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Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 1 Patologias da tireoide TIREOTOXICOSE Diagnóstico laboratorial: ↑T3 e T4 e ↓TSH Essa condição é causada pelo hiperfuncionamento da glândula tireoide, que é conhecido como hipertireoidismo, mas nesse caso o hiper é uma das causas da tireotoxicose. Diagnóstico laboratorial: através dos níveis de TSH, T3 e T4 (TSH e T4 são os principais). TSH T3 T4 HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO ↓ ↑ ↑ HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO ↑ ou normal ↑ ↑ SUBCLÍNICO ↓ Normal Normal TOXICOSE T3 ↓ ↑ Normal TOXICOSE T4 ↓ Normal ↑ Manifestações associadas ao aumento da taxa metabólica: pele macia, quente e ruborizada, aumento da sudorese, aumento da intolerância ao calor e perda de peso (catabolismo). Manifestações cardíacas: taquicardia, aumento da contratilidade, palpitação, cardiomegalia, fibrilações e arritmias. Manifestações do TGI: hipermotilidade (síndrome de má absorção -> Diarreia/esteatorreia). Manifestações do sistema esquelético: atrofia muscular e osteoporose (devido catabolismo). Manifestações do sistema ocular: olhar fixo e arregalado, exoftalmia (protusão do bulbo) e movimento lento das pálpebras superiores. Hiperatividade do SNA simpático: tremor, insônia, ansiedade e hiperatividade. Tempestade tireoidiana (emergência médica): paciente apresenta uma elevação súbita e excessiva dos hormônio tireoidianos, devido uma crise tireoidiana (complicação aguda). • O problema é devido as alterações no organismo, que podem ser fatais (febre intensa taquicardia, arritmia e insuficiência cardíaca). Comum em casos de intoxicação exógena. Hipertireoidismo apático: ocorre em idosos, mas a presença de outras comorbidades mascaram as manifestações do hipertireoidismo ASSOCIADA AO HIPERTIREOIDISMO É a causa mais comum e representa cerca de 80- 95% dos casos e pode ser dividida em 1º e 2º. PRIMÁRIA (principal): paciente apresenta uma hiperplasia difusa (associada a doença de graves) é a causa mais comum (85%). - Bócio multinodular hiperfuncionante (tóxico): podem se tornar autônomos, e as células que constituem ele passam a não depender de TSH e produzem T3 e T4 de forma autônoma. - Adenoma da tireoide hiperfuncionante (tóxico). SECUNDÁRIA: adenoma hipofisário secretor de TSH (induz uma maior estimulação da tireoide, ou seja, aumenta produção de T3 e T4). NÃO ASSOCIADA AO HIPERTIREOIDISMO I. Tireoidite granulomatosa: aumento doloroso da glândula tireoide e liberação T3 e T4 no sangue. Coloide extravasa o folículo rompido e libera T3 e T4 na circulação. II. Struma ovarii: teratoma ovariano com tireoide ectópica (tecido maduro tireoidiano), ou seja, neoplasia do ovário com tecido tireoidiano produzindo hormônios tireoidianos e causando a tireotoxicose. III. Tireotoxicose factícia (associada ao hipotireoidismo): devido ingestão de T4 exógeno em excesso. Comum em protocolos de emagrecimento ou reposição hormonal em excesso (idosos). IV. Tireoidite linfocítica subaguda: caracterizada por ser indolor e é de causa autoimune. DOENÇA DE GRAVES ↑T3 e T4 livres, ↓TSH e ↑nível sérico de TRab. Caracterizada pela produção de anticorpos contra proteínas da tireoide. Causa mais comum de hipertireoidismo autoimune (endógeno). Tríade para caracterizar a doença de Graves: são 3. I. Hipertireoidismo associado ao aumento difuso da glândula. II. Oftalmopátia infiltrativa com exoftalmia resultante. III. Dermopatia infiltrativa localizada (mixedema pré-tibial – aumento de volume no local, com edema “duro” devido o excesso de GAGs). PATOGÊNESE: doença autoimune associada a susceptibilidade genética por polimorfismo nos genes CTLA4 (antígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico), PTPN22 (proteína tirosina fosfatase 22) IL2RA (cadeia alfa do receptor de interleucina 2) e HLA-DR3 (antígeno leucocitário humano). Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 2 • No estado normal, esses genes produzem proteínas regulatórias das células T. Macroscópica: glândula aumentada, simétrica e difusa (bócio difuso). - Ao corte: aparência carnuda (devido a hiperplasia aumentar o parênquima) e macia. Microscópica: célula folicular alta e aglomerada (devido hipertrofia/plasia), pequenas papilas (devido a hiperplasia e como crescem para o coloide, não tem eixo fibrovascular), infiltrado mononuclear (rico em células T, B e plasmócitos maduro), centros germinativos (formado por linfócitos) e o coloide pálido com margens cortadas (em branco). Alterações do tecido extratireoidiano: hiperplasia linfoide (alargamento do timo – comum em jovens) coração pode estar hipertrofiado, oftalmopátia e dermopatia. QUADRO CLÍNICO: hiperplasia difusa da tireoide (bócio difuso), oftalmopátia e dermopatia (específicos da doença de Graves). • Paciente com doença de Graves tem um maior risco de desenvolver outra doença autoimune (DM1, anemia perniciosa e doença de Addison) e também câncer de tireoide e linfoma. Cintilografia com iodo radioativo: elevado e difuso. HIPERTIREOIDISMO COM BÓCIO DIFUSO Caracterizada pela produção de autoanticorpos contra múltiplas proteínas tireoidianas (receptor TSH é a principal). O subtipo mais comum de autoanticorpo é TSI (imunoglobulina estimuladora da tireoide) ou TRab (clinicamente). Como resposta ao autoanticorpo, a glândula aumenta a secreção de T3 e T4 (↑nível sérico). • Hipertrofia e hiperplasia das células foliculares também estarão presentes, causando o bócio. OFTALMOPATIA INFILTRATIVA COM EXOFTALMIA Decorrente de alterações genéticas, onde se tem ativação de TCD4 (produz citocinas e fatores de crescimento). Citocinas ativam os fibroblastos, que respondem produzindo componentes da MEC (glicosaminoglicano – eles retem sódio e água consequentemente, deixando o local tumefeito. - Infiltração por mononucleados (célula T): CT ativada começa infiltrar progressivamente a região retro-orbitária. - Inflamação com edema e inchaço dos músculos extraoculares: infiltrado mononuclear no espaço RO (↑CT ativadas), causando inflamação, edema e tumefação dos músculos extraoculares. - Acúmulo de componentes da MEC: sulfato de condroitina, glicosaminoglicanos, ácido hialurônico - Aumento do número de adipócitos: infiltração gordurosa, devido a estimulação em excesso de fibroblastos (se diferenciam em adipócitos). DERMATOPATIA INFILTRATIVA LOCALIZADA Caracterizada pelo espessamento da derme devido o aumento da deposição de glicosaminoglicanos (GAGs) e infiltrado mononuclear (linfocitário). TIREOIDITE GRANULOMATOSA (QUERVAIN) Doença sazonal (picos no inverno e verão) pouco frequente e com maior incidência em mulheres de 30-50 anos. Ela tem resposta imune limitada, ou seja, o organismo mesmo restaura a função normal da glândula através da remoção do agente. Patogênese: principal hipótese é que ela surja após uma infecção viral do TRS (Coxsackie, caxumba, sarampo e adeno vírus – principais). Essa infecção viral pode causas 2 problemas. I. Dano direto nas células do epitélio colunar. II. Dano indireto por exposição dos antígenos virais ou tireoidianos, que induzem resposta imunomediada por célula T citotóxica (também causa danos no epitélio folicular). Em ambos os casos têm destruição do folículo, o qual passa a jogar coloide na circulação e assim iniciando o processo de tireotoxicose. Macroscopia: aumento unilateral ou bilateral da glândula (dependo do foco de infecção viral), consistência firme, cápsula interna (isso que diferencia das neoplasia e carcinomas). - Ao corte: áreas firmes e com coloração branco- amarelada (inflamação viral cursa com fibrose). Microscopia: áreas focais dependendo da fase. - Fase inicial (inflamatória ativa): neutrófilos formando abcessos onde os folículos foram destruídos. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 3 - Fase intermediária: linfócitos, plasmócitos e macrófagos (infiltrado mononuclear) associado aos folículos danificados e colapsados e formação de microabcessos.- Células gigantes multinucleadas: circundam o coloide (isso que dá o nome da tireoidite granulomatosa). Coloide é reconhecido como corpo estranho e por isso é circuncidado. - Fase final: infiltrado mononuclear e fibrose que ao longo do tempo é absorvido e desaparece (remodelamento da fibrose). Quadro clínico: dor na tireoide devido os mediadores químicos liberados na inflamação (excesso de neutrófilos da fase inicial está associado á liberação de mediadores, principalmente a histamina, PGE2 e serotonina), aumento variável da glândula, inflamação e tireotoxicose transitória (T3 e T4 só eleva durante o processo inflamatório). Laboratorial: ↑T4, ↓TSH e baixa captação de iodo radioativo na cintilografia. TIREOIDITE LINFOCÍTICA SUBAGUDA Doença autoimune com maior incidência em mulheres (20-40 anos), normalmente o paciente tem uma história familiar de outras doenças autoimunes (DM1, Addison, anemia perniciosa por gastrite crônica autoimune e LES) e anti-TPO +. PATOGÊNESE: alto nível de TPO gera destruição dos folículos que são mediados por CT citotóxica, TCD4 ativado começa produzir IFN-y, o qual ativa e recruta macrófago M1 (destrói o epitélio folicular) Macroscopia: aumento simétrico leve, difuso e discreto da glândula (bócio discreto). Microscopia: infiltrado mononuclear (linfócitos, plasmócitos e macrófagos – linfocitário), grandes centros germinativos (aumenta o risco de linfoma) e folículos destruídos. Quadro clínico: bócio discreto e indolor, tireotoxicose leve (hipertireoidismo aparente) e em alguns casos transitório (Hashimoto confunde). Laboratorial: fase inicial (achados de tireotoxicose ↑T4 e ↓TSH), fase tardia (achados de hipotireoidismo ↑TSH e ↓T4), aumento do nível de anti-TPO e redução na captação de iodo radioativo no exame. Paciente tem maior risco de carcinoma papilífero e linfoma de células B da zona marginal intermodal. HIPOTIREOIDISMO ↑TSH e ↓T4 – ou T3 e T4 normal Causado por um desarranjo estrutural ou funcional que interfere na produção adequada dos hormônios tireoidianos. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO CONGÊNITO: deficiência de iodo da dieta (+comum), bócio dis- hormonogenético (erro inato do metabolismo da tireoide onde a célula tem dificuldade para captar o iodo), agenesia da glândula (nasce sem ela) e hiperplasia da glândula (por ser mal desenvolvida). HIPORTIREOIDISMO PRIMÁRIO AUTOIMUNE: tireoidite de hashimoto (+ comum) e tireoidite linfocítica subaguda (na fase tardia leva ao hipotireoidismo). HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO IATROGÊNICO: ablação cirúrgica (remoção total ou parcial), radiação (principalmente por linfoma de Hodgkin) e uso excessivo de medicamentos (metimazol compete pelo iodo e se liga a ele, e a tireoglobulina fica sem, diminuindo a produção de T3 e T4). HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO: falha na hipófise (redução do TSH) e insuficiência hipotalâmica (redução de TRH). • Ambas causadas por necrose, câncer e traumas Diagnóstico: é feito por achados laboratoriais. TSH T3 T4 Hipotireoidismo primário ↑ ↓ ↓ Hipotireoidismo secundário ↓ ou normal ↓ ↓ Subclínico ↑ Normal Normal CRETINISMO Hipotireoidismo desenvolvido na lactância ou no período precoce da infância, devido a falta de iodo na dieta ou o bócio dis-hormonogênico. T3 e T4: importante no desenvolvimento dos músculos e do cérebro. Quadro clínico: criança cursa com deficiência intelectual grave, baixa estatura, traços faciais grosseiros, língua protusa e hernia umbilical. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 4 MIXEDEMA Hipotireoidismo desenvolvido em crianças mais velhas ou em adultos. A principal causa são as doenças autoimunes. É caracterizado por uma limitação/lentidão da atividade física e mental, fadiga generalizada, apatia e preguiça mental. Quadro clínico: paciente pode ter um ganho de peso, intolerância ao frio (reduz a sudorese), constipação intestinal, perfil aterogênico (aumento de LDL é favorável para aterosclerose), espessamento dos traços faciais e mixedema. ↓DC e ↑nível de colesterol total e LDL Microscopia: acúmulo de substâncias da MEC na pele, tecido subcutâneo e vísceras, resultando em um edema não depressível. Macroscopia: alargamento e engrossamento das características faciais, aumento da língua e engrossamento da voz. TIREOIDITE DE HASHIMOTO Doença autoimune que resulta na destruição dos folículos tireoidianos e insuficiência/falência gradual da tireoide. • Inicialmente surge como uma tireotoxicose e depois evolui para um hipotireoidismo. Epidemiologia: essa é a causa mais comum de hipotireoidismo, sua maior incidência é em mulheres (30-45 anos), mas pode surgir em crianças (causa mais comum de bócio não endêmico pediátrico). Curso clínico: ela se inicia como uma hashitoxicose e depois evolui para hipotireoidismo. I. Hashitoxicose: fase da tireotoxicose em que tem a destruição dos folículos, liberação do coloide e aumento dos hormônios tireoidianos. II. Hipotireoidismo: quando a destruição é tão grande que não tem mais a produção dos hormônios tireoidianos. PATOGÊNESE: falha na autotolerância aos antígenos tireoidianos devido anormalidades nas células T reguladoras (Treg) ou exposição dos antígenos tireoidianos. - Anormalidade de Treg é causa principalmente pelo polimorfismo dos genes CTLA4, PTPN22 e IL2RA (os mesmos da doença de Graves). - Esses genes começam produzir anti-TPO e anti-TG Mecanismos moleculares de destruição: anti-TPO que induz esses mecanismos. I. Morte celular mediada por célula T citotóxica (TCD8). II. Morte celular mediada por citocinas (macrófago M1). III. Citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos. Macroscopia: aumento difuso e simétrico (mais localizado), cápsula intacta, glândula bem delimitada, consistência firme e levemente nodular - Ao corte: glândula pálida ou castanha/amarelada. Microscopia: infiltrado mononuclear extenso (rico em linfócitos pequenos), centros germinativos, folículos íntegros, folículos atróficos, folículos revestidos por células de Hürthle (metaplasia do epitélio colunar) com citoplasma abundante, eosinofilico e granular e tecido conjuntivo intersticial abundante e limitado a cápsula (fibrose) Células de Hürthle e fibrose é oque diferencia hashimoto de linfocítica subaguda. Quadro clínico: hipotireoidismo, bócio difuso e indolor, precedida da tireotoxicose (fase transitória), maior risco de outras doenças autoimune, carcinoma papilífero da tireoide e linfoma de células B da zona marginal extranodal. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 5 - Aumento indolor da tireoide, aumento simétrico e difuso da glândula e precedido por uma tireotoxicose transitória (causa rompimento dos folículos e leva a liberação secundária de hormônios “hashitoxicose”). Laboratorial: os achados dependem da fase em que a doença está. - Fase de tireotoxicose: ↓TSH e ↑T4. - Fase de hipotireoidismo: ↑TSH e ↓T4 (comum) - Aumento sérico de anti-TPO e anti-TG. - No exame de cintilografia tem uma redução difusa da captação de iodo radioativo. TIREOIDITE ATRÓFICA Tireoidite autoimune, onde tem a produção de autoanticorpos que bloqueiam o receptor de TSH (TRab), o qual tem função estimuladora (+comum) ou bloqueio do receptor de TSH. TRab com função estimuladora: doença de Graves. TRab com função de bloqueio: tireoidite atrófica. BÓCIO É uma hiperplasia da tireoide devido a falha na síntese de hormônios tireoidianos (normalmente é devido a falta de iodo na dieta). Mecanismo: deficiência de iodo causa uma baixa produção de T3 e T4, induzindo a hiperplasia dos folículos. O TSH aumenta por um feedback negativo da hipófise. TSH: se liga ao receptor e estimula a produção de T3 e T4, mas como a tireoide não está conseguindo produzir, ocorre o processo adaptativo de hiperplasia, caracterizando o bócio. BÓCIO DIFUSO SIMPLES Ocorre devido as estimulações excessivas do folículo (na intenção de produzirT3 e T4), mas o paciente tem uma privação de iodo. ↓T3 e T4 e ↑TSH – Bócio atóxico • Não apresenta hipotireoidismo inicial, apenas o aumento de tamanho da glândula. Quadro clínico: normalmente no inicio apresentam eutireoidismo, e as manifestações são relacionadas ao efeito de massa (pelo aumento do tamanho), níveis de T3 e T4 normais e TSH↑ (ou no limite). Morfologia da fase hiperplásica: glândula difusa e aumentada, folículo revestido de células colunares e alguns folículos distendidos e outros pequenos. Morfologia da fase de involução do colóide: epitélio folicular involuído (achatado e cuboidal – devido a falta de iodo), glândula aumentada (rica em coloide). - Ao corte: superfície marrom, transparente e translucida. BÓCIO DIFUSO ENDÊMICO: pessoas que não tem acesso ao iodo (dieta ou bloqueio na captação). BÓCIO ESPORÁDICO: relacionado com ingestão de substâncias que interferem na síntese de T3 e T4. BÓCIO MULTINODULAR Ocorre devido estímulos recorrentes de hiperplasia nas células foliculares (resposta a estímulos internos). Esse tipo de bócio aumenta a irregularidade da tireoide. Quadro clínico: efeito de massa, pode ter obstrução das vias aéreas, disfagia e compressão dos vasos do tórax e pescoço. A maioria dos paciente é eutireoideo ou tem tireoidismo subclínico -> ↓TSH e ↑T3 e T4. Macroscopia: nódulos irregulares com coloide marrom e gelatinoso e lesões antigas com hemorragia, fibrose e calcificação. - Bócio mergulhante: atrás do esterno e clavícula. Microscopia: folículos ricos em coloide e revestidos por um epitélio achatado e inativo, áreas de hiperplasia folicular com mudanças degenerativas e não apresenta cápsula. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 6 ADENOMA TIREOIDIANO É considerado um tumor que pode ser tóxico ou atóxico. Os adenomas atóxicos são mais comuns e não tem estrutura folicular, apenas ilhas de células. Macroscopia: lesão solitária, esférica e encapsulada, parênquima bem demarcado, +-3cm, coloração branco-acinzentada ou vermelho-pardo e áreas de hemorragia, fibrose e calcificação. Microscopia benigna: massa bem delimitada por uma cápsula de tecido conjuntivo, células cúbicas com citoplasma eosinofilico (tem produção de T3 e T4) e ausência de invasão e metástase. - Normalmente tem folículos do parênquima que contêm coloide (positivo para iodo radioativo), agrupamento celulares bem diferenciados, irregularidade das estruturas foliculares e cápsula bem formada, completa e integra (não invade o tecido conjuntivo). 1º imagem: células grandes, citoplasma granular e eosinofilico e núcleo basofílico abundante. - Células de Hürthle: célula folicular metaplásica, não produtora de secreção. 3 tipos de adenoma: adenoma tireoidiano folicular produtor, adenoma tireoidiano folicular não produtor (o mais comum) e o de células de Hürthle. CARCINOMA DA TIREOIDE Caracterizado pela invasão de cápsula e presença de células neoplásicas em linfonodos ou órgãos distantes. Sua prevalência maior é em mulheres no inicio ou meio da vida adulta e caso ocorra na infância ou tardio, acomete ambos sexos. PATOGÊNESE: todos são pela mesma via, oque muda é apenas a mutação (MAP/cinase (papilífero) e PI3K/AKT (folicular e anaplásico) e PTEN – auxilia na proliferação). TSH se liga ao RET (receptor de TSH) e ativa as vias BRAF e PI3K/AKT (via proliferativa) e o PTEN atua como uma proteína inibidora dessa via. CARCINOMA PAPILÍFERO São os mais comuns e apresentam características especificas. É associado a uma exposições de radiação ionizante. É uma neoplasia pálida, pois não capta iodo e logo não produz T3 e T4, ou seja, neoplasia atóxica. Macroscopia: projeções teciduais, solitários ou multifocais e pode ter fibrose e calcificação. A: estruturas papilares, B: papilas bem formadas, C: células com núcleos “vazios” característico (núcleos olho da órfão Annie) e D: células do carcinoma papilífero obtido por aspiração. Microscopia: aspecto papilar com projeções de tecido conjuntivo no meio. I. células com núcleo granular e fino, causando o aspecto de transparência nuclear. Núcleo apresenta cromatina dispersa, deixando-a com a aparência clara ou vazia (diagnóstico). II. Núcleo grande e cromatina frouxa (carioteca flácida), a membrana da carioteca por dobrar e ter uma invaginação (Aspecto de grão de café). Também pode apresentar uma mancha azul ou risco eosinofilico. (seta preta) III. Pseudoinclusão devido a invaginação do material genético (seta azul). OBS: em alguns casos pode ter corpos psamomatoso (deposição de cálcio), mas não é exclusivo do carcinoma papilífero. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 7 VARIANTE FOLICULAR: é um carcinoma papilífero com a presença de corpúsculo de inclusão. Embora seja maligna, tem um bom prognóstico, ela tem uma delimitação pela cápsula. CARCINOMA FOLICULAR É a neoplasia com menor incidência e é mais frequente em mulheres e não apresenta alterações por radiação, normalmente é por diferentes causas (como o tabagismo). É caracterizada como folicular devido a presença de folículos, pseudocápsula e células cúbicas, porém são diferenciados pelos fatores de invasão e metástase. Carcinoma não produtor/atóxico - Grande índice proliferativo: pode ter folículos bem formados e mal formados. - Alto índice proliferativo + baixo estroma = necrose e áreas de hemorragia. Macroscopia: tende a apresentar folículos, irregularidade proliferativa (perda de tecido conj) e áreas de necrose e hemorragia Microscopia: folículos pequenos com coloide, alta proliferação, algumas células com coloide e outras indiferencias que não produzem coloide (fraca reatividade para o iodo) e pouca diferenciação com acúmulos proteicos não utilizados (materiais amiláceos afuncionais) - Não forma arquitetura devido o maior grau de malignidade (células foliculares invadem o tecido da cápsula – infiltração) - 3º imagem: invasão do tecido conjuntivo e na 4º imagem: invasão dos vasos sanguíneos. CARCINOMA ANAPLÁSICO É extremamente indiferenciado (neoplasia mais agressiva da tireoide). Sua incidência é baixa e acomete ambos os sexos mais velhos. - Quando tem anaplasia, também tem a mutação de TP53 (associado a alterações nucleares e citoplasmáticas). Parte desse carcinoma vem de procedimentos cirúrgicos onde a neoplasia foi tirada de forma inadequada, ou o médico não tirou uma parte ou não foi detectado no exame. • Essa parte que sobrou causa a malignização do tecido que ficou. Microscopia: misto de células fusiformes e células gigantes pleomórficas, mitose aberrante e desorganização tecidual. É fácil de identificar, mas o problema é a alta taxa de metástase e invasão. Imagem: perda de E-caderinas. CARCINOMA MEDULAR É uma neoplasia neuroendócrina, originada da células parafolicular (C) da tireoide e são carcinomas produtores. - Ele secreta calcitonina (causa distúrbios na regulação do cálcio) e pode secretar outros polipeptídios (ACTH, VIP (peptídeo intestinal vasoativo) e serotonina.
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