Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tópicos Comportamentais nas Organizações Tópicos Comportamentais nas Organizações Lúcia Kratz de Souza Tópicos Comportamentais nas Organizações DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Assessora Andrea Jardim FICHA TÉCNICA Texto: Lúcia Kratz de Souza Revisão Ortográfica: Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni , Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima da Silva, Ruan Carlos Vieira Fausto ,Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 © Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). S729t Souza, Lúcia Kratz de. Tópicos comportamentais nas organizações / Lúcia Kratz de Souza ; revisão de Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Junior. 2. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO, 2011. 188 p. : il. 1. Comportamento organizacional. 2. Cultura organizacional. 3. Grupos de trabalho. 4. Mudanças organizacionais. 5. Desenvolvimento organizacional. 6. Administração de empresas. I. Maria, Lívia Antunes Faria. II. Valverde Junior, Walter P. III. Título. CDD 658.403 http://www.universo.edu.br/ Tópicos Comportamentais nas Organizações Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Tópicos Comportamentais nas Organizações Tópicos Comportamentais nas Organizações Sumário 1. Apresentação da disciplina ...................................................................... 09 2. Plano da disciplina ................................................................................... 11 3. Unidade 1 – Fundamentos do comportamento organizacional ................. 13 4. Unidade 2 – Fundamentos do comportamento individual ........................ 33 5. Unidade 3 – Fundamentos do comportamento grupal ............................. 99 6. Unidade 4 –. Cultura organizacional ........................................................ 145 9. Considerações finais.......................................................................................179 10. Conhecendo a autora .....................................................................................181 11. Referências ....................................................................................................182 12. Anexos ........................................................................................................... 185 Tópicos Comportamentais nas Organizações Tópicos Comportamentais nas Organizações Apresentação da Disciplina Caro aluno, Seja bem-vindo à disciplina Tópicos Comportamentais nas Organizações. A disciplina Tópicos Comportamentais nas Organizações visa a compreender e analisar os vários aspectos do comportamento humano relacionados à dinâmica organizacional do ponto de vista antropológico, sociológico e psicológico. Esta disciplina relaciona-se, principalmente, com a área de Gestão de Pessoas, sendo esta, uma área de fundamental importância para o mundo organizacional, pois com os avanços e facilidade de acesso tecnológico, o que diferencia uma empresa de outra é, essencialmente, o conjunto de pessoas dentro destas organizações. Compreender o comportamento humano é um campo de estudos ligados à psicologia organizacional que pretende auxiliar os gestores a melhor gerenciar suas decisões na busca por profissionais mais comprometidos, motivados e que desempenhem adequadamente seus papéis nas organizações em que atuam. Portanto, esta disciplina irá possibilitar a você, futuro administrador, a possibilidade de compreender a organização sob o olhar do ser humano que a constitui, buscando a verdadeira vantagem competitiva, ou seja, aquela que dificilmente será copiada, mas que necessita ser construída. Partimos do pressuposto de que, através da leitura, análise crítica e exercícios práticos, será possível o domínio do conteúdo e consequentemente de uma aprendizagem diferenciada, prática e inesquecível. Convido-te, portanto, para caminharmos juntos nesta prazerosa jornada de crescimento. Qualquer dúvida entre em contato. Será sempre um prazer lhe atender em suas dúvidas e sugestões. Vamos nessa? 9 Tópicos Comportamentais nas Organizações Tópicos Comportamentais nas Organizações Plano da Disciplina A disciplina denominada de Tópicos Comportamentais nas Organizações tem como principal objetivo desenvolver a habilidade de compreender, principalmente, as causas dos problemas oriundos dos comportamentos dos colaboradores das organizações em que atuamos. A disciplina foi dividida em quatro unidades visando a uma melhor compreensão dos elementos queenvolvem o comportamento humano nas organizações, conforme apresentado nos itens abaixo: UNIDADE 1: FUNDAMENTOS DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Nesta primeira unidade, iremos trabalhar uma visão inicial sobre os conceitos relativos ao comportamento organizacional. Objetivos: Analisar o comportamento humano numa visão antropológica, sociológica e psicológica; Analisar as diferentes concepções sobre o comportamento humano nas organizações; Compreender as relações humanas nas organizações com uma visão analítica e crítica de suas várias dimensões. UNIDADE 2: FUNDAMENTOS DO COMPORTAMENTO INDIVIDUAL Em nossa segunda unidade será nosso grande desafio compreender os fundamentos do comportamento individual . Esta unidade visa a aprimorar seus conhecimentos para melhor compreender as dimensões que irão influenciar os processos gerenciais nas organizações em que atuam. Objetivos: Articular conhecimento sistematizado com ação profissional; 11 Tópicos Comportamentais nas Organizações Desenvolver raciocínio lógico e crítico na identificação e solução de problemas organizacionais; Interagir criativamente com os diferentes interesses sociais; Tomar decisões coerentes com os objetivos e metas organizacionais. UNIDADE 3: FUNDAMENTOS DO COMPORTAMENTO GRUPAL Nesta unidade, iremos trabalhar o grupo, seus estágios e seus processos. Como seres essencialmente sociais, vivemos em grupos e precisamos uns dos outros para viver. Objetivos: Trabalhar em equipe aplicando e valorizando os princípios de afetividade no relacionamento; Analisar estratégias adequadas de ações, visando a atender interesses grupais; Analisar as interações sócio-profissionais no contexto do trabalho. UNIDADE 4: CULTURA ORGANIZACIONAL Nesta última unidade, vamos trabalhar as variáveis relacionadas às organizações. Objetivos: Analisar o comportamento organizacional em um mundo multicultural; Compreender a diversidade sócio-cultural; Analisar e identificar o perfil cultural nas empresas. Bons Estudos! 12 Tópicos Comportamentais nas Organizações Fundamentos do comportamento organizacional O indivíduo numa visão antropológica, sociológica e psicológica. Comportamento organizacional. Racionalização na concepção de Max Weber. O modelo situacional do comportamento organizacional nas organizações. 1 Tópicos Comportamentais nas Organizações 12 Nesta primeira unidade, iremos trabalhar uma visão inicial sobre os conceitos relativos ao comportamento organizacional, buscando analisar o indivíduo numa visão antropológica, sociológica e psicológica. OBJETIVOS DA UNIDADE Analisar o comportamento humano numa visão antropológica, sociológica e psicológica; Analisar as diferentes concepções sobre o comportamento humano nas organizações; Compreender as relações humanas nas organizações com uma visão analítica e crítica de suas várias dimensões. PLANO DA UNIDADE O indivíduo numa visão antropológica, sociológica e psicológica. Comportamento organizacional. Racionalização na concepção de Max Weber. O modelo situacional do comportamento organizacional nas organizações. Bem-vindo à primeira Unidade de Estudo! Tópicos Comportamentais nas Organizações 13 O indivíduo numa visão antropológica, sociológica e psicológica Compreender o comportamento dos indivíduos é um grande desafio desde os primórdios da humanidade. Os estudos sobre o indivíduo, via de regra, visam a tentar compreender seu comportamento, suas atitudes e os motivos pelos quais levam determinadas pessoas a agir de determinada forma. Entretanto, esses estudos revelam uma grande dificuldade de assim proceder, pois os indivíduos são imprevisíveis e suas atitudes também o são. Mas, por que então tentamos compreendê-lo? Em nosso contexto, tentamos compreendê-lo para buscar elementos que nos auxiliem, como gestores que seremos, a tomar melhores decisões que estejam amparadas em conceitos teóricos que nos indiquem possibilidades, caminhos e olhares sobre uma pessoa ou sobre um fenômeno que estamos observando. Não para controlá-lo, mas sim para compreendê-lo, principalmente. As ciências que dedicaram seu tempo e estudos para tentar compreender o comportamento do indivíduo, são, principalmente, a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia. Vamos conhecê-las um pouco mais? A Antropologia é a ciência que estuda as culturas humanas, suas origens, a evolução e o desenvolvimento das sociedades através do tempo. De forma investigativa, ela estuda as diferenças raciais e étnicas, os costumes e convenções sociais, as origens das religiões, os comportamentos dos grupos humanos, o desenvolvimento técnico, a história e a estrutura da linguagem, dentre outras. A Sociologia, por sua vez, está voltada para os estudos dos grupos visando a compreender sua dinâmica, as teorias das organizações e sua evolução, as relações de poder e de conflito, tendo uma interface, nesses itens, com as Ciências Políticas. Essa ciência muito tem contribuído para a compreensão do Comportamento Organizacional, principalmente, através de pesquisas focadas no estudo do comportamento grupal nas organizações. Assim, os estudos dos sociólogos deram aos gestores um olhar mais profundo para entender, nas organizações mais complexas (com muitos departamentos, funcionários etc.) e formais (empresas, igrejas, órgãos públicos etc.), os comportamentos peculiares aos grupos. Tópicos Comportamentais nas Organizações 14 Já a Psicologia, é a ciência que procura explicar, medir e, se possível, alterar o comportamento humano. Ela está voltada para o estudo do indivíduo e sua relação com o processo de aprendizagem, o estudo de sua personalidade, de seus estilos de liderança, seus processos motivacionais, seus processos individuais de tomada de decisões, assim como o estudo dos processos de seleção de pessoal, do stress e da qualidade de vida dos indivíduos. Segue abaixo um resumo esquemático que apresenta as principais contribuições dessas ciências para os estudos do Comportamento Organizacional – CO. Fonte: Robbins, 1998, p. 12 Tópicos Comportamentais nas Organizações 15 VAMOS REFLETIR! Essas são, portanto, as principais áreas do conhecimento que estruturam e estudam o indivíduo e seu comportamento, assim como estudam o grupo e suas variáveis interdependentes. Essas ciências muito vêm contribuindo para a atuação dos gestores e suas organizações nos dias de hoje. Vamos agora iniciar nossa jornada no estudo do comportamento organizacional que, de acordo com Lobos (1978), relata que por volta da metade da década de 60, o termo “Comportamento Organizacional” (CO) foi criado e implementado em muitas escolas de Administração de Empresas, como uma possibilidade de integração da velha escola de Relações Humanas aliada a uma versão atualizada dos estudos que visam a compreender o comportamento humano. Comportamento Organizacional Mas, afinal, o que realmente é o Comportamento Organizacional? O Comportamento Organizacional, também conhecido como CO é o campo de estudo das ciências psicológicas, sociológicas e antropológicas que investiga o impacto que os indivíduos, os grupos e as estruturas têm sobre o comportamento humano, dentro do ambiente organizacional. Esses estudos são utilizados com o propósito de promover a eficácia organizacional, ou seja, é o campo da ciência que poderá auxiliar os administradores a buscar uma melhor eficácia em sua prática gerencial, lembrando que eficiência representa o fazer bem feito e a eficácia, o alcance dos objetivos pretendidos, e que essas variáveis são independentes, mas também complementares. Segue abaixo uma explicação mais detalhada, na qual: Eficiência: É a melhor forma de fazer uma coisa; Está relacionada com a melhor utilizaçãodos recursos para fazer uma determinada coisa. Tópicos Comportamentais nas Organizações 16 Eficácia: É fazer a coisa certa; Está relacionada ao cumprimento dos objetivos traçados. EXEMPLIFICANDO: Para melhor compreender quando falamos que elas são independentes, mas complementares, vejam esta situação: um jogador de futebol pode ser eficiente, mas não ser eficaz, pois ele pode jogar muito bem (ser eficiente) e não fazer gols para garantir a vitória do time. Pode também fazer gols (ser eficaz) e não jogar bem (não sendo eficiente). Mas se ele jogar bem e fizer gols ele foi eficiente e eficaz. E é justamente isso que queremos, não é mesmo? Chiavenato (2006) define que CO é o estudo da dinâmica das relações nas organizações e, como a organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem organizarem seus esforços objetivando alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam. O enfoque comportamental irá, portanto, auxiliar o gestor dando-lhe instrumentos gerenciais, tendo por base as ciências que estudam o comportamento das pessoas como indivíduos e como membros de grupos. Neste sentido, Robbins (1998), apresenta os principais objetivos dos estudos do Comportamento Organizacional como: A busca por explicações que auxiliem na compreensão de seus fenômenos. A busca por prever comportamentos, com o propósito de determinar ações preventivas específicas embasadas nos estudos do C.O. E, por fim, as buscas por tentar controlá-los. Esse é o objetivo mais controverso no emprego dos estudos acerca do comportamento, pois estamos falando de seres humanos, que são, por sua vez, imprevisíveis, dinâmicos e complexos. Tópicos Comportamentais nas Organizações 17 Estrutura dos processos estudados no Comportamento Organizacional Fonte: Griffin e Moorhead, 2006, p. 15. Em síntese, as principais variáveis relacionadas ao mundo da gestão que são estudadas pelo Comportamento Organizacional que visam a sua eficiência, são: Absenteísmo – é a falta ao trabalho com ou sem justificativa do empregado onde o não comparecimento afeta diretamente a produtividade. Os elementos que mais geram o absenteísmo são: doenças, fadigas, o excesso de estresse, a falta de descanso, a insatisfação com as atividades desempenhadas pelo trabalhador etc.; Cidadania Organizacional – apesar de não fazer parte das exigências funcionais, esse comportamento ajuda a promover o funcionamento eficaz da organização, pois engloba atitudes tais como: apoio aos colegas de equipe que se oferecem de forma voluntária para realizar tarefas extraordinárias, evitar conflitos desnecessários e elogiar o trabalho do grupo e da empresa. Tópicos Comportamentais nas Organizações 18 Coesão – representa o nível de integração entre as pessoas de um determinado grupo. Quanto mais coeso o grupo, maior a tendência de se ter produtividade e desempenho, entretanto, a coesão gera também conflitos oriundos do relacionamento interpessoal das pessoas que fazem parte do mesmo. Desempenho – é a capacidade que determinada pessoa ou organização tem para realizar uma determinada tarefa. O desempenho está relacionado com o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que se possui e como se coloca isso em prática para buscar alcançar os objetivos pretendidos. Produtividade – a produtividade está relacionada com a realização dos objetivos pretendidos com a menor utilização de recursos possíveis. Os recursos podem ser humanos, tecnológicos, físicos, estruturais e financeiros; Rotatividade – a rotatividade representa a taxa de troca de funcionários de uma determinada organização. Esta gera os seguintes transtornos: alto custo com recrutamento e seleção, assim como, com treinamentos ao novo funcionário, sem falar da queda de produtividade que é gerada até o novo funcionário se adaptar à sua rotina e funções; Satisfação com o Trabalho – representa o nível de motivação que o funcionário tem para realizar suas funções e atribuições diárias no cargo em que está lotado. Pode ser compreendida, também, como a percepção entre a diferença entre a o que os trabalhadores recebem e a o que eles acreditam que deveriam receber. IMPORTANTE Ressaltando que todas essas variáveis são influenciadas pelo comportamento do indivíduo e do grupo, assim como, pela forma como os sistemas organizacionais são geridos pelas próprias organizações. Estes fatores contribuirão, ou não, ao alcance da desejada eficácia gerencial. Tópicos Comportamentais nas Organizações 19 Comportamento organizacional e vantagem competitiva Os principais desafios vivenciados pelos administradores que trabalham com o estudo do Comportamento Organizacional, são: Aumentar a qualidade e a produtividade dos processos e de seus resultados possibilitando, consequentemente, a manutenção do negócio; Melhorar as habilidades humanas, desenvolvendo as próprias habilidades na gestão do trabalho das pessoas para obtenção de melhores resultados; Administrar a diversidade da força de trabalho, desenvolvendo a habilidade para administrar a heterogeneidade característica dos grupos de trabalho; Fortalecer as pessoas através de maior delegação de controle e assim possibilitar aos funcionários maior responsabilidade e autonomia na tomada de decisões; Lidar com a temporariedade, na qual o que se fez ontem é diferente do que se faz hoje, é será mais diferente ainda do que faremos amanhã. Essa instabilidade temporal gera insegurança e ansiedade nas pessoas; Reduzir o declínio da lealdade dos funcionários, que ocorre em consequência das mudanças no cenário mundial, que promoveram alterações no estilo de gestão, como a busca por empresas mais enxutas e a diminuição da segurança e estabilidade no emprego. Isso gerou uma nítida queda da lealdade dos funcionários em resposta à diminuição do comprometimento da organização para com os mesmos; Melhorar o comportamento ético dos membros das organizações. A competição brutal e a pressão por maiores índices de produtividade, parecem ter criado um ambiente fértil para o “jeitinho”, para a quebra de regras e para a adoção de práticas questionáveis por parte dos funcionários. Tópicos Comportamentais nas Organizações 20 O gestor que conseguir compreender e ultrapassar, mesmo que parcialmente, esses desafios terá como diferencial competitivo profissionais comprometidos com o negócio da organização, características tão necessárias nos dias de hoje, uma vez que os produtos estão cada vez mais parecidos uns com os outros e o que faz a diferença são as pessoas que os produzem. Racionalização na concepção de Max Weber Diante de todo este cenário competitivo, temos a racionalização proposta por Max Weber. Essa surgiu da fragilidade e da parcialidade das teorias Clássica e das Relações Humanas, que detinham uma visão extremista e incompleta sobre as organizações, criando um modelo racional que envolvesse todas as variáveis da organização. Com o passar do tempo, o crescimento e a complexidade das organizações passaram a exigir modelos mais bem definidos. A racionalização proposta por Weber é estudada através da Teoria Burocrática, que teve origem por volta dos anos 40, em função, principalmente, dos seguintes aspectos, segundo Chiavenato (2006, p.131): A fragilidade e parcialidade tanto da Teoria Clássica como da Teoria das Relações Humanas, pois ambas não possibilitaram uma visão global das organizações; A busca por um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas; O crescente tamanho e complexidade das empresas passaram a exigir modelos organizacionais mais bem definidos. Tópicos Comportamentais nas Organizações 21 O ressurgimento da Sociologiada Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber. IMPORTANTE Mas, quem é Max Weber? Max Weber é considerado como um dos fundadores da sociologia. Ele foi, juntamente com Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos modernos fundadores da sociologia. É conhecido, sobretudo, pelo seu trabalho sobre a sociologia da religião. De importância extrema, Max Weber escreveu a Ética protestante e o espírito do Capitalismo, que é um ensaio fundamental sobre as religiões e a afluência dos seus seguidores. Subjacente a Weber está a realidade econômica da Alemanha do princípio do séc. XX. Significante, também, é o ensaio de Weber sobre a política como vocação. Weber postula ali a definição de estado que se tornou essencial no pensamento da sociedade ocidental: que o estado é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da ação coerciva. A política deverá ser entendida como qualquer atividade em que o estado tome parte, de que resulte uma distribuição relativa da força. A política obtém, assim, a sua base no conceito de poder e deverá ser entendida como a produção do poder. Um político não deverá ser um homem da "verdadeira ética católica" (entendida por Weber como a ética do sermão da montanha, ou seja, oferece a outra face). Um defensor de tal ética deverá ser entendido como um santo (na opinião de Weber esta visão só será recompensadora para o santo e para mais ninguém). A esfera da política não é um mundo para santos. O político deverá esposar a ética dos fins últimos e a ética da responsabilidade, e deverá possuir quer a paixão pela sua atividade como a capacidade de se distanciar dos sujeitos da sua governação (os governados). Essencial na sua análise das doutrinas da fé é a confiança na "magia" em sermões e na fé em geral. Muito resumidamente, os protestantes tornaram-se ricos porque não têm nenhuma mão mágica que os leve para o céu. Os protestantes têm Tópicos Comportamentais nas Organizações 22 de trabalhar constantemente e de forma consistente para assegurar um lugar no céu. Por outro lado, os católicos invocam muitos rituais mágicos, cânticos encantados, um pouco de água, e uma reza tipo abracadabra. E logo as almas dos crentes ficam purificadas para a ascensão ao céu. Esse autor também é conhecido pelo seu estudo da burocratização da sociedade. No seu trabalho, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da organização baseada em valores e ação (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objetivos e ação (chamada lega-racional). O resultado, segundo Weber, é uma "noite polar de frio glacial" na qual a crescente burocratização da vida humana a coloca numa gaiola de metal de regras e de controle racional. Seus estudos sobre a Burocracia da Sociedade tiveram grande importância no estudo da Teoria da Burocracia, dentro do campo de estudo da Administração de Empresas. Max Weber morreu de pneumonia em Munique, Alemanha, a 14 de Junho de 1920. De acordo com Chiavenato (2006), “a burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos”. Suas principais características são: Trabalhar com a ideologia praticada pela “ética protestante”, na qual o homem é o que ele quiser ser, dependendo dele o seu sucesso ou fracasso, e este é fruto do seu esforço e dedicação; Trabalha com uma visão de “homem organizacional”, ou seja, de um homem voltado para a organização que separa os aspectos pessoais dos profissionais, que não deixa a emoção interferir em sua prática profissional; A busca pela racionalidade dos fatos e das coisas; Trabalha com o paradigma da busca pela seleção do candidato perfeito ao cargo pretendido; Tópicos Comportamentais nas Organizações 23 E a percepção de que a organização informal é algo que deve ser extinto, evitado e controlado, pois enquanto a organização formal é aceita, a organização informal está quase sempre relacionada com a anarquia e a bagunça. Lembrando que a organização formal é aquela que tem papéis objetivos, normas reconhecidas e claras. Já as organizações informais são as relacionadas com a emoção, com a afetividade entre as pessoas, e se dá pelos laços afetivos e de identificação entre as pessoas. Em síntese, para Weber, o tipo ideal de burocracia apresenta sete dimensões principais: Formalização – busca pela padronização das formas, busca por criar instrumentos que padronizem e registrem as tarefas, funções etc. Divisão do Trabalho – separação das pessoas por tarefas com o objetivo de aumento da produtividade. Princípio da hierarquia – criação de cargos de comando, das chefias que ditam o que deve ou não ser realizado. Impessoalidade – o que está em questão é a tarefa e não as pessoas que a realizam. O homem deve ser profissional e não levar coisas pessoais para o ambiente do trabalho. Competência técnica – foco na espacialização dos trabalhadores, e que as tarefas serão realizadas neste sentido. Separação entre propriedade e administração – quem tem o capital, não necessariamente é quem o administra. Profissionalização do funcionário – busca por qualificar o funcionário em sua função. Tópicos Comportamentais nas Organizações 24 Os elementos básicos que compõem o sistema burocrático proposto por Weber são baseados na: Autoridade Poder Hierarquia Disciplina Ordem Controle As principais vantagens da Teoria Burocrática são: a previsibilidade do funcionamento; univocidade de interpretação; padronização de rotinas e procedimentos; redução de conflitos; subordinação natural aos mais antigos; confiabilidade nas regras do negócio; hierarquia formalizada e precisão na definição de cargos e operações. Entretanto, temos também algumas desvantagens, como: internacionalização das regras e exagero apego aos regulamentos, o excesso de formalismo e de papelório, a resistência a mudanças, a despersonalização do relacionamento, a categorização como base do processo decisorial, a superconformidade às rotinas e procedimentos, a exibição de sinais de autoridade e a dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. Tópicos Comportamentais nas Organizações 25 De uma forma geral, essa teoria foi e é fundamental para o mundo das organizações, mas com relação ao estudo dos indivíduos e dos grupos nas organizações, de certa forma, bloqueou as ações individuais, a criatividade e as variáveis inerentes ao relacionamento interpessoal. Por outro lado, possibilitou a organização das rotinas de trabalho, a formalização dos cargos, a criação dos processos de recrutamento e seleção, dentre outros importantes aspectos realizados pelos gestores de pessoas nas organizações atuais, em que: Racionalidade, eficiência e padronização eram os temas centrais tanto da administração científica como da teoria clássica da organização. O papel dos indivíduos e dos grupos nas organizações ou eram totalmente ignorados ou recebia uma atenção mínima (GRIFFIN e MOORHEAD, 2006, p. 10). Somente por volta do século XIX, alguns autores começaram a pensar e a estudar fenômenos relacionados com as condições de trabalho, a motivação, as necessidades humanas, o estresse etc. O Modelo Situacional do comportamento organizacional nas organizações. O Modelo Situacional do estudo do CO vem atender aos anseios deixados pelas teorias mais rígidas e deterministas como a Teoria Clássica e a Racional, propostas por Taylor, Fayol, Max Weber dentre outros. Este modelo, como pode ser percebido na figura a seguir, não pretende determinar ações exatas a serem executadas pelos gestores organizacionais, mas achar a melhor resposta para umdeterminado problema. Ou seja, mudando-se a situação, as pessoas e os elementos que a constituem, mesmo sendo o mesmo assunto e a mesma temática, a forma de agir será diferenciada e irá adaptar-se às necessidades do momento. Tópicos Comportamentais nas Organizações 26 Modelo Universal versus Modelo Situacional Fonte: Griffin e Moorhead, 2006, p. 16. No Modelo Universal, independente das variáveis envolvidas para cada problema, temos uma resposta correta, não dependendo do indivíduo que está vivendo o problema. Entretanto, o indivíduo deve ser visto de maneira integral e integrada, e as suas experiências, seu estilo de personalidade, sua percepção, suas emoções, dentre outros, irão influenciar significativamente na dimensão e na forma como este problema será resolvido. Ele deve ser percebido como integrante do meio em que está vivendo e convivendo. No modelo Situacional o gestor não deve buscar criar respostas padrões e respostas já programadas para os problemas que forem surgindo em sua equipe de trabalho. Ele deve ter conhecimento sobre as teorias, as variáveis que envolvem o problema e, através de sua sensibilidade, conhecimento técnico, habilidade interpessoal, percepção, entre outros, buscar uma solução única e ideal para resolver o mesmo, que também é único e situacional. Estas variáveis, por sua vez, são oriundas dos processos individuais, dos processos grupais, assim como dos sistemas de gestão utilizados pelas organizações. Tópicos Comportamentais nas Organizações 27 Dentre as variáveis individuais destacamos, principalmente: Habilidades do indivíduo Processo de aprendizagem Valores e atitudes Motivação Personalidade Percepção Características biográficas, ou história de vida O Processo de tomada de decisão individual As principais variáveis de grupo são: Os processos de comunicação Os conflitos Os elementos de poder e de política A estrutura dos grupos As equipes de trabalho Os demais grupos externos As lideranças O processo de tomada de decisão grupal. Com relação aos sistemas de gestão, temos: A cultura organizacional A estrutura organizacional (departamentalização, hierarquização etc) A tecnologia de trabalho e seus dimensionamentos (Know How) As políticas e práticas da área de recursos humanos. Tópicos Comportamentais nas Organizações 28 Todos estes fatores se interagem constantemente influenciando no comportamento organizacional das empresas, e podem ser visualizados na figura que segue: Modelo Básico do Comportamento Organizacional Fonte: Robbins, 1998, p. 17. Tópicos Comportamentais nas Organizações 29 Nesta unidade você aprendeu especificidades e os conceitos iniciais sobre o mundo do comportamento organizacional, um pouco de sua história e suas variáveis. LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Princípios da Administração de Recursos Humanos: O Essencial em Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GRIFFIN, Ricky W. MOORHEAD, Gregory. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Ática, 2006. É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no ensino aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Na próxima unidade, iremos estudar os fundamentos do comportamento organizacional em nível individual, percorrendo desde suas habilidades até seus processos motivacionais e relacionando-os com a gestão organizacional. Tópicos Comportamentais nas Organizações 30 Exercícios – Unidade 1 1-Campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações: a) Estudo sistemático b) Habilidade dos executivos c) Diversidade da força de trabalho d) Comportamento Organizacional e) Habilidade dos gerentes 2-É a ciência que estuda as culturas humanas, suas origens, a evolução e o desenvolvimento das sociedades através do tempo. De forma investigativa, ela estuda as diferenças raciais e étnicas, os costumes e convenções sociais, as origens das religiões, os comportamentos dos grupos humanos, o desenvolvimento técnico, a história e a estrutura da linguagem, dentre outras. a) Sociologia b) Antropologia c) Psicologia Social d) Ciências Políticas e) Arquivologia 3-Quando um funcionário realiza seu trabalho da melhor maneira possível, buscando analisar os recursos disponíveis, ele está sendo a) Eficaz b) Efetivo c) Eficiente d) Negligente e) Organizado 4-Comportamento Organizacional é o estudo da dinâmica das relações nas organizações. Como a organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem organizarem seus Tópicos Comportamentais nas Organizações 31 esforços objetivando alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam. Neste sentido, quais são os principais objetivos dos estudos do CO: Tópicos Comportamentais nas Organizações 32 a) Planejar, organizar, explicar b) Explicar, prever e controlar c) Planejar, explicar e controlar d) Organizar, prever e dirigir e) Planejar, dirigir e controlar 5-É a falta no trabalho com ou sem justificativa do empregado onde, o não comparecimento ao trabalho afeta diretamente a produtividade. a) Absenteísmo b) Cidadania organizacional c) Coesão d) Desempenho e) Rotatividade 6-Representa a taxa de troca de funcionários de uma determinada organização, gerando os seguintes transtornos: alto custo com recrutamento, seleção e treinamentos aos novos funcionários e queda de produtividade, gerada até o novo funcionário se adaptar à sua rotina e funções: a) Absenteísmo b) Cidadania organizacional c) Rotatividade d) Coesão e) Desempenho 7-É um dos desafios do Comportamento Organizacional que visa a dar maior delegação de controle e assim possibilitar aos funcionários maior responsabilidade e autonomia na tomada de decisões: a) Aumento da qualidade e da produtividade b) Administrar a diversidade da força de trabalho c) Lidar com a temporiedade d) Fortalecer as pessoas e) Nenhuma das anteriores Tópicos Comportamentais nas Organizações 33 8-As principais vantagens da Teoria Burocrática são, exceto: a) A previsibilidade do funcionamento b) Agilidade no processo de tomada de decisão c) Padronização de rotinas e procedimentos d) Confiabilidade nas regras do negócio e) Hierarquia formalizada 9-Um modelo situacional do comportamento organizacional tem como objetivo: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 10-Quais são as principais variáveis, oriundas dos processos individuais que os administradores que trabalham com o Comportamento Organizacional, devem estudar e compreender? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tópicos Comportamentais nas Organizações 34 Fundamentos do Comportamento Individual 2 Aspectos importantes na compreensão do comportamento humano O processo de tomada de decisão individual. Motivação e sistemas de trabalho de alto desempenho. Conceituando empresa Tópicos Comportamentais nas Organizações 35 Compreender os fundamentos do comportamento individual será nosso grande desafio nesta segunda unidade de estudos. E, lembrando o que foi afirmado na Unidade anterior, os indivíduos possuem personalidades diferentes, aprendem de forma diferenciada, tomam decisões únicas, enfim, são seres especiais e particulares. Neste sentido, esta unidade visa a aprimorar seus conhecimentos para melhor compreender as dimensões que irão influenciar os processos gerenciais nas organizações em que atuam. OBJETIVOS DA UNIDADE: Articular conhecimento sistematizado com ação profissional; Desenvolver raciocínio lógico e crítico na identificação e solução de problemas organizacionais; Interagir criativamente com os diferentes interesses sociais; Tomar decisões coerentes com os objetivos e metas organizacionais. PLANO DA UNIDADE : Aspectos importantes na compreensão do comportamento humano O processo de tomada de decisão individual. Motivação e sistemas de trabalho de alto desempenho. Conceituando empresa Bons Estudos Tópicos Comportamentais nas Organizações 36 Aspectos importantes na compreensão do comportamento humano O conteúdo dessa unidade irá auxiliá-lo a melhor compreender as variáveis individuais que influenciam o comportamento humano nas organizações visando a explicá-los para, consequentemente, prevê-los. A busca pela previsibilidade se dá em um processo integrado entre o planejamento das ações e o gerenciamento das pessoas dentro das organizações. Entretanto, vale ressaltar, conforme dito anteriormente, algumas questões não são óbvias nem tão racionais como desejavam os estudiosos da teoria Clássica e Burocrática. A Organização vista como um Iceberg Fonte: adaptado de Robbins e Decenzo, 2004, p. 164. Tópicos Comportamentais nas Organizações 37 Analisando a figura do iceberg, temos os aspectos ocultos das organizações, sendo que alguns são individuais e outros grupais. Dentre estes elementos fundamentais na compreensão do comportamento organizacional, trabalharemos alguns deles do ponto de vista pessoal, que são: as habilidades destes indivíduos na realização de suas atividades dentro da organização; os elementos de sua personalidade, buscando compreender como ele age e se relaciona com o meio e o processo de aprendizagem, ou seja, como ele aprende e “toma para si” seus conhecimentos colocando-os em prática. As Habilidades A Habilidade pode ser compreendida como “a capacidade do indivíduo de desempenhar as variadas tarefas de um cargo. É a avaliação corrente do que alguém pode fazer. As habilidades totais de um indivíduo são compostas, essencialmente, de dois conjuntos de fatores: habilidades intelectuais e físicas” (Robbins, 1998, p. 31- 32) As habilidades intelectuais podem ser evidenciadas pela capacidade que o indivíduo tem de lidar em relação às dimensões: Numéricas Compreensão verbal Velocidade perceptiva Raciocínio indutivo Raciocínio dedutivo Visualização espacial Memória Já, com relação às suas habilidades físicas, estas podem ser evidenciadas através das habilidades como: Coordenação motora Força física Flexibilidade Equilíbrio Resistência Tópicos Comportamentais nas Organizações 38 Quando relacionamos estas habilidades ao mundo das organizações, o que realmente buscamos? Buscamos uma adequação das mesmas ao mundo do trabalho. Para isso, temos que conhecer as pessoas, ou seja, nossos funcionários ou colaboradores, pois suas habilidades vão muito além do que o cargo deles exige e, além disso, podem desempenhar novas funções e atividades de forma a gerar vantagens competitivas para as organizações onde atuam. As mulheres, por exemplo, são frequentemente mais numerosas em processos que requerem o detalhe e a calma, como em linhas de produção de “chips” de computadores, por possuírem habilidades manuais mais refinadas. As pessoas são diferentes, mesmo tendo, teoricamente, as mesmas habilidades. Duas pessoas podem entender muito de computadores e de informática, mas somente uma delas é o Bill Gates. A Personalidade Outra característica importante a ser analisada no indivíduo e em seu comportamento é a sua personalidade. Personalidade é “a soma total de maneiras pelas quais um indivíduo reage e interage com os outros. É descrita mais frequentemente em termos de traços mensurados que uma pessoa exibe” (Robbins, 1998, p. 34). Existem alguns elementos que são determinantes na formação da personalidade humana, são eles: Hereditariedade. Esta pode ser compreendida como o conjunto de todos os fatores determinados na concepção de um indivíduo, ou seja, o que ele trouxe geneticamente, o que herdou de seus pais, avós, bisavós etc. O Ambiente. São determinantes da personalidade todos os elementos relacionados ao ambiente familiar que o indivíduo cresceu e se formou, os elementos representativos de sua cultura e do meio onde viveu, de suas condições experienciadas na infância e das normas vigentes nos grupos aos quais fez e faz parte. Tópicos Comportamentais nas Organizações 39 A Situação. Este elemento representa os limites experimentados nas diversas situações na vida de um indivíduo, e que influenciam as respostas às mesmas. Ou seja, dependendo do momento de vida que uma pessoa está vivendo, este terá uma resposta de forma diferenciada para um mesmo estímulo, se externo ou interno; Estes elementos associados vão determinar e construir a personalidade do indivíduo que, diga-se de passagem, está em constante construção. Isso significa que a personalidade de um indivíduo nunca está pronta e acabada, podendo sempre mudar, ressignificar e agir de forma diferenciada, pois nossas experiências, as situações que vivemos e os componentes genéticos que herdamos estão sempre influenciando nossas atitudes e comportamentos. Mas, como podemos compreender e prever o comportamento se estamos em constantes mudanças? Através do reconhecimento dos seus traços marcantes de personalidade. Os traços de personalidade podem ser compreendidos como características marcantes que podem descrever o comportamento das pessoas. Robbins (1998, p. 36) afirma ainda que, “quanto mais consistente a característica e de aparecimento mais frequente em diversas situações, mais importante aquele traço é ao se descrever o indivíduo”. Existem vários modelos que visam a levantar e identificar os tipos de personalidade dos indivíduos. Abaixo, seguem os dois principais modelos: O Indicador de Tipos de Myers-Briggs Este modelo é representado por um teste de 100 questões que indicam as características, sendo elas: Extroversão versus Introversão; Lógico versus Intuitivo; Racional versus Emocional e Percepção versus Julgamento. Esses indicadores são combinados e geram 16 tipos de personalidade, sendo eles: 1. Reservado x Sociável 2. Menos Inteligente x Mais Inteligente 3. Afetado pelos Sentimentos x Emocionalmente Estável 4. Submisso x Dominador Tópicos Comportamentais nas Organizações 40 5. Sério x Despreocupado 6. Agitado x Consciencioso 7. Tímido x Ousado 8. Resistente x Sensível 9. Confiante x Suspeito 10. Prático x Imaginativo 11. Direto x Astuto 12. Autoconfiante x Receoso 13. Conservador x Experimentador 14. Dependente do Grupo x Autossuficiente 15. Descontrolado x Controlado 16. Relaxado x Tenso O Modelo Big Five Este modelo representa um número considerável de pesquisasnesta área e indica cinco dimensões que dão base a todas as outras dimensões. Estas, segundo este modelo, englobam as variações mais significativas na personalidade humana, sendo elas: 1. Extroversão – Refere-se ao nível de conforto de uma pessoa em seus relacionamentos. Os extrovertidos costumam se divertir, eles são afirmativos e sociáveis. Gastam seu tempo relacionando-se com as pessoas. Já os introvertidos costumam ser reservados, tímidos e quietos, normalmente têm poucos amigos e se relacionam com poucas pessoas. 2. Amabilidade ou sociabilidade – Refere-se à abertura que um indivíduo tem em aceitar as ideias dos demais. As pessoas que têm este tipo de personalidade, com alta pontuação, são amáveis, cooperativas, receptivas, confiantes e gostam da harmonia. As pessoas que têm baixa pontuação nesta dimensão são mais frias, desagradáveis e confrontadoras, concentrando-se mais em suas próprias necessidades. Tópicos Comportamentais nas Organizações 41 3. Consciência ou meticulosidade – Representa uma medida de confiabilidade, e também a quantidade de objetivos que um indivíduo é capaz de se concentrar ao mesmo tempo. Uma pessoa altamente consciente é responsável, organizada, confiável e persistente. Aqueles que têm baixa pontuação nesta dimensão são facilmente distraídos, desorganizados, desistem facilmente de alguns objetivos e são pouco confiáveis com relação às tarefas que se propõem. 4. Estabilidade emocional – Refere-se à capacidade de uma pessoa em enfrentar o estresse, representa sua variação de humor e seu nível de segurança. As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e seguras. Aqueles com pontuação negativa tendem a ser nervosos, ansiosos, deprimidos e inseguros. 5. Abertura para experiências – Representa os interesses de uma pessoa e seu fascínio por novidades, refere-se também à sua maleabilidade de crenças e de interesses. Pessoas extremamente abertas são criativas, curiosas e sensíveis artisticamente. Aquelas na outra ponta, no entanto, tendem a ser mais convencionais, possuem baixa aceitação a mudanças, sentindo-se melhor em realizar coisas mais rotineiras. Outros traços de personalidade também são utilizados para tentar compreender a forma como os indivíduos se relacionam com as pessoas e com o ambiente em que está inserido, sendo elas: Centro de Controle/ Lugar de Controle Refere-se às pessoas que acreditam poder controlar o próprio destino, ou seja, são responsáveis pelo seu sucesso e fracasso, buscando para si as responsabilidades pelos seus resultados. As pessoas podem ser: Tópicos Comportamentais nas Organizações 42 1. Externais costumam ser mais insatisfeitos com o trabalho, apresentar maior índice de faltas e serem mais alienados ao ambiente, envolvendo-se menos com ele; 2. Internais têm melhor desempenho no trabalho e tendem a adoecer menos do que os Externais. Maquiavelismo Este traço de personalidade recebeu esse nome por causa de Niccolo Machiavelli. No maquiavelismo um indivíduo com alta pontuação nessa característica é uma pessoa mais pragmática, mantém distância emocional e acredita que os fins justificam os meios. As principais características de personalidades maquiavélicas são as seguintes: Manipulam mais; Vencem mais; São menos persuadidas, mas convencem mais. Contudo, a situação influencia seu desempenho e, portanto, saem-se melhor quando: Interagem face a face com as outras pessoas, ou seja, ele precisa comunicar-se frente a frente para persuadir melhor o outro; Em situações de poucas regras e regulamentos, pois não fica evidenciado sua manipulação no comportamento e nos resultados alcançados; Quando tem o envolvimento emocional, pois os detalhes irrelevantes distraem os indivíduos pouco maquiavélicos, facilitando o seu trabalho de persuasão. Tópicos Comportamentais nas Organizações 43 Autoestima Significa a consciência que o indivíduo tem do seu próprio valor. Representa o quanto um indivíduo aprecia/gosta de si mesmo. Observou-se que a mesma está diretamente ligada às expectativas de sucesso e, consequentemente, ao esforço em direção à sua conquista. Indivíduos com baixa autoestima são mais vulneráveis às influências externas. Automonitoramento Refere-se à capacidade que uma pessoa tem de ajustar seu comportamento aos fatores externos situacionais. Indivíduos com alto grau de automonitoramento são mais adaptáveis, conseguem responder rapidamente às mudanças no ambiente, mudam sua forma de agir para atender às necessidades ambientais e situacionais. Assumir Riscos Representa a disposição que uma pessoa tem para correr riscos. Este traço de personalidade influencia diretamente a capacidade de tomada de decisão deste indivíduo. O grau de propensão para assumir risco em que essa pessoa está disposta, se apresenta inversamente proporcional ao tempo e quantidade de informações que ela irá utilizar para tomar suas decisões. Personalidade Tipo A e B Uma pessoa com personalidade do Tipo A é “agressivamente envolvida em uma luta crônica e incessante para alcançar mais e mais em cada vez menos tempo e, se for preciso, contra esforços opostos e outras coisas ou outras pessoas” (Robbins, 1998, p. 40). São altamente recompensadas, pois representam os interesses do capital vigente e suas características principais são: Tópicos Comportamentais nas Organizações 44 Está sempre em movimento, andando e comendo rapidamente; Impacienta-se com a velocidade em que as coisas acontecem; Tenta pensar ou fazer duas coisas ao mesmo tempo; Não consegue suportar os momentos de ócio; É obcecado por números, medindo seu sucesso em termos de quantas coisas consegue acumular. Já, em contrapartida, o Tipo de personalidade B, possui as seguintes características: Nunca sofre de sentimento de urgência e da impaciência que isto causa; Não sente necessidade de demonstrar suas realizações e conquistas, a menos que isso seja requerido pela situação; Faz as coisas por prazer e relaxamento, sem se preocupar em provar sua superioridade a qualquer custo; Consegue relaxar sem sentir-se culpado. A Inteligência Emocional A Inteligência Emocional, desenvolvida por Daniel Goleman, é outro fator fundamental para o comportamento humano, pois irá influenciar diretamente em como a pessoa irá agir e reagir às questões propostas pelo ambiente em que estará se inter-relacionando. Refere-se ao grau de autoconhecimento que uma pessoa tem. As dimensões que irão influenciar o comportamento das pessoas, dependendo do grau de inteligência emocional que ela possui são: Tópicos Comportamentais nas Organizações 45 A autoconsciência – é a base para os outros quatro componentes, significa ter conhecimento dos seus próprios sentimentos, do que eles representam; O autocontrole – representa a capacidade que um indivíduo tem de equilibrar suas ansiedades, seus medos, sua raiva possibilitando que seu comportamento não seja interferido por esses sentimentos de forma inconsciente; A automotivação – é a capacidade que o indivíduo tem de buscar, mesmo que não estimulado por outros, os propósitos para realização de seus objetivos. Uma pessoa automotivada é uma pessoa essencialmente otimista com suas conquistas e resultados; A empatia – significa a capacidade que uma pessoa tem de se colocar no lugar do outro. Esta capacidade irá possibilitar um novo olhar sobre os fatos e sobre a realidade que está sendo vivenciada; A aptidão social – representa a capacidade de se relacionar com as outras pessoas, de aceitar as diferenças e saber trabalhar com elas. No Japão,, estima-se que entre 600 mil e 1 milhão de pessoas estão ficando reclusas e isoladas da sociedade, num fenômeno que eles chamam de “oshikikomoris”. São, em sua maioria, homens (80%) acima de 30 anos que se enclausuraram devido a um fracasso em suas vidas, como a perda da namorada, reprovação ao tentar entrar em uma faculdade ou demissão do emprego. Chegando a ficar até 20 anos trancafiados em um quarto, este fenômeno surgiu desde os anos 70, e tem a ver com o sentimento de não corresponder com as expectativas da família, da sociedade ou na relação de trabalho com seus colegas e superiores. Poderiam elas ser classificadas como personalidades do Tipo A, ou seriam as mesmas um produto exclusivo da competitiva sociedade japonesa? Tópicos Comportamentais nas Organizações 46 As Atitudes Outro fator importante para a compreensão do comportamento das pessoas se dá em relação às suas atitudes. Ou seja, pela forma como uma pessoa age diante de uma determinada situação, sua atitude indicará como ela lida com o ambiente em que está inserida. As atitudes são sempre caracterizadas por um sentimento, pró ou contra, a pessoas e coisas com quem se está tendo contato. Essas se formam, necessariamente, durante nosso processo de socialização e decorrem de processos comuns de aprendizagem (reforço e modelagem) e são consequências de características individuais de personalidade ou de determinantes sociais. As atitudes podem também se formar em consequência de processos cognitivos, ou seja, a busca de equilíbrio, busca de consonância entre as variáveis que a compõem. As atitudes possuem 3 componentes básicos, sendo eles: 1 - Componente cognitivo É o conhecimento que temos sobre as coisas e os objetos. É a forma como pensamos e acreditamos sobre um determinado fenômeno ou pessoa. 2 - Componente afetivo Representa sempre um sentimento pró ou contra uma coisa ou uma pessoa. Este será diretamente influenciado pela representação cognitiva que temos de um determinado objeto. 3 - Componente comportamental É o elemento mais observável de todos os outros. Existe uma tendência, demonstrada experimentalmente, de que existe uma coerência entre as atitudes afetivas e cognitivas. As atitudes humanas são propiciadoras de um estado de prontidão que, se ativado por uma motivação específica, resultará num determinado comportamento. Tópicos Comportamentais nas Organizações 47 O papel das atitudes na determinação do comportamento. Fonte: Newcomb e Cols (1965), apud Rodrigues, Assmar e Jablonski, 1999, p. 100. Portanto, as atitudes sociais criam um estado de predisposição à ação que, quando combinadas com uma situação específica desencadeante, resultam em um comportamento. Neste sentido, as atitudes podem ser consideradas como bons indicadores de repetição de um determinado comportamento manifesto, ou seja, uma tentativa de controle. Um outro ponto importante a ser analisado é que o comportamento das pessoas pode variar em relação às tarefas que realizam. Esses podem se manifestar como elementos: Negativo Ativo – Uma pessoa negativa ativa é aquela que não gosta da atividade proposta e atua de forma ativa, tentando influenciar as outras pessoas a não realizá-la também. Ele tenta utilizar seu poder de persuasão para influenciar os demais componentes participantes; Negativo Passivo – É uma pessoa que não gosta e não está disposta a realizar uma determinada atividade. Entretanto, ela fica isolada, não busca influenciar outras pessoas a não realizar a tarefa pretendida; Tópicos Comportamentais nas Organizações 48 Neutro – É aquela que assume uma postura neutra, ainda não tem definido claramente se gosta ou não da atividade, se quer ou não realizá-la, estando disposta a ambas abordagens. Um cuidado especial com esta conduta é a vulnerabilidade que esta pode ter se tornando negativa ou positiva a qualquer momento; Positivo Maximizador – Atua de forma positiva perante a atividade e busca maximizar seus pontos positivos para compensar os pontos negativos que a tarefa impõe. São os otimistas por excelência. Positivo Transformador – Além de se dispor positivamente perante uma tarefa, está sempre disposto a mudá-la para que esta se torne cada vez mais atrativa. São os profissionais que irão fazer a diferença nas organizações. IMPORTANTE É importante ressaltar que uma pessoa nunca É negativa ativa ou positiva maximizadora etc, mas sim, ESTÁ atuando dentro de uma dessas preceptivas. Dependendo da tarefa e da forma como um indivíduo pensa sobre o que está sendo realizado, seu comportamento pode ser alterado de forma significativa. Lembre-se disso... Tópicos Comportamentais nas Organizações 49 Quando estudamos as atitudes, não podemos deixar de levar em consideração os valores das pessoas que as colocam em prática. Os valores são categorias gerais dotadas também de componentes cognitivos, afetivos e predisponentes de comportamento, diferindo das atitudes por sua generalidade. Alguns poucos valores englobam inúmeras atitudes, ou seja, uma atitude de dar uma moeda para uma pessoa necessitada no semáforo pode representar o valor “solidariedade” para quem valoriza a religiosidade, mas pode representar uma demonstração de “poder” reforçando as diferenças sociais, para uma pessoa que valoriza as conquistas, por exemplo. As atitudes podem ser formadas, podem ser aprendidas e tem como função: Ajudar-nos a lidar com o ambiente social; Permitir a obtenção de recompensas e evitar os castigos; Proteger nossa autoestima e evitar ansiedade e conflitos; ajudar-nos a ordenar e assimilar informações complexas; Refletir sobre nossas convicções e valores e Estabelecer nossa identidade social. Existem alguns princípios, teorias e testes sobre as atitudes, dentre os quais, vamos citar dois: Princípio do Equilíbrio de Fritz Heider (1946) Este princípio representa a busca por todos os indivíduos em harmonizar os elementos componentes da atitude, ou seja, harmonizar o cognitivo com o afetivo e o comportamental. Qualquer um destes elementos que estejam dissonantes irá incomodar significativamente a pessoa, portanto, ela irá buscar seu equilíbrio para evitar seu próprio sofrimento. Tópicos Comportamentais nas Organizações 50 A teoria da Dissonância Cognitiva de Leon Festinger (1957) Esta teoria levantou, em seus testes experimentais, quatro tipos de dissonâncias: a dissonância como resultado de decisões; a dissonância produzida por engajamento em comportamento contrário aos princípios de uma pessoa, devido à recompensa oferecida (aquiescência forçada); a dissonância resultante de exposição a posições contrárias às assumidas por uma pessoa; e a dissonância resultante do esforço ou sofrimento não recompensado. A mudança de atitude é sempre possível, através dos componentes afetivo, cognitivo e comportamental, e pode também ser influenciada pela comunicação. Os itens abaixo podem auxiliar o comunicador nesta importante tarefa, são eles: Ordem de apresentação dos argumentos Apresentação ou omissão da conclusão Comunicação unilateral ou bilateral Quantidade de mudança tentada Natureza emocional ou racional da comunicação Comunicação como argumentos suscitadores de medo. Mudar não é fácil, mas é possível, lembre-se disso... E, a aprendizagem é o caminho que irá possibilitar uma mudança mais efetiva. Tópicos Comportamentais nas Organizações 51 Precisamos, com todas essas informações, conciliar o tipo de personalidade com os cargos executados nas organizações. Neste sentido, pesquisas realizadas apontam que quanto mais próximos estes elementos, o cargo e a personalidade, maiores são as possibilidades de se alcançar eficiência para as organizações. Os gestores têm, portanto, o papel de analisar os vários tipos de personalidade, propostos por Holland e aqui apresentados, por Robbins (1998) que busca selecionar indivíduoscujos estilos estejam mais adequados ao perfil do cargo pretendido. Com isso, há que se prever que os mesmos estarão desempenhando de forma mais eficiente e eficaz suas atividades. Tipos de personalidade e exemplos de ocupação de Holland. Fonte: Robbins e Decenzo, 2004, p. 171. Tópicos Comportamentais nas Organizações 52 Uma preocupação acerca desta teoria ocorre quando se busca uma classificação exata das personalidades das pessoas, pois os cargos, mesmo que aparentemente idênticos, são diferentes, assim como as organizações e as pessoas que os executam. Entretanto, as pessoas que estão alocadas em cargos mais condizentes com seu estilo de personalidade tendem a estar mais satisfeitas e, consequentemente, a produzirem mais e melhor. A Aprendizagem Como foi dito anteriormente, é através da aprendizagem que iremos alterar as atitudes de um determinado indivíduo. E como as pessoas aprendem, então? A aprendizagem, segundo Robbins (1998, p. 45) é “qualquer mudança relativamente permanente no comportamento que ocorre como resultado de experiência”. Ou seja, quando aprendemos, mudamos nosso comportamento adaptando-o aos novos conceitos aprendidos sobre o mesmo. Entretanto, não aprendemos somente coisas boas, aprendemos também coisas ruins, que muitas vezes precisam ser reaprendidas para se tornarem mais adequadas ao mundo que estamos lidando. Quando falamos em aprendizagem, temos três teorias da aprendizagem que são apresentadas para uma melhor compreensão sobre esta temática, sendo elas: O Condicionamento Clássico O condicionamento representa a resposta, quase que automática, para determinados estímulos que são gerados pelo ambiente externo e interno das pessoas e dos animais. Neste sentido, o condicionamento clássico nasceu de experimentos realizados com cachorros a salivarem em resposta ao toque de uma campainha. No condicionamento clássico desenvolvido por Pavlov, “aprender uma resposta condicionada envolve a construção de uma associação entre um estímulo condicionado e um estímulo não-condicionado” (Robbins, 1998, p. 46). Ou seja, podemos condicionar um comportamento a outro que, muitas vezes, não tem Tópicos Comportamentais nas Organizações 53 nenhuma relação direta. Esta teoria explica, por exemplo, o porquê de ao escutar uma música que marcou o início de uma relação afetiva, sempre que escutada, a pessoa reviva os sentimentos que envolveram aquela relação. Se em uma determinada empresa, sempre que se demite um funcionário, este é convocado a ir à diretoria ao final do expediente, isso gerará, mesmo que o motivo não seja a demissão, angústia ao funcionário que for convocado ao final do expediente para prestar algum esclarecimento à direção. O Condicionamento Operante O condicionamento operante revela que o comportamento é uma função de suas consequências. As pessoas, por sua vez, se comportam de determinada maneira como objetivo de obter alguma recompensa ou para evitar alguma punição. Nesta teoria, os comportamentos são resultantes de estímulos internos e externos que irão indicar o tipo de comportamento a ser realizado. Skiner, precursor desta teoria, realizou experimentos demonstrando que o reforço positivo, representado pelas recompensas positivas, aumenta a probabilidade de que o comportamento volte a ocorrer. Já o reforço negativo, que significa a não recompensa pelo comportamento, segundo o autor, irá diminuir a frequência do comportamento e até extingui-lo. Em ambos os casos, existe o processo de aprendizagem, pois o indivíduo irá comportar-se ou não de acordo com os estímulos que receberá. E, finalmente, temos o reforço da punição, que irá gerar aversão no indivíduo a determinados comportamentos, e o mesmo não mais irá repetir determinado comportamento em função desta punição. Cabe ressaltar que os reforços punitivos poderão dificultar a adaptabilidade de uma pessoa a outro contexto, em que este comportamento seja desejado e necessário para a realização de uma determinada tarefa proposta pela organização. Tópicos Comportamentais nas Organizações 54 A Aprendizagem Social Já a aprendizagem social se dá tanto por observação quanto pela experiência direta. Esta teoria é uma extensão do condicionamento operante, reconhecendo também o processo de aprendizagem por observação e percepção. Ela sugere que precisamos aprender através de modelos que sejam atrativos e da capacidade de reter os mesmos, mesmo que estes não estejam mais disponíveis. Também, que este seja aplicado na prática, para que o indivíduo seja estimulado através de reforços positivos, ou seja, de recompensas ofertadas pela sua manifestação. Ao utilizarmos algumas teorias da aprendizagem nas organizações em que atuamos, podemos ter resultados bastante positivos, e dentre as ferramentas de aprendizagem que podemos utilizar, segundo Robbins (1998) temos: O uso de sorteio para reduzir o absenteísmo – podemos utilizar o reforço positivo de forma aleatória, para todos os funcionários que emitiram um comportamento desejado. Esta ação irá possibilitar que um número maior de pessoas adotem o comportamento visando a participar do mesmo. Pagamento de Bônus Saúde versus Bônus Doença – podem ser dados bônus para funcionários que não tiveram faltas, incentivando a busca pela saúde e pela redução do absenteísmo. Disciplinando o empregado – só deve ser utilizada como um último recurso, pois irá evitar o comportamento não pela consciência do funcionário, mas pelo medo da punição, o que em alguns casos volta a ocorrer, pois o processo de aprendizagem não se efetivou. Desenvolvimento de programas de treinamento – esta ferramenta irá possibilitar ao funcionário um ambiente propício para a mudança de comportamento, visto que irá receber informações adequadas de como deve proceder dentro da organização. Lembre-se que este deve ser atrativo a quem irá realizá-lo. Tópicos Comportamentais nas Organizações 55 Criação de programas de mentores – busque na suas organizações, profissionais que sejam vistos como referência para os demais. Desta forma, o aprendiz terá em quem se espelhar, possibilitando uma modelagem mais adequada de seu comportamento. Autogerenciamento – dar aos funcionários informações sobre os comportamentos desejados para que eles próprios tenham condição de se autogerir e alcançar os resultados pretendidos pela empresa. Enfim, busquem implementar ações gerencias que possibilitem a aprendizagem dos colaboradores nas organizações que atuam. Isto poderá fazer a diferença. A Percepção A percepção pode ser compreendida como o “processo pelo qual indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais a fim de dar sentido ao seu ambiente. Entretanto, o que uma pessoa percebe pode ser substancialmente diferente da realidade objetiva. (...) o comportamento das pessoas é baseado em suas percepções do que a realidade é, e não na realidade em si. O mundo como é percebido é o mundo que é comportamentalmente importante” (Robbins, 1998, p. 62) Portanto, a percepção é algo inerente ao ser humano, e ele a utiliza pela necessidade que tem de compreender o mundo ao seu redor. Essa necessidade será influenciada diretamente por alguns elementos, sendo eles: O Observador Quando uma pessoa observa algo e tenta interpretar o que está percebendo, é fortemente influenciada por suas próprias características pessoais. Neste sentido ela levará em consideração: Tópicos Comportamentais nas Organizações 56 Suas atitudes – que representa como o indivíduo está habituado a responder às situações; Suas motivações – quais são as suas necessidades percebidas como insatisfeitas naquele momento; De seus interesses – o foco de atenção a um determinado assunto ou coisa será direcionadopor seus interesses. Ou seja, caso ele tenha interesse sobre o assunto, isso irá influenciar sua visão sobre o mesmo; Suas experiências – estas irão direcionar sua atenção e podem até anular o seu interesse, pois existe uma tendência a habituar-se ao que já é conhecido; Suas expectativas – estas podem induzir o indivíduo a ver somente o que ele quer ver, não abrindo sua visão para outras possibilidades; O Alvo É importante ressaltar que as características do que está sendo observado também pode afetar a percepção. Os principais elementos relacionados com o alvo e que poderão influenciar na percepção são: Se este é uma novidade; Se ele está em movimento; Se emite algum tipo de som; O seu tamanho; O cenário em que este está posto, ou seja, a relação deste alvo com o seu cenário pode destacar ou não o objeto percebido; A proximidade física ou temporal, na qual, quanto mais próximo uma ocorrência de outra, mas evidente se torna o alvo. Veja as imagens que se seguem e digam o que estão vendo? Tópicos Comportamentais nas Organizações 57 Exemplo de imagens com elementos de ilusão de óptica. Tópicos Comportamentais nas Organizações 58 O que você viu? Você conseguiu observar mais de uma imagem em cada uma das figuras apresentadas? Em caso afirmativo, o que ocorreu está relacionado com o alvo que você percebeu. Cada alvo possui alguns dos atributos trabalhados anteriormente e estes influenciaram na forma como cada indivíduo os percebeu. A Situação A situação é outro elemento fundamental no processo de percepção. Neste sentido, Robbins (1998), apresenta que “o contexto dentro do qual percebemos os objetos ou eventos é muito importante. Os elementos que fazem parte de um ambiente influenciam nossa percepção” e os principais elementos que compõem uma determinada situação são influenciados pelo: Momento – o que o indivíduo está vivendo naquele exato momento; O ambiente de trabalho – o clima organizacional, os conflitos, o relacionamento interpessoal são elementos influenciadores na percepção dos indivíduos; O ambiente social – representado pelas relações extraorganizacionais. Mas, como percebemos o outro? Como se dá esse processo? Bem, para percebermos os outros, utilizamos essencialmente a teoria da atribuição. Esta teoria indica que “(...) quando observamos pessoas, tentamos encontrar explicações do motivo de seus comportamentos. Nossa percepção é julgamento das ações de um indivíduo, portanto, será significativamente influenciada pelas suposições que fazemos sobre o estado de espírito dele” (Robbins, 1998, p. 64). Tópicos Comportamentais nas Organizações 59 Esta teoria indica que a tentativa de determinar se as causas do comportamento são internas - que o indivíduo pode controlar - ou externas, que foram provocados por fatores externos ao mesmo. Entretanto, a percepção de que o comportamento foi fruto de uma causa interna ou externa irá depender, basicamente, dos fatores abaixo indicados, que são: Distinção – se o indivíduo demonstra diferentes comportamentos em situações diferentes. Essa distinção irá indicar se o comportamento é visto como raro ou como rotineiro. Se for raro, será atribuído uma causa externa, mas se for habitual, será uma causa interna. Consenso – caso todos os indivíduos estiverem se comportando da mesma maneira o consenso é considerado alto, e se este é alto, espera-se uma causa externa e espera-se que seja uma determinação da empresa. Entretanto, se o consenso é percebido como baixo, será atribuída uma causa interna ao comportamento praticado. Coerência – representa uma integração esperada entre o que o indivíduo pensa e como ele age. Para saber se o comportamento é coerente, faz-se necessário levantar se este responde da mesma maneira ao longo do tempo. Caso responda da mesma maneira será considerada uma causa interna ao seu comportamento e, se em contrapartida, este for coerente, mas em um único momento reagir de forma diferenciada, lhe será atribuída uma causa externa. Durante o processo de percepção, no entanto, os indivíduos, com bastante frequência, realizam alguns erros fundamentais de atribuição que ocorrem quando se avalia o comportamento do outro. Neste momento, tendemos a subestimar a influência dos fatores externos e superestimar a influência dos fatores internos. Outro fenômeno que ocorre é o viés da autoconveniência. Ele representa a tendência que o indivíduo tem em atribuir o próprio sucesso a fatores internos e o fracasso a fatores externos. Tópicos Comportamentais nas Organizações 60 Nestes momentos, realizamos algumas simplificações quando julgamos o outro, sendo as principais: 1. A Percepção Seletiva – tendência a interpretar seletivamente o que vemos baseados em nossos próprios interesses, experiências passadas e atitudes; 2. O Efeito de Halo – seria julgar uma pessoa através da impressão geral que tivemos da mesma, com base em uma única característica pessoal marcante. 3. O Efeito de Contraste – ocorre quando realizamos uma avaliação das características de uma determinada pessoa, levando em consideração uma comparação desta com outras pessoas encontradas recentemente e que possuem estas mesmas características avaliadas, neste momento, interpretadas como melhores ou piores; 4. A Projeção – projeção representa um espelhamento, ou seja, é a atribuição de suas próprias características e comportamentos a uma outra pessoa. Uma pessoa, por exemplo, que julga o outro pelo que ele próprio faria, e não pelo que a pessoa fez em detrimento a uma determinada situação pela qual está passando. 5. O Estereótipo – podemos julgar uma pessoa com base na percepção que temos sobre o grupo da qual ela faz parte, ou seja, se ela é rica a julgamos como esnobe, como quem possui valores superficiais etc. Exemplos: Imagine estas situações: Quando um colega de trabalho, que tem como característica marcante a espontaneidade e adora festas e baladas, chega atrasado rindo e brincando com os colegas, por algum motivo que você desconhece, em um dia de muito trabalho para todos. Que pensamento viria a sua cabeça? Que ele não está nem aí para o trabalho e que ele gosta mesmo é de festa? Se sim, neste momento você utilizou o atalho do “efeito de halo”. Ocorreu um julgamento da pessoa em detrimento a uma característica pessoal marcante. Tópicos Comportamentais nas Organizações 61 Um outro exemplo que podemos dar é sobre o estereótipo. Quando ficamos sabendo que uma pessoa faz parte de um determinado grupo religioso ou de um determinado grupo de rock, por exemplo, temos a tendência em julgá-la conforme os conceitos e pré-conceitos que temos sobre o grupo em questão. Não é mesmo? Bem, esses são os atalhos que tomamos querendo ou não, pois precisamos dar sentido às coisas que ocorrem em nossa volta. E nas empresas, como e onde mais julgamos as pessoas? Julgamos as pessoas nas organizações em vários momentos distintos, os principais são: 1. Em reuniões de trabalho; 2. Em processos seletivos; 3. Quando tomam decisões; 4. Nos corredores, ou seja, na famosa “rádio peão”. 5. Nos treinamentos; 6. Quando buscamos metas e resultados; 7. Em atividades de grupo. Como pode ser observado, em vários momentos do mundo corporativo estamos julgando as pessoas. E, após todos estes conceitos, você sabe quais os cuidados que devemos ter para melhorar nosso processo de julgamento? Lembre-se de que, todas estas informações levantadas devem ser criticadas quanto aos atalhos que normalmente tomamos quando julgamos uma determinada coisa ou indivíduo. Precisamos, portanto, de mais e melhores informações sobre o que está acontecendo para efetivarmos julgamentos injustos e inadequados. O Processo de Tomada de Decisão Individual O processo de tomada
Compartilhar