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AULA 4 CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Profª Ana Carolina Bustamante 2 TEMA 1 – EDUCAÇÃO CORPORATIVA (EC) Crédito: Fizkes/Shutterstock. Atualmente, as organizações vêm investindo bastante em educação dos seus colaboradores. As mudanças mercadológicas e a constante competitividade exigem a busca de alternativas que permitam às organizações adequarem-se rapidamente. Nesse contexto, a educação corporativa (EC) – por meio de treinamento e desenvolvimento – posiciona-se como uma opção estratégica para acompanhar a dinâmica organizacional. A EC utiliza modalidades de treinamento e desenvolvimento que visam atender os objetivos da empresa no que se refere ao desenvolvimento das pessoas. Por meio delas, é possível atender necessidades presenciais a distância, criando, assim, proximidade com o negócio e entre empresa e colaboradores, personalizando a realidade da organização. Ela é resultante de um processo evolutivo que acompanha o ser humano desde a sociedade pré-histórica até os dias atuais. O grande diferencial entre o modelo tradicional de treinamento e desenvolvimento e a EC está nos aspectos de mudança e na ampliação da visibilidade para o negócio. Enquanto, no modelo tradicional, o foco é localizado (cargo), para a EC, há uma visão abrangente do negócio (competências), que busca atender a necessidades presentes e futuras, uma vez que se embasa nas 3 demandas internas (pessoas, processos e recursos) e externas (mercado e clientes) da organização. Esses aspectos são ressaltados nos princípios da Educação Corporativa definidos por Marisa Eboli e apresentados por Madruga (2021). Entretanto, ressalta-se que esses princípios precisam vir acompanhados de práticas reais para que ocorra o sucesso do sistema da EC. Tabela 1 – Princípios para o sucesso em Educação Corporativa e práticas para viabilizá-los Princípios Práticas Competitividade - Obter o comprometimento e o envolvimento da alta cúpula com os sistemas de educação. - Alinhar as estratégias, diretrizes e práticas de Gestão de Pessoas às estratégias do negócio. - Implantar um modelo de Gestão de Pessoas por competências. - Conceber ações e programas educacionais alinhados às estratégias do negócio. Perpetuidade - Ser veículo de disseminação da cultura empresarial. - Responsabilizar líderes e gestores pelo processo de aprendizagem. Conectividade - Adotar e implementar a educação “inclusiva”, contemplando o público interno e externo. - Implantar modelo de gestão do conhecimento que estimule o compartilhamento de conhecimentos organizacionais e a troca de experiências. - Integrar sistema de educação com o modelo de gestão do conhecimento. - Criar mecanismos de gestão que favoreçam a construção social do conhecimento Disponibilidade - Implantar projetos virtuais de educação (aprendizagem mediada por tecnologia). - Utilizar, de forma intensiva, tecnologia aplicada à educação. 4 - Implantar múltiplas formas e processos de aprendizagem que favoreçam a “aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar”. Cidadania - Obter sinergia entre programas educacionais e projetos sociais. - Comprometer-se com a cidadania empresarial, estimulando a formação de atores sociais dentro e fora da organização e a construção social do conhecimento organizacional. Parceria - Parcerias internas: responsabilizar líderes e gestores pelo processo de aprendizagem de suas equipes, estimulando a participação nos programas educacionais e criando um ambiente de trabalho propício à aprendizagem. - Parcerias externas: estabelecer parcerias estratégicas com instituições de ensino superior. Sustentabilidade - Tornar-se um centro de agregação de resultados para o negócio. - Implantar sistema métrico para avaliar os resultados obtidos, considerando os objetivos do negócio. - Criar mecanismos que favoreçam a sustentabilidade financeira do sistema. Fonte: Madruga, 2021, p. 20. O autor ainda menciona que: a verdadeira EC ocorre quando a organização estabelece um processo contínuo, vigoroso e planejado de implementação de várias modalidades educacionais fundamentadas em métodos e técnicas de ensino estruturados e motivadores, visando ao desenvolvimento de competências nos seus colaboradores e parceiros sem excluir grupos nem cargos. (Madruga, 2021) Eboli salienta que as empresas formaram seus próprios centros de educação, chamados de universidades corporativas (UC) ou sistema de educação corporativa (SEC). Dessa maneira, a educação corporativa utiliza a UC para desenvolver suas estratégias de treinamento e desenvolvimento, sendo que esses termos se equivalem nos conceitos dispostos na literatura (Eboli citada por Boog; Boog, 2013). 5 Para Chiavenato (2021), a educação corporativa deve ser um processo contínuo e ininterrupto e não um simples evento ocasional que ocorre esporadicamente ou apenas uma vez a cada ano ou semestre. Para que isso possa acontecer, algumas empresas estão partindo para a adoção do conceito de Universidade Corporativa (UC). A EC apresenta a vantagem de ser holística, sistêmica, proativa e sinérgica. Muitas vezes, ela é feita pelo conceito de UC. Essa representa mais um processo, uma mentalidade, um estado de espírito generalizado do que propriamente um local físico ou uma entidade concreta. O autor salienta que as principais tendências da EC são: • Aprendizagem como estratégia empresarial; • E-learning; • Treinamento como consultoria de desempenho; • A liderança está valorizando o estilo coaching; • O papel do especialista em T&D está se modificando: processo de aprendizagem e inovação O desenvolvimento contínuo das pessoas é fundamental para o crescimento e para a sustentabilidade do negócio. Eboli (citada por Boog; Boog, 2013) apresenta as fases de um projeto para a implantação de EC, que é bem parecida com as etapas de um processo de treinamento e desenvolvimento: Tabela 2 ‒ Fases de um projeto para a implantação de sistema educação corporativa (EC) Fase Descrição Alinhamento entre a estratégia e o sistema de educação Deixar claros os objetivos que nortearão os esforços de desenvolvimento das pessoas, para que o processo de treinamento seja proativo e permita desenvolver as competências críticas do negócio. Sugere-se a criação de grupos de trabalho para discussão Mapeamento das competências da empresa A empresa deve mapear suas competências de forma a alcançar seus objetivos estratégicos de acordo com sua missão, sua visão e seus valores. Sugere-se realizar workshops com pessoas-chave. 6 Validação estratégica do projeto Representa um compromisso da alta direção, fator fundamental para o projeto. Criação da escola Formação da escola, definição dos módulos, ementas dos cursos, objetivos gerais e específicos de cada programa educacional Fonte: Elaborado com base em Eboli, citada por Boog; Boog, 2013, p. 54-55. Ainda, segundo a autora, a qualidade do projeto de EC depende da qualidade de cada fase, e sua implantação depende do perfil, do porte e dos objetivos organizacionais da empresa. A EC é uma prática coordenada da gestão de pessoas com a gestão do conhecimento, que tem como principal objetivo evitar que o colaborador se desatualize tecnicamente, culturalmente e profissionalmente e perca a capacidade de exercer sua função com competência e eficiência. Nesse cenário, surge o conceito da UC como abordamos anteriormente. Ela representa a consolidação da prática da EC na organização, além de desenvolver uma ampla quantidade de cursos e atividades de treinamento, qualificação e formação. De acordo com Mello (2011), a sobrevivência e o sucesso das organizações estão atrelados ao atendimento, de forma rápida, das demandas do conhecimento. Diante disso, é necessário repensar as práticas de educaçãoprofissional, logo a UC desenha um novo cenário para desenvolver e ter os talentos. As organizações que possuem UC estão criando um futuro, preparando os colaboradores para um mercado em constantes mudanças. O enfoque das UCs é o aprender na prática, dispensando-se aquelas abordagens cheias de temas teóricos desligados da realidade da empresa. A essência é treinar em linha com as necessidades ou objetivos-chaves do negócio. Domina-se o conhecimento técnico e científico e assegura-se a força e independência da empresa, pois ela, detendo o conhecimento, não fica dependente desse ou daquele funcionário, podendo facilmente treinar os eventuais substitutos quando necessário. (Ribeiro, 2018, p. 36) Uma curiosidade: a primeira empresa a investir e criar a sua própria UC foi o grupo Amil, em 1987. Depois outras foram também surgindo, como Grupo Accor Brasil, Petrobrás, Bradesco e Unimed (Crescer, 2011). Um dos meios de aprendizagem bastante utilizados pelas UCs é o e- learning, como o ensino a distância. Ele está assumindo um papel importante ao oferecer a possibilidade de estudo dos colaboradores a qualquer hora e em 7 qualquer lugar. Então, vamos entender um pouco sobre esse meio de aprendizagem. TEMA 2 – EDUCAÇÃO ON-LINE OU A DISTÂNCIA Crédito: Kaspars Grinvalds/Shutterstock O uso da tecnologia da informação como uma alternativa estratégica visa atender às necessidades das empresas que se tornaram globais (com unidades, escritórios e centros de distribuição em outros países). Dentre as formas de treinamento e desenvolvimento mais utilizadas, está a educação on-line, ou a distância, uma modalidade que utiliza a tecnologia da informação para diminuir as distâncias entre a empresa e seus colaboradores, o que auxilia no compartilhamento de conhecimentos que desenvolvem habilidades e atitudes. De acordo com o art. 1º do Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB: "Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentando em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação" (Brasil, 1998). O e-learning é definido como um conjunto 8 de ações, recursos, estratégias e técnicas, com todo o suporte tecnológico, cuja finalidade é estabelecer ações educativas. A educação a distância nasceu para democratizar o saber, para gerar condições de acesso à educação a todos aqueles que não são favorecidos e atendidos pelos métodos tradicionais de ensino. Como a modalidade facilita a comunicação e a transmissão das informações, as organizações passaram a adotá-la como uma das metodologias no processo de treinamento, desenvolvimento e capacitação. O desenvolvimento da educação a distância por meio das tecnologias de comunicação e informação tem estruturado um elenco de ferramentas e metodologias para utilização nas organizações. Esse tipo de ensino está se expandido por duas grandes razões: o uso da internet e das intranets, que trazem agilidade, rapidez, economia, etc., e a grande evolução da TI. Por meio da web, uma pessoa de qualquer lugar do mundo pode fazer um curso em qualquer dia e horário sem sair de casa ou da empresa. De acordo com Chiavenato (2021, p. 64): O e-learning, ou ensino on-line, ou treinamento baseado na web, utiliza processos de ensino e aprendizado que são apoiados e mediados pela TI, transmitidos por meio da internet, para ser captados por computador ou dispositivos eletrônicos – celular, smartphones ou TV interativa –, da internet privada ou extranet, e que quase sempre envolvem recursos de colaboração e interação, como e-mails, boletins, grupos de discussão, chats etc. Envolvem também a participação do instrutor ou tutor durante todo o processo educacional para incentivar e orientar os alunos. O autor ainda apresenta as três abordagens pelas quais o ensino a distância pode ser realizado: • Aprendizagem síncrona: os alunos são sincronizados ao mesmo tempo e se comunicam com o instrutor de modo on-line em tempo real; • Aprendizagem assíncrona: ocorre em cursos em que o aluno determina quando estudar, quando assistir a instrução, quando ler o material, ou seja, em qualquer época ou período; • Aprendizagem híbrida: combina vários tipos de meios de aprendizagem, tanto por meio de tecnologias quando pelos meios tradicionais (presencial ou telepresencial). Guarezi e Matos (2012) apontam algumas das principais características 9 dessa modalidade que a fazem ser cada vez mais utilizada nos âmbitos acadêmico e profissional. Tabela 3 – Características da Educação a Distância Aspectos Características Autonomia A autonomia da educação on-line se destaca por diferentes razões: é o aluno quem define o melhor horário e o local para estudar; o aprendizado é realizado de acordo com o seu ritmo e o seu estilo; o público-alvo é predominantemente adulto; a autoaprendizagem se baseia em materiais que facilitam a mediação entre conhecimento e autoaprendizagem Comunicação A comunicação é o diferencial da educação a distância, que é mediada e pode ocorrer de forma síncrona ou assíncrona. A comunicação entre o professor e o aluno é essencial, especialmente levando-se em conta a dispersão geográfica (as turmas de ensino a distância costumam ter alunos e profissionais em diversos locais). Flexibilização: há flexibilidade de acesso, local de estudo, horário. Educação em larga escala, sendo possível disponibilizá-la para um grande número de pessoas. Processo tecnológico Os aspectos tecnológicos da educação a distância são extremamente importantes. A tecnologia é usada para facilitar a comunicação multidirecional e os conteúdos (mediatização), que são usados como mecanismos de contato. Seus custos são decrescentes, pois permitem atender vários públicos, em larga escala e em diferentes localidades Fonte: Elaborado com base em Guarezi; Matos, 2012, p. 20-24. Podemos perceber que a tecnologia é primordial por ser uma facilitadora e auxiliadora, permitindo o acesso ao aprendizado por diversos públicos em diversos locais. A autonomia é outro ponto fundamental, pois o aluno é dono de seu espaço, de seu horário, de seu modo mais eficiente de aprender, que pode 10 ser flexível. A educação on-line, por suas características, é uma estratégia fundamental a ser aplicada e instituída pelas organizações. Adotar essa modalidade no ambiente organizacional permite à empresa atender um grande número de profissionais, pois ela oferece flexibilidade de estudo ‒ por não exigir contato presencial do participante ‒ e auxilia no desenvolvimento de algumas competências, como o planejamento, a organização e a autonomia. TEMA 3 – TREINAMENTOS INTERNOS Crédito: Party people studio/Shutterstock. É sempre uma dúvida quando se fala em treinamento. Qual formato escolher, qual é mais eficaz: treinamento interno ou externo? Não tem o melhor ou pior, certo ou errado, pois depende do objetivo que a empresa pretende alcançar, a disponibilidade de espaço, o orçamento, etc. Os treinamentos internos são aqueles aplicados pelos colaboradores da própria empresa, exclusivamente aos seus funcionários e dentro do ambiente organizacional, ou, ainda, em outros locais reservados para esse fim. O treinamento interno é aquele realizado dentro das dependências da empresa, podendo ser realizado em um auditório, sala de reuniões ou outro local adequado. São elaborados e ministrados pela área de recursos humanos juntamente com os gestores da área e agentes multiplicadores, que compartilham sua experiência e seus conhecimentos técnicos sobre o negócio da empresa. Lacombe (2011) complementa essa definição: 11 O treinamento programado e executado pela empresa exclusivamente pra seus executivose empregados, mas realizado fora do ambiente de trabalho, é denominado treinamento formal interno. São cursos, palestras e seminários de capacitação, de aperfeiçoamento, de desenvolvimento pessoal, para melhorar o desempenho das pessoas na função que exercem ou para preparálas para novas funções. (Lacombe, 2011, p. 385) Ainda de acordo com o autor, uma vantagem na utilização deste tipo de treinamento é que o conteúdo pode ser desenvolvido para atender a necessidade da empresa de maneira específica e mais direta, pois ela escolhe o que vai ser passado aos colaboradores. Além disso, o custo é baixo, porque consegue-se aplicar a um grande número de pessoas em um mesmo local, que pode ser nas instalações da empresa. O treinamento interno é fundamental para os profissionais e para a empresa ‒ tanto para novos colaboradores, quanto para colaboradores transferidos, promovidos, entre outros. O treinamento inicial mais comum na organização é aquele de integração, que, de acordo com Weiss (citado por Boog; Boog, 2006), é um processo de adaptação dos novos funcionários, que terão a oportunidade de conhecer a cultura organizacional e familiarizar-se com a missão, a visão e os valores dela, além de conhecer os produtos e serviços fornecidos. Os programas de integração são extremamente relevantes, pois eles ajudam o novo profissional a se adaptar ao ambiente organizacional. Devem ser planejados e organizados de forma que todos envolvidos com o novo contratado forneçam informações que possam interferir nos processos. O quadro a seguir apresenta as principais metodologias de treinamento interno: Tabela 4 – Principais metodologias de treinamento interno Metodologia Características Integração Apresentação de missão, visão, valores, estratégia organizacional, aspectos da cultura, estrutura organizacional, políticas, normas e procedimentos, e informações relevantes para o bom desempenho do profissional. Treinamento no cargo Ministra informação, conhecimento e experiência relativos ao cargo que será desempenhado pelo 12 profissional. Aplica-se tanto a novos colaboradores quanto a colaboradores transferidos e promovidos. Treinamento em sala Nessa modalidade, pode-se usar um instrutor interno para aplicar o treinamento sobre a atividade a ser exercida, sobre o sistema da empresa, a segurança no trabalho e as certificações de qualidade. Podem ser realizadas palestras e workshops. Treinamento no trabalho Ocorre dentro do ambiente de trabalho do colaborador, ao longo do exercício de suas atividades diárias, e é orientado pela chefia. Pode ser aplicado também o rodízio de cargos (job rotation). Mentoring Aplicado por um profissional experiente que atua como um mentor, ensinando e preparando a pessoa para a carreira. Coaching O coaching é uma prática que consiste no autodesenvolvimento e no acompanhamento da evolução do profissional, e é aplicado e acompanhado por um profissional externo certificado. Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2009, p. 84-92, Lotz; Gramms, 2012, p. 198. O treinamento visa o aprimoramento da cultura organizacional, bem como o desenvolvimento e a capacitação de todos os colaboradores em competências prioritárias para realização de suas atribuições, visando atingir as metas de toda a organização. Verifica-se que são diversas as modalidades de treinamento interno, cada uma com seu grau de importância e sua aplicabilidade. O treinamento interno possui um papel fundamental no crescimento da empresa, das habilidades dos profissionais, dos colaboradores transferidos, promovidos, aprendizes e estagiários. A qualidade desse treinamento permite dar continuidade aos processos de trabalho e satisfação de clientes. A vantagem desse tipo de treinamento sobre o externo é que pode ser projetado para atender especificamente às necessidades da empresa. O programa é desenhado sob medida para os tópicos que a empresa considera suas prioridades. A empresa escolhe quem vai falar para seus funcionários e verifica se não há nada que contrarie sua cultura. Além disso, costuma atingir 13 um número maior de participantes, reduzindo o risco de perda do investimento pela saída do pessoal treinado. O custo per capita é mais baixo. Esse tipo de treinamento costuma ser usado quando há um número significativo de pessoas a serem treinadas. A empresa pode utilizar-se também de treinamentos externos, que abordaremos na sequência. TEMA 4 – TREINAMENTOS EXTERNOS Crédito: Roman Samborskyi/Shutterstock Treinamentos externos são aqueles aplicados fora do ambiente de trabalho. Também podem ser ministrados nas instalações da organização, mas por empresas terceirizadas, consultorias e profissionais especializados. Podem, ainda, ser realizados exclusivamente para profissionais de uma mesma empresa (in company) ou serem abertos a colaboradores de diversas organizações. De acordo com Chiavenato (2009), dentre as modalidades que se enquadram nos treinamentos externos, estão: • Aulas expositivas; • Estudos de caso; • Discussões em grupo, painéis, debates; • Dramatização, simulação e jogos; 14 • Instrução programada; • Palestras, conferências, seminários e workshops; • Cursos abertos ao público; • Contratação de consultorias especializadas; • MBAs, graduação e outras formações em instituições terceiras. Uma vantagem desse tipo de treinamento é o contato que os treinandos têm com colegas de outras empresas, garantindo maior diversidade e riqueza de experiências e conhecimentos. Os participantes desses programas podem criar uma rede de contatos que pode, eventualmente, beneficiar a empresa. Por outro lado, eles ficam sendo conhecidos por colegas de outras instituições e podem vir a ser recrutados para trabalhar nelas. Esse risco não deve ser temido por empresas que priorizam os seus recursos humanos. A escolha pela melhor modalidade está vinculada à realidade da organização. No entanto, é importante ressaltar que há vantagens e limitações tanto no treinamento interno quanto no externo, conforme apresenta o quadro a seguir. Tabela 5 – Vantagens e limitações dos treinamentos interno e externo. Vantagens Limitações Treinamento interno • conhecimento do negócio; • conhecimento da cultura; • conhecimento da estratégia (missão, visão e valores); • prepara o profissional de acordo com o que a empresa deseja; • menores custos. • profissionais mal treinados; • falta de tempo para ensinar; • treinador não sabe repassar o conhecimento; • falta de preparação do profissional que ministrará o treinamento Treinamento externo •compromisso de resultado formalizado em contrato; • atenção aos detalhes; • preparo dos materiais necessários; • experiência do treinador. • maiores custos; • falta de conhecimento do negócio; • programa desalinhado com os objetivos organizacionais. Fonte: Elaborado com base em Spiro; Rich; Stanton, 2009, p. 203-204. 15 As metodologias apresentadas fazem parte da estratégia da organização e devem ser analisadas de acordo com as suas necessidades atuais. O que se observa é que, dentro desse contexto, são encontradas vantagens e limitações que precisam ser analisadas pela equipe responsável pelos programas de treinamento e desenvolvimento. TEMA 5 – EDUCAÇÃO CORPORATIVA E GESTÃO DO CONHECIMENTO Crédito: DC Studio/Shutterstock Um dos grandes desafios da formulação de modelos de educação corporativa é alinhar os objetivos estratégicos ao desenvolvimento dos capitais da gestão do conhecimento, conforme menciona Pacheco et al. (2009). Cada vez mais se faz necessário investir no desenvolvimento destes novos perfis para uma maneira totalmente nova de agir e pensar dos seres humanos que compõem os quadros funcionais das organizações, onde a valorização do capital humano na gestão do conhecimentoe gestão de competências é o diferencial para desempenhar e antecipar as mudanças do mercado para alcançar a vantagem competitiva. Compartilhar experiências, ações e informações, visando a solução de problemas, aprender a reaprender, junto com toda a equipe, é a nova política de Gestão, a qual considera consideravelmente a competência do indivíduo. O aprendizado contínuo, através da educação corporativa, exige o desenvolvimento de qualificações mais abrangentes, aumentando o 16 comprometimento das organizações com aprendizagem e educação (Meister, 2000). De acordo com Nonaka e Takeuchi (2008), para manter-se no ambiente de mudanças e competitivo, as organizações desenvolvem um sistema educacional voltado para o mercado, no qual o conhecimento agrega valor ao negócio, aplicando as estratégias do conhecimento para melhorar a eficiência operacional. O conhecimento se transforma em competências através da mobilização, aprendizagem, participação e comprometimento. O conhecimento é inerente ao indivíduo. É responsabilidade da organização apoiar os colaboradores criativos para a criação do conhecimento De acordo com Pacheco et al. (2009), os capitais da gestão do conhecimento são: • Ambiental: características socioeconômicas, aspectos legais, valores éticos e culturais, aspectos governamentais, nível de desenvolvimento tecnológico, aspectos financeiros; • Estrutural: conjunto de sistemas administrativos, conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e sistemas de informática que permitem a organização funcionar de maneira efetiva e eficaz; • Humano: conjunto de habilidades e competências que as pessoas detêm e que se agregam à dinâmica da empresa. Esse capital não é de propriedade de empresas; • De relacionamento: rede de relacionamento de uma organização formada por seus clientes, fornecedores e parceiros. Tantos os capitais da gestão do conhecimento quanto o currículo básico da universidade corporativa podem ser estruturadores de novos modelos de treinamento e desenvolvimento, pois favorecem uma linha de estruturação coerente com as demandas internas e externas das organizações. De acordo com Pacheco et al. (2009), o currículo básico da universidade corporativa é composto por: • Cidadania corporativa: treinamento em relação a valores, visão e cultura da organização; • Estrutura contextual: clientes, concorrentes, tendências do setor, conhecer e praticar as competências básica dos ambientes de negócios; 17 • Competências básicas do ambiente de negócios: aprender a aprender, comunicação e colaboração, autogerenciamento de carreira, raciocínio criativo e resolução de problemas, conhecimento tecnológico e de negócios globais. A educação corporativa surgiu e evoluiu a partir da necessidade do desenvolvimento contínuo do capital intelectual. A Gestão do Conhecimento é a ferramenta que contribui decisivamente para a captação, transformação e capacitação dos colaboradores e dos resultados das empresas. O investimento na educação corporativa para o desenvolvimento da geração de conhecimento promove a melhoria e performance das pessoas e da organização. Saiba mais CARVALHO, R. 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