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2- APOSTILA DOENÇAS-EMERGENTES

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DOENÇAS EMERGENTES, REEMERGENTES, PRECAUÇÕES 
E ISOLAMENTOS 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 1 
Sumário .................................................................................................................... 2 
Introdução .................................................................................................................. 3 
Doenças emergentes e reemergentes ..................................................................... 5 
Origem das doenças emergentes e reemergentes .............................................................. 5 
Fatores que influenciam a emergência e reemergência de doenças ................................. 12 
A Transição Epidemiológica .............................................................................................. 14 
Prevenção / medidas de controle de doenças emergentes e reemergentes ..................... 16 
Desafios frente a doenças emergentes e reemergentes...................................... 18 
A vigilância epidemiológica ............................................................................................... 20 
O papel das universidades institutos de pesquisa ............................................................. 22 
A importância da vacinação .............................................................................................. 23 
Referências .............................................................................................................. 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Gripe aviária, H1N1, sarampo, dengue e, mais recentemente, o coronavírus... 
Estas são algumas das doenças chamadas emergentes e reemergentes, que muitas 
vezes causam medo na população. Ainda assim, o primeiro passo é se manter 
informado e não entrar em pânico. Até porque a maior parte delas tem tratamento. 
 
 
Figura 1 – Doenças emergentes e reemergentes 
 
As doenças emergentes são as que surgem com impacto significativo sobre o 
ser humano, devido à sua gravidade em acometer órgãos e sistemas principais e 
potencialidade de deixar sequelas limitadoras e mesmo morte, pelas repercussões 
sociais relacionadas à sua prevalência, reveladoras de degradação ambiental, como 
é o caso da síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids) (BARRETO 1998). 
São exemplos de doenças emergentes: AIDS, a hepatite C, a febre 
hemorrágica pelo vírus Ebola, a encefalite espongiforme (doença da vaca louca), ou 
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por microrganismos que só atingiam animais e que, agora, afetam também seres 
humanos como o vírus da Febre do Nilo Ocidental, o hantavírus, etc. 
As doenças reemergentes ou resistentes às drogas são as que reaparecem 
após período de declínio significativo, como cólera e dengue no Brasil, ou ameaçam 
aumentar em futuro próximo (BARRETO; CARMO, 1994). 
Como exemplo de doença reemergente temos o sarampo. 
Vamos falar da trajetória dessas doenças ao longo do século XX e XXI, dos 
fatores responsáveis por elas, do seu perfil no Brasil, quais precauções podemos 
tomar para evita-las e o isolamento em si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Doenças emergentes e reemergentes 
 
O termo “doença emergente” refere-se a uma doença nova ou que foi 
recentemente identificada. Também se enquadra na definição uma doença conhecida 
cujos padrões do microrganismo se modificaram, ou, ainda, aumento de incidência 
nas duas últimas décadas e repentino aparecimento de casos. 
A doença emergente que vem assustando muita gente é o coronavírus, uma 
variação de um vírus identificado na década de 1960 e que tem feito muitos doentes 
na Ásia desde dezembro. Passada a primeira onda por lá, pela Europa, chegou às 
Américas e tem sido devastadora para os EUA e o Brasil. A AIDS também entra nesse 
perfil. 
Já “doença reemergente” é a doença conhecida e que estava controlada havia 
algum tempo, mas que retornou devido a alguma mudança no padrão epidemiológico, 
novos hospedeiros suscetíveis ou ainda a falta de vigilância sanitária. 
Um exemplo de doença reemergente no Brasil é o sarampo. Em 2016, o País 
recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o certificado de região 
livre do sarampo endêmico, junto com outros países do continente. Porém, desde 
2018, enfrenta uma nova disseminação da doença, com 10.429 casos confirmados 
em 2019, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. 
 
Origem das doenças emergentes e reemergentes 
 
Segundo Morse (1993), teríamos três mecanismos de surgimento dessas 
infecções, os quais podem eventualmente estarem associados: 
1. Surgimento de um novo vírus, pela evolução de uma nova variante viral. 
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2. Introdução no hospedeiro de um vírus existente em outra espécie 
(transposição da barreira de espécie). 
3. Disseminação de um vírus a partir de uma pequena população humana ou 
animal, onde este vírus surgiu ou onde foi originalmente introduzido. 
 
Reconhece-se que vários vírus, especialmente do grupo RNA, apresentam 
taxas de mutação elevadas como no caso da influenza, vírus que possui genoma 
segmentado e é capaz de atingir grande número de hospedeiros animais. Por estes 
mecanismos surgem, por seleção natural, amostras de maior virulência a partir de 
grande número de padrões genômicos circulantes. 
A possibilidade de ser alcançado qualquer ponto da terra em poucas horas pelo 
transporte aéreo, tem proporcionado o deslocamento de vetores de um continente a 
outro, bem como o contato direto do homem com áreas remotas, onde podem existir 
agentes até então desconhecidos (SCHATZMAYR, 2001). 
A importação de animais igualmente pode trazer, ao contato do homem, novos 
agentes de doença. Exemplo desse mecanismo ocorreu com o até então 
desconhecido grupo dos filovírus, os quais foram introduzidos na Alemanha, em 
macacos importados de Uganda e que causaram a morte de 8 das 31 pessoas que 
se infectaram pelo contato com os tecidos dos animais usados em pesquisas. 
Do mesmo grupo, o vírus Ebola causou surtos extensos no Zaire e Sudão em 
1976, com cerca de 600 pessoas envolvidas e porcentagens de 88% de letalidade, 
voltando em 1995 ao Zaire, igualmente com taxa de letalidade, em torno de 77%. A 
entrada de pessoas em nichos ecológicos até então isolados é aceita como a origem 
dos primeiros casos estudados na epidemia de 1995, no Zaire. 
A disseminação do Aedes aegypti e da febre amarela no Brasil, ocorreu através 
dos navios que atracavam em portos brasileiros, originando diversas epidemias, a 
primeira delas reportada no século XVI, em Recife. Pelo mesmo mecanismo e talvez 
ainda pelo transporte aéreo, o Aedes albopictus espalhou-se nos últimos anos do 
Sudeste Asiático
para todo o mundo tropical, sendo reconhecido no Brasil em 1987, 
nas proximidades do Rio de Janeiro. 
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Pelos dados disponíveis, o vírus HIV teria se originado de regiões centrais 
africanas, a partir de amostras de vírus circulando entre primatas e que foram capazes 
de passar a barreira de espécie e atingir o homem. 
A expansão da agricultura a áreas novas e as práticas de colheita e manejo de 
produtos agrícolas, levam à entrada em nichos ecológicos, onde novos agentes 
podem ser encontrados e também à atração de roedores silvestres e outros animais 
que se aproximam do homem em busca de alimento. Neste último caso, temos como 
exemplos os vírus Junin e Machupo, agentes de febres hemorrágicas na Argentina e 
Bolívia, transmitidas ao homem pela urina de roedores silvestres. 
A febre amarela, essencialmente doença de primatas, porém com capacidade 
de alcançar o homem que penetre em áreas endêmicas sem proteção vacinal, 
alcançou uma média anual de 18 casos nos últimos 15 anos. No ano de 2000 porém, 
surgiu uma epizootia em primatas, que levou a um substancial aumento de casos 
humanos, de febre amarela silvestre. 
Com a entrada de Aedes aegypti nas áreas endêmicas de febre amarela, nas 
regiões Centro-Oeste e Norte, o risco de surgimento de infecções urbanas passou a 
ser uma realidade a ser enfrentada. 
O Brasil possui a maior área endêmica do planeta e desde 1942 não há registro 
da forma urbana da febre amarela no país. O Brasil ficou, entretanto, 60 anos sem 
registrar casos de dengue. Em 1955, após 20 anos de campanhas, foi possível 
eliminar do território nacional o Aedes aegypti, principal transmissor da forma urbana 
da febre amarela e também da dengue. Em 1976 houve reinfestação no Brasil pelo A. 
aegypti, que se propagou por todo o país. Em 1986, ocorreu também o primeiro 
registro no Brasil do A. albopictus, vetor secundário da dengue nos países do sudeste 
da Ásia e suscetível à infecção laboratorial pelo vírus da febre amarela (PEDROSO; 
ROCHA, 2009). 
O dengue, causado por quatro tipos de vírus, constitui hoje a mais importante 
doença viral humana transmitida por mosquitos e no Brasil foram notificados mais de 
3.000.000 de casos nos últimos anos, desde a epidemia de 1981/1982, em Roraima 
e a primeira grande epidemia de 1986, no Rio de Janeiro. 
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Desde então a doença, acompanhando a expansão do Aedes aegypti, 
implantou-se igualmente em praticamente todo o Brasil, com a presença dos vírus tipo 
1 e 2 e 3 com risco de entrada do tipo 4, presente em países limítrofes como a 
Colômbia e Venezuela, bem como no México e no Caribe. 
O vírus Rocio surgiu em 1975/1976, na costa do sul do Estado de São Paulo 
(Vale da Ribeira) e causou uma epidemia de encefalite por cerca de dois anos. O vírus 
circulou provavelmente entre pássaros e mosquitos, principalmente Aedes scapularis 
e Psorophora ferox e não foram mais descritos casos humanos desde então. 
Ocorreram naquela ocasião, cerca de 1.000 casos, com uma taxa de letalidade de 
aproximadamente 10% e sequelas motoras, nos pacientes. 
As hepatites virais constituem um dos maiores problemas de saúde pública do 
continente americano. O vírus C (VHC) infecta 4 milhões de pessoas, com 8.000 a 
10.000 mortes anuais, e é a primeira causa de insuficiência hepática a indicar a 
realização de transplante de fígado nos Estados Unidos da América. São 150.000 
novos infectados por ano, sendo as hepatites não-A e não-B pós-transfusionais de 
maior relevância. O vírus G (VHG), descoberto em 1995, possui 25% de homologia 
com o vírus da hepatite C. A sua transmissão se dá pela transfusão de sangue 
(sangue total, concentrado de hemácias, hemoderivados - fator VIII, órgãos 
transplantados, vertical, sexual). Pode causar infecção persistente e pode se associar 
a hepatopatia, anemia aplásica, linfoma Hodgkin e não-Hodgkin. Sua prevalência é 
de 9% dos doadores de sangue e de 9% de transplante de órgãos. Os vírus TT (VTT) 
foram identificados em 1997 com transmissibilidade, possivelmente, por intermédio do 
sangue. A sua patogenicidade é pouco conhecida, caracterizada por aumento da 
transaminase oxalacética, evolução para hepatopatia crônica e/ ou insuficiência 
hepática fulminante. A sua prevalência é de 62% em doadores de sangue; 71% em 
pacientes com hepatite aguda não-A e não-C; 9,2% em pessoas com 
hepatocarcinoma; 32,7% em usuários de drogas venosas e 18,8% em politransfundido. 
O gênero Hantavírus, nome derivado de um rio da Coréia, inclui vírus 
reconhecidos inicialmente naquele país e posteriormente em extensas áreas da Ásia 
e Europa. O vírus Hantaan causou infecções em soldados americanos durante a 
Guerra da Coréia, mas só foi isolado em 1976. Esses agentes são infectantes através 
da urina de ratos infectados, sendo na Coréia o Apodemus agrarius o seu principal 
vetor. 
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No início da década de 80 foi isolado o vírus Seoul, pertencente ao mesmo 
grupo dos Hantavírus, porém circulando em roedores urbanos (Rattus rattus e Rattus 
norvergicus), o que acrescentou uma nova dimensão ao problema. 
Em 1993, foi reconhecida na América do Norte, uma entidade clínica com 
sintomas respiratórios graves, com taxa de mortalidade em torno de 50%, nos casos 
hospitalizados. 
Vírus do gênero Hantavírus foram isolados desses casos, associados a 
roedores silvestres, em particular o Peromyscus maniculatus. No Brasil em 1993, 
foram descritos casos fatais no Centro-Oeste e Sudeste e Sul do país e um vírus 
denominado Juquitiba foi isolado no Vale da Ribeira, com uma clara associação com 
roedores. Como nos casos descritos nos Estados Unidos, observou-se um quadro de 
insuficiência respiratória aguda. 
Estes vírus constituem um problema hospitalar importante pois pelo menos 
uma amostra denominada Andes se transmite de homem a homem e na Argentina 
ocasionou vários casos fatais em médicos e pessoal de enfermagem. 
O vírus Oropouche, isolado na Ilha de Trinidad, em 1957, vem sendo 
responsável, desde 1960, por milhares de casos na região amazônica. Modificações 
ecológicas proporcionaram grande proliferação do Culicoides paraensis, maruim ou 
mosquito-pólvora, principal vetor conhecido da doença para o homem. O período de 
incubação é de quatro a nove dias, com início abrupto de aumento da temperatura 
corpórea, cefaleia, mialgia, artralgia, congestão conjuntival, dor retrorbitária e 
epigástrica. 
O vírus Sabiá foi isolado de uma paciente hospitalizada, que foi a óbito no 
primeiro caso humano conhecido da doença, originário dos arredores da Grande São 
Paulo, em uma localidade de mesmo nome. O quadro apresentado foi de uma febre 
hemorrágica grave, causado por um vírus, identificado como pertencente a família 
Bunyaviridae. Esse vírus possui um risco potencial importante como uma doença 
emergente, que ocorreu naturalmente junto a densos núcleos urbanos devendo ser 
transmitido pela urina de animais, os quais não foram ainda identificados. 
O vírus Junin, foi descoberto na Argentina em 1957 e causa um quadro de febre 
hemorrágica, sendo transmitido, por aerossóis contaminados com urina de roedores. 
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A doença surgiu quando aumentou a produção de grãos na região e outros vegetais 
que serviam de alimento para ratos silvestres. Com a proliferação destes últimos, do 
gênero Calomys e que se apresentavam naturalmente infectados, surgiram casos 
humanos da doença. Uma vacina hoje utilizada na região, resultou em rápida queda 
do número de casos humanos. 
O vírus Machupo surgiu na Bolívia igualmente no início da década de 50 
próximo à fronteira com o Brasil, com um quadro de febre hemorrágica e hematêmese 
na fase avançada da doença e uma taxa de letalidade de 50% nos primeiros casos 
descritos. 
Identificou-se o papel de outra espécie de Calomys como portador do vírus, 
transmitindo-o através da urina, como no caso do Junin. Foi possível identificar na 
região um incremento do cultivo de milho, com a modificação do hábitat
natural dos 
roedores, que passaram a ter estreito contato com o homem. 
O vírus da AIDS, sem dúvida a mais importante doença emergente do século 
20 evoluiu aparentemente a partir de dois núcleos de dispersão: um nos Estados 
Unidos e outro na África Central. Estudos retrospectivos com soros humanos, 
demonstrou que o vírus HIV deve ter entrado nos Estados Unidos metade da década 
de 70. Na África, os dados apontam para um possível caso no Zaire, em 1959. 
Estudos comparativos das sequências do gene p24 do HIV e de vários vírus 
isolados de primatas africanos sugerem que o HIV originou-se de ancestrais que 
infectavam primatas. O tipo 1 de HIV aparentemente infecta o chimpanzé em 
condições naturais. 
Na década de 70, observou-se no sul do Japão, uma doença linfoproliferativa 
caracterizada como leucemia/linfoma de células T do adulto e em 1980, isolou-se nos 
Estados Unidos o primeiro retrovírus humano, denominado HTLV-I, agente de 
linfomas semelhantes aos observados no Japão. 
Em 1985, demonstrou-se, que o mesmo vírus estava relacionado a uma 
síndrome denominada paraparesia espástica tropical em pacientes do Caribe. Outros 
focos geográficos foram descobertos e comprovou-se que a doença neurológica 
poderia ser encontrada também em regiões não-tropicais. 
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Outros vírus do grupo, denominado HTLV-II, foi encontrado nos Estados Unidos, 
mas ainda não se comprovou com segurança o papel desse vírus em quadros 
neurológicos ou linfoproliferativos. 
Tanto o HIV como HTLV-I infectam células T, expressando molécula CD4 na 
sua superfície. Entretanto, enquanto o HIV destrói essas células, o HTLV-I estimula a 
sua proliferação. Anticorpos para o HTLV-I têm sido encontrados em todo o mundo e 
no Brasil foram descritos em várias regiões, chegando a alcançar níveis de 13% em 
hemofílicos no Rio de Janeiro, em cerca de 10% dos pacientes politransfundidos e em 
populações indígenas. 
A paraparesia espástica tropical se caracteriza pela fraqueza crônica e 
progressiva dos membros inferiores, ocorrendo em menos de 1% dos indivíduos que 
se infectam com o HTLV-I. O crescente interesse por esses vírus é justificável, pelos 
quadros clínicos que causam, sendo exemplo de viroses que, a partir de reduzidos 
núcleos humanos, vieram a se implantar em todo o mundo. 
Em 1958, um vírus do grupo denominado Orthopoxvirus, que inclui a varíola e 
a vaccínia, foi isolado na Suécia de um macaco Cynomolgus. Infecções humanas 
foram reportadas entre 1970/1986, principalmente no Zaire, onde se encontraram 386 
dos 404 casos humanos investigados no período. 
Clinicamente a doença se assemelha à varíola, porém uma generalizada 
linfadenopatia e a ausência de formas hemorrágicas permitiram um diagnóstico clínico 
diferencial. A taxa de letalidade alcançou 10% em crianças entre 3 meses e 8 anos de 
idade. O vírus se transmite com dificuldade de pessoa a pessoa, ao contrário com o 
que ocorria com a varíola. 
A partir de agosto de 1999, casos humanos de encefalite causadas pelo vírus 
West Nile, foram identificados na cidade de Nova Iorque, pela primeira vez nas 
Américas. O vírus pode ter sido introduzido a partir de casos humanos ou pássaros 
migratórios. Este vírus passa a se constituir em novo problema de saúde pública para 
nosso Continente, causando quadros clínicos graves principalmente em pessoas 
idosas. 
Em 1995, surgiu na Inglaterra uma síndrome de incoordenação motora em 
bovinos (doença da vaca louca) evoluindo para óbito do animal em curto prazo. A 
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entidade é semelhante a doença humana, denominada doença de Creutzfeldt-Jacob 
(CJD), ambas causando uma encefalopatia espongiforme igualmente fatal e 
irreversível. A partir de 1996, reconheceu-se a existência de mais de 100 casos 
humanos de uma nova forma de CJD atingindo população jovem e que foi relacionada 
ao consumo de carne bovina contaminada. O agente é uma proteína modificada, 
denominada prion, a qual induz a formação de novas proteínas idênticas a ela e que 
causam as lesões cerebrais. A doença no bovino aparentemente surgiu pelo uso de 
carne de ovinos na alimentação de bovinos. 
No momento defronta-se o mundo com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, 
que se caracteriza por uma pneumonia intersticial com uma taxa de letalidade em 
torno de 5 a 6 %. A infecção teria surgido na China, sendo causada por uma nova 
variante de Coronavírus, agente capaz de infectar, como o vírus da influenza, muitas 
espécies animais e o homem. Nos animais o vírus causa quadros diarreicos ou 
respiratórios importantes, sendo eliminado tanto por via respiratória como digestiva, o 
que parece ser também o caso das infecções humanas causadas pelo novo vírus. O 
novo agente tem particular importância no caso das infecções hospitalares, exigindo 
rígidas medidas de isolamento e infraestruturas adequadas em relação a filtragem do 
no ar do ambiente da internação e barreiras físicas além das medidas de proteção 
individual como gorros, mascaras, luvas, óculos e roupas de proteção individual 
(SCHATZMAYR, 2001; PEDROSO; ROCHA, 2009). 
 
Fatores que influenciam a emergência e reemergência de doenças 
 
De maneira generalizada, o crescimento demográfico de determinada região, a 
baixa atuação do setor da saúde, as mudanças e adaptações dos microrganismos, 
além de manipulação de organismos em laboratórios (modificações genéticas) são 
exemplos de fatores que influenciam no aparecimento e na volta dessas doenças. 
As mudanças climáticas, a degradação ambiental e a maneira como 
exploramos os recursos naturais também estão relacionadas ao aparecimento de 
novas enfermidades e o reaparecimento de outras consideradas como erradicadas. 
Por fim, a facilidade de migração observada nos dias atuais ajuda na disseminação 
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dos organismos causadores de uma área para outra rapidamente (SAÚDEATIVA, 
2017). 
Pedroso e Rocha (2009) explicam que a reintrodução de doenças coincide com 
o modelo de desenvolvimento econômico das sociedades atuais, baseado na 
exploração do trabalho, com competição, solidão, menos capacidade efetiva, tensão 
*social e ação predatória sobre o meio ambiente, com desmatamento de florestas. 
Igualmente, a ampliação do consumo de preservantes industriais, a fome, a 
desnutrição, o sobrepeso, a despreocupação, em muitas sociedades, com crescentes 
desigualdades sociais, a pobreza, a miséria, o desemprego, as condições de vida das 
populações pobres em meio urbano ou rural constituem fatores fundamentais sobre 
como o hospedeiro responde às agressões de seu meio interno. O rápido processo 
de urbanização, com migrações de grandes contingentes populacionais das áreas 
rurais para as urbanas, associou-se à ausência de saneamento básico e, em 
consequência, o descuido com a higiene pessoal doméstica. Nas cidades 
superpovoadas, é também insuficiente a coleta de lixo, propiciando terreno fértil para 
a propagação de doenças. 
De maneira pontuada por Waldmann (1998) e Luna (2002) vejamos os fatores 
que associam as doenças emergentes e reemergentes: 
 Modelos de desenvolvimento econômico determinando alterações ambientais, 
migrações, processos de urbanização sem adequada infraestrutura urbana, 
grandes obras como hidrelétricas e rodovias; 
 Fatores ambientais como desmatamento, mudanças climáticas (aquecimento 
global), secas e inundações; 
 Aumento do intercâmbio internacional, que assume o papel de “vetor cultural” 
na disseminação das doenças infecciosas; 
 Incorporação de novas tecnologias médicas, com uso disseminado de 
procedimentos invasivos; 
 Ampliação do consumo de alimentos industrializados, especialmente os de 
origem animal; 
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 Desestruturação/inadequação dos serviços de saúde e/ou desatualização das 
estratégias de controle de doenças; 
 Aprimoramento das técnicas de diagnóstico, possibilitando diagnósticos 
etiológicos mais precisos; 
 Processo de evolução de microrganismos: mutações virais, emergência
de 
bactérias resistentes. 
 
A Transição Epidemiológica 
 
A idealização do mundo sem doenças baseia-se na teoria da transição 
epidemiológica, que associa estágios fundamentais no desenvolvimento das 
condições de saúde-doença, como: 
a) Idade das pestilências e da fome: caracterizada por vastas epidemias, altas 
taxas de mortalidade e baixa expectativa de vida. 
b) Idade do declínio das pandemias: redução das grandes epidemias, diminuição 
das taxas de mortalidade e ganhos na expectativa de vida. 
c) Idade das doenças degenerativas e criadas pelo homem: as infecções deixam 
de ter importância; predominam as doenças degenerativas e outras, resultantes 
das atitudes humanas, com taxas de mortalidade baixas e expectativa de vida 
elevada. 
d) Idade do declínio das doenças degenerativas. 
 
Os países do Terceiro Mundo estariam atrasados no cumprimento desses 
estágios, entretanto, os atingiriam como aconteceu com os do Primeiro Mundo 
(PEDROSO, 2009). 
A aplicabilidade dessa teoria na América Latina mostrou-se indevida, pela 
coexistência de doenças degenerativas e infecciosas, denominada “polarizado de 
transição” associada ao retorno das doenças infecciosas “antigas”, fenômeno 
designado como “contratransição” (FRENK et al, 1991). 
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Figura 2 – Polarização epidemiológica no Brasil 
 
Enfim, os fatores citados anteriormente podem favorecer o aparecimento de 
novas doenças e alteração no comportamento epidemiológico de doenças antigas, 
tornando o quadro sanitário mais complexo do que a ideia de uma transição 
epidemiológica, pensada como simples sucessão de fases decorrentes, 
fundamentalmente, do processo de envelhecimento populacional e desenvolvimento 
científico, fazia supor (LUNA, 2002). 
No Brasil, o modelo da transição epidemiológica nunca foi aplicável com 
perfeição. Em que pese uma marcante diminuição do peso relativo das doenças 
infecciosas e parasitárias enquanto causa de morbimortalidade - principalmente 
secundário à redução das doenças imunopreveníveis e das diarreias - persistem 
marcadas desigualdades regionais e sociais no país, e subpopulações nas quais os 
perfis de mortalidade pouco se alteraram nas últimas décadas (LUNA, 1998). 
A tuberculose pulmonar, por exemplo, que apresenta prevalência importante, 
já foi considerada reemergente. Entretanto, estudos especializados apontam para 
uma doença que apenas permaneceu em nosso meio (RUFFINO-NETTO, 1997), sem 
declinar significantemente, e com incidência elevada especialmente após o advento 
da AIDS. 
 
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Prevenção / medidas de controle de doenças emergentes e 
reemergentes 
 
É fundamental que investimentos em pesquisas continuem a ser feitos com o 
objetivo de evitar a propagação e garantir o tratamento de pacientes quando ocorre 
um avanço incontrolável. 
O fortalecimento da vigilância para uma maior capacidade de detecção precoce 
da doença também é importante. Com isso, os profissionais de saúde se capacitam 
para identificar casos suspeitos e auxiliar no processo de investigação e 
monitoramento. 
Ações de prevenção de qualquer tipo de doença e o controle de vetores é uma 
saída para reduzir o impacto dessas doenças virais. E, por fim, a vacinação é o modo 
mais eficaz de inibir a volta de doenças que já estavam eliminadas, como o sarampo 
(SAÚDE ATIVA, 2017). 
Diante do surgimento das viroses emergentes/reemergentes, ao lado de várias 
outras doenças não-virais, como a cólera, salmoneloses, leptoespirose, o 
resurgimento da tuberculose, infecções por E.coli 0157:H7, bem como o surgimento 
de resistência a drogas de vários agentes bacterianos, formou-se um sentido de alerta 
e de necessidade de uma avaliação em nível internacional. 
Diversos grupos levantaram os problemas causados por essas doenças, em 
particular o CDC/Atlanta, a Organização Mundial de Saúde e as Nações Unidas com 
suas estruturas afiliadas, o Instituto Nacional de Saúde, Academias de Ciência de 
vários países, Instituto Pasteur e seus afiliados no mundo, entre inúmeras outras 
entidades. 
Das discussões iniciais foram gerados vários documentos onde se apontam 
grandes linhas de atuação a serem implementadas no mundo. 
Objetivo I – Vigilância: Descobrir, investigar rapidamente e acompanhar 
patógenos emergentes, as doenças que causam e os fatores envolvidos no 
surgimento do quadro. 
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Objetivo II - Pesquisa Aplicada: Integrar os laboratórios e a epidemiologia para 
apoio à saúde pública. 
Objetivo III - Prevenção e Controle: Estimular a comunicação e a circulação de 
informações sobre as doenças emergentes e assegurar a implementação de 
estratégias de prevenção. 
Objetivo IV – Infraestrutura: Fortificar a infraestrutura de saúde pública e rede 
hospitalar nos níveis local, estadual e federal, para permitir o estabelecimento da 
Vigilância (Objetivo I) e a implementação dos programas de Prevenção e Controle 
(Objetivo II). 
O objetivo fundamental é estabelecer sistemas ágeis de reconhecimento de 
problemas, capazes de divulgá-los em nível internacional a curto prazo, bem como 
investigar episódios onde doenças emergentes/reemergentes sejam suspeitadas. 
Considerando a situação dos sistemas de saúde no mundo, incluindo as redes 
de assistência hospitalar, com uma visível perda de estrutura e recursos, as doenças 
emergentes/reemergentes têm significado um encargo pesado para os países em 
desenvolvimento. No caso da AIDS e do dengue, para citar dois exemplos, observa-
se uma contínua expansão do número de casos ao longo dos últimos anos, sem real 
expectativa de mudança em futuro próximo. 
O custo assistencial de algumas dessas infecções é elevado e o nosso país 
carece, em geral, de unidades hospitalares preparadas para atender pacientes com 
infecções que tragam risco para o pessoal médico e paramédico. Igualmente não 
dispomos ainda de um único Laboratório de Alta Segurança, que permita o isolamento 
e a identificação de agentes infecciosos de alto risco. Isto nos torna dependentes do 
envio das amostras clínicas para o exterior, para comprovar a suspeita da presença 
de vários desses agentes. 
A montagem imediata dessas duas estruturas nos parece essencial, bem como 
a organização de Forças-Tarefa regionais compostas de epidemiologistas, 
laboratoristas e infectologistas que possam ser acionadas para investigar com rapidez 
casos suspeitos de doença agudas não definidas que apresentem potencial risco para 
a comunidade e encaminha-los para hospitais de referência em condições de recebe-
los atendendo as condições de biossegurança adequadas (SCHATZMAYR, 2001). 
18 
 
 
Desafios frente a doenças emergentes e reemergentes 
 
Para o enfrentamento das doenças emergentes e reemergentes o 
fortalecimento da vigilância epidemiológica, especialmente no que diz respeito à sua 
capacidade de detecção precoce, tem um papel fundamental. Médicos, enfermeiros, 
médicos veterinários, e demais profissionais da assistência devem ser capacitados 
para identificar casos suspeitos e auxiliar no processo de investigação e 
desencadeamento das medidas de controle (PAZ; BERCINI, 2009). 
Epidemiologistas devem estar qualificados para realizar investigações de 
campo e monitorar o comportamento das doenças em indivíduos e populações, além 
de disporem de um sistema de informações ágil e que permita a tomada de decisão 
em tempo oportuno. É preciso fortalecer as atividades de vigilância em saúde 
(ambiental e sanitária, principalmente) e saúde pública veterinária, pois a emergência 
e reemergência de doenças infecciosas resultam da interação do homem com o 
ambiente. 
Alguns fatores, tais como a fauna sinantrópica e as condições sanitárias dos 
alimentos e das populações animais deveriam ser monitorados de forma rotineira e 
eficiente, de forma a prevenir, ou pelo menos alertar precocemente a comunidade 
para o risco de emergência de doenças. Isto exigiria mecanismos ágeis de 
comunicação entre os diferentes serviços
envolvidos (BARATA, 1997; LUNA, 2002). 
Para favorecer a capacitação técnica, a Secretaria de Vigilância em Saúde do 
Ministério da Saúde já estabeleceu parceria com o CDC americano, para a formação 
de epidemiologistas de campo, através do Programa de Treinamento em 
Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EPI-SUS) (LUNA. 2002; BRASIL, 2006). 
A capacidade de diagnóstico laboratorial também deve, necessariamente, ser 
ampliada, através de uma rede de laboratórios de Saúde Pública resolutiva, 
organizada de forma hierarquizada, dotada de equipamento adequado, suprimento 
oportuno de insumos, profissionais capacitados e que garanta a biossegurança. 
No Brasil, a rede constituída pelos laboratórios de Saúde Pública (LACENs) de 
cada estado e os laboratórios federais deve incluir, também, os laboratórios 
universitários (não só de patologia clínica, microbiologia, parasitologia, virologia e 
19 
 
 
imunologia, como também de entomologia, zoologia, ecologia, ornitologia, micologia 
e medicina veterinária), além dos laboratórios da rede privada que demonstrarem 
interesse em participar. Esta rede ampliada, por sua vez, deve estar relacionada com 
as redes internacionais, organizadas pela OPAS/OMS, das quais o Brasil já faz parte 
(LUNA, 2002). 
 
LACENs 
São os Laboratórios Centrais de Saúde Pública, que se encontram presentes 
em todos os estados da federação. Estes estão vinculados às Secretarias Estaduais 
de Saúde, com área geográfica de abrangência estadual. Tem como finalidade 
promover análises laboratoriais bem como pesquisar, padronizar e implantar 
metodologias de análise para diagnóstico de agravos de doenças endêmicas e de 
interesse da saúde pública, vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental. 
Em Minas Gerais, o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais 
(LACEN/MG), é referência nacional e regional, responsável pelas ações de vigilância 
sanitária, epidemiológica, ambiental, bem como pelo desenvolvimento de pesquisas, 
no âmbito da Funed. Atua no controle de doenças, por meio do processo de 
investigação e inquérito, e realiza exames para diagnóstico de doenças de notificação 
compulsória como dengue, febre amarela, AIDS, tuberculose, dentre outras, sendo 
referência nacional para doença de chagas e leishmaniose e realiza análises de 
alimentos, água, medicamentos, cosméticos, saneantes, e ambiente, sendo 
referência nacional também na análise de medicamentos visando o atendimento de 
demandas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 
 
Outro desafio que as doenças emergentes e reemergentes colocam para a 
Saúde Pública diz respeito às normas de biossegurança. Há um risco de que agentes 
etiológicos novos e com alta letalidade possam vir a ser utilizados como armas 
biológicas, além da possibilidade real do tráfego global de viroses, em poucas horas, 
de um continente a outro, através das viagens aéreas (BARATA, 1997). 
20 
 
 
A questão da biossegurança deve contemplar o controle da importação de 
animais para experimentação, principalmente primatas, que podem ser reservatórios 
ou fontes de agentes infecciosos novos. As condições de transporte, acomodação e 
manutenção desses animais devem ser objeto de vigilância sanitária. Do mesmo 
modo, o manejo clínico de casos suspeitos em hospitais necessita de normas de 
biossegurança que protejam os profissionais de saúde e a clientela. O mesmo se 
aplica aos profissionais de laboratórios responsáveis pela identificação dos agentes 
etiológicos (BARATA, 1997). 
Uma estratégia fundamental para o enfrentamento das doenças emergentes e 
reemergentes é o desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada na área, com 
envolvimento das universidades e dos institutos de pesquisa, especialmente em novas 
tecnologias de diagnóstico (incluindo técnicas de biologia molecular), pesquisa 
epidemiológica, e desenvolvimento de fármacos e de vacinas. 
 
A vigilância epidemiológica 
 
O setor de vigilância epidemiológica é muito importante no enfrentamento das 
doenças infecciosas, portanto, torna-se fundamental que a equipe seja capacitada e 
multidisciplinar, caso contrário o país continuará vulnerável a ser surpreendido por 
surtos e epidemias de doenças emergentes e reemergentes. 
Além do setor de epidemiologia torna-se necessário, também, um reforço aos 
serviços da saúde ambiental, vigilância sanitária e saúde pública veterinária, sendo 
isto de extrema relevância para o enfrentamento das doenças emergentes. A figura 
abaixo apresenta o organograma das competências na área da vigilância em saúde e 
controle de doenças, definindo as atribuições de cada nível de gestão (MADUREIRA, 
2015). 
 
21 
 
 
 
Figura 3 – Serviço de Vigilância Epdemiológica 
 
Dentre as várias atribuições do Serviço de Vigilância Epidemiológica, as 
principais são: 
a) Controle das Doenças e Agravos de Notificação Compulsória; 
b) Controle e Prevenção de Surtos de Doenças Transmissíveis; 
c) Imunizações; 
d) Controle e Distribuição de Soros Antiveneno; 
e) Identificação de Animais Peçonhentos; 
f) Investigação de Óbitos; 
g) Divulgação de Informações Epidemiológicas; Elaboração de Estudos, 
Pesquisas e Relatórios em Epidemiologia; 
h) Alimentação e Manutenção dos Sistemas de Informação; 
i) Assessoria e Suporte aos Serviços de Saúde e Demais Instituições; 
j) Treinamentos e Capacitações. 
 
 
 
22 
 
 
O papel das universidades institutos de pesquisa 
 
O papel das universidades é extremamente importante no desenvolvimento e 
incentivo à pesquisa aplicada e básica, no enfrentamento das doenças emergentes e 
reemergentes. Faz-se necessário o diálogo contínuo e a integração entre o setor de 
pesquisa e os serviços responsáveis pela vigilância e o controle. Em algumas áreas 
como a de pesquisa em novas tecnologias de diagnóstico; na investigação 
epidemiológica; pesquisa microbiológica incluindo a biologia molecular; investigação 
farmacológica e terapêutica; investigação imunológica e de vacinas; e o estímulo à 
investigação interdisciplinar; tornam-se de extrema importância e devem ser incluídas 
em uma estratégia nacional de enfrentamento da emergência e reemergência de 
doenças infecciosas e parasitárias (LUNA, 2002). 
Considerado hoje como o mais moderno e equipado polo de pesquisa em 
Virologia da América Latina, o Pavilhão Helio e Peggy Pereira (HPP), do Instituto 
Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), é dedicado à pesquisa em gripe, rubéola, diarreias virais, 
hepatite viral, febre maculosa, dengue e outras doenças virais de grande importância 
para a saúde pública. O prédio abriga nove laboratórios de pesquisa e dez serviços 
de referência estratégica credenciados pelo Ministério da Saúde (Comunicação / 
INSTITUTO OSWALDO CRUZ, 2012). 
Observa-se que o grande desafio para a Saúde Pública/coletiva e a 
Epidemiologia do Brasil nesse século XXI, é ter mais agilidade na transformação dos 
planos e projetos em ações concretas, porque o país dispõe de uma grande rede de 
serviços de saúde, uma equipe multidisciplinar de profissionais, grandes centros de 
pesquisa capazes de enfrentar este desafio no enfrentamento da emergência e 
reemergência das doenças infecto-parasitárias (MADUREIRA, 2015). 
De acordo com Barreto e Carmo (1994), a forma em que enfrentamos os 
desafios em relação às doenças emergentes e reemergentes, junto aos problemas 
sanitários permanentes no mundo globalizado, onde as sociedades são cada vez mais 
complexas e o desenvolvimento científico e tecnológico mais intenso, depende muito 
da diminuição das diferenças sociais, incluindo principalmente o amplo acesso ao 
ensino em todos os níveis; a organização de serviços de saúde de forma a 
incorporarem, de forma ágil, novos conhecimentos e tecnologias indispensáveis à 
23 
 
 
elaboração, avaliação e reformulação contínua de estratégias de controle; do 
desenvolvimento de pesquisa epidemiológica e de laboratório; da manutenção de 
vigilância epidemiológica
sem descanso; e finalmente da identificação de lacunas no 
conhecimento e o estímulo a pesquisas, para a busca de soluções para essas 
questões, com visão crítica e libertadora, capaz de transformar a vida de todos e torná-
la harmônica e equilibrada. 
 
A importância da vacinação 
 
Em 1776, há mais de 200 anos, foi produzida a primeira vacina, contra o vírus 
da varíola – hoje erradicado. Nessa época, o médico britânico Edward Jenner 
elaborou as vacinas a partir de lesões em vacas e, hoje em dia, por meio de avanços 
tecnológicos na medicina, existem vacinas para diversas doenças como gripe, 
hepatite, febre amarela, sarampo, tuberculose, rubéola, difteria, tétano, coqueluche, 
meningite, poliomielite, diarreia por rotavírus, caxumba e pneumonia causada por 
pneumococos entre muitas outras que estão em constante evolução e estudo. 
 
Figura 4 – Importância da vacinação 
O ditado popular “melhor prevenir do que remediar” se aplica perfeitamente à 
vacinação. Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um 
problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. 
24 
 
 
Quando uma pessoa é infectada pela primeira vez por um antígeno (substância 
estranha ao organismo), como o vírus do sarampo, o sistema imunológico produz 
anticorpos (proteínas que atuam como defensoras no organismo) para combater 
aquele invasor. Mas essa produção não é feita na velocidade suficiente para prevenir 
a doença, uma vez que o sistema imunológico não conhece aquele invasor. Por isso, 
a pessoa fica doente, podendo levar à morte. Mas se, anos depois, aquele organismo 
invadir o corpo novamente, o sistema imunológico vai produzir anticorpos em uma 
velocidade suficiente para evitar que a pessoa fique doente uma segunda vez. Essa 
proteção é chamada de imunidade. 
O que a vacina faz é gerar essa imunidade. Com os mesmos antígenos que 
causam a doença, mas enfraquecidos ou mortos, a vacina ensina e estimula o sistema 
imunológico a produzir os anticorpos que levam à imunidade 
(https://www.saude.gov.br/noticias/745-acoes-e-programas/vacinacao/40603-
importancia-da-vacinacao). 
No Brasil, a institucionalização das políticas públicas de vacinação deu-se com 
a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), instituído pela Lei nº 6.259/75. 
Essa lei regulamentou as ações de vigilância epidemiológica, de vacinação e de 
notificação compulsória de doenças no país. Segundo a Organização Mundial de 
Saúde, vacinar é uma das formas mais efetivas e de menor custo para reduzir a 
mortalidade infantil. 
Enfim, a importância da vacinação não está somente na proteção individual, 
mas porque ela evita a propagação em massa de doenças que podem levar à morte 
ou a sequelas graves, comprometendo a qualidade de vida e saúde das pessoas 
vitimizadas. 
 
 
 
 
Anote aí: 
25 
 
 
1)Fatores que influenciam para ocorrência de doenças emergentes e 
reemergentes: 
a) Fatores demográficos. 
b) Fatores ambientais e econômicos. 
c) Baixo desempenho do setor de saúde. 
d) Mudanças no perfil dos micro-organismos. 
e) Aumento do intercâmbio internacional. 
f) Globalização. 
g) Facilidade de migração. 
 
2)Considerações no enfrentamento de doenças emergentes e reemergentes: 
a) Fortalecimento das atividades de vigilância em saúde (ambiental e 
sanitária, principalmente) e de saúde pública veterinária, pois a 
emergência e reemergência de doenças infecciosas resultam da 
interação do homem com o ambiente. 
b) a capacitação dos profissionais de saúde para identificar casos 
suspeitos e auxiliar no processo de investigação e desencadeamento 
das medidas de controle. 
c) Adesão da população ao Calendário de Vacinação. 
 
3)Precisamos ressaltar o valor das seguintes medidas: 
a) Potencializar a comunicação e a informação em saúde pública, envolvendo 
toda a população, respeitando características regionais, afirmando medidas 
preventivas referentes às doenças infecciosas emergentes. 
b) Avaliar as intervenções de maneira permanente. 
c) Usar tecnologia apropriada e localmente acessível, sob enfoque preventivo e 
de promoção de saúde. 
26 
 
 
d) Implementar políticas para uso racional de antibióticos. 
e) Entender as variabilidades que todos os agentes vivos possuem para permitir 
a sua própria existência, sabendo que a força genética de preservação das 
espécies é muito mais potente que a “inteligência” humana. 
f) Buscar o equilíbrio com a natureza, respeitando o planeta, seus recursos, a 
aparente finitude de sua disponibilidade para a vida. 
g) Encontrar a harmonia da solidariedade que potencializa o afeto e distribui com 
equanimidade os bens sociais renováveis, preservando a perspectiva de vida 
adequada e digna para todos (PEDROSO; ROCHA, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
27 
 
 
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tendências históricas, determinantes e implicações para as políticas de saúde. Infor 
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FMUSP. 1998; 1: 18-24. 
 
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versão. Brasília: MS, 2006. 
 
FRENK, J, et al. La transición epidemioloqica en America Latina. Bol Of Sanit 
Panam. 1991; 11: 485-96. 
 
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LUNA, E. J. A. A emergência das doenças emergentes e as doenças infecciosas 
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MADUREIRA, A. A. M. da S. Doenças emergentes e reemergentes na saúde 
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28 
 
 
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SCHATZMAYR, H.G. Viroses emergentes e reemergentes. Cad Saúde Pública 
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29 
 
 
WALDMAN, E. A. Vigilância em Saúde Pública. São Paulo: Faculdade de Saúde 
Pública de São Paulo. 1998. (Série Saúde e Cidadania).

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