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Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Puerpério Patológico puerpério Período que se estende do pós parto imediato até a 4ª ou 6ª semana, momento em que ocorrem diversas mudanças sociais, físicas e psicológicas na parturiente. Puerpério imediato: 1º-10º dia Puerpério tardio: 10º ao 45º dia Puerpério remoto: > 45º dia Modificações fisiológicas Involução uterina, do sítio placentário e colo uterino; Vagina e vulva: redução de congestão, edema e pigmentação; Parede abdominal: flacidez e diástase; Alterações sanguíneas e plasmáticas; Perda ponderal; Alterações de humor; Alterações mamárias voltadas para a lactação. Regeneração do leito placentário Nesse momento temos as perdas que escoam pelo trato vaginal após o parto, que são chamadas de lóquios. São secreções resultantes da produção de exsudatos e transudatos misturados com elementos celulares descamados e sangue. Até o 3º dia: rubra em quantidade semelhante ao fluxo menstrual; 3º-10º dia: fusca Até o 21º dia: flava Após o 21º dia: alba A duração é de 4 semanas, podendo estender até 6-8 semanas pós-parto. Complicações mamárias - Ocorrem principalmente devido a pega incorreta; - Mamilos curtos, planos ou invertidos; - Limpeza agressiva ou uso de produtos irritativos; - Retirada brusca da criança sem desfazer o vácuo; - Problemas oromotores (anquiloglossia, fenda palatina); - Mordidas (dentição). Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Alterações MAMÁRIAS Ingurgitamento mamário Congestão, aumento da vascularização, acúmulo de leite e edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. Será patológico quando houver uma distensão tecidual excessiva, mamas difusamente dolorosas, hiperemiadas, edemaciadas e brilhantes. Sintomas sistêmicos: febre e mal estar. Existem várias causas envolvidas: Pega mamilar inadequada Sucção ineficiente Dificuldade de ejeção láctea Produção excessiva de leite Obstrução do ducto mamário resultante da formação de cristais, geralmente por dieta rica em cálcio Na gênese do ingurgitamento estão envolvidos basicamente em 3 processos: 1. Aumento da vascularização da mama e congestão vascular secundária à saída da placenta; 2. Acúmulo de leite nas mamas; 3. Edema secundário à obstrução da drenagem linfática causada pela estase do leite e por aumento da vascularização dos alvéolos. Tratamento: Manutenção do aleitamento + apoio físico e psicológico à puérpera. Compressas quentes/banho quente para facilitar remoção do leite por expressão manual ou amamentação; Aumento da frequência das mamadas; Compressas frias após a mamada para alívio; Correção da pega; Ordenhar excesso de leite; AINES Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Fissuras mamárias Erosões alongadas em torno dos mamilos, causadas, na maioria das vezes, da pega inadequada. Resulta em dor e constituem causa importante de desmame. Predispõem à entrada de bactérias e ocorrência de mastites. Má pega -> erosão por fricção -> feridas superficiais (rachaduras) ou profundas (fissuras). Tratamento: A principal forma de prevenção e tratamento é o posicionamento e pega adequada. Pode orientar a lubrificação das mamas com o próprio leite materno antes e depois das mamadas. Deve-se evitar o uso de pomadas e cremes nos mamilos. Na presença de lesões, a paciente não deve suspender a lactação e deve ordenhar frequentemente para evitar o ingurgitamento mamário. Se saída de sangue ou secreção, pode suspender a amamentação, porém manter a ordenha. - Analgésicos, AINES, compressas frias; - Casos graves: interromper a amamentação e ordenhar; - Laserterapia. Mastite puerperal É um processo infeccioso, agudo ou crônico, que pode acometer todos os tecidos mamários (glandular, subcutâneo ou pele), sendo a forma aguda mais comum. A presença de fissuras resulta em quebra dos mecanismos de defesa do organismo e em aumento de bactérias sobre a pele da mama. A penetração bacteriana ocorre pelos linfáticos superficiais, expostos pelas fissuras. O principal agente etiológico é o Staphylococcus aureus, porém pode ser encontrado com menor frequência o S. epidermidis e o S. do grupo B. Nas formas graves, pode evoluir com ulceração e necrose. Fatores de risco: Primíparas Idade < 25 anos Ingurgitamento mamário Fissura mamilar Episódio anterior de mastite Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Infecção de rinofaringe no lactente Má higiene Anormalidades mamilares O processo inicia com a estase láctea, seguido dos sinais clássicos: dor, calor, rubor, de início súbito associado à febre alta (39-40ºC), calafrios e turgência mamária. Profilaxia: higiene adequada e prevenção de ingurgitamento e de fissuras. Tratamento: Esvaziamento, AINES, compressas e ordenha OU Antibioticoterapia: casos graves com fissura visível e não regressão dos sintomas em 12-24h após esvaziamento adequado. Cefalexina 500mg 6/6h por 7-14 dias. Em casos mais graves: oxacilina 500mg IV 6/6h + cefoxitina IV 8/8h. Deve manter a amamentação em ambas as mamas, iniciando pela mama não afetada e orientar esvaziamento completo da mama, exceto nos casos de saída de pus diretamente pelo mamilo. A evolução arrastada pode estar relacionada a germes resistentes aos ATB utilizados ou evolução para abscesso. Abscesso mamário Coleção purulenta no parênquima mamário. Complicação decorrente da mastite (10%). Formação de lojas (únicas ou múltiplas) que podem evoluir para necrose do tecido mamário. Deve realizar antibioticoterapia e drenagem cirúrgica sob anestesia, se indicado. Se a saída da secreção for distante do mamilo, pode seguir com a amamentação. Caso contrário, suspender a amamentação pela mama afetada e continuar realizando a ordenha. Prevenção Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Infecção puerperal Infecção bacteriana do trato genital feminino no pós parto, devido a ascensão através do colo uterino das bactérias que colonizam o trato inferior. Endometrite é a ocorrência de TºC oral > ou = 38ºC, por 24h por 2 dias quaisquer, durante os primeiros 10 dias pós-parto ou T > ou = 38,5ºC nas primeiras 24h pós parto. Ocorre tanto no parto vaginal quanto em cesariana, sendo o risco na cesárea 10 vezes maior. Fatores de risco: - Parto cesáreo – por necrose tecidual, maior perda sanguínea, presença de bactérias em tecido cirúrgico e formação de hematomas. - RPMO - Anemia - Uso de fórceps - Trabalho de parto prolongado - Infecção vaginal O diagnóstico é clínico: Exames complementares: - Hemograma - Culturas: 2 amostras de hemoculturas, endocervical e urocultura - USG: ver restos de concepção, abscessos, hematomas intracavitários e de parede abdominal - TC ou RNM em casos de refratariedade ao tratamento empírico Tratamento Hospitalar – IV - Esquema preferencial: clindamicina + gentamicina Manter ATB por 24-48h após remissão da febre. Se febre > 72h = falha terapêutica Pode ocorrer por resistência antimicrobiana, infecção de sítio Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 cirúrgico, hematomas, celulite pélvica, abscessos intrapelvicos, tromboflebite pélvica. Tratamento cirúrgico - Desbridamento de material necrótico - Drenagem de abscessos Profilaxia de infecção puerperal - Toque vaginal de 4-4h - ATB profilático na cesárea antes da incisão (cefalosporina de 1ª G) - ATB profilático em lacerações de 3º e 4º grau - ATB profilático na curagem uterina Contracepção no puerpério Aproveitar janela da oportunidade: evitar gestações não planejadas e intervalosinterpartais curtos ( < 18 meses). Mulheres que não amamentam podem voltar a ovular 21 dias após o parto (39 dias em média). O risco trombogênico é 80 vezes maior. A amamentação interfere na escolha do método. Métodos de escolha: LARCS, DIU, SIU e implante subdérmico. Os LARCS reduzem a gravidez não planejada e tem uma taxa de continuidade superior aos demais métodos. DIU pós parto Duração: - Cobre: 10 anos - Mirena: 5 anos Métodos hormonais com progestagênio isolado - Oral, injetável, trimestral, implante subdérmico. Podem ser usados sem prejuízo à lactação ou aumento de risco trombolítico. Iniciar 6 semanas após o parto. Manter até 6 meses ou até a paciente menstruar. Taxa de falha de 1-4 mulheres em 100. - Minipílula (0,35mg de noretisterona ou 0,03mg de levonorgestrel ou 0,5mg de linestrenol. Hormonal combinado - Oral, injetável, transdérmico ou vaginal Proibidos nas primeiras 6 semanas pós parto por risco trombogênico. Tem possível associação com alteração da produção láctea. Após 6 semanas pós parto pode iniciar de não estiver amamentando. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Método da amenorreia da lactação (LAM) Corresponde ao período de amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses pós parto. É elegível para lactantes em amenorreia e tem eficácia em torno de 98%. Maior taxa de falha se sangramento de escape, irregular ou aleitamento complementar. Em mulheres que iniciaram os ciclos menstruais a taxa de falha é de 27 a cada 100 mulheres. Métodos irreversíveis: laqueadura tubária e vasectomia Licença maternidade Prevenção TEV Gestação e o pós parto são o período de maior risco tromboembólico na vida da mulher. É a principal causa de morte evitável em pacientes hospitalizadas. Toda gestante ou puérpera deve ter o risco de TEV avaliado no momento da hospitalização e deve ser refeito em caso de mudança de quadro clínico. Imunoglobulina anti D
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