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SISTEMA CARDIOVASCULAR CORAÇÃO Órgão musculoso que bate cerca de 100.000 vezes ao dia. Sua função é impulsionar o sangue através dos vasos sanguíneos. O volume de sangue impulsionado por minuto pode variar entre 5 e 30 litros por minuto. O desempenho do coração é controlado pelo sistema nervoso para manter os níveis de oxigênio, nutrientes e resíduos dos tecidos periféricos dentro do normal. Anatomia do coração: O coração está localizado no mediastino, região que se estende do esterno à coluna vertebral. repousando sobre o diafragma, próximo a linha mediana da cavidade torácica, mas está mais à esquerda. Pericárdio: A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. Ele se divide em: - Pericárdio fibroso: superficial, composto por tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Assemelha-se a uma bolsa. Ele impede a hiperdistensão do coração, fornece proteção e ancora o coração no mediastino. Está parcialmente fundido ao tendão central do diafragma, por isso, o movimento do diafragma na respiração profunda facilita a circulação de sangue pelo coração. - Pericárdio seroso: mais profundo, é uma membrana mais fina que forma uma dupla camada em torno do coração. A lâmina parietal do pericárdio seroso está fundida ao pericárdio fibroso. Já a lâmina visceral do pericárdio seroso é também conhecida como epicárdio e forma uma das camadas da parede do coração. Entre as camadas parietal e visceral há o líquido seroso lubrificante ou líquido pericárdico, que serve para reduzir o atrito entre as camadas do pericárdio conforme o coração se move. Ele fica na cavidade do pericárdio. Camadas da parede do coração: A parede do coração é constituída por três camadas: - Epicárdio: camada externa, composta por duas camadas de tecido, a mais externa é a lâmina visceral do pericárdio seroso (camada fina e transparente composta por mesotélio). Logo abaixo, há uma camada variável de tecido fibroelástico e tecido adiposo. O epicárdio fornece uma textura lisa e escorregadia à parede externa do coração. - Miocárdio: a camada média. Responsável pela ação de bombeamento. É composto por tecido muscular cardíaco. São múltiplas camadas entrelaçadas de fibras musculares cardíacas, com tecido conectivo associado, vasos sangüíneos e nervos. - As fibras musculares são envolvidas e separadas em feixes por bainhas de tecido conjuntivo. São organizadas em feixes que circundam diagonalmente o coração. Embora seja estriado, como o músculo esquelético, o músculo cardíaco é tem contração involuntária como o músculo liso. - Endocárdio: a camada interna. É um epitélio escamoso simples. Fornece um revestimento liso para as câmaras do coração e abrange as valvas cardíacas. Ele minimiza o atrito entre o sangue e a parede do coração. O tecido muscular cardíaco: O tecido muscular cardíaco possui características histológicas incomuns. Como as células musculares cardíacas são mecânica, química e eletricamente conectadas entre si, o tecido muscular cardíaco funciona como se fosse uma única e enorme célula muscular. A contração de qualquer célula desencadeia contrações de várias outras, e a contração dissemina-se através de todo o miocárdio. Por essa razão, o músculo cardíaco tem sido chamado de sincício funcional (massa funcional de células). Os miocardiócitos, ou as células musculares cardíacas, são pequenas e possuem um único núcleo central. Apesar de serem menores, se assemelham muito às fibras musculares esqueléticas, pois contém microfibrilas organizadas e o alinhamento dos seus sarcômeros produz estrias. Características únicas dos miocardiócitos: - São quase totalmente dependentes da respiração aeróbica para produzir energia; o sarcoplasma da célula muscular cardíaca contém centenas de mitocôndrias e reservas abundantes de mioglobina (para armazenar oxigênio). As reservas de energia são mantidas sob a forma de glicogênio e inclusões lipídicas; - Se contraem sem comando do sistema nervoso; - estão interligadas por junções celulares especializadas denominadas discos intercalados. OBS: Discos intercalados: são estruturas exclusivas do tecido muscular cardíaco. Esqueleto fibroso do coração A parede do coração também contém tecido conjuntivo denso que forma o esqueleto fibroso do coração. Ele é formado por quatro anéis de tecido conjuntivo que circundam as valvas cardíacas, unidos um ao outro, e que se fundem ao septo interventricular. Ele evita o estiramento excessivo das valvas enquanto o sangue passa por elas e serve como ponto de inserção para os feixes de fibras musculares, além de atuar como isolantes elétrico entre os átrios e os ventrículos. Câmaras do coração: As duas câmaras de recepção superiores são os átrios, e as duas câmaras de bombeamento inferiores são os ventrículos. Na face anterior de cada átrio existe uma estrutura saculiforme enrugada chamada aurícula (parece uma orelha de cachorro), ela é a extensão expansível do átrio. Na superfície do coração existem vários sulcos, que contêm vasos sanguíneos coronarianos e uma quantidade variável de gordura. Cada sulco marca a fronteira externa entre duas câmaras. O profundo sulco coronário marca a fronteira entre os átrios e os ventrículos. O sulco interventricular anterior marca a fronteira entre os ventrículos direito e esquerdo na face esternocostal do coração. E o sulco interventricular posterior marca a fronteira entre os ventrículos na face posterior do coração. Os átrios recebem sangue que deve seguir para os ventrículos. Os dois átrios têm paredes musculares relativamente finas e, como resultado, são altamente distensíveis. Quando o átrio está vazio, sua porção externa desinfla-se e o átrio assemelha-se a uma aba enrugada e ondulada. Cada átrio é uma bomba fraca que serve de câmara de entrada para o ventrículo, ajudando a mover o sangue para ele. Os ventrículos fornecem a principal força de bombeamento que impulsiona o sangue através da circulação pulmonar pelo ventrículo direito ou através da circulação sistêmica pelo ventrículo esquerdo. Átrio direito: recebe sangue venoso, pobre em oxigênio, via veia cava superior (traz o sangue venoso proveniente da cabeça, do pescoço, dos membros superiores e do tórax), veia cava inferior (traz o sangue venoso proveniente de tecidos e órgãos da cavidade abdominopélvica e dos membros inferiores). Recebe sangue do próprio coração, por meio do seio coronário. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito pela valva tricúspide. Ventrículo direito: Seu interior é formado por feixes elevados de fibras chamadas de trabéculas cárneas. Elas transmitem parte do sistema de condução do coração. As válvulas da valva tricúspide estão conectadas às cordas tendíneas que estão ligadas às trabéculas cárneas em forma de cone, que são chamadas de músculos papilares. O sangue passa através da valva do tronco pulmonar para uma grande artéria, chamada de tronco pulmonar, que se divide em artéria pulmonar direita e esquerda. Átrio esquerdo: forma a maior parte da base do coração. Recebe o sangue dos pulmões, por meio das veias pulmonares. O sangue passa para o ventrículo esquerdo pela valva mitral ou bicúspide. Ventrículo esquerdo: é a câmara mais espessa do coração. Forma o ápice do coração. Também contém trabéculas cárneas e tem cordas tendíneas que ancoram as válvulas da valva mitral. Um pouco do sangue da aorta flui para as artérias coronárias, que transportam o sangue para a parede do coração. A parte restante do sangue passa para o arco da aorta e parte descendente da aorta. OBS: Durante a vida fetal, o ducto ou canal arterial desvia o sangue do tronco pulmonar para a aorta, logo, apenas um pequeno volume de sangue chega aos pulmões não funcionantes do feto. Esse canal normalmente se fecha após o nascimento, deixando um remanescente chamando de ligamento arterial que liga o arco da aorta ao tronco pulmonar. - Circulação pulmonar: transporta o sangue rico em dióxido de carbono desde o coração até as superfícies de trocas gasosas dos pulmões e conduz o sangue rico em oxigênio de voltaao coração; - Circulação sistêmica: transporta o sangue rico em oxigênio do coração para o restante das células do corpo, conduzindo o sangue rico em dióxido de carbono de volta ao coração. As valvas são pregas de endocárdio que se estendem no interior das aberturas entre os átrios e os ventrículos. Essas valvas abrem e fecham para evitar fluxo retrógrado, mantendo assim um fluxo unidirecional do sangue dos átrios para os ventrículos. Elas abrem e fecham em resposta às mudanças de pressão conforme o coração se contrai e relaxa. - Valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral): Quando uma valva AV está aberta, suas extremidades arredondadas (válvulas) se projetam para dentro dos ventrículos. A valva AV é formada por finos folhetos unidos na base a um anel de tecido conectivo. Os folhetos se conectam aos ventrículos por tendões colagenosos, as cordas tendíneas. As extremidades opostas das cordas estão fixadas em uma extensão de músculo ventricular, denominada músculos papilares. Quando os ventrículos estão relaxados, os músculos papilares estão relaxados, as cordas tendíneas estão frouxas e o sangue se move de uma área de maior pressão para uma área de menor pressão (As valvas se movem passivamente). Quando o ventrículo "enche”, ele se contrai. A pressão do sangue aciona as válvulas para cima, fechando as valvas. Os músculos papilares contraem, o que traciona as cordas tendíneas, isso impede que as valvas sejam empurradas para dentro do átrio. - Válvulas semilunares: as valvas do tronco pulmonar e da aorta são compostas por três válvulas semilunares, que impedem que o sangue retorne para os ventrículos. As margens das válvulas se projetam para o lúmen das artérias. Quando os ventrículos se contraem, as valvas se abrem, e o sangue passa para as artérias. Conforme eles relaxam, o sangue começa a refluir para o coração. Esse fluxo retrógrado enche as válvulas, então elas se contraem firmemente e fecham. Circulações cardíacas: - Pulmonar: o sangue desoxigenado chega ao átrio direito via veias cava inferior e superior. Do átrio direito, ele passa pela valva tricúspide e chega ao ventrículo direito, de onde será bombeado, via tronco pulmonar, para o pulmão, onde o sangue descarrega o CO2 (dióxido de carbono) e capta o O2 (hematose). O sangue recentemente oxigenado flui então para as veias pulmonares e vai para o átrio esquerdo. - Sistêmica: o lado esquerdo do coração é a bomba responsável por enviar o sangue oxigenado para os tecidos do corpo. Ele recebe o sangue oxigenado dos pulmões através das veias pulmonares no átrio esquerdo. O sangue passa pela valva mitral ou bicúspide e vai para o ventrículo esquerdo, de onde é bombeado para a aorta. A partir da aorta, o sangue se divide em correntes separadas, entrando em artérias sistêmicas menores que o transportam para todos os órgãos do corpo. As artérias dão origem a arteríolas que, por fim, levam aos capilares sistêmicos. A troca de gases e nutrientes ocorre por meio das paredes desses capilares. O sangue libera O2 e capta CO2 (dióxido de carbono). As vênulas transportam o sangue desoxigenado dos tecidos. Elas se fundem, formando veias maiores. O sangue desoxigenado retorna ao coração via veias cavas superior e inferior, chegando ao átrio direito. - Coronária: O miocárdio tem sua própria rede de vasos sanguíneos. As artérias coronárias se ramificam da parte ascendente da aorta e cercam o coração como uma coroa circundando a cabeça. Quando o coração relaxa, no entanto, a pressão do sangue elevada na aorta impulsiona o sangue ao longo das artérias coronárias até os vasos capilares e, em seguida, às veias coronárias. - Artérias coronárias: ramificam-se da parte ascendente da aorta e fornecem sangue oxigenado para o miocárdio. A artéria coronária esquerda passa inferiormente à aurícula esquerda e se divide nos ramos interventricular e circunflexo. O ramo interventricular anterior encontra-se anteriormente ao sulco interventricular anterior e fornece sangue oxigenado às paredes de ambos os ventrículos. O ramo circunflexo encontra-se no sulco coronário e distribui o sangue oxigenado às paredes do ventrículo esquerdo e átrio esquerdo. Já a artéria coronária direita emite pequenos ramos para o átrio direito. O ramo inteventricular posterior irriga as paredes dos dois ventrículos com sangue oxigenado. E o ramos marginal posterior, corre ao longo da margem direita do coraçção, transportando sangue oigenado à parede do vetrículo direito. - OBS: Anastomoses: fornecem vias alternativas, chamadas de circulação colateral, para que o sangue chegue a um órgão ou tecido específico. Especialmente importantes na circulção coronária pois as fibras cardíacas não se regeneram. - Veias coronárias: A maior parte do sangue venoso do miocárdio drena para um grande seio vascular no sulco coronário na face posterior do coração, o seio coronário. O sangue venosos do seio coronário drena para o átrio direito. - OBS: Quando o bloqueio de uma artéria coronária priva o múculo cardíaco de oxigêncio, a reperfusão, o reestabelecimento do fluxo sanguíneo, pode danificar mais o tecido. Esse efeito decorre da formação de radicais livres de oxigênio a partir do oxigênio reintroduzido. O SISTEMA DE CONDUÇÃO DO CORAÇÃO Histologia do músculo cardíaco Em comparação às fibras musculares esqueléticas, as fibras cardíacas são mais curtas e menos circulares em corte transversal. Apresentam ramificações, que dão a elas uma aparência de “degrau”. Geralmente existe um núcleo central, embora, ocasionalmente, uma célula possa ter dois núcleos. Se ligam às fibras vizinhas por espessamentos transversais irregulares de sarcolema chamados de discos intercalares. Os discos contém desmossomos, que mantêm as fibras unidas e junções comunicantes, que possibilitam que os potenciais de ação sejam conduzidos de uma fibra para a outra. Essas junções possibilitam que o músculo dos átrios ou dos ventrículos contraiam como uma única células (sincício), de forma coordenada. As fibras musculares têm o mesmo arranjo de actina e miosina, e as mesmas bandas, zonas e discos Z, que as fibras musculares esqueléticas, mas agem como músculo liso, ou seja, têm contração involuntária. Fibras autorrítmicas A atividade elétrica e rítmica é o motivo das contrações cardíacas. A fonte dessa atividade elétrica é uma rede de fibras musculares especializadas e autoexcitáveis. Elas produzem, repetidamente, potenciais de ação que desencadeiam contrações. Funções: - Agem como marca-passo, definindo o ritmo da excitação elétrica. - Formam o sistema de condução do coração, que garante que as câmaras sejam estimuladas de modo a se contrair coordenadamente. Potencial de ação e contração das fibras contráteis O potencial de ação iniciado no nó sinoatrial propaga-se pelo sistema de condução e se espalha para excitar as fibras musculares contráteis. Despolarização: As fibras contráteis têm um potencial de repouso estável. Quando uma fibra contrátil alcança seu limiar, seus canais de Na+ se abrem. Esses canais são chamados de rápidos. A sua abertura possibilita a entrada de Na+, porque o citosol das fibras contráteis é eletricamente mais negativo que o líquido intersticial, que possui maior concentração de Na+. O influxo de íons de sódio produz despolarização rápida. Em alguns milissegundos, os canais se desativam automaticamente o influxo de Na+ diminui. Platô: período de despolarização mantida. É decorrente, em parte, da abertura dos lentos canais de Ca+. O aumento da concentração de íons de cálcio no citosol provoca a contração. Pouco antes de a fase platô começar, alguns dos canais de K+ se abrem, possibilitando que os íons de potássio saiam da fibra contrátil. A despolarização é sustentada na fase platô porque o influxo de Ca+ equilibra a saída de K+. Repolarização: a recuperação do potencial de repouso. Após um atraso, os canais de K+ se abrem e o seu influxo restaura o potencial de repouso negativo (-90 mV). Ao mesmo tempo, os canais de cálcio estão se fechando, o que também contribui para a repolarização.O mecanismo de contração é semelhante nos músculos cardíaco e esquelético: a atividade elétrica (potencial de ação) leva a uma resposta mecânica (contração) depois de um pequeno atraso. Conforme a concentração de Ca 2+ aumenta no interior de uma fibra contrátil, o Ca 2+ se liga à proteína reguladora troponina, que possibilita que os filamentos de actina e miosina comecem a deslizar um sobre o outro, e a tensão começa a se desenvolver. Período refratário: período durante o qual uma nova contração não pode se iniciar. Tetania: contração mantida. Não acontece no músculo cardíaco, pois o bombeamento do sangue depende da contração e do relaxamento rítmico dos átrios e dos ventrículos. Se ocorresse uma contração mantida, o fluxo sanguíneo seria interrompido. Fase 4: potencial de membrana em repouso. As células miocárdicas contráteis têm um potencial de repouso estável de aproximadamente 90 mV. Fase 0: despolarização. Quando a onda de despolarização entra na célula contrátil através das junções comunicantes, o potencial de membrana torna-se mais positivo. Os canais de Na dependentes de voltagem se abrem, permitindo que a entrada de Na despolarize rapidamente a célula. O potencial de membrana atinge cerca de 20 mV antes de os canais de Na se fecharem. Estes são canais de Na com duas comportas, similares aos canais de Na dependentes de voltagem do axônio Fase 1: repolarização inicial. Quando os canais de Na se fecham, a célula começa a repolarizar à medida que o K deixa a célula pelos canais de K abertos. Fase 2: o platô. A repolarização inicial é muito breve. O potencial de ação, então, se achata e forma um platô como resultado de dois eventos: uma diminuição na permeabilidade ao K e um aumento na permeabilidade ao Ca 2. A combinação do influxo de Ca2 com a diminuição do efluxo de K faz o potencial de ação se achatar e formar um platô. Fase 3: repolarização rápida. O platô termina quando os canais de Ca2 se fecham e a permeabilidade ao K aumenta mais uma vez. Os canais lentos de K, responsáveis por essa fase, são similares aos dos neurônios: eles são ativados pela despolarização, mas são abertos lentamente. Quando os canais lentos de K se abrem, o K sai rapidamente e a célula retorna para seu potencial de repouso. Os potenciais cardíacos se propagam no coração na seguinte sequência: - A excitação começa no nó sinoatrial (SA), localizado na parede do átrio direito. Essas células não têm potencial de repouso estável. Elas se despolarizam repetida e espontaneamente até um limiar. A despolarização espontânea é chamada de potencial marca-passo. Quando esse potencial chega ao limiar, ele dispara um potencial de ação, que se propaga ao longo de ambos os átrios, fazendo com que eles se contraiam ao mesmo tempo. - O potencial chega então ao nó atrioventricular (AV), onde desacelera consideravelmente. Esse atraso fornece tempo para os átrios drenarem o sangue para os ventrículos. - Do nó AV, a despolarização move-se para os ventrículos. As fibras de Purkinje, células de condução especializada dos ventrículos, transmitem os sinais elétricos muito rapidamente para baixo pelo fascículo atrioventricular, ou feixe AV, também chamado de feixe de His, no septo ventricular - é o único local em que os potenciais de ação passam dos átrios para os ventrículos. Em outros locais, o esqueleto fibroso faz isolamento elétrico. - Percorrido um curto caminho no septo, o fascículo se divide em ramos esquerdo e direito. Esses ramos continuam se deslocando para o ápice do coração, onde se dividem em pequenas fibras de Purkinje ou ramos subendocárdicos calibrosos conduzem rapidamente o potencial de ação, começando no ápice. Em seguida, os ventrículos se contraem, deslocando o sangue. OBS: Se o impulso elétrico vindo dos átrios fosse conduzido diretamente para os ventrículos, estes iniciariam a contração pela parte superior. Logo, o sangue seria impulsionado para baixo e ficaria represado na parte inferior dos ventrículos. Uma segunda função do nó AV é atrasar um pouco a transmissão do potencial de ação. Esse atraso permite que os átrios completem suas contrações antes do início da contração ventricular. OBS: é o nó sinoatrial que determina o ritmo do coração. Produção de ATP pelo músculo cardíaco: o músculo cardíaco produz pouco do ATP que precisa por respiração celular anaeróbica. Em vez disso, depende quase que exclusivamente da respiração celular aeróbica em suas diversas mitocôndrias. O oxigênio necessário se difunde do sangue da circulação coronariana e é liberado da mioglobina para as fibras musculares cardíacas. Eletrocardiograma: registro do potencial de ação produzido por todas as fibras musculares do coração durante cada batimento cardíaco. O instrumento utilizado para registrar as alterações é um eletrocardiógrafo. A onda P, a qual corresponde à despolarização atrial. O próximo trio de ondas, o complexo QRS, representa a onda progressiva da despolarização ventricular. Por vezes, a onda Q está ausente em um ECGs normal. A onda final, a onda T, representa a repolarização dos ventrículos. A repolarização atrial não é representada por uma onda especial, mas está incorporada no complexo QRS. Correlação entre as ondas do ECG com as sístoles atriais e ventriculares: As ondas do ECG predizem o momento da sístole e diástole atrial e ventricular. - Enquanto as fibras contráteis atriais se despolarizam, a onda P aparece no ECG. - Depois do início da onda P, os átrios se contraem (sístole atrial). A condução do potencial de ação se desacelera no nó AV, porque as fibras têm diâmetros muito menores e menos junções comunicantes. O 0,1 s de atraso resultante possibilita tempo para os átrios se contraírem, aumentando assim o volume de sangue nos ventrículos antes de a sístole ventricular começar. - O potencial de ação se propaga rapidamente de novo depois de entrar no fascículo AV. A despolarização progride para baixo pelo septo, para cima a partir do ápice, e para fora da superfície do endocárdio, produzindo o complexo QRS. Ao mesmo tempo, ocorre a repolarização atrial, mas esta normalmente não é evidente em um ECG. - A contração das fibras contráteis ventriculares (sístole ventricular) começa pouco depois do complexo QRS aparecer e continua durante o segmento S T. Conforme a contração prossegue do ápice à base do coração, o sangue é espremido para cima em direção às válvulas semilunares. - A repolarização das fibras contráteis ventriculares começa no ápice e se espalha por todo o miocárdio ventricular. Isso produz a onda T. Logo após a onda T começar, os ventrículos começam a relaxar (diástole ventricular). Ciclo cardíaco: ● Sístole atrial Os átrios estão se contraindo. Ao mesmo tempo, os ventrículos estão relaxados. A despolarização do nó SA provoca a despolarização atrial, marcada pela onda P no ECG. A despolarização atrial causa a sístole atrial. Conforme o átrio se contrai, ele exerce pressão sobre o sangue dentro dele, o que o força a passar através das valvas AV abertas para os ventrículos. A sístole atrial contribui com os últimos 25 mℓ de sangue ao volume já existente em cada ventrículo (cerca de 105 mℓ ). O fim da sístole atrial é também o fim da diástole ventricular (relaxamento). Assim, cada ventrículo contém cerca de 130 mℓ no final do seu período de relaxamento (diástole). Este volume de sangue é chamado volume diastólico final (VDF). O complexo QRS no ECG marca o início da despolarização ventricular. ● Sístole ventricular: A despolarização ventricular provoca a sístole ventricular. Conforme a sístole ventricular começa, a pressão intraventricular se eleva e “empurra” o sangue contra as valvas atrioventriculares (AV), forçando seu fechamento. Contração isovolumétrica: Por cerca de 0,05s, o ventrículo se contrai, mas as valvas atrioventriculares, do tronco pulmonar e da aorta estão fechadas. Nessa situação a pressão aumenta, mas o volume de sangue permanece o mesmo. Ejeção ventricular: ocorre quando a pressão ventricular esquerda ultrapassa a pressão aórtica em cerca de 80 milímetrosde mercúrio (mmHg) e a pressão ventricular direita sobe acima da pressão no tronco pulmonar (cerca de 20 mmHg), as valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem. O volume remanescente em cada ventrículo no final da sístole, cerca de 60 mℓ, é o volume sistólico final (VSF). O volume sistólico, o volume ejetado a cada batimento por cada ventrículo, é igual ao volume diastólico final menos o volume sistólico final: VS = VDF – VSF. A onda T do ECG marca o início da repolarização ventricular. ● Período de relaxamento: A repolarização ventricular provoca a diástole ventricular. Conforme os ventrículos relaxam, a pressão no interior das câmaras cai, e o sangue da aorta e do tronco pulmonar começa a refluir para as regiões de baixa pressão nos ventrículos. O fluxo retrógrado de sangue atinge as válvulas das valvas e fecha as valvas do tronco pulmonar e da aorta. O refluxo de sangue sobre as válvulas fechadas da valva da aorta produz a onda dicrótica na curva de pressão aórtica. Depois do fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta, existe um breve intervalo em que o volume de sangue do ventrículo não se modifica porque as quatro valvas estão fechadas. Este é o período de relaxamento isovolumétrico. Quando a pressão ventricular cai abaixo da pressão atrial, as valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem e começa o enchimento ventricular. Bulhas cardíacas: O som dos batimentos cardíacos é decorrente principalmente da turbulência do sangue causada pelo fechamento das valvas cardíacas. A primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita como um som de tum, é mais forte e um pouco mais longa do que a segunda bulha. B1 é causada pela turbulência do sangue associada ao fechamento das valvas AV logo depois de a sístole ventricular começar. A segunda bulha (B2), que é mais breve e não tão forte quanto a primeira, pode ser descrita como um som de tá. B2 é causada pela turbulência no sangue associada ao fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta no início da diástole ventricular. Débito Cardíaco: É o volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada minuto. O débito cardíaco é igual ao volume sistólico (VS), o volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada contração, multiplicado pela frequência cardíaca (FC), a quantidade de batimentos cardíacos por minuto: DC (mℓ/min) = VS (mℓ/batimento) × FC (batimentos/min) Todo o volume de sangue flui pelas circulações pulmonar e sistêmica a cada minuto. Reserva cardíaca: é a diferença entre o débito cardíaco máximo de uma pessoa e o débito cardíaco em repouso. Regulação do Volume sistólico: Três fatores regulam o volume sistólico e garantem que os ventrículos esquerdo e direito bombeiem volumes iguais de sangue: - pré- carga: o grau de estiramento no coração antes de ele se contrair; - contratilidade: o vigor da contração das fibras musculares ventriculares individuais; - pós carga: a pressão que tem de ser sobrepujada antes que possa ocorrer ejeção do sangue a partir dos ventrículos. Pré-carga: A maior pré- carga (estiramento) nas fibras musculares cardíacas antes da contração aumenta a sua força de contração. Lei de Frank - Starling: quanto mais o coração se enche de sangue durante a diástole, maior será a força de contração durante a sístole. A pré- carga é proporcional ao volume diastólico final. Dois fatores-chave determinam o VDF: - a duração da diástole ventricular: Quando a frequência cardíaca aumenta, a duração da diástole é menor. Menos tempo de enchimento significa um VDF menor, e os ventrículos podem se contrair antes que sejam devidamente preenchidos. - o retorno venoso: o volume de sangue que retorna ao ventrículo direito. Por outro lado, quando o retorno venoso aumenta, um maior volume de sangue flui para os ventrículos, e o VDF é aumentado. OBS: A lei de Frank -Starling do coração equaliza o volume ejetado pelos ventrículos direito e esquerdo e mantém o mesmo volume de sangue que flui para as circulações sistêmica e pulmonar. Contratilidade: É a força de contração dada uma determinada pré-carga. Agentes inotrópicos positivos (aumenta a contratilidade): geralmente promovem o influxo de Ca+. - Sistema Nervoso Simpático: - Hormônios: a epinefrina e a norepinefrina. - Aumento do nível de Ca²+ no líquido intersticial. Agentes inotrópicos negativos (reduzem a contratilidade): a inibição da parte simpática do SNA, a anoxia, a acidose, alguns anestésicos e o aumento no nível de K + no líquido intersticial. Pós-Carga: A pressão que precisa ser superada antes de que uma válvula semilunar possa abrir é denominada pós-carga. Um aumento da pós carga faz com que o volume sistólico diminua, de modo que mais sangue permanece nos ventrículos no final da sístole. As condições que podem aumentar a pós carga incluem a hipertensão (pressão arterial elevada) e o estreitamento das artérias. Frequência cardíaca: Os ajustes na frequência cardíaca são importantes no controle a curto prazo do débito cardíaco e da pressão arterial. O nó sinoatrial (SA) inicia a contração e, se deixado por si só, estabeleceria uma frequência cardíaca constante de cerca de 100 bpm. - Controle parassimpático: O neurotransmissor parassimpático acetilcolina (ACh) diminui a frequência cardíaca. A permeabilidade ao K aumenta, hiperpolarizando a célula, de modo que o potencial marcapasso inicia em um valor mais negativo. Ao mesmo tempo, a permeabilidade ao Ca²+ diminui nas células marca-passo. A diminuição da permeabilidade ao Ca²+ retarda a taxa em que o potencial marcapasso despolariza. A combinação dos dois efeitos faz a célula levar mais tempo para alcançar o limiar, atrasando o início do potencial de ação no marca-passo e diminuindo a frequência cardíaca. - Controle simpático: A estimulação simpática nas células marca-passo acelera a frequência cardíaca. As catecolaminas noradrenalina (dos neurônios simpáticos) e adrenalina (da medula da glândula suprarrenal) aumentam o fluxo iônico através dos canais If e de Ca²+. A entrada mais rápida de cátions acelera a taxa de despolarização, fazendo a célula atingir o limiar mais rapidamente e, assim, aumentando a taxa de disparo do potencial de ação. - Hormônios: A epinefrina e a norepinefrina (provenientes da medula da glândula suprarrenal) melhoram a efetividade do bombeamento cardíaco. O exercício, o estresse e a excitação fazem com que as medulas das glândulas suprarrenais liberem mais hormônios. Os hormônios tireoidianos também melhoram a contratilidade cardíaca e aumentam a frequência cardíaca. - Cátions: As concentrações relativas de três cátions – K + , Ca 2+ e Na + – exercem efeito acentuado na função cardíaca. Níveis sanguíneos elevados de K + ou Na + diminuem a frequência e a contratilidade cardíaca. O excesso de Na + bloqueia o influxo de Ca 2+ durante potenciais de ação cardíacos, diminuindo assim a força de contração, enquanto o excesso de K + bloqueia a produção de potenciais de ação. Um aumento moderado do nível intersticial (e, portanto, intracelular) de Ca 2+ acelera a frequência cardíaca e fortalece as contrações cardíacas. Exercício e o coração: O condicionamento cardiorrespiratório de uma pessoa pode ser melhorado em qualquer idade com o exercício regular. Os exercícios aeróbicos, qualquer atividade que aciona grandes músculos do corpo durante pelo menos 20 min, eleva o débito cardíaco e acelera a taxa metabólica. A prática de exercícios físicos aumenta a demanda de oxigênio dos músculos. Após várias semanas de treinamento, uma pessoa saudável aumenta o débito cardíaco máximo (o volume de sangue ejetado dos ventrículos para as respectivas artérias por minuto), elevando assim o fornecimento máximo de oxigênio aos tecidos. DESENVOLVIMENTO DO CORAÇÃO O sistema circulatório é um dos primeiros sistemas a se formar no embrião, e o coração é o primeiro órgão funcional. Esta ordem de desenvolvimento é essencial por causa da necessidade do embrião que cresce rapidamente para obter oxigênio e nutrientes e se livrar dos resíduos. O coração começa o seu desenvolvimento da mesoderme no 18°ou no 19° dia após a fertilização. Na extremidade cranial do embrião, o coração se desenvolve a partir de um grupo de células mesodérmicas chamado área cardiogênica. A mesoderme da área cardiogênica forma um par de cordões alongados chamados cordões cardiogênicos. Pouco tempo depois, esses cordões desenvolvem um centro oco e, em seguida, tornam-se conhecidos como tubos endocárdicos. Quando o embrião se dobra lateralmente, o par de tubos endocárdicos se aproxima um do outro e se funde em um tubo único chamado tubo cardíaco primitivo no 21° dia após a fertilização. No 22° dia, o tubo cardíaco primitivo se desenvolve em cinco regiões distintas e começa a bombear o sangue. Da extremidade caudal à extremidade cranial (e na mesma direção que o fluxo sanguíneo) estão (1) o seio venoso, (2) o átrio primitivo, (3) o ventrículo primitivo, (4) o bulbo cardíaco e (5) o tronco arterial. O seio venoso inicialmente recebe sangue de todas as veias do embrião; A compartimentação do coração começa por volta do 28° dia após a fertilização. Por volta do 28° dia após a fertilização, aparecem espessamentos da mesoderme do revestimento interno da parede do coração chamados de coxim endocárdico. Eles crescem um em direção ao outro, fundem-se e dividem o canal atrioventricular único (região entre os átrios e ventrículos) em canais atrioventriculares menores, separados em esquerdo e direito. Além disso, o septo interatrial começa o seu crescimento em direção aos coxins endocárdicos fundidos. Por fim, o septo interatrial e os coxins endocárdicos se unem e uma abertura no septo, o forame oval, se desenvolve. O septo interatrial divide a região atrial em um átrio direito e um átrio esquerdo. Antes do nascimento, o forame oval possibilita que a maior parte do sangue que entra no átrio direito passe para o átrio esquerdo. Após o nascimento, ele normalmente se fecha, de modo que o septo interatrial é uma partição completa. O remanescente do forame oval é a fossa oval. 1. O seio venoso se desenvolve em parte do átrio direito (parede posterior), seio coronário e nó sinoatrial (SA). 2. O átrio primitivo se desenvolve em parte do átrio direito (parede anterior), aurícula direita, parte do átrio esquerdo (parede anterior) e aurícula esquerda. 3. O ventrículo primitivo dá origem ao ventrículo esquerdo. 4. O bulbo cardíaco se desenvolve em ventrículo direito. 5. O tronco arterial dá origem à parte ascendente da aorta e tronco pulmonar.
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