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CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: TURISMO DISCIPLINA: Agenciamento e Operação de Roteiros CONTEUDISTA: Luciana Thais Villa Gonzalez, Denise Carvalho Takenaka Carmelinda Silva e Ricardo Dias da Costa AULA 17 PLANO DE NEGÓCIOS PARA AGÊNCIAS DE VIAGENS – PARTE I META Apresentar os conceitos básicos de plano de negócios e sua importância. OBJETIVOS Espera-se que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 1 – definir plano de negócios; 2 – analisar através do método de análise SWOT e da estratégia de marketing quais as condições para a abertura de uma agência de Turismo. INTRODUÇÃO Estamos chegando ao final de nossa disciplina e já conhecemos os diferentes tipos de agências de Turismo, como estas funcionam e alocam-se no mercado. Agora vamos conhecer o processo de abertura de uma empresa desse tipo, seu planejamento e implantação ou, como chamaremos nesta aula, o plano de negócios de uma futura agência. O brasileiro é um dos povos mais empreendedores do mundo, mesmo diante de um ambiente difícil, no qual a burocracia para se abrir uma empresa é enorme, os impostos altíssimos e falta infraestrutura e apoio ao micro e pequeno empresário. Segundo pesquisa divulgada pelo SEBRAE - Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – o perfil do empreendedor no Brasil tem mudado e para melhor. Hoje, as pessoas que decidem abrir seu próprio negócio em nosso país se planejam mais e não o fazem por necessidade, como no caso de situações de desemprego. Em um mercado como o de agenciamento de Turismo, planejar o negócio antes de inaugurá-lo é essencial para o futuro da empresa. Identificar e estudar sua localização, seu produto e diferencial no mercado, o capital necessário para abrir o empreendimento, os impostos a serem pagos, enfim, muitas questões precisam ser pensadas antes da abertura da empresa. Estas são apenas algumas das etapas fundamentais na construção do plano de negócios. BOXE DE CURIOSIDADE Sebrae: 27% das empresas de SP fecham no 1º ano - 25/08/2010 - Agência Estado De cada 100 empresas abertas no Estado de São Paulo, 27 fecham as portas ainda no primeiro ano de atividade. Essa é uma das conclusões do estudo sobre a sobrevivência e a mortalidade das empresas paulistas, divulgado hoje pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP). No levantamento, a taxa de mortalidade das empresas no primeiro ano de funcionamento atingiu 27%. Há 12 anos, quando o indicador passou a ser calculado, a taxa era ainda maior, de 35%. Dificuldades Entre os motivos alegados para as falências, 18% dos empresários citaram a falta de clientes e 10% a falta de capital. Os problemas de planejamento e de administração também foram citados por 10% dos empreendedores. Outros 9% alegaram a perda do único cliente da empresa e 8% destacaram problemas com sócios. Apesar das dificuldades, o estudo revela uma melhora do perfil do gestor ao longo dos anos. Segundo o Sebrae-SP, 83% dos que abriram um negócio formal em 2007 possuem pelo menos o Ensino Médio completo - em 2000, eram 70%. Além disso, 78% abriram a empresa porque enxergaram uma oportunidade de negócio e não apenas uma chance de sobrevivência. Em 2000, a porcentagem era de 60%. FONTE: http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=5612132. Acesso em 31 mai 2011. Fim do boxe de curiosidade 1. O PLANO DE NEGÓCIOS Mas, afinal, o que é esse tal de plano de negócios? É um documento que representa a análise e definição das principais características e elementos que compõem uma empresa. É a reunião de toda a informação levantada sobre uma determinada oportunidade de mercado. Figura 17.1: O plano de negócios funciona como um “mapa”, isto é, uma fonte de orientação para o rumo que o empreendedor deve seguir. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1076818 - Yaroslav B Para Bolson (2003), o plano de negócios “é uma obra de planejamento dinâmico que descreve um empreendimento, projeta estratégias operacionais e http://www.sxc.hu/photo/1076818 de inserção no mercado e prevê os resultados financeiros". Ainda segundo esse autor, o estudo e estabelecimentos de estratégias para a inserção de um negócio no mercado é a principal função do plano de negócios. Fazer o plano é planejar a empresa desde sua ideia inicial, traçar quais são os objetivos esperados, quais as estratégias para alcançá-los, em qual ambiente ela irá se inserir, considerando as vantagens e desvantagens que esse oferece, o que sua empresa terá de diferencial e quanto tudo isso vai custar. Enfim, esse processo todo tem como fim o planejamento do futuro, uma previsão de como as coisas ocorrerão e como agir diante delas ou reagir, no caso das situações inesperadas. Existem vários motivos para se fazer um plano de negócios, dentre eles podemos listar: Ter uma orientação a seguir, um rumo, um “mapa” do que deve ser feito; Avaliar de forma correta, se um empreendimento é ou não viável; Definir qual será a vantagem competitiva da futura empresa, quais serão seus pontos fortes diante da concorrência; Cumprir com as exigências das instituições fornecedoras de empréstimos, como bancos, fundos de investimentos, entre outros, que determinam a feitura deste documento; Determinar as metas financeiras e estratégias para alcançá-las; Definir de forma clara o que será feito, por quem, como e quando; Estabelecer para quem o produto será oferecido, qual o perfil do cliente, do que gosta e o que espera da empresa. Identificar quais serão os concorrentes diretos e indiretos, o que oferecem e quais são seus pontos fortes e fracos. Investigar o montante que será investido no novo negócio e quando será obtido o retorno financeiro; Conhecer os riscos e perigos do mercado no qual se quer entrar; Estabelecer estratégias de marketing. Se você fizer uma pesquisa na Internet verá que existem inúmeros modelos, exemplos e roteiros para fazer um plano de negócios, mas você não precisa segui-los fielmente, pode consultá-los e ir adaptando o que estes modelos sugerem à sua realidade. Além disso, você deve sempre ter em mente quais serão as pessoas que lerão esse plano. E, para finalizar, tenha tempo para fazer esse planejamento, afinal ele é o meio para que você alcance sucesso no mercado e não o fim. Dornelas et al (2008), sugerem cerca de 200 horas para se fazer um esboço preliminar do plano de negócios. 2. TIPOS DE PLANOS DE NEGÓCIOS O plano de negócios pode ter vários formatos e modelos. Segundo Dornellas et all (2003), a diferença entre os diferentes tipos de planos de negócios está centrada na extensão e nos detalhes que cada um apresenta. Estes mesmos autores colocam que um plano que visa atrair investimentos deve ter de 25 a 40 páginas e possuir um formato que permita uma leitura pontual, já que os investidores que o lerão, irão procurar pontos específicos no documento que darão as informações que desejam. Esse tipo de plano também servirá para transmitir os valores da empresa e a visão de mundo na qual ela se pauta. Outro tipo de plano é o operacional que servirá principalmente a você, empreendedor. Será uma cartilha, um guia, o mapa a ser seguido para a implementação e desenvolvimento da empresa. Sugere-se que este documento tenha em média 80 páginas. A diferença para o plano anterior é justamente quem irá lê-lo e usá-lo, e o grau de detalhamento. O primeiro é direcionado para os investidores e este para a pessoa que está abrindo o negócio, que será a dona do empreendimento. Também servirá para todas as pessoas que se envolverem na empresa que surge, como os funcionários. Quanto ao detalhamento, este plano émais extenso e aprofundado, justamente por servir como bússola para quem empreende (DORNELLAS et all, 2003). O último tipo de plano de negócios é o compacto que normalmente é elaborado em 10 páginas. O objetivo é apresentar a ideia inicial para testar as reações das pessoas, antes de se começar um plano mais extenso e elaborado. Os três tipos serão utilizados pelo empreendedor, cada um a seu tempo e conforme a necessidade. Nestas duas aulas, veremos o plano mais tradicional, que servirá para atrair investidores. Atividade 1 - Atende ao Objetivo 1. Descreva o porquê de se fazer um plano de negócios para uma agência de Turismo. Diagramação, favor deixar quinze linhas para resposta. Resposta Comentada O setor de agenciamento de viagens vem sofrendo com as diversas e profundas mudanças que estão ocorrendo no mercado. Antes, essas empresas dominavam o mercado, pois fornecedores e consumidores não tinham meios eficientes para se comunicarem. Com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação isso se tornou fácil e os agentes de Turismo viram- se perdidos nessa nova configuração. Contudo, ainda é interessante investir nesse mercado. O que é necessário é identificar oportunidades a serem exploradas e conhecer bem o cliente a que se quer atender, qual o produto e serviço a oferecer, quais tecnologias utilizar, o local a se estabelecer e quais parceiros escolher. O mercado de agências de receptivo é muito promissor, já que o Brasil terá grande aumento da demanda de turistas domésticos e internacionais nos próximos anos e também das agências especializadas em segmentos de mercado como as de terceira idade, turismo religioso, GLS, ecoturismo, entre outros. O plano de negócios nesse contexto é fundamental, pois irá ajudar o agente a identificar todas as variáveis necessárias, a conhecer seus concorrentes e o mercado em que irá entrar, aumentando consideravelmente as chances de sucesso e preparando-o para os possíveis problemas que aparecerão. Sem esse planejamento, a agência provavelmente terá complicações para satisfazer as expectativas dos clientes e dessa maneira sucumbirá à concorrência dos fornecedores e agentes mais preparados. Fim da resposta comentada BOXE DE CURIOSIDADE No link a seguir, você pode acessar um vídeo sobre planos de negócios criativos que poderá trazer muitas ideias na construção de seu plano! Fica a dica! http://www.youtube.com/watch?v=Af354vT- 5Ps&feature=results_video&playnext=1&list=PL0BC084FC98D01A4F Fim do boxe de curiosidade 3. E COMO EU FAÇO UM PLANO DE NEGÓCIOS? Existem várias maneiras de se fazer um plano de negócios. A seguir, disponibilizo um modelo proposto por Dolabela (2006): Plano de Negócios 1. Sumário Executivo 1.1 Enunciado do Projeto; 1.2 Competências dos responsáveis; 1.3 Os produtos e a Tecnologia; 1.4 O mercado potencial – a oportunidade; 1.5 Elementos de diferenciação; 1.6 Previsão de vendas; 1.7 Rentabilidade e projeções financeiras; 1.8 Necessidades de financiamento. 2. A empresa 2.1 A missão 2.2 Os objetivos da empresa - Situação planejada desejada; - O foco; 2.3 Estrutura Organizacional e Legal - Descrição Legal; - Estrutura funcional, diretoria, gerência e staff; - Descrição da unidade fabril; - Síntese das responsabilidades da equipe dirigente. 2.4 Plano de Operações - Administrativo; - Comercial; - Controle de qualidade; - Terceirização; - Sistemas de Gestão; - As parcerias 3. O plano de marketing - Análise de mercado; - o setor; - Oportunidades e ameaças; - A clientela; - Segmentação; - A concorrência; - Fornecedores. 3.1 Estratégia de Marketing - O produto; - A tecnologia e o ciclo de vida; - Vantagens competitivas; - Planos de pesquisa & desenvolvimento; - Preço; - Distribuição; - Promoção e publicidade; - Serviços ao cliente (venda e pós-venda); - Relacionamento com os clientes. 4. O plano financeiro 4.1 Investimento Inicial; 4.2 Demonstração dos resultados; - Custos totais; - Mão de obra direta; - Mão de obra indireta; - Custos variáveis; - Custos fixos; - Depreciação, manutenção & conservação e seguros; - Receitas; - Impostos & contribuições; - Projeção de fluxo de caixa; - Balanço patrimonial; - Ponto de equilíbrio; - Análise de investimento. Tendo apresentado o modelo, pensemos agora em como colocá-lo em prática. A primeira coisa a se fazer quando você for abrir sua agência é definir qual serviço você irá oferecer. Será um serviço de receptivo que presta assistências aos turistas? Será uma agência especializada em viagens corporativas emissivas? Em ecoturismo? Enfim, a sua escolha deve ser pautada em algo que você tenha percebido como uma oportunidade. Pode ser algo que nenhuma empresa ofereça ou que o faça de forma deficiente e insatisfatória. Você também poderá criar um produto/serviço totalmente novo, introduzir um conceito original no mercado e assim abrir sua própria agência. Em São Paulo, por exemplo, há uma agência especializada em atender a pessoas que viajam com seus animais de estimação. Há uma equipe que acompanha os grupos de clientes, cuida dos animais e levam-nos para passear em pontos turísticos. A ideia pode parecer absurda, mas o importante é que você a perceba e investigue se ela é viável ou não. BOXE DE CURIOSIDADE Turismo 'animal' organiza viagens para donos levarem os cães A empresária Larissa dos Santos enxergou uma boa oportunidade de negócio para faturar no mercado para pets, o turismo animal. Ela montou uma agência que organiza eventos e passeios para animais de estimação, donos e amigos. Formada em Turismo, Larissa adora viajar, mas sempre teve dificuldade de levar junto o animal de estimação, uma cadela Golden de 40 kg. A carência de mercado aguçou o espírito empreendedor de Larissa, que montou uma agência, especializada em turismo para cães. “Eu fiz uma pesquisa e percebi que nos EUA e Canadá, há várias empresas que atuam nesse mercado, que tem essa cultura de viajar com os animais. Aqui no Brasil também havia demanda, mas não havia oferta; então, o mercado estava aberto a essa proposta”, diz. A empresária montou um escritório em casa, usou um computador que já tinha e fez um site, que orienta sobre transporte do animal e preparo da bagagem dele. Larissa cria e adapta roteiros em parceria com hotéis que aceitam animais. Para divulgar o negócio, não encontrou dificuldades. Fonte:http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2011/04/turismo-animal- organiza-viagens-para-donos-levarem-os-caes.html Acesso em 02 jun 2011. Fim do boxe de curiosidade Fonte da foto do cachorro: http://www.sxc.hu/photo/879986 - Rachel Kirk É a estratégia de marketing que estruturará todo o plano de negócios, pois é nela que descobriremos se a ideia ou oportunidade de negócio é viável ou não, qual o perfil do cliente a ser atendido, onde vender o serviço/produto, onde divulgá-lo e por qual preço. A partir daí, poderemos pensar em todo o restante. A esse conjunto de fatores, damos o nome de 4P’ s: preço, produto, ponto de venda e propaganda como você provavelmente já aprendeu nas aulas de marketing. Para dar início a sua estratégia de marketing, começaremos pelo produto/serviço. Você provavelmente partirá da percepção de que algo está faltando no mercado ou não está sendo explorado, ou que algum serviço é deficiente. Peguemos como exemplo o Turismo Pedagógico. Você pode perceber que na sua cidade há uma demanda das escolas de nível fundamental e médio por viagens que trabalhem os conteúdos que os alunos aprendem em sala da aula. http://www.sxc.hu/photo/879986 Figura 17.2: Muitas escolas têm optado por realizar viagens com os seus alunos para realizar o chamado turismo pedagógico, onde podem visitar cidades históricas, museus e outros elementos culturais,associados aos conteúdos lecionados em sala de aula. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HK_TST_%E9%A6%99%E6%B8%AF%E8%97%9D %E8%A1%93%E5%8D%9A%E7%89%A9%E9%A4%A8_Art_Museum_ %E5%90%B3%E5%86%A0%E4%B8%AD_Wu_Guanzhong_artworks_student_group_visitors_02.JPG?uselang=pt-br - Wingsumlam Essas escolas realizam viagens esporadicamente e estas são organizadas pelas professoras ou por funcionários de maneira amadora. Assim, você pode visualizar nesta situação uma oportunidade de negócio. Será que se você oferecesse esse serviço de forma profissionalizada a essas escolas, elas se interessariam pela sua proposta? Será que passariam a realizar mais viagens se alguém de fora organizasse isso e assumisse essa responsabilidade por elas? Diante dessas perguntas, faz-se necessário que uma pesquisa de mercado seja realizada para obter as respostas necessárias e descobrir as reais necessidades dos seus futuros clientes. Assim, você deverá formular um questionário e aplicá-lo a seus potenciais clientes. Idade, sexo, faixa de renda, profissão, número de filhos e estado civil são informações básicas de perfil demográfico que sua pesquisa deverá obter. http://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=User:Wingsumlam&action=edit&redlink=1 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HK_TST_%E9%A6%99%E6%B8%AF%E8%97%9D%E8%A1%93%E5%8D%9A%E7%89%A9%E9%A4%A8_Art_Museum_%E5%90%B3%E5%86%A0%E4%B8%AD_Wu_Guanzhong_artworks_student_group_visitors_02.JPG?uselang=pt-br http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HK_TST_%E9%A6%99%E6%B8%AF%E8%97%9D%E8%A1%93%E5%8D%9A%E7%89%A9%E9%A4%A8_Art_Museum_%E5%90%B3%E5%86%A0%E4%B8%AD_Wu_Guanzhong_artworks_student_group_visitors_02.JPG?uselang=pt-br http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HK_TST_%E9%A6%99%E6%B8%AF%E8%97%9D%E8%A1%93%E5%8D%9A%E7%89%A9%E9%A4%A8_Art_Museum_%E5%90%B3%E5%86%A0%E4%B8%AD_Wu_Guanzhong_artworks_student_group_visitors_02.JPG?uselang=pt-br Além delas, você deverá descobrir, dentre outras coisas: - Quais as necessidades que o cliente tem em relação às viagens; - Com qual frequência as realiza; - Onde adquire as passagens; - Como se organiza para realizar estas viagens; - Se compra ou não em alguma empresa e, em caso afirmativo, qual é essa empresa; - Quanto gasta e até quanto está disposto a gastar; - Quais meios de comunicação mais utiliza (revistas, Internet, jornal, televisão, rádio etc.); - Quais destinos que mais o atraem; - Onde prefere comprar (na própria agência, telefone ou site); Mas, para que você possa fazer tudo isso, precisa antes saber quem é o seu cliente. No exemplo que apresentamos – as viagens de cunho pedagógico – temos como potenciais compradores os diretores de escola, os professores, os alunos e seus pais. Você também precisará definir se irá vender para escolas particulares ou públicas. Assim, você buscará em diferentes fontes (IBGE, Prefeituras etc.) informações sobre o número de escolas existentes na região em que você quer atuar, se são públicas ou privadas, o número de alunos de cada uma, a faixa de renda desses alunos, quais são os gastos que eles têm com despesas diárias (transporte, alimentação, aluguel, material escolar) etc. Desta maneira, você terá um perfil dos seus futuros clientes e se eles se interessarão pelo serviço que irá oferecer. A pesquisa pode apontar para um mercado seguro e viável, no qual o seu serviço será bem aceito em determinado local (uma região da cidade com elevado número de escolas, por exemplo) ou apontar que, mesmo existindo a necessidade pelo serviço no mercado, este ainda não está maduro e disposto a pagar para ter essa necessidade satisfeita. 3.1 - O Ambiente de Negócios Sabendo quem sua empresa (a agência de turismo) irá atender e quais os tipos de serviços que essas pessoas desejam, temos de partir para a análise pormenorizada do ambiente de negócios que abrigará seu empreendimento. O ambiente, segundo Paletta (2010), representa: [...] todo o universo que envolve externamente a empresa, tudo aquilo que está situado fora da empresa. O ambiente é a própria sociedade, constituída de outras empresas, organizações, grupos sociais etc. As empresas não vivem no vácuo, isoladas e totalmente autossuficientes, e, sim, dentro de um contexto, do qual dependem para sobreviver e crescer. É do ambiente que as empresas obtêm os recursos e informações necessários para sua subsistência e funcionamento, e é no ambiente que colocam os resultados das operações. Na medida em que o ambiente sofre mudanças, todo o quadro habitual das operações das empresas é extremamente influenciado, as condições ambientais externas às empresas interferem fortemente no que ocorre dentro delas (PALETTA, p. 61, 2010). Vários autores da área de administração estudam o tema e propõem diferentes metodologias para se realizar a análise do ambiente em que a empresa irá se inserir. Glueck (1976 apud Paletta, 2010) afirma que os fatores ambientais que deverão ser considerados pelas empresas antes e durante sua atuação no mercado são de três diferentes tipos: - Fatores ambientais genéricos: estão relacionados ao governo, suas políticas, restrições, fiscalizações e tributações; às pressões de natureza diversas, como de grupos de consumidores, da comunidade, dos fornecedores, dos concorrentes; à economia e suas alterações e flutuações; às mudanças relacionadas a valores éticos e ambientais; às variações na distribuição de renda e no aumento ou decréscimo da população, alterando a demanda por um determinado produto/serviço etc. - Fatores relacionados aos fornecedores da futura empresa: quem são, onde estão, como trabalham; acesso à matéria-prima e mudanças, quanto ao preço e disponibilidade do serviço/produto fornecido; descoberta de novas tecnologias, alterando a relação fornecedor- empresa. - Fatores de mercado: quem são os concorrentes, quem são os clientes e as mudanças de preferências destes; mudanças relacionadas ao produto como novas tecnologias e novas formas de prestação de um serviço; mudanças nas estruturas dos preços e nos ciclos de vida dos produtos/serviços com os quais a empresa trabalha ou concorre. 3.2 – Análise SWOT Outra forma de se conhecer o ambiente no qual a empresa atuará dá-se através do estudo das ameaças e oportunidades proposto pelo método conhecido como Análise SWOT. Esse método criado por Albert Humphrey, entre os anos de 1960 e 1970, tem em sua sigla o seguinte significado: Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças): PEDIDO DO DESIGNER INSTRUCIONAL: Ilustração, favor reproduzir este esquema tal qual ele se encontra, com uma pequena modificação: retirar o “c” mudo das palavras “objectivo” e “factor”. Figura 17.3: Representação visual do método de análise SWOT Tendo em vista este método, a análise do ambiente poderia ser realizada através do estudo das ameaças e oportunidades que o ambiente oferece à empresa. As oportunidades podem ser: crescimento econômico de uma determinada região e aumento da renda da população, falência de alguma grande empresa que atuava na área em que a empresa trabalha (por exemplo, falência da VARIG, abrindo mercado para as empresas aéreas concorrentes), aumento da demanda (por exemplo, aumento do número de turistas na cidade do Rio de Janeiro com a Copa e as Olimpíadas), entre tantos outros. Já as ameaças podem ser a entrada de novos concorrentes, novas tecnologias ou produtos inovadores que realizam melhor uma determinada função/serviço, além de guerras, crises econômicas, políticas etc. O Brasil vive atualmente um momento muito favorável à abertura de novos negócios, pois temos uma situação política estável, crescimento econômico constante, descoberta de novos produtosno país (pré-sal), aumento da renda da população com ascensão das classes C e D, crise econômica em países desenvolvidos, entre outros fatores que poderiam ser considerados como oportunidades. Analisando as ameaças e oportunidades, a agência que você abrirá terá condições de traçar estratégias para sobreviver no mercado e se destacar. Tendo avaliado o ambiente externo da futura empresa, o método SWOT propõe o estudo do ambiente interno por meio da análise das forças e fraquezas desta. As forças da empresa são aquilo que ela tem de positivo. Em uma agência de Turismo, essas forças podem ser: a escolha certa de quais tecnologias da informação e comunicação empregar; funcionários bem preparados e com bom nível de conhecimentos gerais (geográficos, históricos, atualidades); boa localização e canais de comunicação com o cliente eficazes; parcerias com fornecedores sólidos no mercado e com a comunidade local no qual a agência encontra-se etc. Quanto às fraquezas, estas são exatamente o oposto das oportunidades. Localização ruim, uso irracional de tecnologias da informação e comunicação, falta de comunicação com os clientes, funcionários mal preparados e desmotivados, relação conflituosa com fornecedores etc. Outra pesquisa de importância fundamental antes de finalizarmos a análise de nossa futura agência e definirmos a estratégia de marketing desta é a com fornecedores e concorrentes. Em relação aos fornecedores, devemos primeiro fazer uma pesquisa exploratória na Internet, nos órgãos e associações de classe para saber quem oferecerá os serviços que a nossa agência irá intermediar: empresas de transporte terrestre, marítimo, aéreo (ex: fretamento de ônibus, barcos e aviões); hotéis em geral e aqueles especializados no que será atendido (colônias de férias, por exemplo), assim como guias de turismo também especializados neste segmento de mercado; empresas de seguros de vida, de acidentes, de viagens; estabelecimentos de alimentação, entre outros. Nessa etapa da pesquisa, você também deve verificar se a empresa é idônea, ou seja, se tem ou não algum problema na justiça, na receita federal, entre outras instâncias. Outro fator importante a se pensar antes da pesquisa com os fornecedores é definir quais produtos/serviços nós ofereceremos. Quando realizamos a pesquisa com os clientes, descobrimos quais locais essas pessoas querem visitar e assim podemos definir os roteiros para esses locais. É a partir desses roteiros que você irá procurar seus fornecedores. Afinal, do que adianta ter uma ótima colônia de férias como uma parceira/fornecedora no Pantanal se a sua agência não oferece nenhum roteiro para região ou se os seus clientes não se interessam por esse produto? Com a relação de seus possíveis fornecedores/parceiros em mão, você aplicará também um questionário a eles. Isso poderá ocorrer pessoalmente, por telefone, por email ou por correio. O importante é obter o maior número de respostas. Nessa pesquisa, você deverá descobrir quais os serviços/produtos oferecidos pelo fornecedor; quanto tempo estão no mercado; quais são os seus clientes e onde estão localizados; quais as formas de pagamento e respectivos prazos; quais seus pontos fortes e fracos; quais suas principais estratégias no mercado; porte e qualidade dos serviços prestados; e qualquer outro fator que seja importante para sua futura empresa. Um processo semelhante deverá ser feito com seus potenciais concorrentes. Provavelmente, você terá dificuldades em obter as informações de que precisa, enviando sua pesquisa a eles. Porém, você poderá fazer um mapeamento e descobrir as informações desejadas na pesquisa realizada com seus futuros clientes. As mesmas características que você obteve dos fornecedores, você deverá obter dos seus concorrentes. E a partir da identificação dos pontos fortes e fracos deles, você poderá preparar sua empresa de maneira mais concreta e eficiente para entrar no mercado. Finalizado todo o processo de pesquisa de clientes, concorrentes e fornecedores, além de analisar as oportunidades e ameaças do ambiente em que você abrirá sua empresa, começaremos a pensar nos aspectos mais técnicos para que sua iniciativa empreendedora concretize-se, tais como: constituição legal, investimentos, recursos humanos e materiais, entre outros. ATIVIDADE 2 A partir da caracterização geral de uma futura agência de viagens que será colocada a seguir, aplique o método de análise SWOT e defina quais as oportunidades e ameaças que ela terá em seu ambiente de negócios e quais são suas forças e fraquezas no mercado atual. Caracterização da empresa: - Agência de Turismo Pedagógico, localizada no bairro da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro (RJ), especializada em roteiros no Estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais. - Os roteiros buscam atender às demandas das disciplinas História, Biologia e Geografia. - O proprietário é formado em Turismo. Possuí excelente rede de contatos com as escolas da região onde a empresa atua (devido a trabalhos voluntários que realizou nestas instituições e por ter pais professores). Não possui experiência na área de agenciamento de Turismo. - É auxiliado por dois funcionários: um guia de Turismo experiente em viagens no Brasil e uma auxiliar administrativa. Favor deixar 15 linhas para resposta. RESPOSTA COMENTADA Diante da descrição da empresa apresentada, trazemos as seguintes considerações: Quanto ao ambiente interno da empresa: Forças: - Boa rede de contatos e de comunicação da empresa com seus clientes, já que o proprietário possui os meios para acessá-los e estabeleceu um bom relacionamento com eles; - Um funcionário experiente nas funções de planejamento e execução de roteiros (guia de Turismo); - Boa localização, próxima a várias escolas; Fraquezas: - Falta de experiência do proprietário em agenciamento de Turismo, o que acarreta ausência de uma rede de contatos com possíveis fornecedores de serviços, como transporte e hospedagem, por exemplo; Quanto ao ambiente externo da empresa: Oportunidades: - Demanda crescente por viagens de cunho pedagógico (e intercâmbio); - Crescimento da economia e aumento da renda da população em geral, o que permite que as pessoas tenham mais dinheiro para viajar; - Aumento da percepção da sociedade em relação ao enriquecimento pessoal e profissional que as viagens podem proporcionar. Ameaças: - Facilidade de entrada de novos concorrentes no mercado de turismo pedagógico; Desta maneira, vemos de imediato e sem fazer a pesquisa de mercado com potenciais clientes, fornecedores e concorrentes, que o mercado está favorável para abertura de uma agência de Turismo especializada em viagens pedagógicas. As fraquezas e ameaças podem ser sanadas a partir do momento em que o proprietário realizar a pesquisa com fornecedores e concorrentes, pois assim estabelecerá contato com os primeiros e conhecerá os pontos fortes e fracos da concorrência, podendo atuar justamente no que estes falham. Vejam que aqui fica bem claro o porquê de se fazer a pesquisa de mercado antes da abertura da empresa, pois neste caso ela teria preparado a empresa para lidar com suas deficiências e ameaças externas. Fim da resposta comentada Boxe Multimídia No site www.planodenegocios.com.br, elaborado e administrado por José Dornelas, uma das principais referências da área no Brasil, você encontra várias ferramentas para elaborar o plano de negócios da sua agência de Turismo. Lá você poderá testar suas habilidades empreendedoras, fazer planilhas, ler outros planos de negócios e submeter o seu à avaliação de usuáriosdo site. Além disso, você pode descobrir fontes de financiamento para seu negócio e realizar cursos online. Não deixe de conferir! Fim do boxe multimídia 4. E O PLANO DE NEGÓCIOS... http://www.planodenegocios.com.br/ O plano de negócios, sem dúvida, é um instrumento fundamental no processo de abertura, consolidação e manutenção de uma empresa. Todas as questões levantadas e que deverão ser respondidas na execução do plano de negócios, surgirão no cotidiano da empresa. Se você já souber a resposta, sua empresa sairá na frente e terá uma vantagem competitiva muito grande, ou seja, um “ponto forte”. Em áreas como a de agenciamento de Turismo nas quais as mudanças são incessantes e numerosas, estar preparado é essencial para sobreviver no mercado e o plano de negócios cumpre essa função: preparar o empreendedor para as futuras situações que irá enfrentar. ATIVIDADE FINAL De que forma a análise Swot contribui para a construção/elaboração de um plano de negócios? Favor deixar 15 linhas para resposta. RESPOSTA COMENTADA A Análise Swot (Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças)) é uma técnica utilizada para avaliarmos se um negócio, oportunidade ou ideia é viável ou não. Pode ser utilizada para qualquer tipo de empreendimento, de qualquer área, e mesmo para avaliar a viabilidade de um plano para nossas vidas, identificando as oportunidades e forças que dispomos para alcançar os objetivos traçados e as ameaças, e fraquezas com as quais teremos de lidar. Assim, a análise SWOT é uma forma de “sondarmos o campo”, conhecermos onde precisamos melhorar e onde precisamos continuar a progredir e fortalecer-nos. Por exemplo, se identificarmos - enquanto proprietários de uma agência - que a rede de contatos de fornecedores da mesma é pequena, será preciso iniciar a busca por mais contatos, a fim de sanar essa “fraqueza” e neutralizá-la, diminuindo os riscos para o negócio. Desta maneira, podemos perceber que a análise SWOT é um passo fundamental na construção do plano de negócios, pois indicará quais caminhos o empreendedor deverá trilhar e quais serão as bases de construção desse documento-guia. Fim da resposta comentada RESUMO Nesta primeira parte da nossa aula, sobre plano de negócios, vimos que: - Um plano de negócios é um documento que apresenta, dentre outras coisas, a viabilidade de um negócio, os objetivos almejados por este, a análise dos seus elementos constituintes e das funções que desempenha, além do levantamento de informações acerca do mercado no qual este vai se inserir. - Dentre as funções de um plano de negócios, podemos destacar: * Serve como um guia para o empreendedor. * Identifica os pontos fortes e fracos da empresa. * Traça o perfil do público-alvo do empreendimento. * Avalia a situação do mercado no qual a empresa está inserida. * Estabelece estratégias de Marketing. * Prevê os futuros resultados financeiros. - Dornellas et all dividem os diferentes formatos de planos de negócios em três tipos: * o plano voltado para atração de investimentos, que deve ter entre 25 a 40 páginas e um formato que permita uma leitura pontual; * o plano do tipo operacional, que deve ser bem mais detalhado que o anterior e que servirá como um guia para o próprio empreendedor na implementação e desenvolvimento da empresa e * o plano compacto, que deve ter em torno de 10 páginas e cuja função principal consiste em testar a reação das pessoas, antes de se elaborar um plano mais detalhado. - A primeira coisa a fazer antes de se abrir uma empresa é decidir o tipo de serviço que ela prestará. Para tanto, é necessário observar as necessidades do mercado, como um produto/serviço que nenhuma empresa ofereça. Um bom exemplo de serviço inovador, como vimos, é aquele oferecido pela empresa especializada em atender turistas que viajam com seus animais de estimação. - A pesquisa com o público-alvo, com o intuito de definir o perfil dos potenciais consumidores, é fundamental para o êxito de um negócio. Tais informações são indispensáveis para que se implemente a estratégia de marketing mais adequada. Vale lembrar que pesquisas desse tipo devem incluir elementos demográficos, como a distribuição etária, por sexo e classe social, por exemplo. - Depois de definir o tipo de produto/serviço que sua empresa irá oferecer e o seu potencial público-alvo, é preciso analisar de forma pormenorizada o mercado no qual ela atuará. Há inúmeros métodos que auxiliam esta análise, dentre os quais podemos destacar a Análise SWOT - Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Este método de análise visa examinar a empresa sob o viés destes quatro aspectos. Percebemos, assim, que as oportunidades e ameaças estão diretamente relacionadas com o ambiente externo da empresa, ou seja, com tudo aquilo que circunda sua agência e com que você não tem controle, como fatores políticos, econômicos, sociais, naturais, entre outros. Já as forças e fraquezas são parte do ambiente interno da empresa e podem ser controladas, como as características dos recursos humanos, localização, rede de fornecedores, produtos inovadores etc. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Na nossa próxima aula, continuaremos a discutir a construção do plano de negócios, através das seguintes etapas: aspectos jurídicos, financeiros e administrativos. Até lá! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bolson, Eder. Tchau, Patrão! 2ª Ed. SENAC Minas Gerais, 2004. Dolabela, Fernando. O segredo de Luísa. 30a ed. São Paulo: Editora de Cultura, 2006. DORNELAS, J. C. A. et. al. Planos de negócios que dão certo: um guia para pequenas empresas. Elsevier: Rio de Janeiro, 2008. O ESTADO DE SÃO PAULO. Sebrae: 27% das empresas de SP fecham no 1º ano. Disponível em: http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf? id=5612132. Acesso em 31 mai 2011. CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AULA 17 META Turismo 'animal' organiza viagens para donos levarem os cães
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