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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2 FONOAUDIOLOGIA ............................................................................................. 4 2.1 AUDIOLOGIA .................................................................................................... 5 2.2 Disfagia ............................................................................................................. 8 2.3 Fonoaudiologia educacional .............................................................................. 9 2.4 Linguagem ....................................................................................................... 10 2.5 Motricidade orofacial ....................................................................................... 12 2.6 Saúde coletiva ................................................................................................. 14 2.7 Voz .................................................................................................................. 15 2.8 Gerontologia .................................................................................................... 16 2.9 Neuropsicologia ............................................................................................... 17 2.10 Fluência ........................................................................................................ 17 2.11 Fonoaudiologia Neurofuncional .................................................................... 18 2.12 Fonoaudiologia do trabalho .......................................................................... 18 3 PRAGMÁTICA .................................................................................................... 18 4 SEMÂNTICA ....................................................................................................... 19 5 MORFOLOGIA E SINTAXE ................................................................................ 20 6 FONOAUDIOLOGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................... 21 7 FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR .................................................................... 30 7.1 Atuação Fonoaudiológica nos Leitos Adultos .................................................. 31 7.2 Atuação Fonoaudiológica na UTI Adulto ......................................................... 32 7.3 Atuação Fonoaudiológica na UTI Neonatal ..................................................... 33 8 FONOAUDIOLOGIA DO TRABALHO ................................................................. 36 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 38 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 FONOAUDIOLOGIA Fonte: patriciafaro.com.br Fonoaudiologia é a ciência da área da Saúde que atua na promoção, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e outros sistemas. Conhecida por sua atuação em voz e fala, a Fonoaudiologia não se restringe a isso. Ela cuida de todos os processos de comunicação humana e seu desenvolvimento, da sucção do leite materno à deglutição na melhor idade. São 12 as especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. 5 2.1 AUDIOLOGIA Fonte: sintrajud.org.br A Audiologia é uma especialidade da Fonoaudiologia voltada aos distúrbios de comunicação oriundos do sistema auditivo. Essa área estuda e trata problemas relacionados à captação, percepção e interpretação de sons advindos de diversas origens. O especialista é responsável pelo diagnóstico e tratamento de tais disfunções, além de poder atuar com pesquisa e desenvolvimento. No entanto, os campos de trabalho mais comuns e relevantes dessa profissão são a Audiologia Clínica e a Ocupacional. (CLARA, 2018, p. 3). De modo geral, qualquer especialidade pode ser aplicada em mais de um contexto profissional. E é nisto que reside a diferença entre a Audiologia Clínica e a Audiologia Ocupacional, ou seja, a ênfase de atuação do especialista. A Audiologia Clínica, como o nome sugere, abrange a intervenção em clínicas de Fonoaudiologia e atende pacientes em um contexto bastante abrangente. Inclui pessoas de todas as idades, do nascimento à velhice, e patologias, tanto congênitas quanto adquiridas. Já a Audiologia Ocupacional enfatiza a prática no contexto trabalhista. Nesse ramo, o especialista é demandado para realizar testes audiométricos admissionais, periciais e ocupacionais. Portanto, avalia a audição de candidatos em processos seletivos e possíveis déficits oriundos de atividades laborais. https://utp.br/centros/clinicas/clinica-de-fonoaudiologia/ https://utp.br/centros/clinicas/clinica-de-fonoaudiologia/ 6 É inegável que, apesar de a comunicação humana se dar em diferentes esferas, a linguagem oral é o sistema mais utilizado e eficiente de troca de informações da nossa sociedade. Assim, a audição se caracteriza como importante elo na cadeia de comunicação, e a presença de limitações em acuidade e precisão poderá acarretar alterações no desenvolvimento do indivíduo e comprometimento da comunicação. (CARTOLANO, 2018, p. 120). A acuidade auditiva pode estar comprometida por questões de ordem condutiva ou neurossensorial. As perdas auditivas do tipo condutivo estão relacionadas à condução dos sons pela orelha externa e média e podem ser ocasionadas por situações como rompimento da membrana timpânica, presença de secreção ou cera em excesso. Já as perdas auditivas do tipo neurossensorial são relacionadas às alterações em orelha interna ou no nervo auditivo e podem ser causadas por lesões nessas estruturas ou por condições genéticas. Essas perdas, a depender do grau, podem afetar a compreensão de linguagem oral e aquisição dos sons da língua para produção de fala. O grau da perda auditiva está relacionado com a habilidade de ouvir a fala. Existem diversas classificações para caracterizar o grau das perdas, mas todas utilizam a média dos limiares tonais em determinadas frequências, normalmente nas frequências 500, 1.000 e 2.000 Hz. A classificação mais utilizada é a de Lloyd e Kaplan (9), apresentada no Quadro 1. Quadro 1. Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Lloyd e Kaplan (9) (LLOYD, 2013, apud CARTOLANO, 2018, p. 120). Ao pensarmos em perdas auditivas durante o desenvolvimento infantil, é preciso considerar que a aquisição dos sons da língua ocorre a partir da exposição a 7 eles no meio, experiência na produção desses sons e do feedback auditivo. Sendo assim, o déficit na chegada das informações auditivas pode causar alterações na produção de fala. Porexemplo, uma criança que possui perda auditiva leve ou moderada pode apresentar dificuldades na diferenciação de fonemas como /f/ e /v/, /p/ e /b/ ou /s/ e /z/; dessa forma, ela poderá apresentar déficit na compreensão, alteração na produção desses fonemas durante a fala e, consequentemente, trocas na escrita. Existem diversos exames para a verificação da acuidade auditiva, variando de acordo com a hipótese diagnóstica (alteração condutiva ou neurossensorial), a idade, habilidade e colaboração do indivíduo para fornecer as respostas. Desde 2010 é assegurado por lei que todos os bebês nascidos em território brasileiro sejam submetidos ao Programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), que consiste nos exames de Emissões Otoacústicas (EOA) e/ou Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) para rastreio de perdas auditivas maiores que 35 dBNA. Esses exames fornecem dados objetivos quanto à acuidade auditiva independentemente da colaboração do indivíduo testado, pois coletam informações eletrofisiológicas. Esses mesmos exames podem ser realizados com indivíduos em qualquer faixa etária e são de grande valia para situações em que o sujeito testado apresenta dificuldades em fornecer respostas aos estímulos. A avaliação audiológica infantil é o exame mais comumente utilizado para pesquisa de limiares auditivos em crianças. Baseia-se na correlação do comportamento da criança frente aos estímulos sonoros apresentados e, por isso, é considerada um teste subjetivo. A metodologia utilizada dependerá da idade e do nível de desenvolvimento da criança a ser avaliada. Os métodos mais utilizados são: Audiometria Comportamental, Audiometria Lúdica Condicionada, Audiometria de Reforço Visual (VRA) e Audiometria de Campo Livre. (CARTOLANO, 2018, p. 121). Outro aspecto importante na avaliação da audição é o processamento auditivo. Por Processamento Auditivo Central (PAC), entende-se a eficiência e efetividade do sistema nervoso central em utilizar a informação auditiva (2). Indivíduos com desordem do processamento auditivo (DPA) apresentam queixas de dificuldade de compreensão da informação recebida pela via auditiva, apesar de não apresentarem alterações na acuidade auditiva. Essa desordem tem sido observada em diversas populações, incluindo aquelas com suspeita de doença do sistema nervoso central ou desordens do desenvolvimento do sistema nervoso central e algumas em que o 8 envolvimento do sistema nervoso central é claro (exemplos: afasia, epilepsia, tumores, entre outras). Existem diversos testes para a avaliação do processamento auditivo; muitos são complementares e avaliam diferentes habilidades do processamento. A seleção desses testes bem como a quantidade de testes que serão necessários para a obtenção do diagnóstico variam de acordo com o histórico e a queixa do paciente e devem ser definidas pelo audiologista responsável para avaliação. As habilidades avaliadas são: atenção seletiva, fechamento auditivo (completar a informação quando algumas partes foram omitidas), integração e síntese binaural (integrar estímulos apresentados simultaneamente ou alternadamente para ambas as orelhas), figura-fundo (identificar o estímulo-alvo na presença de outros sons competitivos), separação binaural (escutar com uma orelha e ignorar o estímulo para a orelha oposta), associação (estabelecer correspondência entre um som e sua fonte sonora), localização sonora (localizar a fonte sonora a partir da audição binaural), discriminação (determinar se estímulos são iguais ou diferentes e reconhecer diferenças sutis) e memória auditiva. Como resultado um indivíduo pode apresentar comprometimento em uma ou mais habilidades. Tais habilidades podem ser fortalecidas e a dificuldade superada. É importante que os profissionais envolvidos no acompanhamento de crianças tenham atenção às questões ligadas à audição para identificar a necessidade de avaliação específica e intervenção oportuna, quando houver necessidade, visando à promoção de facilitadores do desenvolvimento global do indivíduo. 2.2 Disfagia É uma alteração da deglutição, ou seja, do ato de engolir alimentos ou saliva. Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma que indica prejuízo no ato de engolir ocasionado por diversos fatores, dentre eles: trauma em região da cabeça e pescoço, acidente vascular cerebral, demências, doenças neuromusculares, intubação orotraqueal prolongada e câncer de cabeça e pescoço. O tratamento das alterações da deglutição deve envolver uma equipe multidisciplinar, composta no mínimo por médicos, enfermeiros, nutricionistas e fonoaudiólogos. Na equipe, o fonoaudiólogo é o profissional apto para lidar com os distúrbios da deglutição e da comunicação, sendo o responsável pelo diagnóstico e intervenção da disfagia. 9 O diagnóstico da disfagia é, em geral, realizado pelo fonoaudiólogo, através da avaliação funcional da deglutição. Para o diagnóstico e indicação de tratamento são realizados: anamnese fonoaudiológica, avaliação funcional da deglutição, avaliação instrumental através da ausculta cervical e definição de conduta e tratamento através de programas de reabilitação. (FRAGA, 2018, p.2). O fonoaudiólogo, ainda, sugere e indica exames complementares para auxiliar no diagnóstico e tratamento da disfagia e direciona o caso junto à equipe interdisciplinar. Exames complementares podem ser indicados, como a vídeo fluoroscopia e a nasolaringofibroscopia. 2.3 Fonoaudiologia educacional A atuação fonoaudiológica no âmbito educacional, é marcada historicamente por ações que se preocupavam com o processo de “doença”, no sentido de tratar o indivíduo em base de avaliações e terapia fonoaudiológica, com o objetivo de normatizar as alterações da comunicação oral e escrita. Mas, com mudanças ocorridas nesta conjuntura, na atualidade o Conselho Federal de Fonoaudiologia determinou que: “A Fonoaudiologia Educacional é uma área de especialização da Fonoaudiologia voltada ao estudo e atuação para a promoção da Educação, em todos os níveis ou modalidade de ensino” (SISTEMAS DE CONSELHO FEDERAL E REGIONAIS DE FONOAUDIOLOGIA, 2015, apud MAURICIO, 2018, p. 2). Assim, este profissional deve acrescentar qualidade ao processo educacional, mas com a diferenciação de na atualidade dar ênfase também a formação de professores, e pautar-se em promover o processo de aprendizagem, tornando-se um diferencial na escola em que atua. Nesta atuação dentro da escola e no processo educativo, o fonoaudiólogo não deve apenas identificar as alterações da linguagem oral escrita, mas também propiciar o desenvolvimento das mesmas. Dessa maneira, o fonoaudiólogo deve estabelecer seus atos e objetivos de educação em conjunto com a escola. Então esse paradigma de que o fonoaudiólogo deve atuar na promoção da educação na escola e não na promoção da saúde precisa ser quebrado (KÜESTER, CASTELEINS, 2001, apud MAURICIO, 2018, p. 2). O domínio do especialista em Fonoaudiologia Educacional inclui aprofundamento em estudos específicos e atuação em situações que contribuam para 10 a promoção, aprimoramento e prevenção de alterações dos aspectos relacionados à audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral e voz e que favoreçam e otimizem o processo de ensino e aprendizagem. 2.4 Linguagem Fonte: gazeta670.com.br É a especialidade que trabalha com os aspectos que envolvem a comunicação oral e escrita. O seu desenvolvimento dá-se desde a infância até a idade adulta. Pessoas com problemas de comunicação (expressão e compreensão) podem ter dificuldades na sua integração social e profissional. (COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003). Antes de compreender a totalidade da linguagem, é necessário esclarecer que linguagem é diferente de comunicação, de fala e de língua. Apesar de todos esses aspectos estarem interligados, é possível e necessário, em umaavaliação fonoaudiológica, distinguir e compreender todas essas áreas para identificar de maneira precisa as áreas deficitárias e as áreas comprometidas de maneira secundária. A comunicação é o ato de “partilhar” ou “tornar comum” algo, sejam sentimentos, sensações, fatos, ideias etc. Em um processo de comunicação, é necessário que haja esses seis elementos: o emissor, aquele que envia a mensagem; o receptor ou destinatário, que é quem recebe, decodifica e interpreta a mensagem; a mensagem, que carrega o conteúdo, aquilo que se deseja comunicar; o código, conjunto de signos e regras com os quais a mensagem é elaborada; e por fim e não menos importante, o contexto, que é a situação à qual a mensagem está se referindo. (JAKOBSON, 2010, apud CARTOLANO, 2018, p. 122). 11 A língua também possui caráter social. O indivíduo, por si só, não pode criá-la nem a modificar, pois se trata essencialmente de um produto coletivo. A língua é um sistema de sinais que possui suas próprias regras que permite a comunicação de um determinado grupo. Já a fala é um ato motor, resultado de um sistema neuromuscular em que é necessário produzir fonética e fonologicamente os signos de uma determinada língua. Ou seja, é um dos meios de expressar a língua. A linguagem é um sistema dinâmico e complexo de códigos e símbolos convencionais e organizados. Ou seja, é a base do conteúdo da mensagem que um indivíduo deseja transmitir ao outro e que permite a própria interação. A linguagem, de maneira simplificada, é a capacidade que o humano possui em atribuir um significado a tudo com o que interage, desde elementos concretos e observáveis, como objetos, até elementos subjetivos como sentimentos, teorias etc. Pensando na avaliação fonoaudiológica em um quadro de Distúrbio do Desenvolvimento, é preciso realizar uma varredura desde as habilidades sociais e pré- linguísticas primordiais para o desenvolvimento de linguagem até os aspectos linguísticos o quanto antes, visando à intervenção oportuna. Para isso, é necessário que o avaliador tenha conceitos bem definidos, como o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem e da cognição. A capacidade de identificar com exatidão as áreas alteradas proporciona a intervenção eficaz e aumenta a possibilidade de um melhor prognóstico de cada caso. Em um primeiro momento, sabemos que o bebê conhece o mundo e se organiza de maneira sensório-motora e que a sua capacidade de interagir se restringe aos estímulos da situação imediata. Inicialmente, o choro é o seu meio comunicativo, o qual ainda não é intencional e dirigido. No entanto, é interpretado e significado pelo (a) cuidador (a), que tem um papel importante no desenvolvimento de linguagem, já que a relação estabelecida pela díade proporciona experiências primordiais para o desenvolvimento de aspectos como intencionalidade que, por sua vez, impulsionam as trocas. O bebê, já em seu primeiro ano de vida, é capaz de manter a atenção para o que lhe é solicitado ou até mesmo direcionando a atenção do interlocutor a um objeto e/ou situação sem a fala. Ou seja, a alteração de linguagem em indivíduos com Distúrbios do Desenvolvimento pode ser identificada muito antes da aquisição da linguagem oral. Após o primeiro ano de vida, é notável que o bebê consegue se comunicar cada vez melhor e com cada vez mais pessoas. A aquisição e compreensão 12 dos símbolos, junto com as experiências, faz com que a sua comunicação seja cada vez mais efetiva. O processo de aquisição de signo linguístico se baseia na associação entre o significante (imagem acústica) e o significado (imagem mental ou conceito). (Saussure, 2006, apud CARTOLANO, 2018, p. 122). Muito mais do que apenas uma associação mental, tal processo depende de sistemas como o fisiológico, o cognitivo, o social e o cultural. A avaliação fonoaudiológica precisa, então, compreender desde a forma linguística (fonologia, morfologia e sintaxe), o conteúdo (semântica) e a funcionalidade do uso (pragmática). 2.5 Motricidade orofacial Fonte: t onturasevertigem.com.br A motricidade orofacial encontra-se frequentemente relacionada com a produção de fala, pois esta última depende da primeira. O desenvolvimento do aparelho fonador e articulatório (pulmões, laringe, cordas vocais, faringe, cavidade oral, palato mole, palato duro, língua, dentes, lábios, mandíbula e cavidade nasal) ocorre desde o período embrionário, culminando com as funções de deglutição e sucção, observadas por volta da 11.ª e 20.ª semanas de idade gestacional Motricidade Orofacial é uma das áreas da Fonoaudiologia voltada para o estudo/pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de alterações estruturais e funcionais da região da boca (oro) e da face (facial) bem como da região do pescoço. (COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003, apud BENANCCHIO, 2019, p. 29). 13 Como principais problemas relacionados à motricidade orofacial podemos citar as alterações na respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala, assim como na posição dos lábios, da língua e das bochechas. Estuda também o sistema estomatognático e as funções a ele relacionadas: respiração, sucção, mastigação, deglutição e articulação de fala. O sistema estomatognático é composto por estruturas de tecido duro: maxila, mandíbula, articulação temporomandibular e dentes, e por tecidos moles como lábios, língua, bochechas e toda a musculatura da mímica. As funções estomatognáticas de respiração, sucção e deglutição estão presentes no indivíduo desde o nascimento, inicialmente como reflexos, e, a partir do desenvolvimento do sistema nervoso, tornam-se voluntários. A avaliação desses reflexos nos dá informações sobre a maturidade e a integridade do sistema nervoso. Nessa fase do desenvolvimento, a fonoaudiologia atua com as dificuldades ligadas à amamentação, incluindo a efetividade da sucção, dificuldades em deglutição e coordenação entre respiração, sucção e deglutição, que podem causar comprometimentos clínicos e nutricionais. Além disso, a execução adequada das funções estimula o crescimento craniofacial, viabilizando o seu desenvolvimento ao longo do desenvolvimento global da criança. A mastigação e a articulação de fala são desenvolvidas a partir da maturação do sistema nervoso e sofrem grande influência das condições estruturais e da qualidade da execução das demais funções. Alterações nesse sistema podem ocorrer por causas mecânicas, como alterações oclusais, aumento de tonsilas, fissuras palatinas ou câncer de cabeça e pescoço; fisiológicas, como doenças respiratórias (exemplos: rinite e sinusite); ou neurológicas, como paralisia cerebral, doenças neurológicas evolutivas ou traumatismos encefálicos. O tratamento deve variar de acordo com a causa. (CARTOLANO, 2018, p. 127). A avaliação completa do sistema estomatognático envolve levantamento da história pregressa, observação da postura corporal e dos órgãos do sistema estomatognático durante o repouso, testes de sensibilidade, tônus e mobilidade das estruturas moles, praxias orofaciais, verificação da situação das estruturas duras (desvio de septo, oclusão, relação maxila-mandíbula) e funcionalidade. O desenvolvimento das funções estomatognáticas tem características específicas nas diferentes idades e nas diferentes patologias e, portanto, é preciso conhecimento anatomofisiológico das estruturas que participam da função que se pretenda trabalhar assim como conhecer o seu desenvolvimento. Nesta área, o 14 fonoaudiólogo pode atuar em parceria com outros profissionais como dentistas, médicos de diversas especialidades, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e nutricionistas. 2.6 Saúde coletiva Fonte: mundodafono.com.br É um campo da Fonoaudiologia voltado a construir estratégias de planejamento e gestão em saúde, no campo fonoaudiológico, com vistas a intervir nas políticas públicas, bemcomo atuar na atenção à saúde, nas esferas de promoção, prevenção, educação e intervenção, a partir do diagnóstico de grupos populacionais. (COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003, apud BENANCCHIO, 2019, p. 29). Para isto, é preciso conhecer as condições de saúde deste grupo, por meio da caracterização da população usuária dos serviços coletivos e de estudos epidemiológicos, a fim de elaborar políticas adequadas à população. Pesquisas no campo da Fonoaudiologia comunitária são relevantes, a fim de oferecer contribuição para definir melhor o papel e lugar do fonoaudiólogo. Inicialmente, esses profissionais tentaram adotar a estrutura de atendimento clínico-privado no sistema público, sendo os resultados não satisfatórios. Na prevenção primária, o fonoaudiólogo deve atuar educando e conscientizando a população sobre os cuidados básicos para a manutenção da saúde global da comunicação, identificar e acompanhar as patologias de maior ocorrência na população, tendo como objetivo diminuir as possibilidades de evolução ou 15 agravamento, prevenindo contra a necessidade de atendimento aos níveis secundários e terciários. Os aspectos envolvidos na habilidade de comunicação do ser humano como a fala, a voz, a linguagem e a audição são consideradas atributos da saúde, e suas manifestações patológicas comprometem a qualidade de vida. 2.7 Voz Fonte: centraldafonoaudiologia.com.br Voz é o campo da Fonoaudiologia voltado para o estudo e a pesquisa da voz, a promoção da saúde vocal, a avaliação e o aperfeiçoamento da voz; assim como a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das alterações vocais, quer sejam na modalidade de voz falada como voz cantada. (COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003). O fonoaudiólogo deve aplicar técnicas para o aperfeiçoamento da articulação, respiração, entonação e pronúncia de profissionais que utilizam a voz em suas atividades. Prevenir e tratar problemas como rouquidão e sequelas de tumor. A voz, tal como ouvida pelo interlocutor, é resultado da interação entre fatores anatômicos, fisiológicos, sociais, emocionais e ambientais. O padrão vocal tem a função de transmitir a mensagem emocional do falante, e variações nesse padrão devem refletir emoções diversas e situações distintas. Uma alteração vocal pode interferir na inteligibilidade da mensagem e, portanto, na eficiência da comunicação. Tal alteração pode ter como causa alterações 16 estruturais, funcionais (abuso ou mau uso vocal), neurológicas, origem psicogênica, alguma lesão (tumores, paralisias), ou até mesmo um conjunto desses fatores. A avaliação fonoaudiológica, nesses casos, inclui compreender a dinâmica biopsicossocial da voz. É necessário observar os seguintes aspectos: Estruturas fisiológicas: Avaliar a integridade e a funcionalidade de todas as estruturas necessárias para a produção da voz: as estruturas responsáveis pela respiração, como o diafragma, e a integridade das vias respiratórias; os responsáveis pela fonação, como as pregas vocais, responsáveis pela regulação da frequência, até as estruturas responsáveis pela ressonância e articulação fala. Postura corporal: Influencia diretamente no padrão respiratório e no ajuste dos músculos. A postura pode limitar os movimentos necessários para a fonação ou até mesmo ser a causa de um desvio de posição de laringe, por exemplo. Qualidade da percepção auditiva: Como já explicado, o feedback auditivo é uma habilidade importante no processo da comunicação. A falha na percepção auditiva pode impactar negativamente a produção da voz, como exagerar na intensidade da voz, por exemplo. Sistema respiratório: A efetividade da respiração está diretamente relacionada à qualidade da projeção de voz e à sua intensidade. Apesar de parecer algo natural, muitos indivíduos com Distúrbios do Desenvolvimento apresentam dificuldade em controlar e coordenar a respiração juntamente com as outras funções estomatognáticas, seja pelo déficit cognitivo ou neurológico. Avaliar o padrão respiratório e possibilitar o suporte costo- diafragmático-abdominal permite melhor controle da pressão infraglótica e previne lesões por mau uso, como no caso da tensão laríngea. 9 CARTOLANO, 2018, p. 128). Na avaliação da voz, não se pode negligenciar o contexto. É importante considerar a função, a frequência e o ambiente em que se usa a voz. Os aspectos a serem avaliados por um profissional fonoaudiólogo relatados i são os que surgem com mais frequência nos casos de Distúrbios do Desenvolvimento relacionados à comunicação. Vale lembrar que cada caso necessita de um olhar individualizado, e que, em alguns casos, podem surgir questões mais específicas. Além da avaliação qualificada e especializada, é indicado que os profissionais envolvidos no caso se articulem visando a um trabalho interdisciplinar, em que os conhecimentos se agregam em prol do atendimento humanizado e integral do indivíduo. 2.8 Gerontologia Dentre as funções do Fonoaudiólogo Especialista em Gerontologia estão as de realizar promoção da saúde do idoso, prevenção, avaliação, diagnóstico, 17 habilitação/reabilitação dos distúrbios relacionados à audição, ao equilíbrio, à fala, à linguagem, à deglutição, à motricidade orofacial e à voz nessa população. O Fonoaudiólogo Especialista em Gerontologia está apto a: I - Traçar linhas de atuação fonoaudiológica que possam melhorar as condições de qualidade de vida do idoso; II - Atuar junto à equipe profissional de forma interdisciplinar e transdisciplinar para que suas ações possam beneficiar e melhorar a qualidade de vida do idoso; III - Desenvolver ações de natureza social e educacional, formativa e informativa, visando a prevenir agravos, gerar melhores condições de qualidade de vida e enfrentar ou superar dificuldades já existentes; IV - Participar de ações no campo das políticas públicas voltadas para o segmento populacional idoso, principalmente no que diz respeito à elaboração, à execução e ao acompanhamento de projetos e propostas que contribuam para a melhoria do atendimento da pessoa idosa no campo fonoaudiológico; V - Realizar diagnóstico identificando e caracterizando os problemas fonoaudiológicos que possam afetar a qualidade de vida do idoso; VI - Orientar a equipe e a família em todos os aspectos ligados à Fonoaudiologia, promovendo a diminuição de fatores de risco para a saúde do idoso; VII - Desenvolver ações voltadas à consultoria e à assessoria fonoaudiológicas; VIII - Promover processos de formação continuada de profissionais voltados à assistência à pessoa idosa; IX - Realizar e divulgar estudos e pesquisas científicas que contribuam para o crescimento da educação e para a consolidação da atuação fonoaudiológica no âmbito da Gerontologia; X - Gerir serviços de atenção ao idoso. (RESOLUÇÃO CFFa nº 463, de 21 de janeiro de 2015). 2.9 Neuropsicologia O Fonoaudiólogo Especialista em Neuropsicologia está apto a prevenir, avaliar, tratar e gerenciar os distúrbios que afetam a comunicação humana e sua interface com a cognição, relacionando-a com o funcionamento cerebral. 2.10 Fluência Identificar as tipologias das disfluências típicas e atípicas para o diagnóstico e intervenção precoce dos transtornos da fluência; orientar as famílias e as equipes de saúde e educação sobre a identificação de transtornos da fluência; gerenciar programas de reabilitação dos transtornos da fluência; Atuar como perito ou como 18 auditor em situações nas quais esteja em questão o processo de fluência normal ou alterada. 2.11 Fonoaudiologia Neurofuncional O Fonoaudiólogo Especialista em Fonoaudiologia Neurofuncional realiza avaliação, diagnóstico, prognóstico, habilitação e reabilitação fonoaudiológicos de pessoas em diferentes ciclos de vida com alterações neurofuncionais, atuando nas sequelas resultantes de danos ao sistema nervoso central ou periférico.2.12 Fonoaudiologia do trabalho Na especialidade em Fonoaudiologia do Trabalho, o fonoaudiólogo deverá promover mudanças consecutivas na forma de organização do trabalho levando em consideração a saúde e aperfeiçoamento da comunicação humana, o desenvolvimento de programas de prevenção ocupacional, a implantação de programas de qualidade de vida do trabalho, bem como detecção e diagnóstico dos riscos fisiológicos em situações reais. A principal meta é possibilitar a permanência no trabalho sem restrição excessiva da atividade profissional, com conforto e sem riscos. 3 PRAGMÁTICA A pragmática é a ciência que estuda a linguagem no seu uso e em seus contextos sociais. Na perspectiva pragmática, a linguagem é um instrumento para a realização das intenções do sujeito, ou seja, o recurso linguístico possui uma função comunicativa. A função da linguagem pode variar conforme o interlocutor, o ambiente, a cultura e o contexto em que ocorre, e, além dos aspectos formais da linguagem, é possível analisar elementos supralinguísticos, como prosódia e comunicação corporal (contato ocular, gestual, expressão facial). (Bates, 1976, apud CARTOLANO, 2018, p. 126). Nesse tipo de avaliação, faz-se a análise da efetividade e da adequação da interação do indivíduo. Mesmo sem a presença da fala, é possível observar elementos como a ocupação do espaço comunicativo, a iniciativa comunicativa, o meio ou a 19 forma em que a iniciativa comunicativa ocorre, o nível de interatividade, além de classificar as funções comunicativas. Todo tipo de ação do indivíduo, seja considerada mais ou menos interpessoal, é passível de interpretação nessa perspectiva. Enfim, é possível traçar o perfil de comunicação do indivíduo. A habilidade pragmática é o primeiro aspecto de comunicação a surgir em um indivíduo e se mantém em constante desenvolvimento, pois se ajusta conforme a aquisição dos recursos cognitivos, sociais e linguísticos. Vale lembrar que o desenvolvimento dessas habilidades não depende exclusivamente de fatores fisiológicos como a maturação neurobiológica, mas também de aspectos sociais, emocionais e cognitivos. Por isso, a interpretação isolada do resultado de uma aplicação de protocolo é enviesada se não levarmos em consideração todas as outras áreas com que possui afinidade. 4 SEMÂNTICA O processamento semântico é a compreensão do significado das palavras. Tal habilidade permite desde a compreensão do conceito em si até mesmo a capacidade de compreender significados implícitos por meio da associação de diferentes palavras em um determinado contexto. (BARRETT, 1997, apud CARTOLANO, 2018, p. 126). Os desvios semânticos podem ser classificados em: Superextensão: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro do mesmo campo semântico, mas mais amplo ou genérico. (Exemplo: animal → rinoceronte). Subextensão: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro do mesmo campo semântico, mas reduzido. (Exemplo: alface → salada). Antonímias: Quando o indivíduo substitui o vocabulário pelo seu antônimo (Exemplo: puxar → empurrar). Desvio por relações de contiguidade: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro que possui uma relação de sentido (Exemplo: professora → mulher). Desvio por proximidade morfológica: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro, criado em um processo de derivação ou composição. (Exemplo: cabeceiro → travesseiro). 20 Desvio por proximidade fonológica: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro por semelhança fonológica (Exemplo: enganado → empanado). A avaliação dessa área pode ser realizada com instrumentos ou situações que permitam observar a compreensão e a nomeação de conceitos, respeitando a idade cronológica e o ambiente em que o sujeito está inserido. 5 MORFOLOGIA E SINTAXE A habilidade morfossintática se refere à organização estrutural da linguagem, abrangendo a análise conjunta entre a morfologia (estrutura interna das palavras, regras para a combinação dos morfemas) e a sintaxe (organização das palavras para produzir uma ideia). A análise morfológica preconiza o estudo isolado das palavras em diferentes classes gramaticais, enquanto a análise sintática se detém à função que as palavras desempenham em uma oração. O desenvolvimento dessa habilidade é gradual, partindo de estruturas simples para as mais complexas. Em torno dos 5 anos de idade, a criança consegue dominar o sistema gramatical básico de sua língua e, passada essa idade, as conquistas mais importantes se referem à consideração multifuncional das diferentes categorias e estruturas gramaticais. A aquisição do conteúdo lexical acontece de forma lenta, sendo que, inicialmente, ocorre a aquisição de palavras mais contextualizadas à criança que, posteriormente, conseguirá realizar associações entre as palavras, identificando e abstraindo suas similaridades. Dessa forma, o significado das palavras é adquirido pela combinação dos atributos semânticos percebidos e observados no contexto. (SIM-SIM, 2008, apud CARTOLANO, 2018, p. 126). Um indivíduo com Distúrbio do Desenvolvimento pode apresentar sintomas diversos, que variam desde uma dificuldade de compreensão abstrata e evocação lexical até de elaboração do discurso. É comum o indivíduo utilizar termos genéricos, jargões, rupturas na fala produzindo um discurso semelhante ao de um indivíduo com gagueira, por exemplo. Um dos instrumentos mais utilizados para analisar a amostra da fala e obter dados quanto ao desempenho dos aspectos morfológicos e sintáticos é o Mean Length Utterance (MLU), referido em Português como a Extensão Média do Enunciado (EME). A EME pode ser utilizada para analisar a nível tanto de morfemas como de palavras. O primeiro apresenta dados quanto ao índice para verificação do desenvolvimento gramatical, e a segunda medida fornece dados sobre o desenvolvimento linguístico geral da criança. 21 6 FONOAUDIOLOGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS Fonte: dm.jor.br O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para atuar em diversas frentes de cuidado, sendo um profissional de Saúde e Educação, com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua de forma autônoma e independente nos setores público e privado. A profissão responde pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição. Exerce também atividades de ensino, pesquisa e administrativas. Em documento produzido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia intitulado “Áreas de competência do Fonoaudiólogo no Brasil” são definidas doze grandes áreas de competência (GAC) do fonoaudiólogo, listadas na seguinte ordem: Realizar avaliação fonoaudiológica; estabelecer diagnóstico de fonoaudiologia; executar terapia (habilitação/reabilitação); orientar pacientes, clientes internos e externos, familiares e cuidadores; monitorar desempenho do paciente ou cliente (seguimento); aperfeiçoar a comunicação humana; efetuar diagnóstico situacional; desenvolver ações de saúde coletiva dos aspectos fonoaudiológicos; exercer atividades de ensino; desenvolver pesquisas; administrar recursos humanos, financeiros e materiais e comunicar-se. (OLIVEIRA 2017, p. 20). No Brasil, historicamente a prática de atividades relacionadas ao que posteriormente foi considerado o escopo da profissão de fonoaudiólogo teve seu início 22 ainda na década de 20, tendo como contexto social a aplicação de políticas de controle à linguagem, enfocando a padronização da língua. O surgimento da prática de atuação, portanto, foi marcado pela preocupação com a correção de erros de linguagem apresentados por escolares.De acordo com Oliveira (2017), a literatura aponta que em meados de 1920 a linguagem passou por uma política de controle, que culminou em políticas de padronização e normatização e por esse motivo as atividades dos profissionais ligados a linguagem tiveram ligação bastante aproximada à atividade pedagógica e corretiva do professor. Inicialmente, portanto, os fonoaudiólogos tinham suas preocupações e atividades voltadas prioritariamente para a reabilitação e correções de alterações de linguagem. Os primeiros cursos, ainda técnicos, regulamentados no país foram os da Universidade São Paulo (1961) ligado à Faculdade de Medicina e o curso da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1962), ligado ao Instituto de Psicologia. Na década de 70 houve intensa mobilização para o reconhecimento da profissão quando então se criou o currículo mínimo para o curso de Fonoaudiologia em nível bacharel, tendo sido a Universidade de São Paulo (USP) a primeira a ter o curso autorizado, em 1977. Em 09 de Dezembro de 1981 a profissão foi reconhecida pela Lei n 6965, sancionada pelo presidente João Figueiredo e em decorrência do reconhecimento legal foram criados os Conselhos Regional e Federal de Fonoaudiologia. Concomitante ao início histórico da atuação da fonoaudiologia, sendo então uma prática profissional ainda não reconhecida, foi iniciada no Brasil a Medicina Previdenciária por meio da criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões, o que possibilitou ao Estado responder às necessidades sociais da população de maneira mais abrangente. Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde, em resposta às demandas de saúde surgidas especialmente dentro da população de baixa renda que não poderiam ser sanadas apenas em ambiente hospitalar, local onde àquela época estavam centradas as ações da Medicina Previdenciária. (BEFI, 1997, apud OLIVEIRA 2017, p. 21). A década de 60 foi marcada inicialmente pela institucionalização do regime ditatorial, permeado pela mercantilização da saúde aliada à burocratização técnica do 23 sistema. A partir deste contexto e por meio da unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP´s) cria-se o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) na década de 60, tendo como principal objetivo o de assistir a todos os trabalhadores segurados e seus familiares. Essa assistência, porém, era realizada essencialmente por meio de contratação de serviços privados de assistência médica, priorizando a lógica do lucro das empresas privadas. Nesse período houve também grande expansão da medicina de grupo, modalidade em que as empresas deixavam de contribuir com o INPS e contratavam um serviço privado para prestação de serviços aos seus trabalhadores. Na década seguinte, em 1975, discutiu-se a crise do setor de saúde na V Conferência Nacional de Saúde, onde foi apresentada uma proposta do governo federal para a criação de um Sistema Nacional de Saúde, por meio da lei 6.229. Essa proposta foi criticada fortemente pelo setor de empresários ligados à prestação privada de serviços médicos. Em 1977, é criado o Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) cuja ação principal pautava-se na assistência a servidores de autarquias do Distrito Federal, trabalhadores de centros urbanos e servidores da União. Ao final dos anos 70 esse modelo de saúde voltado à mercantilização do cuidado mostra-se em crise, especialmente devido aos altos custos da assistência, que por sua vez era complexa e pouco resolutiva, além de ser claramente insuficiente para a demanda. (AGUIAR, 2001, apud OLIVEIRA 2017, p. 22). Ainda segundo Aguiar (2001), no ano de 1978 ocorreu a Conferência de Alma Ata, onde iniciou-se a difusão na América Latina do conceito de Atenção Primária à Saúde e os primórdios da medicina comunitária. Os movimentos sociais bastante atuantes nesse período pressionaram o governo para que fossem realizadas mudanças no sistema de assistência previdenciária visando redução a da escassez de recursos e diminuição dos custos operacionais do sistema. Por meio dessa pressão social foi criado o CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) que visava, dentre outros aspectos, a melhoria da qualidade da atenção, a descentralização e a criação de um sistema de cuidado em saúde hierarquizado por nível de complexidade. A partir do CONASP criam-se as Ações Integradas de Saúde (IAS´s) possibilitando a 24 expansão da cobertura assistencial por meio da construção de Unidades Básicas de Saúde. Entre as décadas de 70 e 80 articulou-se o movimento da Reforma Sanitária sob fortes influências das instituições acadêmicas como CEBES (Centro Brasileiro de Estudos da Saúde) e ABRASCO (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva), com o intuito de reformular o sistema de saúde vigente, universalizando o direito à saúde e considerando a saúde como qualidade de vida e compreendida como fruto do cuidado integral. As reivindicações da Reforma Sanitária tomaram espaço na VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. No ano seguinte, instala-se a Assembleia Nacional Constituinte, com objetivo de elaborar a nova constituição brasileira. Em 1988 promulga-se a nova Constituição Federal, e por meio dela fora aprovado o Sistema Único de Saúde, onde muitas das propostas da reforma sanitária foram incorporadas no arcabouço geral do sistema. A Constituição Federal de 1988 e a consequente implantação do Sistema Único de Saúde, foram um marco decisivo para a inclusão da população por meio de políticas públicas e pela universalização do cuidado, promoção, recuperação e proteção da saúde. Caracterizando o Sistema Único de Saúde, Moreira e Mota expõem: “De acordo com esta Constituição [de 1988] o Sistema Único de Saúde (SUS) foi definido como uma rede regionalizada de ações e serviços que visam “o acesso universal e igualitário da população para a promoção, proteção e recuperação de sua saúde”, tendo como princípios fundamentais: a equidade, a universalidade e a integralidade. A equidade caracteriza-se por oferecer oportunidades iguais, em termos de tratamento, para necessidades iguais. A universalidade seria a garantia de atendimento a todo e qualquer cidadão. A integralidade seria uma atenção integral à saúde (prevenção primária, secundária e terciária). (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 23). Em 1993, por meio da resolução nº 44 do Conselho Nacional de Saúde o fonoaudiólogo passa a ser reconhecido como profissional de saúde. A história da Fonoaudiologia na saúde pública se inicia com os primeiros concursos públicos para a área, especialmente em São Paulo. Entretanto, alguns autores demarcam que mesmo antes da regulamentação da profissão, entre a década de 70 e 80 alguns poucos fonoaudiólogos iniciaram suas atividades no sistema público, sendo lotados em secretarias municipais de Educação e Saúde. Como efeito da regulamentação da profissão, os fonoaudiólogos em sua grade maioria iniciaram a 25 atuação em consultórios particulares e apenas num segundo momento da profissão é que foram direcionados aos Centros de Saúde, ou seja, para a atenção básica, o que veio, então, coroar a inserção da Fonoaudiologia na Atenção Primária à saúde. Partindo-se desse cenário histórico, a atuação do fonoaudiólogo no Sistema Único de Saúde vem sendo estimulada por meio de diversas políticas públicas, a exemplo da portaria nº 2.073, de 28 de setembro de 2004 que institui a Política Nacional de Saúde Auditiva, onde são descritas as principais ações em prol da saúde auditiva a serem realizadas nos 3 níveis de atenção, de baixa, média e alta complexidade. Além dessa, outras iniciativas como a lei federal 12.303 que dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, também conhecido como Teste da orelhinha, realizado exclusivamente porfonoaudiólogos em todas as maternidades do território nacional e também a lei 13.002 de 2014, que dispõe sobre o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, chamado Teste da Linguinha, realizado por fonoaudiólogos, em ambiente hospitalar, impulsionam a inserção do fonoaudiólogo no sistema de saúde brasileiro. Brasil (2014). Constata-se, portanto, que a Fonoaudiologia está cada vez mais presente nos diversos equipamentos de cuidado em saúde. Por meio da Portaria Ministerial 793 que institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde a fonoaudiologia passou a ter reconhecimento do seu importante papel para a reabilitação e promoção de saúde no cuidado com as pessoas com deficiência no país. Essa mesma portaria institui a criação dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e assegura, por suas características de cuidado, que o fonoaudiólogo integre a equipe de saúde desse equipamento, como uma das profissões que atuam no atendimento de pessoas com deficiência visando a reabilitação e também a promoção de saúde nas áreas de deficiências auditiva, intelectual, física e visual. Além dos equipamentos de cunho reabilitador, destacam-se aqueles de Atenção Básica, como as Unidades Básicas de Saúde e as equipes de Núcleo de apoio à saúde da família (NASF). Em publicação de 2013 dos “Cadernos de Atenção Básica”, o Ministério da Saúde define o momento atual da atenção básica: “A atenção básica, enquanto um dos eixos estruturantes do SUS, vive um momento especial ao ser assumida como uma das prioridades do Ministério da Saúde e do governo federal. Entre os seus desafios atuais, destacam-se aqueles relativos ao acesso e acolhimento, à efetividade e resolutividade das 26 suas práticas, ao recrutamento, provimento e fixação de profissionais, à capacidade de gestão/coordenação do cuidado e, de modo mais amplo, às suas bases de sustentação e legitimidade social. ” (BRASIL, 2012, apud OLIVEIRA 2017, p. 25). A atenção primária à saúde deve ser realizada prioritariamente em Unidades Básicas de Saúde tradicionais ou unidades que aderiram a um outro tipo de organização/estratégia de cuidado, a chamada Estratégia Saúde da Família (ESF). Segundo o Caderno de Atenção Básica, publicação do Ministério da Saúde, a Estratégia da Saúde da Família vem sendo priorizada com objetivo de reorganizar a atenção básica no país, porém, apesar dos esforços ainda há muitas unidades básicas que não aderiram ao seu funcionamento e que consequentemente não contam como a Estratégia Saúde da Família (ESF), configuram-se, portanto, enquanto unidades tradicionais. Muitas vezes a adesão à ESF se faz inviável devido ao quadro de profissionais concursados nos municípios atuarem em jornadas de trabalho não compatíveis com as exigidas para a implantação da estratégia ou ainda devido a adequação do território ao modelo tradicional de assistência à saúde. De acordo com o Departamento de Atenção Básica, as equipes de UBS´s devem realizar o cuidado em saúde fazendo uso de complexas tecnologias de cuidado, porém de baixo impacto financeiro. As estratégias de cuidado nesses equipamentos objetivam o manejo das demandas de saúde mais frequentes no território adscrito a cada UBS (2016). De acordo com o Departamento de Atenção Básica (2016), compondo a ESF encontram-se os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) criados em 2008 pelo Ministério da Saúde com vistas ao apoio e consolidação da Atenção Básica de maneira a ampliar as ofertas de cuidado em saúde, bem como a resolutividade e abrangência das ações. O NASF está regulamentado pela portaria 2.488 de 2011 e por definição são equipes compostas por diferentes profissionais que devem atuar de maneira integrada às equipes de saúde da família, equipes de atenção básica para populações específicas como pessoas em situação de rua e ribeirinhas, além do programa academia da saúde. O foco prioritário das ações do NASF, bem como de toda a atenção primária, é de prevenção e promoção da saúde. Os conceitos de prevenção de doenças e promoção de saúde, segundo Westphal (2012), estão diretamente ligados às diferentes concepções político- 27 ideológicas de saúde e doença a que estão vinculados, tendo modificações, portanto, de acordo com o período histórico analisado. Prevenção em saúde, segundo Czeresnia (2009), é definida como; Conjunto de ações voltadas a evitar o surgimento e progresso de doenças específicas, com consequente diminuição das taxas de incidência e prevalência de tais doenças na população, tendo deste modo, forte influência de dados epidemiológicos. (CZERESNIA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 26). Esse conceito é ampliado quando se fala em promoção de saúde. Buss (2000) afirma que promoção de saúde está ligada a um conjunto de valores, dentre eles a saúde, a qualidade de vida, equidade, democracia, solidariedade somados a ações do Estado, dos indivíduos, da comunidade em que se inserem, dos sistemas de saúde e das parcerias entre diversos setores envolvidos. O surgimento formal do termo ‘promoção de saúde’ data de 1974, com a divulgação do documento conhecido como Informe Lalonde. Buss (2000). Elaborado pelo então ministro da saúde do Canadá, o Informe discutia maneiras de lidar melhor com os crescentes custos da assistência médica. Questionava-se também o modelo de saúde vigente à época, que visava o cuidado medicocêntrico enfatizando as patologias crônicas, sem, contudo, se observar resultados satisfatórios. Lalonde concluiu em seu informe que a saúde é resultado de alguns determinantes, quais sejam: a biologia humana, ambiente, estilo de vida e a organização da assistência à saúde; além disso, pode ser verificado que o país à época investia grande parte dos recursos em organização da assistência em detrimento dos demais fatores igualmente importantes. Lalonde concluiu em seu informe que a saúde é resultado de alguns determinantes, quais sejam: a biologia humana, ambiente, estilo de vida e a organização da assistência à saúde; além disso, pode ser verificado que o país à época investia grande parte dos recursos em organização da assistência em detrimento dos demais fatores igualmente importantes. Em 1986 ocorreu a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, no Canadá. O resultado desse encontro, a Carta de Ottawa, firmou-se como a referência essencial para o mundo no tocante ao desenvolvimento de ações de promoção de saúde. Ainda de acordo com o mesmo autor, este documento deu origem ao conceito atual de promoção de saúde e nesta perspectiva busca capacitar 28 a comunidade afim de garantir melhoria da qualidade de vida, participando ativamente deste processo. “Subjacente a este conceito, o documento assume que a saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida. A saúde é entendida, assim, não como um objetivo em si, senão como um recurso fundamental para a vida cotidiana” (BUSS, 2000, apud OLIVEIRA 2017, p. 26). Apesar do fonoaudiólogo nos dias atuais compor as equipes de atenção básica, sejam elas nas UBS´s tradicionais ou atualmente em equipes de NASF, o delineamento da atuação nesse seguimento ainda não está consolidado. Questões acerca do que se espera desse profissional na atenção básica à saúde e quais as interfaces da especificidade da fonoaudiologia com a saúde pública são demandantes para se compreender o contexto do trabalho fonoaudiológico no SUS. Em publicação da década de noventa, Servilha et. al. (1994) também mencionam o fato da formação do fonoaudiólogo à época estar voltada à atuação em âmbito privado, tendo sido priorizado o trabalho de reabilitação em detrimento às práticas coletivas de promoção de saúde, afirmando que raramente as universidades propiciavam formação suficiente e adequada no âmbito deSaúde Pública. As autoras apontavam ainda o recente início da mudança desse paradigma, por meio das reformulações curriculares e do princípio das contratações de fonoaudiólogos em serviços públicos de saúde. O fato do fonoaudiólogo não estar tradicionalmente inserido na equipe mínima dos Centros de Saúde fazia com que as instituições de ensino superior não se dedicassem a oferecer formação em Saúde Pública aos alunos de fonoaudiologia, resultando na falta de preparo na base de ensino desses profissionais. As diretrizes curriculares atuais do curso de graduação em Fonoaudiologia deixam claro ser essencial que a formação do fonoaudiólogo esteja pautada na capacidade de trabalho em atenção à saúde envolvendo ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo Conselho Regional de Fonoaudiologia (2002). Não obstante, ainda que inseridos na atenção básica, a organização do trabalho fonoaudiológico manteve-se a mesma utilizada para atendimentos em consultórios particulares, ou seja, pautando-se na reabilitação, gerando dissonância de interesses entre profissionais e a organização do serviço público. (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 28). 29 Segundo Nicolotti e Da Ros (2009), apesar da inserção do fonoaudiólogo atualmente nos equipamentos de saúde do SUS, percebe-se a dificuldade quanto à identificação de sua prática nesse sistema. Em pesquisa realizada por Santos e Lemos (2011), constatou-se que grande parte da amostra de estudantes de fonoaudiologia se envolveu muito pouco ao longo da graduação com temas relacionados à promoção de saúde, sendo que se aproximaram do tema somente em seu caráter obrigatório e teórico. Há duas décadas era provável que o fonoaudiólogo concluísse a graduação não sabendo lidar com o trabalho em atenção básica de saúde, tendo que buscar esse conhecimento durante a prática cotidiana Eskelsen (2006). Entretanto, nos dias de hoje não se pode dizer o mesmo. Nas grades curriculares atuais encontram-se conhecimentos globais como questões culturais, emocionais, físicas, ambientais e econômicas que enriquecem a construção do conhecimento favorecendo a prática desse profissional em âmbito público com destreza Lipay (2007). Diniz e Bordin (2011), constataram a importância da formação dos fonoaudiólogos voltada para a promoção de saúde. Essa mudança de paradigma garantiria possibilidades de ações coletivas para as alterações fonoaudiológicas de maior ocorrência, tendo-se em mente que a demanda é frequentemente maior que os recursos técnicos e humanos disponíveis. Nesse sentido, é coerente que os profissionais conheçam a população que demanda atendimentos na atenção básica, com o objetivo de elaborar melhores estratégias de cuidado. A esse respeito, Tomasi et al. (2011), afirmam que a caracterização da população é fundamental para se planejar todo o sistema. No contexto da atenção básica a relevância é ainda maior uma vez que se trata da porta de entrada da população no sistema de saúde, onde todas as queixas de saúde são disparadas inicialmente. Além disso, segundo os autores, os serviços de atenção básica representam cerca de um terço de todos os atendimentos realizados no país, o que justifica a necessidade de priorizar esse setor de atendimento. A atuação fonoaudiológica em atenção básica é relevante devido à grande parcela da população passível de ser beneficiada por programas em que a fonoaudiologia esteja atuando bem como pela característica essencialmente preventiva das ações educativas que podem ser realizadas nesse ambiente (21) que por essência está voltado a políticas de promoção de saúde. 30 [...] é consenso que inquéritos de base populacional são as ferramentas mais indicadas para caracterização do perfil de morbidade de uma determinada população apesar de nem sempre serem exequíveis. Há nesse caso outra alternativa que são os estudos de demanda, que garantem informações acerca do perfil dos sujeitos demandantes além dos motivos da busca pelo atendimento. (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 28). 7 FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR A principal atuação da Fonoaudiologia nos hospitais acontece devido aos quadros de distúrbios de deglutição, que necessitam de intervenção mais imediata muitas vezes já na UTI. Em função dos riscos de broncoaspiração, infecção respiratória, complicações pulmonares, desnutrição, desidratação e prolongamento do tempo de internação faz-se necessário uma maior precisão diagnóstica e um tratamento precoce do quadro disfágico (RODRIGUES e FURKIM, 2008; PETERSON et. al., 2010 apud MARIA, 2016). No atendimento do paciente internado, a avaliação do fonoaudiólogo é fundamental para a manutenção da vida do paciente, prevenindo possíveis complicações, proporcionando ajustes para possíveis alterações de comunicação e deglutição (BARCELLOS et al., 2009) apud (BARROS et al, 2000). Além disso, é fundamental trabalhar em prol de uma boa integração da equipe multidisciplinar, com adequada adesão aos protocolos propostos, comprometimento e adequação dos recursos com medidas que propiciem benefícios para o paciente, possibilitando um desfecho adequado satisfatório para todos, a equipe multidisciplinar, os pacientes e seus familiares (MAZZA, 2014). A avaliação da deglutição do paciente hospitalizado pode requerer além de uma avaliação clínica realizada a beira do leito guiada por protocolos padronizados, a realização de exames complementares com objetivo de compreender melhor as alterações apresentadas no exame clínico. Atualmente, dois são os exames objetivos de deglutição mais realizados: a avaliação endoscópica da deglutição e a videofluoroscopia da deglutição. Avaliação endoscópica da deglutição é um exame que pode ser realizado na beira do leito do indivíduo pelo otorrinolaringologista, acompanhado pelo fonoaudiólogo e tem a missão de avaliar, primeiramente, por meio da nasolaringofibroscopia, estruturas anatômicas, lesões estruturais, assimetrias, alterações orgânicas, processos inflamatórios ou infecciosos. 31 Na avaliação da motricidade, observa-se paresia ou paralisia do palato mole, das pregas vocais, paralisia ou tremores da base de língua, estase de secreção salivar em valeculas e seios piriformes, ausência de contração das paredes da faringe durante a deglutição seca, resíduos salivares após a deglutição, penetração laríngea, aspiração traqueal com ou sem reflexo de tosse e os mecanismos de proteção das vias aéreas. A avaliação da sensibilidade é realizada pela investigação da tosse, do reflexo adutor laríngeo (RAL) e do reflexo de proteção das vias aéreas (AZZAM; SAKAI, 1997, apud FERREIRA, 2016, p.7). A Videofluoroscopia da deglutição tem a finalidade de avaliar as fases da deglutição a inter-relação entre elas, consentindo assim a compreensão da fisiologia e fisiopatologia da deglutição. As fases da deglutição a serem estudadas são: fase preparatória oral, oral faríngea e esofágica. O exame é realizado no setor de radiologia, na presença do fonoaudiólogo, do médico radiologista, do auxiliar de enfermagem e do técnico de radiologia. O contraste a ser usado é o bário em duas consistências líquidas e pastosas, e os alimentos conforme a anamnese, nas consistências líquidas, líquida engrossada, cremosa, semissólida e sólida. O exame é gravado em vídeo, favorecendo a análise posterior, para então ser laudado pelo fonoaudiólogo e médico radiologista (AZZAM; SAKAI, 1997). Apesar da existência dessas tecnologias, diversos trabalhos demonstram que elas não substituem uma boa avaliação clínica a beira do leito. Sendo o padrão ouro para o diagnóstico das disfagias orofaríngeas: Avaliação Clínica + Exames Objetivos (preferencialmente a Videofluroscopia). Além disso, essas tecnologias ainda não são uma realidade em grande parte dos hospitais brasileiros, fazendo com que os fonoaudiólogostenham que basear suas condutas apenas no resultado de avaliações clínicas realizadas a beira do leito. Por esse motivo, a literatura ressalta a importância em se estabelecer protocolos padronizados para guiar essas avaliações clínicas aumentando o seu poder de diagnóstico das disfagias orofaríngeas. 7.1 Atuação Fonoaudiológica nos Leitos Adultos Quando o paciente se encontra internado no leito, significa que não está com risco à vida, porém para a realização da avaliação Fonoaudiológica, o paciente necessita estar dentro de alguns parâmetros pré-estabelecidos para ser realizada a avaliação da deglutição. 32 A avaliação no leito tem como objetivo verificar se o paciente apresenta ou não o quadro de disfagia. Sua realização conta com o uso do oxímetro de que é a medida da saturação periférica de O2, ausculta cervical na intenção de identificar penetração laríngea e observações de outros sinais clínicos como cianose, alteração de frequência cardíaca e respiratória. Quando o paciente possui a disfagia, a saturação pode cair no momento em que realiza a deglutição, indicando um comprometimento do sistema respiratório. Essa queda é observada em pacientes que aspiram com alimentos de consistência sólida e líquida, antes durante e após a alimentação, quando comparados aos indivíduos que não aspiram (CARDOSO, 2010, apud FERREIRA, 2016, p.7). Existem vários protocolos de triagem e de avaliação da deglutição que tem por finalidade avaliar a segurança da deglutição com variadas consistências, determinando a partir do desempenho do paciente o grau da disfagia. (BARROS, 2000). A escolha por qual protocolo utilizar deve sempre levar em conta as peculiaridades dos serviços envolvidos e o perfil de pacientes avaliados. 7.2 Atuação Fonoaudiológica na UTI Adulto Quanto à atuação da fonoaudiologia na UTI adulto, Moraes et al. (2006) afirmam que é um trabalho para a manutenção da vida do paciente, prevenindo complicações e promovendo uma qualidade de vida para ele quando se pode permitir que o mesmo se alimente por via oral mantendo um suporte nutricional adequado, porém a disfagia pode acarretar quadros de problemas nutricionais, pulmonares e desidratação. Essa intervenção se dá quando o quadro clínico e respiratório do paciente se encontra estável, pois a disfagia segundo Moraes et al. (2006) ocorre com frequência nestes casos. O fonoaudiólogo tem o dever enquanto membro da equipe de UTI adulto, avaliar a disfagia segundo Moraes et al. (2006) de forma criteriosa e cautelosa, sem colocar o quadro clinico do paciente em risco e promovendo então um auxílio a prevenção da redução de complicações como pulmonares, hidratação e nutrição e ainda auxilia na diminuição do tempo de internação e custos hospitalares. 33 Desta maneira, faz-se necessária muita atenção às dificuldades expressadas como: “[...]desconforto durante a deglutição, tosse, engasgos, múltiplas deglutições para um pequeno bolo, resíduos orais de alimento, escape oral, sensação de algo parado na garganta, regurgitação oral e/ou nasal, dificuldade para emitir sons da fala pós-deglutição com alteração da qualidade vocal, sialorréia, alteração do ritmo respiratório, sudorese e fadiga após poucas deglutições. ” (MORAES et al., 2006, apud FERREIRA, 2016, p.8). Associado a reintrodução da alimentação por via oral e retirada da sonda, segundo Moraes et al. (2006) o fonoaudiólogo promove o retorno do prazer alimentar. O indivíduo quando é internado em na UTI, indica risco de vida por instabilidade das funções dos órgãos vitais (cardiovascular, ventilatória, renal, hepática, neurológica, entre outras). Muitas vezes, sofre falências em múltiplos órgãos e requerem cuidados médicos contínuos e imediatos, seja por meio de medicações, adequação e ajuste dos aparelhos de monitorização cardíaca, respiratórias, sondas e drenos ou outras condutas de emergência. A conservação do paciente na UTI ocorre enquanto houver instabilidade clínica e risco de morte. O profissional fonoaudiólogo que trabalha na UTI requer conhecer todo o sistema e funcionamento dos aparelhos que são utilizados. O indivíduo na maioria dos casos, faz o uso de nutrição alternativa, seja por via enteral ou parenteral, especialmente por não apresentar disposições neurológicas que possibilite a oferta de VO. Quanto à questão respiratória, pode estar em ventilação assistida invasiva (ventilação mecânica) ou não invasiva (BIPAP, CPAP), intubado por via nasal ou oral, traqueostomizado com cânula plástica, com ou sem a presença de balonete (cuff), com cânula metálica, usando máscara facial, de Venturi, ou somente cateter de oxigênio (OLIVEIRA,2003). 7.3 Atuação Fonoaudiológica na UTI Neonatal Assim como acontece na UTI Adulto, a atuação fonoaudiológica na UTI Neonatal também busca prevenir complicações referentes à introdução inadequada de via oral, bem como identificar precocemente alterações auditivas. Para tanto são realizados: 1) procedimentos de estimulação sensório motora oral para adequar os padrões de sucção visando o aleitamento materno, uma boa interação mãe-bebê garantindo segurança da ingestão oral 2) é realizado o “Teste da Orelhinha” por meio 34 do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas que tem como objetivo identificar precocemente distúrbios auditivos que possam prejudicar o indivíduo. Desse modo, o fonoaudiólogo apresenta-se na equipe neonatologia com um profissional essencial uma vez que possui conhecimento otimizado da anatomofisiologia das funções estomatognáticas (sucção, respiração, deglutição) (COUTO DE, NEMR K, 2005), tendo como objetivo localizar alterações orofaciais no recém-nascido (RN), proporcionar a sucção no seio materno e melhorar a interação mãe/ bebê, aumentando desta forma a qualidade de vida dos mesmos (HERNANDEZ, A.M, 2003). O recém-nascido pré termo (RNPT) por não ter completado seu desenvolvimento intrauterino apresenta imaturidade funcional e estrutural de órgãos e sistemas, e como consequência manifesta um padrão de desenvolvimento motor diferente das crianças nascidas a termo. As dificuldades de adaptação estão relacionadas à imaturidade global, o que inclui inabilidades motoras orais para coordenação da sucção - deglutição – respiração, dificultando a realização da alimentação por via oral e, consequentemente, prejudicando seu estado nutricional (COSTA, 2007, apud FERREIRA, 2016, p.10). Além disso, estudos indicam que em longo prazo, crianças que apresentaram dificuldades alimentares iniciais podem apresentar problemas na introdução e na tolerância de alimentos sólidos no período da infância (HAWEON, BEAUREGARD, KENNEDY, 2000). A introdução da alimentação via oral nos RNPT na maioria das Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais, já pode ser realizada por volta de 34ª semanas de idade gestacional, mediante os critérios variáveis e discutíveis. A idade gestacional é, vista de forma isolada, um critério ruim para a indicação da transição da alimentação, já que outras variáveis são importantes e devem ser consideradas como a estabilidade clínica, estado de consciência, habilidade motora- oral e coordenação das funções de sucção, deglutição e respiração (LEMONS, 1996). O peso também é um critério ruim para a indicação do início da transição da alimentação oral, pois não considera a maturidade do prematuro. Os bebês nascidos de muito baixo peso ou prematuros extremos sofrem uma privação sensorial intensa, já que eles demoram a atingir o peso e, nem por isso, apresentam atraso no neuro desenvolvimento e maturidade motora oral (THOYRE.S.M, 2003). Desta forma, 35 reforça-se a importância de uma avaliação global que antecipe, de forma objetiva, segura e funcional, a transição da alimentação gástrica para via oral. Diante disso foi proposto por Fujinaga em 2005 um instrumento de avaliação da prontidão do prematuro para iniciar a transição daalimentação gástrica para via oral, e seu guia instrucional. O instrumento é constituído dos seguintes itens: idade corrigida; estado de consciência; postura e tônus global; postura dos lábios e língua; reflexo de procura, sucção, mordida e vômito; movimentação e canolamento de língua; movimentação de mandíbula; força de sucção; sucções por pausa; manutenção do ritmo de sucção por pausa; manutenção do estado alerta e sinais de estresse (FUJINAGA et al, 2009, apud FERREIRA, 2016, p.10). Essa intervenção auxilia no desenvolvimento RNT e de risco, RNPT, RN de baixo peso (RNBP), pequenos para a idade gestacional (RNPIG), como também no RN portador de patologias específicas as quais comprometem o sistema sensório motor oral (SSMO), sendo seu trabalho essencial para a evolução destes quadros (BROCK, 1998). Os avanços nos cuidados neonatais e perinatais têm levado a um aumento na sobrevivência de RN com idade gestacional e peso ao nascer (PN) cada vez mais reduzido. Contudo, faz-se necessário o acompanhamento cuidadoso dessas crianças, uma vez que eles apresentam maior vulnerabilidade em relação às alterações do desenvolvimento neuropsicomotor (AURÉLIO et al., 2002; MANCINI et al., 2002, apud FERREIRA, 2016, p.11). Em relação à importância da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), trata-se do acompanhamento auditivo dos RNs realizando a triagem auditiva antes de um mês de vida, e no caso de falhas na triagem auditiva inicial e no reteste devem receber avaliação médica e audiológica apropriada para confirmar a perda auditiva antes dos 3 meses de idade. Crianças que possuem indicadores de risco para perda auditiva devem ser acompanhadas a cada seis meses por três anos (MANFREDI, 2002). Essa identificação precoce de possíveis perdas auditivas é importante para que antes dos 3 meses de idade já se possa ter o diagnóstico e iniciar uma intervenção evitando maiores prejuízos para o desenvolvimento dos bebês (GATANU). Em suma, compreende-se que quando o paciente está no leito, a atuação do fonoaudiólogo, segundo Leite et al. (2003); 36 [...] tem um caráter mais preventivo e intensivo, com o objetivo de impedir e ou diminuir sequelas da comunicação ou deglutição que as patologias de base possam deixar. Para tanto, a atuação inicia-se logo após o paciente esteja estável seguindo critérios clínicos pré-estabelecidos garantindo segurança na avaliação fonoaudiológica, sem horários fixos. (LEITE et al., 2003, apud FERREIRA, 2016, p.12). A fonoaudiologia hospitalar é diferente da ambulatorial, além da intervenção quando os sintomas já estão instalados, caracteriza-se também pela intervenção dos pacientes precocemente, que não tenham os sintomas instalados, já que os mesmos estão “disponíveis” para a intervenção (LEITE, 2003). 8 FONOAUDIOLOGIA DO TRABALHO A Saúde do Trabalhador (ST), de acordo com o Ministério da Saúde (2001), pode ser compreendida como área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre as condições de trabalho e a saúde da população. As ações em ST visam à promoção da saúde, o cuidado e a assistência, além de medidas de vigilância das exposições ocupacionais e dos agravos relacionados ao trabalho. Dentre esses agravos, dois comprometem o trabalhador em suas habilidades de comunicação: a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e os Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho (DVRT). A PAIR decorre da exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora e se manifesta pela diminuição gradual e irreversível da acuidade auditiva1-3, o que pode comprometer a qualidade de vida do trabalhador e gerar custos para o próprio indivíduo, família e sociedade. Araújo (2002). A PAIR, porém, é passível de prevenção através da adoção de medidas de caráter coletivo ou individual. Meira (2012). Por sua vez, o DVRT pode ser compreendido como qualquer forma de desvio vocal diretamente relacionado ao uso da voz durante a atividade profissional que diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou comunicação do trabalhador, o que pode levar a prejuízos emocionais, na atividade profissional e socioeconômicos. (FERREIRA, 2011, apud GUSMÃO 2018, p. 2). Conforme a Lei nº 6.965, de 9 de dezembro de 1981, o fonoaudiólogo é o profissional que tem como centro de sua formação e missão o cuidado com a saúde dos indivíduos no que se refere à comunicação humana, em seus diversos aspectos, atuando em promoção da saúde, prevenção, diagnóstico e reabilitação de distúrbios, 37 como os de voz e audição. Para o Conselho Federal de Fonoaudiologia, a partir da Resolução Nº 428 (2013), no âmbito das ações de vigilância em ST, compete ao fonoaudiólogo: elaborar diagnóstico situacional do ambiente, verificar o perfil epidemiológico dos agravos, atuar para melhoria das condições ambientais contribuindo para a prevenção de riscos, indicar equipamentos de proteção individual, além de monitorar, elaborar e gerenciar ações voltadas para a saúde geral e bem- estar do trabalhador. Assim, compreende-se que o fonoaudiólogo envolvido com a ST deve atuar norteado pela integralidade do cuidado, não se restringindo às ações específicas de assistência ou da sua área de especialidade. Em 2002, foi instituída no Brasil, através da Portaria Nº 1.679, a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), uma rede de informação e práticas de saúde cujo objetivo é irradiar as ações de ST no Sistema Único de Saúde (SUS) e articular as ações intra e intersetoriais, de vigilância e de promoção da saúde para promover atenção integral a todos os trabalhadores do País10. Segundo a Portaria de Nº 2.437/2005, o provimento de retaguarda técnica para as ações em ST no SUS é função dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). A atuação do fonoaudiólogo em saúde do trabalhador perpassa não apenas os ambientes com agentes de risco para a saúde como ruído, produtos químicos, indústrias, mas também as ações de vigilância. Participa de equipes de referência em saúde do trabalhador (CERESTs), em assessoria, planejamento, programação, acompanhamento e avaliação das ações, na discussão da organização dos processos produtivos e suas consequências no meio ambiente (controle social) e no acompanhamento específico aos profissionais da voz, reduzindo, por exemplo, o número de afastamento de professores de seu trabalho. De acordo com a Portaria supracitada e com o Manual de Gestão e Gerenciamento da Renast (2006), a equipe técnica mínima dos Cerest estaduais deve ser composta por pelo menos cinco profissionais de nível médio e dez profissionais de nível superior, enquanto que para os Cerest regionais são previstos pelo menos quatro profissionais de nível médio e seis profissionais de nível superior. (GUSMÃO 2018, p. 2). O fonoaudiólogo está relacionado entre aqueles que podem ser alocados na equipe, mas não obrigatoriamente, assim como odontólogos, engenheiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, entre outros. Sabe-se, no entanto, que a Portaria Nº 2.437/2005 foi revogada em 2009 e que a proposta de conformação da 38 equipe mínima dos Cerest é uma das pautas em discussão para implementação de mudanças na Renast. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Z. Antecedentes históricos do Sistema Único de Saúde: breve história da política de saúde no Brasil. In: Aguiar Z, editor. SUS Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari; 2001. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Arlington, VA: American Psychiatric Association; 2013. AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Central auditory processing disorders. Rockville: ASHA; 2005. AZZAM, R. S; SAKAI, P. Distúrbios da deglutição. Tratado de endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica: esôfago.
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