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Prévia do material em texto

Psicologia Social
A Construção da Psicologia Social
Desenvolvimento do material
Patricia Castro de Oliveira e Silva
1ª Edição
Copyright © 2022, Afya.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
A Construção da Psicologia Social
Para início de conversa… ................................................................................ 3
Objetivo ................................................................................................... 3
1. A vida Coletiva como Vida Mental: 
a Völkerpsychologie, de Wilhelm Wundt ............................................ 4
2. Raízes da Psicologia Social e o Surgimento 
do Paradigma Psicológico e Sociológico ............................................ 8
Referências .................................................................................................... 16
Para início de conversa…
O século XIX forjou os principais marcos históricos e as principais ideias 
psicossociais, que influenciaram o nascimento da Psicologia Social. 
Mas como essa área do conhecimento se desenvolveu no século XX, 
na modernidade? A Psicologia Social tem uma única vertente ou se 
constituiu de diferentes maneiras, a partir de diferentes referenciais? O 
que seriam, nesse cenário, a Psicologia Social Sociológica e a Psicologia 
Social Psicológica? 
Neste capítulo, será abordada a importância da contribuição de 
Wilhelm Wundt (1832-1920) para a constituição da Psicologia Social, 
especialmente por meio da sua proposição da Psicologia dos Povos. Essa 
é uma área da obra do pensador que ficou sem visibilidade por muito 
tempo na historiografia da Psicologia, em função do viés positivista que 
ciências humanas e sociais assumiram ao longo do século XIX, na busca 
por um tipo de legitimação enquanto ciência. 
Ademais, veremos a partir de qual perspectiva o berço da Psicologia 
Social moderna pode ser considerado um fenômeno americano e, ainda, 
as diferentes vertentes da Psicologia Social a partir da obra de Robert 
Farr (1999), que faz uma distinção entre a psicologia social fundamentada 
no experimentalismo, no cognitivismo e no positivismo – a Psicologia 
Social Psicológica – e aquela que tem suas origens mais fundamentadas 
na Sociologia nascente e, mais especificamente, nas chamadas Escola de 
Chicago e no Interacionismo Simbólico – a Psicologia Social Sociológica. 
Objetivo 
Compreender a construção da Psicologia Social, correlacionando as 
aproximações e diferenças entre o paradigma americano e europeu.
Psicologia Social 3
1. A vida Coletiva como Vida Mental: a 
Völkerpsychologie, de Wilhelm Wundt 
A literatura aponta o surgimento da Psicologia como uma disciplina 
específica na Alemanha, na segunda metade do século XIX, em especial 
com o lançamento do livro-texto de Wundt, intitulado Fundamentos da 
psicologia física (1873 apud FARR, 1999), com a inauguração do laboratório 
de psicologia na cidade de Leipzig (Alemanha), em 1879, e o lançamento 
da revista científica Philosophische Studien, em 1881 (FARR, 1999). 
1.1 A Influência Alemã na Psicologia Social: Wilhelm Wundt 
Wilhelm Wundt (1832-1920) é reconhecido como o fundador da 
Psicologia e teve seu mérito acadêmico inicialmente reconhecido, 
especialmente por conta da sua psicologia experimental, de cunho 
empirista, que tinha como objetivo firmar a Psicologia enquanto Ciência. 
O método experimental da Psicologia consistiria na interferência 
intencional e controlada do pesquisador sobre o início, a duração e o 
modo de ocorrência dos fenômenos investigados.
No entanto, Wundt reconhecia a limitação de sua psicologia 
experimental, observando que apenas uma parte da Psicologia era um 
ramo das ciências naturais. O psicólogo afirmava que seu projeto de 
psicologia experimental não estava interessado nas mentes individuais, 
mas na mente em geral, e reconhecia que os processos mentais mais 
profundos, como pensamento ou imaginação, não podiam ser estudados 
de modo experimental. O método experimental só servia ao estudo de 
processos mentais básicos como sensação, imagem e sentimentos. 
Partindo dessa constatação, Wundt produziu uma importante 
obra na área da Psicologia Social, chamada Psicologia dos Povos - 
Völkerpsychologie, escrita em 10 volumes, entre os anos de 1900 e 1920 
(FARR, 1999), de estudos sobre linguagem, pensamento, cultura, religião, 
mitos e costumes, dentre outros.
O positivismo é um paradigma nas ciências que nasceu em meados do 
século XIX e diz respeito ao movimento filosófico que teve início com 
a obra de Augusto Comte e se consolidou em meados do século XX, no 
chamado positivismo lógico do Círculo de Viena e na análise linguística. 
Auguste Comte apostava no progresso moral e científico da sociedade 
por meio da ordem social e do desenvolvimento das ciências. 
Em sua obra Apelo aos Conservadores (1855), Comte definiu a palavra 
“positivo” por meio de sete concepções: real, útil, certo, preciso, relativo, 
orgânico e simpático. Ele sistematizou o pensamento positivo em três 
etapas, sendo a primeira a etapa de pensamento teológico (mítico, 
intuitivo, sensitivo, religioso), a segunda, já mais refinada e aprimorada, o 
pensamento metafísico (pensamento filosófico, no entanto, sem métodos 
Psicologia Social 4
sistematizados para comprovação da realidade) e a terceira etapa, o 
estágio positivo ou científico (no qual, por meio do método científico, o 
pensamento positivista transforma uma leitura da realidade em verdade) 
(JACQUES; STREY, 2013). 
De acordo com Farr (1999, p.56), “para um positivista, a ciência substitui 
a metafísica”. Positivistas não consideram crenças, superstições ou 
quaisquer outros tipos de conhecimento que não possam ser comprovados 
empiricamente, por meio, fundamentalmente, de métodos experimentais. 
Ademais, o positivismo está baseado em um ideal de progresso 
contínuo, postulando a ordem social em uma marcha progressiva, que a 
humanidade tende a seguir a caminho do progresso. A inscrição Ordem 
e Progresso na bandeira brasileira tem inspiração claramente positivista. 
Farr (1999) afirma que a Psicologia surgiu em fins do século XIX e início do 
XX, na Alemanha, como uma ciência natural e social. Em reconhecimento 
às origens da disciplina, a língua alemã se tornou obrigatória na maioria 
dos programas de doutorado implantados nas universidades dos EUA 
e na Inglaterra, a partir das experiências de milhares de pesquisadores 
que visitaram o laboratório de Leipzig. No entanto, em boa parte das 
vezes, os laboratórios implantados, em especial, nos EUA desenvolveram 
produções bastante distintas do que Wundt realizava na Alemanha. 
Nesse sentido, Farr (1999) chama a atenção para o projeto de estudo de 
diferenças individuais, que aponta como uma inovação inglesa, francesa 
e americana, e não como uma proposta alemã. 
A exigência da língua alemã nesses cursos parece não ter suscitado o 
efeito desejado, que parecia ser o de manter certa continuidade entre 
o que era realizado por Wundt em Leipzig e o chamado Novo Mundo. 
É nessa perda de vínculos com a proposta original alemã que se pode 
também perceber a não compreensão e valorização do projeto social 
da psicologia wundtiana, bem como uma sobrevalorização da psicologia 
experimental, o que contribuiu para a apreensão da psicologia nascente 
como uma ciência natural. “Se a psicologia se tornou primeiro uma 
ciência experimental na Alemanha, foi a psicologia social que se tornou, 
depois, uma ciência experimental nos EUA” (FARR, 1999, p.59). 
A Psicologia dos Povos influenciou fortemente diversos pensadores 
e correntes de pensamento, dentre elas a própria constituição da 
Psicologia Social que Farr nomeará Sociológica. 
1.2 A Psicologia dos Povos
Conforme afirma Wund (1916, p.3):
‘‘ A consciência individual é totalmente incapaz de fornecer a história do pensamento 
humano, pois ela está condicionadapor uma história anterior a respeito da qual 
ela não pode, por si mesma, dar-nos nenhum conhecimento.’’
Em sua Psicologia dos Povos - Völkerpsychologie, Wundt considera a mente 
um fenômeno histórico, cultural e linguístico, algo que não pode ser 
Psicologia Social 5
explicado individualmente, afirmando uma íntima relação entre a mente 
humana e a cultura, entre indivíduo e o contexto cultural no qual ele se 
desenvolve. Assim propõe, nessa etapa da sua produção, que a psicologia 
deveria estudar as produções mentais coletivas, originadas das ações 
de conjuntos de indivíduos, se quisesse efetivamente estudar a mente 
humana (FARR, 1999). 
Na primeira etapa de sua produção, a chamada Psicologia Experimental, 
Wundt se utilizava do método da introspecção (auto-observação rigorosa 
e controlada dos fenômenos) para o estudo da consciência. Na Psicologia 
dos Povos, reconhece a ineficácia do método e a impossibilidade de 
compreender fenômenos complexos, a mente coletiva, a partir apenas 
da proposição de consciência individual. Assim, Wundt propôs a 
distinção entre a psicologia experimental, responsável pelo estudo dos 
processos mentais básicos, e a Psicologia dos Povos - Völkerpsychologie, 
voltada para o estudo dos processos mentais superiores, em que o 
método de estudo seria o histórico-comparativo (ÁLVARO; GARRIDO, 
2006). Nessa perspectiva, conteúdos religiosos, artísticos, linguísticos e 
socioeconômicos são analisados transversalmente. 
Uma das principais distinções entre a ciência experimental de Wundt e 
a sua Volkerpsychologie é a proposição da diferença entre consciência 
e cultura. Ele defendia que certas representações, sentimentos e 
comportamentos poderiam ser pensados em estágios, que apresentariam 
características psicológicas específicas de cada período da evolução 
mental, e propunha essa evolução em quatro estágios: Primitivo; 
Totemismo; Heróis e Deuses; Evolução em direção à Humanidade. 
O cientista acreditava que o exame dos estados psíquicos anteriores 
possibilitaria aportar pistas sobre as produções culturais mais 
complexas e sofisticadas. Nessa direção, a Völkerpsychologie não trata 
apenas de povos, mas de famílias, grupos, comunidades, entre outros. 
Em sua perspectiva, a categoria povo seria transversalizada por outras 
categorias (classe, etnia, estirpe etc.). No entanto, na visão wundtiana, 
uma verdadeira Psicologia consagrada aos estudos das culturas humanas 
deveria ampliar seu campo de estudo até se constituir uma Psicologia da 
Humanidade. 
A Psicologia dos Povos de Wundt influenciou pensadores como Sigmund 
Freud, que escreveu seu Totem e Tabú como uma resposta a Wundt quanto 
à sua produção sobre o totemismo. Influenciou, ainda, Émile Durkheim, 
que, mesmo não tendo reconhecido publicamente a influência de Wundt 
em sua concepção das representações coletivas, foi influenciado pela 
concepção de resultantes coletivos wundtiana. Resultantes coletivos, 
em Wundt, dizem respeito ao fato de que “em todas as combinações 
psíquicas, o produto não é a mera soma dos elementos que compõem 
tais combinações, mas representa uma nova criação” (WUNDT, 1973 
[1912], p.164 apud ABIB, 2009, p.198). Para ele, o fenômeno coletivo não 
é o mesmo que a soma das partes que o compõem, é um fenômeno 
novo, coletivo, que precisa ser estudado e entendido deste modo. Para 
Psicologia Social 6
Wundt, a cultura é algo que está além da consciência individual, algo 
que as pessoas mantêm e reproduzem. 
É importante salientar que a linguagem foi o importante objeto de 
estudo da Psicologia dos Povos, e o trabalho de Wundt influenciou 
também o campo da linguística, tendo tido entre seus admiradores 
Saussure, Delbrick e Bloomfield, que vieram a se tornar referência no 
campo de estudos da linguagem. Em seu projeto científico sobre os 
povos, Wundt também estudou a religião, costumes, mitos, magia, entre 
outros. Seus estudos partiam da premissa da impossibilidade de uma 
abordagem reducionista e individualista desses fenômenos, em uma 
perspectiva bem semelhante à proposição de representações coletivas 
de Durkheim. 
Farr (1999) coloca que, na verdade, as semelhanças entre Wundt e 
Durkheim foram maiores que as diferenças. Talvez a maior das diferenças 
seja o fato de que Durkheim encarava a Psicologia dos Povos como um 
ramo das ciências sociais e sua ideia para a área da Sociologia, ou para 
construção dessa disciplina, era pensá-la fundamentada no positivismo. 
Wundt era um antipositivista e não pensava em fazer ciência nesses 
parâmetros, tendo o positivismo como paradigma e os métodos das 
ciências naturais como modelo único para fazer ciência. 
A rejeição da afirmativa de Wundt sobre seu projeto científico para a 
Psicologia enquanto ciência, no que diz respeito ao reconhecimento 
da limitação do método experimental para o estudo dos fenômenos 
mentais superiores, resultou em um movimento na Academia, que ficou 
conhecido como o “repúdio positivista de Wundt”, conforme postulado 
por Danziger (apud FARR, 1999). As gerações seguintes a Wundt queriam 
provar que Wundt estava errado e questionavam veementemente a 
afirmativa wundtiana de que apenas em parte a Psicologia poderia ser 
compreendida como uma ciência natural, pois seria uma ciência que se 
encontrava entre as ciências da natureza e da cultura. Essa nova geração 
de experimentalistas era repudiada por Wundt, assim como Wundt era 
repudiado pelos positivistas (FARR, 1999). 
Wilhelm Wundt estabeleceu três objetivos para sua carreira ao longo 
de sua vida, tendo conseguido alcançar todos: 1) construção de uma 
psicologia experimental ou de construção da psicologia como uma ciência 
independente; 2) construção de uma filosofia científica ou metafísica 
científica; 3) criação de uma psicologia social. O que Dazinger (apud 
JACQUES; STREY, 2013) aponta ao cunhar o termo “repúdio positivista a 
Wundt” diz respeito a um processo de seleção enviesada da vasta obra 
de Wundt, feita por determinados historiadores e fundamentada no 
positivismo e em uma perspectiva utilitarista, que relegou a um certo 
obscurantismo a Psicologia dos Povos. Conforme Farr (1999) afirma, a 
influência da leitura positivista da obra de Wundt teve efeito devastador 
na historiografia da Psicologia, em especial na produção de língua inglesa. 
Psicologia Social 7
Pensar em Wundt como o pai da Psicologia e Durkheim como o pai da 
Sociologia ajuda a compreender que a Psicologia Social nasce justo 
dessas duas áreas, e não como uma área exclusiva da Psicologia. 
A Psicologia dos Povos, uma corrente europeia do pensamento, teve 
grande influência na constituição da vertente sociológica da Psicologia 
Social, em especial pela ênfase atribuída à determinação sócio-histórica 
do indivíduo e ao uso da metodologia não experimental (NEIVA; TORRES, 
2011). 
2. Raízes da Psicologia Social e o Surgimento 
do Paradigma Psicológico e Sociológico 
Antes de seguir, é preciso lembrar que a escolha de um(a) autor(a) 
ou de uma escola para pensar a origem de determinada área do 
conhecimento significa sempre abandonar outras possibilidades. Esse 
tipo de escolha, na maioria das vezes, termina em um relato parcial 
da história, em que se narra origens a partir da sua proximidade ou 
distanciamento com determinada perspectiva, deixando de lado outras 
possibilidades reflexivas. Conforme afirmam Álvaro e Garrido (2006), a 
visão do presente da disciplina termina sempre em uma visão distorcida 
do passado.
Nesse sentido, uma das obras referenciais para o estudo do nascimento 
da Psicologia Social é o livro-texto de Robert Farr, As raízes da psicologia 
social moderna (1999). Nessa obra, Farr critica as versões parciais da 
historiografia dessa área do conhecimento, fazendo uma análise de 
obras tidas como históricas, produzidas e editadas nos EUA. Farr (1999) 
busca delimitar as origens e diferenças de uma Psicologia Social 
predominantemente psicológica e marcar as diferenças dessa para 
a sociológica. Farr (1999) colocam ainda, que, para compreendero 
“florescimento” dessa área do conhecimento nos EUA com um fenômeno 
tipicamente americano, é preciso compreender também suas “raízes” 
europeias com relação à influência que seus maiores representantes 
tiveram ou não das ideias psicossociais nascidas na Europa em fins do 
século XIX. 
O fenômeno histórico da Segunda Guerra Mundial está profundamente 
vinculado ao desenvolvimento da Psicologia Social na modernidade. À 
época, os cientistas sociais contribuíram na realização de levantamentos 
sobre comportamentos adaptativos dos soldados ao cotidiano no 
exército, participação nos combates e consequências dessa participação 
sobre suas vidas e, ainda, na avaliação da eficácia das diferentes 
maneiras de se instruir o corpo militar. Os resultados dessas pesquisas 
foram publicados após a guerra, na série The American Soldier. Além disso, 
é importante destacar que vários pesquisadores europeus se fixaram 
nos EUA, fugindo da perseguição nazista. A publicação dessa série foi 
Psicologia Social 8
fundamental para o desenvolvimento de programas de doutorado em 
Psicologia Social de cunho interdisciplinar, em geral em programas 
conjuntos de Psicologia e Sociologia, incluindo, por vezes, a Antropologia 
(FARR, 1999).
Ademais, alguns pesquisadores seguiram contribuindo com estudos 
após o fim da guerra, em especial o grupo de pesquisa coordenado 
por Hovland (apud FARR, 1999), na universidade de Yale, realizando 
estudos sobre comunicação e atitude, com interesse especial no estudo 
experimental da comunicação de massa. As publicações sobre estudos 
experimentais do pós-guerra contribuíram para a consolidação desse 
método como estratégia preferida de pesquisa. 
Outro grupo de pesquisadores de destaque em Psicologia Social que se 
estabeleceu no pós-guerra foi o de Kurt Lewin, no Instituto de Tecnologia 
de Massachusetts (MIT) – o Centro de Pesquisa para Dinâmica de Grupo 
–, que contribuiu muito para o estabelecimento da Psicologia Social 
moderna como um fenômeno norte-americano. O fato de Lewin ser um 
psicólogo alemão da área da Gestalt que se refugiou nos EUA fundamenta 
a afirmativa de Robert Farr (1999, p.21) de que as raízes dessa disciplina 
“foram europeias, embora a flor fosse caracteristicamente americana”. 
Muitos dos pesquisadores em Psicologia Social da modernidade tiveram 
sua formação em um desses dois centros de referência – MIT e Yale. Essa 
nova onda de pesquisadores que se constituíram em solo americano com 
os estudos sobre a grande guerra e no pós-guerra desempenhou papel 
fundamental no estabelecimento da face marcadamente experimental 
da Psicologia Social moderna enquanto fenômeno nos/dos EUA. 
Além da afirmativa da Psicologia Social na era moderna como um 
fenômeno tipicamente norte-americano relacionado às questões 
e consequências que envolviam a Segunda Guerra Mundial, Farr 
(1999) coloca que, nesse momento, a perspectiva hegemônica era de 
individualização do social, no que mais tarde seria conhecido como 
vertente psicológica da Psicologia Social. Essa individualização foi 
implementada tanto pela influência do behaviorismo, no período 
entre as duas guerras, como pelo cognitivismo no pós-Segunda Guerra 
Mundial.
É importante lembrar que, antes da instalação e institucionalização dessa 
perspectiva individualista em solo norte-americano, houve o surgimento 
de uma psicologia social comparativa, baseada em uma perspectiva 
evolucionista que pode ser identificada no Manual de psicologia social, 
de Murchison, de 1935 (apud FARR, 1999). Esse trabalho, segundo Farr 
(1999), já revelava uma perspectiva sociológica, por estar fundamentado 
em uma análise histórica dos fenômenos filogenéticos, considerando 
o social a partir de metodologia multidisciplinar de análise dos fatos 
e fenômenos sociais (ALMEIDA, 2012). Porém, com o fortalecimento 
hegemônico do behaviorismo no período entre as duas guerras mundiais, 
Psicologia Social 9
essa perspectiva foi invisibilizada nos EUA. Essa hegemonia ocorreu em 
função do declínio do evolucionismo e pela segmentação das disciplinas 
como áreas distintas entre si.
Ainda de acordo com Almeida (2012, p.127):
‘‘ A vitória do behaviorismo contra o funcionalismo e a Psicologia comparada marcou 
a derrota da perspectiva histórica na análise do comportamento, dando lugar a 
uma perspectiva a-histórica que se fundamentava na busca de leis que regem 
as interações sociais. A visão de que a pesquisa deveria servir para a depuração 
precisa das variáveis, pelo meio de pesquisas ex post facto e experimentais, foi 
tomando espaço até tornar-se hegemônica com o advento do cognitivismo.’’
Em seu livro publicado em 1924, Social Psychology, Allport postula a 
Psicologia Social como ciência comportamental e experimental, partindo 
da ideia de que essa área do saber não seria uma ciência humana ou 
social, conforme propunha Wundt em sua Psicologia dos Povos, mas uma 
ciência natural. Assim, para o estudo do binômio indivíduo-sociedade, 
a Psicologia Social deveria se valer do modo de fazer ciência advindo 
das ciências da natureza, fundamentado na perspectiva positivista. 
A Psicologia Social moderna que floresce nos EUA entre as grandes 
guerras, mas fundamentalmente, a partir da Segunda Guerra Mundial, 
tem um fazer experimental, embasado na perspectiva positivista que, 
posteriormente, será conhecido como a vertente psicológica. 
2.1 Diferenças e Aproximações entre a Psicologia Social 
Psicológica e a Psicologia Social Sociológica
A institucionalização da Psicologia Social enquanto disciplina na 
modernidade pode ser referenciada a duas obras, publicadas no ano de 
1908, no EUA: Uma introdução à psicologia social, de William McDougall, 
e Psicologia social: uma resenha e um livro texto, de Edward Ross 
(FERREIRA, 2010). A publicação dessas obras seminais já indicava os 
diferentes caminhos que seriam percorridos pela Psicologia Social em 
suas vertentes compreendidas como psicológica e sociológica. Ross era 
sociólogo e McDougall psicólogo, o que levou a que cada obra fosse 
academicamente situada no âmbito de uma disciplina e outra. 
Farr (1999) afirma que a Psicologia Social nasceu no berço de duas 
disciplinas distintas: a Sociologia e a Psicologia. Ainda segundo o autor, 
as diferenças entre as formas da Psicologia Social na modernidade têm 
origem no fim do século XIX, dentre outros, no debate sobre as relações 
entre psicologia e sociologia protagonizado por Tarde e Durkheim.
Conforme visto anteriormente, a Psicologia e a Sociologia nem sempre 
foram disciplinas constituídas enquanto tal e marcadamente distintas 
entre si. Ambas são áreas do saber que se inspiraram e inspiram em 
outras áreas como a Filosofia, Biologia, Fisiologia, dentre outras; além 
disso, seus precursores se dedicaram tanto ao estudo dos fenômenos 
individuais quanto coletivos. Nesse contexto, a psicologia social se 
Psicologia Social 10
desenvolveu tanto como uma psicologia social psicológica como uma 
psicologia social sociológica (FERREIRA, 2010). 
A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez com que diferentes 
autores (STEPHAN; STEPHAN, 1985 apud FERREIRA, 2010) começassem 
a defender a existência das duas modalidades de Psicologia Social. 
Nesse sentido, quanto mais a psicologia se aproxima do indivíduo e se 
afasta do social enquanto objeto de estudo, mais se afasta da Sociologia. 
Farr (1999) observa, oportunamente, que, mesmo na contemporaneidade, 
a Psicologia tem um cunho mais social em algumas culturas que em 
outras, como no caso de a Rússia ser comparada aos EUA. Isso porque o 
individualismo não é um valor cultural pregnante naquela como o é em 
solo norte-americano. 
A separação das disciplinas de origem, Psicologia e Sociologia, está 
na origem do desenvolvimento da Psicologia Social, o que acabou por 
contribuir para a produção de vertentes em Psicologia Social que têm 
pouco ou nada em comum (FARR, 1999). No entanto, é importante 
observar que a Psicologia Social se diferencia e se consolida como 
disciplina científicaindependente simultaneamente ao processo que 
ocorria com a própria Psicologia e com a Sociologia. Diante disso, não 
cabe o entendimento de que a Psicologia Social seria uma área que se 
constitui a partir de uma ou outra disciplina matriz, mas uma disciplina-
irmã (ÁLVARO; GARRIDO, 2017).
Quanto a isso, Álvaro e Garrido (2017) ressaltam a arbitrariedade da 
tomada de qualquer marco histórico como aquele que efetivamente 
revela o nascimento da Psicologia Social como disciplina. Os autores, 
propõem que, ao invés dos primeiros manuais publicados com o título 
Psicologia Social, em 1908, poderíamos tomar um curso universitário 
como marco inaugural da disciplina. Eles ainda destacam a relevância 
do curso ministrado por George Mead na Universidade de Chicago, a 
partir de 1920.
Conforme Farr (1999), a separação entre Psicologia e Sociologia enquanto 
disciplinas distintas no campo das ciências estava consolidada no início 
dos anos 1920. A partir de então, as pressões em sentidos contrários 
sobre as formas de se pensar e fazer Psicologia Social passaram a ser 
no sentido de trazer essa área do conhecimento para mais próximo das 
novas disciplinas: Psicologia e Sociologia. As formas que se aproximariam 
mais da Psicologia pensariam as questões humanas a partir de uma 
perspectiva individualizante, desconsiderando a influência do contexto 
social. Já aquelas que se aproximariam da Sociologia, buscariam 
compreender os fenômenos humanos com forte ênfase nas influências 
da sociedade sobre o comportamento dos indivíduos e pensando a 
constituição do indivíduo tão somente a partir das relações entre as 
pessoas. Ao fazer isso, exercem uma força contrária a que se tome o 
indivíduo como objeto de estudo da Psicologia. Ambas as perspectivas 
tomam o indivíduo de maneira dicotômica, a partir de uma perspectiva 
individualizante (como é o caso das correntes psicológicas), ou como 
fruto do social.
Psicologia Social 11
2.2 A Psicologia Social Psicológica 
Segundo Allport (1954 apud FARR, 1999), a Psicologia Social Psicológica 
procura explicar os sentimentos, pensamentos e comportamentos do 
indivíduo na presença real ou imaginada de outras pessoas. Essa corrente 
busca estudar processos intraindividuais, que são responsáveis pelo 
modo como as pessoas respondem a estímulos sociais. Já a Psicologia 
Social Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985 apud FERREIRA, 
2010), teria como foco a experiência social que o indivíduo adquire a 
partir de sua participação nos diferentes grupos sociais nos quais se 
insere; nessa linha, os psicólogos sociais privilegiam os fenômenos que 
emergem dos diferentes grupos e sociedades. 
Floyd Allport (1924) defendia que a Psicologia Social deveria se 
concentrar no estudo experimental do indivíduo, propondo que o grupo, 
alvo dos estudos da vertente sociológica, seria apenas mais um estímulo 
do ambiente, e não alvo dos estudos em si. Para o autor, a Psicologia 
Social Psicológica é uma disciplina objetiva, de base experimental e 
focada no indivíduo. 
A Psicologia Social Psicológica estruturou-se, em especial nos EUA, 
como uma ciência natural e empírica, que não considerava o papel das 
estruturas sociais e dos sistemas culturais sobre os indivíduos.
2.3 A Psicologia Social Sociológica, Escola de Chicago e o 
Interacionismo Simbólico
A consolidação da Psicologia Social Sociológica ocorreu marcadamente 
nos EUA, onde podemos destacar as contribuições de Charles Horton 
Cooley e dos sociólogos vinculados à chamada Escola de Chicago. A 
publicação do livro de Edward Ross, em 1908, pode ser considerada um 
marco da consolidação dessa vertente da Psicologia Social. 
A Escola de Chicago diz respeito a um grupo de sociólogos americanos 
que integravam o corpo docente do Departamento de Sociologia da 
Universidade de Chicago, fundado pelo historiador e sociólogo Albion W. 
Small. Esses sociólogos se dedicavam, de maneira pioneira, ao estudo dos 
fenômenos sociais urbanos. O surgimento dessa escola está relacionado 
ao processo de expansão urbana e crescimento demográfico da cidade 
de Chicago no início do século XX. Nesse momento, a cidade se deparou 
com problemas sociais urbanos, como o crescimento da criminalidade, 
aumento da desigualdade social, desemprego, imigração e surgimento 
dos chamados guetos. Em sua primeira fase, a Escola de Chicago foi 
influenciada primordialmente por Émile Durkheim, embora não deixe de 
citar as contribuições de Gabriel Tarde. 
Muitas vertentes da Psicologia Social tiveram origem na Escola de 
Chicago, como o Behaviorismo Social de George Mead, os estudos sobre 
Psicologia Social 12
atitudes sociais de William Thomas, as técnicas para medição de valores 
sociais de Louis Leon Thurstone, o Interacionismo Simbólico de Hebert 
Blumer e, na modernidade, a sociologia das relações interpessoais de 
Gustav Ichheiser e “as formas dramatúrgicas de psicologia social de 
Goffman” (FARR, 1999, p.161). 
Ross (1908 apud ÁLVARO; GARRIDO, 2017), influenciado pelos trabalhos 
de Gabriel Tarde e sua teoria da imitação, compreende a Psicologia 
Social como uma área da Sociologia que deveria se voltar ao estudo das 
uniformidades no comportamento decorrentes da interação social, cujas 
explicações possam ser encontradas em causas sociais e ignorando 
explicações derivadas de fatores biológicos (ÁLVARO; GARRIDO, 2017). 
Ross propunha que os mecanismos explicativos do comportamento 
seriam a sugestão, a imitação e a invenção. Sua obra se apresentou 
como um contraponto às explicações inatistas na perspectiva da teoria 
dos instintos, oferecida no Manual de Psicologia Social, do psicólogo 
McDougall (1908 apud ÁLVARO;GARRIDO, 2017).
O interacionismo simbólico tem seu início entre os anos de 1930 e 1940, 
consolidando-se como área das ciências nas duas décadas seguintes. O 
nome dessa linha de pesquisa psicossociológica foi dado por Herbert 
Blumer, em 1937. Nessa perspectiva, o significado é “um dos mais 
importantes elementos na compreensão do comportamento humano, das 
interações e dos processos” (CARVALHO; BORGES; REGO, 2010, p.153). 
Os interacionistas propõem que, para se compreender plenamente os 
processos sociais, é necessário a apreensão dos significados que são 
experienciados pelos indivíduos em um contexto particular (JEON, 2004 
apud CARVALHO; BORGES; REGO, 2010).
Blumer (1969/1982), apoiado na obra de George Mead, reafirma o 
significado como produto social, como criação das atividades dos 
indivíduos à medida que estes interagem (CARVALHO; BORGES; REGO, 
2010). Para Blumer (1969), o interacionismo simbólico tem como base a 
análise de três premissas:
A primeira é que o ser humano orienta seus atos em direção às 
coisas em função do que estas significam para ele... A segunda é que 
o significado dessas coisas surge como conseqUência da interação 
social que cada qual mantém com seu próximo. A terceira é que os 
significados se manipulam e se modificam mediante um processo 
interpretativo desenvolvido pela pessoa ao defrontar-se com as 
coisas que vai encontrando em seu caminho. (BLUMER, 1969, p.2 
apud CARVALHO; BORGES; REGO, 2010, p.153)
O tema central do Interacionismo Simbólico é a interação social, 
compreendida como ação social orientada e recíproca, que é analisada 
em seu caráter simbólico – o significado. 
Psicologia Social 13
A obra de Mead foi, inicialmente, nomeada como Behaviorismo Social. 
Acredita-se que isso ocorreu em virtude de, à época, o Behaviorismo ser 
o paradigma dominante na Psicologia e, também, porque Mead tecia 
uma crítica ao Behaviorismo clássico de Watson. Mead se opunha ao 
reducionismo do que ele chamou de watsonismo e que era identificado 
nas tendências da Psicologia Social nos EUA. 
O Behaviorismo Social de Mead é bastante distinto das demais formas 
vigentes à época, em especial porque ele considerava a linguagem 
como objeto de estudo privilegiado, pensando-a como um fenômeno 
inerentemente social. Mead foi concebido por seus pares, inicialmente, 
como um behaviorista, no entanto, suaobra se afasta das perspectivas 
behavioristas por ser, efetivamente, antirreducionista. Somente após a 
sua morte, com a retomada por Herbert Blumer de sua obra, ele passou a 
ser concebido como um interacionista simbólico, nome dado por Blumer, 
em referência à concepção de Mead quanto aos processos de interação 
social, que ocorrem entre indivíduos ou grupos mediados por relações 
simbólicas. Os sociólogos consideram Mead o criador do interacionismo 
simbólico (FARR, 1999), mas desconsideram suas proposições no 
campo da evolução da espécie, visto que Mead era um darwiniano 
comprometido e coerente.
O fato de a Psicologia Social de Mead ter sido absorvida pelos sociólogos 
fez com que sua obra tenha sido ignorada por psicólogos sociais da 
modernidade e que estavam alinhados com as formas psicológicas de 
Psicologia Social, que eram predominantes. Assim como Wundt, Mead foi 
repudiado pelos positivistas da época. 
A psicologia social de Mead está fundamentada na tradição do 
pensamento filosófico ocidental, sendo também um fenômeno 
caracteristicamente norte-americano. Uma das maiores contribuições de 
Mead à Psicologia Social foi ter demonstrado a natureza dialética da 
relação entre indivíduo e sociedade, mostrando que a individualização 
é resultado dos processos de socialização, e não seu extremo oposto. 
Para esse pensador, o self (ou “si mesmo”) deve ser pensado em termos 
da evolução da espécie, em perspectiva com o desenvolvimento de cada 
membro individual da espécie.
Com relação à separação das vertentes da psicologia social psicológica e 
sociológica, tem-se, na obra de Serge Moscovici, uma tentativa pioneira 
de reaproximação das duas correntes. Moscovici tem uma compreensão 
de que os fenômenos humanos ocorrem na interseção das esferas 
individuais e sociais, e não apenas em uma ou em outra. 
O estudo das representações sociais de Serge Moscovici (2003) costuma 
ser classificado como uma vertente sociológica da Psicologia Social, 
efetivamente bastante distinta da vertente psicológica, especialmente 
no que diz respeito à não individualização dos fenômenos humanos. 
Psicologia Social 14
A construção teórico-conceitual das representações sociais de Moscovici 
representa uma importante crítica ao entendimento de uma natureza 
exclusivamente individual, conforme o entendimento de Psicologia 
Social nos EUA e na Inglaterra. De acordo com Farr (1999, p.162), “de 
certa maneira, ela contém o antídoto para o processo de individualização 
da psicologia social nos Estados Unidos”. O contraste entre a pesquisa 
sobre representações sociais francesa e a pesquisa sobre atitudes e 
opiniões nos EUA e Inglaterra é um exemplo claro das diferenças entre 
as vertentes sociológica e psicológica da Psicologia Social. 
Moscovici afirma que psicólogos são incapazes de construir formas de 
Psicologia Social que sejam úteis para outros cientistas sociais, por isso, 
“estes cientistas sociais irão criar suas próprias formas de Psicologia 
Social” (FARR, 1999, p.165). Hoje, efetivamente, é possível a identificação 
de várias formas de se fazer Psicologia Social que foram construídas em 
outros campos do saber e das quais psicólogos(as) vêm se aproveitando 
para renovação e (re)construção do campo.
A influência da produção alemã na construção da Psicologia Social 
pode ser referida primordialmente à Wilhelm Wundt, considerado por 
muitos como o pai da Psicologia, em especial pelo desenvolvimento de 
sua psicologia experimental no laboratório de Leipzig, e que também 
contribuiu em muito para o desenvolvimento da Psicologia Social. A 
tentativa positivista de fazer da psicologia social nascente uma disciplina 
exclusivamente das ciências naturais fez com que essa parte da sua obra 
fosse ignorada. Assim, é possível compreender que a Psicologia Social 
que floresce em solo americano, em especial durante e após a Segunda 
Guerra Mundial, é fundamentada sob uma perspectiva experimentalista. 
O livro-texto de Robert Farr (1999), referência para compreensão do 
nascimento da Psicologia Social moderna, evidencia que essa área 
do saber se constitui simultaneamente à separação da Psicologia 
e Sociologia enquanto disciplinas distintas, o que faz com que a 
Psicologia Social em florescimento, também se apresente de forma 
bastante diferenciada conforme se aproxima de uma ou outra área. 
Ou seja, apresentando-se em sua vertente psicológica – que estuda 
processos intraindividuais que são responsáveis pelo modo como as 
pessoas respondem a estímulos sociais – e sua vertente sociológica 
– que privilegia os fenômenos que emergem dos diferentes grupos e 
sociedades, das interações entre os indivíduos. 
Psicologia Social 15
Referências
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Studia. São Paulo, v.07, n.02, 2009. 
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ÁLVARO, J. L.; GARRIDO, A. Psicologia Social – Perspectivas psicológicas e 
sociológica. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
CARVALHO, V. D.; BORGES, L. O.; REGO, D. Interacionismo simbólico: 
origens, pressupostos e contribuições aos estudos em Psicologia Social. 
Psicol. Cienc. Prof., Brasília, v. 30, n. 1, p.146-161, mar. 2010. 
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Brasil, 1855.
FARR, R. M. As raízes da psicologia social moderna. 2 ed. Petrópolis: 
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FERREIRA, M. C. Contemporary Social Psychology: National and 
International Main Trends and Perspectives. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 
v. 26, p.51-64, 2010. 
MOSCOVICI. S. Representações sociais: investigações em psicologia social. 
Rio de Janeiro: Vozes, 2003. 
JACQUES, M. G. C.; STREY, M. N. Psicologia social contemporânea: livro 
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WUNDT, W. Primitive Man: the beginnings of language; the thinking of 
primitive man. In: Wilhelm Wundt. Elements of Folk Psychology: outlines 
of a psychological history of the development of mankind, pp. 53-75, 
1916. 
Psicologia Social 16
	A Construção da Psicologia Social
	Para início de conversa…
	Objetivo 
	1. A vida Coletiva como Vida Mental: a Völkerpsychologie, de Wilhelm Wundt 
	2. Raízes da Psicologia Social e o Surgimento do Paradigma Psicológico e Sociológico 
	Referências

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