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Mama 1 Mama Prof. Thiago Mamografia: principal método de rastreamento do câncer de mama e, comprovadamente, reduz a mortalidade da doença em torno de 30% Anamnese + Exame Físico: continuam fundamentais → 5% dos carcinomas mamários são detectados apenas pelo exame físico Anamnese ➯ Os principais componentes da história clínica são: Em todas as mulheres: Idade da menarca; Número de gestações; Número de nascidos vivos; Idade da primeira gestação; História familiar de câncer de mama → Número de afetados, grau de parentesco, idade do diagnóstico e presença de doença bilateral; História de cirurgias e/ou biópsias mamárias → Se possível, com o diagnóstico histológico Mulheres na pré-menopausa: Data da última menstruação Duração e regularidade dos ciclos Uso de anticoncepcionais hormonais Mulheres na pós-menopausa: Data da menopausa Uso de terapia de reposição hormonal Idade Etnia Antecedentes gineco-obstétricos: menarca precoce (antes dos 12 anos) menopausa tardia (após os 55 anos) nuliparidade idade tardia da primeira gestação (após os 28 anos) ausência de amamentação uso de anticoncepção e terapias hormonais por mais de 5 anos também representam risco; História pessoal História familiar Perfil psicossocial ➯ O nódulo de mama é a queixa clínica mais frequente e é a apresentação mais comum do câncer de mama a. Nódulo: data da percepção, localização, crescimento, relação com ciclo menstrual ou história de traumatismo; b. Dor mamária: data do início, localização, intensidade da dor, uso de medicações, relação com ciclo menstrual ou traumatismo, relação com esforço físico; Mama 2 c. Derrame papilar: data do início, cor, espontâneo ou provocado, unilateral ou bilateral e relação com o uso de fármacos d. Anormalidade de pele/mamilo e sinais inflamatórios: data do início, se agudo ou crônico, localização, saída de secreção purulenta, flogose, presença de retração ou abaulamento Exame físico ➯ Consiste em: 1. Inspeção estática: Braços relaxados ao longo do corpo, observa-se a SIMETRIA MAMÁRIA e a presença de RETRAÇÕES OU ABAULAMENTOS As retrações de pele geralmente sugerem doença maligna, por comprometimento dos ligamentos de Cooper Retração do mamilo, principalmente unilateral, também pode significar malignidade A pele da mama e o complexo aréolo-mamilar devem ser cuidadosamente avaliados Edema e hiperemia podem ser indicativos de carcinoma inflamatório → tem como característica a INVASÃO DOS LINFÁTICOS dos cutâneos, ocasionando edema (casca de laranja) ULCERAÇÕES em mamilo e LESÕES ECZEMATOIDES lembram a doença de Paget. 2. Inspeção dinâmica: Solicita-se à paciente que levante os braços, permitindo melhor avaliação do polo inferior das mamas Depois, ela deve pressionar as mãos contra a cintura, contraindo, dessa forma, os músculos peitorais e ocasionando a visualização de retrações sutis que não são observadas na inspeção estática 3. Palpação sentada: Inicia-se pela palpação das cadeias LINFÁTICAS SUPRACLAVICULAR E AXILARES com a paciente sentada A axila direita é examinada pela mão esquerda do examinador, enquanto o braço direito da paciente está flexionado e apoiado na mão direita do examinador (o inverso é realizado no lado oposto) Essa manobra permite o relaxamento do músculo peitoral e facilita a abordagem de todo o espaço axilar Linfonodos palpáveis? devem ser anotados o: tamanho características (elástico/firme) único, múltiplos ou fusionados móveis ou fixos a planos profundos A linfadenopatia supraclavicular palpável é incomum e indicativa de maior investigação ➯ Alterações na palpação? descrever localização, tamanho, bordas, formato, Fotos da paciente sentada para inspeção estática (A) e posições dos braços na inspeção dinâmica (B-C). Palpação de fossas supraclaviculares, axilas e mama. Para localização anatômica e descrição de tumores, a superfície da mama é dividida em quatro quadrantes. Mama 3 � Linfonodos geralmente são palpáveis sem nenhum patologia relacioda ou secundários a pequenos processos infecciosos, como nas unhas, abrasões e foliculites Geralmente, esses linfonodos são pequenos (<1 cm), elásticos e móveis 4. Palpação deitada Com a paciente deitada em posição supina e colocando as mãos atrás da cabeça Com as polpas digitais em sentido radial ou concêntrico, abrangendo toda a mama Palpar superiormente até a clavícula e inferiormente até o sulco mamário, medialmente até a borda lateral do esterno e lateralmente até a linha axilar média É importante localizar as lesões dentro dos quadrantes mamários superfície, mobilidade e consistência. A identificação de nódulo ou alteração suspeitos requer maior investigação ➯ Queixa de derrame papilar indica-se a expressão papilar unidigital ou bidigital o raio horário, procurando pontos de gatilho ➯ As mamas são MAIS DENSAS na região SUPEROLATERAIS, onde há mais tecido mamário e consequentemente onde os nódulos são mais frequentes ➯ Lesões suspeitas na pré-menopausa: mamas assimétricas e solitárias Exames complementares Importantes ferramentas no rastreamento, na propedêutica e no seguimento de patologias 1. MAMOGRAFIA (MMG) É o exame mais empregado na na detecção do câncer de mama → “exame de largada” Considerada método de rastreamento e também indicada no processo diagnóstico e no acompanhamento de lesões mamárias Mulheres > 40 anos e sem limite para interromper Anualmente Reduz significativamente a mortalidade, proporcionando redução de até 30% dos casos de CA Inclui duas incidências: 1. Mediolateral → avalia-se alterações superiores, inferiores ou na junção 2. Craniocaudal → avalia-se alterações medial ou latereal � A mama de uma mulher naturalmente é liposubstituída conforme a idade, portanto o tecido glandular é substituído por tecido adiposo e por isso não realizamos o exame em mulheres com menos de 40 anos Sensibilidade do exame: maior em mulheres < 50 anos e em mamas densas (mais falso- positivos) Alterações MMG mais comuns Mamografia demonstrando as duas incidências principais: (A-B) mediolateral oblíqua (inferior e superior) e (C-D) craniocaudal (medial e lateral) Mama 4 a. Nódulos: lesões que ocupam espaço, detectadas em duas projeções, e classificadas quanto: Ao formato (ovoide, redondo, irregular) Às margens (circunscritas, obscurecidas, microlobuladas) À densidade (alta densidade, isodensa, contendo tecido adiposo) → Geralmente, os nódulos de limites bem-precisos, arredondados ou ovalados são benignos → Nódulos irregulares e espiculados sugerem malignidade b. Assimetrias: Ggobal, focal, em desenvolvimento c. Distorção da arquitetura: vista como espículas irradiadas de um ponto, pode ser decorrente de cicatriz pós-cirúrgica, cicatriz radial ou carcinoma de mama d. Calcificações: Benignas — pele, vascular, “em pipoca”, grande em bastão, redonda, anelar, distrófica, leite de cálcio, sutura Suspeitas — amorfa, grosseira heterogênea, pleomórfica fina, linear final ou fina linear ramificada Distribuição — difusa, regional, agrupada, linear, segmentar � → As microcalcificações agrupadas, pequenas, irregulares e lineares sugerem malignidade Aproximadamente 60 a 90% dos carcinomas in situ da mama manifestam-se por microcalcificações; BIRADS (breast imaging reporting and data system) ➯ Consiste em vários componentes como a padronização léxica de termos a serem utilizados nos laudos, estruturando a comunicação, recomendações e manejo entre o radiologista e as demais especialidades A densidade mamária foi classificada em quatro categorias (A a D): A Mama lipossubstituída, composta quase totalmente por gordura; Apresenta confiabilidade mamográfica muito alta com sensibilidade de cerca de 98%; B Mamas com áreas de tecido fibroglandular esparsas; C Mamas heterogeneamente densas, que podem obscurecer pequenos nódulos, com sensibilidade em torno de 70%; D Mamas extremamente densas, que podem diminuir a sensibilidade para 40 a 50%, sendo recomendados outros procedimentos diagnósticoscomplementares – na maioria dos casos, a US. Mama 5 2. Ultrassonografia mamária (US) ➯ Usado com complemento da MMG ➯ Bom para investgação de mulheres jovens ou grávidas, onde ainda há presença de muito tecido glandular Limitações: não detecta microcalcificações agrupadas fora do tumor e em mamas adiposas, que diminuem sua acuidade diagnóstica Alta sensibilidade na diferenciação de lesões malignas, entretanto, com considerável taxa de falsos-positivos � A taxa adicional de cânceres detectada pela US em caso de mamografia negativa é de 1,8 a 4,1:1.000 mulheres → sendo questionado o seu uso Indicações: Avaliação de nódulos palpáveis, de achados clinicamente ocultos na mamografia e de tecido mamário denso Após cirurgia de reconstrução ou de aumento com implantes de silicone Em mulheres com alto risco e orientação durante técnicas de intervenção (agulhamentos) Falsos-positivos podem ser encontrados em lesões benignas fibrosas e falsos-negativos, em carcinomas mucinosos ou císticos A classificação dos achados na US seguem o BIRADS ➯ Os nódulos são classificados quanto ao/a: a. Formato – ovoide, redondo ou irregular; b. Orientação – paralela à pele ou não paralela à pele; c. Margem – circunscrita ou não circunscrita (indistinta, angulada, microlobulada, espiculada); d. Ecotextura – anecoica, hiperecoica, complexa, hipoecoica, isoecoica ou heterogênea; e. Características acústicas posteriores – sem achados, reforço acústico, sombra acústica ou combinado 3. Ressonância Magnética (RM) ➯ RM com constraste apresenta alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico, ou seja, o exame “vê muito” e dá falso-positivos com frequência Indicações para RM: Casos de imagens inconclusivas por meio dos métodos convencionais (MMG e US), não sendo utilizada, entretanto, como substituta da avaliação histológica dessas lesões; Rastreamento em pacientes de alto risco (mutações de BRCA1 e BRCA2); Avaliação de implantes mamários; Diferenciação de cicatriz pós-operatória e recorrência do carcinoma; Avaliação da resposta terapêutica à quimioterapia neoadjuvante; Estadiamento local pré-operatório, a fim de determinar a extensão da lesão, e detectar lesõessatélites bem como outros cânceres ipsolaterais ou contralaterais Embora a RM forneça melhor estimativa do tamanho do tumor e da extensão da doença e, consequentemente, melhor planejamento terapêutico, isso poderia acarretar cirurgias mais extensas, não havendo consenso sobre quais pacientes iriam se beneficiar da RM pré-operatória. ➯ Vatangem do RM com contraste → avaliação em 3 momentos: antes do constraste, imediatamente, minutos depois → permite avaliar o comportamento vascular do órgão Mama 6 ➯ Também usa a classificação BIRADS � MMG → Rastreio US → Inestigação ou complementar RM → Casos especiais DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA Representam uma grande parcela das alterações mamárias, e requerem sempre a diferenciação com a patologia maligna Anomalias do desenvolvimento: Volume Hipomastia — pequeno volume, uni ou bilateral Hipertrofia — grande volume, uni ou bilateral (>1000g = gigantomastia Simastia — confluência medial das mamas, união das mamas Número Amastia — ausência total da glândula, uni ou bilateral Amazia — ausência do tecido mamário, com a presença do complexo areolomamilar Atelia — Ausência areolomamilar, muito raro Polimastia — presença de mais de 2 gl. mamárias, completa ou apenas o parênquima Politelia — presença de mamilo acessório De acordo com a queixa principal: 1. DOR (MASTALGIA) a. Mastite b. Abscesso mamário c. Abcesso Subareolar Crônico Recidivante (ASCR) 2. DERRAME PAPILAR a. Galactorreia b. Ectasia ductal c. Ectazia areolar 3. NÓDULO a. Fibroadenoma b. Cistos c. Nódulos axilares d. CA de mama Hipertrofia/gigantomastia e mamas axilares Mama 7 � Dor Decálago da dor Cíclico ou acíclico? Fatores de alívio e piora? Dor difusa ou localizada? Uni ou bilateral? Temporalidade? Causas: menstrual, processos inflamatórios, traumas, tromboflebite, extramamárias � Derrame papilar Descrever: cor, um ou mais ductos, uni ou bilateral, volume da secreção, espontâneo ou provocado Descartar gestação A manipulação mamilar progressiva pode estimular a secreção Sinais de alerta: quando é de conteúdo sanguinolento ou “água de rocha” � Nódulos ➯ 75% são benignos ➯ Caracterizar sempre que forem palpáveis ➯ Pesquisa da EVOLUÇÃO/CRESCIMENTO Nódulos axilares: Inflamatórios (reacional) → dor Oncótico → fusionados e aderidos Mastite aguda Mais frequente no puerpério, ao redor da terceira semana Normalmente, há história de fissura do mamilo ou de queimadura da pele, que resulta na quebra dos mecanismos de defesa do organismo e em aumento do número de bactérias sobre a pele da mama A penetração acontece pelos linfáticos superficiais, expostos pelas fissuras mamilares Os fatores predisponentes são: mamas ingurgitadas, fissura mamilar, infecção da rinofaringe do lactante, anormalidade do mamilo, primiparidade, má-higiene, escabiose Sinais e sintomas: Estase láctea + sinais clássicos de inflamação: dor, tumor, calor, rubor, que podem ou não estar acompanhados de sintomas gerais (febre, mal-estar, calafrios) Adenopatia axilar costuma se apresentar Abcesso Subareolar Crônico Recidivante (ASCR) Doença de Zuskas Caracteriza-se por episódios de infecção aguda e flutuação, seguidos de drenagem intermitente por orifício fistuloso na junção cutaneoareolar Drenagem pode ser espontânea ou pode haver necessidade de cirurgia, pela dor que causa História: paciente refere uso de vários antibióticos, culturas com antibiogramas e intervenções cirúrgicas e manifesta grande ansiedade e desconforto O processo entra em período de acalmia, que pode durar de 2 a 3 semanas a alguns meses e depois sofre reagudização É comum a presença de retração e invaginação da papila, desconhecendo-se se trata de causa ou consequência Existe notável correlação entre o ASCR e o hábito de fumar → no HCPA, 89,7% dos portadores dessa patologia são fumante Abscesso subareolar crônico com fístula periareolar em tabagista de 38 anos Mama 8 Ectasia ductal ➯ Dilatação dos ductos terminais com acúmulo de detritos celulares, podendo causar derrame papilar ➯ Não se sabe a natureza exata de sua etiologia, e os mesmos fatores descritos para o ASCR podem estar envolvidos, inclusive o tabagismo ➯ As formas clínicas são as seguintes: 1. Derrame papilar: Mais comum em peri ou pós-menopáusicas, surgindo secreção amareloesverdeada, purulenta Desde que o sintoma não seja espontâneo e abundante, dispensa tratamento Se a descarga for molesta para a paciente, indica- se a exérese do sistema ductal terminal 2. Tumoral: A ectasia, com o tempo, pode ocasionar ruptura dos ductos e inflamação circundante, com sinais típicos de mastite Esse processo, ao se cronificar, pode originar massa endurecida e retração do mamilo, simulando carcinoma É comum a retração do mamilo no local do ducto ou dos ductos encurtados A idade é fator importante na etiologia da ectasia ductal, pois a frequência dessa condição é proporcional ao seu aumento Fibroadenoma TUMOR constituído pela proliferação do tecido conectivo do estroma e pela multiplicação de ductos e ácinos. São malignos em apenas 10% dos casos, mas, mesmo benignos, têm tendência à recidiva local e podem atingir grandes volumes Acomete preferencialmente mulheres jovens, entre a menarca e os 30 anos; depois dessa idade, entra em degeneração e calcifica, sendo achado comum em mamografias de rotina Normalmente respondem a mudanças hormonais Nódulo de limites nítidos, formato arredondado ou lobulado, consistência firme e ampla mobilidade Crescimento lento e raramente >4cm Mama 9
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