realização da manobra; com a outra mão, 
mantenha o pescoço hiperestendido. 
Colocar sua boca de modo a cobrir a boca da vítima por completo, e assopre com 
força. 
Verificar se houve movimento do tórax; em caso negativo, repetir o procedimento. 
Afastar os dedos que comprimem a narina para que o ar saia. 
Repetir a manobra por até 15 vezes por minuto. 
Se o resultado não for satisfatório, observe as pupilas da vítima. Se o cérebro 
passar por um período de 3 a 6 minutos sem oxigênio pode haver morte cerebral, 
e as pupilas estarão dilatadas, já em estado midriático. 
Procurar socorro imediato, mesmo que a vítima tenha voltado a respirar já na 
primeira manobra realizada. 
É importante fazer alguns exames de avaliação médica, para saber se houve 
algum outro tipo de comprometimento. 
(SANTOS, 2018) 
 
33 
4.2.2 Avaliação do aparelho circulatório 
Verificar pulso: 
• Verificar o pulso na artéria radial ou na artéria carótida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Verificação de pulso arterial radial. SANTOS, 2018, P. 229). 
 
. 
• Localizar a artéria radial na face interna do pulso da vítima; não se deve utilizar o 
polegar, pois você pode “confundir” o seu próprio pulso com o pulso da vítima. 
 
• Localizar a artéria radial na face interna do pulso da vítima; não se deve utilizar o 
polegar, pois você pode “confundir” o seu próprio pulso com o pulso da vítima. 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Verificação de pulso naartéria carótida. SANTOS, 2018, P. 230). 
 
• Localizar a artéria carótida na região do pescoço, logo abaixo do queixo, onde fica 
o “pomo de Adão”, e deslizar o dedo para uma das laterais; a carótida está 
localizada nessa região. 
• Não havendo localização do pulso, verificar rapidamente se há batimentos 
cardíacos; se ocorrer cianose de lábios e extremidades, proceda então à manobra 
de ressuscitação cardíaca, obedecendo os passos da tabela a seguir: 
b. Manter a vítima deitada em local duro e reto. 
c. Entrelaçar suas mãos uma sobre a outra, com os dedos retos. 
 
35 
d. Localizar logo abaixo dos mamilos do paciente, na região central do tórax, 
o “esterno”; é nesse local que a massagem deverá ser feita. 
e. Dobrar os dedos da mão que está em cima contra os dedos da mão de 
baixo, e com a parte inicial da palma da mão comprimir a região do esterno 
contra o tórax. Fazer até 30 compressões para duas ventilações (30:2) no 
adulto e 15 compressões para duas ventilações na criança (15:2), em um 
média de oito a dez por minuto. O número de compressões pode variar de 
acordo com os protocolos existentes. Há protocolos que falam em 30, 60, 
85 ou 100, variando entre oito e 15 por minuto, sempre se alternando com 
duas ou três respirações artificiais, conforme a American Heart Association 
(AHA). 
f. Durante a manobra, permaneça ajoelhado na lateral da vítima com os 
braços estendidos, do contrário o procedimento não surtirá o efeito 
desejado. 
• A massagem cardíaca e a respiratória podem ser feitas juntamente se houver 
parada cardiorrespiratória. A sequência é a mesma, mas se você estiver sozinho 
pode fazer 15 massagens cardíacas e duas respirações boca a boca, ou optar por 
fazer cinco ciclos de 30 compressões e cinco respirações, verificando o pulso a 
cada ciclo; se estiver com outra pessoa, o ideal são cinco massagens cardíacas 
para uma respiração boca a boca. 
 
36 
(Ressuscitação cardiopulmonar. SANTOS, 2018, P. 231). 
4.2.3 Avaliação do nível de consciência 
Se a vítima não sofreu nenhuma parada respiratória ou cardíaca, basta 
conversar com ela e fazer perguntas que a localizem no tempo e espaço para 
determinar seu nível de consciência. Também é interessante procurar saber o que 
aconteceu e observar sinais de desconforto, ansiedade, agitação, tipo de respiração 
e queixas de dor na região cranioencefálica e coluna cervical. (SANTOS, 2018) 
4.2.4 Avaliação de hemorragias 
Avalie sinais de hemorragia 
• Verificar se a vítima possui sangramento, qual o tipo de sangramento e o tipo de 
ferimento. 
• Procurar acalmar o paciente, pois sangramentos são impressionantes, mas às 
vezes não se traduzem grandes ferimentos. 
 
37 
• Pressionar o local com um pano e mantê-lo coberto. 
• As orientações dadas anteriormente sobre cuidados com sangramentos e 
hemorragias encaixam-se também aqui. 
Algumas recomendações sobre torniquetes 
• Devem ser usados somente em sangramentos muito intensos, quando há 
amputação de membro e/ou esmagamento. 
• Utilizar tiras largas de tecido. 
• Fazer uma volta completa com o pano acima do local com sangramento e comprimir 
o local por até 10 minutos; em seguida, retirar o torniquete, aguardar restauração 
da circulação e repetir até que o sangramento cesse. 
• Verificar se não ocorre cianose de extremidades; caso ocorra, deve-se retirar o 
torniquete imediatamente. 
• Anotar em algum local o horário de aplicação do torniquete. 
5 TRAUMA CRANIOCEFÁLICO 
O trauma cranioencefálico (TCE) é uma agressão que ocorre em curto espaço 
de tempo, às vezes segundos, mas que provoca consequências que podem estender-
se por longos períodos ou mesmo por toda a vida, na pessoa acometida, em função 
do déficit – transitório ou permanente – das atividades físicas, cognitivas, emocionais, 
sociais ou profissionais e cujos efeitos reverberam também nos familiares e na 
sociedade. 
É altamente prevalente em homens jovens, com significativa morbimortalidade, 
o que justifica as ações preventivas desse agravo. 
Considerando que as políticas públicas e as medidas de prevenção são 
estabelecidas a partir das causas identificadas, exige-se a descrição correta da 
etiologia do TCE, por vezes prejudicada pela subnotificação, em geral por informação 
errônea. Tomemos como exemplo as quedas, frequentemente mencionadas como 
causa do trauma, mas que, em vários casos, são quedas de motocicletas, o que 
configura acidente de trânsito. Assim, a participação do profissional de saúde também 
é fundamental no delineamento do perfil epidemiológico real desse trauma. (TOBASE, 
2017). 
 
38 
Entre as regiões topográficas do corpo humano, o segmento cefálico é a 
terceira região anatômica mais acometida em situações de trauma, sofrendo lesões 
estruturais diversas: 
• Lesões extracranianas são associadas a ferimentos do couro cabeludo, como os 
do tipo cortocontuso lacerações e requerem cuidado no controle do sangramento 
externo, uma vez que se trata de uma região bastante vascularizada. Já a coleção 
serossanguinolenta, localizada sob a aponeurose galeal, origina o hematoma 
subgaleal 
• Lesões cranianas, como as fraturas de crânio, acometem a caixa craniana, 
podendo ser do tipo linear, cominutiva, com ou sem afundamento; predispondo as 
estruturas internas ao risco de comprometimento, principalmente em caso de 
trauma com afundamento, presença de fístulas liquóricas e risco para infecções 
• Lesões intracranianas ocorrem no interior da caixa craniana, atingindo meninges, 
vasos e encéfalo; podem ser do tipo focal, como hematoma extradural, subdural e 
intraparenquimatoso; ou do tipo difusa, como concussão, lesão axonal difusa, 
edema e ingurgitação cerebral. 
5.1 Classificação do TCE 
As fases do TCE compreendem: a fase aguda, do momento do trauma até a 1a 
semana; a fase subaguda, que se estende da 2a a 3a semana; e a fase crônica, que 
diz respeito ao período subsequente à 3a semana. 
Com base na escala de coma de Glasgow e alterações apresentadas, o TCE 
pode ser classificado, segundo a gravidade, em diferentes níveis: 
• Mínima: escala de coma de Glasgow = 15, sem perda de consciência ou amnésia 
• Leve: escala de coma de Glasgow = 14 ou 15, com amnésia transitória ou breve 
perda de consciência 
• Moderada: escala de coma de Glasgow = 9 a 13, ou perda de consciência superior 
a 5 min / ou déficit neurológico focal 
• Grave: escala de coma de Glasgow = 5 a 8 
• Crítico: escala de coma de Glasgow = 3 a 4 
 
39 
5.2 Características e cuidados do TCE por faixa etária 
Considerando que o cérebro está contido na caixa craniana, a capacidade de 
expansão é limitada diante do efeito de massa decorrente do edema, com maior risco 
de elevação da pressão intracraniana e herniação uncal transtentorial. Por isso, 
detalhes aparentemente simples, como observação das pupilas e presença de 
anisocoria, controle dos sinais vitais e alteração do padrão respiratório e frequência 
cardíaca podem indicar anormalidade silenciosa, na tentativa de o cérebro buscar 
espaço para acomodação. A fase inicial do efeito de massa, seja por edema ou 
hemorragia, é assintomática, pois, com o aumento da pressão intracraniana, ocorre 
redução do volume de liquor e da circulação sanguínea no cérebro. Embora o 
prognóstico seja pior em adultos do que em crianças menores, quando estas – quanto 
mais tenra a idade – possuem fontanelas abertas, tendem a apresentar sequelas mais 
graves e permanentes, com acometimento da mobilidade, da fala e da capacidade de 
comunicação, riscos de infecção e manutenção da integridade da pele, pela 
propensão na formação de lesões por pressão. 
Ainda em relação ao trauma em crianças, a cabeça e pescoço são as áreas 
mais atingidas. Nos primeiros anos de vida, as quedas são frequentes e o TCE 
sobrevém pela desproporção da cabeça, maior em relação ao corpo e por menor 
habilidade motora, ainda imatura nessa fase, inclusive para perceber os riscos de 
exposição ao perigo.As lesões difusas são comuns pela desproporção entre a cabeça 
e o tronco, favorecendo o movimento pendular, além da imaturidade encefálica. 
Em menores de 3 anos, o TCE também pode indicar maus tratos, em caso de 
lesões por impacto ou decorrente de movimentos repetidos, ao sacudir a criança – 
caracterizando a síndrome do “bebê sacudido ou chacoalhado” (do inglês, shaken
baby syndrome). Os movimentos violentos provocam rompimento das veias-pontes e 
hematoma no espaço subdural, hemorragia na retina e edema cerebral. Em geral, os 
meninos são os mais acometidos, por apresentarem mais cólicas e chorarem mais. 
Pais ou responsáveis são frequentemente apontados como agressores, indicando 
situações de desestruturação familiar associadas ao uso abusivo de substâncias ou 
álcool. A criança pode apresentar desde mudança no comportamento, no padrão 
alimentar e do sono, convulsão e paralisia, até alteração visual e cegueira, além de 
lesões no ombro, tórax e nas extremidades. 
 
40 
Em crianças maiores existe a necessidade de orientação para o uso de 
equipamentos e dispositivos de segurança na prática esportiva em atividades de lazer 
com bicicleta e patins, bem como o uso de cinto de segurança enquanto passageiro 
de veículo. 
Já no que se refere a idosos, com o avançar da idade verifica-se a diminuição 
da massa encefálica, o que favorece maior impacto do órgão contra a caixa craniana, 
agravando o quadro, mesmo quando, aparentemente, não sugestivo de grande 
impacto ou velocidade. Em função da ausência de manifestações clínicas correlatas, 
a formação de edema, o sangramento e o aumento da pressão intracraniana podem 
não ser identificados de imediato. O uso diário de medicamento anticoagulante ou 
antiagregante plaquetário pode agravar a hemorragia e é possível que a hipovolemia 
ocasione hipotensão e isquemia cerebral. (TOBASE, 2017). 
6 TRAUMA DE TÓRAX 
O trauma torácico é considerado grave, pois essa região abriga os órgãos 
vitais, responsáveis pela manutenção da ventilação e circulação sanguínea. Por isso, 
o atendimento precoce é fator primordial na tentativa de evitar mortes prematuras. Em 
geral, as lesões que comprometem esses órgãos podem desencadear alterações da 
ventilação por diminuição do oxigênio tissular e aumento do gás carbônico, além de 
acarretar quadros mais graves com acidose e choque decorrente da hipoperfusão 
tecidual, caso as lesões não sejam reconhecidas e tratadas com eficácia. 
Consequentemente, o paciente pode necessitar de intervenções como intubação 
traqueal, punção e drenagem pleural, além de ventilação mecânica prolongada, que 
podem acarretar infecções respiratórias e complicações, responsáveis pelo alto índice 
de mortalidade. Assim, o principal objetivo no atendimento em trauma torácico é 
preservar a capacidade ventilatória dos pulmões, a função circulatória e prevenir a 
hipoxia. 
Na criança, o trauma torácico pode passar despercebido, pois o gradeado 
costal é bastante flexível, ocasionando menor lesão óssea e maior risco de lesão 
parenquimatosa, como contusão pulmonar, pneumotórax e hemotórax. Daí a 
importância da observação do padrão respiratório, bem como a valorização de sinais 
externos sugestivos de contusão torácica ou abrasão no tronco, pois, ainda que 
 
41 
aparentemente simples e discretos, são indícios importantes como fator de suspeição 
de trauma fechado. 
Por sua vez, o idoso apresenta enrijecimento do tórax, redução da força da 
musculatura torácica e consequente redução do volume pulmonar, necessitando de 
suporte ventilatório mais precocemente em relação aos mais jovens. Geralmente, 
diferentes comorbidades podem estar associadas e, além do trauma, apresentam, por 
exemplo, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Nessa condição, administrar 
baixo fluxo de O2, embora, nas situações de trauma, o fluxo recomendado seja mais 
elevado, entre 10 e 15ℓ/min. 
6.1 Classificação e exame físico 
De acordo com TOBASE (2017) o trauma torácico pode ser classificado em 
duas categorias: 
• Aberto: pode ser causado por um objeto penetrante, sendo frequente em ferimento 
por projétil de arma de fogo ou arma branca, o que provoca a comunicação entre a 
cavidade torácica e o meio externo, permitindo a entrada e saída do ar e 
ocasionando pneumotórax, hemotórax, colabamento pulmonar e redução da 
capacidade ventilatória, além do risco de infecção. Como mecanismo de 
compensação, ocorre a taquipneia, que acarreta aumento do esforço respiratório, 
fadiga e insuficiência respiratória 
• Fechado: decorrente da aplicação de força externa por contusão, compromete os 
órgãos internos, não havendo ruptura da parede torácica. Dessa maneira, não 
ocorre a comunicação com o meio externo. 
7 AFOGAMENTO 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, anualmente, 
cerca de 450.000 pessoas morrem por afogamento. No Brasil, de acordo com o 
Ministério da Saúde, esse número esteve em torno de 5,3 mil em 2014, 
correspondendo, inclusive, à segunda causa de morte na faixa etária entre 0 e 14 
anos. Entretanto, o número real de afogamentos é extremamente maior, uma vez que 
 
42 
casos de desaparecimento não são registrados como óbito e, portanto, não fazem 
parte dessa estatística. É prevalente entre os homens, aumenta no verão e durante o 
período de férias, especialmente em atividades de recreação em balneários e praias. 
Contudo, observa-se também um número alto de ocorrências no ambiente familiar. 
Por ocorrer inesperadamente e muitas vezes ser presenciado pelos próprios 
familiares e pessoas nas proximidades, medidas simples de prevenção podem evitar 
o afogamento, por meio da educação da população, promovendo ambientes e atitudes 
seguras, conforme mostra o Quadro constante no item 7.1. 
Conforme a American Association (AHA, 2010), o afogamento é definido como 
um processo decorrente da aspiração de líquido, em situação de imersão ou 
submersão, e que resulta em insuficiência respiratória primária. Considerando que, na 
imersão, pelo menos a face e as vias respiratórias estão cobertas por água ou outro 
líquido e que, na submersão, todo o corpo está sob a água ou outro líquido, a vítima 
pode apresentar dificuldades ou impedimento na respiração, podendo evoluir para 
parada cardiorrespiratória (PCR) ou óbito. 
Os acidentes, por imersão ou submersão, podem ocorrer por: 
• Hidrocussão: quando a temperatura da água é superior ou inferior a 5°C em relação 
à temperatura corporal, pode causar alterações cardíacas, bradi ou taquiarritmia, 
síncope e PCR. Por isso, recomenda-se molhar os braços, a face e o pescoço antes 
de entrar na água 
• Água fria: a temperatura da água abaixo de 35°C causa hipotermia, PCR e até a 
morte 
• Afogamento: antes de submergir, a vítima apresenta sinal de pânico, fazendo 
movimentos com os braços para se manter na superfície e chamar a atenção. 
Quando submerge, provoca apneia voluntária, para não deglutir e aspirar. Com a 
deglutição e a aspiração de pequena quantidade de líquido, ocorre laringospasmo 
e fechamento da glote. O impedimento da passagem de ar causa hipoxia e perda 
da consciência, resultando na entrada de mais líquido no pulmão e PCR. 
As causas mais frequentes estão relacionadas a condições socioeconômicas e 
educativas, incapacidade de julgamento, despreparo, confiança indevida e 
irresponsabilidade dos pais perante as crianças e, principalmente, os adolescentes. O 
afogamento é considerado de causa primária quando o mecanismo é desencadeado 
 
43 
por imprudência, ou seja, pela não avaliação adequada do local antes de entrar na 
água, como ocorre com criança por descuido do responsável ou em tentativas de 
prestar socorro. Na causa secundária, o afogamento é decorrente de outro trauma, 
problema clínico – como desmaio –, síncope, problema cardíaco, respiratório, 
neurológico, uso de substâncias, entre outros. (TOBASE, 2017). 
7.1 Classificação 
O afogamento é classificado por grau dedificuldade, de acordo com as 
alterações respiratórias, de acordo com a tabela a seguir. 
Conforme essa tabela, se a vítima resgatada não apresentar alterações 
respiratórias, investigar a causa do afogamento. Na ausência de antecedentes 
patológicos e de alterações clínicas, poderá ser liberada no local. Nos demais graus, 
todos deverão ser atendidos e encaminhados para hospitais de referência. 
Classificação e tratamento do afogamento por grau de dificuldade. 
Grau Sinais e sintomas Tratamento pré-hospitalar e hospitalar 
Resgate 
Sem sinais de 
dificuldade 
respiratória ou 
tosse 
Causa primária: avaliação e liberação no local da 
ocorrência; 
 
Causa secundária: avaliação médica; 
1 
Tosse, ausculta 
pulmonar normal 
Promover aquecimento, avaliação e liberação, 
conforme conduta do Suporte Avançado de Vida 
(SAV) 
2 
Tosse, ausculta 
pulmonar com 
estertores 
pulmonares 
Administrar 5 ℓ/O2/min, promover aquecimento 
 
Repouso de 6 a 24 h na unidade de emergência 
 
Exames: gasometria e radiografia 
3 
Edema agudo de 
pulmão sem 
hipotensão 
Administrar 15 ℓ/O2/min, intubação traqueal e
ventilação mecânica, se necessário. Manter decúbito 
lateral direito elevado, acesso venoso/intraósseo, 
infusão de solução cristaloide aquecida (39°C) 
 
44 
4 
 
Edema agudo de 
pulmão com 
hipotensão 
Administrar 15 ℓ/O2/min, providenciar intubação
traqueal e ventilação mecânica (FiO2 100%, PEEP 5 
a 10 cm) para promover shunt pulmonar; após 
redução do quadro de hipotensão, acesso 
venoso/intraósseo e infusão de solução cristaloide 
aquecida (39°C) 
5 
 
Parada respiratória 
(PR) 
Criança: 1 ventilação a cada 3 a 4 s 
 
Adulto: 1 ventilação a cada 5 a 6 s 
 
Puncionar acesso venoso ou intraósseo 
 
Após reversão da PR, proceder aos cuidados, 
conforme grau 4 
6 
Parada 
cardiorrespiratória 
(PCR) 
Manobras de reanimação cardiopulmonar até a 
chegada ao hospital, punção venosa e seguir 
algoritmo de PCR. Após reversão da PCR, proceder 
aos cuidados, conforme grau 4 
 
 
 
 
 
45 
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Cuidado de enfermagem em emergência e traumas [recurso eletrônico] / Gabriela 
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46 
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