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DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais
CAROLINE MÜLLER BITENCOURT
JANRIÊ RODRIGUES RECK
DIREITO
CONSTITUCIONAL:
Teoria, prática, 
peças e modelos 
processuais
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CAROLINE MÜLLER BITENCOURT E JANRIÊ RODRIGUES RECK
MANDADO 
DE INJUNÇÃO
 
 
FALTA DE NORMA REGULAMENTADORA + INVIABILIDADE DO EXER-
CÍCIO 
	 CF – está previsto no art. 5º, LXXI, com a seguinte redação:
“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades 
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
nia e à cidadania” (BRASIL, 1988, www.planalto.gov.br, grifou-se).
	 Fundamento legal: art. 13.300/2016 
Art. 1º Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de in-
junção individual e coletivo. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). 
	 Importante: ALTEROU A LEI ANTERIOR PREVENDO EXPRESSAMEN-
TE O MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO.
Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as 
normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei no 12.016, de 
7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei 
DICA
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no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei no 13.105, de 16 de março 
de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046. (BRASIL, 
2016, www.planalto.gov.br). 
Para Tavares (2012), têm-se como condições constitucionais para o cabi-
mento da ação: 
1º) previsão de um direito pela Constituição; 
2º) necessidade de uma regulamentação que torne esse direito exercitável; 
3º) falta de norma que implemente tal regulamentação; 
4º) inviabilização referente aos direitos e às liberdades constitucionais e 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e soberania; 
5º) nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilização.
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31.1 Norma de eficácia limitada e mandado de injunção
•	Entende-se que o mandado de injunção não terá cabimento nas hipóteses 
de normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, pois ele visa 
justamente a regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada (de 
princípio institutivo e de norma programática), que, de regra, exigem legislação 
posterior para sua aplicação.
•	Ainda, não caberá mandado de injunção quando a norma se encontra 
em fase final do processo legislativo, aguardando para logo sua promulgação e 
sanção – a norma está em iminência de ser editada pelo órgão competente. 
•	Logo, a presente ação é UTILIZADA a suprimir omissões legislativas ca-
pazes de obstar direitos e liberdades dos cidadãos, em que o exercício pleno 
dos direitos nelas previstos depende necessariamente de edição normativa 
posterior.
•	Resumindo: o direito foi garantido pela Constituição, mas 
seu exercício encontra-se condicionado à edição de lei regulamentado-
ra ulterior.
31.2 Omissão total ou parcial
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total 
ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e 
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à so-
berania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem in-
suficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.
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31.3 Legitimados
Ativo individual Ativo coletivo Passivo
Art. 3º. São legitima-
dos para o mandado 
de injunção, como 
impetrantes, as pes-
soas naturais ou ju-
rídicas que se afir-
mam titulares dos 
direitos, das liber-
dades ou das prerro-
gativas referidos no 
art. 2º. 
Art. 12. O mandado de injun-
ção coletivo pode ser promo-
vido:
I – pelo Ministério Público; 
II – por partido político com 
representação no Congresso 
Nacional;
III – por organização sindical, 
dispensada, para tanto, auto-
rização especial;
IV – pela Defensoria Pública.
Parágrafo único. Os direitos, 
as liberdades e as prerrogati-
vas protegidos por mandado 
de injunção coletivo são os 
pertencentes, indistintamen-
te, a uma coletividade indeter-
minada de pessoas ou deter-
minada por grupo, classe ou 
categoria.
 O Poder, o órgão ou a autorida-
de com atribuição para editar a 
norma regulamentadora. 
STF: firmou o entendimento de 
que os particulares não se re-
vestem de legitimidade passiva 
ad causam para o processo do 
mandado de injunção, pois so-
mente ao Poder Público é impu-
tável o dever constitucional de 
produção legislativa. Dessa for-
ma, só podem ser sujeitos pas-
sivos do mandado de injunção 
entes públicos, não admitindo o 
STF a formação de litisconsórcio 
passivo, necessário ou facultati-
vo, entre autoridades públicas e 
pessoas privadas.
31.4 Da competência 
A competência dependerá de quem deveria ter aditado a regula-
mentação.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamen-
tadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas 
Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, 
ou do próprio Supremo Tribunal Federal.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamenta-
dora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração 
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direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Fe-
deral e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho 
e da Justiça Federal.
Atenção: salvo se a iniciativa para a lei for privativa de ou-
tro órgão ou autoridade, hipótese em que o mandado de injunção 
deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa privativa (Ex.: 
Presidente da República, nas situações do art. 61, § 1º, CF, por exemplo).
31.5 Procedimento
	 Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetra-
do sobre o seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 dias, preste informa-
ções (art. 5º, I).
	 Deverá ser dada ciência ao órgão de representação judi-
cial da pessoa jurídica interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação 
para ingressar no feito, caso queira (art. 5º, II).
	 Se os documentos necessários à comprovação do direito do autor 
estiverem em poder da autoridade ou de terceiros que se negarem a fornecer 
certidão ou cópia, a pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição 
do documento no prazo de 10 dias (art. 4º, §2º).
	 Caberá agravo, em cinco dias, da decisão que indeferir a petição 
inicial. A competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente 
para o julgamento da impetração, nos moldes do que preconiza o parágrafo 
único do art. 6º.
	 Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá 
de 10 dias para opinar. Nas hipóteses em que o Ministério Público verificar a 
existência de interesses unicamente de cunho individual na demanda, sua 
manifestação pode ser dispensada. Concluído o prazo para manifestação do 
parquet, os autos serão conclusos para decisão.
Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão somente 
sobre o reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença 
do atraso, concede-se a injunção, fixando-se prazo razoável para que o 
impetrado promova a edição da norma regulamentadora (art. 5º, I).
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30.6 Da decisão que reconhece o mandado de injunção
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção 
para:
I – determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da 
norma regulamentadora;
II – estabelecer as condições em que se daráo exercício dos direitos, das 
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em 
que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não 
seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. (BRASIL, 2016, www.pla-
nalto.gov.br). 
O PODER JUDICIÁRIO ESTÁ AUTORIZADO NO CASO CONCRETO 
DE DECIDIR COMO VIABILIZAR O DIREITO QUE ESTÁ IMPEDIDO DE SER 
EXERCIDO PELA MORA – CHAMA-SE DE POSTURA CONCRETISTA.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I 
do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado 
de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
EXTENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos 
até o advento da norma regulamentadora. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). 
REGRA GERAL: INTER PARTES
CONTUDO:
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, 
quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade 
ou da prerrogativa objeto da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos 
aos casos análogos por decisão monocrática do relator.
OU SEJA, PODERÁ TER EFEITOS ULTRA PARTES E ERGA OMNES TAN-
TO DE CASOS QUE DEPENDEM PARA VIABILIDADE DO DIREITO QUANTO 
PARA CASOS SEMELHANTES.
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LIMITES DA DECISÃO DO MANDADO COLETIVO
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada 
limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou 
da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 
2o [...] (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). 
SE A DECISÃO SE DER PELO INDEFERIMENTO POR FALTA DE PROVAS, ME-
DIANTE NOVOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS, NÃO HAVERÁ LITISPENDÊNCIA... PO-
DERÁ INTERPOR NOVAMENTE O MANDADO DE INJUNÇÃO.
§ 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a 
renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios. (BRASIL, 
2016, www.planalto.gov.br). 
IMPORTANTE:
Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser 
revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes mo-
dificações das circunstâncias de fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedi-
mento estabelecido nesta Lei. (BRASIL, 2016, www.planalto.gov.br). 
O QUE OCORRE SE APÓS DA DECISÃO EM MANDADO DE INJUNÇÃO 
SURGIR EDIÇÃO NORMATIVA SOBRE O QUE FOI OBJETO DO MANDADO?
Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex 
nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se 
a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. (BRASIL, 2016, www.pla-
nalto.gov.br). 
A REGRA GERAL É EX NUNC, CONTUDO, SE FOR FAVORÁVEL AO 
ATINGIDO EM DECISÃO ANTERIOR À PRODUÇÃO NORMATIVA, OS EFEI-
TOS PASSAM A SER EX TUNC (RETROATIVOS).
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DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria, prática, peças e modelos processuais
Competência
Depende do tipo de omissão (atenção aos arts. 102 e 
105 CF).
Endereçamento Depende do ato.
Partes (ativo e passivo)
Legitimidade ativa – INDIVIDUAL – qualquer pessoa que 
tenha o exercício de direitos e liberdades constitucio-
nais ou de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania, inviabilizado por falta de nor-
ma regulamentadora. E COLETIVA – Ministério público, 
partido político, organização sindical, defensoria públi-
ca. Legitimidade passiva – aquele que tinha o dever de 
editar as normas regulamentadoras. 
O que devo suscitar 
(constituir a causa de 
pedir)?
Demonstrar a inviabilidade do direito em questão por 
causa da falta de norma regulamentadora, estabelecen-
do um nexo entre as duas situações.
Pedido
•	 Intimação do impetrado para prestar informa-
ções.
•	 Intimação do Ministério Público.
•	 Fixação das condições para o exercício do direi-
to inviabilizado.
•	 Determinação de prazo para promover a edição 
legislativa.
•	 Realização de audiência de conciliação ou de 
mediação, nos termos do Artigo 319, inciso VII, 
do Código de Processo Civil OU indicação do 
não cabimento de conciliação, nos termos do 
Artigo 334, parágrafo 4º, II, do Código de Pro-
cesso Civil.
31.7 Esquema da peça processual 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...
SINDICATO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° 
..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., 
vem por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°... (procuração em anexo), 
endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cida-

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