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Os ovários, que são as gônadas femininas, são um par de glândulas homólogas aos testículos (têm a mesma origem embrionária). Os ovários produzem gametas, os ovócitos secundários que se desenvolvem em óvulos maduros após a fertilização, e hormônios, incluindo a progesterona e os estrogênios (hormônios sexuais femininos), a inibina e a relaxina. Cada ovário é suspenso por uma curta prega peritoneal ou mesentério, o mesovário, que é uma subdivisão de um mesentério maior do útero, o ligamento largo. O ligamento útero- ovárico ancora os ovários no útero, e o ligamento suspensor do ovário os insere na parede pélvica. Como o ovário está suspenso na cavidade peritoneal e sua superfície não é coberta por peritônio, o ovócito expelido na ovulação passa para a cavidade peritoneal. Entretanto, sua vida intraperitoneal é curta porque geralmente é aprisionado pelas fímbrias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido para a ampola, onde pode ser fertilizado. Em contraste com a espermatogênese, que no sexo masculino começa na puberdade, a ovogênese nas mulheres começa antes do nascimento. Durante o início do desenvolvimento fetal, as células germinativas primordiais (primitivas) migram do saco vitelino para os ovários. Lá, as OVOGÊNESE E DESENVOLVIMENTO FOLICULAR células germinativas se diferenciam no interior dos ovários em ovogônias. As ovogônias são células-tronco diploides (2n) que se dividem por mitose produzindo milhões de células germinativas. Mesmo antes do nascimento, a maior parte destas células germinativas se degenera em um processo conhecido como atresia. Algumas, no entanto, se desenvolvem em células maiores chamadas ovócitos primários, que entram na prófase da meiose I durante o desenvolvimento fetal, mas não concluem essa fase até depois da puberdade. Durante esta pausa na fase de desenvolvimento, cada ovócito primário é circundado por uma camada única de células foliculares planas, e a estrutura como um todo é chamada folículo primordial. A cada mês, da puberdade até a menopausa, gonadotropinas (FSH e LH) secretadas pela adenohipófise estimulam adicionalmente o desenvolvimento de vários folículos primordiais, embora apenas um geralmente alcance a maturidade necessária para a ovulação. Alguns folículos primordiais começam a crescer, tornando-se folículos primários. À medida que o folículo principal cresce, ele forma uma camada glicoproteica transparente chamada zona pelúcida entre o ovócito primário e as células granulosas. Além disso, as células estromais em torno da membrana basal começam a formar uma camada organizada chamada teca folicular. Com a continuidade da maturação, um folículo primário se desenvolve em folículo secundário. Em um folículo secundário, a teca se diferencia em teca interna, camada interna bem vascularizada de células cubóides secretoras de hormônios estrogênicos, e teca externa, camada exterior de células estromais e fibras colágenas. Além disso, as células granulosas começam a secretar líquido folicular, que se acumula em uma cavidade chamado antro, no centro do folículo secundário. A camada mais interna das células granulosas torna-se firmemente ligada à zona pelúcida e agora é chamada de coroa radiata. O folículo secundário aumenta de tamanho e se torna um folículo maduro. Enquanto neste folículo, e pouco antes da ovulação, o ovócito primário diploide completa a meiose I, produzindo duas células haploides (n) de tamanho desigual. A célula menor, chamada de primeiro corpo polar, é essencialmente material nuclear descartado. A célula maior, o ovócito secundário, recebe a maior parte do citoplasma. Uma vez que um ovócito secundário é formado, começa a meiose II, mas em seguida, para na metáfase. O folículo maduro rompe-se e libera rapidamente seu ovócito secundário, em um processo conhecido como ovulação. Após a ovulação, os movimentos das fímbrias da tuba uterina produzem correntes locais, que circundam a superfície do folículo maduro imediatamente antes de ocorrer a ovulação. Estas correntes movem o ovócito secundário ovulado da cavidade peritoneal para a tuba uterina. Um espermatozoide geralmente encontra e fertiliza um ovócito secundário na ampola da tuba uterina, embora a fertilização na cavidade peritoneal não seja incomum. Se a fertilização não ocorrer, as células degeneram. Se houver espermatozoides na tuba uterina e um deles penetrar o ovócito secundário, no entanto, a meiose II é retomada. O ovócito secundário se divide em duas células haploides, novamente de tamanhos desiguais. A célula maior é o óvulo e a menor é o segundo corpo polar. O útero serve como parte da via para o espermatozoide depositado na vagina alcançar as tubas uterinas e é o local da implantação de um óvulo fertilizado, desenvolvimento do feto durante a gestação e trabalho de parto. O ciclo menstrual pode ser dividido em duas fases distintas: os processos que ocorrem a nível dos ovários, ciclo ovariano e as alterações no revestimento do endométrio, ciclo endometrial. A duração média desses ciclos é de aproximadamente 28 dias. Controlados e regulados pelo eixo hipotálamo-hipófise- ovários. Variabilidades do tempo de duração ocorrem principalmente no início e no fim dos anos reprodutivos. CICLO OVARIANO Fase folicular: o resultado primário da fase folicular é o desenvolvimento de um folículo ovárico vesiculoso maduro (folículo de Graaf) e um ovócito secundário. Os estrógenos vão aumentando gradativamente, causando picos de FSH e de LH. Enquanto a progesterona permanece baixa em toda essa fase. Fase lútea: dominada pelas ações do corpo lúteo (células da granulosa e da teca residuais do folículo, após a liberação do ovócito) o qual sintetiza e secreta estrogênio e progesterona para espessar a parede do endométrio para a implantação e manutenção do ovócito fertilizado. Se a fertilização não ocorre, o corpo lúteo regride e forma finalmente uma estrutura cicatricial não funcional (corpo albicante). Esse corpo albicante migra para o interior do ovário e possui lenta degradação. A regressão do corpo lúteo ocorre de 10 a 12 dias após a ovulação na ausência da gonadotrofina coriônica. A progesterona CICLO MENSTRUAL aumenta gradativamente e o estrogênio inicialmente e caem, mas depois aumenta novamente. CICLO ENDOMETRIAL O revestimento da parede uterina sofre muitas alterações durante um mês típico de uma mulher em seus anos de vida reprodutiva. Fase proliferativa: aumento dos estrógenos causa crescimento do endométrio (crescimento de 1 a 2 mm para 8 a 10 mm no fim da fase, a qual é marcada pela ovulação). O crescimento glandular e dos vasos sanguíneos ocorre dentro do estrato funcional do endométrio em expansão. Fase secretora: o principal resultado dessa fase é a maturação do endométrio. Os níveis decrescentes de estrogênio bloqueiam o crescimento do revestimento endometrial. As glândulas mucosas se desenvolvem inteiramente e tanto as glândulas como os vasos sanguíneos dessa região aumentam sua área de superfície e se enovelam. Caso não haja a fertilização, a parede do endométrio é substituída em preparação para o próximo ciclo. Os níveis decrescentes de estrogênio bloqueiam o crescimento do revestimento endometrial. Há uma infiltração de células inflamatórias causando a quebra adicional do revestimento e formação de coágulos e descamação da parede uterina. O hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) secretado pelo hipotálamo controla os ciclos ovariano e uterino. O GnRH estimula a liberação do hormônio foliculoestimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH) pela adenohipófise. O FSH inicia o crescimentofolicular, enquanto o LH estimula o desenvolvimento adicional dos folículos ovarianos. Além disso, o FSH e o LH estimulam os folículos ovarianos a secretar estrogênio. O LH estimula as células da teca de um folículo em desenvolvimento a produzir androgênios. Sob influência do FSH, os androgênios são absorvidos pelas células granulosas do folículo e, em seguida, convertidos em estrogênios. No meio do ciclo, o LH estimula a ovulação e, então, promove a formação do corpo lúteo, a razão para o nome hormônio luteinizante. Estimulado pela LH, o corpo lúteo produz e secreta estrogênios, progesterona, relaxina e inibina. Os estrogênios secretados pelos folículos ovarianos têm várias funções importantes, dentre elas: Promover o desenvolvimento e manutenção das estruturas reprodutivas REGULAÇÃO HORMONAL femininas, características sexuais secundárias e mamas. Aumentar o anabolismo proteico, incluindo a formação de ossos fortes. Baixar o nível sanguíneo de colesterol. Níveis sanguíneos moderados inibem tanto a liberação de GnRH pelo hipotálamo quanto a secreção de LH e de FSH pela adenohipófise. A progesterona, secretada principalmente pelas células do corpo lúteo, coopera com os estrogênios para preparar e manter o endométrio para a implantação de um óvulo fertilizado e preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Altos níveis de progesterona também inibem a secreção de LH e GnRH. A pequena quantidade de relaxina produzida pelo corpo lúteo durante cada ciclo mensal relaxa o útero inibindo as contrações do miométrio. Durante a gestação, a placenta produz muito mais relaxina, e isso continua relaxando o músculo liso do útero. No final da gestação, a relaxina também aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e pode ajudar a dilatar o colo do útero, que facilitam a saída do bebê. A inibina é secretada pelas células granulosas dos folículos em crescimento e pelo corpo lúteo após a ovulação. Ela inibe a secreção de FSH e, em menor grau, de LH. ALVES, Luana Maria Silva. Efeitos de estrógeno e de progesterona na atividade basal do eixo hipotálamo hipófise adrenal. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. DE OLIVEIRA, Eliane Gouvêa et al. Mecanismos fisiológicos e bioquímicos envolvidos na ovogênese. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais-Animais e Humanos Interdisciplinary Journal of Experimental Studies, v. 1, n. 1, 2009. LEMBRANCE, ANA JULIA MACEDO et al. FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL FEMININO E SUAS INFLUÊNCIAS HORMONAIS. Editor Chefe, p. 62. NETTER, Frank H. 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