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Febre Reumática - Introdução -A febre reumática (FR) e a cardiopatia reumática crônica (CRC) são complicações não supurativas da faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta- hemolítico do grupo A e decorrem de resposta imune tardia a esta infecção em populações geneticamente predispostas. -Essa é uma doença que está frequentemente associada à pobreza e às más condições de vida. -Assim, apesar da reconhecida redução da incidência da FR nas últimas décadas nos países desenvolvidos, com consequente redução na prevalência da CRC, a FR permanece como um grande problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento. -A FR afeta especialmente crianças e adultos jovens. A mais temível manifestação é a cardite, que responde pelas sequelas crônicas, muitas vezes incapacitantes, em fases precoces da vida, gerando elevado custo social e econômico. (2) no período de latência de 2 a 4 semanas entre a faringite e as manifestações da doença reumática, os indivíduos estão produzindo anticorpos anti- estreptocócicos (a dosagem dos antígenos estreptocócicos após esse período é elevada); (3) os títulos de anticorpos anti-estreptocócicos (p. ex., antiestreptolisina O) são mais altos nos indivíduos reumáticos do que naqueles sem doença reumática. -As evidências principais indicam haver reação imunitária cruzada com moléculas de partes do próprio organismo, como o coração e as articulações, devido a mimetismo molecular entre proteínas bacterianas e do hospedeiro. -Entre os diversos componentes antigênicos dos estreptococos, um dos mais importantes é a proteína M, a qual possui sequências polipeptídicas semelhantes a proteínas humanas. -Linfócitos T (sobretudo CD4+) de pacientes reumáticos reagem tanto com essa proteína quanto com moléculas existentes no coração. -Além disso, outras frações dos estreptococos têm comportamento semelhante: antígenos estreptocócicos mimetizam componentes do sarcolema de miocélulas cardíacas, e o hialuronan da bactéria é semelhante a compostos glicídicos valvares. -A suscetibilidade individual à doença é demonstrada pela análise de antígenos leucocitários humanos (HLA). Pacientes reumáticos têm frequência maior de determinados HLA, embora o tipo predominante varie em diferentes estudos, refletindo as diferenças de comportamento dos indivíduos em diferentes populações. -No Brasil, HLA DR7 e HLA DR53 são os haplótipos mais encontrados nos indivíduos reumáticos. -Nas lesões reumáticas participam linfócitos T CD4+ e CD8+, ocorrendo reação de hipersensibilidade tardia. -Na fase aguda, há formação de granulomas com macrófagos, indicando a existência de resposta do tipo Th1. Diversas citocinas são também encontradas nessas lesões. -No coração, a inflamação pode comprometer o pericárdio, o miocárdio e o endocárdio, separadamente ou em conjunto. -As lesões principais são as das valvas (endocárdio valvar). A valva mais acometida é a mitral, isoladamente (50 a 70% dos casos) ou em associação com a aórtica (30 a 50%). Lesão concomitante das valvas mitral, aórtica e tricúspide é incomum; mais raro ainda é o comprometimento apenas da valva aórtica ou o comprometimento quadrivalvar. -Na fase aguda, o coração de indivíduos falecidos com cardite reumática é aumentado de volume, flácido e globoso e frequentemente apresenta pericardite fibrinosa. -À abertura do órgão, observa-se discreta hipertrofia da parede e dilatação das câmaras cardíacas, principalmente dos ventrículos. -Pequenas vegetações ou verrugas de cor róseo-acinzentada podem aparecer ao longo da borda de fechamento das válvulas. -Tais lesões são constituídas de fibrina, plaquetas e, na sua base, células inflamatórias e células do revestimento endocárdico com aspecto reativo, em paliçada. O tecido conjuntivo valvar subjacente contém infiltrado de mononucleares, fragmentação e hipereosinofilia do colágeno e acúmulo, sobretudo em crianças, de glicosaminoglicanos. -O número de neutrófilos é variado e depende da extensão da necrose, formando, quando esta é extensa, verdadeiros abscessos que podem causar insuficiência valvar aguda. (1) raridade da doença antes dos 4 anos de idade, sugerindo a necessidade de várias infecções estreptocócicas para sensibilizar o indivíduo suscetível; -Por meio de dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, sabe-se que a doença reumática é uma complicação tardia, não supurativa, mediada por anticorpos, de infecções das vias respiratórias superiores causadas por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A de Lancefield. -Na história natural da doença, o indivíduo inicialmente tem uma infecção da orofaringe seguida, 2 a 4 semanas depois, de episódio agudo da doença reumática. -Nem todos os indivíduos que têm faringite desenvolvem doença reumática (apenas cerca de 3% deles adquirem a enfermidade); além disso, o acometimento é maior em determinadas famílias. -Estes achados apontam para fatores indutores de lesão ligados tanto aos microrganismos quanto aos indivíduos. -Embora os mecanismos patogenéticos não sejam ainda completamente esclarecidos, tudo indica que há participação de mecanismos imunitários, tanto por anticorpos como por linfócitos T. Entre os dados importantes, encontram-se: Epidemiologia -Em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a faringoamigdalite e o impetigo são as infecções mais frequentemente causadas pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA). -No entanto, somente a faringoamigdalite está associada ao surgimento da FR. O EBGA é o responsável por 15%-20% das faringoamigdalites e pela quase totalidade daquelas de origem bacteriana. -A faringoamigdalite estreptocócica acomete principalmente indivíduos de 5 a 18 anos. Sua incidência varia conforme os países e, dentro do mesmo país, varia de acordo com as diferentes regiões, oscilando, basicamente, em função da idade do indivíduo, das condições socioeconômicas, dos fatores ambientais e da qualidade dos serviços de saúde. -A FR possui uma distribuição universal, mas com marcada diferença nas taxas de incidência e prevalência entre os diversos países, constituindo a principal causa de cardiopatia adquirida em crianças e adultos jovens nos países em desenvolvimento. Etiopatogenia Exsudativa ou inicial: surge com cerca de duas a três semanas de doença e caracteriza-se por tumefação, fragmentação e aumento da eosinofilia das fibras colágenas (que ficam com aspecto fibrinoide), em associação com alguns linfócitos e plasmócitos; Proliferativa ou granulomatosa (nódulo de Aschoff): que se forma três a quatro semanas após o início da doença e é representada pelo acúmulo, ao redor das áreas de alterações do colágeno, de macrófagos, células gigantes, linfócitos e fibroblastos dispostos em arranjo grosseiramente paralelo. Os macrófagos são grandes, possuem citoplasma basofílico e núcleo hipercromático; Cicatricial: que se desenvolve após quatro a seis meses. -As vegetações são parte do diagnóstico da fase aguda da doença reumática, mas este baseia-se principalmente no encontro dos chamados nódulos de Aschoff, patognomônicos da doença. -As lesões evoluem em três fases: 1. 2. 3. -Quando o infiltrado inflamatório regride, surgem fibroblastos e se depositam fibras colágenas, formando zona perivascular de fibrose. -Os nódulos de Aschoff em fase cicatricial podem ser encontrados após muito tempo no miocárdio de indivíduos sem atividade clínica da doença. -Seu tamanho varia de poucos micrômetros até quase 1 mm. São mais comuns no interstício miocárdico, em torno de vasos. -O sistema de condução e, nos casos mais intensos, a região subendocárdica, as valvas e o pericárdio podem também conter nódulos de Aschoff. -Além dos nódulos de Aschoff, pode haver miocardite intersticial difusa e inespecífica, porém em geral não existe lesão/necrose de cardiomiócitos, diferentemente do que se observa em miocardites virais. -A miocardite reumática caracteriza-se ainda por edema do tecido conjuntivo e infiltrado inflamatório com linfócitos T e B, plasmócitos, macrófagos, neutrófilose ocasionais eosinófilos. -As alterações eletrocardiográficas da fase aguda da doença parecem decorrer desse tipo de lesão e não da presença dos nódulos de Aschoff. -Na fase crônica, predominam as sequelas do comprometimento pelos surtos de inflamação aguda, mas persiste valvulite com mononucleares, acompanhada de neoformação de vasos, fibrose e cicatrização. -Os folhetos valvares encontram-se irregularmente espessados, encurtados e, muitas vezes, calcificados; é também comum é a fusão das comissuras. -Nos casos típicos, esta é muito evidente e torna o orifício valvar mitral muito reduzido e alongado, em formato conhecido como “boca de peixe”. -A fusão de comissuras é um dos principais mecanismos de estenose valvar na doença reumática. Nas valvas atrioventriculares, existem ainda espessamento, fusão e encurtamento das cordas tendíneas. -Estas alterações e o encurtamento dos folhetos contribuem para a concomitante insuficiência valvar. -Na valva aórtica, encontram-se espessamento e encurtamento das semilunares, fusão das comissuras e calcificações. -O endocárdio mural é pouco afetado, exceto no átrio esquerdo, acima da implantação da cúspide posterior da mitral, onde é frequente o encontro de espessamento focal; este parece representar lesão de jato sanguíneo por insuficiência da valva mitral. -Em alguns casos, há placas de calcificação na superfície endocárdica dos átrios. Trombose atrial é comum, em decorrência de fibrilação atrial e estase sanguínea. -O pericárdio pode estar espessado, o que poucas vezes tem repercussões funcionais ou clínicas. Valva mitral apresentando inflamação aguda, com várias verrucosidades na borda de fechamento (setas) A mesma lesão, mostrando depósito de fibrina CLASSIFICAÇÃO: 1. Fase aguda da FR: inclui história de uma infecção estreptocócica desencadeante e acometimento subsequente dos componentes do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade comum a todas as estruturas afetadas é uma lesão conhecida como corpo de Aschoff. 2. Estágio recidivante: consiste na progressão dos efeitos cardíacos da doença. 3. Fase crônica da FR: caracteriza-se por deformidade irreversível das valvas cardíacas e é uma causa comum de estenose da valva mitral. - Nódulo de Aschoff perivascular, no miocárdio. A. Vista superior do átrio esquerdo (dilatado e com espessamento endocárdico) e da valva mitral, que mostra denso espessamento fibrótico e fusão das comissuras, com aspecto “em boca de peixe”. Há, ainda, trombo de fibrina (seta), que é complicação da lesão mas não é característica da estenose mitral crônica. B. Valva mitral aberta, mostrando lesões antigas. As cordas tendíneas estão espessadas e encurtadas; devido à fusão de comissuras, a distinção entre os dois folhetos é pouco nítida. -Na sua forma clássica, as manifestações clínicas da doença reumática surgem em geral duas a quatro semanas após infecção estreptocócica aguda da orofaringe. -O paciente apresenta febre, poliartralgia de grandes articulações, muitas vezes de caráter migratório, coreia (movimentos desordenados dos membros) e, em cerca de dois terços dos casos, sinais de comprometimento do coração. -Os níveis séricos de antiestreptolisina O, de proteína C reativa e de mucoproteínas encontram-se elevados; há ainda queda da albumina e aumento das frações alfa e gama de globulinas. -Além desses, o paciente pode apresentar manifestações cutâneas (eritema marginado - lesões avermelhadas em tronco e membros que aparecem e desaparecem sem motivo) e respiratórias e comprometimento das serosas e dos vasos sanguíneos. A doença evolui em crises sucessivas; as remissões entre as crises podem durar meses ou anos. -Com quadro clínico tão variado, o diagnóstico da fase aguda da doença reumática nem sempre é fácil. A fim de aprimorar e padronizar o diagnóstico, os critérios propostos por Jones, com pequenas modificações, têm grande importância prática. -O diagnóstico de atividade da doença reumática pode ser estabelecido pelo encontro de pelo menos dois sinais considerados maiores ou por um sinal maior e dois sinais menores, principalmente se presentes condições associadas que indicam infecção estreptocócica. -A evolução a longo prazo e o prognóstico da doença reumática dependem fundamentalmente do acometimento do coração e da gravidade das lesões, particularmente das valvas. -Muitas vezes, a doença responde bem ao tratamento, que inclui antibioticoterapia, corticoides e medicação para a insuficiência cardíaca. -Para a profilaxia de novos surtos agudos, administram-se periodicamente agentes antimicrobianos, especialmente penicilina, por longos períodos. -Dependendo das sequelas, os pacientes podem desenvolver insuficiência cardíaca por estenose e/ou insuficiência de uma ou mais valvas. Fibrilação atrial, considerada secundária ao aumento do volume do átrio esquerdo, também pode ocorrer. -Intervenção por cateter balão ou por cirurgia, seja de plastia ou para troca valvar, pode contribuir para melhora da insuficiência cardíaca e da sobrevida de pacientes com comprometimento grave. -No entanto, se a valva é conservada, novos surtos podem tornar a agredi-la; por outro lado, quando é realizada a substituição, podem ocorrer problemas com as próteses. Em alguns casos, o transplante cardíaco é indicado. -A doença valvar manifesta-se principalmente na forma de estenose fibrótica deformante da valva atrioventricular esquerda (mitral). espessamento das válvulas; fusão e encurtamento das comissuras; espessamento e fusão das cordas tendíneas. -A doença reumática cardíaca crônica é caracterizada pela organização da inflamação aguda e pela subsequente cicatrização. -Os corpos de Aschoff são substituídos por cicatrizes fibrosas, de modo que essas lesões raramente são vistas na doença crônica. -Em particular, as válvulas das valvas tornam-se espessadas e retraídas de modo permanente. -Classicamente, a valva atrioventricular esquerda (mitral) exibe: 1. 2. 3. -As pontes fibrosas que se estendem de um lado ao outro das comissuras valvares e as calcificações dão origem às estenoses “em boca de peixe” ou "em casa de botão". -O exame microscópico revela neovascularização e fibrose difusa que destrói a arquitetura normal das válvulas. -A consequência funcional mais importante da doença reumática cardíaca é a estenose e a regurgitação valvares; a estenose tende a predominar. -Na estenose mitral intensa, o átrio esquerdo dilata-se progressivamente por causa da sobrecarga de pressão, o que precipita a fibrilação atrial. -A combinação de dilatação e fibrilação é um substrato fértil para a trombose, e a formação de trombos murais grandes é comum. -A congestão venosa passiva de longa duração provoca alterações no parênquima e nos vasos pulmonares que são típicas da insuficiência cardíaca esquerda. -Com o tempo, essas alterações levam à hipertrofia e à falência do ventrículo direito. -Na estenose mitral pura, o ventrículo esquerdo geralmente está normal. Abertura incompleta da valva mitral durante a diástole, com distensão do AE e comprometimento do enchimento do VE. Caracterizada pela substituição do tecido valvar por um tecido fibroso, bem como por rigidez e fusão do aparelho valvar. Tipicamente, as cúspides mitrais se fundem nas bordas e o envolvimento das cordas tendíneas causa encurtamento, o que traciona as estruturas valvares mais profundamente para dentro do ventrículo. Conforme a resistência ao fluxo através da valva aumenta, o AE dilata e a pressão atrial esquerda aumenta. O aumento da P. atrial esquerda é finalmente transmitido ao sistema venoso pulmonar, causando congestão pulmonar. Caracterizada pelo fechamento incompleto, com o VS ventricular esquerdo sendo dividido entre o VS anterógrado (movimento em direção à aorta) e o VS regurgitante (movimento retrógrado) para o AE durante a sístole. A regurgitação mitral pode resultar da ruptura das cordas tendíneas ou dos músculos papilares, da disfunção dos músculos papilares, ou do estiramentodas estruturas valvares em consequência da dilatação do VE ou do orifício valvar. O VS anterógrado (que se move pela aorta até a circulação sistêmica) está reduzido, e o VS regurgitante ocasiona uma rápida elevação na P. atrial esquerda, edema pulmonar e diminuição no DC. A função ventricular esquerda fica comprometida, o VS anterógrado (aórtico) diminui e a P. atrial esquerda aumenta, com o subsequente desenvolvimento de congestão pulmonar. Os sintomas típicos são aqueles de insuficiência do VE, como dispneia ao esforço, dispneia noturna paroxística e ortopneia. -Estenose da valva mitral: -Regurgitação da valva mitral: Manifestações clínicas Valvopatias associadas Distúrbios da valva mitral Com frequência denominada simplesmente estenose aórtica, é caracterizada por um aumento da resistência à ejeção do sangue do VE para a aorta. As alterações valvares variam de um leve espessamento sem obstrução até a calcificação grave com comprometimento do movimento dos folhetos e obstrução da saída ventricular esquerda. Com o aumento da PS em consequência da obstrução, a parede VE se torna mais espessa, ou hipertrofia, porém o volume normal da câmara é mantido. Esse aumento na espessura da parede consegue manter uma fração de ejeção normal. Resultado de uma valva aórtica insuficiente que permite o fluxo retrógrado do sangue para o VE durante a diástole. Como resultado, o VE precisa aumentar o VS para incluir o sangue que entra dos pulmões e o que extravasa e retorna pela valva regurgitante. Pode resultar de condições que causam cicatrização dos folhetos da valva, ou de um alargamento do orifício valvar que afasta os folhetos a ponto de deixarem de se tocar. A regurgitação aórtica aguda é caracterizada pelo súbito aparecimento de um grande volume regurgitante para o VE de tamanho normal, que não teve tempo para se adaptar à sobrecarga de volume. Como resultado, ocorre uma grave elevação na Pressão Diastólica Final do VE que é transmitida para o AE e para as veias pulmonares, culminando no edema pulmonar. -Estenose da valva aórtica: -Regurgitação da valva aórtica: -Achados inespecíficos, geralmente transitórios e representados principalmente por taquicardia sinusal, distúrbios de condução, alterações de ST-T e baixa voltagem do complexo QRS e da onda T no plano frontal. O eletrocardiograma normal não exclui o envolvimento cardíaco. (1)cardite; (2)poliartrite migratória das grandes articulações; (3)nódulos subcutâneos; (4)erupção eritematosa anular (eritema marginado) na pele; (5)coreia de Sydenham, distúrbio neurológico caracterizado por movimentos rápidos despropositados e involuntários (também denominada dança de São Vito). -Recomenda-se a realização do exame radiológico do tórax para investigação de cardiomegalia e de sinais de congestão pulmonar. -O diagnóstico da febre reumática aguda é feito com base nas evidências sorológicas da infecção estreptocócica prévia em combinação com dois ou mais dos chamados critérios de Jones: -Os critérios menores, como febre, artralgias, alterações eletrocardiográficas ou elevação dos reagentes da fase aguda, também podem auxiliar no diagnóstico. -Após uma crise inicial e a geração de uma memória imune, as novas infecções estreptocócicas tornam os pacientes cada vez mais vulneráveis à reativação da doença. É provável que a cardite piore com cada recorrência, e o dano é acumulativo. -Contudo, a cardite reumática crônica geralmente não produz manifestações clínicas durante anos ou mesmo décadas após o episódio inicial da febre reumática. -Quando se manifesta, os sinais e sintomas da doença valvar dependem da(s) valva(s) cardíaca(s) afetada(s). -Além dos diferentes sopros cardíacos, da hipertrofia e dilatação cardíacas e da ICC, os pacientes com cardiopatia reumática crônica têm com frequência arritmias (especialmente fibrilação atrial na presença de estenose mitral) e complicações tromboembólicas resultantes de trombos murais atriais. -Além disso, as valvas cicatrizadas e deformadas são mais suscetíveis à endocardite infecciosa. -O prognóstico a longo prazo é altamente variável. Em alguns casos, ocorre um ciclo implacável de deformidade valvar que produz alterações hemodinâmicas que geram ainda mais fibrose deformante. -O reparo cirúrgico ou a substituição das valvas doentes tem melhorado muito o prognóstico dos pacientes DRC. -Nenhum exame laboratorial é específico para estabelecer o diagnóstico de FR. -Em razão da ocorrência de diversos sinais e sintomas, os critérios diagnósticos de Jones subdividem as manifestações clínicas dessa doença em critérios maiores e menores com base em sua prevalência e especificidade. -Dois critérios maiores ou um maior e dois menores, acompanhados de indícios de infecção pregressa por EGA, indicam probabilidade alta de FR. Distúrbios da valva aórtica Diagnóstico da Febre Reumática Ecocardiograma -As diferenças estruturais entre bactérias e eucariontes desencadeiam proteções do hospedeiro em seres humanos e fornecem a base para muitas das terapias antimicrobianas. -A classificação de bactérias a partir da coloração, como gram- positiva, gram-negativa ou álcool-ácido resistente indica a base para as diferenças nos meios de transmissão, apresentação da doença e sensibilidade aos antibacterianos. -As estruturas externas das bactérias fornecem as funções de estrutura e de transporte, os meios para interação entre si e o hospedeiro, como os fatores de virulência, e abrangem os padrões moleculares associados a patógenos (PAMP) que desencadeiam respostas inatas e imunes. -As bactérias são organismos procariontes e unicelulares, isto é, formadas por uma única célula, sem núcleo definido e sem a presença de organelas membranosas. -O ecocardiograma ampliou o entendimento das formas aguda e crônica de cardiopatia reumática. -Esse exame é útil para avaliar a gravidade da estenose e da regurgitação valvares, o diâmetro das câmaras cardíacas e a função ventricular, além da existência e do volume dos derrames pleurais. Ecodoppler -O ecodoppler pode ser usado para revelar lesões cardíacas nos pacientes que não apresentam sinais típicos de acometimento do coração durante um episódio de FR, mas seu resultado não é considerado um critério de Jones. Eletrocardiograma Radiografia de tórax -A diferenciação inicial entre bactérias pode ser realizada pelas características de crescimento em diferentes nutrientes e meios seletivos. As bactérias crescem em colônias; cada colônia é como uma cidade de até 1 milhão ou mais de organismos. Microbiologia bacteriana Diferenciação macroscópica e microscópica Cocos: são esféricos ou arredondados; Bacilos: são alongados e cilíndricos; Espirilos: são longos, espiralados e deslocamse por meio de flagelos; Espiroquetas: são espiralados e deslocam-se com movimentos ondulatórios; Vibriões: apresentam aspecto de vírgula. -A soma de suas características confere à colônia aspectos diferenciais, tais como cor, tamanho, forma e odor. -A capacidade da bactéria de resistir a certos antibacterianos, fermentar açúcares específicos, lisar eritrócitos ou hidrolisar lipídios pode ser determinada usando os meios de crescimento apropriados. -O aspecto microscópico, incluindo tamanho, forma e configuração dos organismos (cocos, bastonetes, curvos ou espiralados) e sua capacidade de reter a coloração de Gram (gram-positiva ou gram-negativa) são os principais meios para diferenciar as bactérias. 1. 2. 3. 4. 5. -A coloração de Gram é um teste rápido, poderoso e fácil que possibilita aos médicos diferenciar entre as duas classes principais de bactérias, desenvolver um diagnóstico inicial e começar a terapia com base nas diferenças inerentes às bactérias. -As bactérias são fixadas por calor ou secas de outra maneira em uma lâmina; coradas com cristal violeta, que é um corante precipitado com iodo; em seguida, o corante não ligado e em excesso é removido por lavagem com descolorante à base de acetona e água. Um contracorante vermelho denominado safraninaé adicionado para corar qualquer célula descorada. Esse processo leva menos de 10 minutos. -Para as bactérias gram-positivas, que ficam roxas ou púrpuras, o corante fica retido em uma estrutura espessa e reticulada em forma de malha (a camada de peptidoglicano), que envolve a célula. -As bactérias gram-negativas têm uma camada fina de peptidoglicano que não retém o corante cristal violeta, portanto as células devem ser contracoradas com safranina e ficam vermelhas. -Um dispositivo mnemônico que pode ajudar é “P- PÚRPURA-POSITIVO”. -A coloração de Gram perde confiabilidade para bactérias que estão famintas (culturas antigas ou em fase estacionária) ou tratadas com antibacterianos por causa da degradação do peptidoglicano. -Bactérias que não podem ser classificadas pela coloração de Gram incluem micobactérias, que têm um envoltório externo ceroso e são diferenciadas com a coloração para bacilos álcool- ácido-resistentes, e os micoplasmas, que não apresentam peptidoglicano. - -
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