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PATOLOGIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar a etiologia, as manifestações e o tratamento de alterações leu- codérmicas. > Explicar as alterações melanodérmicas. > Reconhecer a importância do diagnóstico precoce do melanoma. Introdução A pigmentação da pele, dos olhos e cabelo é determinada pela síntese de melanina nos melanócitos epidérmicos, processo que ocorre por meio de uma oxidação enzimática denominado melanogênese, dentro de organelas específicas, denominadas de melanossomos, seguido da transferência dessas organelas para os queratinócitos. Sendo assim, a atividade dos melanócitos, juntamente com o tipo e a distribuição da melanina, é o principal fator para a diversidade da pigmentação da pele. Os distúrbios de pigmentação representam alterações que podem ocorrer em qualquer etapa da síntese, transporte ou degradação da melanina, po- dendo ser de origens genéticas ou adquiridas. São divididas em alterações que se manifestam como hiperpigmentação, na qual o excesso de pigmento é Alterações relacionadas à pigmentação Sergio Marcelo Rodriguez Málaga aparente, como no melasma, e hipopigmentação na qual o pigmento é redu- zido, como no vitiligo. A hipopigmentação também pode ser conhecida como alterações leucodérmicas, em detrimento a perda parcial ou total de melanina nos tecidos, resultando na diminuição da pigmentação da pele e seus anexos. Estas alterações podem se apresentar de forma localizada ou difusa. Além disso, mutações em genes que atuam nas vias de sinalização do crescimento celular, supressores de tumores e reguladores de aptopose nos melanócitos, influenciam no surgimento do melanoma. Neste capítulo, você vai apreender sobre o conceito geral das alterações pigmentares, enfatizando os principais distúrbios de hipopigmentação e despig- mentação. Além disso, vai conhecer os padrões dos distúrbios hiperpigmentares frequentemente observado na população. Por fim, conhecerá as causas e os principais métodos de diagnóstico para confirmação e direcionamento do tratamento de pacientes com melanoma cutâneo. Distúrbios de hipopigmentação As variações da pigmentação da pele dependem de vários fatores, incluindo a quantidade e tipo de melanina, pigmento produzido pelos melanócitos que pode também ser encontrado nos cabelos e olhos; o grau de vascula- rização do tecido; presença de caroteno; e espessura do estrato córneo. O sistema pigmentar da pele é formado por melanócitos que residem principalmente na camada basal da epiderme e na matriz do folículo piloso (Figura 1a). Os melanócitos são células dendríticas originárias da crista neural do embrião, que migram após o fechamento do tubo neural para colonizar a pele (epiderme), os cabelos e os olhos, também sendo encontradas nas mucosas, leptomeninges e ouvido interno (JAMES; BERGER; ELSTON,2011). Alterações relacionadas à pigmentação2 Figura 1. Localização e função dos melanócitos. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. Epiderme Queratinócitos mortos Melanócito Melanina Grânulos lamelares Células de langerhans Estrato córneo Queratinócitos Célula de Merkel Lâmina basal Camada granular Camada espinhosa Camada basal Melanócito Melanina Dentrito Melanossomo Núcleo Aparelho de Golgi Mitocôndria Retículo endoplasmático Alterações relacionadas à pigmentação 3 Dentro do citoplasma dos melanócitos, o pigmento melanina é depositado em organelas específicas denominadas melanossomos (Figura 1b). Cada melanócito, por meio de seus processos dendríticos, interage com aproxima- damente 36 queratinócitos, transferindo assim seus melanossomas e grânulos de melanina e originando a unidade epidérmico-melânica. Vale ressaltar que diferenças na cor da pele não residem no número ou na densidade dos mela- nócitos, mas na atividade dos melanócitos individuais. Quando comparados a indivíduos de pele mais clara, indivíduos de pele mais escura, por exemplo, apresentam um maior número de melanossomas maduros e com maior nível de produção de melanina (JAMES; BERGER; ELSTON,2011). Os distúrbios de hipopigmentação constituem um grupo heterogêneo de doenças dermatológicas adquiridas ou congênitas, que podem ser cau- sadas por diferentes alterações do sistema pigmentar, incluindo defeitos no número ou função dos melanócitos, diminuição da melanização dos me- lanossomas ou diminuição do processo de transferência dos melanócitos para os queratinócitos. Esses distúrbios podem ser classificados em dois grandes grupos: dermatoses com despigmentação, que correspondem a manchas branco-leitosas devido à completa ausência dos melanócitos, e dermatoses com hipopigmentação, que se apresentam como áreas de pele mais claras em comparação com o tipo de pele normal, em decorrência da redução da quantidade de melanina, cuja apresentação pode ser localizada ou generalizada (DÍAZ, 2014). A seguir, destacaremos os principais distúrbios de despigmentação e hipopigmentação comumente observados na população. Distúrbios de despigmentação Vitiligo O vitiligo é uma doença sistêmica crônica adquirida, caracterizada pela des- truição de melanócitos funcionais, principalmente na pele, resultando no aparecimento de máculas e manchas brancas bem circunscritas (Figura 2). É uma doença de natureza multifatorial, podendo incluir fatores genéticos, hereditários, imunológicos e ambientais. Alterações relacionadas à pigmentação4 Figura 2. Hipopigmentação causada pelo vitiligo. Fonte: (a) Dean Drobot/Shutterstock.com; (b) Dr. Muzammil Irshad/Shutterstock.com. Contudo, existem três hipóteses para explicar o surgimento da doença (ERRANTE et al., 2019): � Teoria autocitotóxica —fundamenta-se na observação de que subs- tâncias químicas (catecois e fenóis) formadas durante a síntese de melanina são citotóxicas para a célula. � Teoria neural — propõe que um mediador químico, liberado pelos terminais nervosos, destruiria os melanócitos. � Teoria autoimune — os mecanismos imunológicos podem induzir a formação de autoanticorpos antimelanócitos e formação de linfócitos T CD8+ citotóxicos, conduzindo assim à destruição dos melanócitos. O vitiligo acomete de 0,5 a 2% da população mundial, não havendo predi- leção em relação a cor da pele, raça ou gênero. Com relação à idade, 50% dos pacientes iniciam os sintomas antes dos 20 anos. As lesões dermatológicas são de tamanho variado, apresentando diferentes configurações e disposição simétrica. Elas se localizam preferencialmente nas áreas periorificiais, face, dorso das mãos e punhos, genitais, axilas e região umbilical (ERRANTE et al., 2019). De acordo com a extensão e distribuição das áreas envolvidas, o vitiligo pode ser classificado em seis tipos (VIZANI et al., 2014): � Localizado ou focal — com uma ou poucas máculas em determinada área anatômica, sendo mais comum no seguimento do nervo trigêmeo. Alterações relacionadas à pigmentação 5 � Segmentar — com máculas unilaterais com distribuição dermatomal ou dermatomal. É considerado um tipo especial de vitiligo, pois tem início precoce, sendo resistente ao tratamento e estando frequentemente associado às crianças. � Generalizado — é o padrão mais comum, envolvendo mais de 10% da área de superfície corporal e apresentando máculas amplas e sime- tricamente distribuídas. � Universal — acomete mais de 80% da superfície corporal, deixando algumas vezes ilhas de pigmentação normal. � Acrofacial — as máculas despigmentadas se confinam nas extremidades distais dos dedos e os orifícios faciais. � Mucoso — envolve exclusivamente as mucosas, podendo se desenvolver em locais de traumas leves ou em áreas de cortes. O tratamento geralmente consiste em tentar repigmentar as áreas afeta- das da pele, estimulando os melanócitos que podem permanecer intactos. Nesse contexto, várias modalidades de tratamento têm sido utilizadas, como corticosteroides tópicos de alta potência, inibidores tópicos de calcineurina (tacrolimo e pimecrolimo), que são os pilares para o tratamentodo vitiligo limitado, e terapias sistêmicas como psoraleno, fototerapia (radiação ultra- violeta A, ultravioleta B de banda estreita (UVB)) e corticosteroides sistêmicos, que são úteis para pacientes com vitiligo mais extenso ou doença refratária (VIZANI et al., 2014). Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada (VKH) A VKH é uma doença multissistêmica rara que afeta olhos, pele, sistema audi- tivo e sistema nervoso central (SNC), sendo uma das causas comum da panuve- íte não infecciosa. É uma das mais importantes doenças com despigmentação, descrita como uma inflamação granulomatosa relacionada à desregulação autoimune mediada por células T contra autoantígenos melanocíticos, que aparece mais frequentemente após os 30 anos de idade, embora tenha sido também descrita em crianças (BALTMR; LIGHTMAN; TOMKINS-NETZER, 2016). A VKH é uma doença multifásica que classicamente apresenta quatro estágios clínicos (BALTMR; LIGHTMAN; TOMKINS-NETZER, 2016): Alterações relacionadas à pigmentação6 1. Prodrômico, ou meningoencefalítico — pode mimetizar uma infecção viral e geralmente precede à inflamação ocular. Normalmente, os pacientes se queixam de sintomas auditivos e de SNC, incluindo dores de cabeça, rigidez de nuca, fotofobia, febre, dor orbital, sensibilidade do couro cabeludo ou da pele e déficits neurológicos focais, como paralisia de nervos cranianos. 2. Uveítico — caracterizado por uveíte anterior e/ou posterior e inflamação de muitas outras partes do olho. 3. Crônico — caracterizado pelos sintomas oculares e manifestações dermatológicas, como poliose do couro cabeludo, sobrancelhas, cí- lios e pelos das axilas (Figura 3), além da alopecia frontal e vitiligo simétrico em face. Figura 3. Paciente com Síndrome de VKH. Fonte: Fred e van Dijk (2007, documento on-line). 4. Recorrência — marcada por uma panuveíte recorrente granulomatosa associada a diminuição permanente da acuidade visual, catarata e glaucoma. O tratamento da VKH tem como objetivo a supressão da inflamação dos tecidos-alvo da doença. Sendo assim, a utilização de imunossupressores agressivos com esteroides sistêmicos e medicamentos imunomoduladores (ciclosporina, azatioprina, micofenolato, tacrolimo, infliximabe) tem sido a terapia de escolha para prevenir a recaída da doença e evitar complicações que ameaçam a visão (BALTMR; LIGHTMAN; TOMKINS-NETZER, 2016). Alterações relacionadas à pigmentação 7 Distúrbios de hipopigmentação Pitiríase alba É um distúrbio de hipopigmentação pós-infl amatório comumente associado à dermatite atópica. Geralmente se apresenta como múltiplas máculas e manchas hipopigmentadas com descamação pitiriasiforme e irregulares, atribuídas a diminuição da melanina na epiderme. Tais manchas se distri- buem simetricamente na face, cabeça, pescoço e antebraços em crianças e adultos jovens. As lesões podem persistir por meses ou anos antes de se resolverem espontaneamente. Como a pitiríase alba é autolimitada, não é necessário tratamento. Entretanto, a utilização de corticosteroides tópicos e protetores solares é recomendada em pacientes sintomáticos (RODRIGUEZ JR; PANDYA, 2022). Pitiríase versicolor, ou tínea versicolor É uma infecção fúngica superfi cial da pele, causada por Malassezia furfur, que pode se apresentar como máculas hipopigmentadas e manchas escamosas com contornos defi nidos, que ocasionalmente podem ser hiperpigmenta- das. Essa hipopigmentação é atribuída à inibição da enzima tirosinase pelo ácido azelaico produzido pelas leveduras, o qual interfere na melanogênese. Acomete principalmente jovens entre 15 e 35 anos, com lesões localizadas no peito, pescoço, braços e costas (Figura 4). O tratamento-padrão inclui sulfeto de selênio tópico, piritionato de zinco e antifúngicos (RODRIGUEZ JR; PANDYA, 2022). Figura 4. Pitiríase versicolor. Fonte: (a) TisforThan/Shutterstock.com; (b) shutting/Shutterstock.com. Alterações relacionadas à pigmentação8 Piebaldismo É um distúrbio autossômico dominante raro, caracterizado pela ausência congênita de melanócitos nas áreas afetadas da pele e cabelo devido a uma mutação do proto-oncogene c-KIT, localizado no cromossoma 4q12. Esse gene codifica o receptor transmembrana da família tirosinase quinase, que se encontra na superfície dos melanócitos. A incidência da doença é estimada como inferior a 1:20.000, sendo ambos os gêneros igualmente afetados (SHAH; PATTON; ZEDEK, 2022). Clinicamente, o padrão clássico da doença inclui uma mecha branca de cabelo presente ao nascimento, surgindo de uma mácula despigmentada triangular e alongada na linha média da testa, que pode acometer as sobran- celhas e os cílios. Além disso, a distribuição das máculas despigmentadas segue os padrões simétricos do tronco, respeitando a linha média do dorso, das extremidades e face. Áreas de hiperpigmentação podem estar presentes dentro ou na fronteira com as áreas de despigmentação. Embora as áreas despigmentadas do piebaldismo sejam benignas e está- veis, a aparência pode ser social e psicologicamente debilitante para alguns pacientes. Sendo assim, a utilização de maquiagem e tintura de cabelo podem melhorar a qualidade de vida. Além disso, o tratamento cirúrgico com técnicas de transplante autólogo como minienxerto pode ser usado para melhorar o aspecto das lesões (SHAH; PATTON; ZEDEK, 2022). Albinismo oculocutâneo (AOC) O AOC diz respeito a um grupo de quatro desordens autossômicas recessivas (AOC 1-4) causadas pela completa falta ou redução da biossíntese de melanina nos melanócitos, resultando em hipopigmentação do cabelo, pele e olhos. Os diferentes tipos de AOC são originados por mutações em distintos genes. O fenótipo AOC1 é causado pela mutação no gene da enzima tirosinase, que catalisa as duas primeiras etapas na via de biossíntese da melanina. É dividido em duas formas: AOC1A, com ausência completa da atividade enzimática, e AOC1B, com alguma atividade da enzima que permite o acúmulo da melanina ao longo do tempo. O AOC2 é ocasionado pela mutação do gene OCA2, que codifica a prote- ína de mesmo nome, uma proteína melanossomal integral de 110 kDa com 12 domínios transmembranares, importante para a biogênese normal dos melanossomos e para o processamento e transporte das proteínas mela- nossomais, como TYR e TYRP1. Alterações relacionadas à pigmentação 9 O AOC3 é causado por mutações na proteína 1 relacionada à tirosinase (TYRP1), uma enzima na via de biossíntese de melanina, que catalisa a oxidação de monômeros de ácido 5,6-dihidroxiindol-2-carboxílico (DHICA) em melanina. Por fim, o fenótipo OCA4 ocorre devido a mutações no gene que codifica a proteína transportadora associada à membrana (MATP), cuja função ainda é desconhecida (JAMES; BERGER; ELSTON, 2011). As manifestações clínicas incluem vários graus de nistagmo congênito, hipopigmentação e translucidez da íris, redução da pigmentação do epitélio pigmentar da retina, hipoplasia foveal, redução da acuidade visual e erros de refração, comprometimento da visão de cores e fotofobia proeminente. O desvio dos nervos ópticos é um achado característico, resultando em estrabismo e redução da visão estereoscópica. Por outro lado, o grau de hipopigmentação da pele e do cabelo varia com o tipo de AOC. Nesse caso, os cabelos variam de branco neve a ruivo e a pele de branco leitoso até formas bronzeadas (Figura 5). Figura 5. Albinismo. Fonte: (a) UfaBizPhoto/Shutterstock.com; (b) oneinchpunch/Shutterstock.com. Por se tratar de uma condição genética, o AOC não tem tratamento. Entretanto, algumas abordagens podem ser adotadas visando melhorar a qualidade de vida do paciente. A fotofobia, por exemplo, pode ser mitigada com a utilização de óculos escuros ou lentes fotocrômicas, que escurecem com à exposição à luz. Já o nistagmo pode ser ajudado com lentes de contato ou cirurgia dos músculos oculares. Com relação à pele, é recomendada a utilização de protetores solares com fator superior a 50 (JAMES; BERGER; ELSTON, 2011). Alterações relacionadasà pigmentação10 Diversas ferramentas são utilizadas pelos dermatologistas na prática clínica diária visando obter diagnósticos mais precisos. Dentre elas, à luz de Wood, conhecida popularmente como luz negra, é um instrumento simples, de baixo custo e acessível, que diferencia máculas despigmentadas de hipopigmentadas, doenças neoplásicas e dermatoses infeciosas, mediante a emissão de um comprimento de onda de 320-400 nm (na região do espectro de luz ultravioleta A), destacando a pele afetada com uma fluorescência de coloração específica para cada dermatose (VEASEY; MIGUEL; BEDRIKOW, 2017). Distúrbios de hiperpigmentação Alterações melanodérmicas ou de hiperpigmentação da pele surgem pela produção exacerbada de melanina pelos melanócitos. Essa condição pode aparecer em toda a extensão do tecido cutâneo ou em regiões específi- cas, principalmente as que sofrem exposição direta à luz do Sol, causando desconforto com a aparência e, em alguns casos, diminuição da qualidade de vida. Esse tipo de alteração pode ser causado por uma série de fatores, podendo ser intrínsecos, como alterações genéticas e doenças endócrinas, ou extrínsecos, como uso de medicamentos, agentes químicos e físicos. A seguir, destacaremos os principais distúrbios de hiperpigmentação que acometem a população mundial. Melasma O melasma corresponde a um quadro de hiperigmentação adquirido que acomete exclusivamente regiões que se encontram expostas à luz solar, como rosto, pescoço, região superior do tronco e, eventualmente, membros superiores. Em termos histológicos, as lesões se caracterizam por apresen- tar um aumento na produção de melanina, mantendo o número relativo de melanócitos. Essa produção aumentada do pigmento é realizada por clones específicos de melanócitos, levando ao acúmulo de melanossomas nessas células e em queratinócitos (HANDEL; MIOT; MIOT, 2014). Essa condição afeta principalmente mulheres, que correspondem a 90% dos casos. Os principais fatores que levam ao aparecimento do melasma são a exposição à luz solar e predisposição genética. Entretanto, também pode ser associado a mudanças hormonais, como a observada na gravidez, uso de Alterações relacionadas à pigmentação 11 anticoncepcionais e reposição hormonal, além do uso de medicamentos e cosméticos fototóxicos. As manchas observadas podem variar em número e tamanho, apresentando-se na maioria dos casos de forma simétrica no rosto e pescoço (Figura 6). Essas manchas possuem bordas irregulares, podendo estar localizadas na região centrofacial (testa, nariz, lábio superior e queixo), malar (bochechas e nariz) e mandibular (HANDEL; MIOT; MIOT, 2014). Figura 6. Melasma. Fonte: (a) Ngukiaw/Shutterstock.com; (b) DUANGJAN J/Shutterstock.com. O diagnóstico pode ser realizado pela utilização da lâmpada de Wood, que consiste na exposição da lesão a uma lâmpada de luz ultravioleta, per- mitindo observar a disposição e marcação dos pigmentos na pele (VEASEY; MIGUEL; BEDRIKOW, 2017). Dessa forma, o melasma pode ser classificado em quatro categorias: � tipo epidérmico, o mais comum na população, que se mostra como uma marcação intensa ao exame da lâmpada de Wood; � tipo dérmico, cuja marcação não é aumentada no exame da lâmpada de Wood; � tipo misto, com marcações apenas em algumas áreas da lesão; � indeterminado. O tratamento do melasma pode ser realizado pela aplicação tópica de formulações contendo hidroquinona, tretinoína e um esteroides, o qual pode ser complementado com a remoção das camadas superficiais da pele (peeling) realizado com ácido glicólico. Alterações relacionadas à pigmentação12 Poiquilodermia de Civatte (PC) A PC corresponde a uma manifestação benigna comumente encontrada na população, sendo derivada da exposição cumulativa à luz solar. Essa al- teração se caracteriza por apresentar o surgimento visível de pequenos capilares sanguíneos (telangiectasia linear), atrofia superficial da pele com padrão reticular e hiperpigmentação, afetando a região da face e pescoço. A PC pode afetar indivíduos de ambos os sexos na idade adulta, sendo prin- cipalmente encontrada em mulheres. Embora a exposição excessiva à luz solar seja relatada como a principal causa, outros fatores também podem estar associados ao surgimento dessa manifestação, como o contato com sustâncias fotossensibilizantes (componentes de cosméticos ou perfumes), predisposição genética e o processo natural de envelhecimento (NICOLAIDOU; KATSAMBAS, 2014). A lesão da PC se caracteriza por apresentar manchas irregulares averme- lhadas, escuras, benignas e irreversíveis na região lateral das bochechas e pescoço, não sendo afetada a região sombreada pelo queixo. As manifestações são geralmente assintomáticas, mas ocasionalmente os pacientes relatam rubor semelhante a rosácea. Histologicamente, pode ser observada uma atrofia da epiderme com presença de degeneração hidrópica (acúmulo de água no meio intracelular) da camada basal, além da presença de numerosos melanófagos na derme, juntamente com um infiltrado linfocitário perivascu- lar. Nos estágios mais avançados, os vasos sanguíneos dilatados se tornam evidentes (NICOLAIDOU; KATSAMBAS, 2014). Dermatite fototóxica A dermatite fototóxica é causada por uma reação fotoquímica entre a radiação UV e uma substância fototóxica, que pode ser aplicada topicamente, como no caso dos psoralenos (que correspondem a moléculas estimulantes de melanina), ingerida através de medicamentos ou por contato acidental com plantas fototóxicas. Após a exposição ao Sol, geralmente são formadas lesões eritematosas e inflamatórias, com o surgimento de bolhas, que resultam na hiperpigmentação pós-inflamatória (MARTINS; REIS, 2011). Por sua vez, a dermatite em berloque, ou fitofotodermatose, é causada pela aplicação tópica do óleo de bergamota ou substâncias relacionadas, encontradas em perfumes e outros cosméticos. Se a exposição ao Sol for mínima, a hiperpigmentação da face e pescoço se apresenta geralmente em Alterações relacionadas à pigmentação 13 padrão de listras, sem a presença de lesão eritematosa. A análise histológica mostra na região afetada um aumento de melanina na camada basal e nos melanófagos dérmicos (MARTINS; REIS, 2011). Eritema discrômico persistente (EDP) Também conhecido como dermatose cinzenta, o EDP é um distúrbio cutâneo adquirido e crônico, de origem desconhecida, caracterizado pelo apareci- mento de manchas hiperpigmentadas no tronco, face e extremidades. Afeta principalmente adultos do sexo masculino de origem hispânica. Contudo, mulheres e crianças de pele branca podem ser afetadas. Pesquisas recentes apontaram o envolvimento de um mecanismo imunológico na geração da hiperpigmentação, além de fatores externos como a ingestão de nitrato de amônio, meios de contraste para exames de raios X, infecção por hepatite C, entre outros (NICOLAIDOU; KATSAMBAS, 2014). O EDP é caracterizado pelo aparecimento de manchas azul-acinzentadas de formato oval ou arredondado e de tamanho variável, que surgem na face, tronco e extremidades (Figura 7). As lesões iniciais são ocasionalmente pru- riginosas, mostrando uma borda eritematosa que posteriormente desapa- rece. Não existe relação entre aparecimento das manchas características e a exposição à luz solar (NICOLAIDOU; KATSAMBAS, 2014). Figura 7. Eritema discrômico persistente. Fonte: Hasnaa e Baderddine (2015, p. 49). Uma análise histológica das lesões pode mostrar alterações inespecíficas, como processos inflamatórios e vacuolização da camada basal. Não existe uma terapia eficaz para EDP. Entretanto, a utilização de dapsona, clofazimina Alterações relacionadas à pigmentação14 e fototerapia UVB de banda estreita apresentam bons resultados em estudos clínicos. Em crianças, tem sido observada uma alta taxa de remissão espon- tânea (NICOLAIDOU; KATSAMBAS, 2014). Dermatite de contato pigmentada (DCP) Também denominada melanose de Riehl, a DCP é uma dermatose pigmentar caracterizada por pigmentaçãofacial cinza acastanhada, mais acentuada nas têmporas e na testa, cuja causa mais comum são os produtos químicos sensibilizantes presentes em cosméticos, sendo relatada principalmente em mulheres jovens e de meia-idade. Os principais produtos causadores são os que contêm corantes derivados de alcatrão, particularmente vermelho brilhante R (Brilliant Lake Red R) e outros derivados de 1-fenilazo-2-naftol. Os produtos químicos que foram recentemente implicados com a DCP incluem geraniol presente em pó facial, minoxidil tópico 5% e difenilciclopropenona. A irradiação ultravioleta também pode desempenhar um papel na patogênese da DCP, mediante a indução de dermatite fototóxica (MARTINS; REIS, 2011). As alterações pigmentares na DCP ocorrem principalmente na face, mas pescoço, dorso das mãos e antebraços também podem ser afetados. As manchas geralmente têm um padrão reticular e uma tonalidade preta a marrom-violeta. Ocasionalmente, podem ser observadas máculas ou pápulas eritematosas, sugerindo uma leve dermatite de contato (MARTINS; REIS, 2011). Estudos histopatológicos mostraram degeneração liquefativa de célu- las basais, infiltrado linfo-histiocitário dérmico, lâmina basal espessada e um grande número de melanófagos na derme. O tratamento é baseado na supressão do uso do agente causador (cosmético) e tratamento tópico com hidroquinona. O desenvolvimento do melasma durante a idade reprodutiva da mulher e a associação dessa doença com anticoncepcionais orais sugerem que os hormônios sexuais femininos podem acelerar o desenvolvimento e o agravamento desse distúrbio. O aumento dos níveis de progesterona que ocorre durante a gravidez e o aumento da produção de estrogênio que ocorre da oitava à trigésima semana de gestação contribuem para a progressão da hiperpigmentação (HANDEL; MIOT; MIOT, 2014). Alterações relacionadas à pigmentação 15 Melanoma cutâneo O melanoma cutâneo (MC) é uma neoplasia originada por alterações na fi- siologia dos melanócitos, corresponde a um dos cânceres mais agressivos que afetam o ser humano. Do ponto de vista epidemiológico, a incidência de MC apresenta um aumento significativo entre a população adulta, sendo responsável por 65% das mortes por câncer de pele. Apesar da sua agressivi- dade, em pacientes com MC diagnosticado de forma precoce e que realizam o tratamento adequado, a taxa de cura alcança a 90%. Essa patologia pode se apresentar em qualquer parte da pele e sua disposição depende do sexo e da idade do paciente, destacando que tumores presentes na região de cabeça e pescoço apresentam um pior prognóstico (NAIK, 2021). No mundo, 1/34 homens e 1/53 mulheres serão diagnosticados com MC durante suas vidas, sendo considerado o 15º câncer mais comuns na população mundial. A taxa de incidência varia dependendo da localização geográfica, exposição solar e tipo de pele da população. No ano de 2020, mais de 46% e 32% dos casos de MC foram diagnosticados na Europa e na América do Norte, respectivamente, enquanto os casos no continente africano não ultrapassaram 2,1% do total (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2020). No Brasil, o MC é responsável por 30% de todos os casos de neoplasias, mos- trando elevados índices de mortalidade, tendo sido registrado em 2020 mais de 8.400 casos, atingindo da mesma forma homens e mulheres (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019). O surgimento do MC está intimamente ligado à exposição a fatores am- bientais, em que a exposição à luz ultravioleta, quer proveniente do Sol ou de câmeras de bronzeamento, corresponde ao fator de risco mais conhecido. Da mesma forma, fatores intrínsecos do paciente podem aumentar o risco de aparecimento dessa neoplasia. Dentre esses fatores, se destacam: exposição excessiva à luz solar de pessoas com pele e cabelos claros; repetidas quei- maduras por exposição ao Sol ao longo da vida; número elevado de pintas no corpo; histórico familiar de MC. Com relação as alterações genéticas mais importantes, podemos destacar as mutações no gene CDKN2A, que codifica uma proteína essencial para o controle do ciclo celular, apresentando uma função inibitória de tumor. As mutações nesse gene levam a uma falha no controle de crescimento das células cancerígenas, cujas alterações se encontram em 70% dos MCs (BURNS et al., 2019). A sobrevida dos pacientes com MC está intimamente ligada a um diag- nóstico precoce da doença. Dessa forma, embora vários fatores influenciem Alterações relacionadas à pigmentação16 o prognóstico no MC, a espessura da lesão neoplásica na pele é o fator mais importante. Assim, já é conhecido que nas lesões neoplásicas limitadas à epiderme (in situ) o risco de morte é quase inexistente. Já em lesões superfi- ciais finas existe poucas chances de disseminação das células transformadas. Apesar do surgimento de novas estratégias de tratamento para essa patologia, a prevenção e a educação individual, além de um manejo precoce dos tumores diagnosticados, tornam-se ferramentas indispensáveis para a diminuição da incidência de MC na população (Figura 8). Figura 8. Estágios de progressão do melanoma. Fonte: Adaptada de STOP_WAR/Shutterstock.com. Estágios do melanoma Estágio 0 Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Um diagnóstico precoce de MC, por meio da detecção de células neo- plásicas apenas na região da epiderme, auxilia no tratamento adequado, diminuindo a morbidade e aumentando as chances de cura. Esse diagnóstico é baseado em análises morfológicas e morfométricas das lesões, sendo iniciado por uma técnica não invasiva denominada dermatoscopia, realizada com um dermatoscópio de forma manual ou digital (Figura 9). Nesse exame, o dermatologista pode obter uma visão detalhada das lesões suspeitas, permi- tindo que o médico consiga acompanhar o desenvolvimento e, se necessário, realizar um exame de biópsia. Figura 9. Utilização do dermatoscópio no exame de pele. Fonte: (a) Evgeniy Kalinovskiy/Shutterstock.com; (b) Nasekomoe/Shutterstock.com. Alterações relacionadas à pigmentação 17 As coletas de material para análises histopatológicas mais utilizadas in- cluem biopsias excisional, em que é retirada completamente a lesão suspeita de neoplasia, incluindo regiões circundantes consideradas sadias (margem de segurança). Há também as biopsias incisionais, em que é retirada uma região determinada da lesão suspeita de MC. Biopsias tangenciais, por sua vez, são realizadas por raspagem cirúrgica da lesão, mas não são indicadas, pois impedem a classificação correta da neoplasia, não permitindo conhecer a profundidade da lesão da pele, fator crucial para estimar a gravidade do MC. Após a análise histopatológica das lesões, o MC pode ser classificado em cinco estágios (0 a IV), seguindo o estadiamento tumor–nódulo–metástase (TNM) para tumores malignos, como demonstrado no Quadro 1. Quadro 1. Descrição do estadiamento dos melanomas Estágio do melanoma Descrição Estágio 0 (in situ) Células cancerígenas na camada externa ou superficial da pele. Estágio IA Tumor com possível ulceração de espessura > 0,8 mm, mas < 1,0 mm. Tumor sem ulceração de espessura > 0,8 mm. Estágio IB Tumor sem ulceração de espessura > 1,0 mm, mas < 2,0 mm. Estágio IIA Tumor sem ulceração de espessura > 2,0 mm, mas < 4,0 mm. Tumor com ulceração de espessura > 1,0 mm, mas < 2,0 mm. Estágio IIC Tumor sem ulceração de espessura > 4,0 mm. Estágio III Disseminação das células neoplásicas para um ou mais linfonodos próximos ao local inicial da doença. Estágio IV Melanoma metastático que conseguiu se espalhar para outras áreas do corpo, como fígado, cérebro e pulmões. Fonte: Adaptado de Naik (2021). Os diferentes estágios podem ser definidos como (NAIK, 2021): � inicial, ou precoce, quando a neoplasia persiste no local primário de surgimento, correspondente aos estágios 0 a IIC; � locorregional, definido como as neoplasias que se espalharam para os vasos linfáticos ou linfonodos regionais, correspondenteao estágio III; Alterações relacionadas à pigmentação18 � metastático, quando a neoplasia avançou para outros órgãos, prin- cipalmente pulmões, pleura, fígado e cérebro, correspondente ao estágio IV do MC. Quando a análise das biopsias de pele mostra lesões neoplásicas com mais de 1 mm de espessura, deve ser realizada a biopsia dos denominados linfonodos sentinelas (SLN) para verificar se as células neoplásicas conse- guiram alcançar esses órgãos, sendo indicativo de metástase. Para isso, é realizado um exame denominado linfocintilografia, que consiste na injeção intradêrmica de partículas radioativas (radiotraçador) na região próxima à lesão neoplásica, as quais irão se direcionar para o linfonodo responsável pela drenagem do tumor. Dessa forma, o médico pode localizar o SLN para realizar sua extração. A ausência de células tumorais nesse linfonodo é um bom indicador para determinar que o MC ainda não se tornou metastático, aumentando a chance de cura e sobrevida do paciente. As diversas estratégias de tratamento do MC dependem do estadiamento da neoplasia. Assim, em tumores de estágio 0 (in situ), o tratamento se limita à remoção cirúrgica da lesão por uma excisão ampla, removendo tecido sadio que circunda o tecido-alvo. No caso dos tumores de estágio I e II, é recomendada a excisão e a biopsia de SLN. Em situações em que não há células cancerígenas no linfonodo, não é necessário qualquer outro tipo de tratamento, apenas um acompanhamento periódico do paciente. Contudo, caso o SLN apresente células neoplásicas, a terapia pode incluir a retirada de linfonodos regionais, tratamento adjuvante, imunoterapia e terapia-alvo. Já nos casos de estágios III e IV, é recomendada a remoção de linfonodos e tratamentos mais agressivos (NAIK, 2021). Entre os tratamentos não cirúrgicos, principalmente em tumores metastá- ticos, pode ser incluída a quimioterapia, que utiliza drogas citotóxicas como a dacarbazina e a cisplatina. Essa continua sendo a abordagem amplamente utilizada, mesmo apresentando apenas 20% de êxito terapêutico. Associado a esse tratamento, podem ser utilizadas citocinas imunomoduladoras, como interferon (IFN) e interleucina 2 (IL-2), que podem aumentar a sobrevida dos pacientes em estágio IV. No entanto, apresentam efeitos colaterais que re- querem cuidados especializados (MOREIRA; SCHMERLING; BUZAID, 2010). Nos casos em que a metástase alcança os membros superiores ou inferiores sem disseminação sistêmica, pode-se recorrer a um procedimento deno- minado perfusão isolada de membro (PIM), em que a droga quimioterápica é aplicada em altas doses em um circuito fechado da circulação sanguínea do membro. Esse mecanismo diminui ao máximo os efeitos indesejados a Alterações relacionadas à pigmentação 19 nível sistêmico. Por outro lado, a radioterapia é recomendada apenas como tratamento paliativo, como observado nos casos de metástase cerebral, uma vez que o MC é uma neoplasia refratária à radioterapia. Por sua vez, a terapia-alvo se refere a uma abordagem terapêutica não cirúrgica destinada a diminuir ou retardar o crescimento de tumores metas- táticos pelo uso de drogas inibidoras de genes específicos. O gene-alvo mais estudado nesse sentido é o BRAF, que participa do controle do ciclo celular. Neoplasias que apresentam uma mutação no gene BRAF são caracterizadas por apresentar células de multiplicação rápida, resultando no aparecimento de metástase. Quase 50% dos MCs diagnosticados apresentam mutação nesse gene. Assim, drogas como vemurafenibe e dabrafenib permitem a diminuição do tamanho desses tumores ou retardo na multiplicação das células metastáticas. Cabe destacar que essas drogas não são efetivas em tumores que não apresentam mutações no gene BRAF. Para isso, é recomen- dada a caracterização do gene nas amostras de biopsia coletadas na etapa diagnóstica, para definir qual a estratégia de tratamento, caso exista uma metástase de MC (LONG et al., 2015). No Brasil, o diagnóstico e o tratamento dos pacientes com MC são reali- zados de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O atendimento de pacientes com suspeita de lesão na pele se inicia com o atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) ou em Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Após a avaliação médica, o paciente pode ser direcionado a um Ambulatório de Especialidade, onde será atendido por um dermatologista ou um cirur- gião, que descreverá a abordagem a ser utilizada dependendo dos sintomas apresentados. Se o MC for confirmado, o paciente poderá iniciar o tratamento gratuito 60 dias após o diagnóstico, como previsto pela Lei nº 2.732/12, num centro especializado, seja uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) ou um Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) (MELANOMA BRASIL, 2022). Estudos científicos têm demonstrado que a suplementação de vitamina D pode representar uma boa opção de prevenção para pacientes com melanoma de baixo risco, e que ela pode ser utilizada como adjuvante durante qualquer tipo de terapia para melanoma em estágio III ou IV. Essa observação é fundamentada inicialmente pelo papel que a vitamina D desempenha em doenças inflamatórias, resposta imune, saúde cardiovascular, bem como em evidências que mostram que defeitos na sinalização da vitamina D estão associados a melanomagênese e sua progressão, e que a maioria dos pacientes com melanoma avançado são deficientes ou insuficientes em vitamina D (SILVA; TEIXEIRA; CORREIA, 2017). Alterações relacionadas à pigmentação20 Em geral, podemos concluir que as alterações de pigmentação de pele e anexos estão intimamente ligadas à função dos melanócitos presentes nos tecidos. Essas alterações podem ser causadas por fatores próprios do paciente, como alterações genéticas hereditárias e mudanças nos níveis hormonais, ou por fatores externos, como exposição à luz solar, contato com substâncias fototóxicas e infecções fúngicas. Da mesma forma, pode-se concluir que, embora o melanoma seja uma das neoplasias mais importantes que afetam o ser humano, cuidados preventivos podem diminuir a incidência dessa patologia. Referências BALTMR, A.; LIGHTMAN, S.; TOMKINS-NETZER, O. Vogt-Koyanagi-Harada syndrome: current perspectives. Clinical Ophthalmology, v. 10, p. 2345-2361, 2016. BURNS, D. et al. The pathogenesis and clinical management of cutaneous melanoma: an evidence-based review. Journal of Medical Imaging and Radiation Sciences, v. 50, n. 3, p. 460-469, 2019. DÍAZ, C. J. Trastornos de hipopigmentación en adultos generalidades y diagnósticos diferenciales. Revista de la Asociación Colombiana de Dermatología y Cirurgía Derma- tológica, v. 22, n. 3, p. 235-242, 2014. ERRANTE, P. R. et al. Vitiligo. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 16, n. 45, p. 343-355, 2019. FRED, H. L.; VAN DIJK, H. A. VKHS. Philadelphia: Wikimedia Commons, 2007. HANDEL, A. C.; MIOT, L. D. B.; MIOT, H. A. 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Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Alterações relacionadas à pigmentação22
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