Buscar

FONOAUDIOLOGIA-ASPECTOS-CONCEITUAIS-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2 FONOAUDIOLOGIA ............................................................................................. 4 
2.1 AUDIOLOGIA .................................................................................................... 5 
2.2 Disfagia ............................................................................................................. 8 
2.3 Fonoaudiologia educacional .............................................................................. 9 
2.4 Linguagem ....................................................................................................... 10 
2.5 Motricidade orofacial ....................................................................................... 12 
2.6 Saúde coletiva ................................................................................................. 14 
2.7 Voz .................................................................................................................. 15 
2.8 Gerontologia .................................................................................................... 16 
2.9 Neuropsicologia ............................................................................................... 17 
2.10 Fluência ........................................................................................................ 17 
2.11 Fonoaudiologia Neurofuncional .................................................................... 18 
2.12 Fonoaudiologia do trabalho .......................................................................... 18 
3 PRAGMÁTICA .................................................................................................... 18 
4 SEMÂNTICA ....................................................................................................... 19 
5 MORFOLOGIA E SINTAXE ................................................................................ 20 
6 FONOAUDIOLOGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................... 21 
7 FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR .................................................................... 30 
7.1 Atuação Fonoaudiológica nos Leitos Adultos .................................................. 31 
7.2 Atuação Fonoaudiológica na UTI Adulto ......................................................... 32 
7.3 Atuação Fonoaudiológica na UTI Neonatal ..................................................... 33 
8 FONOAUDIOLOGIA DO TRABALHO ................................................................. 36 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 38 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
2 FONOAUDIOLOGIA 
 
Fonte: patriciafaro.com.br 
Fonoaudiologia é a ciência da área da Saúde que atua na promoção, 
prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e 
aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e 
central, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e outros 
sistemas. 
Conhecida por sua atuação em voz e fala, a Fonoaudiologia não se restringe a 
isso. Ela cuida de todos os processos de comunicação humana e seu 
desenvolvimento, da sucção do leite materno à deglutição na melhor idade. 
São 12 as especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de 
Fonoaudiologia. 
 
5 
2.1 AUDIOLOGIA 
 
Fonte: sintrajud.org.br 
A Audiologia é uma especialidade da Fonoaudiologia voltada aos distúrbios de 
comunicação oriundos do sistema auditivo. Essa área estuda e trata problemas 
relacionados à captação, percepção e interpretação de sons advindos de diversas 
origens. 
O especialista é responsável pelo diagnóstico e tratamento de tais 
disfunções, além de poder atuar com pesquisa e desenvolvimento. No 
entanto, os campos de trabalho mais comuns e relevantes dessa profissão 
são a Audiologia Clínica e a Ocupacional. (CLARA, 2018, p. 3). 
De modo geral, qualquer especialidade pode ser aplicada em mais de um 
contexto profissional. E é nisto que reside a diferença entre a Audiologia Clínica e 
a Audiologia Ocupacional, ou seja, a ênfase de atuação do especialista. 
A Audiologia Clínica, como o nome sugere, abrange a intervenção em clínicas 
de Fonoaudiologia e atende pacientes em um contexto bastante abrangente. Inclui 
pessoas de todas as idades, do nascimento à velhice, e patologias, tanto congênitas 
quanto adquiridas. 
Já a Audiologia Ocupacional enfatiza a prática no contexto trabalhista. Nesse 
ramo, o especialista é demandado para realizar testes audiométricos admissionais, 
periciais e ocupacionais. Portanto, avalia a audição de candidatos em processos 
seletivos e possíveis déficits oriundos de atividades laborais. 
https://utp.br/centros/clinicas/clinica-de-fonoaudiologia/
https://utp.br/centros/clinicas/clinica-de-fonoaudiologia/
 
6 
É inegável que, apesar de a comunicação humana se dar em diferentes 
esferas, a linguagem oral é o sistema mais utilizado e eficiente de troca de 
informações da nossa sociedade. Assim, a audição se caracteriza como 
importante elo na cadeia de comunicação, e a presença de limitações em 
acuidade e precisão poderá acarretar alterações no desenvolvimento do 
indivíduo e comprometimento da comunicação. (CARTOLANO, 2018, p. 120). 
A acuidade auditiva pode estar comprometida por questões de ordem condutiva 
ou neurossensorial. As perdas auditivas do tipo condutivo estão relacionadas à 
condução dos sons pela orelha externa e média e podem ser ocasionadas por 
situações como rompimento da membrana timpânica, presença de secreção ou cera 
em excesso. Já as perdas auditivas do tipo neurossensorial são relacionadas às 
alterações em orelha interna ou no nervo auditivo e podem ser causadas por lesões 
nessas estruturas ou por condições genéticas. Essas perdas, a depender do grau, 
podem afetar a compreensão de linguagem oral e aquisição dos sons da língua para 
produção de fala. 
 O grau da perda auditiva está relacionado com a habilidade de ouvir a fala. 
Existem diversas classificações para caracterizar o grau das perdas, mas todas 
utilizam a média dos limiares tonais em determinadas frequências, normalmente nas 
frequências 500, 1.000 e 2.000 Hz. A classificação mais utilizada é a de Lloyd e Kaplan 
(9), apresentada no Quadro 1. 
Quadro 1. Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Lloyd e 
Kaplan (9) 
 
(LLOYD, 2013, apud CARTOLANO, 2018, p. 120). 
Ao pensarmos em perdas auditivas durante o desenvolvimento infantil, é 
preciso considerar que a aquisição dos sons da língua ocorre a partir da exposição a 
 
7 
eles no meio, experiência na produção desses sons e do feedback auditivo. Sendo 
assim, o déficit na chegada das informações auditivas pode causar alterações na 
produção de fala. Porexemplo, uma criança que possui perda auditiva leve ou 
moderada pode apresentar dificuldades na diferenciação de fonemas como /f/ e /v/, 
/p/ e /b/ ou /s/ e /z/; dessa forma, ela poderá apresentar déficit na compreensão, 
alteração na produção desses fonemas durante a fala e, consequentemente, trocas 
na escrita. 
 Existem diversos exames para a verificação da acuidade auditiva, variando de 
acordo com a hipótese diagnóstica (alteração condutiva ou neurossensorial), a idade, 
habilidade e colaboração do indivíduo para fornecer as respostas. 
Desde 2010 é assegurado por lei que todos os bebês nascidos em território 
brasileiro sejam submetidos ao Programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal 
(TANU), que consiste nos exames de Emissões Otoacústicas (EOA) e/ou Potencial 
Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) para rastreio de perdas auditivas 
maiores que 35 dBNA. Esses exames fornecem dados objetivos quanto à acuidade 
auditiva independentemente da colaboração do indivíduo testado, pois coletam 
informações eletrofisiológicas. Esses mesmos exames podem ser realizados com 
indivíduos em qualquer faixa etária e são de grande valia para situações em que o 
sujeito testado apresenta dificuldades em fornecer respostas aos estímulos. 
A avaliação audiológica infantil é o exame mais comumente utilizado para 
pesquisa de limiares auditivos em crianças. Baseia-se na correlação do 
comportamento da criança frente aos estímulos sonoros apresentados e, por 
isso, é considerada um teste subjetivo. A metodologia utilizada dependerá da 
idade e do nível de desenvolvimento da criança a ser avaliada. Os métodos 
mais utilizados são: Audiometria Comportamental, Audiometria Lúdica 
Condicionada, Audiometria de Reforço Visual (VRA) e Audiometria de Campo 
Livre. (CARTOLANO, 2018, p. 121). 
Outro aspecto importante na avaliação da audição é o processamento auditivo. 
Por Processamento Auditivo Central (PAC), entende-se a eficiência e efetividade do 
sistema nervoso central em utilizar a informação auditiva (2). Indivíduos com 
desordem do processamento auditivo (DPA) apresentam queixas de dificuldade de 
compreensão da informação recebida pela via auditiva, apesar de não apresentarem 
alterações na acuidade auditiva. Essa desordem tem sido observada em diversas 
populações, incluindo aquelas com suspeita de doença do sistema nervoso central ou 
desordens do desenvolvimento do sistema nervoso central e algumas em que o 
 
8 
envolvimento do sistema nervoso central é claro (exemplos: afasia, epilepsia, tumores, 
entre outras). 
Existem diversos testes para a avaliação do processamento auditivo; muitos 
são complementares e avaliam diferentes habilidades do processamento. A seleção 
desses testes bem como a quantidade de testes que serão necessários para a 
obtenção do diagnóstico variam de acordo com o histórico e a queixa do paciente e 
devem ser definidas pelo audiologista responsável para avaliação. 
As habilidades avaliadas são: atenção seletiva, fechamento auditivo (completar 
a informação quando algumas partes foram omitidas), integração e síntese binaural 
(integrar estímulos apresentados simultaneamente ou alternadamente para ambas as 
orelhas), figura-fundo (identificar o estímulo-alvo na presença de outros sons 
competitivos), separação binaural (escutar com uma orelha e ignorar o estímulo para 
a orelha oposta), associação (estabelecer correspondência entre um som e sua fonte 
sonora), localização sonora (localizar a fonte sonora a partir da audição binaural), 
discriminação (determinar se estímulos são iguais ou diferentes e reconhecer 
diferenças sutis) e memória auditiva. Como resultado um indivíduo pode apresentar 
comprometimento em uma ou mais habilidades. Tais habilidades podem ser 
fortalecidas e a dificuldade superada. 
É importante que os profissionais envolvidos no acompanhamento de crianças 
tenham atenção às questões ligadas à audição para identificar a necessidade de 
avaliação específica e intervenção oportuna, quando houver necessidade, visando à 
promoção de facilitadores do desenvolvimento global do indivíduo. 
2.2 Disfagia 
É uma alteração da deglutição, ou seja, do ato de engolir alimentos ou saliva. 
Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma que indica prejuízo no ato de 
engolir ocasionado por diversos fatores, dentre eles: trauma em região da cabeça e 
pescoço, acidente vascular cerebral, demências, doenças neuromusculares, 
intubação orotraqueal prolongada e câncer de cabeça e pescoço. O tratamento das 
alterações da deglutição deve envolver uma equipe multidisciplinar, composta no 
mínimo por médicos, enfermeiros, nutricionistas e fonoaudiólogos. Na equipe, o 
fonoaudiólogo é o profissional apto para lidar com os distúrbios da deglutição e da 
comunicação, sendo o responsável pelo diagnóstico e intervenção da disfagia. 
 
9 
O diagnóstico da disfagia é, em geral, realizado pelo fonoaudiólogo, através 
da avaliação funcional da deglutição. Para o diagnóstico e indicação de 
tratamento são realizados: anamnese fonoaudiológica, avaliação funcional da 
deglutição, avaliação instrumental através da ausculta cervical e definição de 
conduta e tratamento através de programas de reabilitação. (FRAGA, 2018, 
p.2). 
O fonoaudiólogo, ainda, sugere e indica exames complementares para auxiliar 
no diagnóstico e tratamento da disfagia e direciona o caso junto à equipe 
interdisciplinar. Exames complementares podem ser indicados, como a vídeo 
fluoroscopia e a nasolaringofibroscopia. 
2.3 Fonoaudiologia educacional 
A atuação fonoaudiológica no âmbito educacional, é marcada historicamente 
por ações que se preocupavam com o processo de “doença”, no sentido de tratar o 
indivíduo em base de avaliações e terapia fonoaudiológica, com o objetivo de 
normatizar as alterações da comunicação oral e escrita. Mas, com mudanças 
ocorridas nesta conjuntura, na atualidade o Conselho Federal de Fonoaudiologia 
determinou que: 
“A Fonoaudiologia Educacional é uma área de especialização da 
Fonoaudiologia voltada ao estudo e atuação para a promoção da Educação, 
em todos os níveis ou modalidade de ensino” (SISTEMAS DE CONSELHO 
FEDERAL E REGIONAIS DE FONOAUDIOLOGIA, 2015, apud MAURICIO, 
2018, p. 2). 
Assim, este profissional deve acrescentar qualidade ao processo educacional, 
mas com a diferenciação de na atualidade dar ênfase também a formação de 
professores, e pautar-se em promover o processo de aprendizagem, tornando-se um 
diferencial na escola em que atua. Nesta atuação dentro da escola e no processo 
educativo, o fonoaudiólogo não deve apenas identificar as alterações da linguagem 
oral escrita, mas também propiciar o desenvolvimento das mesmas. 
Dessa maneira, o fonoaudiólogo deve estabelecer seus atos e objetivos de 
educação em conjunto com a escola. Então esse paradigma de que o 
fonoaudiólogo deve atuar na promoção da educação na escola e não na 
promoção da saúde precisa ser quebrado (KÜESTER, CASTELEINS, 2001, 
apud MAURICIO, 2018, p. 2). 
O domínio do especialista em Fonoaudiologia Educacional inclui 
aprofundamento em estudos específicos e atuação em situações que contribuam para 
 
10 
a promoção, aprimoramento e prevenção de alterações dos aspectos relacionados à 
audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral e voz e que favoreçam e otimizem 
o processo de ensino e aprendizagem. 
2.4 Linguagem 
 
Fonte: gazeta670.com.br 
É a especialidade que trabalha com os aspectos que envolvem a 
comunicação oral e escrita. O seu desenvolvimento dá-se desde a infância 
até a idade adulta. Pessoas com problemas de comunicação (expressão e 
compreensão) podem ter dificuldades na sua integração social e profissional. 
(COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003). 
Antes de compreender a totalidade da linguagem, é necessário esclarecer que 
linguagem é diferente de comunicação, de fala e de língua. Apesar de todos esses 
aspectos estarem interligados, é possível e necessário, em umaavaliação 
fonoaudiológica, distinguir e compreender todas essas áreas para identificar de 
maneira precisa as áreas deficitárias e as áreas comprometidas de maneira 
secundária. 
A comunicação é o ato de “partilhar” ou “tornar comum” algo, sejam 
sentimentos, sensações, fatos, ideias etc. Em um processo de comunicação, 
é necessário que haja esses seis elementos: o emissor, aquele que envia a 
mensagem; o receptor ou destinatário, que é quem recebe, decodifica e 
interpreta a mensagem; a mensagem, que carrega o conteúdo, aquilo que se 
deseja comunicar; o código, conjunto de signos e regras com os quais a 
mensagem é elaborada; e por fim e não menos importante, o contexto, que é 
a situação à qual a mensagem está se referindo. (JAKOBSON, 2010, apud 
CARTOLANO, 2018, p. 122). 
 
11 
A língua também possui caráter social. O indivíduo, por si só, não pode criá-la 
nem a modificar, pois se trata essencialmente de um produto coletivo. A língua é um 
sistema de sinais que possui suas próprias regras que permite a comunicação de um 
determinado grupo. Já a fala é um ato motor, resultado de um sistema neuromuscular 
em que é necessário produzir fonética e fonologicamente os signos de uma 
determinada língua. Ou seja, é um dos meios de expressar a língua. 
A linguagem é um sistema dinâmico e complexo de códigos e símbolos 
convencionais e organizados. Ou seja, é a base do conteúdo da mensagem que um 
indivíduo deseja transmitir ao outro e que permite a própria interação. A linguagem, 
de maneira simplificada, é a capacidade que o humano possui em atribuir um 
significado a tudo com o que interage, desde elementos concretos e observáveis, 
como objetos, até elementos subjetivos como sentimentos, teorias etc. 
Pensando na avaliação fonoaudiológica em um quadro de Distúrbio do 
Desenvolvimento, é preciso realizar uma varredura desde as habilidades sociais e pré-
linguísticas primordiais para o desenvolvimento de linguagem até os aspectos 
linguísticos o quanto antes, visando à intervenção oportuna. Para isso, é necessário 
que o avaliador tenha conceitos bem definidos, como o processo de aquisição e 
desenvolvimento da linguagem e da cognição. A capacidade de identificar com 
exatidão as áreas alteradas proporciona a intervenção eficaz e aumenta a 
possibilidade de um melhor prognóstico de cada caso. 
Em um primeiro momento, sabemos que o bebê conhece o mundo e se 
organiza de maneira sensório-motora e que a sua capacidade de interagir se restringe 
aos estímulos da situação imediata. Inicialmente, o choro é o seu meio comunicativo, 
o qual ainda não é intencional e dirigido. No entanto, é interpretado e significado pelo 
(a) cuidador (a), que tem um papel importante no desenvolvimento de linguagem, já 
que a relação estabelecida pela díade proporciona experiências primordiais para o 
desenvolvimento de aspectos como intencionalidade que, por sua vez, impulsionam 
as trocas. O bebê, já em seu primeiro ano de vida, é capaz de manter a atenção para 
o que lhe é solicitado ou até mesmo direcionando a atenção do interlocutor a um objeto 
e/ou situação sem a fala. Ou seja, a alteração de linguagem em indivíduos com 
Distúrbios do Desenvolvimento pode ser identificada muito antes da aquisição da 
linguagem oral. 
Após o primeiro ano de vida, é notável que o bebê consegue se comunicar 
cada vez melhor e com cada vez mais pessoas. A aquisição e compreensão 
 
12 
dos símbolos, junto com as experiências, faz com que a sua comunicação 
seja cada vez mais efetiva. O processo de aquisição de signo linguístico se 
baseia na associação entre o significante (imagem acústica) e o significado 
(imagem mental ou conceito). (Saussure, 2006, apud CARTOLANO, 2018, p. 
122). 
Muito mais do que apenas uma associação mental, tal processo depende de 
sistemas como o fisiológico, o cognitivo, o social e o cultural. 
A avaliação fonoaudiológica precisa, então, compreender desde a forma 
linguística (fonologia, morfologia e sintaxe), o conteúdo (semântica) e a funcionalidade 
do uso (pragmática). 
2.5 Motricidade orofacial 
 
Fonte: t onturasevertigem.com.br 
A motricidade orofacial encontra-se frequentemente relacionada com a 
produção de fala, pois esta última depende da primeira. O desenvolvimento do 
aparelho fonador e articulatório (pulmões, laringe, cordas vocais, faringe, cavidade 
oral, palato mole, palato duro, língua, dentes, lábios, mandíbula e cavidade nasal) 
ocorre desde o período embrionário, culminando com as funções de deglutição e 
sucção, observadas por volta da 11.ª e 20.ª semanas de idade gestacional 
Motricidade Orofacial é uma das áreas da Fonoaudiologia voltada para o 
estudo/pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de 
alterações estruturais e funcionais da região da boca (oro) e da face (facial) 
bem como da região do pescoço. (COMITÊ DE MOTRICIDADE OROFACIAL, 
2003, apud BENANCCHIO, 2019, p. 29). 
 
13 
Como principais problemas relacionados à motricidade orofacial podemos citar 
as alterações na respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala, assim como na 
posição dos lábios, da língua e das bochechas. Estuda também o sistema 
estomatognático e as funções a ele relacionadas: respiração, sucção, mastigação, 
deglutição e articulação de fala. 
O sistema estomatognático é composto por estruturas de tecido duro: maxila, 
mandíbula, articulação temporomandibular e dentes, e por tecidos moles como lábios, 
língua, bochechas e toda a musculatura da mímica. As funções estomatognáticas de 
respiração, sucção e deglutição estão presentes no indivíduo desde o nascimento, 
inicialmente como reflexos, e, a partir do desenvolvimento do sistema nervoso, 
tornam-se voluntários. 
A avaliação desses reflexos nos dá informações sobre a maturidade e a 
integridade do sistema nervoso. Nessa fase do desenvolvimento, a fonoaudiologia 
atua com as dificuldades ligadas à amamentação, incluindo a efetividade da sucção, 
dificuldades em deglutição e coordenação entre respiração, sucção e deglutição, que 
podem causar comprometimentos clínicos e nutricionais. Além disso, a execução 
adequada das funções estimula o crescimento craniofacial, viabilizando o seu 
desenvolvimento ao longo do desenvolvimento global da criança. 
A mastigação e a articulação de fala são desenvolvidas a partir da maturação 
do sistema nervoso e sofrem grande influência das condições estruturais e 
da qualidade da execução das demais funções. Alterações nesse sistema 
podem ocorrer por causas mecânicas, como alterações oclusais, aumento de 
tonsilas, fissuras palatinas ou câncer de cabeça e pescoço; fisiológicas, como 
doenças respiratórias (exemplos: rinite e sinusite); ou neurológicas, como 
paralisia cerebral, doenças neurológicas evolutivas ou traumatismos 
encefálicos. O tratamento deve variar de acordo com a causa. (CARTOLANO, 
2018, p. 127). 
A avaliação completa do sistema estomatognático envolve levantamento da 
história pregressa, observação da postura corporal e dos órgãos do sistema 
estomatognático durante o repouso, testes de sensibilidade, tônus e mobilidade das 
estruturas moles, praxias orofaciais, verificação da situação das estruturas duras 
(desvio de septo, oclusão, relação maxila-mandíbula) e funcionalidade. 
O desenvolvimento das funções estomatognáticas tem características 
específicas nas diferentes idades e nas diferentes patologias e, portanto, é preciso 
conhecimento anatomofisiológico das estruturas que participam da função que se 
pretenda trabalhar assim como conhecer o seu desenvolvimento. Nesta área, o 
 
14 
fonoaudiólogo pode atuar em parceria com outros profissionais como dentistas, 
médicos de diversas especialidades, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e 
nutricionistas. 
2.6 Saúde coletiva 
 
Fonte: mundodafono.com.br 
É um campo da Fonoaudiologia voltado a construir estratégias de 
planejamento e gestão em saúde, no campo fonoaudiológico, com vistas a 
intervir nas políticas públicas, bemcomo atuar na atenção à saúde, nas 
esferas de promoção, prevenção, educação e intervenção, a partir do 
diagnóstico de grupos populacionais. (COMITÊ DE MOTRICIDADE 
OROFACIAL, 2003, apud BENANCCHIO, 2019, p. 29). 
Para isto, é preciso conhecer as condições de saúde deste grupo, por meio da 
caracterização da população usuária dos serviços coletivos e de estudos 
epidemiológicos, a fim de elaborar políticas adequadas à população. Pesquisas no 
campo da Fonoaudiologia comunitária são relevantes, a fim de oferecer contribuição 
para definir melhor o papel e lugar do fonoaudiólogo. Inicialmente, esses profissionais 
tentaram adotar a estrutura de atendimento clínico-privado no sistema público, sendo 
os resultados não satisfatórios. 
Na prevenção primária, o fonoaudiólogo deve atuar educando e 
conscientizando a população sobre os cuidados básicos para a manutenção da saúde 
global da comunicação, identificar e acompanhar as patologias de maior ocorrência 
na população, tendo como objetivo diminuir as possibilidades de evolução ou 
 
15 
agravamento, prevenindo contra a necessidade de atendimento aos níveis 
secundários e terciários. 
Os aspectos envolvidos na habilidade de comunicação do ser humano como a 
fala, a voz, a linguagem e a audição são consideradas atributos da saúde, e suas 
manifestações patológicas comprometem a qualidade de vida. 
 
2.7 Voz 
 
Fonte: centraldafonoaudiologia.com.br 
Voz é o campo da Fonoaudiologia voltado para o estudo e a pesquisa da voz, 
a promoção da saúde vocal, a avaliação e o aperfeiçoamento da voz; assim 
como a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das alterações vocais, quer 
sejam na modalidade de voz falada como voz cantada. (COMITÊ DE 
MOTRICIDADE OROFACIAL, 2003). 
O fonoaudiólogo deve aplicar técnicas para o aperfeiçoamento da articulação, 
respiração, entonação e pronúncia de profissionais que utilizam a voz em suas 
atividades. Prevenir e tratar problemas como rouquidão e sequelas de tumor. 
A voz, tal como ouvida pelo interlocutor, é resultado da interação entre fatores 
anatômicos, fisiológicos, sociais, emocionais e ambientais. O padrão vocal tem a 
função de transmitir a mensagem emocional do falante, e variações nesse padrão 
devem refletir emoções diversas e situações distintas. 
Uma alteração vocal pode interferir na inteligibilidade da mensagem e, portanto, 
na eficiência da comunicação. Tal alteração pode ter como causa alterações 
 
16 
estruturais, funcionais (abuso ou mau uso vocal), neurológicas, origem psicogênica, 
alguma lesão (tumores, paralisias), ou até mesmo um conjunto desses fatores. A 
avaliação fonoaudiológica, nesses casos, inclui compreender a dinâmica 
biopsicossocial da voz. É necessário observar os seguintes aspectos: 
 Estruturas fisiológicas: Avaliar a integridade e a funcionalidade de todas as 
estruturas necessárias para a produção da voz: as estruturas responsáveis 
pela respiração, como o diafragma, e a integridade das vias respiratórias; os 
responsáveis pela fonação, como as pregas vocais, responsáveis pela 
regulação da frequência, até as estruturas responsáveis pela ressonância e 
articulação fala. 
 Postura corporal: Influencia diretamente no padrão respiratório e no ajuste 
dos músculos. A postura pode limitar os movimentos necessários para a 
fonação ou até mesmo ser a causa de um desvio de posição de laringe, por 
exemplo. 
  Qualidade da percepção auditiva: Como já explicado, o feedback auditivo 
é uma habilidade importante no processo da comunicação. A falha na 
percepção auditiva pode impactar negativamente a produção da voz, como 
exagerar na intensidade da voz, por exemplo. 
 Sistema respiratório: A efetividade da respiração está diretamente 
relacionada à qualidade da projeção de voz e à sua intensidade. Apesar de 
parecer algo natural, muitos indivíduos com Distúrbios do Desenvolvimento 
apresentam dificuldade em controlar e coordenar a respiração juntamente 
com as outras funções estomatognáticas, seja pelo déficit cognitivo ou 
neurológico. Avaliar o padrão respiratório e possibilitar o suporte costo-
diafragmático-abdominal permite melhor controle da pressão infraglótica e 
previne lesões por mau uso, como no caso da tensão laríngea. 9 
CARTOLANO, 2018, p. 128). 
 
Na avaliação da voz, não se pode negligenciar o contexto. É importante 
considerar a função, a frequência e o ambiente em que se usa a voz. 
Os aspectos a serem avaliados por um profissional fonoaudiólogo relatados i 
são os que surgem com mais frequência nos casos de Distúrbios do Desenvolvimento 
relacionados à comunicação. Vale lembrar que cada caso necessita de um olhar 
individualizado, e que, em alguns casos, podem surgir questões mais específicas. 
Além da avaliação qualificada e especializada, é indicado que os profissionais 
envolvidos no caso se articulem visando a um trabalho interdisciplinar, em que os 
conhecimentos se agregam em prol do atendimento humanizado e integral do 
indivíduo. 
2.8 Gerontologia 
Dentre as funções do Fonoaudiólogo Especialista em Gerontologia estão as de 
realizar promoção da saúde do idoso, prevenção, avaliação, diagnóstico, 
 
17 
habilitação/reabilitação dos distúrbios relacionados à audição, ao equilíbrio, à fala, à 
linguagem, à deglutição, à motricidade orofacial e à voz nessa população. 
O Fonoaudiólogo Especialista em Gerontologia está apto a: 
 
 I - Traçar linhas de atuação fonoaudiológica que possam melhorar as 
condições de qualidade de vida do idoso; 
II - Atuar junto à equipe profissional de forma interdisciplinar e transdisciplinar 
para que suas ações possam beneficiar e melhorar a qualidade de vida do 
idoso; 
 III - Desenvolver ações de natureza social e educacional, formativa e 
informativa, visando a prevenir agravos, gerar melhores condições de 
qualidade de vida e enfrentar ou superar dificuldades já existentes; 
IV - Participar de ações no campo das políticas públicas voltadas para o 
segmento populacional idoso, principalmente no que diz respeito à 
elaboração, à execução e ao acompanhamento de projetos e propostas que 
contribuam para a melhoria do atendimento da pessoa idosa no campo 
fonoaudiológico; 
V - Realizar diagnóstico identificando e caracterizando os 
problemas fonoaudiológicos que possam afetar a qualidade de vida do idoso; 
VI - Orientar a equipe e a família em todos os aspectos ligados à 
Fonoaudiologia, promovendo a diminuição de fatores de risco para a saúde 
do idoso; 
VII - Desenvolver ações voltadas à consultoria e à assessoria 
fonoaudiológicas; 
VIII - Promover processos de formação continuada de profissionais voltados à 
assistência à pessoa idosa; 
IX - Realizar e divulgar estudos e pesquisas científicas que contribuam para 
o crescimento da educação e para a consolidação da atuação 
fonoaudiológica no âmbito da Gerontologia; 
 X - Gerir serviços de atenção ao idoso. (RESOLUÇÃO CFFa nº 463, de 21 
de janeiro de 2015). 
 
2.9 Neuropsicologia 
O Fonoaudiólogo Especialista em Neuropsicologia está apto a prevenir, avaliar, 
tratar e gerenciar os distúrbios que afetam a comunicação humana e sua interface 
com a cognição, relacionando-a com o funcionamento cerebral. 
2.10 Fluência 
Identificar as tipologias das disfluências típicas e atípicas para o diagnóstico e 
intervenção precoce dos transtornos da fluência; orientar as famílias e as equipes de 
saúde e educação sobre a identificação de transtornos da fluência; gerenciar 
programas de reabilitação dos transtornos da fluência; Atuar como perito ou como 
 
18 
auditor em situações nas quais esteja em questão o processo de fluência normal ou 
alterada. 
2.11 Fonoaudiologia Neurofuncional 
O Fonoaudiólogo Especialista em Fonoaudiologia Neurofuncional realiza 
avaliação, diagnóstico, prognóstico, habilitação e reabilitação fonoaudiológicos de 
pessoas em diferentes ciclos de vida com alterações neurofuncionais, atuando nas 
sequelas resultantes de danos ao sistema nervoso central ou periférico.2.12 Fonoaudiologia do trabalho 
Na especialidade em Fonoaudiologia do Trabalho, o fonoaudiólogo deverá 
promover mudanças consecutivas na forma de organização do trabalho levando em 
consideração a saúde e aperfeiçoamento da comunicação humana, o 
desenvolvimento de programas de prevenção ocupacional, a implantação de 
programas de qualidade de vida do trabalho, bem como detecção e diagnóstico dos 
riscos fisiológicos em situações reais. A principal meta é possibilitar a permanência no 
trabalho sem restrição excessiva da atividade profissional, com conforto e sem riscos. 
3 PRAGMÁTICA 
A pragmática é a ciência que estuda a linguagem no seu uso e em seus 
contextos sociais. Na perspectiva pragmática, a linguagem é um instrumento para a 
realização das intenções do sujeito, ou seja, o recurso linguístico possui uma função 
comunicativa. 
A função da linguagem pode variar conforme o interlocutor, o ambiente, a 
cultura e o contexto em que ocorre, e, além dos aspectos formais da 
linguagem, é possível analisar elementos supralinguísticos, como prosódia e 
comunicação corporal (contato ocular, gestual, expressão facial). (Bates, 
1976, apud CARTOLANO, 2018, p. 126). 
Nesse tipo de avaliação, faz-se a análise da efetividade e da adequação da 
interação do indivíduo. Mesmo sem a presença da fala, é possível observar elementos 
como a ocupação do espaço comunicativo, a iniciativa comunicativa, o meio ou a 
 
19 
forma em que a iniciativa comunicativa ocorre, o nível de interatividade, além de 
classificar as funções comunicativas. Todo tipo de ação do indivíduo, seja considerada 
mais ou menos interpessoal, é passível de interpretação nessa perspectiva. Enfim, é 
possível traçar o perfil de comunicação do indivíduo. 
 A habilidade pragmática é o primeiro aspecto de comunicação a surgir em um 
indivíduo e se mantém em constante desenvolvimento, pois se ajusta conforme a 
aquisição dos recursos cognitivos, sociais e linguísticos. Vale lembrar que o 
desenvolvimento dessas habilidades não depende exclusivamente de fatores 
fisiológicos como a maturação neurobiológica, mas também de aspectos sociais, 
emocionais e cognitivos. Por isso, a interpretação isolada do resultado de uma 
aplicação de protocolo é enviesada se não levarmos em consideração todas as outras 
áreas com que possui afinidade. 
4 SEMÂNTICA 
O processamento semântico é a compreensão do significado das palavras. 
Tal habilidade permite desde a compreensão do conceito em si até mesmo a 
capacidade de compreender significados implícitos por meio da associação 
de diferentes palavras em um determinado contexto. (BARRETT, 1997, apud 
CARTOLANO, 2018, p. 126). 
Os desvios semânticos podem ser classificados em: 
 Superextensão: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro do 
mesmo campo semântico, mas mais amplo ou genérico. (Exemplo: animal → 
rinoceronte). 
 Subextensão: Quando o indivíduo substitui o vocabulário por outro do mesmo 
campo semântico, mas reduzido. (Exemplo: alface → salada). 
Antonímias: Quando o indivíduo substitui o vocabulário pelo seu antônimo 
(Exemplo: puxar → empurrar). 
 Desvio por relações de contiguidade: Quando o indivíduo substitui o 
vocabulário por outro que possui uma relação de sentido (Exemplo: professora → 
mulher). 
 Desvio por proximidade morfológica: Quando o indivíduo substitui o 
vocabulário por outro, criado em um processo de derivação ou composição. (Exemplo: 
cabeceiro → travesseiro). 
 
20 
 Desvio por proximidade fonológica: Quando o indivíduo substitui o vocabulário 
por outro por semelhança fonológica (Exemplo: enganado → empanado). A avaliação 
dessa área pode ser realizada com instrumentos ou situações que permitam observar 
a compreensão e a nomeação de conceitos, respeitando a idade cronológica e o 
ambiente em que o sujeito está inserido. 
5 MORFOLOGIA E SINTAXE 
A habilidade morfossintática se refere à organização estrutural da linguagem, 
abrangendo a análise conjunta entre a morfologia (estrutura interna das palavras, 
regras para a combinação dos morfemas) e a sintaxe (organização das palavras para 
produzir uma ideia). A análise morfológica preconiza o estudo isolado das palavras 
em diferentes classes gramaticais, enquanto a análise sintática se detém à função que 
as palavras desempenham em uma oração. 
O desenvolvimento dessa habilidade é gradual, partindo de estruturas 
simples para as mais complexas. Em torno dos 5 anos de idade, a criança 
consegue dominar o sistema gramatical básico de sua língua e, passada essa 
idade, as conquistas mais importantes se referem à consideração 
multifuncional das diferentes categorias e estruturas gramaticais. A aquisição 
do conteúdo lexical acontece de forma lenta, sendo que, inicialmente, ocorre 
a aquisição de palavras mais contextualizadas à criança que, posteriormente, 
conseguirá realizar associações entre as palavras, identificando e abstraindo 
suas similaridades. Dessa forma, o significado das palavras é adquirido pela 
combinação dos atributos semânticos percebidos e observados no contexto. 
(SIM-SIM, 2008, apud CARTOLANO, 2018, p. 126). 
Um indivíduo com Distúrbio do Desenvolvimento pode apresentar sintomas 
diversos, que variam desde uma dificuldade de compreensão abstrata e evocação 
lexical até de elaboração do discurso. É comum o indivíduo utilizar termos genéricos, 
jargões, rupturas na fala produzindo um discurso semelhante ao de um indivíduo com 
gagueira, por exemplo. Um dos instrumentos mais utilizados para analisar a amostra 
da fala e obter dados quanto ao desempenho dos aspectos morfológicos e sintáticos 
é o Mean Length Utterance (MLU), referido em Português como a Extensão Média do 
Enunciado (EME). A EME pode ser utilizada para analisar a nível tanto de morfemas 
como de palavras. O primeiro apresenta dados quanto ao índice para verificação do 
desenvolvimento gramatical, e a segunda medida fornece dados sobre o 
desenvolvimento linguístico geral da criança. 
 
21 
6 FONOAUDIOLOGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS 
 
Fonte: dm.jor.br 
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para atuar em diversas frentes de 
cuidado, sendo um profissional de Saúde e Educação, com graduação plena em 
Fonoaudiologia, que atua de forma autônoma e independente nos setores público e 
privado. A profissão responde pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e 
diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos 
aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da função vestibular, 
da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas 
miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição. Exerce também atividades de ensino, 
pesquisa e administrativas. 
Em documento produzido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia intitulado 
“Áreas de competência do Fonoaudiólogo no Brasil” são definidas doze grandes áreas 
de competência (GAC) do fonoaudiólogo, listadas na seguinte ordem: 
 Realizar avaliação fonoaudiológica; estabelecer diagnóstico de 
fonoaudiologia; executar terapia (habilitação/reabilitação); orientar pacientes, 
clientes internos e externos, familiares e cuidadores; monitorar desempenho 
do paciente ou cliente (seguimento); aperfeiçoar a comunicação humana; 
efetuar diagnóstico situacional; desenvolver ações de saúde coletiva dos 
aspectos fonoaudiológicos; exercer atividades de ensino; desenvolver 
pesquisas; administrar recursos humanos, financeiros e materiais e 
comunicar-se. (OLIVEIRA 2017, p. 20). 
No Brasil, historicamente a prática de atividades relacionadas ao que 
posteriormente foi considerado o escopo da profissão de fonoaudiólogo teve seu início 
 
22 
ainda na década de 20, tendo como contexto social a aplicação de políticas de controle 
à linguagem, enfocando a padronização da língua. O surgimento da prática de 
atuação, portanto, foi marcado pela preocupação com a correção de erros de 
linguagem apresentados por escolares.De acordo com Oliveira (2017), a literatura aponta que em meados de 1920 a 
linguagem passou por uma política de controle, que culminou em políticas de 
padronização e normatização e por esse motivo as atividades dos profissionais 
ligados a linguagem tiveram ligação bastante aproximada à atividade pedagógica e 
corretiva do professor. 
Inicialmente, portanto, os fonoaudiólogos tinham suas preocupações e 
atividades voltadas prioritariamente para a reabilitação e correções de alterações de 
linguagem. 
Os primeiros cursos, ainda técnicos, regulamentados no país foram os da 
Universidade São Paulo (1961) ligado à Faculdade de Medicina e o curso da Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (1962), ligado ao Instituto de Psicologia. Na 
década de 70 houve intensa mobilização para o reconhecimento da profissão quando 
então se criou o currículo mínimo para o curso de Fonoaudiologia em nível bacharel, 
tendo sido a Universidade de São Paulo (USP) a primeira a ter o curso autorizado, em 
1977. 
Em 09 de Dezembro de 1981 a profissão foi reconhecida pela Lei n 6965, 
sancionada pelo presidente João Figueiredo e em decorrência do reconhecimento 
legal foram criados os Conselhos Regional e Federal de Fonoaudiologia. 
Concomitante ao início histórico da atuação da fonoaudiologia, sendo então 
uma prática profissional ainda não reconhecida, foi iniciada no Brasil a Medicina 
Previdenciária por meio da criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões, o que 
possibilitou ao Estado responder às necessidades sociais da população de maneira 
mais abrangente. 
Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde, em resposta às demandas de 
saúde surgidas especialmente dentro da população de baixa renda que não 
poderiam ser sanadas apenas em ambiente hospitalar, local onde àquela 
época estavam centradas as ações da Medicina Previdenciária. (BEFI, 1997, 
apud OLIVEIRA 2017, p. 21). 
A década de 60 foi marcada inicialmente pela institucionalização do regime 
ditatorial, permeado pela mercantilização da saúde aliada à burocratização técnica do 
 
23 
sistema. A partir deste contexto e por meio da unificação dos Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAP´s) cria-se o Instituto Nacional de Previdência Social 
(INPS) na década de 60, tendo como principal objetivo o de assistir a todos os 
trabalhadores segurados e seus familiares. Essa assistência, porém, era realizada 
essencialmente por meio de contratação de serviços privados de assistência médica, 
priorizando a lógica do lucro das empresas privadas. Nesse período houve também 
grande expansão da medicina de grupo, modalidade em que as empresas deixavam 
de contribuir com o INPS e contratavam um serviço privado para prestação de serviços 
aos seus trabalhadores. 
Na década seguinte, em 1975, discutiu-se a crise do setor de saúde na V 
Conferência Nacional de Saúde, onde foi apresentada uma proposta do governo 
federal para a criação de um Sistema Nacional de Saúde, por meio da lei 6.229. Essa 
proposta foi criticada fortemente pelo setor de empresários ligados à prestação 
privada de serviços médicos. 
Em 1977, é criado o Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência 
Social (INAMPS) cuja ação principal pautava-se na assistência a servidores de 
autarquias do Distrito Federal, trabalhadores de centros urbanos e servidores da 
União. 
 Ao final dos anos 70 esse modelo de saúde voltado à mercantilização do 
cuidado mostra-se em crise, especialmente devido aos altos custos da 
assistência, que por sua vez era complexa e pouco resolutiva, além de ser 
claramente insuficiente para a demanda. (AGUIAR, 2001, apud OLIVEIRA 
2017, p. 22). 
Ainda segundo Aguiar (2001), no ano de 1978 ocorreu a Conferência de Alma 
Ata, onde iniciou-se a difusão na América Latina do conceito de Atenção Primária à 
Saúde e os primórdios da medicina comunitária. 
Os movimentos sociais bastante atuantes nesse período pressionaram o 
governo para que fossem realizadas mudanças no sistema de assistência 
previdenciária visando redução a da escassez de recursos e diminuição dos custos 
operacionais do sistema. Por meio dessa pressão social foi criado o CONASP 
(Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) que visava, dentre 
outros aspectos, a melhoria da qualidade da atenção, a descentralização e a criação 
de um sistema de cuidado em saúde hierarquizado por nível de complexidade. A partir 
do CONASP criam-se as Ações Integradas de Saúde (IAS´s) possibilitando a 
 
24 
expansão da cobertura assistencial por meio da construção de Unidades Básicas de 
Saúde. 
Entre as décadas de 70 e 80 articulou-se o movimento da Reforma Sanitária 
sob fortes influências das instituições acadêmicas como CEBES (Centro Brasileiro de 
Estudos da Saúde) e ABRASCO (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde 
Coletiva), com o intuito de reformular o sistema de saúde vigente, universalizando o 
direito à saúde e considerando a saúde como qualidade de vida e compreendida como 
fruto do cuidado integral. 
As reivindicações da Reforma Sanitária tomaram espaço na VIII Conferência 
Nacional de Saúde, realizada em 1986. No ano seguinte, instala-se a Assembleia 
Nacional Constituinte, com objetivo de elaborar a nova constituição brasileira. 
Em 1988 promulga-se a nova Constituição Federal, e por meio dela fora 
aprovado o Sistema Único de Saúde, onde muitas das propostas da reforma sanitária 
foram incorporadas no arcabouço geral do sistema. 
A Constituição Federal de 1988 e a consequente implantação do Sistema Único 
de Saúde, foram um marco decisivo para a inclusão da população por meio de 
políticas públicas e pela universalização do cuidado, promoção, recuperação e 
proteção da saúde. Caracterizando o Sistema Único de Saúde, Moreira e Mota 
expõem: 
“De acordo com esta Constituição [de 1988] o Sistema Único de Saúde (SUS) 
foi definido como uma rede regionalizada de ações e serviços que visam “o 
acesso universal e igualitário da população para a promoção, proteção e 
recuperação de sua saúde”, tendo como princípios fundamentais: a equidade, 
a universalidade e a integralidade. A equidade caracteriza-se por oferecer 
oportunidades iguais, em termos de tratamento, para necessidades iguais. A 
universalidade seria a garantia de atendimento a todo e qualquer cidadão. A 
integralidade seria uma atenção integral à saúde (prevenção primária, 
secundária e terciária). (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 23). 
Em 1993, por meio da resolução nº 44 do Conselho Nacional de Saúde o 
fonoaudiólogo passa a ser reconhecido como profissional de saúde. 
A história da Fonoaudiologia na saúde pública se inicia com os primeiros 
concursos públicos para a área, especialmente em São Paulo. Entretanto, alguns 
autores demarcam que mesmo antes da regulamentação da profissão, entre a década 
de 70 e 80 alguns poucos fonoaudiólogos iniciaram suas atividades no sistema 
público, sendo lotados em secretarias municipais de Educação e Saúde. Como efeito 
da regulamentação da profissão, os fonoaudiólogos em sua grade maioria iniciaram a 
 
25 
atuação em consultórios particulares e apenas num segundo momento da profissão é 
que foram direcionados aos Centros de Saúde, ou seja, para a atenção básica, o que 
veio, então, coroar a inserção da Fonoaudiologia na Atenção Primária à saúde. 
Partindo-se desse cenário histórico, a atuação do fonoaudiólogo no Sistema 
Único de Saúde vem sendo estimulada por meio de diversas políticas públicas, a 
exemplo da portaria nº 2.073, de 28 de setembro de 2004 que institui a Política 
Nacional de Saúde Auditiva, onde são descritas as principais ações em prol da saúde 
auditiva a serem realizadas nos 3 níveis de atenção, de baixa, média e alta 
complexidade. Além dessa, outras iniciativas como a lei federal 12.303 que dispõe 
sobre a obrigatoriedade de realização do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, 
também conhecido como Teste da orelhinha, realizado exclusivamente porfonoaudiólogos em todas as maternidades do território nacional e também a lei 13.002 
de 2014, que dispõe sobre o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, 
chamado Teste da Linguinha, realizado por fonoaudiólogos, em ambiente hospitalar, 
impulsionam a inserção do fonoaudiólogo no sistema de saúde brasileiro. Brasil 
(2014). 
Constata-se, portanto, que a Fonoaudiologia está cada vez mais presente nos 
diversos equipamentos de cuidado em saúde. 
Por meio da Portaria Ministerial 793 que institui a Rede de Cuidados à Pessoa 
com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde a fonoaudiologia passou a ter 
reconhecimento do seu importante papel para a reabilitação e promoção de saúde no 
cuidado com as pessoas com deficiência no país. Essa mesma portaria institui a 
criação dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e assegura, por suas 
características de cuidado, que o fonoaudiólogo integre a equipe de saúde desse 
equipamento, como uma das profissões que atuam no atendimento de pessoas com 
deficiência visando a reabilitação e também a promoção de saúde nas áreas de 
deficiências auditiva, intelectual, física e visual. 
Além dos equipamentos de cunho reabilitador, destacam-se aqueles de 
Atenção Básica, como as Unidades Básicas de Saúde e as equipes de Núcleo de 
apoio à saúde da família (NASF). Em publicação de 2013 dos “Cadernos de Atenção 
Básica”, o Ministério da Saúde define o momento atual da atenção básica: 
“A atenção básica, enquanto um dos eixos estruturantes do SUS, vive um 
momento especial ao ser assumida como uma das prioridades do Ministério 
da Saúde e do governo federal. Entre os seus desafios atuais, destacam-se 
aqueles relativos ao acesso e acolhimento, à efetividade e resolutividade das 
 
26 
suas práticas, ao recrutamento, provimento e fixação de profissionais, à 
capacidade de gestão/coordenação do cuidado e, de modo mais amplo, às 
suas bases de sustentação e legitimidade social. ” (BRASIL, 2012, apud 
OLIVEIRA 2017, p. 25). 
A atenção primária à saúde deve ser realizada prioritariamente em Unidades 
Básicas de Saúde tradicionais ou unidades que aderiram a um outro tipo de 
organização/estratégia de cuidado, a chamada Estratégia Saúde da Família (ESF). 
Segundo o Caderno de Atenção Básica, publicação do Ministério da Saúde, a 
Estratégia da Saúde da Família vem sendo priorizada com objetivo de reorganizar a 
atenção básica no país, porém, apesar dos esforços ainda há muitas unidades básicas 
que não aderiram ao seu funcionamento e que consequentemente não contam como 
a Estratégia Saúde da Família (ESF), configuram-se, portanto, enquanto unidades 
tradicionais. Muitas vezes a adesão à ESF se faz inviável devido ao quadro de 
profissionais concursados nos municípios atuarem em jornadas de trabalho não 
compatíveis com as exigidas para a implantação da estratégia ou ainda devido a 
adequação do território ao modelo tradicional de assistência à saúde. 
De acordo com o Departamento de Atenção Básica, as equipes de UBS´s 
devem realizar o cuidado em saúde fazendo uso de complexas tecnologias de 
cuidado, porém de baixo impacto financeiro. As estratégias de cuidado nesses 
equipamentos objetivam o manejo das demandas de saúde mais frequentes no 
território adscrito a cada UBS (2016). 
De acordo com o Departamento de Atenção Básica (2016), compondo a ESF 
encontram-se os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) criados em 2008 pelo 
Ministério da Saúde com vistas ao apoio e consolidação da Atenção Básica de 
maneira a ampliar as ofertas de cuidado em saúde, bem como a resolutividade e 
abrangência das ações. 
O NASF está regulamentado pela portaria 2.488 de 2011 e por definição são 
equipes compostas por diferentes profissionais que devem atuar de maneira integrada 
às equipes de saúde da família, equipes de atenção básica para populações 
específicas como pessoas em situação de rua e ribeirinhas, além do programa 
academia da saúde. O foco prioritário das ações do NASF, bem como de toda a 
atenção primária, é de prevenção e promoção da saúde. 
Os conceitos de prevenção de doenças e promoção de saúde, segundo 
Westphal (2012), estão diretamente ligados às diferentes concepções político-
 
27 
ideológicas de saúde e doença a que estão vinculados, tendo modificações, portanto, 
de acordo com o período histórico analisado. 
 Prevenção em saúde, segundo Czeresnia (2009), é definida como; 
Conjunto de ações voltadas a evitar o surgimento e progresso de doenças 
específicas, com consequente diminuição das taxas de incidência e 
prevalência de tais doenças na população, tendo deste modo, forte influência 
de dados epidemiológicos. (CZERESNIA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 26). 
Esse conceito é ampliado quando se fala em promoção de saúde. Buss (2000) 
afirma que promoção de saúde está ligada a um conjunto de valores, dentre eles a 
saúde, a qualidade de vida, equidade, democracia, solidariedade somados a ações 
do Estado, dos indivíduos, da comunidade em que se inserem, dos sistemas de saúde 
e das parcerias entre diversos setores envolvidos. 
O surgimento formal do termo ‘promoção de saúde’ data de 1974, com a 
divulgação do documento conhecido como Informe Lalonde. Buss (2000). 
Elaborado pelo então ministro da saúde do Canadá, o Informe discutia 
maneiras de lidar melhor com os crescentes custos da assistência médica. 
Questionava-se também o modelo de saúde vigente à época, que visava o cuidado 
medicocêntrico enfatizando as patologias crônicas, sem, contudo, se observar 
resultados satisfatórios. Lalonde concluiu em seu informe que a saúde é resultado de 
alguns determinantes, quais sejam: a biologia humana, ambiente, estilo de vida e a 
organização da assistência à saúde; além disso, pode ser verificado que o país à 
época investia grande parte dos recursos em organização da assistência em 
detrimento dos demais fatores igualmente importantes. 
Lalonde concluiu em seu informe que a saúde é resultado de alguns 
determinantes, quais sejam: a biologia humana, ambiente, estilo de vida e a 
organização da assistência à saúde; além disso, pode ser verificado que o país à 
época investia grande parte dos recursos em organização da assistência em 
detrimento dos demais fatores igualmente importantes. 
Em 1986 ocorreu a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 
Ottawa, no Canadá. O resultado desse encontro, a Carta de Ottawa, firmou-se como 
a referência essencial para o mundo no tocante ao desenvolvimento de ações de 
promoção de saúde. Ainda de acordo com o mesmo autor, este documento deu 
origem ao conceito atual de promoção de saúde e nesta perspectiva busca capacitar 
 
28 
a comunidade afim de garantir melhoria da qualidade de vida, participando ativamente 
deste processo. 
“Subjacente a este conceito, o documento assume que a saúde é o maior 
recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como 
uma importante dimensão da qualidade de vida. A saúde é entendida, assim, 
não como um objetivo em si, senão como um recurso fundamental para a vida 
cotidiana” (BUSS, 2000, apud OLIVEIRA 2017, p. 26). 
Apesar do fonoaudiólogo nos dias atuais compor as equipes de atenção básica, 
sejam elas nas UBS´s tradicionais ou atualmente em equipes de NASF, o 
delineamento da atuação nesse seguimento ainda não está consolidado. 
Questões acerca do que se espera desse profissional na atenção básica à 
saúde e quais as interfaces da especificidade da fonoaudiologia com a saúde pública 
são demandantes para se compreender o contexto do trabalho fonoaudiológico no 
SUS. 
Em publicação da década de noventa, Servilha et. al. (1994) também 
mencionam o fato da formação do fonoaudiólogo à época estar voltada à atuação em 
âmbito privado, tendo sido priorizado o trabalho de reabilitação em detrimento às 
práticas coletivas de promoção de saúde, afirmando que raramente as universidades 
propiciavam formação suficiente e adequada no âmbito deSaúde Pública. As autoras 
apontavam ainda o recente início da mudança desse paradigma, por meio das 
reformulações curriculares e do princípio das contratações de fonoaudiólogos em 
serviços públicos de saúde. 
O fato do fonoaudiólogo não estar tradicionalmente inserido na equipe mínima 
dos Centros de Saúde fazia com que as instituições de ensino superior não se 
dedicassem a oferecer formação em Saúde Pública aos alunos de fonoaudiologia, 
resultando na falta de preparo na base de ensino desses profissionais. 
As diretrizes curriculares atuais do curso de graduação em Fonoaudiologia 
deixam claro ser essencial que a formação do fonoaudiólogo esteja pautada na 
capacidade de trabalho em atenção à saúde envolvendo ações de prevenção, 
promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo 
Conselho Regional de Fonoaudiologia (2002). 
 Não obstante, ainda que inseridos na atenção básica, a organização do 
trabalho fonoaudiológico manteve-se a mesma utilizada para atendimentos 
em consultórios particulares, ou seja, pautando-se na reabilitação, gerando 
dissonância de interesses entre profissionais e a organização do serviço 
público. (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 28). 
 
29 
Segundo Nicolotti e Da Ros (2009), apesar da inserção do fonoaudiólogo 
atualmente nos equipamentos de saúde do SUS, percebe-se a dificuldade quanto à 
identificação de sua prática nesse sistema. 
Em pesquisa realizada por Santos e Lemos (2011), constatou-se que grande 
parte da amostra de estudantes de fonoaudiologia se envolveu muito pouco ao longo 
da graduação com temas relacionados à promoção de saúde, sendo que se 
aproximaram do tema somente em seu caráter obrigatório e teórico. 
Há duas décadas era provável que o fonoaudiólogo concluísse a graduação 
não sabendo lidar com o trabalho em atenção básica de saúde, tendo que buscar esse 
conhecimento durante a prática cotidiana Eskelsen (2006). Entretanto, nos dias de 
hoje não se pode dizer o mesmo. Nas grades curriculares atuais encontram-se 
conhecimentos globais como questões culturais, emocionais, físicas, ambientais e 
econômicas que enriquecem a construção do conhecimento favorecendo a prática 
desse profissional em âmbito público com destreza Lipay (2007). 
Diniz e Bordin (2011), constataram a importância da formação dos 
fonoaudiólogos voltada para a promoção de saúde. Essa mudança de paradigma 
garantiria possibilidades de ações coletivas para as alterações fonoaudiológicas de 
maior ocorrência, tendo-se em mente que a demanda é frequentemente maior que os 
recursos técnicos e humanos disponíveis. 
Nesse sentido, é coerente que os profissionais conheçam a população que 
demanda atendimentos na atenção básica, com o objetivo de elaborar melhores 
estratégias de cuidado. A esse respeito, Tomasi et al. (2011), afirmam que a 
caracterização da população é fundamental para se planejar todo o sistema. No 
contexto da atenção básica a relevância é ainda maior uma vez que se trata da porta 
de entrada da população no sistema de saúde, onde todas as queixas de saúde são 
disparadas inicialmente. Além disso, segundo os autores, os serviços de atenção 
básica representam cerca de um terço de todos os atendimentos realizados no país, 
o que justifica a necessidade de priorizar esse setor de atendimento. 
A atuação fonoaudiológica em atenção básica é relevante devido à grande 
parcela da população passível de ser beneficiada por programas em que a 
fonoaudiologia esteja atuando bem como pela característica essencialmente 
preventiva das ações educativas que podem ser realizadas nesse ambiente (21) que 
por essência está voltado a políticas de promoção de saúde. 
 
30 
[...] é consenso que inquéritos de base populacional são as ferramentas mais 
indicadas para caracterização do perfil de morbidade de uma determinada 
população apesar de nem sempre serem exequíveis. Há nesse caso outra 
alternativa que são os estudos de demanda, que garantem informações 
acerca do perfil dos sujeitos demandantes além dos motivos da busca pelo 
atendimento. (MOREIRA, 2009, apud OLIVEIRA 2017, p. 28). 
7 FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR 
A principal atuação da Fonoaudiologia nos hospitais acontece devido aos 
quadros de distúrbios de deglutição, que necessitam de intervenção mais imediata 
muitas vezes já na UTI. 
Em função dos riscos de broncoaspiração, infecção respiratória, 
complicações pulmonares, desnutrição, desidratação e prolongamento do 
tempo de internação faz-se necessário uma maior precisão diagnóstica e um 
tratamento precoce do quadro disfágico (RODRIGUES e FURKIM, 2008; 
PETERSON et. al., 2010 apud MARIA, 2016). 
No atendimento do paciente internado, a avaliação do fonoaudiólogo é 
fundamental para a manutenção da vida do paciente, prevenindo possíveis 
complicações, proporcionando ajustes para possíveis alterações de comunicação e 
deglutição (BARCELLOS et al., 2009) apud (BARROS et al, 2000). 
Além disso, é fundamental trabalhar em prol de uma boa integração da equipe 
multidisciplinar, com adequada adesão aos protocolos propostos, comprometimento 
e adequação dos recursos com medidas que propiciem benefícios para o paciente, 
possibilitando um desfecho adequado satisfatório para todos, a equipe multidisciplinar, 
os pacientes e seus familiares (MAZZA, 2014). 
A avaliação da deglutição do paciente hospitalizado pode requerer além de uma 
avaliação clínica realizada a beira do leito guiada por protocolos padronizados, a 
realização de exames complementares com objetivo de compreender melhor as 
alterações apresentadas no exame clínico. Atualmente, dois são os exames objetivos 
de deglutição mais realizados: a avaliação endoscópica da deglutição e a 
videofluoroscopia da deglutição. 
Avaliação endoscópica da deglutição é um exame que pode ser realizado na 
beira do leito do indivíduo pelo otorrinolaringologista, acompanhado pelo 
fonoaudiólogo e tem a missão de avaliar, primeiramente, por meio da 
nasolaringofibroscopia, estruturas anatômicas, lesões estruturais, assimetrias, 
alterações orgânicas, processos inflamatórios ou infecciosos. 
 
31 
Na avaliação da motricidade, observa-se paresia ou paralisia do palato mole, 
das pregas vocais, paralisia ou tremores da base de língua, estase de 
secreção salivar em valeculas e seios piriformes, ausência de contração das 
paredes da faringe durante a deglutição seca, resíduos salivares após a 
deglutição, penetração laríngea, aspiração traqueal com ou sem reflexo de 
tosse e os mecanismos de proteção das vias aéreas. A avaliação da 
sensibilidade é realizada pela investigação da tosse, do reflexo adutor 
laríngeo (RAL) e do reflexo de proteção das vias aéreas (AZZAM; SAKAI, 
1997, apud FERREIRA, 2016, p.7). 
A Videofluoroscopia da deglutição tem a finalidade de avaliar as fases da 
deglutição a inter-relação entre elas, consentindo assim a compreensão da fisiologia 
e fisiopatologia da deglutição. As fases da deglutição a serem estudadas são: fase 
preparatória oral, oral faríngea e esofágica. 
O exame é realizado no setor de radiologia, na presença do fonoaudiólogo, do 
médico radiologista, do auxiliar de enfermagem e do técnico de radiologia. O contraste 
a ser usado é o bário em duas consistências líquidas e pastosas, e os alimentos 
conforme a anamnese, nas consistências líquidas, líquida engrossada, cremosa, 
semissólida e sólida. 
O exame é gravado em vídeo, favorecendo a análise posterior, para então ser 
laudado pelo fonoaudiólogo e médico radiologista (AZZAM; SAKAI, 1997). 
Apesar da existência dessas tecnologias, diversos trabalhos demonstram que 
elas não substituem uma boa avaliação clínica a beira do leito. Sendo o padrão ouro 
para o diagnóstico das disfagias orofaríngeas: Avaliação Clínica + Exames Objetivos 
(preferencialmente a Videofluroscopia). Além disso, essas tecnologias ainda não são 
uma realidade em grande parte dos hospitais brasileiros, fazendo com que os 
fonoaudiólogostenham que basear suas condutas apenas no resultado de avaliações 
clínicas realizadas a beira do leito. Por esse motivo, a literatura ressalta a importância 
em se estabelecer protocolos padronizados para guiar essas avaliações clínicas 
aumentando o seu poder de diagnóstico das disfagias orofaríngeas. 
7.1 Atuação Fonoaudiológica nos Leitos Adultos 
Quando o paciente se encontra internado no leito, significa que não está com 
risco à vida, porém para a realização da avaliação Fonoaudiológica, o paciente 
necessita estar dentro de alguns parâmetros pré-estabelecidos para ser realizada a 
avaliação da deglutição. 
 
32 
A avaliação no leito tem como objetivo verificar se o paciente apresenta ou não 
o quadro de disfagia. Sua realização conta com o uso do oxímetro de que é a medida 
da saturação periférica de O2, ausculta cervical na intenção de identificar penetração 
laríngea e observações de outros sinais clínicos como cianose, alteração de 
frequência cardíaca e respiratória. Quando o paciente possui a disfagia, a saturação 
pode cair no momento em que realiza a deglutição, indicando um comprometimento 
do sistema respiratório. 
Essa queda é observada em pacientes que aspiram com alimentos de 
consistência sólida e líquida, antes durante e após a alimentação, quando 
comparados aos indivíduos que não aspiram (CARDOSO, 2010, apud 
FERREIRA, 2016, p.7). 
Existem vários protocolos de triagem e de avaliação da deglutição que tem por 
finalidade avaliar a segurança da deglutição com variadas consistências, 
determinando a partir do desempenho do paciente o grau da disfagia. (BARROS, 
2000). A escolha por qual protocolo utilizar deve sempre levar em conta as 
peculiaridades dos serviços envolvidos e o perfil de pacientes avaliados. 
7.2 Atuação Fonoaudiológica na UTI Adulto 
Quanto à atuação da fonoaudiologia na UTI adulto, Moraes et al. (2006) 
afirmam que é um trabalho para a manutenção da vida do paciente, prevenindo 
complicações e promovendo uma qualidade de vida para ele quando se pode permitir 
que o mesmo se alimente por via oral mantendo um suporte nutricional adequado, 
porém a disfagia pode acarretar quadros de problemas nutricionais, pulmonares e 
desidratação. 
Essa intervenção se dá quando o quadro clínico e respiratório do paciente se 
encontra estável, pois a disfagia segundo Moraes et al. (2006) ocorre com frequência 
nestes casos. 
O fonoaudiólogo tem o dever enquanto membro da equipe de UTI adulto, 
avaliar a disfagia segundo Moraes et al. (2006) de forma criteriosa e cautelosa, sem 
colocar o quadro clinico do paciente em risco e promovendo então um auxílio a 
prevenção da redução de complicações como pulmonares, hidratação e nutrição e 
ainda auxilia na diminuição do tempo de internação e custos hospitalares. 
 
33 
Desta maneira, faz-se necessária muita atenção às dificuldades expressadas 
como: 
“[...]desconforto durante a deglutição, tosse, engasgos, múltiplas deglutições 
para um pequeno bolo, resíduos orais de alimento, escape oral, sensação de 
algo parado na garganta, regurgitação oral e/ou nasal, dificuldade para emitir 
sons da fala pós-deglutição com alteração da qualidade vocal, sialorréia, 
alteração do ritmo respiratório, sudorese e fadiga após poucas deglutições. ” 
(MORAES et al., 2006, apud FERREIRA, 2016, p.8). 
Associado a reintrodução da alimentação por via oral e retirada da sonda, 
segundo Moraes et al. (2006) o fonoaudiólogo promove o retorno do prazer alimentar. 
O indivíduo quando é internado em na UTI, indica risco de vida por instabilidade 
das funções dos órgãos vitais (cardiovascular, ventilatória, renal, hepática, 
neurológica, entre outras). Muitas vezes, sofre falências em múltiplos órgãos e 
requerem cuidados médicos contínuos e imediatos, seja por meio de medicações, 
adequação e ajuste dos aparelhos de monitorização cardíaca, respiratórias, sondas e 
drenos ou outras condutas de emergência. A conservação do paciente na UTI ocorre 
enquanto houver instabilidade clínica e risco de morte. O profissional fonoaudiólogo 
que trabalha na UTI requer conhecer todo o sistema e funcionamento dos aparelhos 
que são utilizados. O indivíduo na maioria dos casos, faz o uso de nutrição alternativa, 
seja por via enteral ou parenteral, especialmente por não apresentar disposições 
neurológicas que possibilite a oferta de VO. Quanto à questão respiratória, pode estar 
em ventilação assistida invasiva (ventilação mecânica) ou não invasiva (BIPAP, 
CPAP), intubado por via nasal ou oral, traqueostomizado com cânula plástica, com ou 
sem a presença de balonete (cuff), com cânula metálica, usando máscara facial, de 
Venturi, ou somente cateter de oxigênio (OLIVEIRA,2003). 
7.3 Atuação Fonoaudiológica na UTI Neonatal 
Assim como acontece na UTI Adulto, a atuação fonoaudiológica na UTI 
Neonatal também busca prevenir complicações referentes à introdução inadequada 
de via oral, bem como identificar precocemente alterações auditivas. Para tanto são 
realizados: 1) procedimentos de estimulação sensório motora oral para adequar os 
padrões de sucção visando o aleitamento materno, uma boa interação mãe-bebê 
garantindo segurança da ingestão oral 2) é realizado o “Teste da Orelhinha” por meio 
 
34 
do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas que tem como objetivo identificar 
precocemente distúrbios auditivos que possam prejudicar o indivíduo. 
Desse modo, o fonoaudiólogo apresenta-se na equipe neonatologia com um 
profissional essencial uma vez que possui conhecimento otimizado da 
anatomofisiologia das funções estomatognáticas (sucção, respiração, deglutição) 
(COUTO DE, NEMR K, 2005), tendo como objetivo localizar alterações orofaciais no 
recém-nascido (RN), proporcionar a sucção no seio materno e melhorar a interação 
mãe/ bebê, aumentando desta forma a qualidade de vida dos mesmos (HERNANDEZ, 
A.M, 2003). O recém-nascido pré termo (RNPT) por não ter completado seu 
desenvolvimento intrauterino apresenta imaturidade funcional e estrutural de órgãos 
e sistemas, e como consequência manifesta um padrão de desenvolvimento motor 
diferente das crianças nascidas a termo. 
As dificuldades de adaptação estão relacionadas à imaturidade global, o que 
inclui inabilidades motoras orais para coordenação da sucção - deglutição – 
respiração, dificultando a realização da alimentação por via oral e, 
consequentemente, prejudicando seu estado nutricional (COSTA, 2007, apud 
FERREIRA, 2016, p.10). 
Além disso, estudos indicam que em longo prazo, crianças que apresentaram 
dificuldades alimentares iniciais podem apresentar problemas na introdução e na 
tolerância de alimentos sólidos no período da infância (HAWEON, BEAUREGARD, 
KENNEDY, 2000). 
A introdução da alimentação via oral nos RNPT na maioria das Unidades de 
Cuidados Intensivos Neonatais, já pode ser realizada por volta de 34ª semanas de 
idade gestacional, mediante os critérios variáveis e discutíveis. 
A idade gestacional é, vista de forma isolada, um critério ruim para a indicação 
da transição da alimentação, já que outras variáveis são importantes e devem ser 
consideradas como a estabilidade clínica, estado de consciência, habilidade motora-
oral e coordenação das funções de sucção, deglutição e respiração (LEMONS, 1996). 
O peso também é um critério ruim para a indicação do início da transição da 
alimentação oral, pois não considera a maturidade do prematuro. Os bebês nascidos 
de muito baixo peso ou prematuros extremos sofrem uma privação sensorial intensa, 
já que eles demoram a atingir o peso e, nem por isso, apresentam atraso no neuro 
desenvolvimento e maturidade motora oral (THOYRE.S.M, 2003). Desta forma, 
 
35 
reforça-se a importância de uma avaliação global que antecipe, de forma objetiva, 
segura e funcional, a transição da alimentação gástrica para via oral. 
Diante disso foi proposto por Fujinaga em 2005 um instrumento de avaliação 
da prontidão do prematuro para iniciar a transição daalimentação gástrica para via 
oral, e seu guia instrucional. 
O instrumento é constituído dos seguintes itens: idade corrigida; estado de 
consciência; postura e tônus global; postura dos lábios e língua; reflexo de 
procura, sucção, mordida e vômito; movimentação e canolamento de língua; 
movimentação de mandíbula; força de sucção; sucções por pausa; 
manutenção do ritmo de sucção por pausa; manutenção do estado alerta e 
sinais de estresse (FUJINAGA et al, 2009, apud FERREIRA, 2016, p.10). 
Essa intervenção auxilia no desenvolvimento RNT e de risco, RNPT, RN de 
baixo peso (RNBP), pequenos para a idade gestacional (RNPIG), como também no 
RN portador de patologias específicas as quais comprometem o sistema sensório 
motor oral (SSMO), sendo seu trabalho essencial para a evolução destes quadros 
(BROCK, 1998). 
Os avanços nos cuidados neonatais e perinatais têm levado a um aumento na 
sobrevivência de RN com idade gestacional e peso ao nascer (PN) cada vez mais 
reduzido. 
 Contudo, faz-se necessário o acompanhamento cuidadoso dessas crianças, 
uma vez que eles apresentam maior vulnerabilidade em relação às alterações 
do desenvolvimento neuropsicomotor (AURÉLIO et al., 2002; MANCINI et al., 
2002, apud FERREIRA, 2016, p.11). 
 Em relação à importância da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), 
trata-se do acompanhamento auditivo dos RNs realizando a triagem auditiva antes de 
um mês de vida, e no caso de falhas na triagem auditiva inicial e no reteste devem 
receber avaliação médica e audiológica apropriada para confirmar a perda auditiva 
antes dos 3 meses de idade. Crianças que possuem indicadores de risco para perda 
auditiva devem ser acompanhadas a cada seis meses por três anos (MANFREDI, 
2002). 
Essa identificação precoce de possíveis perdas auditivas é importante para que 
antes dos 3 meses de idade já se possa ter o diagnóstico e iniciar uma intervenção 
evitando maiores prejuízos para o desenvolvimento dos bebês (GATANU). 
 Em suma, compreende-se que quando o paciente está no leito, a atuação do 
fonoaudiólogo, segundo Leite et al. (2003); 
 
36 
[...] tem um caráter mais preventivo e intensivo, com o objetivo de impedir e 
ou diminuir sequelas da comunicação ou deglutição que as patologias de 
base possam deixar. Para tanto, a atuação inicia-se logo após o paciente 
esteja estável seguindo critérios clínicos pré-estabelecidos garantindo 
segurança na avaliação fonoaudiológica, sem horários fixos. (LEITE et al., 
2003, apud FERREIRA, 2016, p.12). 
A fonoaudiologia hospitalar é diferente da ambulatorial, além da intervenção 
quando os sintomas já estão instalados, caracteriza-se também pela intervenção dos 
pacientes precocemente, que não tenham os sintomas instalados, já que os mesmos 
estão “disponíveis” para a intervenção (LEITE, 2003). 
8 FONOAUDIOLOGIA DO TRABALHO 
A Saúde do Trabalhador (ST), de acordo com o Ministério da Saúde (2001), 
pode ser compreendida como área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo 
e intervenção as relações entre as condições de trabalho e a saúde da população. As 
ações em ST visam à promoção da saúde, o cuidado e a assistência, além de medidas 
de vigilância das exposições ocupacionais e dos agravos relacionados ao trabalho. 
Dentre esses agravos, dois comprometem o trabalhador em suas habilidades de 
comunicação: a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e os Distúrbios de Voz 
Relacionados ao Trabalho (DVRT). 
A PAIR decorre da exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora e 
se manifesta pela diminuição gradual e irreversível da acuidade auditiva1-3, o que 
pode comprometer a qualidade de vida do trabalhador e gerar custos para o próprio 
indivíduo, família e sociedade. Araújo (2002). A PAIR, porém, é passível de prevenção 
através da adoção de medidas de caráter coletivo ou individual. Meira (2012). 
Por sua vez, o DVRT pode ser compreendido como qualquer forma de desvio 
vocal diretamente relacionado ao uso da voz durante a atividade profissional 
que diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou comunicação do 
trabalhador, o que pode levar a prejuízos emocionais, na atividade 
profissional e socioeconômicos. (FERREIRA, 2011, apud GUSMÃO 2018, p. 
2). 
Conforme a Lei nº 6.965, de 9 de dezembro de 1981, o fonoaudiólogo é o 
profissional que tem como centro de sua formação e missão o cuidado com a saúde 
dos indivíduos no que se refere à comunicação humana, em seus diversos aspectos, 
atuando em promoção da saúde, prevenção, diagnóstico e reabilitação de distúrbios, 
 
37 
como os de voz e audição. Para o Conselho Federal de Fonoaudiologia, a partir da 
Resolução Nº 428 (2013), no âmbito das ações de vigilância em ST, compete ao 
fonoaudiólogo: elaborar diagnóstico situacional do ambiente, verificar o perfil 
epidemiológico dos agravos, atuar para melhoria das condições ambientais 
contribuindo para a prevenção de riscos, indicar equipamentos de proteção individual, 
além de monitorar, elaborar e gerenciar ações voltadas para a saúde geral e bem-
estar do trabalhador. Assim, compreende-se que o fonoaudiólogo envolvido com a ST 
deve atuar norteado pela integralidade do cuidado, não se restringindo às ações 
específicas de assistência ou da sua área de especialidade. 
Em 2002, foi instituída no Brasil, através da Portaria Nº 1.679, a Rede Nacional 
de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), uma rede de informação e 
práticas de saúde cujo objetivo é irradiar as ações de ST no Sistema Único de Saúde 
(SUS) e articular as ações intra e intersetoriais, de vigilância e de promoção da saúde 
para promover atenção integral a todos os trabalhadores do País10. Segundo a 
Portaria de Nº 2.437/2005, o provimento de retaguarda técnica para as ações em ST 
no SUS é função dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). 
A atuação do fonoaudiólogo em saúde do trabalhador perpassa não apenas os 
ambientes com agentes de risco para a saúde como ruído, produtos químicos, 
indústrias, mas também as ações de vigilância. Participa de equipes de referência em 
saúde do trabalhador (CERESTs), em assessoria, planejamento, programação, 
acompanhamento e avaliação das ações, na discussão da organização dos processos 
produtivos e suas consequências no meio ambiente (controle social) e no 
acompanhamento específico aos profissionais da voz, reduzindo, por exemplo, o 
número de afastamento de professores de seu trabalho. 
De acordo com a Portaria supracitada e com o Manual de Gestão e 
Gerenciamento da Renast (2006), a equipe técnica mínima dos Cerest 
estaduais deve ser composta por pelo menos cinco profissionais de nível 
médio e dez profissionais de nível superior, enquanto que para os Cerest 
regionais são previstos pelo menos quatro profissionais de nível médio e seis 
profissionais de nível superior. (GUSMÃO 2018, p. 2). 
O fonoaudiólogo está relacionado entre aqueles que podem ser alocados na 
equipe, mas não obrigatoriamente, assim como odontólogos, engenheiros, 
psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, entre outros. Sabe-se, no entanto, que 
a Portaria Nº 2.437/2005 foi revogada em 2009 e que a proposta de conformação da 
 
38 
equipe mínima dos Cerest é uma das pautas em discussão para implementação de 
mudanças na Renast. 
 
 
 
 
 
 
 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AGUIAR, Z. Antecedentes históricos do Sistema Único de Saúde: breve história 
da política de saúde no Brasil. In: Aguiar Z, editor. SUS Sistema Único de Saúde: 
antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari; 2001. 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of 
Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Arlington, VA: American Psychiatric 
Association; 2013. 
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Central auditory 
processing disorders. Rockville: ASHA; 2005. 
AZZAM, R. S; SAKAI, P. Distúrbios da deglutição. Tratado de endoscopia 
digestiva diagnóstica e terapêutica: esôfago.

Continue navegando

Outros materiais