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MARIANA-RODRIGUES-TAVARES

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1 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
INSTITUTO DE HISTÓRIA 
ÁREA DE HISTÓRIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
MARIANA RODRIGUES TAVARES 
 
 
 
A ACLAMAÇÃO DAS LETRAS: 
O Instituto Nacional do Livro e a pedagogia literária no Brasil do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
2020 
 
 
2 
 
 
MARIANA RODRIGUES TAVARES 
 
 
 
 
 
A ACLAMAÇÃO DAS LETRAS: 
O Instituto Nacional do Livro e a pedagogia literária no Brasil do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em 
História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-
UFF), como requisito para a obtenção do Título de 
Doutora. 
Área de concentração: História Social 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Giselle Martins Venancio 
 
 
 
 
 
 
Niterói, 
Junho de 2020 
 
 
3 
 
T231a Tavares, Mariana Rodrigues 
A ACLAMAÇÃO DAS LETRAS: : O Instituto Nacional do Livro e a 
pedagogia literária no Brasil do século XX / Mariana 
Rodrigues Tavares ; Giselle Martins Venancio, orientadora. 
Niterói, 2020. 
403 f. 
 
Tese (doutorado)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 
2020. 
DOI: http://dx.doi.org/10.22409/PPGH.2020.d.13548223745 
 
1. Instituto Nacional do Livro. 2. História do Livro e da 
Leitura no Brasil. 3. Circulação impressa. 4. Coleções de 
livros. 5. Produção intelectual. I. Venancio, Giselle 
Martins, orientadora. II. Universidade Federal Fluminense. 
Instituto de História. III. Título. 
CDD - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica automática - SDC/BCG Gerada 
com informações fornecidas pelo autor 
Bibliotecário responsável: Sandra Lopes Coelho - CRB7/3389 
 
http://dx.doi.org/10.22409/PPGH.2020.d.13548223745
4 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Aprovada em: _____ / _____ / _____. 
 
 
__________________________________________________________________ 
Professora Doutora Giselle Martins Venancio 
Universidade Federal Fluminense - Orientadora 
__________________________________________________________________ 
Professor Doutor Nuno Miguel Ribeiro de Medeiros 
Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa – Professor Arguidor 
__________________________________________________________________ 
 Professora Doutora Maria de Fátima Nunes 
Universidade de Évora - Professora Arguidora 
 
Professor Doutor Paulo Elias Allane Franchetti 
Universidade Estadual de Campinas – Professor Arguidor 
 
Professora Doutora Eliana Regina de Freitas Dutra 
Universidade Federal de Minas Gerais – Professora Arguidora 
 
Professor Doutor Renato Franco 
Universidade Federal Fluminense/Editora da Universidade Federal Fluminense – 
Professor Arguidor 
 
 
NITERÓI, 
Junho de 2020 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À Nadir pelo pretérito, 
À Jane pelo presente, 
À Victoria pelo futuro. 
 
 
 
 
6 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos que me dão lugar no bonde 
E que conheço não sei de onde, 
Aos que me dizem terno adeus 
Sem que lhes saiba os nomes seus, 
Aos que me chamam de deputado 
Quando nem mesmo sou jurado, 
Aos que, de bons, se babam: mestre! 
Inda se escrevo o que não preste, 
Aos que me julgam primo-irmão 
Do rei da fava ou do hindustão, 
Aos que me pensam milionário 
Se pego aumento de salário 
— e aos que me negam cumprimento 
Sem o mais mínimo argumento, 
Aos que não sabem que eu existo, 
Até mesmo quando os assisto. 
Aos que me trancam sua cara 
De carinho alérgica e avara, 
Aos que me tacham de ultrabeócia 
A pretensão de vir da Escócia, 
Aos que vomitam (sic) meus poemas 
Nos mais simples vendo problemas, 
Aos que, sabendo-me mais pobre, 
Me negariam pano ou cobre 
— eu agradeço humildemente 
Gesto assim vário e divergente, 
Graças ao qual, em dois minutos, 
Tal como o fumo dos charutos, 
Já subo aos céus, já volvo ao chão, 
Pois tudo e nada nada são. 
(Obrigado, Carlos Drummond de Andrade). 
 
 
A trajetória acadêmica é absolutamente encantadora. Repleta de desafios, descobertas, 
inquietações. Ao terminar, é preciso, sobretudo, agradecer. 
A Deus, Pai, pelas oportunidades, pelas dores e pelas descobertas. 
À Maria de Nazaré, Mãe, que sempre me acolhe e me acolheu em todas as aflições. 
Aos bons espíritos que me sustentam em minhas crises e me amparam sempre que 
necessito. 
Gratidão profunda e sincera a minha melhor amiga e parceira: mamãe. Mãe, difícil 
encontrar as palavras certas para usá-las contigo. Você é meu exemplo, minha melhor 
escolha, meu esteio. Esta tese só é possível graças a sua força e a sua coragem de me 
estimularem a crescer. Obrigada ontem, hoje e sempre. Amo-te. 
7 
 
Aos meus avós Nadir e Waldemiro Rodrigues meu agradecimento por cuidarem de 
mim mesmo que distantes. Sei que acompanham cada passo, cada tropeço e torcem por cada 
vitória. 
Ao meu amor, Helberth Santos Fagundes. Obrigada por tornar a minha vida mais leve, 
mais amorosa e mais colorida. Você chegou para somar. Amo você e a família que estamos 
construindo. 
À minha amada família que representa o sustento das horas duras e me estimula a 
melhorar cada vez mais. Obrigada, em especial, a minha amiga, prima e companheira Neuza, 
a “Neuzinha”, que foi o suporte de dias complicados e o conforto ante o desespero. 
Aos amigos brasileiros que conheci em Portugal, deixo meu agradecimento maior. 
Vocês me acolheram e me sustentaram nas dificuldades. Minha gratidão a Thiago Aires 
Estrela e a Patrícia Otranto. 
À querida e amada família “Madeira”. Quantas histórias, lágrimas e preces! Obrigada 
por me acolherem, por me amarem e por me ensinarem o verdadeiro significado da palavra 
“cristão”. Esta tese só foi possível graças a todas vocês. Obrigada por aceitarem me conhecer, 
por compartilharem o amor, a amizade e, principalmente, o lar. Gratidão a minha irmã de 
muitas “existências”, Yasmin Rodrigues Madeira da Costa, com quem dividi aventuras, dores, 
problemas, choros e preces. Saudades. Torço por você a cada dia. Obrigada a tia Yasmin 
Madeira por me auxiliar sempre que preciso, por acreditar no meu trabalho e por abrir as 
portas do Grupo Espírita Eurípedes Barsanulpho – o recanto da prece. 
Não poderia deixar de render as mais doces palavras de agradecimento a minha 
querida e sempre orientadora, Giselle Venancio. São muitos anos, não? Muitas ideias, muitas 
pesquisas, muito aprendizado. Tornei-me melhor com você. Obrigada por todos os 
ensinamentos, por acreditar em mim e no meu trabalho. Sem dúvida, quero estender a nossa 
parceria e tê-la sempre próxima. Gratidão eterna. 
Gratidão aos mestres e mestras que cruzaram meus caminhos nesta longa jornada. 
Com cada um aprendi imensamente e todos fazem parte da construção deste trabalho. 
Agradeço profundamente aos professores e professoras Maria Verónica Secreto, Norberto 
Ferreras, Larissa Viana, Everardo Andrade, Viviana Gelado, Renato Franco, Paulo Franchetti, 
Eliana Dutra, Maria de Fátima Nunes, Débora Dias, João Luís Lisboa e Nuno Medeiros. 
Agradeço aos meus amigos e amigas, verdadeiros presentes trazidos pela Universidade 
Federal Fluminense. De modo especial aos que dividiram a caminhada da graduação e da pós-
8 
 
graduação: Jaqueline Lopes, Leonardo Lourenço, Vanessa Bittencourt, Drielle Pereira e 
Fernanda Lemos. Além destes, agradeço profundamente a todo o grupo de estudos composto 
por André Furtado, Valério Negreiros, Everton Barbosa, o Ton, Roberta Ferreira, Nayara 
Galeno, Helonis Brandão, Lucas Cheibub, Miriam Marques, Tatiana Castro, Thiago Amaral, 
Sávio Vaz, Marco Antonio Serafim e Karen Souza. 
Aos servidores da Fundação Biblioteca Nacional por me receberem e acreditarem nas 
minhas pesquisas. Meu profundo agradecimento ao setor de Manuscritos, especialmente, a 
Luciane Medeiros, Daniele Simas, Priscila, Fred e Fernanda. Sem o empenho e a dedicação 
de cada um, esta tese não seria possível. A minha enorme gratidão por tornarem este trabalho 
realizável. 
Agradecimentoaos servidores da Biblioteca Nacional de Portugal, do Instituto 
Camões e do Arquivo Nacional Torre do Tombo que me auxiliaram em minhas pesquisas 
durante a estadia na linda cidade de Lisboa. 
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes), à 
Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ) e ao Programa de Pós-
graduação de História Social da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF) pelo 
financiamento desta pesquisa através da bolsa de doutorado e da bolsa de doutorado 
sanduíche, respectivamente. 
À querida família da Casa de Caridade Terezinha de Jesus (CCTJ), os meus mais 
sinceros agradecimentos. Sem vocês, a minha caminhada seria tortuosa. Obrigada pelo 
aprendizado, pelo amor e por serem o “porto seguro” onde trato as minhas dores e aflições. O 
meu “muito obrigada” a toda equipe que me atende esteja neste ou em outros planos. Que 
Deus nos abençoe e permita que estejamos juntos sempre. 
Não poderia deixar de agradecer aos irmãos que tive a felicidade de (re)encontrar ao 
longo dessa jornada. A todos do Instituto Espírita Bezerra de Menezes (IEBM). Obrigada pela 
acolhida, pelo carinho e pelos ensinamentos. De modo especial, quero render a minha 
gratidão a Sra. Heloíza, ao Sr. Cadilhe e ao Sr. Fernando, pelas palavras de carinho, de amor e 
de paciência. 
Quero ainda agradecer a todos os bibliotecários, arquivistas e cientistas da informação 
que me auxiliaram nesta pesquisa. A minha gratidão a toda equipe da Fundação Biblioteca 
Nacional, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), do centro de memória da Academia 
9 
 
Brasileira de Letras (ABL), do Arquivo Nacional e de todas as outras instituições por onde 
pesquisei. Obrigada pela atenção, pela eficiência e pelo aprendizado. 
Por fim, mas não menos importante, meus agradecimentos ao corpo de funcionários da 
Universidade Federal Fluminense. Obrigada pelo carinho, pela ajuda e, especialmente, pela 
simpatia com que me receberam e recebem diariamente. Minha gratidão à equipe da limpeza e 
aos amigos da Biblioteca Central do Gragoatá: Thiago Assis, Maria Helena Xavier, Angela 
Insfrán, Anne Marie Lafosse, Marilea Barbosa, Victor Hugo Sales. A todos vocês, minha 
gratidão mais sincera e minha profunda amizade. 
Ao fim de tantos agradecimentos, acredito ter contemplado todos aqueles que 
marcaram verdadeiramente a minha vida. Novamente agradeço o amor e carinho sempre 
dispensados a mim. Guardo cada um de vocês no meu coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ótimo! - exclamou Emília. - Serve. Escreva: Nasci no ano de... (três 
estrelinhas), na cidade de... (três estrelinhas), filha de gente 
desarranjada... - Por que tanta estrelinha? Será que quer ocultar a 
idade? - Não. Isso é apenas para atrapalhar os futuros historiadores, 
gente muito mexeriqueira (Emília – Monteiro Lobato, Memórias da 
Emília). 
 
 
Desconcertante e colossal, o arquivo atrai mesmo assim. Abre-se 
brutalmente para um mundo desconhecido em que os rejeitados, os 
miseráveis e os bandidos fazem a sua parte em uma sociedade 
vigorosa e instável. Sua leitura provoca de imediato um efeito de real 
que nenhum impresso, por mais original que seja, pode suscitar. 
(Arlette Farge, O sabor dos arquivos). 
 
 
 
 
 
 
11 
 
RESUMO 
 
A ACLAMAÇÃO DAS LETRAS: 
 
O Instituto Nacional do Livro e a pedagogia literária no Brasil do século XX 
 
Esta tese analisa a trajetória social do Instituto Nacional do Livro (1937-1990) destacando os 
seus processos de edição de livro, bem como as mediações intelectuais. Sendo assim, os 
objetivos desta pesquisa se dedicam a coletar as fontes que vinculam, direta ou indiretamente, 
as relações de circulação dos impressos do Instituto Nacional do Livro do Brasil (INL) ao 
longo de seus mais de cinquenta anos de existência. Com isso espera-se inventariar as 
coleções de obras do Instituto do Livro, além de se ter em nota as publicações que se 
intercambiaram entre o Brasil e outros países, assim como, se procura destacar as relações 
intelectuais existentes neste processo. Diante do obscurantismo que permeia a história social 
do Instituto Nacional do Livro e da própria falta de outras pesquisas historiográficas que se 
dediquem a este tema, o presente trabalho se apresenta como uma contribuição original acerca 
dos circuitos editoriais que permearam capítulos importantes da circulação dos impressos no 
Brasil. Foram utilizados alguns conceitos que podem auxiliar a identificar as práticas 
editoriais do Instituto Nacional do Livro. Por meio deles, verificaram-se as especificidades do 
Instituto através dos “pormenores” de suas edições. Deste modo, cabem discutir os conceitos 
de canonização e de vulgarização que estiveram presentes, não apenas, nas páginas dos 
primeiros impressos republicanos, mas principalmente nos prelos do Instituto Nacional do 
Livro. Pautado na divulgação de obras essenciais para a “cultura nacional”, o INL dedicou-se 
à publicação de autores clássicos lançados em suas coleções especiais como a “Biblioteca 
popular brasileira”, “Biblioteca de Divulgação Cultural”. Estas últimas são investigadas como 
fontes desta pesquisa. No cerne dessas edições, identifica-se um processo de canonização de 
autores representantes da história da literatura brasileira. Por fim, como principais resultados e 
conclusões, observa-se que para o caso particular do Instituto Nacional do Livro, as referidas 
publicações assinadas pelo órgão, acrescidas da seleção de seus mediadores, estiveram na 
esteira de um processo de educação literária da população e de monumentalização das obras 
nacionais, na medida em que agiam como produtores dos mecanismos de certa difusão 
literária. 
 
Palavras-chave: circulação impressa; livros; Instituto Nacional do Livro; Brasil; coleções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
ABSTRACT 
 
THE ACLAMATION OF LETTERS: 
 
The Instituto Nacional do Livro and literary pedagogy in Brazil in the 20th century 
 
This thesis analyzes the social trajectory of the Instituto Nacional do Livro (1937-1990), 
highlighting its book editing processes, as well as intellectual mediations. Thus, the objectives 
of this research are dedicated to collecting the sources that link, directly or indirectly, the 
circulation relations of the printed papers of the National Book Instituto do Livro (INL) 
throughout its more than fifty years of existence. In doing so, the thesis aims to catalog the 
collections of works of the Instituto do Livro, in addition to taking into account the 
publications that were exchanged between Brazil and other countries, as well as trying to 
highlight the intellectual relations existing in this process. In view of the obscurantism that 
permeates the social history of the National Book Institute and the very lack of other 
historiographical researches dedicated to this theme, the present work presents itself as a 
valuable contribution on the editorial circuits that permeated important chapters of the 
circulation of print in the Brazil. The methodological framework is the application of some 
concepts that can help to identify the editorial practices of the Instituto do Livro is used. 
About this, the specificities of the Instituto Nacional do Livro are seen through the “details” 
of its editions. In this way, it is necessary to discuss the concepts of canonization and 
vulgarization that were present, not only, in the pages of the first republican printed papers, 
but mainly in the press of the National Book Institute. Based on the dissemination of essential 
works for the “national culture”, INL dedicated itself to the publication of collections of 
classic authors launched in its special collections such as the “Biblioteca Popular Brasileira”, 
“Biblioteca de Divulgação Cultural”. The latter are used as sources for this research. Atthe 
heart of these editions, a process of canonization of authors representing the history of 
Brazilian literature is identified. Finally, as the main results and conclusions, it is observed 
that for the particular case of the Instituto Nacional do Livro, the aforementioned publications 
signed by the agency, plus the selection of its mediators, were part of a process of literary 
education of the population and the monumentalization of national works, insofar as they 
acted as producers of the mechanisms of a certain literary vulgarizaton. 
 
Keywords: printed circulation; books; Instituto Nacional do Livro; Brazil; colections. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 RÉSUMÉ 
 
 L'ACLAMATION DES LETTRES: 
L'Institut national du livre et la pédagogie littéraire au Brésil au XXe siècle 
 
Cette thèse analyse la trajectoire sociale de l'Institut national du livre (1937-1990), mettant en 
évidence ses processus d'édition de livres, ainsi que les médiations intellectuelles. Ainsi, les 
cibles de cette recherche sont dédiés à la collecte des sources qui relient, directement ou 
indirectement, les relations de circulation des imprimés de l'Institut National du Livre du 
Brésil (INL) tout au long de ses plus de cinquante ans d'existence. Avec cela, il est prévu 
d'inventorier les collections d'œuvres de l'Instituto do Livro, en plus de tenir compte les 
publications qui ont été échangées entre le Brésil et d'autres pays, ainsi que d'essayer de 
mettre en relief les relations intellectuelles existant dans ce processus. Compte tenu de 
l'obscurantisme qui imprègne l'histoire sociale de l’ Instituto Nacional do Livro et du manque 
même d'autres recherches historiographiques consacrées à ce thème, le présent ouvrage se 
présente comme une précieuse contribution sur les circuits éditoriaux qui ont imprégné des 
chapitres importants de la circulation de l'imprimé dans le Brésil. Par méthodologie, 
l'application de certains concepts qui peuvent aider à identifier les pratiques éditoriales du 
National Book Institute est utilisée. À ce sujet, les spécificités de l'Institut national du livre 
sont visibles à travers les «détails» de ses éditions. De cette façon, il faut discuter des 
concepts de canonisation et de vulgarisation qui étaient présents, non seulement dans les 
pages des premiers imprimés républicains, mais principalement dans la presse de l'Institut 
national du livre. S'appuyant sur la diffusion d'œuvres essentielles à la «culture nationale», 
l'INL s'est consacrée à la publication de collections d'auteurs classiques lancées dans ses 
collections spéciales telles que la «Bibliothèque populaire brésilienne», la «Bibliothèque de 
diffusion culturelle». Ces dernières sont utilisées comme sources pour cette recherche. Au 
cœur de ces éditions, un processus de canonisation des auteurs représentant l'histoire de la 
littérature brésilienne. Enfin, comme principaux résultats et conclusions, on observe que pour 
le cas particulier du National Book Institute, les publications susmentionnées signées par 
l'agence, ainsi que la sélection de ses médiateurs, étaient dans le sillage d'un processus 
d'enseignement littéraire de la population et de la monumentalisation des œuvres nationales, 
au fur et à mesure qu’elles agissaient comme les producteurs des mécanismes d'une certaine 
vulgarisation littéraire. 
Mots-clés: circulation imprimée; livres; Institut national du livre; Brésil; collections. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
Associação Brasileira de Imprensa – ABI 
Academia Brasileira de Letras – ABL 
Associação Brasileira de Tradutores – ABRATES 
Academia Paulista de Letras – APL 
Associação Nacional dos Professores Universitários de História - ANPUH 
Arquivo Nacional – AN 
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro – APERJ 
Biblioteca Central do Gragoatá – BCG 
Biblioteca Nacional – BN 
Fundação Biblioteca Nacional – FBN 
Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles – BDB 
Biblioteca do Exército – BIBLIEX 
Centro Brasil Democrático – CEBRADE 
Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro – CDFB 
Comissão do Livro Técnico e Livro Didático – COLTED 
Campanha Nacional de Materiais de Ensino – CNME 
Companhia Editora Nacional - CEN 
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação 
Getúlio Vargas – CPDOC-FGV 
Conselho Federal de Cultura – CFC 
Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq 
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes 
Departamento Nacional do Café – DNC 
Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP 
Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas – DLLLB 
Divisão de Cooperação Intelectual – DCI 
Faculdade Nacional de Filosofia – FNFi 
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj 
Federação Internacional de Associações de Bibliotecários – IFLA 
Fundação Biblioteca Nacional – FBN 
15 
 
Fundação Casa de Rui Barbosa – FCRB 
Fundação Nacional do Material Escolar – FENAME 
Gustavo Capanema – GC 
História Geral da Civilização Brasileira – HGCB 
Instituto de aposentadoria de Pensões dos Comerciários - IAPC 
Instituto Superior de Bibliotecas e Arquivos - ISBA 
Instituto de Estudos Brasileiros – IEB 
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB 
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul - IHGRGS 
Instituto Nacional do Livro – INL 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP 
Instituto Superior de Estudos Brasileiro – ISEB 
Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – IPES 
Ministério da Cultura – MinC 
Ministério da Educação e Saúde do Brasil – MES 
Ministério da Educação/Projeto para treinamento intensivo de auxiliares de bibliotecas -
MEC/PROTIAB 
Ministério da Educação/United States Agency for International Development - MEC/USAID 
Núcleo de Estudos Literários & Culturais – NELIC 
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura – Unesco 
Organização das Nações Unidas – ONU 
Plano Nacional do Livro e da Leitura – PNLL 
Programa do Livro Didático – Ensino Fundamental – PLIDEF 
Programa do Livro Didático – Ensino Médio – PLIDEM 
Programa do Livro Didático – Ensino Superior – PLIDES 
Programa do Livro Didático – Ensino Supletivo – PLIDESU 
Programa do Livro Didático – Ensino de Computação – PLIDECOM 
Programa Especial de Melhoria do Ensino – PREMEN 
Programa Intensivo de Preparação para a Mão de Obra – PIPMO 
Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 
Programa Nacional de Incentivo à Leitura – Proler 
Pós-graduação em História, Política e Bens culturais – PPHPBC 
16 
 
Secretariado de Propaganda Nacional – SPN 
Serviço Nacional de Informação – SNI 
Seção da Enciclopédia e do Dicionário – SED 
Serviço de Assistência Técnica Regional – SATR 
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN 
Sindicato Nacional de Editores de Livros - SNEL 
Sindicato Nacional de Tradutores – SINTRA 
Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas – SNBP 
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 
Universidade do Distrito Federal – UDF 
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 
Universidade de São Paulo – USP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
LISTAGENS 
 
Figura 1 – Exposição em homenagem a Castro Alves realizada pelo Instituto Nacional do 
Livro 20 
Figura 2 – Exposição em homenagem a Machado de Assis realizada pelo Instituto Nacional 
do Livro 21 
Figura 3 - Esquema pedagógico do Estado Novo 45 
Figura 4 - Trio de ações norteadoras do Instituto Nacional do Livro 53 
Figura 5 – Obras das coleções do INL (separadas por cor) 79 
Figura 6 – Gráfico quantitativo de literatos publicados pela Revista do Livro – anos 1956-
1970 160 
Figura 7 – Índice dos primeirosanos da Revista do Livro 163 
Figura 8 – Temáticas e dados estatísticos de publicação na Revista do Livro 210 
Quadro 1- Relações entre o INL e a educação 52 
Quadro 2 – Ações do Instituto Nacional do Livro 54 
Quadro 3 – Relações entre as fases do INL e as da Pedagogia brasileira 56 
Quadro 4 - Coleções editadas pelo Instituto Nacional do Livro 64 
Quadro 5 – Títulos, autores e temas da Biblioteca de Divulgação Cultural – INL 140 
Quadro 6 – Quantidade de temas e respectivas obras 143 
Quadro 7 – Quadro contendo os conteúdos biográficos dos autores da Biblioteca de 
Divulgação Cultural 147 
Quadro 8 – Coleção de obras da Biblioteca Popular Brasileira no INL 156 
Quadro 9 – Quadro contento o quantitativo de citações de literatos na Revista do Livro 
 161 
Quadro 10 - Livros editados pelo Instituto Nacional do Livro e citados por José Honório 
Rodrigues 166 
Gráfico 1 – Quantidade de obras das coleções do INL separadas por temas 71 
Gráfico 2 - Temas e quantitativo das obras da Biblioteca de Divulgação Cultural 143 
Tabela 1 – Tabulação ano 1981 110 
 
 
 
18 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO – Arqueologia de uma pesquisa... 23 
O Instituto Nacional do Livro, um órgão pela educação: o delinear de uma tese 27 
 
PARTE I 
A Gênese literária da Nação 
Sociogênese do Instituto Nacional do Livro e de suas publicações 
 
Capítulo 1. O ÓRGÃO LITERÁRIO: O Instituto Nacional do Livro entre a pedagogia da 
nacionalidade e a retórica da educação 45 
1.1.Objetivos do Instituto Nacional do Livro: leitores e livros 47 
1.2.Leitores: as coleções e suas propostas editoriais 59 
1.3.Livros e debates sobre o papel e os custos de produção 72 
 
Capítulo 2. DESDITAS DE UM BRASIL INAPREENSÍVEL: os projetos da Enciclopédia 
brasileira e as ações da seção de bibliotecas no Instituto literário 82 
2.1.Projetos iniciais de uma obra nacional 84 
2.2.O decano do Modernismo e os esboços nacionais 89 
2.3.Rascunhos de um gênero universitário 95 
2.4.As “parcerias” do livro: o programa de coedições e a extinção de projetos nacionais 
 102 
2.5.A edificação dos templos de leitura 107 
 
PARTE II 
Formando bibliotecas extramuros 
O Instituto Nacional do Livro e a edição de coleções 
 
Capítulo 3: Compor coleções: a arte de “inventar” o Brasil por meio da Biblioteca de 
Divulgação Cultural 115 
3.1.A Biblioteca, a coleção e as linhas de uma historicidade institucional 117 
3.2.“Criticar” para educar: os livros da Biblioteca de Divulgação Cultural e a ação cultural 
dos críticos literários nacionais 122 
 
Capítulo 4: Por uma biblioteca “histórica”: livros da Biblioteca popular brasileira 
 155 
4.1.Publicar os clássicos, formar os cânones: o Instituto Nacional do Livro e o processo de 
consolidação pedagógica literária 155 
4.2.A Revista do Livro e os processos de monumentalização literária 158 
4.3.A pesquisa histórica, “a instrução aos jovens historiadores” e a dimensão do INL na 
ANPUH 164 
4.4.Anais da ANPUH e o Instituto das fontes históricas 172 
 
 
PARTE III 
REDES INTELECTUAIS E PONTES LIVRESCAS 
Intercâmbios culturais e práticas letradas 
 
19 
 
CAPÍTULO 5: Mediações livrescas: o Instituto Nacional do Livro e os percursos editoriais 
brasileiros em Portugal e na América Latina 177 
5.1.Relações culturais oficiais entre o Estado Novo português e o Estado Novo varguista
 178 
5.2. Elos editoriais atlânticos... 183 
5.3.Comemorações de uma década de Revolução 192 
5.4.Encenações e teatralizações nacionais – práticas expositoras na América Latina das 
décadas de 1930-40 194 
 
IV- CONSIDERAÇÕES FINAIS 205 
Livros, ideias e intelectuais... 205 
 
V- APÊNDICES 
1- PUBLICAÇÕES GERAIS DO INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO 212 
2- COLEÇÕES PUBLICADAS PELO INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO 242 
3- OBRAS COEDITADAS PELO INL EM CONVÊNCIO COM EDITORAS PRIVADAS
 254 
4- COLEÇÕES COEDITADAS COM O INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO 334 
5-LEGISLAÇÃO SOBRE OS PRÊMIOS LITERÁRIOS DO INSTITUTO NACIONAL DO 
LIVRO 369 
6 – QUADRO DE DIRETORES DO INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO (1937-1991)
 376 
 
VI- REFERÊNCIAS 
A) Documentais 377 
B) Bibliográficas 378 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Exposição em homenagem a Castro Alves realizada pelo Instituto Nacional do Livro 
Fonte: Arquivo Nacional 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Exposição em homenagem a Machado de Assis realizada pelo Instituto Nacional do Livro 
Fonte: Arquivo Nacional 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O livro e, mais latamente, o objecto publicado obedecem, nesta 
medida, a um jogo subtil e plástico, por vezes turbulento, de ligações, 
reciprocidades, posições e interesses, aspectos promotores de 
intervenção estratégica sobre o objecto textual a editar, quer do ponto 
de vista dos princípios, quer do ponto de vista do mercado de leitores. 
Editar o livro funciona, afinal como maneira não aleatória de recorte 
social das formas de representar as coisas e as ideias. O livro editado 
– e distribuído, e publicitado, e vendido e posto a circular – 
corresponde, por isso, ao resultado material (o objecto) e imaterial (a 
ideia acerca do próprio objecto) de modos de ver o mundo e de o 
formular. Editar livros é, neste sentido, oferecê-los à fruição – que 
pode passar pela leitura ou somente pela posse – a partir de 
premissas enunciativas. A introdução na análise de casos empíricos 
com figurinos concretos pode densificar, mas também perturbar e 
complexificar, essa mesma análise. Trata-se, porém, de um exercício 
essencial de ilustração e de teste à narrativa aparentemente 
escorreita da teorização (Nuno Medeiros, A Edição de Livros como 
formulação do mundo: ideias e casos, 2015). 
 
 
 
 
 
23 
 
 INTRODUÇÃO 
 
Arqueologia de uma pesquisa... 
 
 gênese real desta tese data de 2013. Naquele ano, eu finalizava as minhas 
investigações referentes às pesquisas que desenvolvia junto à bolsa de 
iniciação científica da graduação a respeito dos processos de 
monumentalização da historiografia brasileira, evidenciados a partir dos anos 1950. Os dois 
nomes principais investigados, em polos opostos, eram os de José Honório Rodrigues e o de 
Sérgio Buarque de Holanda. Cabia a mim a função de “perseguir1” José Honório nas lides do 
campo acadêmico, quando me deparei com o entrecruzamento da produção deste intelectual e 
as do Instituto Nacional do Livro (INL). Foram meses de leitura. Pouco se tinha produzido, 
escrito e mesmo falado a respeito desta “autarquia livresca”. Iniciei as buscas, fiz 
mapeamentos, levantamentos e, principalmente, teci diálogos com alguns dos funcionários da 
Fundação Biblioteca Nacional que conheciam a história e a trajetória de funcionamento do 
INL. Neste período, eu finalizava o curso de graduação em História e pretendia dar 
prosseguimento a minha trajetória acadêmica por meio do ingresso no curso de Mestrado. 
Enquanto desenvolvia minhas atividades de pesquisa, soube por uma funcionária que a 
documentação do Instituto Nacional do Livro estava depositada no prédio anexo da Biblioteca 
Nacional. Como se sabe, a história do INL está muito ligada à da Biblioteca Nacional, pois no 
momento de sua extinção, ocorrida em 1990, seu acervo foi incorporado a esta última 
instituição transformada, posteriormente, em Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Diante de 
tamanha descoberta, logo me ocorreu realizaras solicitações de consultas, tendo por 
justificativa o início do curso de mestrado que começaria nos próximos meses. Para minha 
frustração, a chefia responsável da época disse-me ser impossível acessar tais documentos, 
uma vez que não dispunha de pessoal e tampouco poderia precisar a localização deles. No 
entanto, como a persistência pertence ao universo de todo cientista, procurei alternativas 
secundárias que incluíram o contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o extinto Ministério da Cultura, o Ministério da 
 
1Esta expressão faz analogia ao artigo de Loïc Wacquant a respeito de Pierre Bourdieu. Para maiores detelhes 
ver: WACQUANT, Loïc. Seguindo Pierre Bourdieu no campo. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 26, p. 13-29, jun. 
2006. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n26/a03n26.pdf. Acesso em 22. Nov. 2018. 
 
A 
http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n26/a03n26.pdf
24 
 
Fazenda do Rio de Janeiro e de Brasília, o Ministério do Planejamento, o Arquivo Nacional 
de Brasília e do Rio de Janeiro e, por fim, o contato com a Diretoria de Livro, Leitura, 
Literatura e Bibliotecas do Sistema Nacional de Informação e Governança do (extinto) 
Ministério da Cultura. Todos os esforços foram em vão, pois a chave para a solução do 
silenciamento que rondava o Instituto Nacional do Livro permanecia no prédio anexo da 
FBN. De 2013 até 2020, sete anos se passaram. Outras gestões administrativas assumiram os 
postos e novas frentes de trabalho puderam ser abertas. 
Somente a partir do ano de 2018 é que finalmente pude me deparar com o que de fato 
existia nos “porões” da Biblioteca Nacional. A FBN me autorizou a pesquisar as caixas 
depositadas no prédio anexo. Desde o mês de agosto de 2018, restando menos de dois anos 
para a finalização do curso de doutorado, momento em que as primeiras caixas chegaram, 
muitas descobertas foram feitas. Uma delas é que até então boa parte da documentação do 
Instituto Nacional do Livro se refere aos anos mais importantes da Instituição, isto é, aborda 
os arquivos correntes do instituto que antecederam a sua fusão em 1990 e que ficaram 
esquecidos. Além disso, em sua maioria, esta documentação abrange as ações de um órgão 
atento às dimensões educacionais, seja pelo sistema de coedições, ou mesmo, pelo 
estabelecimento de prêmios e dos assuntos que se referiam à gestão das bibliotecas públicas. 
Há muito ainda a ser analisado. O trabalho que se segue é o resultado de anos de pesquisa, 
executada desde a investigação realizada com a bolsa de iniciação científica, continuada no 
mestrado e no doutorado e aprofundada quando do acesso à documentação existente no prédio 
anexo da FBN e aos documentos existentes nos arquivos da Torre do Tombo e da Biblioteca 
Nacional de Portugal. 
Este último aspecto representou uma importante etapa desta pesquisa. Um capítulo 
fundamental da trajetória do Instituto Nacional do Livro está tracejado com as trocas livrescas 
entre Brasil e Portugal. Diante disto, fui contemplada com um período de pesquisa com 
duração de quatro meses em Lisboa. Inicialmente a proposta deste trabalho se propunha a 
tratar das aproximações entre Portugal e Brasil, da qual participaram inúmeras instituições de 
ambos os países e que contou com a participação de intelectuais portugueses e brasileiros. 
Com isso pretendia esquadrinhar estas relações intercambiais entre os dois países por meio da 
circulação dos livros e, especialmente, do diálogo que se estabeleceu entre o Instituto 
Nacional do Livro e os órgãos portugueses. Assim sendo, os objetivos da pesquisa 
destinavam-se a coletar as fontes que vincularam, direta ou indiretamente, as relações de 
25 
 
circulação dos impressos do Instituto Nacional do Livro do Brasil com o Estado português. 
Com isso esperava-se inventariar as coleções de obras que trafegavam entre os dois países 
entre os dois países, assim como, se procurava destacar outras relações intelectuais existentes 
entre Brasil e Portugal. Diante do silêncio que permeia a história social do Instituto Nacional 
do Livro e da própria falta de outras pesquisas historiográficas que se dediquem a este tema, o 
presente trabalho se apresentou como uma contribuição original acerca dos circuitos editoriais 
que permearam capítulos importantes da circulação dos impressos no Brasil. 
Por metodologia empregou-se o conceito de “circulação” dos impressos para se 
pensar o trânsito editorial Brasil-Portugal, pois se considerou bastante seguro supor que, ao 
longo do século XX, se manteve um desejo de permanência de uma comunidade cultural luso-
brasileira, que esteve materializada, entre outras formas, na existência de publicações e 
coleções definidas como que direcionadas para portugueses e brasileiros. Sendo assim, tem-se 
o significado de circulação, segundo Márcia Abreu enquanto instrumento de formação de 
uma comunidade letrada transnacional, partilhando referências, leituras e modos de ver a 
literatura2. 
Desse modo, coube discutir os conceitos de canonização3 e de divulgação que 
estiveram presentes, não apenas, nas páginas dos primeiros impressos republicanos, mas 
principalmente nos prelos do Instituto Nacional do Livro. Tal como apresenta Moema 
Vergara (2008), ao discutir aspectos da Revista Brasileira4, as propostas de vulgarização 
 
2A respeito do conceito de canonização é preciso considerar a pesquisa de Márcia Abreu sobre a circulação 
transatlântica dos impressos. Para maiores detalhes ver alguns de seus trabalhos: ABREU, Márcia; DEACTO, 
Marisa Midori (orgs.). A circulação transatlântica dos impressos: conexões. Campinas, SP: 
UNICAMP/IEL/Setor de Publicações, 2014; ABREU, Márcia; MITTMANN, Adiel. Ler o passado com 
ferramentas do futuro: uma análise digital de textos críticos do início do século XIX. ALEA |Rio de 
Janeiro|vol.19/3|p.651-667|set-dez.2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/alea/v19n3/1807-0299-alea-
19-03-651.pdf. Acesso em 04 mar.2020; ABREU, Márcia. Conectados pela ficção: circulação e leitura de 
romances entre a Europa e o Brasil. O eixo e a roda: v. 22, n. 1, 2013. Disponível em: 
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/5363/4769. Acesso em 04 mar. 
2020. 
3Sobre a discussão de canonização são válidas algumas referências, tais como: KOTHE, Flávio Rene. O cânone 
colonial: ensaio. Brasília. Ed: UnB, 1997; BAPTISTA, Abel Barros. O livro agreste. Campinas: Editora 
Unicamp, 2005; FURTADO, André Carlos. As edições do cânone. Da fase buarqueana na coleção História 
Geral da Civilização Brasileira (1960-1972). Niterói: Eduff, 2016. 
4Revista Brasileira foi uma publicação mensal que remonta as origens de edição da antiga publicação 
Guanabara. Esta última foi editada até 1855. Neste mesmo ano, apareceu a Revista Brasileira. Nas palavras de 
Moema Vergara (2004), “Nessa fase, a revista ganhou o título de Revista Brasileira, Jornal de Ciências, Letras e 
Artes (1857-1861). A segunda fase ficou conhecida simplesmente como Revista Brasileira e, em seu conteúdo, 
nova fase uma predominância dos assuntos científicos. A maioria das colaborações versava sobre assuntos 
científicos diversos, apresentados em relatórios, comunicações, memórias, ensaios, assinados por nomes de 
projeção do meio científico brasileiro”. Ver maiores informações em: VERGARA, Moema. Ciência e literatura: 
a Revista Brasileira como espaço de vulgarização científica. Sociedade e Cultura, vol. 7, núm. 1, 2004, pp. 75-
88. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/703/70370106.pdf. Acesso em 06 mar.2020. 
http://www.scielo.br/pdf/alea/v19n3/1807-0299-alea-19-03-651.pdf
http://www.scielo.br/pdf/alea/v19n3/1807-0299-alea-19-03-651.pdf
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/5363/4769
https://www.redalyc.org/pdf/703/70370106.pdf
26 
 
postuladas tinham por propósito promover a educação científica e incentivar a produção 
nacional no terreno científiconão estando restrita à importação e à difusão de saberes de 
outros centros. De forma semelhante observa-se a própria função do Instituto Nacional do 
Livro. Pautado na divulgação de obras essenciais para a “cultura nacional”, o INL dedicou-se 
à publicação de coleções de autores ditos clássicos5, lançados em suas coleções especiais 
como a “Biblioteca popular brasileira”, “Biblioteca científica brasileira” etc. 
No cerne dessas questões investigadas, por meio, das publicações promovidas pelo 
INL através de suas coleções, identifica-se um processo de canonização de autores 
considerados representantes da história da literatura brasileira. Pelo conceito de cânone 
compreende-se um processo no qual atuam vários fatores, por meio dos quais agem relações 
com elementos de natureza político-institucional que carecem de instâncias decisivas para se 
constituir6. 
Essas referências teóricas são as que endossam a confecção desta tese de doutorado. 
Por meio delas, a proposta desta pesquisa se constitui e se reforça. 
Através das fontes elencadas, pode-se perceber a importância de se estudar a 
circulação dos impressos num momento em que o livro ocupou lugar de destaque nas 
iniciativas público e privadas, culminando em formulações de políticas culturais cristalizadas 
no Brasil por meio do Estado Novo. Conforme aponta Eliana Dutra7, a essência dessas 
práticas em torno do livro visou a uma pedagogia da nacionalidade e dedicaram-se à 
formação do leitor, utilizando-se de vários gêneros literários, diversas mídias e práticas 
culturais. 
No que concerne os intercâmbios entre Brasil-Portugal, participaram ativamente o 
Instituto Nacional do Livro e o Serviço Nacional de Informações (SNI). Assim, no âmbito do 
levantamento arquivístico realizado em Portugal foram analisados documentos do fundo 
Serviço Nacional de Informação (SNI), do Instituto Superior de Bibliotecas e Arquivos 
(ISBA) depositados no Arquivo Nacional Torre do Tombo, além de levantamento 
bibliográficos na Biblioteca Nacional de Portugal e no Instituto Camões. Os documentos 
 
5Acerca da definição de clássico, ver: VIALA, Alain. Qu’est-ce qu’un classique? Bulletin des bibliothèques de 
France, Paris, t. 37, v. 1, 1992, p. 6-15. SERRY, Hervé. Constituer un catalogue littéraire. La place des 
traductions dans l’histoire des Éditions du Seuil. Actes de la recherche en sciences sociales, Paris, v. 144, 2002, 
p. 70-79. 
6BAPTISTA, Abel Barros. O livro agreste: ensaio de literatura brasileira. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 
2005. 
7DUTRA, Eliana de Freitas. Cultura. In: GOMES, Angela de Castro [coord.]. Olhando para dentro: 1930-1964, 
volume 4. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. Coleção História do Brasil Nação, vol.4, pp. 229-274. 
27 
 
investigados apontaram para as relações editoriais entre intelectuais do Instituto Nacional do 
Livro e o governo português, além das quais se verificou a presença e a atuação prioritária da 
editora “Livros do Brasil”, grupo editorial português que foi responsável pelas relações de 
mediação entre autores do Instituto Nacional do Livro e a disponibilização de obras e 
documentos portugueses para a redação de livros no Brasil, como é o caso do livro “A 
demanda do Santo Graal”, de autoria de Augusto Magne, analisado com atenção nesta tese. 
 
O Instituto Nacional do Livro, um órgão pela educação: o delinear de uma tese 
 
Historicizar a nossa relação com a leitura é uma forma de nos desembaraçarmos 
daquilo que a história pode nos impor como pressuposto inconsciente. 
[...] 
Se é verdade que o que eu digo da leitura é produto das circunstâncias nas quais 
tenho sido produzido enquanto leitor, o fato de tomar consciência disso é talvez a 
única chance de escapar ao efeito dessas circunstâncias. O que dá uma função 
epistemológica a toda reflexão histórica sobre a leitura. 
(Pierre Bourdieu)8. 
 
 
 Foi um Instituto voltado para as questões educacionais. Publicou diversos autores, 
criou prêmios literários, estabeleceu um programa editorial de coedições, planejou obras de 
cunho nacional, isto é, muitos assuntos relativos ao universo dos livros e da leitura no Brasil 
passavam pelos prelos do Instituto Nacional do Livro. Isso evidenciado nas mais de cinco 
décadas que marcaram a trajetória da Instituição. Pode-se asseverar que o INL assegurou a 
chancela a muitos intelectuais representantes da cultura nacional. 
Este trabalho trata do Instituto Nacional do Livro, mas não apenas de sua trajetória. 
Busca conhecer, por meio das políticas públicas encetadas pelo órgão, o tempo de afirmação 
de uma retórica da educação e de uma pedagogia literária, dois conceitos que serão 
evidenciados por meio da investigação da difusão das publicações, do INL a exemplo, das 
Bibliotecas9. Isso implica compreender a posição ocupada pelo Instituto Nacional do Livro 
nas malhas sociais e culturais brasileiras ao longo do tempo e não apenas na conjuntura de sua 
emergência, durante o Estado Novo. 
 
8CHARTIER, Roger (dir.). Práticas de leitura. Iniciativa de Alain Paire e tradução de Cristiane Nascimento. 2. 
Ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2001, p. 107-116. 
9Sobre esta expressão é preciso tomar nota. O que trabalho nesta tese são as coleções de livros do Instituto 
Nacional do Livro que foram denominadas pela própria instituição como “Bibliotecas”. São exemplos as 
denominações: Biblioteca de divulgação cultural; Biblioteca do estudante; Biblioteca popular etc. Mais adiante 
nos capítulos as obras e a própria história destas coleções será tratada. 
28 
 
Uma das características mais marcantes do Instituto do Livro foi a de se voltar para os 
assuntos educacionais do país. Em diversos momentos políticos da história do Brasil, a função 
do INL foi a de atender aos princípios básicos do Plano Nacional de Educação criado em 
1934, além de dotar as bibliotecas públicas com obras características do interesse nacional. 
Em paralelo aos intuitos educacionais, compunha-se uma pedagogia literária composta das 
obras básicas a respeito da cultura e voltada a “incorporá-la a milhões de brasileiros, ainda à 
margem dela” 10. 
Desde seus primórdios, o INL serviu ao objetivo de produzir livros voltados à escola 
ou aos estudantes, mesmo que não fosse uma produção propriamente didática. O objetivo do 
Instituto era o de contribuir para superar o atraso do Brasil em relação aos processos de 
expansão da leitura, que foram cuidadosamente tratados pelos intelectuais, a partir dos anos 
30 do século XX. 
Assim, o INL produziu, ao longo dos anos, políticas de edições variadas que 
englobaram a produção de uma Enciclopédia Brasileira e de um Dicionário de Língua 
Nacional entre os anos de 1937-1973; coleções de livros que até o ano de 1945 
compreenderam os títulos: coleção biblioteca popular; coleção obras raras; coleção obras 
completas dos grandes autores brasileiros; coleção do estudante; bibliografia brasileira; 
bibliografias especiais e biblioteconomia. Depois desta data, as coleções abrangeram novos 
títulos, no decorrer dos anos 1950-60, tais como: biblioteca científica brasileira; biblioteca de 
divulgação cultural; biblioteca popular brasileira; biblioteca do sesquicentenário; coleção 
cultura brasileira; coleção de traduções de grandes autores brasileiros; coleção de dicionários 
especializados; coleção documentos e obras completas de autores como, por exemplo, 
Saturnino Brito e Epitácio Pessoa. Nas décadas de 1970-80 a ação do INL pautou-se quase 
exclusivamente pelo programa de coedições e dos livros didáticos, encerrando assim, a 
própria história da Instituição, extinta no início de 1990. 
 Pode-se afirmar que esse compromisso com a produção didática, tornou-se ainda mais 
relevante quando, em 1971, o Instituto Nacional do Livro recebeu, por decreto, a 
responsabilidade de assumir a direção e o controle do projeto do livro didático. A época, o 
Ministro da Educação era Jarbas Passarinho (1970/1974) e a direção do INL,esteve a cargo 
 
10SANTOS, José Renato Pereira dos. Apresentação. In: MEYER, Augusto. Preto & Branco. Rio de Janeiro: 
MEC/INL, 1956. 
 
29 
 
da escritora Maria Alice Barroso (1970/1974). Dentre as principais atividades realizadas nesta 
seara, a mais importante foi o programa de coedições de livros didáticos. Este projeto de 
edição nasceu no interior de uma atribuição mais geral estabelecida para o Instituto do Livro 
de desenvolver o Programa Nacional do Livro Didático; de definir as diretrizes para 
formulação do programa editorial e planos de ação do MEC; de autorizar a celebração de 
contratos, convênios e ajustes com entidades públicas e particulares e com autores, tradutores 
e editores, gráficos, distribuidores e livreiros11. 
Basicamente o Programa do Livro Didático desenvolveu-se a partir de 1971, por meio 
do PLIDEF – Programa do Livro Didático – Ensino Fundamental; PLIDEM – Programa do 
Livro Didático – Ensino Médio; PLIDES – Programa do Livro Didático – Ensino Superior; 
PLIDESU – Programa do Livro Didático – Ensino Supletivo e PLIDECOM – Programa do 
Livro Didático – Ensino de Computação. Todos estes programas foram criados em 
decorrência do decreto presidencial que pôs fim ao COLTED (Comissão do Livro Técnico e 
Livro Didático), ficando delegado ao INL a responsabilidade de desenvolver o programa antes 
atribuído à Comissão12. 
Sob a direção do INL, pretendia-se uma mudança gradativa da filosofia didática que 
norteava o Programa do Livro Didático, como aponta João Batista Araújo e Oliveira (1987). 
Assim sendo, previa-se o estabelecimento de critérios técnicos e pedagógicos para a seleção 
dos títulos coeditados que seguiriam o curso assim descrito: as editoras enviavam ao INL os 
livros editados; do INL saíam para o Departamento de Ensino Fundamental do MEC, local 
onde os títulos seriam selecionados; dali, o INL encaminhava a relação dos escolhidos às 
Secretarias de Educação dos estados que procediam a uma segunda análise daqueles que 
melhor se adaptassem ao trabalho; retornando ao INL procediam-se às normas das 
coedições13. 
Quando da saída de Maria Alice Barroso do Instituto, a partir de 1974, o programa do 
livro didático foi redefinido, após inúmeras polêmicas e propostas discutidas no Congresso. 
Desde esta época, o livro didático passou para a ser gerido pela Fundação Nacional do 
 
11OLIVEIRA, João Batista Araújo e. A política do livro didático. São Paulo: Summus; Campinas: Ed. Da 
Universidade Estadual de Campinas, 1984. 
12OLIVEIRA, 1987, p. 57-58. 
13OLIVEIRA, 1987, p. 59. A respeito da questão do livro didático, ver a parceria MEC/USAID. Com a quebra 
das relações entre Brasil e Estados Unidos traduzida no fim do MEC/USAID, foi criado o Fundo do Livro 
Didático que previa a contribuição estadual de verbas para a edição dos livros. 
30 
 
Material Escolar (FENAME)14, determinação realizada com a promulgação do Decreto-lei nº 
77.107, de 04 de fevereiro de 197615. Esta lei dispôs sobre a edição e distribuição de livros-
textos transferindo-os para a FENAME. Assim procedendo, houve um convênio entre a 
FENAME e as Secretarias Estaduais de Educação, obrigando o governo central a distribuir 
um determinado montante de livros ao sistema de alunos carentes do antigo 1º grau, cabendo 
aos estados participarem da com uma contrapartida material e financeira16. Assim, a 
FENAME tornou-se o mais importante órgão de decisão das políticas do livro didático 
durante o período do regime civil-militar17, quando passou a coeditar com editoras privadas. 
Algum tempo depois, com a nova configuração, a partir dos anos 1980, das novas políticas 
educacionais para os livros didáticos, surgiriam novas editoras que se fortaleceriam com o 
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)18. 
Desse modo, para compreender estas e outras singularidades do estudo de uma 
Instituição dedicada ao livro e ao seu universo, é preciso pensar nas construções desse objeto 
sociológico, de suas condições materiais e as conformações cognitivas de possibilidade 
quando foi feita a pesquisa. 
Atualmente, trabalha-se com a ideia de que “editar é um ato de intervenção na 
construção da cultura e da ideia de cultura e na formação e transformação dos espaços”19. É 
um marco dos estudos acerca da história do livro e da leitura suas produções acadêmicas 
sistemáticas com o lançamento de L’Apparition du livre, de Lucien Febvre e Henri-Jean 
Martin, em 1957, na França, posteriormente traduzido para o português, em 1992. Esta é, 
reconhecidamente, a primeira contribuição para o programa de estudos sobre a história do 
livro. Mais tarde, foi no transcorrer na década de 1980, momento de consolidação da chamada 
História Cultural, que se consolidou um campo de especialização acadêmica nesta área. 
 
14A Fundação Nacional do Material Escolar havia sido criada pelo decreto nº5.327 de 1967 em substituição à 
Campanha Nacional de Materiais de Ensino (CNME), fundada durante o governo Juscelino Kubitscheck que se 
responsabilizava, inicialmente, pelos estudantes carentes. 
15Decreto-lei nº 77.107 de 04 de fevereiro de 1976. Dispõe sobre a edição e a distribuição de livros textos e dá 
outras providências. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-77107-4-
fevereiro-1976-425615-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 13 mar.2020. 
16OLIVEIRA, 1987, p. 64. 
17A expressão “civil-militar” é resultado das pesquisas recentes sobre a Ditadura Militar. Sobre este tema, ver: 
REIS, Daniel Aarão [coord.]. Modernização, Ditadura e Democracia. 1964-2010. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2014 (História do Brasil Nação: 1808-2010; 5). 
18FILGUEIRAS, Juliana Miranda. As políticas para o livro didático durante a ditadura militar: a COLTED e o 
FENAME. Hist. Educ. (online). Porto Alegre, v.19, n.45, Jan/abr., 2015, p.85-102. 
19MEDEIROS, Nuno. O livro no Portugal contemporâneo. Lisboa: Outro Modo; Le Monde Diplomatique, 2018. 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-77107-4-fevereiro-1976-425615-publicacaooriginal-1-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-77107-4-fevereiro-1976-425615-publicacaooriginal-1-pe.html
31 
 
Internacionalmente, as publicações de Roger Chartier20 e de Robert Darnton21 representam o 
corolário destas produções. Dentre os estudos sobre a história dos livros e suas edições, há de 
se incluir os nomes de Janice Radway22 e Karl Kaestle23, além de Simon Elliot24, Elizabeth 
Eisenstein25 para citar os casos de língua inglesa. É bem verdadeiro, que há de se ter em conta 
também a presença da produção portuguesa, não apenas, em razão das pontes atlânticas que 
interligam Brasil e Portugal há séculos, mas porque há de se destacar as pesquisas 
desenvolvidas por Diogo Ramada Curto26, João Luís Lisboa27 e Nuno Medeiros28. 
Na América Latina, o campo da história do livro se expandiu amplamente e é preciso 
citar os trabalhos desenvolvidos por Márcia Abreu, Nelson Schapochnik, Aníbal Bragança29, 
Gustavo Sorá, Jean Yves-Mollier, Gabriela Pellegrino, Graciela Batticuore, Renan Silva, 
 
20São exemplos: CHARTIER, Roger. Por uma sociologia histórica das práticas culturais. In: __________. A 
História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: DIFEL, 1988, p. 13-28. CHARTIER, Roger. 
Introdução. Ler um texto que não existe. In:_____________. Cardenio entre Cervantes e Shakespeare: história 
de uma peça perdida. Tradução Edmir Missio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 07-16. 
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v.5, n.11, p. 173-191, 1991; 
CHARTIER, Roger. Defesa e ilustração da noção de representação. Fronteiras, Dourados/MS, v.13, n. 24, p. 15-
29, Jul./Dez. 2011; CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 1990. 
21Como exemplo pode-se citar: DARNTON, Robert. O que a história do livro? Revisitado. ArtCultura, 
Uberlândia, v.10, n. 16, p. 155-169, jan.-jun. 2008. Disponível em: 
http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF16/R_Darnton.pdf. Acesso em 07. Out. 2018. DARNTON, Robert. O 
grande massacre de Gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986. DARNTON, Robert. “The revival of narrative: 
reflections on a new old History”. Past and Present, 85, 1979. DARNTON, Robert. Boemia literária e 
revolução: o submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. DARNTON, 
Robert. O Iluminismo como negócio: historia da publicação da “Enciclopédia” 1777- 1800. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1996. 
22RADWAY, Janice. A Feeling for Books. The book-of-the-Month Club, literary taste, and middle-class desire. 
Chapel Hill e Londres. University of North Carolina Press, 1997. 
23KAESTLE, Karl; RADWAY, Janice. A framework for the history of publishing and reading in the United 
States, 1880-1940. In: _______________. A History of the Book in America, vol.4, Print in Motion. 
24ELIOT, Simon. Very necessary but not quite sufficient: a personal view of quantitative analysis in book 
history. Book History, vol.5, p.283-293, 2002. 
25EISENSTEIN, Elizabeth. Divine Art, Infernal Machine. The reception of printing in the West from first 
impressions to the sense of an ending. Filadélfia e Oxford: University of Pennsylvania Press, 2011. 
26CURTO, Diogo Ramada. Cultura escrita séculos XV-XVIII. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2007; 
________________. História política da cultura escrita. Lisboa: Verbo, 2015. 
27Lisboa, João L. Ciência e Política. Ler nos finais do Antigo Regime. ed. 1, 1 vol.Lisboa: INIC, 1991. Lisboa, 
João L; Melo, Daniel. Passos decisivos duma empresa editorial. In: História e património da edição - a 
Romano Torres, ed. Daniel Melo. Lisboa / Famalicão: Húmus / CHAM, 2015, p. 31-48. 
28MEDEIROS, Nuno. Edição e editores. O mundo do livro em Portugal, 1940-1970. Lisboa: Imprensa de 
Ciências Sociais (ICS), 2010. 
29Para o caso brasileiro há as produções de Aníbal Bragança e Gustavo Sorá traduzidas nos seguintes trabalhos: 
BRAGANÇA, Aníbal. Antecedentes da instalação hipertardia da tipografia no Brasil (1747-1808). Floema 
(UESB), v. 5A, p. 115-137, 2009; BRAGANÇA, Aníbal. O papel e o pixel. Do impresso ao digital, José Afonso 
Furtado. Páginas a&b. Arquivos & Bibliotecas , v. 17, p. 99-101, 2006; BRAGANÇA, Aníbal. Livraria Ideal, 
do Cordel à Bibliofilia. 2. ed. São Paulo: Edusp; Com-Arte, 2009. v.1. 242p; BRAGANÇA, Aníbal. Rei do 
Livro: Francisco Alves na História do Livro e da Leitura no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2016. Coleção Memória 
editorial. SORÁ, Gustavo. Traducir el Brasil. Uma antropologia de la circulación internacional de ideas. Libros 
del Zorzal, 2003. 
http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF16/R_Darnton.pdf
32 
 
Tânia Bessone e Lúcia Bastos30, para citar alguns exemplos. Todos eles destacam o papel dos 
leitores, das práticas de leitura, da circulação dos textos, do desenvolvimento das práticas 
textuais no Brasil e na América Latina. No Brasil, a historiografia da edição tem a origem 
com a edição de O livro no Brasil (Sua história)31, pesquisa do bibliotecário Laurence 
Hallewell. Acrescem-se a esta, pesquisas acadêmicas desenvolvidas no seio da história 
intelectual e do livro nacional brasileiro que se desenvolveram nas últimas décadas, 
encampadas por inúmeros autores, entre os quais se podem citar os trabalhos dos autores 
acima32. 
No caso específico do Instituto Nacional do Livro há muito que se dizer. Frente às 
cinco décadas que marcam a história desta instituição, verifica-se a inexistência de estudos 
que o abordem enquanto um órgão inscrito no período do que conceituo por retórica da 
educação e tampouco há aqueles que dele se apropriem enquanto uma instância atenta à 
promoção de uma educação letrada da nação. Isto posto, o que se tem da produção acerca do 
Instituto do Livro está pautada pela produção de estudos que abordam, cada um deles, 
exclusivamente, aspectos pontuais do órgão, tais como: a questão do livro didático, as 
relações com as políticas públicas dos Estados ditatoriais, a edição da Enciclopédia Brasileira 
ou o conjunto de outros temas específicos referidos ao INL. Entretanto, mesmo entre as 
alternativas mais bem elaboradas que dominaram o debate acerca do órgão, não estão 
contempladas as mutações sofridas pela instituição, bem como, os estudos ignoram os 
quadros intelectuais que compuseram as “cadeiras” do INL e que estiveram em profundas 
relações com outras instituições, como a Academia Brasileira de Letras e o Instituto Histórico 
e Geográfico Brasileiro, por exemplo, desconsiderando as decisões editoriais, as perspectivas 
 
30Uma excelente demonstração dos estudos sobre História do Livro e da Leitura na América Latina que está 
corporificado na edição dos textos apresentados na obra Escrita, Edição e Leitura na América Latina que 
representa a compilação dos trabalhos discutidos no I Congresso Latino Americano da Sharp: A Cidade das 
Letras que se realizou no Rio de Janeiro, campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense (Niterói), 
entre os dias 05 e 08 de novembro de 2013. Para maiores detalhes ver: SCHAPOCHNIK, Nelson; VENANCIO, 
Giselle Martins (orgs.). Escrita, edição e Leitura na América Latina. Niterói: PPGHistória-UFF, 2016. 
31HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua História. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 
2012. 
32Os principais trabalhos dos autores citados e que são contributos para os estudos de História da Leitura são: 
ABREU, M. Introdução: literatura e história – presença, leitura e escrita de romances. In: ABREU, M. (Org.). 
Trajetórias do romance: circulação, leitura e escrita nos séculos XVIII e XIX. Campinas: Mercado de 
Letras/Fapesp, 2008. p. 11-19. ABREU, M. Nos primórdios d. p. 197-220. ABREU, M. Conectados pela ficção: 
circulação e leitura de romances entre a Europa e o Brasil. O Eixo e a Roda: revista de literatura brasileira, Belo 
Horizonte, p. 15-40, 2013a. ABREU, M. O gosto dos leitores – a recepção de romances como problema para a 
história literária. In: SALES, G. M. A. et al. Interpretação do texto, leitura do contexto. Rio de Janeiro: 7 
Letras/Capes, 2013b. p. 167-187. ABREU, M. Uma comunidade letrada transnacional. In: ABREU, M.; 
MIDORI, M. (Org.). A circulação transnacional dos impressos: conexões. Campinas: Publiel, 2014; Abreu, M., 
& Schapochnik, N. (2005). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. São Paulo, SP: Fapesp. 
33 
 
de concepção das obras e principalmente a intenção de condicionar a recepção dos textos 
publicados por meio da organização de coleções e bibliotecas extramuros33 para um público 
segmentado. 
Por isso, ainda que buscassem historiar cada época do Instituto Nacional do Livro 
sobre a qual se debruçavam, pouco fizeram, para compreendê-lo mais do que como um órgão 
reprodutor das determinações governamentais. Nesse sentido, não surpreende a inexistência 
de um trabalho que contemple as transformações do Instituto e os seus diferentes projetos, 
como é o objetivo desta tese. 
Assim, pode-se propor a organização da produção bibliográfica sobre o Instituto 
Nacional do Livro separando-a em temas principais, assim categorizados: a) aqueles que 
analisam a instituição em períodos ditatoriais; b) os que abordam os projetos da Enciclopédia 
Brasileira; c) os que tratam das políticas de edição e dos livros didáticos; d) os que se detêm 
na formação nacional brasileira e/ou nas suas relações com Portugal; e) e, por fim, aqueles 
que se atêm nas relações entre o Instituto e as editoras. 
No primeiro grupo, pode-se inserir a tese de Ricardo Oiticica, intitulada Instituto 
Nacional do Livro e as ditaduras: Academia Brasílica dos Rejeitados34 (1997) defendida no 
Departamento de Letras da PUC-RJ; o artigo de Andréa Lemos Xavier Galúcio cujo título é A 
política editorial do Instituto Nacional do Livro no regime militar (2011)35 e a obra Os 
cardeais da cultura nacional: o Conselho Federalde Cultura na Ditadura civil-militar (1967-
1975) (2012) de Tatyana Maia36. O escopo dos dois primeiros estudos centra-se numa 
discussão que se detém mais na questão da forma como o Instituto Nacional do Livro atuou 
enquanto uma instância reprodutora do Estado de exceção, com medidas que beneficiavam os 
autores e também os censuravam por meio de suas políticas públicas. À diferença dos dois 
anteriores a obra de Tatyana Maia se dedica a demonstrar a construção de uma rede de 
sociabilidade dos “homens da cultura”, isto é, intelectuais atuantes no Conselho Federal de 
Cultura e em outras instituições, tais como o Instituto Nacional do Livro. 
 
33CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietudes. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 
2002. 
34OITICICA, Ricardo. O Instituto Nacional do Livro e as ditaduras: Academia Brasílica dos Rejeitados. Tese de 
doutorado. Departamento de Letras. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1997. 
35GALÚCIO, Andréa Lemos Xavier. A política editorial do Instituto Nacional do Livro no regime militar. II 
Seminário Internacional de Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa, 2011. Disponível 
em:http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2011/11/Andrea-Lemos-Xavier-
Gal%C3%BAcio.pdf. Acesso em 17 set.2018. 
36MAIA, Tatyana de Amaral. Os cardeais da cultural nacional: o Conselho Federal de Cultura na ditadura civil-
militar (1967-1975). Organização da coleção Lia Calabre. São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012. 
http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2011/11/Andrea-Lemos-Xavier-Gal%C3%BAcio.pdf
http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2011/11/Andrea-Lemos-Xavier-Gal%C3%BAcio.pdf
34 
 
No segundo conjunto das produções podem ser alocados os estudos que se detiveram 
no projeto da Enciclopédia Brasileira do Instituto Nacional do Livro. Neste escopo inserem-
se, especialmente, duas produções, a saber, o artigo de Adriana Facina Gurgel do Amaral sob 
o título de Uma Enciclopédia à Brasileira: o projeto ilustrado de Mário de Andrade37 (1999); 
e a minha própria dissertação intitulada Um Brasil inapreensível: história dos projetos da 
Enciclopédia Brasileira do Instituto Nacional do Livro (2016)38. O texto de Adriana Facina se 
inscreve na recuperação do projeto de Mário de Andrade quando da transferência para a 
capital federal em finais dos anos 1930 e abrange os esboços do projeto da Enciclopédia. 
Distintamente, minha dissertação adota como fio condutor a trajetória histórica do Instituto do 
Livro, recuperando os diferentes planejamentos da Enciclopédia ao longo dos anos 1936 até 
1973, período em que foi extinta, demonstrando com isso, a mudança de concepção dos 
planos e da própria atuação do INL. Com isso, minhas investigações “destronaram” o 
conhecimento relativamente consolidado segundo o qual o Instituto do Livro dispunha de 
recursos para seguir adiante com o projeto em curso da Enciclopédia Brasileira. 
No terceiro bloco das produções têm-se aquelas dedicadas à análise das políticas 
culturais do livro e da leitura, além das que se dedicam exclusivamente, às questões referentes 
ao livro didático. A respeito das políticas públicas para leitura inscreve-se o texto de Aníbal 
Bragança intitulado As políticas públicas para o livro e a leitura no Brasil: O Instituto 
Nacional do Livro (1937-1967) (2009)39. No que concerne às relações com livros didáticos, 
tem-se os textos de Erica da Silva Xavier e Maria de Fátima da Cunha cujo título é Entre a 
indústria editorial, a academia e o estado: o livro didático de história em questão (2012) e o 
de Tatiana Feitosa de Britto intitulado O Livro didático, o mercado editorial e os sistemas de 
apostilados (2011)40. Todos esses textos dedicam-se a tratar o Instituto do Livro, apenas pela 
ótica das políticas públicas ou do livro didático, minimizando as outras produções do mesmo 
órgão e tampouco contemplando as discussões remetentes a produção e a circulação 
intelectual. 
 
37AMARAL, Adriana Facina Gurgel do. Uma Enciclopédia à Brasileira: o projeto ilustrado de Mário de 
Andrade. Estudos Históricos, 1999, v.24. 
38TAVARES, Mariana Rodrigues. Um Brasil inapreensível: história dos projetos da Enciclopédia Brasileira do 
Instituto Nacional do Livro. Dissertação de Mestrado em História. Programa de Pós-graduação em História. 
Universidade Federal Fluminense. 2016. 
39BRAGANÇA, Aníbal. As políticas públicas para o livro e a leitura no Brasil: O Instituto Nacional do Livro 
(1937-1967). Matrizes, ano 2, n.2, primeiro semestre de 2009. 
40Sobre o artigo de Tatiana Brito é preciso considerar que o mesmo incorre no erro da data atribuída a criação do 
Instituto Nacional do Livro, demonstrando, com isso, mais uma vez a necessidade de se debruçar sobre a história 
desta instituição. 
35 
 
No quarto e penúltimo grupo temos o trabalho de Marcus Vinicius Correa Carvalho, 
intitulado O Instituto Nacional do Livro e os Modernistas: Questões para a História da 
Educação Brasileira41. Juntamente com esta publicação, pode-se ainda considerar os estudos 
de Ângela de Castro Gomes e Eliany Araújo. Na obra A República, a História e o IHGB42, 
Angela de Castro Gomes trata das instituições criadas pelo Estado Novo de Getúlio Vargas 
comparativamente com a estrutura política institucional de Portugal no mesmo período. Neste 
levantamento, insere brevemente o Instituto Nacional do Livro desde os seus primórdios, 
quando ainda tinha as feições do Instituto Cayrú. No entanto, a autora não tem o INL como 
seu objeto principal de análise. Numa vertente diferente, o trabalho A palavra e o silêncio: 
Biblioteca Pública e Estado Autoritário no Brasil43, de Eliany Alvarenga de Araújo, busca a 
compreensão da relação entre Estado autoritário e as bibliotecas públicas no Brasil, por meio 
da análise da documentação oficial produzida através das políticas culturais gestadas nos 
períodos do Estado Novo (1937-1945) e do governo militar (de 1964 a 1970). Também seu 
estudo não tinha como objeto o INL, embora se referisse a ele de modo tangencial como parte 
das instituições promotoras das políticas públicas de leitura. 
Há que se acrescerem outros três trabalhos que orbitam na temática das políticas 
governamentais para o estabelecimento das bibliotecas públicas. Seguindo a ordem 
cronológica de publicação, tem-se a dissertação de mestrado de Suely Braga da Silva (1992) 
intitulada O Instituto Nacional do Livro e a institucionalização de organismos culturais no 
Estado Novo (1937-1945): planos, ideais e realizações44. O propósito da pesquisa de Suely 
Braga centra-se na organização e na manutenção das bibliotecas públicas em território 
nacional, baseando-se nos registros destas instituições realizados pelo próprio Instituto 
Nacional do Livro. Há dimensões que a autora deixa lacunas, tais como: a edição de coleções, 
bibliografias e o projeto da Enciclopédia Brasileira do Instituto que, na época contemplada 
pela estudiosa, contou com um dos mais célebres planos, isto é, o de Mário de Andrade. Além 
do trabalho de Braga, há outros dois que merecem destaque. O primeiro é de autoria de 
Bárbara Júlia Menezello Leitão, Bibliotecas públicas, bibliotecários e censura na Era Vargas 
 
41CARVALHO, Marcus Vinicius Corrêa. O Instituto Nacional do Livro e os Modernistas: Questões para a 
História da Educação Brasileira. Cadernos de História da Educação – v.11, n.2 – jul./dez.2012, pp.543-557. 
42GOMES, Angela Maria de Castro. A República, a história e o IHGB. Belo Horizonte, MG: Argumentum, 
2009. 
43ARAÚJO, Eliany Alvarenga de. A palavra e o silêncio: biblioteca pública e estado autoritário no Brasil. João 
Pessoa: Editora Universitária, UFPB, 2002. 
44SILVA, Suely Braga da. O Instituto Nacional do Livro e a institucionalização de organismos culturais no 
Estado Novo (1937-1945): planos, ideais e realizações. Rio de Janeiro, UFRJ/ECO/IBICT, 1992. Dissertaçãode 
mestrado. 
36 
 
e regime militar: uma reflexão45 (2011). Assim como o anterior, o foco da autora é a 
dimensão das bibliotecas e, por esse motivo, ela constrói a narrativa sobre o INL destacando 
apenas a perspectiva biblioteconômica, a saber, a da estruturação das bibliotecas. 
Por fim, insere-se a mais recente publicação. Sua autoria compete a Raquel Juliana 
Prado Leite de Sousa (2018) e seu artigo tem o título de Políticas públicas e o Instituto 
Nacional do Livro: análise exploratória à luz da História e Teoria da Educação brasileira46. 
Apesar de ser mais uma produção da Biblioteconomia, ao contrário dos anteriores, Raquel 
Sousa propõe uma analogia entre a História da Educação do Brasil e suas respectivas fases, 
comparando-as com a organização do Instituto Nacional do Livro, a qual ela atribui etapas 
correspondentes. Ainda que este último trabalho se assemelhe, em termos cronológicos e 
temáticos, com o que proponho, ele se diferencia no aspecto teórico, pois, o foco desta tese é a 
análise do que denomino por retórica da educação, conceito que será amplamente explorado 
mais adiante. 
Ainda podemos considerar aqueles estudos que se dedicaram a abordar temáticas 
próximas ao INL. Dentre estes, podemos citar a tese de Gisella Amorim Serrano, A política 
editorial do Acordo Cultural de 1941 e o Pan-Lusitanismo (1941-1949)47. Amorim Serrano 
detém-se na análise da política editorial firmada entre Brasil e Portugal no ano de 1941, por 
meio da investigação do Acordo Cultural estabelecido entre esses dois países. Ao tratar o 
Acordo entre o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), no Brasil, e o Secretariado de 
Propaganda Nacional (SPN), em Portugal, a autora se refere às políticas empreendidas 
também pelo INL, cuja produção é analisada rapidamente tendo em vista que o seu objetivo 
centrava-se em outros temas. 
Além do trabalho Gisella Serrano, há o de Andrea Galúcio a respeito do papel das 
editoras Civilização Brasileira e Brasiliense48 durante o período da ditadura civil-militar e do 
processo de “censura” sofrido pelas respectivas casas editoriais no INL. Neste trabalho, a 
autora analisa mais amplamente o Instituto como censor do que como agente produtor de 
livros ou como vetor de políticas públicas de leitura. 
 
45LEITÃO, Bárbara Júlia Menezello. Bibliotecas públicas, bibliotecários e censura na Era Vargas e regime 
militar: uma reflexão. Rio de Janeiro: Interciência; Niterói: Intertexto, 2011. 
46SOUSA, Raquel Juliana Prado Leite de. Políticas de bibliotecas públicas e o Instituto Nacional do Livro: 
análise exploratória à luz da História e Teoria da Educação Brasileira. Revista Brasileira de Biblioteconomia e 
Documentação, v. 14, n. 3, set./dez. 2018. 
47SERRANO, Gisella de Amorim. Caravelas de Papel: A política editorial do Acordo Cultural de 1941 e o pan-
lusitanismo (1941-1949). Tese de doutorado, Belo Horizonte, UFMG, 2009. 
48GALÚCIO, Andrea. O papel das editoras Civilização Brasileira e Brasiliense durante o processo de abertura 
política no Brasil (1979-1985). In: XI Encontro Regional de História, 2004, Rio de Janeiro. 
37 
 
No último conjunto dos estudos, é necessário inserir o trabalho de Leilah Santiago 
Bufrem (2001)49. Com o título Editoras universitárias no Brasil: uma crítica para a 
reformulação da prática, Leilah Bufrem propõe o resgate da história editorial no Brasil com 
ênfase na estruturação do mercado de editoras universitárias. Como um dos protagonistas do 
cenário editorial brasileiro do século XX, o INL é conceituado pela autora como “órgão 
cooperador da iniciativa privada”50. Ainda que a intenção não seja a de reduzir a atuação e o 
papel do órgão ao longo do século XX, Bufrem questiona certa falta de ação da instituição 
junto às editoras universitárias, esquecendo-se, talvez, de que o objetivo primordial do 
Instituto do Livro foi o de atender as demandas da educação geral da sociedade brasileira e 
não especificamente as do setor editorial privado. 
Embora todos os textos citados nos permitam conhecer grande parte da atuação do 
Instituto Nacional do Livro no Brasil, o fato deles não adotarem esta Instituição como seu 
foco central impossibilitou que se realizasse uma análise mais integral de suas políticas 
voltadas para a educação e o letramento. Além disso, todos esses estudos trataram o Instituto 
Nacional do Livro, sem abordar detidamente a Revista do Livro, periódico produzido pelo 
órgão com o objetivo de divulgar suas ações. 
Contudo, foi possível localizar duas teses que se dedicaram exclusivamente à Revista 
do Livro. A primeira delas é de autoria de Claudiner Buzinaro, da Faculdade de Ciências e 
Letras de Assis (UNESP) e se intitula Revista do Livro, porta voz do INL: memória e 
indexação de um periódico do século XX (2006)51. A tese de Buzinaro dedica-se a abordar a 
Revista do Livro a partir da ótica do contexto político e social do Instituto Nacional do Livro, 
atendo-se minuciosamente às edições deste periódico pelo INL, aos textos veiculados e, 
principalmente, aos processos arquivísticos de Indexação. Como conclusão e resultado deste 
trabalho, Buzinaro demonstra de que maneira foi realizada a organização da Revista do Livro. 
Entretanto, o autor não menciona duas das edições deste periódico publicadas nos anos de 
1939-1940. 
A segunda tese é de autoria de Fernando Floriani Petry do Programa de Pós-graduação 
em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) cujo título é Revista do 
 
49BUFREM, Leilah Santiago. Editoras universitárias no Brasil: uma crítica para a reformulação da prática. São 
Paulo: Edusp: Com-arte; Curitiba: Editora da Universidade UFPR, 2001. 
50BUFREM, p.55. 
51BUZINARO, Claudiner. Revista do Livro, porta-voz do INL: memória e indexação de um periódico do século 
XX. Tese de doutorado. São Paulo: UNESP, 2006. 
38 
 
Livro: um projeto político, literário e cultural (2015)52. De forma semelhante ao anterior, o 
trabalho de Petry também faz uma longa apresentação dos contextos histórico-políticos da 
Revista do Livro e sua atribuição como periódico oficial do INL. A proposta do autor é 
também promover um auxílio ao procedimento de Indexação realizado pelo Núcleo de 
Estudos Literários & Culturais (NELIC) da UFSC53. 
Nesta tese, diferentemente dos trabalhos anteriormente citados, adota-se a linha da 
investigação sobre a história do livro e da edição como multifacetada e orientada para o caso 
empírico do Instituto Nacional do Livro. A principal percepção consiste em observar que a 
atividade editorial se inscreve, assim, como instrumento institucional de mediação entre 
autores e públicos (MEDEIROS, 2015)54. Nas palavras de Powell, citadas por Nuno 
Medeiros, “os editores decidem que tipos de livro serão oferecidos ao público e com quanto 
vigor serão comercializados. Ao fazê-lo, moldam a criação e a dispersão de ideias, do 
conhecimento científico e da cultura popular” (Powell, 1985, p.15-16) apud Medeiros, XXX). 
Desse modo, o ato de editar pode ser definido, como sugere Pierre Bourdieu, pelo “fazer 
passar do oficioso ao oficial”55. 
Pode-se afirmar então que os estudos sobre edição devem abordar um: 
 
“(...) espaço contingente e plural, aberto e situado historicamente, apreensível como 
processo sempre permeável à emergência de rupturas e recorrências, irisado por 
colorações e sutilezas, e onde se constrói a desnaturalização do livro e do 
ordenamento que por este se faz do mundo moderno” (Medeiros, XXX). 
 
Destarte, apesar de haver trabalhos que tangenciam a abordagem sobre o INL, não há 
nenhum que tenha as mesmas preocupações propostas por esta tese. Longe de pretender fixar 
linhas duras e centradas numa rigidez cronológica, esta pesquisa se concentra em apresentar a 
trajetória do Instituto Nacional do Livro por meio da historicização de suas práticas, a maioria 
delas, editoriais. Dentre essas, a presente tese se atém na análise mais detida de duas de suas 
Bibliotecas

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