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1 1 DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais CAROLINE MÜLLER BITENCOURT JANRIÊ RODRIGUES RECK DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais 260 261 CAROLINE MÜLLER BITENCOURT E JANRIÊ RODRIGUES RECK MANDADO DE INJUNÇÃO FALTA DE NORMA REGULAMENTADORA + INVIABILIDADE DO EXER- CÍCIO CF – está previsto no art. 5º, LXXI, com a seguinte redação: “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- nia e à cidadania” (BRASIL, 1988, www.planalto.gov.br, grifou-se). Fundamento legal: art. 13.300/2016 Art. 1º Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de in- junção individual e coletivo. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). Importante: ALTEROU A LEI ANTERIOR PREVENDO EXPRESSAMEN- TE O MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO. Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei DICA 31 260 261 DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). Para Tavares (2012), têm-se como condições constitucionais para o cabi- mento da ação: 1º) previsão de um direito pela Constituição; 2º) necessidade de uma regulamentação que torne esse direito exercitável; 3º) falta de norma que implemente tal regulamentação; 4º) inviabilização referente aos direitos e às liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e soberania; 5º) nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilização. 262 263 CAROLINE MÜLLER BITENCOURT E JANRIÊ RODRIGUES RECK 31.1 Norma de eficácia limitada e mandado de injunção • Entende-se que o mandado de injunção não terá cabimento nas hipóteses de normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, pois ele visa justamente a regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada (de princípio institutivo e de norma programática), que, de regra, exigem legislação posterior para sua aplicação. • Ainda, não caberá mandado de injunção quando a norma se encontra em fase final do processo legislativo, aguardando para logo sua promulgação e sanção – a norma está em iminência de ser editada pelo órgão competente. • Logo, a presente ação é UTILIZADA a suprimir omissões legislativas ca- pazes de obstar direitos e liberdades dos cidadãos, em que o exercício pleno dos direitos nelas previstos depende necessariamente de edição normativa posterior. • Resumindo: o direito foi garantido pela Constituição, mas seu exercício encontra-se condicionado à edição de lei regulamentado- ra ulterior. 31.2 Omissão total ou parcial Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à so- berania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem in- suficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente. 262 263 DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais 31.3 Legitimados Ativo individual Ativo coletivo Passivo Art. 3º. São legitima- dos para o mandado de injunção, como impetrantes, as pes- soas naturais ou ju- rídicas que se afir- mam titulares dos direitos, das liber- dades ou das prerro- gativas referidos no art. 2º. Art. 12. O mandado de injun- ção coletivo pode ser promo- vido: I – pelo Ministério Público; II – por partido político com representação no Congresso Nacional; III – por organização sindical, dispensada, para tanto, auto- rização especial; IV – pela Defensoria Pública. Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogati- vas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamen- te, a uma coletividade indeter- minada de pessoas ou deter- minada por grupo, classe ou categoria. O Poder, o órgão ou a autorida- de com atribuição para editar a norma regulamentadora. STF: firmou o entendimento de que os particulares não se re- vestem de legitimidade passiva ad causam para o processo do mandado de injunção, pois so- mente ao Poder Público é impu- tável o dever constitucional de produção legislativa. Dessa for- ma, só podem ser sujeitos pas- sivos do mandado de injunção entes públicos, não admitindo o STF a formação de litisconsórcio passivo, necessário ou facultati- vo, entre autoridades públicas e pessoas privadas. 31.4 Da competência A competência dependerá de quem deveria ter aditado a regula- mentação. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamen- tadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamenta- dora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração 264 265 CAROLINE MÜLLER BITENCOURT E JANRIÊ RODRIGUES RECK direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Fe- deral e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. Atenção: salvo se a iniciativa para a lei for privativa de ou- tro órgão ou autoridade, hipótese em que o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa privativa (Ex.: Presidente da República, nas situações do art. 61, § 1º, CF, por exemplo). 31.5 Procedimento Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetra- do sobre o seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste informa- ções (art. 5º, I). Deverá ser dada ciência ao órgão de representação judi- cial da pessoa jurídica interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso queira (art. 5º, II). Se os documentos necessários à comprovação do direito do autor estiverem em poder da autoridade ou de terceiros que se negarem a fornecer certidão ou cópia, a pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição do documento no prazo de 10 dias (art. 4º, §2º). Caberá agravo, em cinco dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente para o julgamento da impetração, nos moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º. Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá de 10 dias para opinar. Nas hipóteses em que o Ministério Público verificar a existência de interesses unicamente de cunho individual na demanda, sua manifestação pode ser dispensada. Concluído o prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para decisão. Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão somente sobre o reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se a injunção, fixando-se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora (art. 5º, I). 264 265 DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais 30.6 Da decisão que reconhece o mandado de injunção Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I – determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II – estabelecer as condições em que se daráo exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. (BRASIL, 2016, www.pla- nalto.gov.br). O PODER JUDICIÁRIO ESTÁ AUTORIZADO NO CASO CONCRETO DE DECIDIR COMO VIABILIZAR O DIREITO QUE ESTÁ IMPEDIDO DE SER EXERCIDO PELA MORA – CHAMA-SE DE POSTURA CONCRETISTA. Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. EXTENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). REGRA GERAL: INTER PARTES CONTUDO: § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator. OU SEJA, PODERÁ TER EFEITOS ULTRA PARTES E ERGA OMNES TAN- TO DE CASOS QUE DEPENDEM PARA VIABILIDADE DO DIREITO QUANTO PARA CASOS SEMELHANTES. 266 267 CAROLINE MÜLLER BITENCOURT E JANRIÊ RODRIGUES RECK LIMITES DA DECISÃO DO MANDADO COLETIVO Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o [...] (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). SE A DECISÃO SE DER PELO INDEFERIMENTO POR FALTA DE PROVAS, ME- DIANTE NOVOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS, NÃO HAVERÁ LITISPENDÊNCIA... PO- DERÁ INTERPOR NOVAMENTE O MANDADO DE INJUNÇÃO. § 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). IMPORTANTE: Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes mo- dificações das circunstâncias de fato ou de direito. Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedi- mento estabelecido nesta Lei. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). O QUE OCORRE SE APÓS DA DECISÃO EM MANDADO DE INJUNÇÃO SURGIR EDIÇÃO NORMATIVA SOBRE O QUE FOI OBJETO DO MANDADO? Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. (BRASIL, 2016, www.pla- nalto.gov.br). A REGRA GERAL É EX NUNC, CONTUDO, SE FOR FAVORÁVEL AO ATINGIDO EM DECISÃO ANTERIOR À PRODUÇÃO NORMATIVA, OS EFEI- TOS PASSAM A SER EX TUNC (RETROATIVOS). 266 267 DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais Competência Depende do tipo de omissão (atenção aos arts. 102 e 105 CF). Endereçamento Depende do ato. Partes (ativo e passivo) Legitimidade ativa – INDIVIDUAL – qualquer pessoa que tenha o exercício de direitos e liberdades constitucio- nais ou de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, inviabilizado por falta de nor- ma regulamentadora. E COLETIVA – Ministério público, partido político, organização sindical, defensoria públi- ca. Legitimidade passiva – aquele que tinha o dever de editar as normas regulamentadoras. O que devo suscitar (constituir a causa de pedir)? Demonstrar a inviabilidade do direito em questão por causa da falta de norma regulamentadora, estabelecen- do um nexo entre as duas situações. Pedido • Intimação do impetrado para prestar informa- ções. • Intimação do Ministério Público. • Fixação das condições para o exercício do direi- to inviabilizado. • Determinação de prazo para promover a edição legislativa. • Realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do Artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil OU indicação do não cabimento de conciliação, nos termos do Artigo 334, parágrafo 4º, II, do Código de Pro- cesso Civil. 31.7 Esquema da peça processual EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRI- BUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... SINDICATO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., vem por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°... (procuração em anexo), endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cida-
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