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E-Book 1 Adriana Keiko Nishida Costa Gerenciamento de Projetos NESTE E-BOOK: Introdução ������������������������3 o que é um projeto? ���������������4 Atributos de um projeto ��������������������6 CIClo de vIda de um projeto ������� 10 Como nasCem os projetos? ������� 13 estratégIas das organIzações e projetos �������������������������� 15 esCopo ��������������������������� 18 tempo ��������������������������� 23 Custo ��������������������������� 25 ConsIderações FInaIs �������������27 2 Introdução Olá! Bem-vindo (a) ao curso Gerenciamento de Projetos. Projeto é uma palavra que faz parte da rotina de praticamente todas as pessoas. Nesse sentido, faremos uma discussão sobre o significado de projetos, sendo apresentados os atributos que conferem a eles características que os fazem ser tão importantes. Além disso, também será possibilitado conhecer os ciclos de vida dos projetos, a fim de que se possa refletir sobre suas diferentes fases. Também teremos a oportunidade de refletirmos sobre a concepção de projetos e entender de que forma podemos pensar ao propô-los e, mais do que isso, de pensarmos sobre alguns elementos que os conduzem: escopo, tempo e custo. Preparado? Então, vamos lá! 3 O que é um prOjetO? Certamente, em algum momento, você já ouviu ou até mesmo utilizou a palavra projeto. A empresa execultou um projeto de escavação de um poço artesiano. O hospital possui um projeto de ampliação. Meu filho precisa fazer um projeto para a feira de ciências da escola. A empresa tem um pro- jeto para substituir o sistema de faturamento. Tenho um projeto para reformar minha casa. O projeto social da preeitura foi adiado. Meu projeto de vida é ter o meu negócio. Foi iniciado um projeto de um medicamento para a cura do câncer. O projeto de lei foi aprovado no senado. Figura 1: Fonte: Elaboração própria. Mas será que você sabe o ela significa? Vamos ver a seguir o que algumas pessoas disseram, quando questionadas sobre o significado de projetos: Figura 2: O que é projeto. Fonte: IFRO. 4 https://www.youtube.com/watch?v=mbij35N7iJg https://www.youtube.com/watch?v=mbij35N7iJg Como verificamos no vídeo, diferentes pessoas relataram o que acreditam ser um projeto. Dentre as palavras que foram mais mencionadas por essas pessoas, tiveram destaque: necessidade, planejamento, objetivo, métodos, etapas e con- cretização. Será que é isso mesmo? O dicionário Michaelis On-line da língua portu- guesa define que a palavra projeto é um subs- tantivo masculino e tem como significado: 1. Propósito de executar algo. 2. Plano detalhado de um empreendi- mento a ser realizado: Entregou ao futuro orientador seu projeto de tese. 3. Conjunto de ideias iniciais de um texto, geralmente provisórias: Fiz um projeto do que pretendo discursar como paraninfa da turma. 4. Esboço de trabalho que se pretende realizar: Sugeri algumas mudanças no projeto que a decoradora apresentou para o meu apartamento. 5. Plano de uma edificação, contendo descrições, plantas, orçamento, quan- tidade de pessoas envolvidas etc.: O projeto da minha casa de praia está muito bonito. Em nosso curso, adotaremos como significado de projeto algo que se relaciona ao que vimos no vídeo e também com o que o dicionário nos 5 apontou: “Projeto é um esforço para se alcançar um objetivo específico por meio de um conjunto único de tarefas inter-relacionadas e da utilização eficaz de recursos.” (CLEMENT; GIDO, 2014, p.3). Observe que o uso dessa ideia não precisa ser restrito, portanto, se aplica em diferentes contextos. Assim, independentemente de sua área de atuação, este é um conceito que po- de ser facilmente empregado e que pode ser compreendido como algo em que se emprega trabalho, que tem um começo e um fim, e que gera um resultado exclusivo. Esse conceito é importante e se diferencia da ideia de proces- sos, visto que esses últimos relacionam-se aos esforços realizados para manter, de forma contínua e duradoura, uma rotina. Os projetos podem, assim, modificar os processos e, por esse motivo, podem ser vistos como propulsores de mudanças. PODCAST 1 Agora que definimos a ideia por trás da palavra projetos, podemos explorar um pouco mais esse conceito a partir de seus atributos. Atributos de um projeto Um projeto possui alguns atributos que ajudam a defini-lo. O primeiro deles é o seu objetivo. Ge- ralmente, o objetivo é composto por um produto final ou entrega, cronograma e orçamento, ou seja, deve explicitar qual será o resultado do projeto, o prazo para finalizá-lo e, também, qual será 6 https://famonline.instructure.com/courses/12806/modules/items/273377 seu custo total. Além disso, também é preciso deixar claro quais os benefícios ou resultados esperados ao término do projeto. Dessa forma, podemos citar como exemplo o projeto de lançar um novo eletrodoméstico portátil para cozinha (produto final), em dez meses (prazo), com um orçamento de $ 2 milhões (custo). A expectativa é vender um determinado número de unidades do produto lançado em um ano (resultado). Verifiquemos na tabela, a seguir, as característi- cas do objetivo, assim como de outros atributos de projeto: Atributo Característica Objetivo Composto por resultado do projeto, prazo para finalizá-lo, custo total e benefícios esperados. Tarefas Interdependentes Sequência de tarefas dependentes entre si e não repeti- das que devem ser realizadas para se atingir o objetivo do projeto. Recursos São essenciais para que as tarefas sejam executadas. Po- dem ser pessoas, equipamentos, organizações, materiais e instalações. Período específico ou tempo de vida finito Um projeto possui uma data específica para início e tér- mino. Essas datas limitam seu período. Esforço único, realizado de uma só vez Um projeto consiste em fazer algo diferente, nunca feito antes. Por isso cada projeto possui características únicas. Por exemplo, casamentos. Por mais parecidos que sejam, envolverão pessoas diferentes, lugares diferentes, datas diferentes. Patrocinador ou cliente Responsável por fornecer o dinheiro necessário para a realização do projeto. Pode ser o contratante, o conselho administrativo da empresa, uma agência governamental, dentre outros. O cliente também pode ser uma parte inte- ressada (stakeholder) que não necessariamente fornecerá recursos financeiros. Um exemplo podem ser os usuários de um novo sistema que está sendo implementado na empresa. 7 Atributo Característica Grau de incerteza O projeto é concebido com base em hipóteses e estima- tivas. Durante sua execução, muitos imprevistos podem acontecer, sendo necessário refinar algumas destas hipó- teses e estimativas. Eventualmente, o prazo de entrega e o custo do projeto podem ser impactados. Tabela 1: Atributos de um projeto e suas características (CLEMENTS; GIDO, 2014). Ao ler sobre a definição e os atributos de um projeto, percebemos que eles são executados desde a antiguidade. Por exemplo, as pirâmi- des do Egito são ótimos exemplos de projetos. Provavelmente, naquela época, não havia as mesmas definições formais que temos hoje e, por milênios, cada pessoa, empresa e governo tratava projetos de forma e conceitos diferentes. Pensando nisso, na década de 1960, foi criado um instituto internacional com o objetivo de estabelecer padrões, definições e reunir bo- as práticas de projetos. Ele existe até hoje e é conhecido como PMI (da sigla em inglês para Project Management Institute, que significa Instituto de Gerenciamento de Projetos). PODCAST 2 Para saber mais sobre a história do geren- ciamento de projetos, você pode ler o artigo Gerência de projetos: uma reflexão histórica, de autoria de Manuel M. Benitez Codas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rae/ v27n1/v27n1a04.pdf SAIBA MAIS 8 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522116652/pageid/25 https://famonline.instructure.com/courses/12806/modules/items/273378 http://www.scielo.br/pdf/rae/v27n1/v27n1a04.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/rae/v27n1/v27n1a04.pdf http://www.scielo.br/pdf/rae/v27n1/v27n1a04.pdf A partir do que é proposto pelo PMI, podemos descrever o ciclo de vida de um projeto. Vejamos, no tópico a seguir, uma explicação sobre o que isso significa e como funciona. 9 CIClo de vIda de um projeto Como já vimos, um projeto possui uma data de início e outra de término. Assim, podemos dizer que ele apresenta um ciclo de vida. A Figura 1, a seguir, ilustra a relação entre tempo e esforço necessários durante um projeto, assim como as quatro fases deste ciclo de vida. Esforço Plano-base Termo de abertura do projeto Entregas aceitas Iniciação Planejam ento Realização Encerram ento Tempo Documentos de projeto arquivados Figura 3: Ciclo de vida de um projeto. Fonte: Adaptada de CLEMENTS; GIDO, 2014. Analisando o gráfico, percebemos que, durante a fase de iniciação, o tempo e o esforço necessários no projeto são pequenos, quando comparados com as etapas seguintes. Aqui é quando ocorre a definição do projeto e é elaborado o Termo de abertura do projeto (TAP). Esse termo é uma autorização que “deve incluir a justificativa para 10 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522116652/pageid/29 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522116652/pageid/29 o projeto, o objetivo e os benefícios esperados, os requisitos gerais e condições – tais como quantidade de fundos autorizada, data de re- alização requerida, entregas cruciais, análises exigidas e aprovações – e hipóteses-chave.” (CLEMENTS; GIDO, 2014, p. 9). A seguir, temos a etapa do planejamento. É nesta fase que todo o projeto é planejado, e itens como escopo do projeto, quais entregas serão realizadas, quais atividades serão execu- tadas em sua ordem, os recursos necessários, responsabilidades, duração, custo e riscos são definidos. Estas informações são consolidadas em um plano-base e, com ele pronto, pode-se prosseguir para a próxima etapa. Aqui é impor- tante ressaltar que o planejamento adequado é essencial para evitar custos e atrasos desne- cessários durante a realização do projeto. Apenas na terceira fase do ciclo de vida é que efetivamente começamos a “pôr a mão na mas- sa”, ou seja, o projeto começa a ser executado. Normalmente, esta é a fase do projeto na qual se emprega mais tempo e esforço, pois é o momento em que tudo está acontecendo. Por isso, é essencial que ocorra monitoramento e controle de todas as entregas do projeto, de forma que não haja atrasos ou custos adicio- nais por causa de uma atividade que ficou para trás. Além disso, é normal que alterações sejam necessárias ou solicitadas durante a realização do projeto, e o gerente precisa estar atento a 11 quais serão os impactos dessas mudanças em seu cronograma e orçamento. Dessa forma, poderá discutir como isso afetará o resultado e garantir que as partes envolvidas concordem com tais alterações. A partir do momento em que o cliente ou pa- trocinador está satisfeito e aceita a entrega do projeto, passamos da etapa de realização para a de encerramento. O projeto é finalizado apenas quando avaliações de desempenho do projeto e da equipe são feitas, lições aprendidas são documentadas, recomendações para projetos futuros são elaboradas, todos os pagamentos são realizados e os documentos são arquivados. Também é importante receber um feedback do cliente ou patrocinador algum tempo depois que o projeto foi aceito. PODCAST 3 Agora que verificamos o ciclo de vida de um projeto, nos cabem algumas perguntas: E se quisermos propor um projeto, em qual direção devemos pensar para fazê-lo, para que seja au- torizado seu desenvolvimento/realização? Como nascem os projetos, como se originam? Vamos, a seguir, tentar responder essas questões. 12 https://famonline.instructure.com/courses/12806/modules/items/273379 COmO nasCem Os prOjetOs? Um dia, João acordou e teve uma ideia; sem nunca ter lido, pesquisado ou ouvido falar sobre ela. Assim nasceu uma famosa multinacional. Sabemos que não é bem assim que nascem as grandes ideias e isso também se aplica aos projetos. Os projetos nascem a partir de necessidades de mudanças e é por meio deles que surge o novo. Isso significa, portanto, que os projetos propõem fazer algo, por não existir previamente ou pela necessidade de se fazer de uma forma diferente. Tomemos uma empresa de bolo como exemplo, e pensemos juntos: ela vai lançar um bolo com novos ingredientes, importados de uma ilha praticamente desconhecida no ocidente – cabe um projeto? Essa mesma empresa precisará, para lançar esse bolo, comprar novos utensílios e ainda treinar seu pessoal para prepará-los – cabem dois projetos? A resposta é sim! Note que a referida empresa está querendo fazer algo diferente, criar, modificar, ajustar! Nesse sentido, podemos pensar nos fatores internos que demandam projetos nas organizações de modo geral (figura 2). 13 Organização Gestão estratégica de empresa Mudança organizacional Produto único Produtos e processos Melhoria em produto Novo produto Melhoria em processo Restrições presentes Trabalhando com prazos recursos limitados Compratilhando recursos escassos Figura 4: Fatores internos que demandam projetos nas organizações. Fonte: Menezes, 2018. Agora que já sabemos que os projetos direcio- nam as mudanças e que conhecemos algumas possibilidades de motivos que geram demandas de projetos, nos cabem perguntas: podemos propor qualquer projeto para uma organização, qualquer projeto será aceito? Para responder, vamos juntos refletir sobre as estratégias das organizações. 14 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597016321/epubcfi/6/28%5B;vnd.vst.idref=chapter02%5D!/4/10/2@0:100 estratégIas das organIzações e projetos Todas as organizações possuem propósitos, isto é, elas querem alcançar algo. Elas pensam em como fazer, levando em consideração não ape- nas o que acontece internamente, mas também o que está a sua volta, como a concorrência, por exemplo. Falamos, assim, nas estratégias que a organização irá adotar para que seus objetivos sejam alcançados. É importante que os projetos propostos estejam alinhados com as estratégias e objetivos a serem alcançados pela organização. Assim, quando os projetos são propostos, são comumente analisados sob a perspectiva do gerenciamento de portfólio, que corresponde ao conjunto de projetos ou programas (conjunto de projetos que possuem relação e quando coordenados produzem resultado melhor do que se feito in- dividualmente), que estejam alinhados com as estratégias da organização. Ou seja, o olhar a ser lançado está entre o projeto e a estratégia da organização e, em muitos casos, projetos que não tenham essa aderência acabam por não ser aprovados – os projetos precisam ser autorizados para ter início. 15 Para aprofundar seus conhecimentos sobre ges- tão de portfólios, você pode ler: Gestão Profis- sional - Portfólio de Projetos – Maturidade e Indicadores, de Norberto de Oliveira Almeida e Rafael Olivieri Neto. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com. br/?term=Norberto%20de%20Oliveira%20Almei- da%20&searchpage=1&filtro=todos&from=bus- ca#/edicao/160401 Se retomarmos o exemplo da empresa de bolo e assumirmos que ela queira diferenciar-se de seus concorrentes, podemos recuperar a ideia dos três projetos que foram mencionados: importação de ingredientes, compra de novos utensílios e treinamento dos colaboradores. Observe que, isoladamente, temos três projetos que podem ser gerenciados de forma coorde- nada (programada), implicando em um melhor resultado e que está alinhado com a estratégia da empresa. Os projetos também podem surgir de circuns- tâncias inesperadas. Imagine que uma das lojas esteja localizada em uma região que sofreu um terremoto e que parte dela tenha sido destruída. Será preciso reconstruí-la e ainda, sob este mesmo cenário, podemos SAIBA MAIS FIQUE ATENTO 16 https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Norberto%20de%20Oliveira%20Almeida%20&searchpage=1&filtro=todohttps://bv4.digitalpages.com.br/?term=Norberto%20de%20Oliveira%20Almeida%20&searchpage=1&filtro=todo https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Norberto%20de%20Oliveira%20Almeida%20&searchpage=1&filtro=todo https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Norberto%20de%20Oliveira%20Almeida%20&searchpage=1&filtro=todo pensar que, ao reconstruir, seja proposta a ampliação da loja até as margens de uma mata, por exemplo. Será necessário um estudo de impacto ambiental. Podemos dizer, assim, que o projeto tem origem compulsória. Em outras palavras, projetos também podem não ter sido planejados com antecedência. Agora que temos alguns direcionadores sobre como pensar em propor um projeto, podemos refletir sobre quais projetos nós mesmos apro- varíamos ou não na nossa empresa e mesmo na nossa vida e podemos pensar em alguns aspectos para o desenvolvimento de nossos projetos: escopo, tempo e custo. 17 esCOpO Como já visto, o Termo de Abertura do Projeto, também conhecido como TAP é o documento que atesta o início do projeto e nele estão con- tidas informações como justificativa do projeto, datas, custos, responsáveis, entre outros. Uma vez que o projeto tenha início, é preciso decidir o modelo de gestão que será utilizado, se o modelo tradicional (baseado nas práticas do Project Management Body of Knowledge, PMBOK – uma produção do Project Manage- ment Institute), se o modelo ágil de projetos ou mesmo um modelo híbrido. Iremos abordar, neste momento, o modelo tradicional; mas não se preocupe, é previsto, neste curso, um módulo sobre gestão ágil, muito comentada nos últimos tempos. PODCAST 4 Para saber mais sobre o PMBOK, você pode consultar a página do PMI e também conhecer outras publicações desta instituição e certifi- cações por ela oferecida. Disponível em: https://brasil.pmi.org/brazil/ AboutUS/WhatisPMI.aspx SAIBA MAIS 18 https://famonline.instructure.com/courses/12806/modules/items/273380 https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI.aspx https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI.aspx https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI.aspx Para falarmos de escopo, vale aqui uma refle- xão sobre um trecho do livro Alice no país das maravilhas, de Lewis Caroll. Nele, a personagem Alice, em um determinado momento da história, pede ajuda à um coelho, veja: Alice: “Você pode me ajudar” Gato: “Sim, pois não.” Alice: “Para onde vai essa estrada?” Gato: “Para onde voc~e quer ir?” Alice: “Eu não sei, estou perdida.” Gato: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer cominho serve.” -Alice no pais das maravilhas Figura 5: Fonte: Trecho de Alice no País das Maravi- lhas - Lewis Carrol. Vamos nos apropriar desta ideia e trazê-la para mais perto da nossa realidade de projetos. O escopo do projeto nos diz qual é o trabalho a ser realizado para que possamos viabilizar a nossa entrega, segundo o que foi especificado. Para que se possa especificar, faz-se neces- sário o levantamento de requisitos juntos aos stakeholders (parte/pessoas interessadas) para que se possa saber exatamente para onde ir, em outras palavras, para saber o que deve ser entregue. Fazer o levantamento de requisitos significa entender o que é desejado e esperado e, acima de tudo, nivelar as expectativas. Em re- lação a isso, há um quadrinho bastante famoso que nos ajuda a compreender e a não banalizar esse entendimento, (Figura 3): 19 Figura 6: Engenharia de Software. Fonte: e-Gov | UFSC, 2009. Atenção, pois não raramente a falta de entendi- mento do que deve ser entregue e de um escopo bem definido pode acarretar em projetos mais longos do que o que foi previsto inicialmente e, consequentemente, mais caros. Assim, é preciso fazer a declaração/documentação do escopo, em que também sejam registradas as premissas (aquilo que se considera como verdade para fins de planejamento, mesmo sem a existência de provas), as restrições do projeto e o escopo e não-escopo. Você pode procurar por modelos de decla- ração de escopo na internet. Alguns sites trazem templates gratuitos que você pode FIQUE ATENTO 20 utilizar em seu dia a dia, como é o caso do site Escritório de Projetos. Disponível em: https://escritoriodeprojetos. com.br/declaracao-do-escopo-do-projeto Uma vez feita a declaração de escopo, é possí- vel estabelecer a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ou Work Breakdown Structure (WBS). Trata-se de uma espécie de organograma ou lista, na qual temos o trabalho a ser realizado pela equipe e também suas entregas – estes últimos comumente chamados de pacotes de entregas. Assim, o trabalho que não constar na EAP é considerado fora do escopo. Tomemos como exemplo a EAP de uma casa, na repre- sentação de um organograma (Figura 3): Casa Eduardo e mônica Casa Construção GerenciamentoAcabamentoServiços Preliminares Projetos Sistemas Serviços Complementares Canteiro Instalação Água/Luz Limpeza Entrega e Encerramento Plano Canteiro Fundação ElétricaEstrutura Telhado Emboço Esquadrias Hidráulica Jardinagem Limpeza Armários Vidros Estrutural Arquitetura Plantas Hidráulica Elétrica Aprovações Plantas Alvará Pintura Outras Áreas Banheiro Cozinha Quartos Revestimentos Interna Externa Acompanhamento Figura 7: Fonte: WBS – Casa Eduardo e Mônica (Car- valho; Rabechini Jr., 2015). Como você observou, a EAP representa tudo aquilo que será entregue e, por isso, torna-se tão importante que ela esteja bem estruturada, pois, não raramente, solicitações de alteração 21 https://escritoriodeprojetos.com.br/declaracao-do-escopo-do-projeto https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498895/pageid/102 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498895/pageid/102 podem acontecer. Quando nos deparamos com uma situação na qual é requerida uma mudança, é importante que ela seja avaliada pelos res- ponsáveis do projeto, especialmente Gerente de Projetos e equipe, para que eles possam analisar os impactos que o projeto pode sofrer, sendo exemplo: aumentar ou diminuir o tempo ou aumentar ou diminuir custos, entre outros. Para que exista um melhor controle relacionado aos pedidos de alteração, pode-se fazer uso de registros, que devem conter: data, demandante da solicitação, a solicitação propriamente dita, e toda informação que se julgar necessária como quantidade de alterações solicitadas e versionamentos. A EAP nos permite falarmos de outro assunto que dela deriva: a gestão do tempo. Vamos en- tender essa relação? 22 tempo Uma vez que sabemos o escopo do projeto e tenhamos sua EAP, podemos construir o crono- grama do projeto. Nesse sentido, nos é possível enxergar o cronograma como uma extensão da EAP. Ao falarmos de um cronograma, estamos falando da possibilidade de planejar e gerenciar o que será feito, considerando o tempo, as atividades e suas sequências e também a quantidade e o tipo de recursos, como é o caso dos recursos humanos, por exemplo. Para ajudar a estabelecer os prazos e fazer com que eles sejam atendidos é importante que se leve em consideração, quando existir, o histórico de projetos anteriores e mesmo a comunicação com o time que irá desenvolvê-lo, pois nem sempre aquele que gerencia domina todas as atividades e técnicas que o projeto necessita. Além disso, ao construir o cronograma é preciso ter em mente de que forma as atividades serão sequenciadas, algumas vezes as atividades de- pendem de outras anteriores (não é possível, por exemplo, fazer a massa de um bolo sem que se tenha os ovos); em outros casos, as atividades podem acontecer de modo paralelo (é possível que, enquanto a massa esteja assando, a co- bertura esteja sendo preparada). 23 Vale muito a pena saber mais sobre sequencia- mento de atividades! Para te ajudar, indicamos a leitura do item 9.1 Definição das atividades e do item 9.2 Sequenciamento de atividades, do livro Gestão de projetos, de Fábio Câmara Araújo de Carvalho. CARVALHO, Fábio Câmara Araújo de. Gestão de projetos. São Paulo: PearsonEducation do Brasil, 2015. Existem, atualmente, várias ferramentas que podem auxiliar na gestão do tempo – alguns exemplos: Asana, Jira, Microsoft Project (Figura 5), entre outros. Figura 8: Interface da ferramenta Project (Fonte pró- pria, 2018). PODCAST 5 Realizar a gestão de tempo do projeto é muito importante, uma vez que ele está diretamente relacionado com outra variável, o custo. SAIBA MAIS 24 https://bv4.digitalpages.com.br/?term=gest%C3%A3o%20de%20projetos&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=3§ion=0 https://famonline.instructure.com/courses/12806/modules/items/273381 CustO Estimar e controlar o custo de um projeto é de extrema relevância, afinal, o projeto precisa tra- zer retorno para aqueles que acreditaram nele (lembra-se do que falamos anteriormente sobre a concepção de projetos?). Com isso, é preciso que sejam considerados não apenas as horas ou valores que as pessoas que participam do projeto recebem, mas também horas extras, fornecedores, materiais utilizados e mesmo viagens que possam se fazer necessárias, ou seja, tudo aquilo que envolve custo. Existem, sob esta perspectiva, duas formas de se estimar custos em um projeto, uma se chama Top-down e a outra Bottom-up. A Top-down recorre aos escopos, aos requisitos e faz uso de projetos anteriores, que tenham semelhanças com o que está sendo proposto. O Bottom-up, por sua vez, é um método que recorre aos custos individuais do projeto, de forma detalhada, prevendo a soma desses levan- tamentos isolados. Entenda: pensar os custos pode ser feito de formas distintas, mas jamais se pode deixar de pensar sobre eles. As alterações que os projetos sofrem também devem ser pensadas e acompanhadas. Lembra- -se do que falamos sobre escopo e prazo? É importante que ambos sejam acompanhados, pois, não raramente, a alteração destes itens irá 25 acarretar impactos (que podem, dependendo do caso, ser até positivos). Podemos assumir, portanto, que é preciso acompanhar os desvios e mensurar seus custos. Para isso, existem alguns métodos de que podemos lançar mão como a análise de valor agregado, que tem como base o valor planejado, o valor agregado e o custo real. Não é nossa intenção explicar os detalhes desse método aqui, mas o mencionamos, pois, além de ser usual, sua base já nos faz refletir que o valor planejado nem sempre coincide com o custo real e precisamos ficar atentos a isso. Lembre-se: projetos geram mudanças e as mudanças potencializam negócios, nos deixam mais próximos dos objetivos. E, portanto, devem valer a pena! Neste momento, você deve estar se pergun- tando: projeto envolve assuntos variados, é isso mesmo? E a resposta é sim! E para cada um dos assuntos que foram aqui apresentados você pode explorar muitos detalhes, não deixe de fazê-lo! Para saber mais sobre custos em projetos, recomendamos o capítulo 12. Gerenciamento dos cursos, do livro Gestão de projetos, de Fábio Câmara Araújo de Carvalho. CARVALHO, Fábio Câmara Araújo de. Gestão de projetos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SAIBA MAIS 26 https://bv4.digitalpages.com.br/?term=gest%C3%A3o%20de%20projetos&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=3§ion=0 ConsIderações FInaIs Aqui, tivemos a oportunidade de saber o que é um projeto, conhecer seus atributos e ciclo de vida. Isso nos ajudou e nos provocou a pensar sobre a concepção dos projetos e de que forma eles são vistos em relação às organizações. Ademais, também pudemos verificar elementos importantíssimos para quando propomos ou mesmo gerenciamos projetos: o escopo, o tempo e o custo. Sobre estes três últimos, podemos dizer que se relacionam intimamente, visto que um bom cronograma surge a partir da EAP e que esta, por sua vez, associa-se com os custos, que devem não apenas ser pensados, mas também gerenciados. Com as reflexões que fizemos até aqui, estamos prontos para entender um pouco sobre diferentes projetos, tanto em nossa vida pessoal quanto profissional. Assim, podemos propô-los e darmos início ao seu planejamento. 27 reFerênCIas BIBlIográFICas & Consultadas CARVALHO, Fábio Câmara Araújo de. Gestão de Projetos. São Paulo, SP: Pearson Education do Brasil, 2015. CLEMENTS, James P.; GIDO, Jack. Gestão de pro- jetos. Tradução da 5ª edição norte-america- na. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2014. CODAS, Manuel M. Benitez. Gerência de proje- tos: uma reflexão histórica. Revista de Admi- nistração de Empresas. v. 27, n. 1, p. 33-37, 1987. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?pid=s0034-75901987000100004&script=sci_ arttext Acesso em: 28 nov. 2018. GOZZI, Marcelo Pupim. Gestão de Projetos I. São Paulo, SP: Pearson Education do Brasil, 2016. MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de projetos. 4. ed. São Paulo, SP: Editora Atlas, 2018. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034-75901987000100004&script=sci_arttext http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034-75901987000100004&script=sci_arttext http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034-75901987000100004&script=sci_arttext MICHAELIS. Dicionário brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos Ltda., 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com. br/moderno-portugues/busca/portugues-brasilei- ro/projeto. Acesso em: 26 nov. 2018. Portal de e-governo, inclusão digital e so- ciedade do conhecimento - Engenharia de Software | e-Gov UFSC. Disponível em: http:// www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/humor- -engenharia-de-software. Acesso em: 8 dez. 2018. https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/projeto/ https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/projeto/ https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/projeto/ http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/humor-engenharia-de-software http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/humor-engenharia-de-software http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/humor-engenharia-de-software Introdução O que é um projeto? Atributos de um projeto Ciclo de vida de um projeto Como nascem os projetos? Estratégias das organizações e projetos Escopo Tempo Custo Considerações Finais
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